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Reciclagem de embalagens de vidro cresce no Brasil

A Circula Vidro, entidade responsável por gerir a logística reversa de embalagens de vidro no Brasil, informou ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) que a indústria nacional de produtos comercializados em embalagens de vidro bateu a meta de 25% de reciclagem em 2024. Das 877 mil t de vidros consumidos, 221 mil retornaram para a indústria.

Este texto foi originalmente publicado na edição 627 (março de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: MoiraM/stock.adobe.com

CDE-Blindex aparece no portal G1

Em fevereiro, o portal de notícias G1, do Grupo Globo, levou ao ar um publieditorial da Casa dos Espelhos (CDE-Blindex), processadora associada à Abravidro, sobre o compromisso ambiental para reciclar 100% dos resíduos vítreos gerados em sua produção. A processadora firmou parceria com a Sustentabilidade da Amazônia (Suam) para a destinação dos resíduos de forma ecologicamente correta.

Este texto foi originalmente publicado na edição 627 (março de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Reprodução

AGC e Saint-Gobain inauguram forno sustentável na Europa

Em fevereiro, a AGC e a Saint-Gobain inauguraram um forno piloto híbrido na fábrica da AGC Barevka, em Teplice, na Tchéquia. O equipamento promete diminuir em 192.500 t as emissões de carbono ao longo da próxima década. A iniciativa faz parte da parceria europeia entre as duas multinacionais para o desenvolvimento de soluções sustentáveis para a fabricação de vidro plano. A instalação, parte do projeto chamado Volta, funcionará com eletricidade e uma combinação de gás e oxigênio.

Um dos chamarizes da nova tecnologia é a questão da circularidade, pois o forno vai operar com uma proporção muito maior de materiais reciclados que a dos padrões da indústria. “Esse é um grande passo em nossa jornada em direção à neutralidade de carbono e demonstra nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade”, declara o presidente e CEO da AGC, Yoshinori Hirai. “Nós da Saint-Gobain acreditamos fortemente na inovação por meio da colaboração. Este projeto está em linha com o compromisso da Saint-Gobain de atingir a neutralidade de carbono até 2050”, afirmou Joana Arreguy, diretora Industrial de Vidro da Saint-Gobain.

Este texto foi originalmente publicado na edição 627 (março de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Reciclagem facilitada

A reciclagem de vidro pode se tornar mais simples e abrangente – isso é o que espera o projeto Everglass, iniciativa financiada pela União Europeia para o desenvolvimento de um revolucionário processo para a tarefa. Ao invés da tradicional técnica baseada em fornos para derreter vidro, a tecnologia prevê a utilização de feixes de laser.

O conceito envolve a reciclagem de pó de vidro, insumo muitas vezes considerado “sem uso” para a cadeia vidreira – as usinas de float, por exemplo, até utilizam certa quantidade de sucata para produzir novas chapas, mas no formato de cacos. Funciona da seguinte maneira: o laser derrete o pó, e o material fundido, então, pode ser modelado para se tornar um novo produto. Grosso modo, é algo parecido com o processo de impressão 3D, geralmente feito com resina, só que colocando vidro no lugar.

Segundo Juan Pou, professor de Física Aplicada na Universidade de Vigo e coordenador do Everglass, com a nova tecnologia, que ainda está em teste, vários tipos de vidro cuja reciclagem é complexa, por conta de suas características químicas ou físicas, agora podem ser trabalhados de forma sustentável e eficiente para retornarem à cadeia. “Por exemplo, o vidro farmacêutico de borossilicato, que precisa ser processado para reciclagem em uma temperatura mais alta, em grandes fornos, o que envolve tremendos custos em eletricidade. Como usamos sistemas de menor escala, podemos aumentar a temperatura rapidamente, pois o laser permite isso”, explica.

Entre os próximos passos do projeto, estão estudar se o conceito pode ser aplicado em escala maior do que a testada até aqui.

Este texto foi originalmente publicado na edição 627 (março de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Mihail/stock.adobe.com

Cebrace realiza 2º Fórum de Sustentabilidade

O 2º Fórum de Sustentabilidade Cebrace foi realizado no dia 5 de setembro, em formato online. Mônica Caparroz, gerente de Marketing, Inovação & Sustentabilidade da Cebrace, falou no evento sobre os objetivos da empresa para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável (ODS) e as iniciativas que a empresa já desenvolve nesse sentido. O fórum foi mediado por Camila Batista, coordenadora de Desenvolvimento de Produto & Sustentabilidade da Usina, e contou com apresentações de Júlia Basso, coordenadora de Sustentabilidade Corporativa do Grupo RAC, que abordou a importância da sustentabilidade na construção civil tanto na esfera ambiental como na social; e da jornalista Giuliana Morrone, compartilhando sua experiência pessoal na área de ESG (meio ambiente, social e governança) – ela se especializou no tema durante a pandemia de Covid-19.

Este texto foi originalmente publicado na edição 621 (setembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Reprodução

Massfix anuncia parceria para trabalho de reciclagem

A Massfix somou forças com o Parque de Ecoindústrias da Marca Ambiental com o propósito de potencializar seu trabalho de reciclagem de materiais na região de Cariacica (ES). A ideia é expandir a atuação da empresa no estado por meio de uma gestão inteligente do vidro. Com a parceria, a atuação da recicladora dentro do Parque, tido como um centro de referência em soluções sustentáveis para o tratamento de resíduos, está concentrada em ser um ponto de referência no manejo e tratamento adequado dos resíduos gerados na região capixaba – cujo volume está estimado na faixa de oito mil toneladas só para este ano.

Este texto foi originalmente publicado na edição 608 (agosto de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Belish/stock.adobe.com

Cebrace adota uso de biometano em fornos

Em julho, a Cebrace passou a empregar o biometano como fonte energética nos fornos da fábrica de Jacareí (SP) para a produção de vidro float. A iniciativa integra o conjunto de medidas da usina para reduzir em 33% suas emissões de CO2. De acordo com a empresa, a ação faz dela uma pioneira no uso desse combustível renovável para tal fim no setor vidreiro nacional. Por meio do biocombustível gerado a partir de resíduos sólidos urbanos do Aterro Sanitário de Jambeiro, a companhia estima poupar o equivalente ao plantio de 125 mil árvores em CO2. Após a implementação em Jacareí, existem planos de adotar o biometano também nas unidades de Caçapava (SP) e Barra Velha (SC).

Este texto foi originalmente publicado na edição 608 (agosto de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Guntar Feldmann/stock.adobe.com

Vidro contribui para arquitetura sustentável

Mês passado, vimos aqui em O Vidroplano o que pode ser feito pelas indústrias vidreiras ao redor do planeta para diminuir a emissão de poluentes durante a fabricação do produto. Agora, é a vez de conhecer o passo seguinte na busca pela sustentabilidade: após sair da fábrica, como nosso material pode contribuir para edificações mais “verdes”?

A seguir, confira um estudo sobre o impacto ambiental do uso de vidros em fachadas, a importância do retrofit para construções antigas conseguirem atingir um melhor desempenho energético e como a arquitetura está se preparando para um futuro marcado por um clima mais extremo, com frentes frias e de calor fora de época.

Prontos para o futuro?
Como apontado na matéria de agosto, as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global já são uma realidade mundial. Outro exemplo brutal disso pôde ser visto no final do mês passado no Paquistão: chuvas intensas deixaram um terço do território do país asiático inundado, afetando diretamente cerca de 33 milhões de pessoas e matando mais de mil. Existem ainda os prejuízos financeiros aos cofres públicos: somente em 2017, fenômenos como incêndios florestais, enchentes e furacões custaram mais de US$ 300 bilhões aos EUA. Para evitar que catástrofes como essas virem rotina, o aumento da temperatura média do planeta não pode ultrapassar 1,5 ºC até o fim deste século – e isso só será possível com uma grande diminuição da emissão de poluentes em todo o mundo.

Atualmente, as estações climáticas estão menos definidas. Frentes frias no verão ou calor intenso no inverno, por exemplo, eram raridade, hoje são comuns – alterando o conforto térmico nas residências e locais de trabalho. Nossa vida, portanto, é afetada pela questão mesmo quando estamos longe de desastres. Por isso mesmo, surge a pergunta: a arquitetura está preparada para os desafios presentes e também futuros?

De acordo com Emmanuelle Gouillart, diretora-científica dos laboratórios da Saint-Gobain Research em Paris (França), a construção civil mundial é responsável por incríveis 40% de todas as emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta – considerando a fabricação dos materiais, a construção propriamente dita e o consumo de energia elétrica pelos usuários. Isso explica a necessidade de o setor como um todo se voltar para a sustentabilidade.

“O foco atual é no desenvolvimento de ‘edificações resilientes’, as quais podem ser adaptadas em pouco tempo e com pouco custo diante de prováveis alterações climáticas e desastres. O mercado da construção civil está atento a isso”, comenta o engenheiro Fernando Simon Westphal, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “No final de 2020, o Instituto Americano de Arquitetos publicou uma declaração da indústria em prol do desenvolvimento desse tipo de construção, focando na promoção do uso de energias renováveis, com estratégias passivas de aquecimento e resfriamento”, destaca o engenheiro. “O vidro ocupa papel importante nesses requisitos, pois está diretamente relacionado à segurança, conforto ambiental e eficiência energética.”

Para Westphal, que também atua como consultor técnico da Abividro, o setor vidreiro deu um grande passo na consolidação do vidro, frente a outros segmentos, como elemento fundamental para a construção moderna com a criação da prática recomendada ABNT PR 1010 — Aplicação e manutenção de vidros na construção civil. O documento, cujo texto base foi produzido em conjunto pelas equipes da Abravidro e Abividro e contou com a colaboração de diversas entidades vinculadas ao setor da construção, traz um resumo das normas técnicas vidreiras para a aplicação segura e eficiente do produto. “A indústria da construção civil também passou a reconhecer a importância dos vidros de controle solar e insulados como atenuadores de condições extremas em todo o território nacional”, analisa.

Foto: 3000ad/stock.adobe.com
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Sustentabilidade em pauta
As últimas décadas viram a construção civil incorporar conceitos mais amigáveis ao meio ambiente:

  • Nos anos 1980, começou-se a dar mais ênfase à conservação de energia, após as crises do petróleo na década anterior;
  • Nos anos 1990, passou-se a se discutir o aquecimento global e aumentaram as preocupações com o uso de energia nas edificações. Por conta disso, diversos países desenvolveram e começaram a adotar normas de eficiência energética;
  • A partir dos anos 2000, o debate foi ampliado para questões ambientais e sociais, com o termo “desenvolvimento sustentável” sendo usado de forma rotineira. É quando começam a se expandir as certificações ambientais de edifícios, como Leed e Aqua, entre outras.

O papel do vidro
Como vimos na reportagem do mês passado, o processo de fabricação do vidro é menos agressivo ao meio ambiente do que o de outros elementos da construção, incluindo alumínio, cerâmica e concreto. Um estudo da Saint-Gobain feito em parceria com a multinacional do setor de engenharia Arup mostra o impacto dos vidros nas fachadas: o material representa de 26% a 60% do total de emissões de carbono para a confecção dessas estruturas – a variação vai depender, obviamente, da tipologia da fachada e da quantidade de vidro usada.

Hoje, esse tipo de informação influencia diretamente na escolha do que será usado em uma obra: sistemas com baixa pegada de carbono (ou seja, menos poluentes) são cada vez mais o objetivo de construtoras. É por isso que ações das usinas vidreiras para a produção de um vidro mais sustentável, incluindo o maior uso de cacos reciclados entre as matérias-primas e testes com novas fontes de energia, ajudam a colocar o material em uma posição de destaque. Afinal, outras indústrias também estão “descarbonizando” seus produtos e não podemos perder a vantagem que temos no atual cenário.

Durante a especificação dos produtos, deve-se levar em conta todo o ciclo de vida do edifício: como será a instalação desses sistemas? O material precisará ser trocado com frequência? Quais outros benefícios ele pode agregar ao projeto? Nesse sentido, o vidro também sai na frente. “As fachadas envidraçadas ganharam notoriedade não apenas por questões estéticas, mas por questões práticas, de agilidade na construção, facilidade na manutenção e durabilidade”, explica Fernando Westphal. “Tais conceitos estão intimamente ligados ao desenvolvimento sustentável. Vale lembrar que o vidro não é um agente individual, faz parte de um conjunto construtivo. Mas sua durabilidade é alta e proporciona resultados ao longo de toda a vida útil da edificação.”

Foto: Danila Shtantsov/stock.adobe.com
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Valor agregado
Aí entra a importância dos vidros mais modernos. O estudo da Saint-Gobain com a Arup indica que os vidros com revestimento (no caso, os de controle solar) são eficientes na redução da pegada de carbono em um prédio. Além de garantir um “retorno de investimento” na comparação com brises e outras formas de sombreamento, eles têm impacto positivo para a queda de emissões durante o uso do edifício, já que diminuem a necessidade de iluminação artificial, ar-condicionado e sistemas de aquecimento.

A entidade vidreira europeia Glass for Europe iniciou uma campanha para divulgar o potencial de economia energética gerado por esses produtos. Alinhada ao Acordo Verde Europeu (um conjunto de políticas para o combate ao aquecimento global em todo o continente), a associação sugere um grande plano local para retrofits, com o objetivo de trocar os vidros antigos e sem tecnologia das edificações por novas peças de valor agregado. A ideia é ousada e de larga escala, mas ajudará a União Europeia a atingir sua meta de neutralidade de carbono.

  • Se todos os prédios da Europa ganharem vidros de alta performance energética até 2030, seria possível reduzir o consumo de energia elétrica em 29%;
  • Isso representaria uma economia anual de cerca de 875 bilhões de kWh. Para efeito de comparação, o Brasil consome por volta de 467 bilhões de kWh de energia por ano (dados de 2016 da Eletrobrás);
  • Com as trocas, as emissões de CO2 durante o uso dos edifícios cairiam 37,4% em 2050;
  • Cerca de metade dessa economia poderia ser atingida apenas dobrando a taxa anual de retrofits do continente, que hoje representa 2% das obras.

E no Brasil?
Em nosso país, são poucos os registros de retrofits visando ao aumento da eficiência energética de uma edificação. Por outro lado, as novas obras envidraçadas estão ganhando versões tecnológicas de nosso material: prédios comerciais suntuosos como o São Paulo Corporate Towers, o Concordia Corporate Tower (em Nova Lima, MG) e o Vitraux (em Salvador), todos construídos nos últimos anos, contam com fachadas de vidros de controle solar.

Fernando Westphal vê a indústria vidreira mais avançada do que o próprio mercado da construção. Diz ele: “Dispomos de produtos com alto nível de eficiência, mas ainda pouco explorados pela construção civil. O setor residencial, por exemplo, faz pouco uso dessas soluções – não só em relação aos vidros, mas também a outros itens da envoltória, como revestimentos e isolantes”.

A boa notícia é que prédios residenciais parecem começar a olhar para materiais diferenciados. Com conclusão prevista para o fim deste ano, o Seventy Upper Mansion, erguido pela construtora Andrade Ribeiro em Curitiba, terá insulados com a função de garantir conforto térmico e acústico nas suítes dos apartamentos. Será um exemplo interessante para outros projetos se inspirarem e passarem a utilizar soluções robustas.

A receita para mais vidro – e, por consequência, mais obras sustentáveis – é educar arquitetos, engenheiros e demais profissionais da construção em relação aos produtos do setor vidreiro. Assim, poderemos sonhar com um futuro com menos poluição, mais verde e cheio de transparência.

Foto: Roman Babakin/stock.adobe.com
Foto: Roman Babakin/stock.adobe.com

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 597 (setembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: Quality Stock Arts/stock.adobe.com

Vidro pode contribuir para um planeta sustentável

Ao longo de julho, em pleno inverno, o frio passou longe de São Paulo, cidade que encarou uma onda de calor fora de época, com quase 30 ºC em alguns dias. Na Europa, o verão maltrata a população: a Inglaterra alcançou a maior temperatura já medida de sua história no mês passado (40,2 ºC), enquanto Portugal chegou a inacreditáveis 47 ºC.

As mudanças climáticas são uma realidade no planeta: basta ver os noticiários mostrando incêndios incontroláveis, furacões cada vez mais destrutivos, secas de longa duração. Um clima de extremos ameaça a humanidade. Por isso, passou da hora de levarmos a questão a sério – e o setor vidreiro pode dar uma tremenda contribuição para isso.

Este mês e em setembro, O Vidroplano apresenta um especial sobre o tema, mostrando em detalhes o papel de nosso material na questão. A sustentabilidade não é apenas preocupação das empresas, mas uma demanda da sociedade. Por isso, é importante entender o que está acontecendo com o mundo.

Planeta em descompasso
Mudança climática não é algo novo: a Terra já passou por diversas alterações ao longo dos milênios. Só que isso ocorre naturalmente, por conta de forças diversas como erupções vulcânicas, impactos de meteoritos ou variações na órbita do planeta e na radiação solar, por exemplo. O que vivemos hoje é algo resultante das ações humanas – e, o pior, ocorre em uma velocidade nunca vista, maior do que a dos fenômenos naturais.

A culpa é nossa
Estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) mostram que, a partir da Revolução Industrial no século 18, a emissão de poluentes passou a deixar a temperatura média do planeta cada vez maior. Após a última era glacial (milênios atrás), a temperatura terrestre subiu 5 ºC ao longo de 10 mil anos; se o ritmo do atual aquecimento global continuar o mesmo, poderemos ver um aumento de quase 5 ºC – mas em apenas 200 anos.

Uma mudança desse porte em tão pouco tempo cobra seu preço: as décadas de 1990 e de 2000 foram as mais quentes do último milênio, fato causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pela destruição da natureza.

As consequências
O aumento das temperaturas não mudará apenas o clima. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aquecimento global causará impactos diversos, como:

  • Maior frequência de fenômenos meteorológicos extremos: vários eventos com potencial de perdas econômicas e humanas podem virar padrão, como ondas de calor ou de frio severas, fortes chuvas e inundações ou secas prolongadas;
  • Comprometimento da produção agrícola;
  • Extinção de espécies animais e vegetais;
  • Derretimento de geleiras: isso gera elevação do nível do mar. Até o fim deste século, de acordo com o IPCC, os oceanos podem aumentar até 59 cm, o que causará a inundação de cidades e regiões costeiras. Imagine praias inteiras deixando de existir? Áreas de metrópoles como Rio de Janeiro e Nova York ou países-ilhas submersos?

E no Brasil?
Relatórios do IPCC indicam que a temperatura média deverá aumentar no País todo, causando:

  • Redução de geadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste;
  • Maior frequência de chuvas intensas no Sul e Sudeste, aumentando a possibilidade de enchentes em áreas urbanas;
  • Diminuição das estações chuvosas e da intensidade das chuvas no Norte e Nordeste, causando maior evaporação das águas dos reservatórios, lagos e rios. Assim, os problemas locais relacionados à seca serão ainda mais graves;
  • O colapso de ecossistemas, inclusive o da Amazônia, reduzindo e modificando vegetações, por conta da diminuição das chuvas.

Como reverter a situação?
O atual aquecimento da Terra vai levar décadas ou séculos para ser minimamente “consertado”. Porém, ainda dá tempo de evitar os piores cenários das consequências citadas anteriormente: cientistas afirmam que a temperatura não pode aumentar mais que 1,5 °C até 2100. Para isso, dependemos da vontade de governos para colocar em prática ações que reduzam as emissões de gases poluentes em nível global.

Fábricas ao redor do mundo já se antecipam a esse assunto, definindo metas “verdes” para as próximas décadas. Uma coisa é certa: a sustentabilidade é um caminho sem volta na produção industrial – e nosso setor tem capacidade para ser líder no quesito.

Amigo da ecologia
Sustentabilidade faz parte da história do segmento vidreiro – a busca por soluções que entreguem maior eficiência na fabricação fez com que a atividade poluísse menos. Exemplo disso é que o aperfeiçoamento dos processos permitiu que a cadeia francesa como um todo diminuísse 69% de suas emissões de poluentes, ao longo dos últimos 50 anos, segundo o centro de pesquisa científica francês Institut du Verre.

Além disso, o vidro é um dos únicos materiais 100% recicláveis – e seu impacto é menor que o de outros materiais. Quem mostra isso é o Centro de Arquitetura Industrializada da universidade Royal Danish Academy, da Dinamarca. A instituição preparou uma tabela chamada Pirâmide dos Materiais de Construção: ela se assemelha a uma pirâmide alimentar, mas, ao invés de mostrar os grupos de alimentos e seus nutrientes, revela o impacto ambiental dos materiais. Quanto mais no topo, mais poluidor o produto é – e nos dois principais indicadores, o vidro se posiciona muito bem:

  • GWP (potencial de aquecimento global): mede a “pegada de carbono”, ou seja, a quantidade de dióxido de carbono (o CO2, um dos gases que mais contribuem para o aquecimento global) emitida durante a fabricação. A tabela coloca o vidro insulado, produto largamente usado na Europa, em posição intermediária, sendo muito menos poluidor que o alumínio, aço galvanizado e cerâmica, localizados no topo;
  • ODP (potencial de destruição da camada de ozônio): mede os danos que uma substância pode causar à camada de ozônio. Nesse quesito, o insulado está na base da pirâmide, como um dos menos agressivos ao planeta, ao contrário de madeira compensada, concreto e tintas em geral.

“O setor vidreiro tem uma real preocupação com o papel de nossa indústria no mundo. Essa posição é ambiental e também em relação à sociedade. É chavão falar isso, mas temos uma indústria com posição moderna”, explica o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte. Segundo ele, é preciso olhar o processo como um todo para saber onde melhorar na questão de emissões: desde a retirada de matéria-prima ao transporte nos diversos elos da cadeia, e ainda durante o ciclo de vida do produto instalado.

Futuro de transparência
Uma reportagem publicada na renomada revista científica britânica Nature, no final do ano passado, analisa o papel da indústria vidreira para a “revolução verde” nos processos fabris. Do total de CO2 gerado durante a fabricação de vidro em todo o mundo, cerca de 80% vêm do uso de gás natural para fazer os fornos funcionarem. O número impressiona, mas pode ser diminuído por meio da reciclagem do produto como parte da fabricação.

A boa notícia é que as usinas de float e oco já incorporam a prática aos seus processos: elas usam restos do material, os chamados “cacos”, para compor a mistura de matérias-primas. Ao serem derretidos nos fornos, não há emissão de CO2, diferentemente das matérias-primas puras. Além disso, os cacos aumentam a produtividade dos fornos: 1 t deles gera 1 t de vidro, enquanto 1 t de matéria-prima gera pouco mais de 800 kg de vidro. De acordo com a European Container Glass Federation (Feve), associação europeia de fabricantes de frascos e recipientes, o uso de 10% de cacos em uma fornada de vidro faz diminuir em 5% a emissão de CO2. Outro dado a favor dos cacos vem da Guardian: por derreterem a uma temperatura muito mais baixa do que a areia, eles reduzem o consumo de energia. Segundo a usina, em média, para cada 10% de cacos usados, suas demandas energéticas são reduzidas em até 3%.

Existem, inclusive, experiências bem-sucedidas de produtos sendo fabricados com cada vez mais cacos. A Saint-Gobain Glass anunciou em julho uma inovação técnica para a produção de um vidro com a menor pegada de carbono do mercado: alto teor de cacos (cerca de 70% da receita) e fornos alimentados por energias renováveis. Esse processo de fabricação emitiu cerca de 40% a menos de CO2 na comparação com outros produtos da empresa e já tem um resultado concreto, a linha de controle solar Cool-lite Xtreme, que passa a fazer parte do portfólio da empresa.

Vale lembrar que o processo de reciclagem do vidro é complexo, graças a seu peso. A coleta e o armazenamento do plástico, por exemplo, envolvem menos trabalho e recursos. Isso explica o fato de boa parte do mundo (com exceção dos europeus) não tratar nosso material da forma devida: nos Estados Unidos, em 2018, quase 7 milhões de t de vidro foram despejadas em aterros. Por isso, ainda há um longo caminho a ser percorrido nesse sentido. A reportagem da Nature indica que somente vontade política, incluindo legislações específicas e alocação de recursos por parte do poder público, pode fazer a reciclagem de vidro virar uma prática rotineira.

Novos combustíveis
Outro campo que ajudará na redução das emissões é a busca por novas fontes de energia para substituir o gás natural. No final de 2021, uma fábrica inglesa da Pilkington, pertencente ao Grupo NSG, realizou o primeiro teste mundial de fabricação de vidros arquitetônicos com fornos ligados a hidrogênio. Em março deste ano, a mesma unidade da companhia se tornou a primeira planta de float do planeta a acionar um forno usando apenas biocombustível – desenvolvido a partir de resíduos orgânicos, ele emite cerca de 80% menos CO2 do que o gás natural. O experimento durou quatro dias, com os equipamentos em produção total, fabricando pouco mais de 15 mil m² de vidros.

No entanto, não existe solução mágica: a simples troca da fonte de energia não resolverá todos os problemas de emissão. A chama gerada pelo uso de hidrogênio não é controlável (em tamanho e temperatura) como a do gás natural, o que significa maior instabilidade na produção — e impactando a produtividade. A forma de se fabricar o hidrogênio a ser consumido também precisa ser levada em conta: de nada adianta ele ser menos poluente se sua produção for danosa ao meio ambiente. Em geral, o modo de produção de vidro é o mesmo há muito tempo – por isso, a necessidade de pesquisa e desenvolvimento de soluções para aperfeiçoá-lo segue como constante no setor.

A Europa está bastante avançada nesse quesito. Em 2019, por exemplo, a Comissão Europeia publicou o European Green Deal (Acordo Verde Europeu), documento com o objetivo de criar políticas em prol do meio ambiente, incluindo o segmento da construção. Outro projeto local, dessa vez focado no segmento vidreiro, é o LIFE Eco-HeatOx, criado para o desenvolvimento de tecnologias que ajudem no pré-aquecimento dos fornos usando oxigênio puro – isso aumenta a eficiência do derretimento das matérias-primas, consumindo menos energia para tal. Testes feitos numa fábrica na Bulgária revelam que a técnica diminui as emissões de CO2 em até 23% na comparação com outros métodos de combustão.

A Glass Aliance Europe (associação europeia de indústrias vidreiras) acredita que as inovações devam surgir nos mais diversos setores industriais, com soluções para outros mercados podendo ser adaptadas às realidades de nossa cadeia. A entidade afirma ainda que as empresas poderão utilizar formas de compensação para eliminar as emissões, incluindo:

  • Captura e armazenamento de carbono (CCS)
    Consiste em separar o CO2 produzido para convertê-lo em líquido. Na sequência, ele será transportado por tubulações e armazenado nos chamados “reservatórios geológicos”, nos quais não poluirá o ambiente.
  • Captura e utilização de carbono (CCU)
    Processo de captura do CO2 para reciclagem e uso posterior. Ele pode ser transformado, por exemplo, em etanol.

A movimentação das usinas
No Brasil e no mundo, fabricantes de vidro se adequam a um futuro sustentável. A AGC anunciou este ano um compromisso de reduzir em 30% as emissões diretas e indiretas até 2030. O próximo passo dessa meta é atingir a neutralidade de carbono até 2050 – quando uma empresa não adiciona CO2 à atmosfera, seja eliminando suas emissões ou as compensando com técnicas de CCS ou CCU.

Para alcançar os objetivos, um conjunto de ações está sendo implementado, do setor de pesquisa e desenvolvimento à cadeia de suprimentos e transporte, passando pelo abastecimento e produção. O próximo passo é o lançamento de uma nova linha de vidros com pegada de carbono significativamente reduzida – esses produtos serão mostrados em primeira mão pela AGC Europa durante a feira Glasstec, em setembro, na Alemanha. Após testes bem-sucedidos, a expectativa da empresa é entregar os primeiros pedidos desses itens até o final de 2022. “Alcançar a neutralidade requer uma transformação holística de nossa produção, que vai do fornecimento e uso de matérias-primas sustentáveis, até a forma como o vidro é derretido, sem negligenciar o design e o uso de nossos produtos para otimizar os benefícios climáticos”, explica Davide Cappellino, presidente da divisão de Vidros Arquitetônicos da AGC Europa e Américas.

Em maio, foi a vez de o Grupo NSG revelar suas metas de redução: 30% nas emissões diretas/indiretas, incluindo a cadeia de suprimentos, e neutralidade até 2050. Um dos trabalhos a serem realizados será a introdução de fornos elétricos para o derretimento das matérias-primas, em conjunto com a aposta no uso de 100% de energias renováveis.

Aqui no Brasil, a Cebrace (joint-venture do Grupo NSG com a Saint-Gobain) começou a renovação gradual de sua frota de caminhões: a partir de agora, serão utilizados veículos in loader a gás. A princípio, a iniciativa terá dez carretas fazendo rotas de entrega no Estado de São Paulo. Os veículos conseguem rodar cerca de 500 km ao serem abastecidos com o volume máximo de gás, podendo receber ainda biometano. Outra iniciativa é a construção da nova sede da companhia em Jacareí (SP), obra que recebeu a certificação Leed Silver para construções sustentáveis – veja os detalhes do prédio clicando aqui. Mas a principal ação de sustentabilidade da empresa foi a recente aquisição da Massfix, a maior recicladora de vidros (planos, laminados e ocos) do Brasil.

Um dos focos da Guardian está na divulgação dos efeitos de seus vidros na natureza. A empresa desenvolveu as Declarações Ambientais de Produtos (EPDs), documentos que apresentam informações sobre o impacto ambiental do ciclo de vida dos produtos. Disponível para América do Norte, Europa, África, Oriente Médio e Índia, o documento em breve contemplará o Brasil: a renovação das EPDs para a América do Norte vai incluir no processo a fábrica da Guardian em Porto Real (RJ). A previsão é de que essa EPD seja publicada no final de 2023. A usina também investe em parcerias com clientes em programas de devolução de vidro plano, aumentando a disponibilidade do material para uso na fabricação, entre outras ações.

A Vivix também planeja adotar energias limpas conforme a possibilidade de aplicação delas avançar. O novo forno recém-anunciado pela usina, a ser construído no município de Goiana (PE) ao lado de sua atual planta, está sendo preparado para uso parcial de biogás e hidrogênio. “Acho que todas as empresas, não apenas a nossa, devem evoluir para essas fontes nos próximos anos”, avalia o presidente da empresa, Henrique Lisboa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: Miha Creative/stock.adobe.com

Mudança no transporte de vidros

Você está por dentro da Resolução Nº 552 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 17 de setembro de 2015? Se não está, deveria: o texto, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, estabelece novas regras para o transporte de carregamentos em veículos rodoviários de carga, como caminhões, caminhonetes e picapes.

Segundo o Contran, as mudanças são válidas para o transporte de vidro. Por isso, saiba a seguir o que deve ser feito para atender a resolução na hora de carregar seu veículo.

Cintas: não saia sem elas
Embora muitos profissionais utilizem cordas para amarrar as cargas, seu uso é proibido pela resolução. Em vez delas, são permitidas somente cintas têxteis, correntes ou cabos de aço. Mas, atenção: no caso específico do nosso material, Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, ressalta que apenas as cintas podem ser utilizadas, pois o vidro não pode ser colocado em contato direto com materiais metálicos.

Na hora de comprar as cintas, é necessário ter em mente que elas precisam apresentar resistência total à ruptura por tração de, no mínimo, duas vezes o peso da carga. Além disso, seu mecanismo de tensão (que mantém a cinta presa e esticada) precisa ser verificado periodicamente durante o trajeto — e reapertado quando necessário.

Apesar de tudo, não precisa jogar fora as suas cordas: Cláudio Lúcio aponta que seu uso ainda é permitido para amarrar a lona de cobertura, quando isso for necessário. Ele também dá outra dica para o transporte do vidro: “A resolução não cita nem impede o uso de materiais de proteção, como espuma ou película de EVA entre a cinta e as chapas. Então, se considerar mais adequado usá-los para garantir a segurança das peças, não precisa pensar duas vezes”.

Carga presa na madeira? Também não pode!
O texto do Contran proíbe de igual modo a fixação das cintas nas partes de madeira da carroceria ou em ganchos metálicos presos a ela. Onde prender a cinta, então? Segundo o documento, os pontos de amarração devem estar fixados na parte metálica da carroceria ou no próprio chassi. Da mesma forma, os cavaletes em que os vidros são acondicionados não podem ser fixados exclusivamente no piso de madeira da carroceria, e sim em sua estrutura metálica.

Veículos fabricados a partir de 1º de janeiro de 2017 já saem de fábrica com esses dispositivos em concordância com a nova resolução. Os mais antigos precisam passar por essa adequação. Não se esqueça de pedir que seja colocada uma placa ou adesivo de identificação em local visível, contendo:

– Nome e CNPJ do fabricante dos dispositivos;
– A frase: “Veículo com dispositivos de ancoragem para amarração de carga de acordo com a Resolução Contran 552/2015

Devo amarrar por dentro ou por fora?
Outra prática que deve ser abandonada imediatamente é a amarração dos vidros pelo lado externo da carroceria: agora, isso só pode ser feito quando a carga ocupar totalmente o espaço interno entre suas laterais. Se a carroceria do veículo for aberta e houver espaço entre a carga e as guardas laterais, as cintas só podem ser presas a pontos de fixação que estejam do lado interno.

Quer uma ajuda? Veja nas ilustrações o que pode e o que não pode ser feito:

Transporte2

ATENÇÃO!
Fabrício Luquetti, consultor jurídico da Abravidro, alerta que veículos flagrados desrespeitando essas determinações podem sofrer uma série de punições:

Para o motorista: perda de pontos na Carteira nacional de habilitação (CNH), variando de acordo com o número de infrações cometidas;
Para o proprietário do veículo: multas com valores de até R$ 195,23;
Para ambos: retenção do veículo (caso não seja possível regularizar a situação no local), e responsabilização civil e criminal por qualquer acidente causado pela irregularidade(como a queda de peças de vidro na via).

Segundo Luquetti, caso o comprador seja o responsável pelo carregamento feito de modo incorreto, a processadora ou vidraçaria está isenta de penalidades, mesmo que tenha permitido a retirada dos seus produtos dessa forma. Mesmo assim, ele orienta que, nesse caso, a empresa coloque na nota fiscal que o cliente está ciente dos termos da resolução e que ela não tem qualquer responsabilidade quanto ao transporte — acrescente-se ainda um campo para que o comprador preencha com sua assinatura e data.

Este texto foi originalmente publicado na edição 543 (março de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Marca inova com móveis feitos de vidro

Quem passou pela Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo, nos dias 10 a 14 de agosto, conferiu algo inusitado em mobiliários: mesas e poltronas com diversos tamanhos e formatos, bem como uma estante e um aparador — todos de vidro, seja temperado, acidado, extra clear, entre outros tipos. As peças, da Glass11, marca de design exclusiva para móveis de vidro, foram exibidas no local durante a exposição TRANS aparências — Uma manifestação da realidade, parte do festival urbano Design Weekend.

Criada pelo empresário Matheus Primo, a Glass 11 alia a criatividade na área de mobiliários à tecnologia e evolução do vidro. Para isso, os designers Arthur de Mattos Casas, Camilla D’Anunziata, Carol Gay, Leo Di Caprio, Maria Alice de Carvalho e Zanini de Zanine foram convidados para assinar a primeira coleção da marca. A inauguração da exposição, no dia 10, contou com a presença de Primo e de todos os designers da coleção, cujas peças já se encontram à venda.

Mais informações: glass11.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 525 (setembro de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui

Seminário discute o vidro como barreira do som

7º VidroSom leva a Salvador debate sobre atuação do material em soluções acústicas

A sétima edição do seminário técnico VidroSom, organizado pela Atenua Som, foi realizada no dia 22 de outubro em Salvador, no Fiesta Convention Center. A Abravidro marcou presença como uma das apoiadoras institucionais.

Mais de 120 profissionais conferiram palestras sobre as soluções acústicas oferecidas pelo vidro. O conteúdo foi semelhante ao da 6ª edição do encontro — realizado em São Paulo, no dia 12 de novembro de 2014 —, que rendeu a série especial Caixa Acústica, publicada nas edições de março, abril e maio de 2015 de O Vidroplano. O material trouxe suplementos didáticos explicando como o vidro pode atuar como barreira do som.

O objetivo do aspecto itinerante do evento é levar informação e conhecimento a diferentes regiões do País. Veja na página seguinte  alguns conceitos explicados.

O que é acústica?
O engenheiro e gerente de Marketing da Cebrace, Carlos Henrique Mattar, explicou que frequência (determinante do tom) e intensidade (volume, medido em decibel) são os responsáveis por integrar o som. Destacou também que, quanto mais espesso,
mais o vidro barra o som. Porém, cada tipo de vidro tem frequências específicas que o fazem vibrar, diminuindo sua capacidade de atenuação. Por isso, devem-se combinar materiais para compensar essa perda.

A importância do caixilho e esquadria
Segundo estudos de Edison Claro de Moraes, diretor da Atenua Som e fundador do VidroSom, o caixilho é tão relevante para a questão quanto o vidro. Cases já resolvidos pelo especialista foram apresentados: frestas de 1 mm podem representar até 10% de perda no isolamento.

Débora Barreto, arquiteta e mestra em engenharia ambiental urbana na área de poluição sonora, comentou os requisitos da NBR 15.575 – Edificações habitacionais – Desempenho. Para ela, a esquadria representa o elemento mais vulnerável em termos de transmissão sonora.

Tecnologias do presente e futuro
“A natureza não se defende, ela se vinga”, afirmou José Guilherme Aceto, empresário e diretor da Avec Design, ao comentar a urgente
necessidade de a construção civil utilizar produtos duráveis, evitando o descarte de materiais. Nesse sentido, ele destacou a tecnologia de janela deslizante, para vidros laminados ou temperados, que dispensa caixilhos e manutenção.

Fazer ensaios é essencial
Michele Gleice, diretora-técnica do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec), apresentou um panorama dos ensaios acústicos realizados em diversos modelos de esquadrias disponíveis no mercado nacional. “É melhor errar no laboratório do que errar no cliente”, apontou, reforçando a importância de as empresas testarem seus produtos.

Ação social
O VidroSom também é reconhecido por seu cunho social. Segundo os organizadores, todo o dinheiro arrecadado com as inscrições foi revertido para a Nova 4E — Entidade Especializada em Pessoas Especiais, de São Paulo — e Núcleo de Apoio ao Combate do
Câncer Infantil, em Salvador. Os alunos da Nova 4E e do Colégio Estadual Sátiro Dias, da capital baiana, participaram de um concurso de desenho com o tema A poluição sonora e minha vida. Os vencedores foram Alexia Delego Bronze, Hanna Nunes Ferreira e Marcela Santos de Alencar (Sátiro Dias), além de Felipe Braga Fidélis (Nova 4E).

Velozes e envidraçados

Automóveis ganham áreas maiores de vidro. Material confere ‘glamour’ e modernidade

Fachadas imponentes, portas, coberturas, divisórias e tantas outras aplicações do nosso material estão cada vez mais disseminadas pelo Brasil e exterior — o que não significa que muitas dessas obras não continuem impressionando por sua estética e outros benefícios.

Mas não é só em estruturas fixas que o vidro brilha. Basta dar uma espiada nas ruas, nas lojas ou mesmo nos concorridos salões de automóveis realizados pelo mundo afora para notar que o vidro tem sido mais explorado pelos projetistas de automóveis. Carros, ônibus e outros veículos apresentam áreas envidraçadas cada vez maiores — e a tendência é que esse crescimento não pare tão cedo

Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta um pouco mais sobre o aumento do vidro em veículos, os benefícios e desafios desse processo e traz alguns cases que ilustram o uso amplo e diferenciado do nosso material nesse setor.

Expansão para todos os lados
Segundo levantamento feito pelo Instituto Autoglass, organização especializada em vidros automotivos, de 1970 a 2008 houve um
crescimento de 14% da área total envidraçada e de 49% da área dos para-brisas, considerando apenas o mercado nacional.

No exterior, que dita tendências ao mercado brasileiro, a situação não é diferente. “Estão adotando para-brisas mais amplos e complexos e tetos solares maiores”, informa Matthew Beecham, editor-associado do portal online britânico just-auto.com, focado em novidades e análises do setor automotivo.

Ele explica que o envidraçamento da superfície de certos carros da montadora francesa Peugeot, por exemplo, cresceu ao longo dos anos: o Peugeot 304 tinha uma área envidraçada de cerca de 2,24 m², aumentando para 2,82 m² no Peugeot 305; 2,96 m² para
o 306; 3,57 m² para o 307; e 5,34 m² para o Peugeot 307 SW.

E esse crescimento ainda não chegou ao seu limite. “Observando os veículos lançados nos últimos cinco anos, constatamos que
a tendência é aumentar ainda mais essa área envidraçada em função do design, da área de visão do motorista e da maior sensação de espaço e conforto interno que o vidro proporciona”, observam Fabricio Kameyama e Danilo Bandeira. Eles, que concederam entrevista juntos à nossa reportagem, são, respectivamente, diretor-comercial para a América do Sul e gerente de Desenvolvimento
de Novos Produtos e Processos da Pilkington, empresa que também atua no segmento de vidros automotivos. “Isso tem levado
ao aumento crescente de novas soluções de montagem, em função das formas complexas que esses vidros têm”, acrescenta Carlos Henrique Mattar, gerente de Marketing da Cebrace.

Integração de espaços
Uma das principais vantagens do aumento na área envidraçada de veículos é o maior campo de visão obtido, permitindo ao motorista enxergar partes do ambiente externo que antes não conseguiria ver. Para atingir esse objetivo, alguns modelos de automóveis vêm ampliando duas áreas especificamente:

Para-brisas
Localizado na parte frontal dos veículos. Há dois padrões que vêm se destacando entre as montadoras. Para entendê-los, veja o quadro
abaixo:
– Cielo: o para-brisa estende-se em direção ao teto, terminando acima da área da cabeça do motorista;
– Panorâmico: o para-brisa estende-se para as laterais, dobrando-se próximo às portas dianteiras e aumentando a visibilidade.

Teto
Ao invés dos antigos tetos solares, de aberturas menores, as montadoras estão lançando mão de tetos panorâmicos. Nosso material pode ocupar toda a área do teto, garantindo o pleno aproveitamento da iluminação natural no interior do ambiente.

Janelas
Se em automóveis o vidro cresce nos para-brisas e tetos, em veículos de transporte coletivo isso ocorre principalmente nas janelas laterais. “Além de ser uma tendência de design, esse crescimento proporciona aos passageiros visibilidade maior do ambiente externo, permitindo que eles possam apreciar muito mais a viagem”, considera Vinícius Pitombo, gerente-geral do Grupo Tecnovidro,
processadora de vidros automotivos. E o potencial para nosso setor é ainda maior nessa área. Segundo Kameyama e Bandeira, da Pilkington, um ônibus possui área envidraçada de cinco a seis vezes maior do que a de um veículo de médio porte.

Além das aparências
O aumento da área envidraçada em veículos também apresenta desafios para o conforto do motorista. Felizmente, o mercado já dispõe
de tecnologias que tornam o vidro mais do que um elemento de design, como películas e revestimentos de controle solar.

Uma opção, inclusive, é velha conhecida do setor, o vidro laminado. Embora seja obrigatório apenas nos para-brisas (veja mais na página 30), seu uso em outras partes do veículo pode ser vantajoso: “Hoje processamos os laminados usados no teto solar duplo do jipe T4, da Troller [marca que pertence à Ford]”, explica Laerte Gouveia, supervisor-comercial de Vidros de Reposição Automotiva da Fanavid, “e, além de contribuir para o design, ele gera mais isolamento acústico no interior do veículo”. A acústica também é valorizada nos automóveis fora do Brasil: “Na Europa, temos visto uma demanda crescente por para-brisas e vidros laterais acústicos na última década”, comenta Matthew Beecham, do portal just-auto.com. Segundo ele, o uso de vidros laterais laminados ainda é concentrado
em carros de grande porte, mas há oportunidades para sua disseminação — especialmente considerando que já existem laminados com
películas especiais, que conferem benefícios como maior segurança, isolamento acústico e conforto térmico. Para Mattar, da Cebrace, o uso de PVB acústico em vidros de para-brisas e tetos solares ou panorâmicos já é uma realdade, inclusive no mercado brasileiro.

Antecipando o futuro
Apenas a criatividade humana pode estabelecer os limites para a aplicação do vidro sobre rodas.
Ideias originais e inusitadas são constantemente vistas em protótipos apresentados em salões de automóveis e outros eventos — mesmo que muitas vezes eles não cheguem a ser lançados, como os mostrados nesta reportagem, os conceitos neles apresentados podem ser incorporados a futuros projetos. “O vidro é um material interessante para o setor automotivo
porque oferece versatilidade e segurança, além de permitir inovações de design”, opina Silvio de Carvalho, gerente-técnico da Abravidro.

Novas funções devem ser esperadas para o vidro nos próximos anos. “Existem hoje imenso interesse e demanda pela tecnologia de head-up display, que consiste na projeção de informações no para-brisa como se ele fosse uma tela, e também pela tecnologia eletrocrômica, de vidros capazes de mudar de cor”, apontam Kameyama e Bandeira.

Para atender essas e outras demandas, é imprescindível que o setor vidreiro se mantenha sempre em evolução. Pitombo, do Grupo Tecnovidro, chama a atenção para a importância de investir em processos e equipamentos de produção e na qualificação
de funcionários.

O desenvolvimento do nosso material, claro, é recompensador. “Muitas vezes, o mercado exige mudanças. E quanto mais opções fornecermos para atender essas mudanças, mais vidros poderão ser colocados nesse setor”, considera Gouveia, da Fanavid.

Um pouco de história
Engana-se quem pensa que o aumento da área envidraçada sobre rodas no mundo começou a acontecer há pouco tempo. Sua primeira aplicação em carros começou por volta de 1904, com o surgimento do vidro temperado — então usado no para-brisa dos veículos.

Desde então, outras aplicações foram surgindo. Ratna Chatterjee, consultorachefe da Automotive R&D Management Consulting (ARDMC, rede mundial de consultoria para serviços de pesquisa e desenvolvimento para a indústria automotiva), aponta que, em 1929, a maioria dos veículos já era equipada com painéis de vidro plano por todos os lados. Além da visibilidade, o material também protegia motorista e passageiros do vento, chuva, poeira e detritos.

No começo da década de 1960, ela acrescenta, surgiram as janelas laterais de vidro curvo, que proporcionavam maior flexibilidade no design dos veículos.

LANÇADOS NO BRASIL
VISÃO PRIVILEGIADA
Automóvel: C3 (versões Tendance e Exclusive)
Montadora: Citroën
Lançamento: 2014
Diferencial: adoção do para-brisa Zenith (processado pela Pilkington), que tem 1.350 mm de comprimento (o tamanho dos para-brisas dos modelos anteriores era de 990 mm), erguendo-se até acima da cabeça do motorista.
Benefícios: aumento de 80% no ângulo de visão, grande luminosidade natural proporcionada ao interior do veículo e maior sensação de espaço.

DEIXA A LUZ ENTRAR!
Automóvel: Novo 308
Montadora: Peugeot
Lançamento: 2015
Diferencial: teto panorâmico de vidro laminado, com quase 1 m² de área (resultando em uma área envidraçada total de
4,86 m² no veículo).
Benefícios: maior sensação de espaço e ótimo aproveitamento da luminosidade interna (a entrada de luz pode ser regulada por meio de acionamento elétrico da cortina do teto).

VENDO TUDO DO JANELÃO
Veículos: frota de ônibus superarticulados na cidade de São Paulo
Encarroçadora: Caio Induscar
Lançamento: 2015
Diferencial: grandes janelas de vidros inteiriços nas laterais dos veículos.
Benefícios: as janelas dos novos ônibus permitem grande aumento do campo de visão dos passageiros — segundo a assessoria da São Paulo Transporte S.A. (SPTrans), responsável pela gestão do sistema de transporte público por ônibus na cidade, a escolha vem ao encontro de um projeto de ônibus urbano mais moderno.

INTERIOR SEGURO E SILENCIOSO
Automóvel: Equus
Montadora: Hyundai
Lançamento: 2012 (o modelo deixou de ser comercializado em 2014)
Diferencial: todos os vidros são laminados com filme à prova de som.
Benefícios: maior isolamento acústico no interior do veículo, permitindo uma experiência de condução mais tranquila, além de maior segurança para o motorista e os passageiros.

LANÇADOS NO EXTERIOR
VIAJANDO NO ‘EXPRESSO VIDRO’
Veículo: Glacier Express (trem)
Percurso: Alpes suíços (de Zermatt a St. Moritz)
Diferencial: enormes janelas laterais de insulados laminados (com revestimento externo para proteger o
interior dos raios ultravioleta), que se erguem quase até o teto dos vagões, e claraboias envidraçadas.
Benefícios: a ampla área envidraçada proporciona aos passageiros uma vista panorâmica dos arredores, além de assegurar conforto térmico e acústico.

CARROS-CONCEITO
VIDRO INTELIGENTE
Protótipo: Hidra
Estúdio de design: Fioravanti
Apresentação: 2008
Diferencial: grande teto solar de vidro e para-brisa com revestimento nanotecnológico hidrofóbico (capaz de repelir água).
Benefícios: capacidade do para-brisa de repelir água e poeira para os cantos, dispensando a necessidade de limpadores e proporcionando visão clara mesmo sob chuva forte, além de proteger o interior de raios ultravioleta danosos.

PEQUENO NO TAMANHO, GRANDE NA TRANSPARÊNCIA
Protótipo: POP
Montadora: Kia
Apresentação: 2010
Diferencial: apesar do tamanho pequeno (cerca de 3 m de comprimento), o protótipo apresenta grande uso de vidro, com seu para-brisa se projetando até as colunas traseiras, cumprindo também a função de teto e quase se mesclando ao vidro traseiro, além de janelas laterais oblongas (em formato de pílulas).

À ESCOLHA DO FREGUÊS
Protótipo: Vision D
Montadora: Škoda
Apresentação: 2011
Diferencial: ampla área envidraçada, ligando parabrisa, teto panorâmico e vidro traseiro como se fossem uma única peça.
Observação: embora o Vision D seja um protótipo, o uso amplo do vidro pode ser adotado nos veículos da empresa checa. “Nossos clientes têm a oportunidade de customizar as áreas envidraçadas em todos os nossos modelos”, informa David Haidinger, responsável pela Comunicação de Produtos da Škoda.

Fale com eles!
ABNT — www.abnt.org.br
Abravidro — www.abravidro.org.br
ARDMC — www.ardmc.com
Caio Induscar — www.caio.com.br
Cebrace — www.cebrace.com.br
Citroën — www.citroen.com.br
Fanavid — www.fanavid.com
Fioravanti — www.fioravanti.it
Glacier Express — www.glacierexpress.ch
Hyundai — www.hyundai-motor.com.br
Instituto Autoglass — www.institutoautoglass.org.br
just-auto.com — www.just-auto.com
Kia — www.kia.com.br
Peugeot — carros.peugeot.com.br
Pilkington — www.pilkington.com/en/br
Škoda — skoda-auto.cm
SPTrans — www.sptrans.com.br
Tecnovidro — www.tecnovidro.com.br
Troller — www.troller.com.br