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Glass South America terá atrativos para vidraceiros

Faltam poucas semanas para a 15ª edição da Glass South America, que será realizada de 12 a 15 de junho no centro de eventos São Paulo Expo, na capital paulista. Trata-se da maior feira vidreira da América Latina, mostra que contará com estandes de empresas nacionais e estrangeiras apresentando novas soluções para todos os elos do setor vidreiro – incluindo, claro, as vidraçarias.

A Glass 2024 terá muito conteúdo relevante para os vidraceiros; nas páginas a seguir, saiba tudo que você poderá encontrar no evento. E, se você ainda não se inscreveu, aproveite e faça seu cadastro agora mesmo!

Soluções para todos os seus problemas
Na Glass South America, você encontrará tudo de que sua vidraçaria precisa:

  • Vidros — Quanto mais produtos diferenciados você tiver em sua empresa, mais oportunidades de negócios ela terá. Com isso, é essencial passar pelos estandes das fabricantes do nosso material para saber quais são seus lançamentos e os benefícios que eles oferecem às obras, como desempenho (térmico e/ou acústico), estética, tecnologia, conforto e segurança, para poder buscá-lo junto às processadoras.
  • Equipamentos de trabalho — Entre os expositores da feira, também estarão presentes fabricantes de ferramentas (manuais e automatizadas), soluções para o manuseio de vidro (carrinhos, ventosas etc), kits de ferragens para instalações (como guarda-corpos e envidraçamento de sacadas), acessórios, adesivos e selantes, equipamentos de proteção individual (EPIs)… vale a pena conferir todas as novidades nesses segmentos. Isso só agregará mais segurança e facilidade na realização das atividades pela sua equipe.
  • Soluções para a administração — O uso de softwares hoje já é indispensável para o bom funcionamento de qualquer empresa. Nesse sentido, o evento também terá estandes de empresas que atuam no desenvolvimento de ferramentas para os mais diversos processos da sua vidraçaria, como fluxo de caixa, acompanhamento do andamento dos processos, controle de estoque e outras necessidades, proporcionando assim uma série de benefícios, como ganho de tempo, agilidade, organização e excelência no atendimento.

 

Foto: Designed by Freepik
Foto: Designed by Freepik

 

Oportunidades de negócios
Um grande atrativo da Glass South America é que ela também funciona como um espaço de networking: afinal, milhares de empresários de todos os elos da cadeia vidreira estarão lá. Se você está em busca de novos fornecedores e parceiros comerciais, não faltarão opções: a visita aos estandes e o bate-papo com os expositores o ajudarão a aprender mais sobre as novas soluções, identificar aquelas que melhor se encaixam nas atividades que sua equipe já realiza (ou que tem planos de realizar) e negociar o fornecimento delas para a sua empresa.

Se você também pretende conquistar novos clientes, a Glass é o lugar certo. A mostra será visitada por arquitetos, engenheiros, construtores e outros profissionais que podem se interessar pelo seu serviço. Por isso, leve material de divulgação da sua vidraçaria com as principais informações dela (endereço, telefone de contato, e-mail, número de WhatsApp, site e redes sociais), entregue-o e apresente sua empresa para todas as pessoas com quem conversar.

 

Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte
Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte

 

Veja o desempenho do vidro na prática!
Assim como em edições anteriores da Glass South America, o espaço Vidro em Ação estará presente, com a demonstração ao vivo de diversos ensaios de segurança e resistência dos vidros temperado e laminado. A iniciativa, uma realização da Abravidro e NürnbergMesse Brasil, em parceria com o Laboratório Falcão Bauer da Qualidade, conta com o apoio da Associação Brasileira de Normas Técnicas e das empresas Agmaq, Cebrace, Cyberglass, Guardian, Saflex, TecVidro, Tempermax e Vivix.

Reservar alguns minutos para visitar o Vidro em Ação é essencial para os vidraceiros: nele, esses profissionais terão a oportunidade de assistir a ensaios e demonstrações de resistência e segurança dos vidros temperado e laminado, tirar dúvidas sobre os sistemas de guarda-corpos e envidraçamento de sacada e entender, definitivamente, a importância do vidro especificado de acordo com a norma técnica e os riscos da aplicação do vidro errado em guarda-corpos.

Outra vantagem de acompanhar as apresentações nesse espaço é a possibilidade de participar dos sorteios das normas ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações (o principal documento técnico para o nosso setor) e ABNT NBR 16259 – Sistemas de envidraçamento de sacada – Requisitos e métodos de ensaio.

Novidades do Vidro em Ação
No ensaio de classificação de segurança do vidro laminado, além do teste de impacto de pêndulo, este ano haverá também a apresentação da metodologia complementar (Método B), que é o impacto por queda de esfera. Esse novo teste e algumas pequenas modificações no ensaio de pêndulo são o resultado da atualização da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, publicada em fevereiro de 2023.

Outra novidade será a demonstração de quebras de vidros aplicados em guarda-corpos. A atividade visa a destacar a importância da conformidade desses sistemas enfatizando a importância do uso de vidros especificados de acordo com a norma técnica e os riscos da aplicação do produto errado.

 

Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte
Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte

 

Iniciativas para as vidraçarias
A Abravidro também terá um estande próprio na Glass South America 2024. Lá, você poderá conhecer diversas iniciativas da entidade voltadas para o seu segmento e saber como elas podem ajudá-lo no dia a dia do seu trabalho. “A Abravidro sempre dedicou atenção especial aos vidraceiros, reconhecendo o valor desses profissionais para o crescimento do setor como um todo e desenvolvendo diversos trabalhos voltados especificamente para eles”, ressalta Rafael Ribeiro, presidente da entidade.

Veja as ações voltadas para as vidraçarias que serão apresentadas nesse espaço na Glass:

#TamoJuntoVidraceiro — Lançada em 2018, essa campanha busca conscientizar os processadores sobre as boas práticas que eles devem ter com os vidraceiros em relação ao cumprimento das normas técnicas, atendimento, política comercial e orientações técnicas. Elaborada em conjunto com vidraceiros, ela conta, também, com materiais de apoio desenvolvidos para divulgar o conhecimento sobre as normas técnicas para os vidraceiros: basta fazer o download no site da Abravidro e imprimi-los. Entre esses materiais, vale destacar a tabela Que vidro usar?: pensada para consultas rápidas, ela indica os vidros que podem – e os que não podem – ser utilizados nos diferentes tipos de aplicação, como fachadas, guarda-corpos e coberturas.

Educavidro — No ar desde o ano passado, a plataforma de educação a distância gratuita desenvolvida pela Abravidro e pela Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) conta com duas trilhas profissionais pensadas especialmente para os vidraceiros – a primeira, com conteúdo introdutório, e a segunda, com conteúdo avançado. Aqueles que concluírem algum dos diferentes cursos disponíveis poderão obter uma certificação emitida pela própria plataforma e validada pelas principais entidades vidreiras do Brasil.

De Olho no Boxe O programa foi desenvolvido para levar conhecimento técnico sobre a norma ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança tanto para vidraceiros como para consumidores. Fácil de entender, o material chama a atenção para a necessidade da manutenção preventiva do produto a cada doze meses – trabalho que é realizado pelas vidraçarias. O site do De Olho no Boxe conta com uma página criada para os vidraceiros: eles podem acessar materiais de apoio (o principal deles, o Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes de banheiro, pode ser baixado gratuitamente no site do programa e ser entregue ao cliente após a instalação do boxe de banheiro, assim como a norma orienta), cadastrar a empresa para que clientes interessados no serviço de manutenção preventiva possam procurá-la e acompanhar dicas de instalação de boxes de banheiro, entre outras orientações.

Revista O Vidroplano A maior e mais completa publicação do setor vidreiro – que você está lendo neste momento – traz, mensalmente, reportagens focadas nos vidraceiros na seção “Para sua vidraçaria”. Essas matérias costumam estar entre as maiores reportagens de cada edição, apresentando novas ideias para que sua vidraçaria leve sempre produtos e serviços de qualidade e com maior variedade de opções para o cliente, a fim de que sua empresa consiga se destacar da concorrência e alcançar melhores resultados no final do mês.

Este texto foi originalmente publicado na edição 617 (maio de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Saiba como vender e instalar vidros insulados

Como você já deve ter visto, o vidro insulado, também conhecido como vidro duplo, é o tema da reportagem especial desta edição de O Vidroplano (leia mais clicando aqui). Embora essa solução ainda tenha um espaço pequeno no mercado nacional, ela oferece oportunidades interessantes a serem exploradas por diversos elos da cadeia vidreira – incluindo as vidraçarias.

Mas como apresentar esse produto aos clientes e convencê-los a comprá-lo em vez de opções menos eficientes por serem mais baratas? Que partes desse sistema precisam de cuidado especial durante o manuseio? Como a instalação é feita? A seguir, confira as respostas para essas e outras perguntas sobre o trabalho com insulados.

Apresentando os atrativos
A compra espontânea de insulados pelo consumidor final ainda é pequena. Em sua maioria, o produto é buscado por especificadores, como engenheiros ou arquitetos – e, infelizmente, em muitos casos nos quais essa solução seria a mais indicada, muitas vezes outros vidros menos eficientes acabam sendo escolhidos devido ao custo mais baixo.

Para ampliar a introdução do item no mercado, é preciso conscientizar cada vez mais os compradores sobre os benefícios que ele oferece. Nesse sentido, César Augusto Pereira, gerente de Produção da Divinal Vidros, afirma: “As vidraçarias desempenham um papel fundamental na divulgação e na adoção dos insulados pelo mercado brasileiro”.

Mas como apresentá-lo aos clientes? Pereira lista algumas possibilidades:

  • Oferecer informações detalhadas sobre os benefícios em termos de eficiência energética e conforto térmico e acústico;
  • Mostrar exemplos de projetos bem-sucedidos em climas diversos, destacando a versatilidade desse produto;
  • Colaborar com arquitetos e engenheiros na especificação em projetos;
  • Investir em treinamento para sua equipe de vendas, para que possam fornecer orientações precisas e detalhadas aos consumidores em potencial.

Daniel Estrela, sócio-diretor técnico da SEV Exclusivv, conta que a empresa costuma demonstrar o desempenho do vidro insulado em demandas para as quais eficiência térmica e acústica são necessárias: “Fazemos apresentação de amostras, materiais, dados técnicos comparativos entre insulados e vidros comuns e, em casos mais valiosos, realizamos até protótipos específicos para demonstração”, explica.

Agregando (ainda mais) valor
Um ponto interessante do insulado é que, como ele combina duas (ou mais) lâminas de vidro em sua composição, pode-se fazer combinações que tragam mais atrativos. “O vidro duplo pode reunir uma peça de controle solar na parte externa, e outra de segurança no lado interno”, sugere Edilene Marchi Kniess, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Rohden Vidros.

De acordo com Edilene, outra forma de agregar mais valor ao insulado é a inserção de uma persiana interna. “A diferença em relação à persiana externa convencional é que o acondicionamento dela entre os vidros evita o acúmulo de poeira, além de oferecer mais privacidade e controle da luminosidade ao ambiente.”

Segundo Roberto Papaiz, proprietário da ScreenLine, a combinação desse tipo de vidro com persianas é ideal para o mercado brasileiro. “Ela permite utilizar chapas mais transparentes, aproveitar integralmente a luz natural e ajustar o conforto lumínico adequado a cada atividade. Além disso, esse conjunto oferece uma proteção solar incrível, de 80% a 90%, reduzindo o custo com ar-condicionado e tornando o ambiente mais confortável, econômico e sustentável.”

Papaiz ressalta que é fundamental que a vidraçaria verifique junto à empresa fornecedora do insulado se o produto foi fabricado, ensaiado e aprovado de acordo com as orientações da norma ABNT NBR 16015 — Vidro insulado – Características, requisitos e métodos de ensaio. “O material precisa atender a ABNT NBR 16015 na sua integridade, especialmente se tiver insertos na câmara, como persianas, para garantir a confiabilidade e durabilidade do sistema”, afirma, enfatizando que já há diversos insuladores no Brasil que oferecem garantia de até dez anos.

Mostrando, e adquirindo, experiência
Por se tratar de um produto de valor agregado, a preparação do vidraceiro e da sua equipe é essencial: tanto a apresentação do insulado como a realização do serviço precisam acompanhar esse posicionamento. Por isso, se sua empresa pretende entrar no segmento, busque conhecer a fundo a solução, onde sua aplicação é mais recomendada e como evitar falhas no trabalho com ela.

“Não dá para vender valor agregado sem ter uma boa proposta comercial ou sem um bom atendimento. O profissionalismo é o item indispensável que determina ou não a venda desse tipo de produto”, afirma Daniel Estrela, da SEV Exclusivv, ressaltando que esse é o momento em que a vidraçaria pode se destacar da concorrência – ou perder o cliente. “Quem estiver disposto a pagar, justamente por estar com o dinheiro na mão, inevitavelmente vai preferir o estabelecimento que demonstrar mais preparo com preço condizente, e não somente decidir por quem oferece o valor mais baixo em uma ignorante guerra de preços”, alerta.

Preservando os painéis
“O insulado, como qualquer vidro especial, requer cuidados especiais. Qualquer avaria pode causar um alto prejuízo para o vidraceiro”, alerta Estrela. Por isso, ele orienta para que a atenção seja redobrada no manuseio desses sistemas, com embalagens apropriadas. No transporte, os vidros precisam ser bem calçados e devidamente cobertos para não haver risco de serem molhados.

Papaiz, da ScreenLine, salienta também a importância de equalizar a pressão da câmara do insulado no local da instalação. “Ao contrário do que muitos pensam, não há vácuo nessa câmara. Por isso, a pressão precisa ser a mesma do ambiente exterior do local em que será instalado”, explica. “Por exemplo, se o insulado foi produzido a 600 m de altitude e vai para a praia, a pressão no nível do mar é maior – portanto, comprime os vidros e, na instalação, a câmara precisará recuperar um pouco de ar para equalizar, ou pode haver deformação de reflexo. Caso haja persianas internas, essa operação é ainda mais necessária.” Assim que isso for feito na obra, o capilar de equalização deve ser lacrado.

Como instalar?
Conforme já comentado, a solução traz inúmeras vantagens para uma edificação, incluindo conforto térmico e acústico, além de economia em gastos com ar-condicionado. Porém, para garantir que ela de fato traga todos esses benefícios, é fundamental que a instalação seja feita corretamente. Uma aplicação malfeita comprometerá seu desempenho e resultará em desperdício de dinheiro por parte da vidraçaria e também do cliente.

A primeira orientação nesse sentido é que a instalação do insulado deve ser realizada por um profissional capacitado, capaz de identificar e corrigir problemas como frestas entre a esquadria e o vão a ser preenchido, por exemplo.

Isso posto, alguns cuidados essenciais nesse trabalho são:

  • Os vidros precisam ser aplicados em esquadrias projetadas para receber esse tipo de sistema – por isso, nada de improvisos na hora de escolhê-las, pois isso pode comprometer o desempenho térmico e/ou acústico do conjunto;
  • As esquadrias precisam ter um sistema de dreno muito eficaz, pois o interior do insulado não pode ter contato com umidade ou vapor d’água, que causam embaçamento;
  • Os painéis insulados devem conter um dispositivo ou válvula de equalização, que equilibra as pressões internas e externas do vidro – no momento da instalação do vidro em seu local definitivo, depois de equalizadas as pressões, é importante assegurar que o dispositivo seja adequadamente vedado;
  • Ao instalar o produto no vão, ele deve ser apoiado em calços para que suas bordas não entrem em contato com água da chuva, de lavagem do sistema ou de outras origens;
  • Para vedação, nunca utilize massa de vidraceiro, silicones ácidos ou com fungicidas que não sejam compatíveis com o composto do selante.

Assim como em outros tipos de vidro, deve-se evitar seu contato direto com metais, sempre calçando o conjunto com materiais apropriados e evitando o estresse da peça. O instalador precisa também fazer a proteção das bordas, da selagem e realizar uma vedação de qualidade para eliminação de frestas.

Para o vidraceiro que está disposto a trabalhar com a solução, o começo pode ser difícil – mas, quando o consumidor está ciente de tudo que ela oferece, fica fácil perceber que seu valor não é um custo, mas sim um investimento. “Prático, inovador, elegante, confortável e seguro, o insulado agrega em apenas um item todas as vantagens disponíveis no segmento vidreiro”, resume Edilene Kniess, da Rohden Vidros.

 

 

Amplie seus conhecimentos
Conheça o Educavidro (www.educavidro.com.br), uma plataforma de educação a distância (EAD) composta por aulas em vídeo, incluindo temas abordados nesta reportagem, como vidro insulado, vendas de valor agregado e cases de especificação de fachadas. Todo conteúdo é gratuito e com emissão de certificado. Aprenda no seu ritmo e no seu tempo!

Fruto da parceria entre Abravidro e Abividro, o Educavidro tem o objetivo de ampliar a divulgação de conteúdo técnico atualizado e relevante sobre vidros.

Este texto foi originalmente publicado na edição 609 (setembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Anoo/stock.adobe.com

Atenção ao trabalhar com envidraçamento de sacada

A venda e aplicação de envidraçamento de sacada já são bastante comuns nas vidraçarias de todo o País. Esse serviço tem uma série de particularidades, que começam durante a medição do vão a ser preenchido e continuam mesmo após a instalação do produto ter sido concluída.

Para assegurar que os sistemas instalados por sua empresa sempre proporcionem a segurança e o desempenho esperados, vale a pena repassar esses pontos aos quais o vidraceiro deve estar sempre atento em cada etapa do serviço. Vamos conferir as orientações de profissionais do setor para essa atividade? Leia mais a seguir.

Na medição
A precisão nessa etapa é determinante para o resultado da obra. É imprescindível ter em mente que o medidor é uma figura muito importante dentro desse processo. “Assim, todos os problemas e correções devem ser detectados e corrigidos nesse momento”, alerta Marco Aurélio Gomes de Magalhães, diretor-comercial da Solução Fechamento Inteligente, de São José (SC). “Se isso for feito apenas quando a vidraçaria já está fazendo a instalação, o trabalho pode resultar em prejuízo para todos, seja no tempo para concluir o serviço, na necessidade de uso de material não orçado ou na insatisfação do cliente.”

De acordo com Paulo Correia, do Departamento Técnico da AL Indústria, de Mauá (SP), há três pontos principais aos quais os vidraceiros devem estar atentos no processo de medição: prumo, nível e alinhamento do vão. Além desses, Jaqueline Fazolim, gerente de Projetos e Relacionamento da Fazolim Vidros, de São Bernardo do Campo (SP), também recomenda que o profissional observe os seguintes itens:

  • Pontos fora de esquadro;
  • Diferenças de altura na alvenaria;
  • Identificação dos pontos de abertura;
  • Alinhamento dos pontos de instalação superior e inferior (para saber se haverá necessidade de barra prolongadora ou tubos);
  • Tamanho de elevador;
  • Posição de içamento (em caso de necessidade).

“Essa atividade deve ser realizada por um técnico treinado para medição de sacada, que é bem mais detalhista do que os tradicionais, e com ferramentas específicas, como nível a laser com três pontos e trena”, ressalta Jaqueline.

Colocando o sistema à prova
É muito importante que um protótipo do sistema completo – incluindo os vidros com a especificação adequada – passe pelos ensaios indicados na norma ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, publicada em 2014 pela ABNT. Ele precisa ser testado e aprovado nos seguintes requisitos:

  • Comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento;
  • Impacto de corpo mole;
  • Resistência às cargas uniformemente distribuídas para simular a ação do vento;
  • Resistência à corrosão.

Jaqueline conta que a Fazolim Vidros levou seu modelo desse produto para ser ensaiado, no ano passado, ao Instituto Falcão Bauer. “Desde então, após a aprovação do nosso sistema, não fizemos nenhum tipo de alteração nos fornecedores, nas especificações dos componentes ou nos modelos de instalação — permanecemos com a qualidade devida”, frisa a gerente de Projetos e Relacionamento.

Por sua vez, a Solução Fechamento Inteligente trabalha com o Sistema Blindex Sacadas, o qual foi submetido a todos os testes estabelecidos pela ABNT NBR 16259. “É de fundamental importância que haja maior rigor na cobrança da aplicação da norma, pois seu não cumprimento coloca em risco a vida de pessoas”, considera Marco Magalhães, salientando o grande perigo de que sistemas de envidraçamento de sacada sejam colocados no mercado sem atender os requisitos da ABNT NBR 16259 e de outras normas, quando aplicável.

Vale ressaltar que essa norma determina que somente vidros temperados ou laminados podem ser utilizados nessas estruturas. Além disso, deve-se garantir que o sistema composto atenderá os valores de pressão de vento da região do País em que será instalado, além das características da edificação (altura/quantidade de pavimentos), de forma que seja aprovado nos ensaios estabelecidos pela norma.

 

Crédito: Divulgação
Crédito: Divulgação

 

Na instalação
Os cuidados para a instalação do sistema devem começar ainda dentro da fábrica, com a escolha certa dos fornecedores de cada item, desde acessórios até o adesivo a ser utilizado para colagem dos vidros. “Durante a usinagem dos leitos e alumínios, verificamos também se eles têm algum defeito para ser ou não instalados”, acrescenta Jaqueline Fazolim.

Já na obra, é fundamental estar atento ao tamanho, distanciamento e espessura e tipo corretos dos parafusos de fixação da estrutura. “As medidas dos vidros com as folgas corretas também contribuem para uma boa instalação, para que nada fique ‘prensado demais’ ou ‘solto demais’”, orienta a gerente da Fazolim.

Lembre-se também de isolar o local abaixo da obra e sinalizar a área antes de iniciar a instalação para evitar que a eventual queda de algum objeto possa atingir quem estiver ali.

A ABNT NBR 16259 apresenta diversos requisitos a serem atendidos em uma instalação de envidraçamento de sacada, desde o tipo de vidro até o espaçamento a ser utilizado na fixação do perfil U de regulagem e dos trilhos. Magalhães, da Solução Fechamento Inteligente, lista algumas dessas orientações:

  • Na área do sistema onde os vidros abrem (na zona de recolhimento), em caso de sacadas retas, deve haver um elemento de fixação a cada 70 mm, no máximo;
  • No caso de sacadas curvas, deve-se utilizar um elemento de fixação a cada 50 mm da emenda do perfil;
  • Deve haver uma média de um elemento de fixação para cada duas folhas de vidro;
  • O espaço entre os elementos de fixação do perfil e do trilho superior deve ser de 500 mm;
  • Quando houver divisão nos trilhos, a cada 50 mm da emenda deve ter um elemento de fixação.

Protegendo os instaladores
Qualquer trabalho envolvendo o manuseio e a instalação de vidros precisa ser feito com o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), e o envidraçamento de sacada não é exceção.

Para esse trabalho, são recomendados os seguintes EPIs:

  • Botas de segurança;
  • Capacete (com prendedor de queixo);
  • Óculos de proteção;
  • Protetores auriculares;
  • Luvas e mangotes de segurança;
  • Cinto de segurança;
  • Talabarte (dispositivo de conexão para sustentar ou limitar a posição do trabalhador);
  • Linha de vida ou corda apropriada.

Na manutenção
Engana-se quem pensa que o trabalho do vidraceiro termina na instalação do produto: ele deve ser periodicamente revisado. “Aconselhamos nossos clientes a buscar esse serviço anualmente, mas há projetos em que o envidraçamento é utilizado com maior frequência. Nesses casos, orientamos que o usuário final nos procure a cada seis ou oito meses. Isso garante o melhor funcionamento das roldanas e acessórios”, explica Jaqueline.

Mas o que deve ser conferido nesse trabalho? Paulo Correia, da AL Indústria, responde: “Ao realizar a manutenção, o vidraceiro precisa se atentar aos itens indicados no Anexo D.3 da ABNT NBR 16259: deve-se verificar as roldanas, as camadas deslizantes, as condições dos vidros – isto é, se há presença de quaisquer marcas de má utilização neles – e de todos os componentes”. Cada produto pode ter orientações adicionais para esse serviço: no caso da linha da AL Indústria, por exemplo, Correia sugere uma lubrificação periódica, uma vez que ela trabalha apoiada no trilho inferior.

“A manutenção do sistema trata-se mais da necessidade de possíveis ajustes, devido ao uso constante do sistema, do que realmente de uma troca de componentes”, relata Magalhães, da Solução Fechamento Inteligente. Contudo, ele ressalta: “Aconselhamos o usuário a não efetuar sozinho nenhum tipo de manutenção, lubrificação ou ajustes nele; para isso, ele deve solicitar a presença de um profissional capacitado, para que este possa avaliar o produto e efetuar as devidas correções”.

 

Crédito: Divulgação Solução Fechamento Inteligente
Crédito: Divulgação Solução Fechamento Inteligente

 

Instalação sobre guarda-corpos
A aplicação desse tipo de estrutura sobre guarda-corpos já é bastante comum – mas, nesse caso, o vidraceiro precisa tomar cuidados adicionais. “Para esse tipo de instalação, é preciso observar, primeiro, se o guarda-corpos está devidamente estruturado, atendendo a norma para esse produto [ABNT NBR 14718 — Guarda-corpos para edificações], e com o devido laudo de aprovação”, orienta Paulo Correia. “Além disso, é necessário verificar se no descritivo da obra há orientação para montagem do envidraçamento de sacadas sobre o guarda-corpos.” Caso o local já esteja habitado, o vidraceiro deve orientar o cliente a consultar a ata do seu condomínio para saber se nela consta a aprovação para esse tipo de instalação e se há um padrão a ser seguido.

Esses cuidados se fazem ainda mais necessários nos casos em que o guarda-corpos foi instalado por outra empresa. A norma ABNT NBR 16259 permite esse tipo de instalação – porém, estabelece que o guarda-corpos deve estar em conformidade com a sua norma e que o conjunto formado com o envidraçamento atenda todos os requisitos que ela determina, sendo o desempenho do conjunto de responsabilidade do projetista e do fornecedor do fechamento.

“Normalmente, não executamos instalações acima de guarda-corpos já existente, pois não sabemos como foi feita a instalação e fixação do material. Às vezes, pode parecer que tudo está OK, mas a ancoragem pode não ter sido feita da forma certa”, comenta Jaqueline. “As exceções são para clientes que tenham ART [Anotação de Responsabilidade Técnica] do engenheiro predial garantindo que foi tudo feito corretamente – ainda assim, nesses casos, temos um contrato específico para esse tipo de trabalho.”

Documentação de responsabilidade técnica – o que é?
Trata-se do documento que assegura à sociedade que uma atividade técnica é realizada por um profissional ou empresa habilitados. Existem dois tipos:

Anotação de Responsabilidade Técnica (ART): fornecida por um engenheiro vinculado ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea);

Registro de Responsabilidade Técnica (RRT): assinado por um arquiteto vinculado ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).

A ABNT NBR 16259 recomenda que o fornecedor emita para o contratante a documentação de responsabilidade técnica. Embora a norma não coloque como obrigatória a emissão desses documentos, é bastante comum o cliente exigi-los. Então, vale a pena estar preparado.

Capacitação e suporte
Contar com uma equipe qualificada faz toda a diferença para o trabalho com envidraçamento de sacada – e também para as demais atividades realizadas pela vidraçaria. Por isso, buscar treinamentos para seus colaboradores é muito importante.

Nesse sentido, uma ótima opção é consultar a fabricante do sistema usado pela sua empresa: além de dar suporte e esclarecer dúvidas sobre o produto, pode ser que ela também forneça essa capacitação. A AL Indústria oferece curso de qualificação aos vidraceiros que queiram trabalhar com sacadas, tanto em versão presencial como online, e também apoia as escolas de formação de profissionais. “Tenho a felicidade de dizer que, nos últimos anos, já percorremos as cinco regiões do Brasil e outros países da América do Sul, qualificando e dando suporte para mais de 5 mil vidraceiros”, comemora Paulo Correia.

Este texto foi originalmente publicado na edição 608 (agosto de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Divulgação Fazolim Vidros

Saiba como vender vidros e espelhos para decoração na sua vidraçaria

Sejam transparentes ou opacos, incolores ou coloridos, retangulares ou em variados formatos, não dá para negar que vidros e espelhos são materiais que oferecem beleza única aos locais em que são instalados. Assim, não é surpresa que eles tenham um potencial muito grande e diversificado dentro do segmento da decoração.

Sua vidraçaria está atenta às possibilidades de negócios nessa área? A seguir, conheça algumas soluções, as tendências de uso para elas e saiba como oferecê-las – e vendê-las – aos seus clientes!

Atrativos gerais
Cada tipo de vidro tem características visuais diferenciadas, mas há algumas qualidades comuns a grande parte desses produtos. “Consideramos o vidro um material acessível em termos de custo, versátil e funcional, principalmente em termos de limpeza, por ser liso. Já a versatilidade se dá pela variedade de cores e efeitos que podemos ter com ele”, avalia Joaquim Coelho, diretor-comercial da Astra.

A gama de possibilidades de aplicação se torna um dos principais benefícios do material para o segmento da decoração. “A usabilidade do vidro é muito numerosa. Ele pode ser utilizado tanto em tampos de mesa com formatos variados, armários, divisórias de ambientes e vitrines, como em revestimento de fachadas externas e internas, coberturas, portas, boxes de banheiro, guarda-corpos e até mesmo em bancadas de cozinhas e banheiros – sempre, claro, com a especificação correta para o tipo de aplicação pretendido”, aponta a arquiteta Gabriela Pereira Rezende Drummond, analista de Produto da Cristal Quality.

Crédito: Cris Martins
Crédito: Cris Martins

Reflexos em outras cores
E os espelhos? Esses produtos são elementos valiosíssimos, seja para trazer uma sensação de amplitude e modernidade, seja para transformar áreas pouco atrativas em destaques visuais do espaço. “Eu costumo especificar o espelho em paredes e, principalmente, em vigas aparentes, pois ele disfarça as vigas e deixa o ambiente mais amplo”, conta a designer de interiores Patricia Pasquini.

Com a popularidade dos espelhos prata, é fácil esquecer que essa não é a única cor disponível para esses produtos. E, por mais simples que possam parecer, peças com outras tonalidades podem trazer uma estética única para os ambientes. “Utilizo muito o espelho bronze em meus projetos, pois, além de ampliar o ambiente, ele deixa o local mais acolhedor e aconchegante”, explica Patricia.

Crédito: Raul Fonseca
Crédito: Raul Fonseca

Como vender: para a designer, ter em mãos fotos de projetos feitos com esses produtos pode fazer toda a diferença. “No início, indicava o espelho bronze ou fumê para meus clientes e eles ficavam superapreensivos e com medo de arriscar. Quando chegou a minha vez de fazer o projeto para a minha casa, eu usei e abusei do espelho bronze: instalei no hall social, no lavabo, na sala de jantar e até no meu closet – hoje, essas fotos viraram o meu portfólio e os clientes amam e querem igual”, relata a designer de interiores. A melhor indicação para vender é ter um bom material de divulgação para convencer o cliente de que o produto indicado ficará perfeito para o ambiente dele.

Atenção: Patricia ressalta que, para utilizar espelhos bronze ou fumê em um ambiente, é necessário ter um bom projeto de luminotécnica (estudo da aplicação de iluminação artificial nos espaços) para compensar e não escurecer o ambiente. “Além disso, para locais como o banheiro, é sempre recomendado o uso de espelho cristal [prata] para não alterar a percepção do tom da pele, pois isso é fundamental na hora de se maquiar e se vestir, por exemplo”, ela acrescenta.

Pintados e resistentes
Conforme já comentado, há uma enorme variedade de aplicações para o vidro na decoração, de tampos de mesa até revestimento de paredes e fachadas. Uma solução bastante interessante para esses e outros usos é o vidro laqueado. “Nosso produto carrega consigo a sofisticação do material, no caso do laqueado Cristal Quality, com cores neutras – preto, branco, off-white, cinza itálico e capuccino –, além da resistência e durabilidade do tratamento em têmpera da peça”, afirma Gabriela Drummond. Sua empresa separa essas soluções em duas linhas: a Cold (em que uma camada de tinta fria é aplicada sobre a superfície do vidro) e a Hot (em que o laqueado passa pelo processo de têmpera e adquire resistência maior do que a das peças float).

Crédito: Cristal Quality
Crédito: Cristal Quality

Como vender: ter em mãos amostras ou imagens das diferentes cores de laqueado, bem como fotos de aplicações com esse produto, pode ajudar o cliente a conhecer e se interessar pela solução. Também é fundamental conhecer os aspectos técnicos do produto.

Atenção: a possibilidade de escolher entre laqueados float ou temperados abre um grande leque para a aplicações na decoração – contudo, Gabriela alerta: “Mesmo com uma grande flexibilidade de uso desses vidros, ainda assim é necessário que a condução do projeto seja feita por um profissional da área para saber especificar exatamente o tipo certo desse material para cada área ou projeto”.

Sofisticação na casa de banho
Engana-se quem pensa que os banheiros não abrem potencial para peças decorativas. Embora nosso material costume estar presente neles, sobretudo em boxes de banheiro ou espelhos tradicionais sobre a pia, há muitas formas de sair do convencional e encantar. Cubas e gabinetes coloridos de vidro com formatos originais, por exemplo, podem enriquecer a decoração, agregando sofisticação e originalidade.

Crédito: Divulgação Astra
Crédito: Divulgação Astra

Já os espelhos para banheiro contam com uma enorme variedade de opções. Um exemplo são as peças de formato orgânico. “Trata-se de algo inusitado e novo que, por si só, já chama a atenção; ao mesmo tempo, seu design não é agressivo ou marcante demais, por remeter a aspectos orgânicos da natureza. Essas duas características os tornam versáteis e agradáveis”, opina Joaquim Coelho, da Astra.

As peças com detalhes de LED – luzes indiretas que contribuem para o destaque e aconchego da casa – podem não ser novidade, mas abrem possibilidades interessantes e trazem um visual moderno para o ambiente. Coelho explica que o espelho entra nessa tendência de duas maneiras: “Com iluminação de moldura, para destacar o produto e deixar o ambiente aconchegante; e também com iluminação frontal, de maneira mais funcional para uma luz mais uniforme do rosto, como auxílio na hora da maquiagem ou para fazer a barba, por exemplo”.

Como vender: sempre que for procurado para instalar um boxe ou espelho, o vidraceiro pode sugerir ao cliente soluções que tornem o ambiente mais bonito. “Hoje, o banheiro tende a estar mais presente na decoração da casa por ser um cômodo em que as visitas ficam até mais à vontade para perceber os detalhes presentes em todos os itens, como torneiras, chuveiros, acessórios etc. Nesse caso, vidros e espelhos não ficam de fora”, avalia o diretor-comercial da Astra. “Um formato diferente, molduras, espelhos iluminados e armários embutidos são detalhes que, quando bem alinhados com o restante da casa, fecham o pacote de decoração.”

Atenção: como um ambiente especial, o banheiro requer cuidados diferenciados sobretudo para os espelhos. “Nesse local, eles estão diariamente expostos ao vapor d’água. Por isso, é essencial que a instalação do produto seja de acordo com as normas, de forma a prevenir a oxidação”, orienta Coelho. “Pensando nisso, nossos produtos são sempre finalizados com líquidos protetores de borda na parte de trás do espelho para evitar essa oxidação.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 604 (abril de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Cris Martins

Atenção: vidro em movimento!

A quebra de um vidro ou espelho antes de sua instalação representa uma bela dor de cabeça para o vidraceiro: é necessário repor a peça perdida, esperar sua entrega e levá-la novamente ao local da obra. O cliente pode se aborrecer com o contratempo, o que o levará a procurar outra vidraçaria para futuras demandas. Por fim, pessoas podem ferir-se em consequência dos erros no transporte do nosso material. Por isso, é fundamental ter todo cuidado na hora dessa tarefa.

Nas próximas páginas, O Vidroplano apresenta os procedimentos necessários para garantir a proteção e a integridade da carga.

Do estoque ao veículo
Muitos problemas podem ser evitados já na saída da vidraçaria. “O vidraceiro, frequentemente, precisa transportar produtos diferentes, como temperados, espelhos e perfis, sendo que cada um deles exige acomodações, amarrações e proteções apropriadas”, explica Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro. “Tomar os cuidados específicos para cada peça contribui muito para que elas não sofram danos no percurso até o local da obra.”

A capacitação dos profissionais para executar esse trabalho também é importante para garantir sua integridade. A vidraçaria paulistana Everart empenha-se a fundo nesse objetivo. “Nossos funcionários envolvidos nas atividades de manuseio e transporte de carga recebem treinamentos e orientações para trabalhar sempre dentro da legislação trabalhista e segurança do trabalho, como capacitações na NR-35 [Trabalho em altura] e em primeiros socorros”, comenta Gisele Muniz, sócia-proprietária da empresa.

Marco Souza, gerente-comercial da processadora Personal Glass, observa que os cuidados necessários para essa tarefa em uma vidraçaria são os mesmos presentes nas beneficiadoras. “A diferença é que, por manusear uma quantidade muito maior de vidros por dia, as processadoras possuem mais recursos para facilitar o transporte, como pontes móveis para transportes de chapas e peças grandes”, conta.

Dicas para a acomodação

nova– Antes de manusear as peças, é fundamental que os funcionários estejam usando equipamentos de segurança individual (EPIs):
* Luvas e mangotes anticorte;
* Botas;
* Óculos de segurança;
* Capacete (caso os vidros sejam erguidos acima da altura da cabeça dos carregadores);
– Verifique o estado de conservação do cavalete, especialmente em relação aos seus calços de borracha;
– Veja se a carroceria está limpa, sem materiais pontiagudos (como pregos) ou furos que possam permitir a entrada de detritos;
– Os vidros devem ser transportados na vertical (nunca deitados);
– Atenção com a inclinação das chapas: a norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações indica que elas devem ser apoiadas no cavalete com inclinação de 4º a 6º (graus) em relação à vertical;
– Não “misture” os vidros: coloque as peças de um mesmo tipo juntas e faça a fixação delas de acordo com o que o material permite (temperados, por exemplo, suportam amarrações mais firmes, enquanto peças apenas lapidadas podem quebrar se sofrerem muito esforço);
– Ao transportar produtos com dimensões diferentes, coloque sempre os maiores atrás e os menores na frente;
– Utilize intercalários (materiais de proteção, como plástico-bolha ou espuma) entre uma peça e outra, bem como em suas pontas;
– Em caso de chuva ou outras condições desfavoráveis, cubra as peças com uma lona (mesmo em dias claros, vale a pena usá-la sempre que possível).

Corda ou cinta?
A Resolução Nº 552 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que entrou em vigor este ano, tem, entre suas determinações, a proibição do uso de cordas para amarrar cargas à carroceria do veículo. Dessa forma, a fixação do cavalete deve ser feita com cintas têxteis, presas a pontos de amarração na parte metálica da carroceria ou no próprio chassi. Além disso, se a carroceria do veículo for aberta e houver espaço entre a carga e as guardas laterais, as cintas só podem ser presas a pontos de fixação que estejam do lado interno.

Já na hora de amarrar os vidros nos cavaletes, ou prender lonas de proteção sobre a carga, o uso das cordas está liberado! Só não deixe de verificar se elas estão bem-conservadas.

Para conhecer mais sobre o assunto, não deixe de ler a reportagem Mudança no transporte de vidros, publicada na edição de março de 2018 de O Vidroplano.

Prevendo dificuldades
Para Gabriel, do Setor Vidreiro, o vidraceiro também precisa conhecer bem o local da obra antes mesmo de começar o processo de transporte. Por vezes, o que parece fácil se torna muito difícil quando há falta de atenção no momento da medição da obra. “É necessário analisar, entre outros fatores, se os vidros e perfis passam pelos acessos, se o prédio tem estacionamento para carga e descarga e se o pé-direito é alto o bastante para a passagem do vidro.” Também há condomínios em que só é permitido descarregar os materiais com documentação como a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Antecipar todas as condições e dificuldades é muito importante para evitar que os trabalhadores tenham de caminhar por muitos metros com peso excessivo, o que pode causar problemas como demora, esgotamento físico, danos aos materiais e até acidentes.

Outro ponto a se considerar é se será necessário fazer o içamento de vidros ou outros componentes do sistema. Em caso positivo, Gabriel reforça que esse trabalho só pode ser feito por profissional capacitado conforme as normas regulamentadoras NR-11 — Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais e NR-35 — Trabalho em altura.

Fora do veículo
GlassaugerO transporte de vidros e espelhos não compreende apenas a locomoção deles dentro do veículo, mas também seu manuseio pelos vidraceiros na vidraçaria e na obra. Rafael Takai, engenheiro de Processos da Guardian, ressalta que a principal atenção nessa etapa é com os equipamentos usados, desde as luvas (que devem estar sempre limpas e ter emborrachamento nas palmas das mãos, para evitar marcas na superfície das peças) até as ventosas (foto ao lado). No caso destas, ele recomenda que o profissional esteja atento ao peso máximo suportado.

“Todo equipamento segue regras e normas de uso próprias”, explica Yveraldo Gusmão, diretor da GR Gusmão. Assim, sempre que adquirir um produto novo, deve-se consultar o vendedor para saber como utilizá-lo e não deixar de verificar se conta com garantia de assistência técnica. Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix, acrescenta que os vidraceiros precisam estar sempre atentos à manutenção, limpeza e conservação dos seus equipamentos, aumentando assim sua durabilidade e mantendo seu bom funcionamento.

vp_espelhoCuidados especiais para produtos especiais
Além dos procedimentos já listados aqui, para as usinas vidreiras alguns tipos de peça precisam de atenção extra:

– Espelhos — Jonas Sales, coordenador de Engenharia de Aplicação da Cebrace, aponta que a norma NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação recomenda o uso de intercalários que não absorvam umidade, sejam macios e não agridam sua superfície.
– Vidros serigrafados ou de controle solar — Em ambos os casos, Bruno Bordão, analista técnico de Atendimento ao Cliente da AGC, ressalta que o produto deve ser colocado com a face tratada (seja com pintura ou camada metalizada) voltada para fora do cavalete. Ou seja, sem contato com as borrachas. Além disso, seu manuseio deve ser feito com luvas limpas para evitar marcas.
– Vidros finos — Quanto menor a espessura do vidro, maior deve ser a cautela para seu manuseio e acomodação: evite movimentos bruscos.

vp_gibiPasso a passo… quadrinho a quadrinho
Em 2010, a Abravidro lançou a Campanha de Conscientização para Prevenção de Acidentes de Trabalho nas Empresas Vidreiras. Entre seus materiais, há o gibi Cuidado! Vidro em movimento. A campanha foi desenvolvida com o objetivo de conscientizar o setor sobre todos os procedimentos necessários para manusear e transportar vidros com segurança, mostrando cada passo necessário para colocar nosso material em movimento.

Todos os associados da Abravidro recebem os materiais da campanha (além do gibi, ela inclui cartaz, manual e vídeo de treinamento).

Este texto foi originalmente publicado na edição 550 (outubro de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Bom para todo mundo

Responda rápido: sua vidraçaria tem dificuldades para fechar negócios? Ou você consegue trabalho e, entretanto, no fim do mês as contas não fecham? Se sua empresa sofre com esses problemas, há boas chances de que a causa venha de uma das primeiras (e mais importantes) etapas do trabalho: o orçamento. Na prática, essa atividade não envolve apenas avaliar o custo do serviço, mas também ter cuidado com imprevistos e ofertar valores condizentes para o cliente.

Como alinhar tudo isso para todos saírem ganhando? Para responder a essa pergunta, O Vidroplano conversou com especialistas e profissionais do setor. Veja, nas próximas páginas, as dicas que eles têm a oferecer e alguns sistemas disponíveis para facilitar a tarefa.

Atenção antes, sem prejuízos depois
Para Sérgio Reino Júnior, professor do curso de vidraceiro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ainda há quem não perceba a importância de um orçamento benfeito. “Muitos vidraceiros o fazem de qualquer maneira ou nem o entregam para os clientes”, explica. “E isso é um problema, pois a falta de um documento expresso, claro e objetivo em relação aos serviços prestados pode gerar dúvidas quanto ao que será executado, fazendo com que o cliente não entenda quais tarefas foram realmente contratadas.”

Para fazer corretamente esse trabalho, uma visita técnica ao local da obra é fundamental. “Somente assim o profissional pode analisar pontos como o espaço físico para a movimentação do vidro, o estado da alvenaria e as ferragens específicas necessárias para as condições do local”, aponta Vitor Maione Samos, diretor do Sincomavi. Sem a visita, o vidraceiro não tem como levar em conta os ajustes necessários ao preço, e os custos adicionais podem acabar sobrando para ele.

Lidando com o imprevisível
Young couple calculating budget

Devem ser incluídos ainda os custos impossíveis de serem avaliados antes do trabalho. “Há casos em que você precisa retornar devido algum contratempo, como a quebra inesperada de um item, ou até a ausência de algum material não identificado com antecedência”, avisa Gisele Muniz, proprietária da vidraçaria Everart, de São Paulo.

Como se prevenir para não sair no prejuízo? Gisele aconselha que o vidraceiro já contabilize eventuais custos extras ao fazer o cálculo. Para isso, Vitor Samos, do Sincomavi, sugere a contagem de uma margem de erro de 10% antes do envio da proposta.

Definindo o lucro
“Depois de tudo isso, já posso fechar o orçamento, certo?” Não, ainda falta definir a margem de lucro, ou seja, quanto sua empresa ganhará com o serviço. Esse é um elemento muito importante. Afinal, é ele que permitirá que a vidraçaria possa continuar na ativa.

Segundo Gisele, não há uma fórmula única para definir a margem. “Cada projeto tem suas particularidades; um simples puxador ou fechadura a mais podem comprometer consideravelmente o lucro, dependendo do projeto e produto aplicado”, avalia a empresária.

Vector illustration of check listO que considerar para o orçamento?
– Todos os materiais a serem usados entram no cálculo: isso inclui ferragens, adesivos, selantes, acessórios e o próprio vidro. Mas há outros elementos que precisam ser levados em conta para ter o preço final:
– Distância entre a vidraçaria e o local da obra (e o combustível gasto para o deslocamento);
– Espaço físico da obra (pé-direito, presença ou não de elevadores e escadas etc.);
– Situação da alvenaria, pintura, gesso e revestimentos sobre os quais o vidro será instalado;
– Período para liberação da medição final;
– Necessidade de fazer modelos para peças fora de esquadro, com furos ou recortes especiais;
– Encargos com nota fiscal;
– Tarifas de cartão de crédito (quando houver esse meio de recebimento);
– Pagamento da equipe que fará a instalação.

Pela sustentabilidade de todos
Por mais incrível que pareça, há vidraçarias que fazem trabalhos sem qualquer lucro ou até com prejuízo, somente para oferecer o preço mais baixo possível no mercado e evitar que o cliente feche negócio com outra empresa.

Esse tipo de prática prejudica não apenas o fornecedor, mas também o mercado inteiro, incluindo o próprio consumidor final. “Preço baixo demais não é bom para ninguém, pois força o vidraceiro a diminuir o tempo de execução da obra para poder trabalhar mais e ganhar a mesma coisa se tivesse uma margem de lucro justa”, alerta Reino Júnior, do Senai. “Isso compromete a qualidade do serviço, do acabamento, do pós-venda e da atenção necessária com o cliente.”

Para o professor, a melhor forma de conquistar o cliente é apresentar a proposta de preço com clareza e objetividade quanto à qualidade do serviço e do material a ser utilizado, mostrando que o valor calculado é justo. Gisele acrescenta que mais vale ser reconhecido como um profissional que oferece valor agregado do que alguém com preço mais barato a qualquer custo, sacrificando a qualidade e a segurança da instalação.

Vidraceiro também é cliente!
O preço dos vidros e demais insumos usados no serviço do instalador faz diferença no valor final. Assim, é importante conhecer os fornecedores de quem sua empresa compra os materiais. “Problemas com o produto comprometem a credibilidade e a margem de lucro das vidraçarias, pois geram despesas com logística e mão de obra que não estavam no orçamento”, ressalta Samos, do Sincomavi.

Reino Junior, do Senai, aconselha o vidraceiro a verificar quais são os documentos necessários para se cadastrar com o fornecedor e ter acesso a preços mais vantajosos. E, assim como você precisa ser um parceiro do seu cliente, tenha certeza de que as empresas com quem trabalha estão do seu lado, oferecendo produtos e atendimento de qualidade, preços justos e prazos cumpridos.

Tecnologia a seu favor
Hoje, há diversos softwares disponíveis para ajudar as vidraçarias a elaborar seus orçamentos. E, em um mercado em que tempo é dinheiro, dispensar essas ferramentas já não é mais uma opção: elas ajudam a economizar tempo nessa atividade, dão uma noção mais precisa dos custos diretos e indiretos e podem oferecer vários outros benefícios.

Vale a pena dedicar tempo para pesquisar esses sistemas e identificar qual atende melhor as suas necessidades. Conheça alguns deles a seguir.

vp_software-glasscontrolGlasscontrol versão Vidraçaria e Distribuição
Fabricante: SF Informática
Desenvolvido para: gerar orçamento para o cliente e pedido para a têmpera automaticamente, com base nas informações sobre as medidas do vão, tipo de vidro, ferragens e alumínios do projeto
Vantagens:
– Sistema online em constante evolução;
– 100% desenvolvido com foco no segmento vidreiro e suas necessidades;
– Fácil de utilizar;
– Treinamento oferecido pela fabricante do sistema;
– Facilita o e-commerce com a têmpera pela comunicação com o software da mesma empresa desenvolvido para processadores.

vp_software-systemglassToolGlass
Fabricante: System Glass
Desenvolvido para: cuidar de toda a gestão da vidraçaria, incluindo a elaboração de orçamentos
Vantagens:
– Flexibilidade para a definição dos projetos;
– Possibilidade de elaborar diversos orçamentos a partir de um único modelo de projeto (com a inclusão de alterações na própria tela de venda);
– Requer apenas conhecimentos básicos de informática;
– Treinamento online ou por videoaulas;
– Além do orçamento, também atua em todas as outras etapas da gestão da vidraçaria.

vp_software-webg3WebG3
Fabricante: Fortmax Sistemas
Desenvolvido para: padronizar preços e propostas para seus clientes, além de controlar o desperdício de material, evitando a compra de peças desnecessárias ou com medidas erradas, uma vez que o programa calcula o material a ser utilizado para cada obra, assim como as medidas do vidro e suas respectivas furações para ferragens
Vantagens:
– Controle total da empresa, desde o primeiro atendimento de uma solicitação de orçamento, até o faturamento e entrega completa da obra;
– Conta com projetos prontos para orçamentos, corte e furação das peças de vidro;
– Sistema online que pode ser acessado na obra do cliente;
– Treinamento remoto, além dos manuais e vídeos tutoriais disponíveis no próprio sistema;
– Suporte técnico por telefone, e-mail e WhatsApp.

vp_software-wvetroWVetro Evolution
Fabricante: WVetro
Desenvolvido para: calcular e levantar materiais para entrega de um orçamento rápido e bem-apresentável ao cliente, além de ajudar na gestão da empresa (com controle das movimentações financeiras, notas fiscais eletrônicas, estoque, produção e compras)
Vantagens:
– Plataforma intuitiva (fácil de utilizar);
– Agilidade nos processos;
– Suporte técnico;
– Treinamentos personalizados para a vidraçaria.

Negociações às claras
People shaking handsUma vez que o orçamento tenha sido definido, é hora de mostrá-lo ao comprador. Este pode concordar ou não com ele. Algumas dicas para essa conversa:

Por dentro do produto: conhecer o que está vendendo e as formas de aplicá-lo é fundamental para transmitir confiança e justificar o preço;

Sem espaço para dúvidas: faça o cliente saber exatamente pelo que estará pagando caso concorde com a proposta;

“Do que você precisa?”: tenha sempre em mente que o consumidor também deve ficar satisfeito com o que é oferecido. Identifique qual é a necessidade dele e qual produto o atenderá da melhor forma — vale a pena também oferecer mais de uma opção e deixar que ele avalie e tome a decisão;

O tempo não para: a negociação não gira apenas em torno do preço, mas também do prazo. Ninguém gosta de esperar, mas é pior quando a promessa recebida não é cumprida. Por isso, não defina o fim do serviço para um limite que você sabe ser inviável.

Este texto foi originalmente publicado na edição 547 (julho de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Por um setor mais forte!

Um dos objetivos da Abravidro é o desenvolvimento do setor vidreiro. Para que isso aconteça, é importante que todos os elos da cadeia sejam respeitados e tenham condições de realizar seus trabalhos.

Os vidraceiros são parte muito importante do segmento: é por meio deles que o consumidor final se relaciona com a nossa indústria. Por isso, a Abravidro sempre pensa em ações específicas para esse público (veja algumas iniciativas no quadro “Os precursores do #TamoJuntoVidraceiro!”).

Agora, a entidade lança uma nova campanha. O nome? #TamoJuntoVidraceiro! Ela foi desenvolvida para conscientizar os processadores sobre as boas práticas que eles devem ter com os vidraceiros quanto ao cumprimento das normas técnicas, atendimento, política comercial e orientações técnicas. Que tal conhecer mais sobre essa iniciativa e o que ela oferece?

logo_tamojunto_FINALParceria até no nome
O nome #TamoJuntoVidraceiro, com uma hashtag e uma expressão bastante informal, não foi decidido à toa. “Tudo foi pensado e escolhido para passar de forma direta a mensagem principal dessa ação: devemos atuar juntos, processadoras e vidraceiros, somando esforços a favor de nosso setor”, explica José Domingos Seixas, presidente da Abravidro. Exatamente por isso, a logomarca da campanha é um aperto de mãos, imagem que simboliza parceria, compromisso e responsabilidade entre os dois lados.

Seixas reforça que essa ideia de aliança está no centro de todo o trabalho da ação. “Para a Abravidro, sempre foi claro que o desenvolvimento do setor vidreiro só é possível e sustentável se todas as partes trabalharem juntas. Assim, sempre trabalhamos para aproximar todos os elos da cadeia vidreira, e o #TamoJuntoVidraceiro representa um passo novo e fundamental nessa direção”, afirma.

Ética entre as partes
A iniciativa surgiu a partir de um abaixo-assinado elaborado por Cirilo Paes, instrutor técnico da Glasspeças, e direcionado à Abravidro e ao Grupo Setor Vidreiro. O texto apresentava pontos fundamentais apontados por vidraceiros de todo o Brasil para o País ter uma indústria vidreira ética, que respeita seus clientes.

José Domingos Seixas, presidente da Abravidro: ‘O desenvolvimento do setor vidreiro só é possível e sustentável se todas as partes trabalharem juntas’

Defensora das boas práticas em todas as etapas do setor vidreiro, a Abravidro já era favorável aos pontos levantados no abaixo-assinado, como foi apontado por Alexandre Pestana, então presidente da associação, no editorial da edição nº 530 de O Vidroplano, publicada em fevereiro de 2017. Com isso, a entidade convidou Cirilo, Gabriel e os vidraceiros Carlos Eduardo Anibal Franco (proprietário da vidraçaria Vidro Box Amparense, de Amparo, SP), Daniel Estrela de Oliveira (sócio-proprietário da Vidraçaria Global, de Águas Claras, DF) e Thiago Boa Sorte (sócio-proprietário da vidraçaria CBS Vidros, de São Paulo), que fizeram parte do abaixo-assinado, para uma série de encontros nos quais discutiram como as reivindicações poderiam ser atendidas. O presidente da Abravidro, José Domingos, e a equipe técnica da entidade participaram dessas reuniões, além de Rafael Ribeiro, segundo-vice-presidente, e Alexandre Pestana, hoje terceiro-vice-presidente da associação. “A Abravidro nos atendeu da melhor forma, escutou nossos problemas e deixou claro que não prometia fazer milagres, mas que faria todo o possível para proporcionar um melhor entrosamento do setor”, observa Daniel, da Vidraçaria Global.

Vidro, só dentro das normas!
Além de contribuir com o desenvolvimento do mercado de forma sustentável, a campanha também foi planejada para divulgar o conteúdo das normas técnicas, tanto para os processadores como para os vidraceiros.

Para Carlos Eduardo, da Vidro Box Amparense, os materiais do #TamoJuntoVidraceiro (veja mais no quadro “Levando o conhecimento adiante!”) são muito importantes para esses profissionais: “Como há informações básicas que muitas vezes não chegam ao vidraceiro, ter a cartilha Aplicação do vidro na construção civil já ajuda bastante todas as partes do setor vidreiro a entrar em sintonia no cumprimento das normas”, avalia.

‘Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro, ressalta que as informações divulgadas pelo programa De Olho no Boxe foram importantes para desfazer a imagem negativa associada ao vidro devido a casos de pessoas que se feriram com a quebra do material em boxes de banheiro. A iniciativa permitiu que tanto vidraceiros como usuários finais soubessem identificar irregularidades na estrutura e entendessem a importância da manutenção preventiva. “O #TamoJuntoVidraceiro busca fazer o mesmo, mas abrindo seu foco para todas as instalações envolvendo o vidro”, comenta Gabriel.

Da Abravidro para todo o País
TMJNão basta alcançar só vidraceiros e processadores. Essas informações também precisam estar disponíveis aos arquitetos, engenheiros, especificadores e consumidores finais — afinal, sem acesso às recomendações sobre o uso correto do vidro, eles muitas vezes escolherão quem oferece preços mais baixos por produtos e serviços feitos de forma errada.

Pensando nisso, a Abravidro divulgará o #TamoJuntoVidraceiro em seu site e em todas as suas redes sociais, em palestras e — claro — aqui mesmo, em O Vidroplano. Além disso, a associação pretende destacar as ações das empresas processadoras de vidros que estejam alinhadas com nosso programa.

Um dos grandes espaços para a apresentação da campanha será o estande da Abravidro na edição deste ano da Glass South America, maior feira do setor vidreiro da América Latina. Por isso, quando for ao evento, não deixe de visitar o espaço!

A conscientização do setor não acontecerá instantaneamente, mas quem conheceu o #TamoJuntoVidraceiro está otimista. As palavras de Thiago Boa Sorte, sócio-proprietário da vidraçaria CBS Vidros, de São Paulo, resumem bem o sentimento de todos: “Esse é o primeiro passo de uma longa caminhada. Aproximar e levar as boas práticas a todos os elos da cadeia vidreira é um processo trabalhoso, mas é muito bom saber que a Abravidro está ao nosso lado, abraçando essa iniciativa”.

Aprovação de quem conhece!
Antes do lançamento do #TamoJuntoVidraceiro, os profissionais envolvidos no texto do abaixo-assinado que motivou a criação da campanha viram em primeira mão os materiais dela. Veja o que eles acharam:

cirilo“Esses materiais com certeza ajudarão bastante a divulgar as práticas corretas para o trabalho com o vidro. Com eles, agora o processador ou vidraceiro não terá mais a desculpa de que não conhece as informações certas.”
Cirilo Paes (Glasspeças)

gabriel“O #TamoJuntoVidraceiro vai ajudar não só os vidraceiros, mas todo o mercado. Adequar todos os elos não vai ser um trabalho fácil, mas se todos os objetivos forem cumpridos, será maravilhoso.”
Gabriel Batista (Grupo Setor Vidreiro)

daniel“Com a cartilha da campanha, o problema de vidros sem conformidade com os projetos deve ser bastante reduzido, e quem trabalha errado vai acabar perdendo espaço no mercado.”
Daniel Estrela de Oliveira (Vidraçaria Global)

thiago“Com uma entidade altamente respeitada como a Abravidro mostrando as boas práticas, tanto as têmperas como os vidraceiros devem começar a trabalhar corretamente, procurando informações e seguindo as normas.”
Thiago Boa Sorte (CBS Vidros)

carlos“Essa campanha será muito importante para mostrar que, vidraceiros ou processadores, somos todos parte de um mesmo mercado: se todos trabalharem corretamente e se ajudarem, todos saem ganhando.”
Carlos Eduardo Anibal Franco (Vidro Box Amparense)

 

Levando o conhecimento adiante!
A falta de informações é um problema sério nos trabalhos com o vidro. Para ajudar a resolver a questão, a página da campanha #TamoJuntoVidraceiro no site da Abravidro traz materiais de apoio importantes — é só entrar, fazer o download e imprimir.

cartilhaAplicação do vidro na construção civil
Essa cartilha apresenta dados sobre os principais tipos de vidro e suas aplicações, conforme a norma ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações determina. É uma publicação bastante útil, principalmente para vidraceiros e instaladores, sobre as características dos vidros e suas aplicações.

Que vidro usar?
tabelaTrata-se de uma tabela, de consulta rápida e didática, que indica os vidros com uso permitido por norma nos diferentes tipos de aplicações. Quer saber que vidro pode ser usado em fachadas? Portas? Coberturas? Está tudo explicado nessa tabela!

boas_prticas_materia cópiaBoas práticas para processadores de vidros
Esse material indica as boas práticas que devem ser mantidas pelas empresas no relacionamento com os vidraceiros.

Aproveita, vidraceiro!
A cartilha e a tabela poderão ser usadas não apenas para consultas na hora de especificar o vidro. Com elas, você terá como mostrar para o consumidor qual é o vidro correto, segundo a ABNT, para cada tipo de aplicação.

 

Os precursores do #TamoJuntoVidraceiro!
norma vidraceiro

A nova campanha da Abravidro não é a primeira ação desenvolvida para os vidraceiros. As atividades da associação para esse público alvo incluem:

– Realização de palestras e treinamentos técnicos, promovidos junto às entidades regionais associadas à Abravidro, para formação e atualização dos vidraceiros.

Elaboração de norma pelo Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro, para estabelecer as competências que o vidraceiro deve apresentar.

– Reportagens da seção Para sua vidraçaria, publicada mensalmente em O Vidroplano.

– Programa De Olho no Boxe, elaborado para incentivar os vidraceiros a conhecer e seguir as determinações da NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança por meio de um site próprio com materiais de apoio, dicas de instalação e manutenção, informações sobre a norma técnica, vídeo explicativo e uma área para cadastrar sua empresa (que pode ser vista em uma página dedicada aos consumidores em busca de uma vidraçaria que ofereça os serviços de manutenção).

Artigos técnicos e dicas no site da Abravidro para o trabalho e a gestão nas vidraçarias.

– Série de vídeos Papo com o Vidraceiro, com explicações sobre temas ligados ao dia a dia desses profissionais.

Acesse o #TamoJuntoVidraceiro
CONFLICT CONCEPT ON TABLET PC SCREEN

Agora existe uma área aqui no site da Abravidro que reúne diversos materiais de interesse dos vidraceiros. O nome dela? #TamoJuntoVidraceiro!

Lá você encontra:
– Página da campanha, com os materiais disponíveis para download gratuito
– Acesso ao site De Olho no Boxe
– Todas as reportagens já publicadas na seção Para sua vidraçaria de O Vidroplano
– Os vídeos da série Papo com o Vidraceiro
– Informações sobre o andamento da norma do vidraceiro

www.abravidro.org.br/tamojuntovidraceiro

Este texto foi originalmente publicado na edição 543 (março de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Em busca do projeto perfeito

Nesta seção, são apresentadas, mês a mês, informações e dicas para ajudar os vidraceiros na instalação correta do nosso material. Mas, muitas vezes, o problema já começa bem antes. Quando falhas são cometidas na elaboração dos projetos e no envio dos pedidos para as processadoras, todo o trabalho acaba comprometido, impedindo que o consumidor possa fazer uso da instalação até que tudo seja resolvido e comprometendo a credibilidade dos profissionais envolvidos nela.

Conheça aqui os erros mais frequentes nessa tarefa, o que fazer para evitá-los e as consequências que trazem para as construções.

As raízes do problema
Segundo Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro, há quatro causas frequentes para os problemas nos projetos e pedidos:

1. Desconhecimento: sobre folgas, transpasses, ferragens e as próprias limitações tanto de produção do beneficiador como do material;
2. Pressa: a correria do dia a dia pode levar à falta de atenção na hora de fazer os pedidos;
3. Esquecimento: na hora de planejar o vidro, alguma informação pode ser ignorada, como uma medida ou um detalhe do recorte da peça;
4. Medição malfeita: quando o vidraceiro não tem os dados e dimensões corretos, o projeto enviado à processadora terá falhas.

A capacitação de pessoal e a diferenciação de serviços são formas de acabar com esses enganos. “É comum vermos reclamações do mercado, mas, ao mesmo tempo, as empresas não se preocupam em oferecer produtos e serviços de valor agregado para diferenciar sua marca”, considera Lucas Bremm, diretor-comercial da processadora Mary Art. Ministrador da palestra Como evitar erros e devolução de pedidos em eventos vidreiros pelo Brasil, Lucas acredita que esse cenário pode começar a mudar quando os profissionais do setor se conscientizarem da necessidade de uma postura mais qualificada.

É importante, porém, que os beneficiadores também aprendam a identificar erros para, assim, melhorar sua comunicação e relação com os vidraceiros.

Quais são os erros mais comuns?
Clareza e dados precisos são fundamentais na hora de encaminhar um pedido para o fornecedor. Alguns problemas são recorrentes — e o impacto deles sobre o produto a ser recebido, também:

 

vidraçaria-incompletoErro: falta de informações
“Muitos pedidos vêm sem informações sobre o código das ferragens, especificação de cor e espessura, ou sem indicar as cotas que serão usadas nas furações e recortes dos projetos”, aponta Graziele Silva, gerente-comercial da beneficiadora Clarity Glass. A imagem ao lado é um exemplo de pedido sem todos os dados necessários. No caso, a única especificação é a do vão onde a instalação será feita.
Consequência: Cláudio Lúcio da Silva, instrutor-técnico da Abravidro, explica que esse problema causa demoras nos processos administrativos da processadora. “Com isso, o prazo médio de entregas é alongado desnecessariamente, comprometendo a satisfação do cliente do vidraceiro, que vê sua obra parada”, observa.
Dica para evitá-lo: verifique se todas as informações necessárias para o pedido foram colocadas nele. “Essa conferência pode ser feita usando uma planilha, marcando cada item checado para evitar que algo passe despercebido”, aconselha Lucas Justo, responsável pelo setor de Projetos da Vidroforte.

 

vidraçaria-mediçãoErro: dados incorretos nas dimensões do vidro, listagem de ferragens desnecessárias ou códigos inadequados
“A falta de adequação dos limites para produção do material é comum, constantemente resultando em desperdício e retrabalho”, observa Rebeca Andrade, especialista de Especificação Técnica da beneficiadora PKO do Brasil.
Consequência: será necessário pedir (e pagar) uma nova peça para substituir a primeira. “Muitas vezes, o consumidor também acaba cancelando a compra com o vidraceiro por conta desses problemas”, avisa Leandro Gonçalves, gerente técnico da Divinal Vidros.
Dica para evitá-lo: antes mesmo de começar o pedido, dedique toda a atenção necessária às medições na obra (como na foto ao lado). Vinicius Silveira, sócio-diretor da Primo Vidros, sugere o uso de uma checklist para não deixar passar nenhum detalhe.

 

vidraçaria-clarezaErro: as informações estão todas lá, mas o pedido é incompreensível
Para Lucas Bremm, da Mary Art, isso pode acontecer de várias formas, como desenhos mal-elaborados, muitas imagens e informações “espremidas” em uma única folha, falta de padronização nas medidas (como uma dimensão indicada em metros e outra em milímetros), entre outras.
Consequência: isso pode confundir o processador e levá-lo ao erro no vidro a ser fornecido. Para que ele seja corrigido, todas as partes envolvidas — processador, vidraceiro e cliente final — sofrem com retrabalhos e atrasos.
Dica para evitá-lo: garanta que o pedido esteja legível e que seja possível identificar claramente qual a unidade de medida usada e a que partes do projeto cada dimensão se refere — um formulário com dados de fácil compreensão, como o ao lado, pode ajudar. Gabriel Batista, do Grupo Setor Vidreiro, acrescenta: “O ideal é colocar as cotas por fora da imagem, deixando dentro dela somente dados para recortes e furos”.

 

Erro: o vidro especificado pelo pedido está fora da norma técnica para sua aplicação
Consequência: “Essa falha representa não só prejuízos financeiros, mas riscos à segurança dos usuários”, considera Eliane Makimoto, consultora técnico-comercial da Brazilglass. Em caso de acidente, as consequências incluem multas, inadimplência da empresa e até processos judiciais.
Dica para evitá-lo: além de seguir as normas à risca, o trabalho conjunto com arquitetos e engenheiros é importante. O vidraceiro precisa identificar outros profissionais da cadeia como parceiros, para poder elaborar e executar seus envidraçamentos com segurança.

Quando o erro vem do outro lado
Processador, atenção: os vidraceiros não são os únicos responsáveis por problemas na determinação dos vidros! “É muito comum que as próprias equipes técnicas e comerciais de algumas beneficiadoras não conheçam o produto e nem os procedimentos e normas — e isso sempre leva a erros”, alerta Gabriel Batista. Um desses casos é o fornecimento de vidros temperados para instalação em coberturas ou guarda-corpos, quando a norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações determina que apenas laminados ou aramados podem ser usados nessas aplicações.

Segundo observa Cláudio Lúcio da Silva, da Abravidro, as equipes de vendas dessas empresas frequentemente se ocupam apenas com a retirada dos pedidos dos clientes, sem fazer a análise crítica. Para Lucas Bremm, da Mary Art, os processadores devem contar com setores para a conferência dos pedidos. “Hoje, isso é um diferencial no atendimento. O foco dessas empresas muitas vezes está em oferecer um preço mais baixo, quando deveria estar em ser uma parceira efetiva dos seus clientes.”

vidraçaria-ppcpeLocalizando problemas e estreitando diálogos
Uma forma de atingir esse objetivo é investir na qualificação do setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP), que, com frequência, substitui os profissionais de vendas no relacionamento direto com os vidraceiros. Nesse sentido, desde o ano passado, a Abravidro oferece o treinamento de PPCPE, desenvolvido especialmente para as processadoras vidreiras. Cláudio Lúcio, responsável pelas aulas desse módulo, explica: “O setor de PCP acaba sendo responsável por funções como o entendimento com os vidraceiros na padronização dos pedidos. Com a qualificação, é possível melhorar a comunicação, identificar e corrigir erros, minimizando perdas e aumentando o fluxo de valor.”

A próxima turma do curso de PPCPE será realizada na sede da Abravidro, em São Paulo, nos dias 19 e 20 de outubro. Para se inscrever, entre em contato com Rosana Silva, gerente de Atendimento da associação, pelo telefone (11) 3873-9908 ou e-mail rsilva@abravidro.org.br.

Fale com eles!
Abravidro — www.abravidro.org.br
Brazilglass — www.brazilglass.com.br
Clarity Glass — www.clarityglass.com.br
Divinal Vidros — www.divinalvidros.com.br
Grupo Setor Vidreiro — www.setorvidreiro.com.br
Mary Art — www.maryart.com.br
PKO do Brasil — site.pkodobrasil.com.br
Primo Vidros — www.primovidros.net.br
Vidroforte — www.vidroforte.com.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 537 (setembro de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Adequando o vidro ao sistema construtivo

Conhecer bem o vidro é fundamental para qualquer vidraceiro, mas não é só dele, ou com ele, que vivem esses profissionais. Para garantir instalação segura e de qualidade, é preciso avaliar o sistema construtivo em que ela será feita. Cada material tem suas próprias características e elas precisam ser levadas em conta tanto no projeto como na instalação propriamente dita.

Infelizmente, ainda há quem se preocupe apenas com as medidas das peças e com os modelos dos perfis e ferragens, sem considerar o material em que os vidros serão instalados, e isso pode comprometer a integridade da estrutura. Para evitar esse problema nos trabalhos da sua vidraçaria, conheça um pouco mais sobre os principais sistemas construtivos para a instalação do vidro e os cuidados que cada um exige para o nosso material.

Preparando-se para cada caso
Primeiro, é fundamental conhecer o material em que o vidro será aplicado, ensina o engenheiro civil Wellington Castro. “Durante a fixação”, justifica o profissional, “podemos encontrar materiais ocos, maciços ou porosos, e isso influencia diretamente na escolha dos elementos responsáveis pela instalação”. É com base nessas informações que o profissional consegue especificar a fixação ideal, definindo os tipos de parafuso e bucha para uma ancoragem mecânica ou observando se o melhor é usar a ancoragem química (que leva silicone).

“O profissional vidreiro”, alerta o engenheiro e consultor Wagner Gerone, “deve estar sempre em contato com o responsável da obra para obter todos os dados necessários para que a instalação seja feita dentro das normas”.

Duas características a que é preciso estar atento:

Dilatação — É a expansão do material em resposta ao aumento de temperatura;

Umidade — Pode causar oxidação em metais, “inchaços” na madeira ou danos no reboco de uma alvenaria.

Seja qual for o sistema construtivo, a necessidade de calços entre o vidro e o substrato precisa ser sempre lembrada, com a colocação de algum elemento elástico nas bordas de cada peça em contato com o sistema. “A temperatura, o tipo de substrato em que o vidro será instalado e a qualidade dos itens usados na obra também podem interferir na instalação a médio e longo prazos”, acrescenta a engenheira de materiais Jordana Barros, gerente de Negócios da Adespec. Outro ponto importante é o uso de folgas. “Os riscos mais comuns podem ocorrer por não usar a folga recomendada de 2 mm”, afirma Thaís Barreto, consultora-técnica da Cebrace. “Assim, ao dilatar, o material acaba trincando ou quebrando.”

Em caso de dúvidas, vale procurar algum serviço de consultoria técnica, como o realizado pela Saint-Gobain Glass. “Assim, evitam-se transtornos futuros como acidentes e retrabalhos durante a obra ou após a entrega para o cliente”, explica Gabriel Zanatta, coordenador de Marketing da empresa.

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Alvenaria: atenção às dilatações
Considere a cura do cimento e concreto — A princípio, não existe nenhuma restrição em relação ao uso do vidro em alvenaria. Porém, Eduardo Bellini Ferreira, da EESC-USP, observa: “Além da dilatação térmica, alvenarias também expandem durante a cura de cimentos e concretos, o que pode agir por meses ou anos, em intensidade que depende do tipo de argamassa e da forma como esses materiais são preparados e arranjados geometricamente”.

Direto na estrutura, não! — Ferreira considera problemático o engastamento do vidro em estrutura de alvenaria (ou seja, sua soldagem direto na estrutura). Segundo ele, a instalação deve sempre considerar a possibilidade de amortecimento das dilatações por meio do uso de ferragens, vedações e calços.

vp_vidraçaria-açoPor dentro do aço (e de outros metais)
É aço ou não é? — De acordo com Wellington Castro, antes de realizar a instalação é fundamental verificar se o material em que o vidro será colocado é realmente aço ou de outro tipo de metal. “Há casos em que a aplicação é de ferro fundido ou de outras ligas metálicas, como o metalon, cada qual com seu próprio coeficiente de dilatação”, acrescenta. Um exemplo importante é o do alumínio, metal bastante usado na fabricação de caixilhos, mas com coeficiente de dilatação duas vezes maior do que o do aço. Com isso, quando esses caixilhos são usados em coberturas expostas à alta temperatura causada pelo Sol, a quebra dos vidros acaba sendo comum.

Para evitar vibrações — Seja o sistema construtivo de aço ou outro metal, Castro também ressalta que a espessura do vidro e o calço devem ser avaliados para impedir que a vibração do metal seja transferida ao vidro.

Atenção ao silicone — “Ele deve ser neutro, pois, durante o processo de cura, o silicone acético libera ao ambiente o ácido acético, o qual consegue corroer metais e pode comprometer a estrutura”, completa.

conservatoryMadeira: pouco recomendável para vidros parafusados
Umidade é um fator complicador — “Vãos de madeira exigem um estudo preliminar mais apurado, pois existem muitos tipos de madeira e, em geral, ela é um material que absorve umidade”, explica Wagner Gerone. “Assim, com o tempo, a madeira pode ‘inchar’, e isso compromete toda a instalação.”

Dilatação térmica — Outro obstáculo na instalação do vidro em madeira é a dilatação térmica. José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design, salienta que isso torna pouco recomendável o uso de vidros parafusados nela: “Como o coeficiente de dilatação da madeira é maior do que o do vidro, há o perigo de a estrutura crescer e aumentar a tensão sobre os furos, principalmente nas instalações expostas ao Sol”.

Silicone é o caminho — Para amenizar os efeitos da dilatação, Aceto indica a colagem do vidro com silicone como solução ideal para esse sistema construtivo, pois as ligações mais elásticas impedem que nosso material sofra todas as tensões da estrutura. Mesmo assim, a preparação da superfície da madeira é recomendável antes da aplicação das peças.

Sem estresse: não submeta o vidro a tensões!
Print“Temos de lembrar que o vidro nunca deve ser sujeitado a tensões de tração. Se elas forem altas o suficiente, ele vai quebrar e precisar ser reposto, podendo ainda causar acidentes e ferimentos”, avisa Eduardo Bellini Ferreira, professor do Departamento de Engenharia de Materiais da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (EESC-USP). Ele lembra ainda que, mesmo que inicialmente nosso material não esteja sofrendo qualquer tensão aparente, ela pode acontecer por várias razões, como, por exemplo:

– Pela deformação da estrutura e do próprio vidro devido ao seu peso;
– Por variações de temperatura;
– Por vibrações causadas pela ação do vento ou de tráfego nos arredores;
– Por seu uso repetido (como na abertura e fechamento de janelas);
– Por choques mecânicos (como o contato direto com seus usuários) ou térmicos (como o contato com líquidos muito quentes ou muito frios).

“A especificação de vidros, bem como o sistema de esquadria, dependem de onde e como serão aplicados, ou seja, cada projeto deverá ser avaliado de forma individualizada”, reforça Leonardo Arantes, gerente de Produtos da Guardian. É nessa etapa que também são analisados os recursos que podem ser usados para evitar as tensões sobre o vidro: “A NBR 7199 aponta que, no caso do vidro laminado, por exemplo, as gaxetas, calços e silicone devem ser neutros em relação à camada intermediária do vidro laminado, enquanto a instalação de vidro temperado com ferragens deve trazer um material isolante entre ambos, que não escoe com o tempo”, explica Wellington Castro.

O que é coeficiente de dilatação linear?
Trata-se de um valor constante da variação do comprimento de um corpo — ou seja, do quanto ele “cresce” — quando aquecido. Cada material tem seu próprio coeficiente: submetidos a uma mesma variação de temperatura, materiais diferentes têm dilatações ou “crescimentos” diferentes. Aceto, da Avec Design, apresenta abaixo alguns desses valores:

PrintVidro: 0,9 x 10-6
Aço: 1,2 x 10-6
Alvenaria: 1,2 x 10-6
Alumínio: 2,4 x 10-6
Madeira (valor médio): 3 x 10-6

Conhecer o coeficiente de dilatação linear de cada material é muito importante: se a diferença entre os coeficientes do substrato e do vidro for grande, a tensão que ele causará sobre o nosso material será maior, havendo assim o risco de sua quebra.

De olho nas normas
NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações: “Essa norma dá os parâmetros de avaliação do projeto e da instalação do vidro, como os cálculos para a espessura da peça e o tipo correto de vidro a ser instalado em cada caso”, explica Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro. Segundo ela, a NBR 7199 também reforça a importância da vedação correta e determina que as peças de vidro devem ser colocadas de tal forma que não sofram esforços oriundos de dilatação, contração, torção, vibração ou deformação da estrutura.

NBR 10821 — Esquadrias para edificações: esse texto técnico é importante para se conhecer o desempenho adequado que as esquadrias (já com os vidros) devem apresentar no sistema construtivo, como a estanqueidade e a resistência à pressão do vento.

NBR 15575 — Edificações habitacionais — Desempenho: a norma indica os requisitos para a edificação como um todo e inclui diversos aspectos que precisam ser levados em conta quando o vidro é instalado no substrato, como os desempenhos térmico e acústico.

Fale com eles!
Abravidro — www.abravidro.org.br
Adespec — www.adespec.com.br
Avec Design — www.avec.com.br
Cebrace — www.cebrace.com.br
Guardian — www.guardianbrasil.com.br
EESC-USP — www.eesc.usp.br
Saint-Gobain Glass — br.saint-gobain-glass.com
Wagner Gerone — (11) 99481-1016
Wellington Castro — wellcastro@hotmail.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 535 (julho de 2017) da revista O Vidroplano.