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Norma para temperados entra em processo de revisão

O Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), órgão com sede na Abravidro, organizou, em novembro, a primeira reunião online do processo de revisão da NBR 14698 — Vidro temperado, norma que apresenta os requisitos desse produto. O objetivo é atualizar o conteúdo do texto originalmente publicado em 2001.

 

Necessidade do mercado
“Ao longo do tempo, muitas coisas evoluíram. As normas nas quais a versão original da NBR 14698 foi baseada já passaram por revisão algumas vezes”, comenta Luiz Barbosa, coordenador da comissão de estudos do ABNT/CB-37. “Outro ponto importante é que recentemente foi publicada a NBR 16918— Vidro termoendurecido. Assim, por ser ele um texto sobre vidro tratado termicamente, não poderíamos esperar mais para iniciar essa atualização.”

As tolerâncias de fabricação e de qualidade mínimas aceitáveis para temperados estão entre os principais pontos a serem debatidos. “A indústria processadora de vidro vem investindo ano a ano em tecnologia, o que permite reavaliar todos esses pontos, uma vez que há melhores condições para oferecer produtos de maior qualidade ao mesmo tempo que se garante a segurança ao consumidor”, aponta Barbosa.

 

De olho lá fora
Normas internacionais também serão levadas em conta durante a revisão. Inicialmente, a última versão da ISO 12540 está sendo utilizada como referência. Todavia, ao longo dos trabalhos, outras poderão ser aproveitadas, pois, de acordo com Barbosa, a comissão é formada por muitos profissionais experientes do segmento e todas as ideias são aceitas e ponderadas durante as reuniões.

Por falar nos encontros, vale salientar que eles seguirão sendo feitos pela Internet, pois ainda é cedo para se prever uma data para a retomada das reuniões presenciais. O maior compromisso da comissão é entregar uma norma moderna, didática e prática. Por isso mesmo, Barbosa deixa esta mensagem ao mercado, reforçando o convite para a participação: “As reuniões acontecem uma vez por mês durante meio período do dia. É muito importante que todos que fabricam e comercializam vidro temperado participem nesse capítulo tão relevante na história de nosso produto”.

 

Outros tópicos que serão abordados
– Ampliação dos requisitos de empenamento e inclusão de um tema não mencionado atualmente, o empenamento de borda;

– Reavaliação de requisitos dimensionais e da sua metodologia de avaliação;

– Melhor descrição das características do produto, incluindo aprofundamento em assuntos como anisotropia, qualidade óptica e tolerância de esquadro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 576 (dezembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda a importância dos ensaios em temperados

Os detalhes sobre os ensaios de empenamento e fragmentação do vidro temperado, previstos na norma NBR 14698 — Vidro temperado, foram apresentados nas páginas de O Vidroplano em janeiro e março deste ano. Mas você sabe por que é importante que as processadoras os realizem e registrem seus resultados? E com qual frequência devem ser feitos? Veja a seguir as respostas para essas e outras perguntas.

Avaliação de qualidade
O bom desempenho do temperado nesses testes é um indicativo da sua qualidade. “O ensaio de fragmentação garante que o processo de fabricação esteja bem ajustado, de forma a obtermos um produto que se fragmente em pedaços pequenos, menos cortantes, em caso de quebra”, explica Edweiss Silva, consultor da Abravidro para certificação do vidro temperado pelo Inmetro.

No ensaio de empenamento (ou planicidade), a verificação deve ser feita para garantir dois pontos muito importantes.

Primeiro para que a deformação causada por alguma variação do processo não venha a interferir na montagem; segundo para que o vidro não apresente distorções ópticas em excesso.

Em ambos os casos, os testes devem ser realizados na própria empresa, por pessoal treinado para a correta execução. Normalmente, o responsável pela têmpera (forneiro) é quem cuida dessa tarefa, afinal é ele quem deve saber se há necessidade de algum ajuste no processo de têmpera para garantir a qualidade exigida.

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Anotação dos resultados
Não basta realizar os ensaios: é preciso que seus resultados sejam devidamente anotados. “A grande importância desses registros é comprovar o controle satisfatório da fabricação e auxiliar os responsáveis na verificação dos diversos tipos de vidro produzidos no decorrer do dia”, observa Edweiss.

Isso pode ser feito de diferentes formas: anotações em formulário simples, registro via sistema informatizado ou até com a utilização de imagens digitais. Vale destacar que, embora nenhuma regulamentação determine esse controle, ter os resultados dos testes é uma segurança a mais. “Mesmo se a empresa não tiver a certificação dos temperados, entendemos que os registros são essenciais para possíveis casos de reclamações de clientes”, alerta o consultor.

Frequência das avaliações
A Portaria Inmetro nº 327/2007 determina que sejam realizados pelo menos uma vez por dia os ensaios de fragmentação e empenamento dos temperados, para comprovação de qualidade. Ela também exige que todos os testes de desempenho do produto (classificação de segurança, choque térmico, choque mecânico, fragmentação, dimensional, planicidade e visual) sejam realizados anualmente em laboratório acreditado pelo Inmetro.

Edweiss, porém, recomenda que as empresas realizem os ensaios no início de produção diária, e sempre considerando cada mudança de produto. “Dessa forma, a quantidade de testes será variável, pois depende da quantidade de diferentes produtos que a processadora venha a fabricar no mesmo dia. Por exemplo, se produzir temperados de 6, 8 e 10 mm, no mínimo três ensaios devem ser realizados e registrados, um para cada espessura.”

Dicas para a avaliação dos temperados
É recomendável que o resultado da contagem dos fragmentos esteja entre o mínimo e o máximo permitido. A norma exige um resultado de 40 a 100 fragmentos, sendo ideal 70. Dessa forma, mesmo que haja variações, pois nenhum processo é 100% estável, tem-se uma boa margem de segurança tanto para mais como para menos.

Sobre o ensaio de empenamento, Edweiss ressalta que a tolerância estabelecida pela NBR 14698 é o desvio máximo que o vidro temperado pode apresentar. O processador deve sempre levar em consideração a capacidade do seu processo e o projeto de cada cliente para entregar os vidros com o mínimo de empenamento possível.

Este texto foi originalmente publicado na edição 575 (novembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Amazon Temper Cariri conquista chancela do Inmetro

A filial da Amazon Temper na região do Cariri, Sul do Ceará, conquistou a certificação para vidros temperados em dezembro do ano passado. O objetivo da empresa, instalada no município de Crato desde 2015, era comprovar aos clientes a segurança de seus produtos fato que passou a ser realidade após a processadora exibir o selo do Inmetro nas peças de 6, 8,10 e 12 mm.

Veja na página a seguir três motivos essenciais para certificar seus vidros temperados, segundo a diretoria da empresa.

 

1. Melhora dos processos
“A certificação comprova as boas práticas, a qualidade na armazenagem, manuseio e processos produtivos e a segurança dos produtos para o consumidor que vai adquirir vidros para as suas casas e obras”, detalha o proprietário Jackson Luiz Florintino. Para ele, o processo garante maior conhecimento sobre o mercado, permitindo atender as demandas dos clientes ao mesmo tempo que se seguem os requisitos da NBR 14698 — Vidro temperado. “Além disso, eleva o nível de trabalho e nos faz querer ser cada dia melhores. Quando nos dispusemos a dar esse passo, sabíamos que teríamos um caminho a trilhar, mas que logo os benefícios seriam sentidos em toda a cadeia de valor da empresa”, relata Florintino.

 

2. Conscientização da equipe
Segundo Jéssica Thayana Florintino, sócia-proprietária da empresa, o processo trouxe aprendizados para todos os colaboradores na busca de encaixar a produção nos requisitos das normas vidreiras. “Aprendemos a valorizar a importância das técnicas para a têmpera.”, diz ela. O acompanhamento diário dos testes de fragmentação e empenamento, por exemplo, agora está mais aprimorado. Em geral, foi um período em que o trabalho em equipe acabou sendo fundamental para obter o resultado alcançado. “Era bonito ver o brilho nos olhos e a alegria de todos; eles sabiam da importância dessa conquista para a empresa e para seu ambiente de trabalho”, afirma Jéssica.

 

3. Nova imagem da empresa no mercado
“A certificação nos proporcionou um posicionamento diferenciado no mercado. Agora, estamos capacitados para atender obras que exigem vidros com certificado”, declara Jackson. A divulgação sobre o selo foi feita em diversas frentes: outdoor na cidade, pôster digital nas redes sociais, panfletagem e rádio. Tudo para levar essa informação aos consumidores e possíveis clientes. “Estamos empolgados para entrar em uma nova fase da empresa, o que inclui manter o selo de conformidade do Inmetro e dar continuidade à melhoria contínua, investindo em tecnologia para a produção do vidro e capacitação da equipe, além de obter outras certificações, como a ISO 9000”, revela Jessica.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 566 (fevereiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Os fatores que influenciam na execução correta da têmpera

Encerrando a série de reportagens sobre beneficiamento de vidro (que começou em agosto e já abordou corte, lapidação e serigrafia), chegamos à têmpera. O temperado é o produto de valor agregado mais produzido por nosso mercado entre os vidros não automotivos, segundo dados do Panorama Abravidro 2019. Por isso mesmo, entender as boas práticas dessa atividade é fundamental.

Nas próximas páginas, conheça a tecnologia dos fornos, os fatores que influenciam o processo térmico convencional e a importância da manutenção preventiva dos equipamentos.

As etapas da atividade
Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, explica como se dá a têmpera:

1. No forno, o vidro é aquecido de 620 a 640 °C;

2. Em seguida, passa por um módulo de resfriamento que consiste em duas partes distintas. A primeira utiliza jatos de ar para provocar um “super-resfriamento”, fazendo a temperatura cair de 130 a 150 °C. A pressão de sopro e a taxa de extração de calor são específicas para cada espessura das peças;

3. Essa mudança repentina na temperatura causa um rearranjo molecular no vidro, o que aumenta seus níveis de tensão interna;

4. A segunda parte do resfriamento tem a função de fazer as chapas retornarem à temperatura ambiente.

A “receita” da têmpera
Vários fatores influenciam os ajustes dos parâmetros técnicos do aquecimento e resfriamento dos fornos, segundo informa Cláudio Lúcio. São eles:

– Tipo, cor, espessura, dimensões e forma das peças de vidro;

– Tipo, dimensões e posição dos furos e recortes nessas peças;

– Tipo e qualidade técnica da lapidação feita anteriormente;

– Nível de limpeza e secagem das peças;

– Temperatura ambiente;

– Umidade relativa do ar;

– Vazão, direção e velocidade do fluxo de ar ao redor do aquecedor e resfriador;

– Filtragem do fluxo de entrada dos ventiladores do sistema de resfriamento;

– Temperatura inicial das peças antes de passar pelo processo;

– Formação da carga das peças na entrada do forno;

– Temperatura das peças na saída do aquecimento — antes da entrada do resfriamento;

– Temperatura das peças após passar pelo resfriamento.

Tecnologia de ponta
Os fornos modernos trazem funções impensáveis até pouco tempo atrás. “Sistemas de convecção temperam vidros baixo emissivos (low-e) e refletivos, proporcionando economia de energia, entre outros benefícios”, explica o diretor da Sglass, Sandro Eduardo Henriques. Sistemas de monitoramento por câmara térmica permitem maior controle da produção e otimização de carga, com acompanhamento em tempo real, por celular ou computador, das peças saindo do forno. Há também softwares, como alguns produzidos pela própria Sglass, que controlam desde a movimentação dos roletes de sílica da célula quente até o acionamento das resistências e o funcionamento das zonas de aquecimento.

Atualmente, os equipamentos podem ser customizáveis, como indica Moreno Magon, vice-presidente de Vendas e Serviços para América do Sul da finlandesa Glaston. “As tecnologias são configuráveis em função de cada necessidade do cliente”, afirma. “Para cada tipo de produto, existem soluções de aquecimento e resfriamento inteligentes, respondendo à revolução da Indústria 4.0 e envolvendo a digitalização dos processos para tomadas de decisão rápidas e eficientes.”

Fornos com colchão de ar também oferecem novas formas de trabalho. Neles, o vidro não é tocado por qualquer material sólido enquanto é temperado. “Desenvolvido especialmente para uma produção seriada com alta produtividade, esse sistema é particularmente adequado para vidros revestidos, como os low-e”, afirma Giorgio Martorell, gerente de Vendas da Lisec. “O vidro com revestimentos, que deve apresentar demanda crescente nos próximos anos, levará a um processo mais complexo e demorado no caso de tecnologias convencionais.” Daí vem a necessidade de maquinários específicos para isso, como o Aeroflat, da Lisec. Vale lembrar ainda que outras empresas também produzem equipamentos modernos, como a italiana Keraglass.

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Como solucionar falhas?
Uma têmpera malfeita pode acarretar graves defeitos nas placas, incluindo, por exemplo, marcas dos rolos nas superfícies do vidro, lascas com arestas cortantes nas bordas, quebras no aquecimento ou resfriamento, empenamento e até mesmo fragmentação acima ou abaixo da tolerância das normas técnicas. O que fazer para solucionar isso tudo? “O mundo da vidraria é feito de detalhes. A soma desses detalhes fazem o resultado geral”, explica Cláudio Lúcio. “Quando não se tem conhecimento adequado, as perdas são aumentadas e os problemas se tornam crônicos.”

As causas para isso envolvem, entre outras considerações:

– Falta de um sistema de gestão da qualidade profissional;

– Falta de treinamento e capacitação não só dos operadores, mas também do corpo de vendas e direção da empresa;

– Inadequações em especificações, projetos e aplicações do temperado;

– Inadequações no corte e destaque do vidro;

– Manuseio, preservação e transporte entre etapas do beneficiamento feitos de forma inadequada;

– Lapidação, furação e/ou recorte resultando em peças com lascas e microtrincas;

– Adoção de layout equivocado no forno de têmpera, resultando em fluxos de vento diferencial significativos e intermitentes pelas laterais do aquecedor e do resfriador;

– Falta de acondicionamento técnico do fluxo de entrada e saída de ar dos módulos de resfriamento e dos ventiladores.

Para saber como acabar com retrabalhos e processos sem padronização, fique atento: a Especialização Técnica Abravidro tem um módulo específico sobre têmpera. Seu conteúdo é teórico e prático, sendo aplicado na própria empresa. Para mais informações, entre em contato pelo e-mail abravidro@abravidro.org.br ou telefone (11) 3873-9908.

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Atenção para a manutenção
Segundo o instrutor técnico Cláudio Lúcio, a manutenção de maquinários ainda não é encarada com a seriedade que deveria ser no setor vidreiro. Veja sua análise: “É algo inconcebível de não ser feito em outros mercados. Mas, para o nosso, é considerado como uma coisa normal ou aceitável de se abrir mão, principalmente em épocas de crise”.

A falta de manutenção gera degradação gradual nos equipamentos, o que afeta diretamente a qualidade da produção. Os desempenhos produtivos e técnicos caem, as perdas e retrabalhos aumentam, os custos operacionais disparam. “Em empresas carentes de um sistema de gestão profissional, essa mudança para pior pode passar despercebida. E isso vai além da questão da operação, atingindo também a reputação e prosperidade da processadora”, informa Cláudio.

Somente com a checagem das máquinas em dia será possível otimizar o aproveitamento da carga do forno. Quanto maior a metragem média por unidade de tempo de processamento, maior a produtividade e menor o custo operacional.

 

Os diferentes processos
O vidro pode ser temperado na:
– Vertical;
– Horizontal;
– Inclinado (com colchão de ar).

O trânsito de peças no forno pode ser:

– Intermitente
Produção com intervalos;

– Contínuo
Produção sem paradas;

– Por batelada
Produção de uma porção grande de chapas de uma vez.

São três os sistemas de movimentação dentro do forno:

– Pinçamento
Equipamentos com pontas “pinçam” o vidro;

– Rolos
As peças deslizam por cima de uma esteira com rolos;

– Colchão de ar
Fortíssimos jatos de ar fazem com que a chapa “flutue” e não entre em contato com superfícies sólidas.

 

A questão da anisotropia
Em O Vidroplano de fevereiro de 2018, uma matéria especial comentou sobre a anisotropia, fenômeno óptico que ocorre nos vidros em decorrência do tratamento térmico pelo qual passam quando são temperados ou curvados, por exemplo. Manifesta-se como manchas (que podem ser severas ou até indetectáveis) em nosso material, visíveis em determinadas condições de luz e posições de observação. A norma NBR 14698 — Vidro temperado define a anisotropia como “característica óptica do vidro temperado inerente ao processo de têmpera”.

Mas o que causa a anisotropia? A hipótese mais relevante é a rapidez do aquecimento da peça no forno dentro da faixa de 490 a 550 ºC. Quanto maior a velocidade para aquecê-la, mais o efeito poderá aparecer.

Outros fatores influenciam a sua aparição, incluindo:

– Homogeneidade dos irradiantes de infravermelho, faixa de emissão de infravermelho e ajuste do perfil térmico;

– Condições técnicas do sistema de aquecimento, conservação dos rolos do aquecedor e refratários;

– Temperatura final alcançada pelo vidro que sai da zona de aquecimento — deve ser sempre maior que 620 ºC e menor que 640 ºC;

– Ajuste de emissividade do medidor de temperatura a laser em função do tipo, cor e espessura da peça;

– Redução significativa da velocidade de oscilação, ou mesmo a paralisação da peça, sob ação do jato de ar do resfriador, caso a temperatura medida ainda não esteja abaixo de 490 ºC.

É possível controlar a anisotropia? Sim. Para isso é necessário:

– Conhecer tecnicamente a física envolvida na têmpera térmica;

– Utilizar parâmetros técnicos corretos;

– Ter maquinários com tecnologias, conservação e manutenção adequadas;

– Operá-los corretamente.

Alguns fornos incluem sistemas para amenizar as manchas, como aponta o diretor e coordenador de Vendas da Keraglass, Maicol Spezzani: “Temos um sistema para temperar o vidro em passagem que conta com furos para a saída do fluxo de ar dos sopradores com diâmetros diferentes, e deslocados uns dos outros, reduzindo drasticamente esse fenômeno”.

A Glaston, por sua vez, desenvolveu o iLooK Anisotropy, solução online que visualiza e quantifica o nível de anisotropia. Assim, os processadores podem monitorar seus produtos, experimentar ajustes de máquinas e melhorar métodos de produção.

 

Já pensou em certificar seu temperado?
A certificação do temperado, que segue a Portaria Inmetro Nº 327, também contribui para o controle de qualidade do produto e detecção de problemas no processo produtivo. A Abravidro oferece consultoria para empresas interessadas. Para mais informações, entre em contato com o consultor Edweiss Silva, pelo e-mail esilva@abravidro.org.br ou telefone (11) 3873-9908.

Este texto foi originalmente publicado na edição 563 (novembro de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

V1 Vidros recebe certificação para temperados

Ter o controle dos processos industriais é o sonho de qualquer empresa vidreira. Afinal, o correto beneficiamento do vidro temperado garante a segurança do material e a confiança do cliente. Partindo dessa premissa, no mês passado, a V1 Vidros concluiu a certificação Inmetro para o produto, conquistando o selo para suas peças nas espessuras de 6, 8 e 10 mm.

Mas, afinal, quais são as vantagens concretas dessa chancela para a companhia? Para saber, conversamos com Marcelo Duarte de Melo, diretor-geral da processadora.

Motivos para se certificar

“Sem dúvida, a padronização da fabricação está sendo fundamental para a melhoria de nossos produtos”, explica Melo. Com as atividades sendo feitas sem improviso, é possível diminuir o retrabalho e até mesmo o desperdício de insumos. Outras razões indicadas por ele são:

– Crescimento profissional dos colaboradores, dentro e fora da organização;
– Abertura de novos mercados, já que existem clientes que só compram de empresas certificadas;
– Transmissão de credibilidade ao setor e aos consumidores.

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Processo rápido

Engana-se quem acha que a operação precisa “parar” para se adequar às qualificações exigidas pela portaria Inmetro que trata dos temperados. As eventuais correções são feitas enquanto a produção segue normalmente. “Foi tudo tranquilo: tivemos uma consultoria especializada que nos acompanhou todo o tempo, inclusive com a fundamental participação da Abravidro para isso acontecer”, conta o diretor-geral. “A análise dos ensaios foi realizada em apenas trinta dias.” Ao todo, foram necessários apenas cinco meses para a V1 Vidros receber a chancela.

Isso mostra como a certificação é fácil e pode ser aplicada em qualquer tipo de indústria vidreira.

Conheça mais a V1 Vidros
A empresa começou a operar no setor em 2002, passando a fabricar temperados em 2009. Em 2016, fez um investimento significativo em equipamentos e tecnologias adequadas para a produção e também inaugurou uma nova sede.

Este texto foi originalmente publicado na edição 560 (agosto de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Experiência recompensada

Em um mercado que busca sair de uma crise econômica, cujos efeitos ainda são sentidos, o ideal é fazer com que a empresa tenha o melhor controle industrial, garantindo a segurança e satisfazendo os clientes com um alto padrão de qualidade. Esse é o motivo que levou a Italajes a buscar a certificação Inmetro para temperados. Suas peças com espessuras de 6, 8 e 10 mm agora contam com a chancela que será essencial para os negócios da empresa.

Selo a jato
“Com o mercado cada vez mais competitivo e técnico, resolvemos ir atrás da certificação para agregar mais valor ao nosso produto, padronizar processos e proporcionar mais segurança aos consumidores”, explica o diretor da processadora, Sandro Osmar da Veiga.

Tudo correu de forma tranquila, sem dificuldades para adequar a empresa às recomendações do Inmetro. “Foi assim desde os primeiros contatos com o organismo certificador até o dia da auditoria na fábrica”, revela Veiga.

Ao todo, o processo durou apenas três meses, de agosto a outubro. “Toda nossa equipe colaborou para isso. De forma geral, os funcionários assimilaram as mudanças e se adaptaram bem às qualificações exigidas”, completa o dirigente da empresa.

Apoio fundamental
A Italajes também contou com a consultoria oferecida pela Abravidro durante a adequação de processos, fato essencial para a obtenção da chancela, conforme afirma Veiga: “O consultor Edweiss Silva nos auxiliou de forma muito profissional, dando-nos todo o suporte tanto na parte documental como no processo fabril. Temos muito a agradecer”.

A processadora pretende agora seguir investindo em tecnologias para a transformação de vidros e promete: vai buscar a ISO 9001 em breve.

História de tradição
Fundada em 1978, a Italajes começou suas operações trabalhando com lajes pré-fabricadas. Foi somente alguns anos depois que ampliou seu mercado de atuação, fornecendo outros materiais para a construção civil. A mudança veio em peso em 1998, quando adquiriu um forno vertical para têmpera de vidro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 551 (novembro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Certificação é a solução!

Em tempos de poucos negócios, uma das principais metas dos empresários é deixar o processo produtivo mais eficiente e enxuto, além de levar credibilidade a seus produtos. A boa notícia para o setor vidreiro é que nossas empresas não precisam quebrar a cabeça para fazer isso: basta garantir a certificação do temperado oferecida pelo Inmetro! Atualmente, quase cem empresas em todo o Brasil contam com essa chancela estampada em seus vidros. Mas, afinal, como funciona a certificação?

Segundo Edweiss Silva, o Ed, consultor da Abravidro para o assunto, a empresa passa por três avaliações:

Processo de fabricação: Deve estar adequado para produzir itens de qualidade, seguindo requisitos do próprio Inmetro;
Sistema de gestão da qualidade: É obrigado a atender alguns dos requisitos da norma mundial ISO 9001;
Ensaios: Os vidros precisam ser aprovados nos testes de desempenho, conforme a NBR 14698 — Vidro temperado.

Após essas etapas, os temperados estão aptos para receber a chancela. O consultor frisa: “Quanto mais empresas se interessarem pelo processo, mais o setor vai evoluir tecnicamente, com produtos seguros e concorrência justa!”

O que a certificação faz por sua empresa?
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– O Inmetro é a principal referência de qualidade no Brasil. Estar atestado pela entidade é a garantia de que você esteja um passo à frente da concorrência;
– Ter o selo exposto em seu temperado comprova que o produto atende os requisitos das normas técnicas da ABNT;
– Sua processadora poderá obter credenciamento como fornecedor junto ao BNDES. Com isso, seus clientes terão acesso a seus produtos com a comodidade dessa linha de crédito. Como ela garante opção de pagamento facilitado, com juros atrativos, isso aumentará o alcance de seus negócios;
– Você conseguirá fornecer também para grandes construtoras, que normalmente compram apenas produtos certificados. Estar presente em obras de maior porte trará confiança para novos clientes fazerem negócios com você.

 

A certificação do temperado NÃO É um bicho de sete cabeças!
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Processo simples, se comparado a outras certificações;
– O processo dura, em média, apenas três meses;

E não se esqueça: a Abravidro oferece consultoria para as empresas que buscam a certificação. Ed é o responsável por acompanhar todos os procedimentos, auxiliando as processadoras no que for necessário para se adequar a esses requisitos.

Se você é associado, tem direito a um valor exclusivo
Para mais informações, entre em contato pelo e-mail abravidro@abravidro.org.br ou (11) 3873-9908.

 

Qual é a importância da certificação para o setor?
Nada melhor do que ouvir algumas das primeiras empresas que buscaram o selo.

“A Linde Vidros sempre esteve preocupada com a qualidade do produto. A certificação foi uma forma de comprovar a efetividade do vidro temperado aos nossos clientes. Não bastava apenas ter um excelente produto, era necessário atestar a qualidade do temperado, produto conhecido por sua segurança e resistência. Com a certificação, conseguimos abrir novas portas no mercado e fidelizar clientes que exigem alto padrão de qualidade. Além disso, com a certificação, os procedimentos internos precisaram de maior controle e, como consequência, foi possível eliminar desperdícios e reduzir custos de produção.”
Daniel Vanderlinde,
diretor da Linde Vidros

“A decisão veio ao encontro de nossa política de qualidade. Obter o certificado de conformidade da qualidade de um produto ou serviço por um órgão creditado, mesmo que ele seja voluntário, demonstra responsabilidade da empresa para com seus clientes. O fato de sermos auditados por consultores externos nos traz a chance de conhecer a opinião de pessoas isentas em relação ao nosso dia a dia. Esse olhar de fora nos proporciona oportunidades de melhorias, enriquecendo nossa capacidade de respostas para demandas pertinentes às necessidades do mercado.”
Leandro Gonçalves,
gerente de Projetos da Divinal Vidros

“Temos treze anos de certificação. Na época, quando foi decidido passar por esse processo, não havia nenhuma empresa em Minas Gerais certificada e, por estratégia de mercado, o grupo decidiu pelo selo. Além do marketing favorável à empresa, a certificação trouxe um maior cuidado e critério para com nossos processos internos de trabalho. Isso se reflete na organização produtiva e na tratativa dos poucos problemas que ocorrem em relação aos pedidos dos clientes.”
Geraldo de Freitas Júnior,
diretor da CristalTemper

VBF_1344A certificação Inmetro é boa para todo mundo:
VIDRACEIRO: Ao comprar temperados certificados, adquire um enorme diferencial comercial, podendo explorar isso com seus clientes
ESPECIFICADOR: Optando por produtos atestados, evita problemas futuros com os usuários das obras
CLIENTE FINAL: Ao escolher esse produto para sua residência ou empreendimento, conta com uma solução de segurança comprovada

Atenção, empresas já certificadas!
Processadoras vidreiras que possuem o selo Inmetro precisam atualizar o sistema de qualidade para a versão 2015 da ISO 9001. O limite para a utilização da versão anterior foi setembro deste ano.

Segundo Ed Silva, um dos fatores que mudaram é o processo de gestão de riscos, que agora possui nova metodologia. Para mais informações, entre em contato com a Abravidro pelo e-mail abravidro@abravidro.org.br.

Este texto foi originalmente publicado na edição 550 (outubro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Proteção garantida

Não é segredo para os leitores de O Vidroplano que existem vários tipos de vidro plano, cada um com suas características e finalidades. Alguns deles são classificados como vidros de segurança, e esse nome não é dado à toa: são peças especiais, cujo uso é obrigatório em estruturas que precisam garantir a proteção de quem se encontra perto deles. Nas próximas páginas, conheça um pouco mais sobre esses materiais e saiba onde aplicá-los.

O que é um vidro de segurança?
vp_casetempNOVASegundo Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro, a norma NM 293 — Terminologia de vidros planos e dos componentes acessórios à sua aplicação define esse produto como um “vidro plano cujo processo de fabricação reduz o risco de ferimentos em caso de quebra”. A associação, vale lembrar, sedia o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37).

São três os modelos de vidro que se encaixam nessa definição: o temperado, o laminado, e o aramado. Conforme comenta Samuel Toffoli, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), “são obrigatórios em diversas aplicações na construção civil, como fechamento de sacadas ou guarda-corpos”. Outro segmento em que os produtos são fundamentais, ele acrescenta, é no automotivo, que requer o uso de laminados em todos os para-brisas de veículos, e de temperados em todas as outras janelas.

Se não é de segurança, não entra!
Embora as informações sobre o vidro correto estejam cada vez mais presentes no dia a dia do nosso setor, ainda há quem use produtos inadequados em instalações. “Quando se instala um float em um guarda-corpos, por exemplo, o vidro pode quebrar-se em pedaços cortantes que podem cair sobre quem estiver abaixo dele”, alerta Raphael Gallegos, gerente-comercial da processadora Reflex Tempervidros, de Contagem (MG).

Para Leandro Gonçalves, gerente de Projetos da beneficiadora paulistana Divinal Vidros, quem não usa o tipo certo na instalação não pode ser chamado de profissional. “Essa prática seria de uma imensa irresponsabilidade e a empresa ou profissional autônomo podem até ser responsabilizados criminalmente em caso de acidente envolvendo lesão corporal”, observa. Ele tem razão: o artigo 39 do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor informa que os fornecedores são proibidos de colocar no mercado qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas.

A opção correta

Uso de vidro aramado na cobertura do ambiente Varanda Kashmir, de Valéria Leão e Marina Pimentel, na Casa Cor Brasília 2016
Uso de vidro aramado na cobertura do ambiente Varanda Kashmir, de Valéria Leão e Marina Pimentel, na Casa Cor Brasília 2016

Para a instalação de um guarda-corpos, então, devemos usar nele um dos três tipos de vidro de segurança, certo? Errado: a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações veta o uso de temperados nesses sistemas. O motivo para isso é que, se ele quebrar, o vão que deveria proteger quem está próximo ficará aberto, oferecendo risco de queda.

Onde, então, posso usar cada tipo de vidro de segurança? Em caso de dúvida, vale a pena consultar sua processadora de confiança. A paulistana Conlumi, por exemplo, criou o Departamento de Respaldo Técnico: “A iniciativa visa a evitar que os projetos tenham vidros aplicados de forma inadequada, protegendo tanto o cliente final como quem está prestando o serviço”, comenta Cláudio Passi, diretor-geral da empresa. Você também pode saber quais vidros podem ser aplicados em cada caso consultando os materiais do #TamoJuntoVidraceiro (veja mais no final desta reportagem).

Temperado: resistência trazida pela temperatura
vp_temperadoCOMO É FEITO — O processo de produção consiste no aquecimento da chapa a até cerca de 700 °C. Quando a temperatura se torna homogênea em todos os pontos da chapa, o produto é retirado do forno e passa por um rápido resfriamento, por meio de jatos de ar de alta pressão. “O interior do vidro se resfria mais lentamente que sua superfície, o que cria tensões térmicas residuais que permanecem no produto à temperatura ambiente, aumentando sua resistência mecânica”, aponta Toffoli, da Poli-USP.
SEGURANÇA — O temperado tem resistência até cinco vezes maior que a do comum. “Além disso, em caso de quebra, a peça se estilhaça em fragmentos pequenos, diminuindo a chance de ferimentos das pessoas ao redor”, ressalta Vera, da Abravidro.

Você sabia?
A primeira patente conhecida para o processo de têmpera foi concedida em 1874 ao parisiense François Barthélémy Alfred Royer de la Bastie. Na época, ele mergulhava as chapas quase derretidas em óleo quente.
Fonte: Jonathan Barr, The Glass Tempering Handbook

Laminado: proteção na camada intermediária
vp_laminadoCOMO É FEITO — Duas peças de vidro são intercaladas por uma camada intermediária, que pode ser uma película de polivinil butiral (PVB) ou de etil vinil acetato (EVA), ou uma resina. Em seguida, o conjunto é submetido a uma ação de pressão (no caso de laminação com PVB) e temperatura elevadas, dando-se como resultado a adesão entre as chapas e a transformação em uma única peça.
SEGURANÇA — “Em caso de quebra do laminado, seus cacos ficam presos à camada intermediária”, explica Vera, da Abravidro. Com isso, o risco de ferimentos por cortes é bastante reduzido. Mas essa não é a única proteção conferida pelo produto. Mesmo após quebrado, o conjunto ainda impede a passagem de objetos grandes, evitando a abertura do vão e mantendo a área fechada por tempo suficiente para que seja substituído.

Você sabia?
A primeira patente para vidro laminado foi concedida em 1909 ao químico francês Édouard Bénédictus, inspirado em um acidente de laboratório: ao derrubar um frasco envidraçado revestido com nitrato de celulose, constatou que o objeto se manteve inteiro mesmo com a quebra.
Fonte: Enciclopédia Britânica

Aramado: segurança na malha de aço
vp_aramadoCOMO É FEITO — Ao contrário do temperado e do laminado, o aramado ganha suas propriedades ainda no processo de fabricação. Antes de a chapa ficar sólida, logo após sair do forno de fusão, ela recebe uma malha de aço no interior de sua massa. Por ser um tipo de vidro impresso, apresenta-se como uma solução interessante na área de arquitetura e design de interiores.
SEGURANÇA — Vera explica que, se o vidro quebrar, a maior parte dos fragmentos permanece presa à tela metálica. Isso impede que objetos ou pessoas o atravessem, mantendo o vão fechado.

Você sabia?
A primeira menção ao aramado foi feita no ano de 1892 em Dresden, Alemanha. O produto surgiu como uma forma de superar as quebras em construções e evitar problemas de segurança e manutenção.
Fonte: Konstandena Keffallinus, Wire glass: History of technology & development

Unindo qualidades
vp_foto-conlumiExistem também os vidros temperados laminados — ou seja, feitos com a laminação de duas chapas temperadas. Essas peças trazem tanto a resistência mecânica dos primeiros como a aderência dos fragmentos à camada intermediária dos segundos em caso de quebra.

Outra vantagem é que, ao contrário dos laminados comuns, eles podem ser furados (antes de passar pelos processos de têmpera e laminação) para a instalação de ferragens, sem necessidade de caixilhos.

Tire suas dúvidas sobre os vidros para cada aplicação!
Os materiais da campanha #TamoJuntoVidraceiro, lançada este ano pela Abravidro, apresentam todos os tipos de vidro — de segurança ou não — e os locais e formas como cada um pode ou não pode ser instalado.

Por isso, não deixe de consultá-los sempre que possível: eles estão disponíveis para download gratuito em www.abravidro.org.br/tamojuntovidraceiro-materiais

Este texto foi originalmente publicado na edição 545 (maio de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Precisamos falar sobre anisotropia

Anisotropia não é uma questão nova para o nosso setor. Estudos, análises e descobertas em relação ao assunto têm sido feitos ao longo dos anos. O Vidroplano esteve com especialistas nacionais e estrangeiros, além de fabricantes de maquinários, com o objetivo de trazer aos leitores um panorama completo sobre o tema. O resultado está nas páginas a seguir, imperdível para os processadores que estão sempre à procura do beneficiamento perfeito. Confira as características desse fenômeno, por que ele existe e como identificá-lo. Saiba também se pode ser controlado e conheça ainda a visão do mercado sobre o assunto.

O que é?
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Antes, alguns conceitos para entendermos: a anisotropia ocorre quando as propriedades físicas de um material se tornam diferentes dependendo da direção em que são analisadas. Existem vários tipos de anisotropia, como a elétrica e a magnética, por exemplo. No caso do vidro, ela é óptica.

Na prática, ela se manifesta como manchas em nosso material, visíveis em determinadas condições de luz e posições de observação.

Mas, atenção: não confunda anisotropia com irisação, que também forma manchas (aquelas “coloridas”, parecidas com óleo derramado), mas é causada a partir da degradação alcalina da superfície do vidro.

Todo vidro pode ter anisotropia?
Ela ocorre em todos os vidros que possuam diferenças significativas de densidade em seu interior (ao longo da sua espessura), decorrência do beneficiamento por tratamento térmico, como têmpera convencional, e curvação, entre outros.

Por que as manchas aparecem?
As causas são múltiplas — e existe uma hierarquia entre elas. Como explica Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, a causa inicial e mais relevante é a velocidade de aquecimento da peça de vidro durante o processo de têmpera térmica convencional, dentro da faixa de 490 ºC até 550 ºC (medida na massa do vidro). Quanto maior a velocidade de aquecimento, mais as manchas poderão aparecer, tendo maior intensidade — conforme mostra a tabela abaixo.

Velocidade de aquecimento em ºC/s dentro da faixa de 490 ºC até 550 ºC(temperatura medida na massa do vidro)
Intensidade da mancha
Frequência da mancha
Até 0,3 Indetectável
Maior que 0,3 a 0,6 Muito baixa Muito baixa
Maior que 0,6 a 0,9 Baixa Baixa
Maior que 0,9 a 1,2 Presente Média
Maior que 1,2 a 1,5 Intensa Alta
Maior que 1,5 a 1,8 Muito intensa Muito alta
Maior que 1,8 a 2,1 Severa Plena

Fonte: Cláudio Lúcio da Silva

Outros fatores se somam a essa causa inicial, contribuindo para a formação dos vários formatos característicos desse efeito:

IMG_1754– Homogeneidade dos irradiantes de infravermelho, faixa de emissão de infravermelho e ajuste adequado do perfil térmico;
– Condições técnicas do sistema de aquecimento, conservação dos rolos do aquecedor e refratários;
– Temperatura final alcançada pelo vidro que sai da zona de aquecimento. Deve ser sempre maior que 620 ºC e menor que 640 ºC (medido na massa da peça). Atenção ainda para o adequado ajuste de emissividade do medidor de temperatura a laser em função do tipo, cor e espessura da peça a ser medida;
– Tipo de bico, características dimensionais do leque, ângulo e altura de incidência do leque do ar no isolante utilizado (encordoado em aramida ou kevlar) no rolo do resfriador. Considerar também a limpeza do sistema e a desobstrução dos bicos, assim como a geometria e a qualidade do isolante utilizado no rolo do resfriador;
– Redução significativa da velocidade de oscilação, ou mesmo a paralisação da peça, sob a ação do jato de ar do resfriador se a temperatura medida na massa do vidro ainda não está abaixo de 490 ºC.

Como identificar a anisotropia?
Ela é mais perceptível quando se observa uma instalação envidraçada sob certas condições:

– Pela manhã, ou duas a três horas antes do pôr do sol;
– A um ângulo próximo a 30 graus em relação ao observador e a fonte de luz incidente.

Qual a explicação? As manchas são visíveis quando há muita luz polarizada, (aquela que não é direta, mas sim refletida pelo ambiente ao redor), exatamente a encontrada nesses horários. Ocorre, então, o efeito de dupla reflexão (ou dupla refração) no vidro, fazendo com que se enxerguem as manchas dependendo do ponto de vista do observador e da fonte de luz — e também se são vistas do lado de dentro ou de fora da instalação.

As manchas podem ser ainda mais facilmente vistas nos vidros com películas antivandalismo aplicadas em sua superfície interna e/ou com películas refletivas ou coloridas na superfície externa, em instalações com incidência de luz ambiente polarizada.

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Anisotropia é defeito de qualidade?

A NBR 14698 — Vidro temperado define a anisotropia como “característica óptica do vidro temperado inerente ao processo de têmpera”. O documento também diz que:

“O processo de têmpera produz áreas com esforços diferentes na seção transversal do vidro, produzindo um efeito de dupla reflexão, que é visível sob luz polarizada. Esse efeito manifesta-se sob a forma de manchas coloridas. A luz polarizada ocorre durante o dia e sua quantidade depende da estação climática do ano e do ângulo do sol.”

Reginaldo Moreira, da Teknokilns, frisa que “sua presença de forma alguma afeta a qualidade da têmpera ou outra característica das chapas, como a segurança”. Alfredo Bresciani, da TK, segue a mesma linha e lembra que a norma europeia UNE-EN 12150-1 indica que as manchas desse tipo não devem ser consideradas defeito.

O problema está na aparência das peças manchadas, as quais podem dar a entender que são de má qualidade. Como a estética é um dos principais argumentos para o uso do material, isso pode afetar seu uso em determinados projetos. Para Marcio Sato, supervisor de Pesquisa e Desenvolvimento da Glaston South America, o que se tem percebido é que o mercado se tornou mais exigente. “Acredito que não vá demorar muito para que seja feita uma norma específica a respeito”, analisa.

“O problema da anisotropia é inerente ao temperado, mas também já se sabe que podemos diminuir ou quase eliminá-lo com técnicas na fabricação do equipamento de têmpera”, revela Sandro Henriques, diretor da brasileira SGlass.

A visão do mercado
“A anisotropia foi tema recente de estudos, além de estar em workshops e palestras como as do GPD”, comenta Saverio Pasetto, diretor técnico da construtora Skanska Building.

Em 2014, para realizar uma monografia para a Universidade de Bath (Inglaterra), Pasetto entrevistou 35 arquitetos, consultores e especialistas em fachadas. Uma das perguntas era se a anisotropia pode ser considerada um defeito do vidro — 26% responderam “sim”. Quase metade desses profissionais afirmou ainda que teve problemas do tipo em mais de 50% dos projetos nos quais trabalhou nos três anos anteriores à pesquisa.

Graças a esse senso comum dos clientes, as fabricantes de equipamentos estão desenvolvendo tecnologias. “Visando à homogeneidade da produção, investimos em controles de aquecimento e resfriamento”, revela Sandro Henriques, da SGlass.

Uso de convecção ou câmaras de pré-aquecimento são outras soluções viáveis, assim como sistemas de colchão de ar, resolvendo alguns dos fatores que permitem a anisotropia. “Diferente dos equipamentos tradicionais, o vidro não entra em contato com rolos, pois flutua sobre jatos de ar”, comenta Leandro Barreta, engenheiro de Vendas da Lisec. A Keraglass também possui diferenciais: “Os furos para a saída do fluxo de ar dos bicos de resfriamento são de diâmetros diferentes, e deslocados uns dos outros, reduzindo drasticamente o efeito”, explica a assistente de Vendas, Orietta Gualtieri.

 

É possível controlar a anisotropia?
Para o instrutor técnico Cláudio Lúcio, a melhor vacina para minimizar e reduzir a situação é:

– Conhecer tecnicamente toda a física envolvida na têmpera térmica convencional;
– Utilizar parâmetros técnicos de processos corretos;
– Ter maquinários com tecnologias, conservação e manutenção adequadas;
– Operá-los corretamente.

“A falta de conhecimento adequado por parte de agentes do mercado fez com que, ao longo do tempo, soluções com vidro tivessem a reputação comprometida”, explica Cláudio Lúcio. Felizmente, o setor como um todo está interessado em reverter o cenário.

O diretor de Negócios da Glaston, Miika Äppelqvist, aponta em um artigo, com o título O que é anisotropia e cinco formas de reduzi-la no vidro temperado, dicas para a redução:

1- Identifique o que causa o problema — aquecimento ou resfriamento;
2- Diminua a temperatura do forno e aumente o tempo de aquecimento. Isso fará com que as chapas sejam aquecidas mais uniformemente;
3- Minimize os pontos de parada da chapa dentro do forno — tenha certeza de que o equipamento suporta isso;
4- Limpe os bicos de ar do sistema de resfriamento. Nenhum deles pode estar entupido ou bloqueado;
5- Ajuste a velocidade de transferência para o resfriamento, fazendo com que o primeiro ponto de parada na área tenha a menor temperatura possível.

 

Como medir a anisotropia?
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O nível do efeito é difícil de ser quantificado, ao contrário de outras marcas que podem surgir nas peças durante o beneficiamento (como ondulações causadas por rolos). A anisotropia se apresenta em variados formatos, como os abaixo:

Porém, começam a surgir formas de medi-la. A Glaston, por exemplo, possui o iLooK Anisotropy, uma solução online que digitaliza as chapas e permite a visualização das manchas. Sabendo o nível de anisotropia de seus produtos, as empresas poderão ajustar os processos produtivos.

20170628_170143No Glass Performance Days 2017, maior congresso vidreiro do mundo, a palestra de Romain Decourcelle (Saint-Gobain Glass), Guillaume Kaminski (Eckelt Glas) e Francis Serruys (Saint-Gobain Building Glass Europe) abordou um viés importante da questão: com informações coletadas a partir dessas medições, será possível definir classes de anisotropia e padronizar referências.

Este texto foi originalmente publicado na edição 542 (fevereiro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Busca pela excelência

Com mais de trinta anos de experiência no setor, a A2 Vidros já foi vidraçaria e, desde 2007, distribui e beneficia nosso material, atendendo os ramos da construção civil, arquitetura, decoração e moveleiro. Em 2014, a empresa abriu uma planta em Limeira, interior de São Paulo — essa unidade e a matriz em Osasco (SP) somam 4 mil m² de área, com capacidade de 20 mil m² de vidro/mês. Ano passado, foi a vez de buscar outro investimento: a certificação para temperados pelo Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação (Ibelq) e Inmetro.

Comprovante de segurança
A processadora sempre se preocupou com o gerenciamento de processos, utilizando softwares para isso, além de atuar de forma sustentável, tratando água para reutilizá-la.

Porém, era necessário oferecer aos clientes uma garantia de qualidade dos produtos, principalmente em relação à segurança. “Buscamos a certificação para atestar aos nossos consumidores esse diferencial e tornar a empresa mais competitiva”, comenta a gerente de Marketing Débora Bortolato Groppo Barres. As espessuras que ganharam o selo (6, 8, 10 e 12 mm) são fabricadas em Limeira.

Trabalho em equipe
equipePara Débora, a mentalidade coletiva introduzida na equipe permanecerá com os colaboradores. “Foram necessários pequenos ajustes para se obter a certificação, mas nossos funcionários foram bastante prestativos para providenciá-los com rapidez.” A Abravidro também participou desse processo, com o auxílio do consultor Edweiss Silva orientando a empresa em relação a documentos e correções a serem feitas.

Após obter essa chancela, a A2 Vidros continuará buscando a excelência. “A ideia é investir mais em treinamento para renovar a certificação anualmente, bem como adquirir outras certificações pertinentes, como a ISO 9001.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 541 (janeiro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Mais um selo de segurança para a Região Norte

Com atividade iniciada em 2012, a Onixx Vidros, localizada na capital de Rondônia, pode até ser considerada uma empresa novata. No entanto, já alcançou a certificação concedida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para temperados, o que oferecerá à beneficiadora, que atende também o mercado vidreiro do Acre e Amazonas, muita experiência para o processamento de vidros.

Mercado exigente
Além de garantir a segurança do produto, a certificação agrega valor ao vidro, como bem lembra o gerente-administrativo da Onixx, Jefferson Nunes da Silva. “O selo passou a ser uma cobrança de grandes construtoras e compradores”, explica, afirmando ainda que “isso permite ir em busca de maiores mercados e melhorar o atendimento ao consumidor, que vem se tornando mais exigente e criterioso a cada dia.”

Segurança aprimorada
FotosOnixx3As auditorias foram realizadas pela ABNT enquanto os testes dos vidros produzidos ficaram por conta do Laboratório Falcão Bauer. Ao todo, o processo durou cerca de sete meses — de março a outubro de 2016. Duas espessuras ganharam o selo: 8 e 10 mm. Agora, a vontade de otimizar a produção se tornou filosofia de trabalho na Onixx: a ISO 9001 é outra grande conquista recente da empresa.

Benefícios garantidos
Uma das principais vantagens apontadas pela processadora para a certificação é a possibilidade de vender vidros por meio do cartão BNDES — a chancela é obrigatória para sua aceitação. Além disso, já pôde ser vista a redução de perdas no processo fabril.

Uma campanha de marketing foi preparada para a ocasião. Inserções em rádio e televisão regionais, incluindo ainda outdoors em cidades do Estado, fizeram com que os clientes soubessem da conquista.

Fale com eles!
ABNT — www.abnt.org.br
Abravidro — www.abravidro.org.br
IFBQ — www.ifbauer.org.br
Inmetro — www.inmetro.gov.br
Onixx — www.onixxvidros.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 531 (março de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Agregando valor e segurança

Este texto foi originalmente publicado na edição 518 (fevereiro de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui

 

A processadora catarinense SVA Vidros surgiu em 2013, após atuar como vidraçaria sob o nome Têmpera Oeste. No momento da fundação da nova empresa, foram feitos grandes investimentos, incluindo a instalação de um forno horizontal com o intuito de fornecer vidros à Região Oeste do Estado de Santa Catarina. E, agora, com a conquista da chancela para temperados, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ), a empresa dá um grande passo para a consolidação de seus negócios.

Conquistando espaço no setor
Para o seu diretor, João Henrique Paludo Bolsi, a certificação é ferramenta importante para o planejamento estratégico.

“Conquistamos mais espaço no mercado, fidelizando cada vez mais nossa carteira de clientes”, comenta, lembrando ainda que o selo permite atingir novos mercados potenciais, já que a segurança do produto é garantida.

Ao todo, quatro espessuras foram certificadas: 6, 8, 10 e 12 mm. “A chancela agrega valor aos vidros e valoriza a marca, principalmente por ser um diferencial competitivo”, afirma Bolsi. Em momento econômico difícil para o País, um diferencial desse porte se mostra fundamental para os negócios.

Adequação da produção
O processo de adequação da produção levou cerca de quatro meses, tendo sido iniciado em agosto e finalizado em dezembro de 2015. Segundo a SVA, tudo ocorreu tranquilamente, sem encontrar problemas para se alinhar às exigências. “Os ensaios de fragmentação agora são feitos diariamente”, revela Bolsi.

O diretor faz referência ainda à consultoria oferecida pela Abravidro, um dos principais fatores a permitir a conquista do selo. “O contato com a associação foi essencial. O consultor Edweiss Silva nos orientou preparando e acompanhando os processos”.

Fale com eles!
Abravidro — www.abravidro.org.br
IFBQ — www.ifbauer.org.br
Inmetro — www.inmetro.gov.br
SVA Vidros — www.svavidros.com.br

Segurança (e experiência) certificada

A certificação nos projetará no mercado com mais credibilidade, confirmando nosso esforço contínuo em atingir objetivos.” É assim, certo de que tomou a atitude correta, que Muller de Castro, diretor-geral da Vidrometro, fala sobre a conquista do selo concedido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ) aos temperados de 6, 8 e 10 mm.

Essa atitude vai ao encontro da ideia de que, independente do tempo que uma empresa tem no mercado, é sempre importante estar atento às novas tendências e demandas. A Vidrometro, de Belo Horizonte, tem mais de quarenta anos de atuação e, de acordo com Castro, sempre se orgulhou de oferecer vidros especiais que superem as expectativas em termos de segurança, sofisticação e design.

Mesmo com toda essa experiência, a processadora não abriu mão da certificação. “Garantimos a segurança de nossos produtos e
melhoramos nossa organização interna e imagem perante a sociedade”, ressalta.

Detalhes da conquista
O processo de certificação da empresa mineira começou em julho e teve fim em outubro deste ano. “Não encontramos nenhuma dificuldade, pois os bons procedimentos de produção já eram uma prática”, orgulha-se. Como associada da Abravidro, a Vidrometro teve direito à consultoria gratuita da entidade. “A associação nos direcionou e incentivou em todos os aspectos, principalmente nos
processos internos e no preparo das amostras”, conta o diretor-geral.

Depois de ressaltar a importante participação dos colaboradores na conquista do selo, Castro mira o futuro já pensando na ampliação das certificações da empresa. “Acreditamos que o diferencial nos manterá na preferência dos clientes e ampliará nossas conquistas no setor de construção civil.”