Desde a descoberta do vidro há cerca de 4 mil anos, a humanidade construiu uma relação bem próxima a esse material – até mesmo mística. Confira alguns momentos especiais nesse sentido.
– Na Mesopotâmia, por volta de 1400 a 1200 a.C, as “receitas” de vidro eram escritas em pedras. Quando um forno para essa tarefa (uma estrutura bem rudimentar, na verdade) ficava pronto, faziam-se rituais para celebrar a conquista, incluindo sacrifícios de animais. Atualmente, o acendimento de fornos em planta pelo mundo mantém uma simbologia de festividade – muito mais ordeira e sem sangue. Fabricar vidro continua sendo mágico;
– No Egito antigo, o vidro era encarado não apenas como uma inovação tecnológica, mas também, conforme indicam inúmeras descobertas arqueológicas, um testemunho da capacidade de criação dos faraós e uma prova de sua natureza divina. A tumba de Amenhotep II, encontrada no Cairo, por exemplo, continha mais de 70 vasos feitos do material;
– Na China, a escolha de cores para itens de vidro não era arbitrária: seguia regras específicas e representava significados profundos, sendo baseada na teoria dos cinco elementos (fogo, água, madeira, metal e terra);
– Já na Idade Média até o Iluminismo, o processo de fabricação de vidro se tornou interesse de alquimistas europeus (espécie de cientistas ancestrais, antes do surgimento da química moderna). Eles misturavam metais a peças envidraçadas, como taças, copos e outros utensílios, a fim de colori-las.
* Texto baseado na apresentação de Dedo von Kerssenbrock-Krosigk, diretor do Museu do Vidro, parte do Museum Kunstpalast, na Alemanha, durante a cerimônia oficial de abertura para o Ano Internacional do Vidro, na ONU
A presente seção, “Ano Internacional do Vidro”, celebrando a trajetória de nosso material e sua importância para a história humana, é uma contribuição de O Vidroplano ao Ano Internacional do Vidro, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2022.
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