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Globalização?

Foto: Marcos Santos
Foto: Marcos Santos

Lembro que, no início dos anos 2000, a palavra “globalização” era a expressão da moda, utilizada para explicar as mudanças nas relações econômicas mundiais e seus efeitos.

Pois atualmente estamos experimentando os resultados da mais pura aplicação dessa palavra. Em razão das barreiras comerciais impostas inicialmente pelos Estados Unidos e, posteriormente, acompanhadas por outros países, observamos atentos aos eventuais efeitos causados ao mercado brasileiro: oportunidades e ameaças.

Muitas oportunidades estão surgindo, por exemplo, para o setor do agro, com a possibilidade de aumento de exportação de produtos para as nações em disputa comercial. Isso se torna muito positivo para nosso país, principalmente se as colheitas anuais obtiverem bom desempenho. Vamos torcer para que isso aconteça.

Da mesma maneira, muitas ameaças surgem para setores como o do vidro plano. Sabemos que os países asiáticos, entre outros, possuem enorme capacidade de produção de vidro float e vidros beneficiados, contando ainda com um custo interno minimizado, além de eventuais subsídios de fabricação à exportação. Se países consumidores de produtos dessa procedência “fecharem as portas” à importação, o Brasil se tornará um destino foco desses fabricantes devido às suas dimensões continentais e grande população.

As condições acima, somadas ao baixo consumo que estamos enfrentando nesse momento e às medidas de defesa comercial focadas apenas em nossa matéria-prima (antidumping e aumento na tarifa de importação do float), podem formar o pior cenário para o mercado vidreiro, e em especial para os vidros processados: concorrência desleal dos importados, excedente de produtos e ociosidade em nossas empresas.

Mais uma vez, torna-se indispensável o olhar para dentro do negócio, identificando custos dispensáveis, aumento de produtividade e cautela. Ninguém consegue atender o mercado sozinho. Então, somente baixar preços não vai trazer negócios para dentro de sua empresa, pois os concorrentes sempre reagem.

Aqui na Abravidro estamos monitorando diariamente os indicadores do segmento e debatendo eventuais medidas de proteção ao mercado brasileiro com nossos pares associativos. Se a entrada excessiva de vidro float já era ruim, a importação de vidros processados é catastrófica.

Estamos agindo!

Rafael Ribeiro
Presidente da Abravidro
presidencia@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 628 (abril de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Governo federal decide não aplicar direito antidumping provisório

Iniciada em julho do ano passado, a investigação sobre dumping nas importações de vidros float incolores (NCM 7005.29.00), com espessuras de 1,8 mm a 20 mm, oriundas de Malásia, Paquistão e Turquia, chegou a uma determinação preliminar: a de que houve dano à indústria vidreira nacional. No entanto, optou-se por não aplicar o direito antidumping provisório. Isso foi o que informou o Departamento de Defesa Comercial (Decom), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), parte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), na Circular Nº 12, publicada em 19 de fevereiro no Diário Oficial da União.

Passo a passo
O processo atende um pleito da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), protocolado em março do ano passado. A entidade reuniu dados para provar a existência de dumping, de dano à indústria e também de nexo causal (a relação entre o dumping e o dano observado) nos vidros importados dessas origens. O governo federal, então, abriu investigação sobre o assunto, enviando questionários para as fabricantes dos países investigados e para os importadores brasileiros dessas empresas.

Cumpridas tais etapas, foi feita a análise das informações disponíveis, e os órgãos responsáveis entenderam que, sim, há sinais de dumping. Porém, não há necessidade de aplicar o direito antidumping provisório – a decisão de aumento para 25% na taxa de importação do float incolor, anunciada em dezembro, pesou para essa determinação, já que, naturalmente, o imposto mais alto deve frear as importações.

Em alta
A investigação ocorre em meio a uma alta importante das importações de vidro. De acordo com as estatísticas oficiais de comércio exterior no Brasil, em 2024 tivemos a maior marca de importação de nosso material desde 2014: importamos 140 mil toneladas apenas de vidros float. Além disso, o volume de importação de processados também cresceu, especialmente a de laminados, com alta de 34% no ano passado na comparação com 2023 (é o número mais alto da última década).

O que vem a seguir
No dia 20 de fevereiro, realizou-se audiência com representantes das usinas de base brasileiras e representantes das empresas dos três países para dar continuidade à investigação. A decisão final é esperada para o fim de 2025 ou começo de 2026.

O que é dumping
É uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país vender seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país, com o intuito de prejudicar e eliminar os fabricantes de itens similares concorrentes no local. Quando tal prática é comprovada, medidas antidumping são adotadas para neutralizar os efeitos danosos à indústria nacional.

Este texto foi originalmente publicado na edição 626 (fevereiro de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Wirestock/stock.adobe.com

Governo aumenta tarifa para importação do float incolor

Em reunião realizada no dia 11 de novembro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) optou por elevar de 9% para 25% a tarifa do Imposto de importação do vidro float incolor para o território brasileiro – o produto está classificado com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) 7005.29.00. A decisão foi validada pela Resolução Gecex nº 675, publicada no Diário Oficial da União no dia 6 deste mês. A medida entrou em vigor no dia 10. Importante: ela valerá somente no Brasil, para produtos de qualquer origem, inclusive de países membros do Mercosul, e terá validade de doze meses.

Importação sem controle
A decisão atende um pleito da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) e está amparada no mecanismo de Desequilíbrios Comerciais Conjunturais (DCC), criado pelo Mercosul para barrar os impactos às indústrias dos países membros do bloco por conta de flutuações transitórias no comércio de produtos, causadas, por exemplo, pelo aumento repentino nas importações ou queda anormal de preços dos produtos importados.

O volume de float incolor importado pelo Brasil disparou em 2023, chegando a 123 mil t, maior nível desde o início do direito antidumping, em 2014. Este ano, o acumulado até outubro beirava as 122 mil t. O DCC permite que os países membros elevem as alíquotas de importação acima da Tarifa Externa Comum (TEC) de forma temporária, a fim de proteger seus mercados e economias. O governo brasileiro aderiu ao mecanismo alegando o incentivo à produção local e à criação de empregos.

 

Foto: Aleksei/stock.adobe.com
Foto: Aleksei/stock.adobe.com

 

Outros setores produtivos também recorreram à Camex por meio do DCC e tiveram seus pleitos atendidos. Houve, recentemente, aumento da alíquota da importação de pneus de veículos de passeio e manufaturas de ferro e aço e também de diversos produtos químicos.

E importante lembrar: em julho, o Departamento de Defesa Comercial (Decom), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), aprovou o início de investigação para averiguar a existência de dumping nas exportações de vidros float incolores (NCM 7005.29.00), com espessuras de 1,8 mm a 20 mm, oriundas de Malásia, Paquistão e Turquia. O processo vai conferir ainda a existência de possível dano à indústria nacional decorrente dessa prática.

Float colorido
A Camex ainda avalia outra solicitação da Abividro referente aos vidros float coloridos. O tema foi analisado em reunião no dia 10 deste mês, e seguirá em deliberação no próximo encontro do órgão, a ser realizado nos primeiros meses de 2025. A Abravidro, por meio da Nasser Advogados, escritório que presta consultoria sobre defesa comercial para a entidade, acompanha o caso para manter seus associados e o mercado informados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 624 (dezembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Yellow Boat/stock.adobe.com

Em busca de soluções

rafaelribeiro-ago2024O mercado vidreiro não é para amadores e o ano de 2024 tem deixado isso bem claro. Enquanto a demanda se mantém abaixo da expectativa, os preços dos vidros processados seguem em queda e agora o foco de preocupação está no volume crescente de importações de laminado e temperado. O laminado importado, que, em 2023, registrou um aumento expressivo em relação a 2022, segue crescendo em volume e já passou das 16 mil t este ano. O temperado ainda registra números baixos, mas, como principal produto da cadeia de processamento, deixa todos em alerta.

O cenário de câmbio desfavorável e frete caro fez cair o volume total de vidros importados no mês de julho ao menor nível do ano, mas já são quase 180 mil t nos sete primeiros meses de 2024. No fim de julho o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços publicou a circular que oficializa a abertura de investigação para um novo direito antidumping para a importação de float, dessa vez das origens Malásia, Paquistão e Turquia, medida solicitada pelas indústrias que atuam no Brasil. A Abravidro, já habilitada como parte interessada no processo, acompanha de perto o processo e está atenta aos movimentos e impactos que um novo direito antidumping pode trazer para toda a cadeia.

E por falar na atuação da Abravidro e sua preocupação com o ambiente de negócios, estivemos em Brasília este mês para uma reunião com o senador Izalci Lucas, em que tratamos dos desafios do nosso setor. A interlocução com o poder público é fundamental na busca por soluções eficientes.

Os desafios também estão em mente na hora de definir os temas e nomes dos palestrantes do 16º Simpovidro! Como sempre, a Abravidro tem feito uma seleção de profissionais que podem contribuir com seu conhecimento para o desenvolvimento de nossas empresas e, consequentemente, do nosso setor. Os nomes serão anunciados em breve! E você, já garantiu sua participação no principal evento de relacionamento e conteúdo da cadeia vidreira? Espero você lá!

Rafael Ribeiro
Presidente da Abravidro
presidencia@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 620 (agosto de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Marcos Santos

Governo inicia investigação de dumping

No dia 29 de julho, o Diário Oficial da União publicou a Circular nº 36, informando que o Departamento de Defesa Comercial (Decom), órgão da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), aprovou o início de investigação para averiguar a existência de dumping nas importações de float incolores (NCM 7005.29.00), com espessuras de 1,8 mm a 20 mm, oriundas de Malásia, Paquistão e Turquia. O processo vai conferir também a existência de possível dano à indústria nacional decorrente dessa prática.

Processo
A análise dos elementos de prova de dumping vai considerar o período de janeiro a dezembro de 2023 – já o período de análise de dano à indústria analisa o período de janeiro de 2019 a dezembro de 2023. O processo atende uma petição da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), protocolada em março deste ano. “É importante entender a tecnicidade de um processo como esse. Não é uma coisa qualquer. Segue regras internacionais e existe em vários outros países”, comenta o presidente-executivo da Abividro, Lucien Belmonte. “A competição justa é válida para todo mundo. Porém, no momento em que essa competição é destrutiva e se utiliza de subterfúgios, obviamente nós temos de reagir. Se não nos protegermos, podemos acabar deixando destruírem nosso mercado.”

Belmonte participou de um episódio do VidroCast, o podcast da Abravidro, para debater a importância do antidumping para o setor vidreiro nacional. O advogado e consultor jurídico da Abravidro, Rabih Nasser, também participou da conversa, conduzida pela editora de O Vidroplano, Iara Bentes. “É importante fazer a distinção entre as medidas relacionadas ao comércio exterior. Existem as de proteção, que incluem a elevação do imposto de importação, garantindo que determinada indústria se desenvolva melhor por conta da produção local de um produto”, explica Nasser. “Já as de defesa comercial visam a lidar com práticas desleais, como o dumping.”

Afinal, o que é dumping?
Sempre que o governo brasileiro recebe uma petição para a aplicação de medidas antidumping e a acata, inicia-se uma investigação na qual todas as partes interessadas (produtores/exportadores estrangeiros e importadores brasileiros do produto investigado, bem como os representantes dos governos dos países citados) têm ampla oportunidade de participação. Como revela Rabih Nasser, a investigação (que pode durar de 10 a 18 meses) tem por objetivo verificar a existência de três pontos:

  1. Prática de dumping por parte das empresas exportadoras: “Muita gente acredita que o dumping significa vender abaixo do preço de custo, mas não é isso: é vender abaixo do preço que a empresa vende no seu mercado de origem. E muitas vezes isso é feito com o objetivo de ganhar mercado em outro país, tirando participação daquela indústria doméstica”;
  2. Dano causado à indústria nacional: “É preciso comprovar que as indústrias atingidas estão sofrendo dano conferindo os indicadores de performance durante um período. São quatorze indicadores analisados – e olhando para o conjunto deles, deve se identificar uma deterioração da situação da indústria doméstica”;
  3. Nexo de causalidade: “É a ligação entre os outros dois fatores: é preciso demonstrar que o dano foi causado pelas importações a preço de dumping e não por outros fatores, como concorrência interna ou importações de outras origens”.

Caso a investigação comprove a prática de dumping, dano e nexo causal, o governo pode aplicar medidas antidumping. Essa decisão é aplicada pelo prazo de cinco anos, havendo a possibilidade de pedido de revisão visando à prorrogação da medida.

De olho no assunto
Importante ressaltar que já existe um direito antidumping para float em vigor: a medida, inicialmente implementada em 2014, foi renovada em 2021 por um prazo de cinco anos e é aplicada às importações brasileiras de floats incolores, com espessuras de 2 a 19 mm (NCM 7005.29.00) originárias da China, Egito e Emirados Árabes Unidos. Vidros do México originalmente estavam inclusos na medida, mas houve a imediata suspensão de sua aplicação, em razão da existência de dúvidas quanto à provável evolução futura das importações originárias do país.

A Abravidro acompanha a nova investigação com atenção, sendo habilitada como parte interessada do caso. Por isso, não deixe de acompanhar os desdobramentos ao longo dos meses por meio de nossos canais, até a decisão final do governo brasileiro sobre o assunto.

Este texto foi originalmente publicado na edição 620 (agosto de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Kalyakan/stock.adobe.com

Henrique Lisboa fala sobre os dez anos da Vivix

Em maio, a Vivix completou dez anos de existência. Entre as ações da usina para celebrar essa ocasião, registrou-se seu retorno como expositora da Glass South America 2024. Na Glass, Henrique Lisboa, presidente da Vivix, passou pelo estúdio do VidroCast, o podcast da Abravidro, para um bate-papo com Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano. Entre os assuntos, Henrique avaliou como o surgimento da Vivix impactou o setor vidreiro nacional, comentou o aumento das importações de vidros planos no Brasil e falou sobre os passos que a empresa pretende tomar para a próxima década. Leia os melhores momentos da entrevista a seguir – e confira o conteúdo na íntegra no canal da Abravidro no YouTube (na versão em vídeo) ou ouça nos tocadores de podcast (em áudio).

Quais as principais conquistas da Vivix nessa primeira década de vida?
Henrique Lisboa – A Vivix marca esse período sendo a primeira empresa nacional dentro do mercado brasileiro de vidros planos – todas as outras fabricantes instaladas aqui são multinacionais. Acredito que isso faz com que a gente compreenda melhor a cultura do País e a forma como o empreendedor nacional atua e pensa. Então, temos a possibilidade de atuar de uma forma mais, digamos, brasileira.

Em 2014, o mercado brasileiro de vidro plano era diferente, não só porque não tinha a Vivix, mas porque a configuração era outra. O que mudou nesses dez anos e qual a contribuição da Vivix para essa mudança?
HL – Acho que a entrada da Vivix foi muito boa para o mercado, não só pelo fato de que a gente começou a ofertar uma produção que não existia e que era necessária – durante quase três anos seguidos antes da nossa entrada, a produção de vidro plano não atendia a demanda no Brasil –, mas também porque isso permitiu que os clientes tivessem mais opções de escolha para efetuar suas compras.

Há cerca de dois anos, na edição de 2022 da Glass South America, a Vivix anunciou a construção do segundo forno. A construção desse forno vem sendo adiada desde então. O que você pode comentar sobre isso?
HL – Veja, quando anunciamos essa obra, ainda era necessário fazer os projetos, buscar as tecnologias, tirar as licenças, e essas etapas levam entre um ano a um ano e meio. Mas, de fato, a Vivix acabou adiando o início dessa construção porque nesse período a demanda por vidro plano caiu, o mercado ficou mais difícil e nós consideramos que não seria responsável iniciar essa construção nesse momento. Hoje, já estamos com tudo pronto para iniciar a obra, mas estamos aguardando o tempo adequado para isso. Ela terá início assim que sentirmos que o mercado está tendo uma retomada sólida da demanda.

 

“A obra do segundo forno terá início assim que sentirmos que o mercado está tendo uma retomada sólida da demanda” (Henrique Lisboa)
“A obra do segundo forno terá início assim que sentirmos que o mercado está tendo uma retomada sólida da demanda”
(Henrique Lisboa)

 

Uma mudança bastante importante que houve no mercado desde o anúncio do segundo forno foi o grande aumento no volume de importações de vidro plano, especialmente no ano de 2023. Como você vê esse movimento e qual o impacto disso para o mercado doméstico?
HL – Antes de a Vivix entrar no mercado, em 2014, as importações aconteceram continuamente por uns dois ou três anos. De lá para cá, nós tivemos mais dois ciclos de aumento na importação: um por volta do final de 2018 e início de 2019, e esse de agora. Considero que esses ciclos são finitos, não contínuos; esse aumento foi muito prejudicial, sim, mas não creio que ele continuará por muito tempo, quando as fabricantes brasileiras têm capacidade de produção interna suficiente para atender o nosso mercado. Em algum momento, as importações vão cair, porque essas circunstâncias que eu comentei vão cessar e o mercado vai retomar o seu curso normal.

Ainda assim, há medidas por parte da Abividro no sentido de tentar coibir ou minimizar o impacto dessas importações: há um pedido recente de antidumping para três origens, e também um de aumento de alíquota de importação para esses vidros planos. Você acredita que essas medidas serão aprovadas e que elas irão ajudar a segurar um pouco esse impacto das importações?
HL – Eu acredito que elas serão aprovadas, sim, e acho que elas são até certo ponto normais. Se você observar outros países do mundo, elas existem lá; por aqui, isso deve minimizar esse impacto da importação, mesmo considerando essa questão da sazonalidade.

Isso é também uma questão relacionada à competitividade. Como podemos tornar o Brasil um país mais competitivo para a indústria?
HL – Bem, aí tem um grande trabalho a ser feito. Temos a questão tributária, que é muito importante e que impacta nos custos de todas as empresas. Há também a questão da geração de energia, do fornecimento de gás natural, que é muito relevante para todo o setor vidreiro. O custo desse insumo no Brasil é um dos mais caros do mundo, o que tira a competitividade do nosso negócio frente às empresas internacionais.

 

“O nosso desafio será a busca por um crescimento sólido, responsável, que faça a demanda do mercado crescer junto conosco” (Henrique Lisboa)
“O nosso desafio será a busca por um crescimento sólido, responsável, que faça a demanda do mercado crescer junto conosco”
(Henrique Lisboa)

 

A Vivix recentemente fez um grande investimento em energias renováveis. Você pode falar um pouco a respeito?
HL – A Vivix, juntamente com a Atiaia – outra empresa do Grupo Cornélio Brennand, que trabalha na área de geração de energia, tendo hidrelétricas e trabalhando também com geração de energia solar –, decidiu construir uma usina de geração solar próxima à nossa planta. Esse investimento foi perto de R$ 200 milhões, mas hoje atende 100% da nossa demanda de energia elétrica, o que é importante não só do ponto de vista de custo, mas também de ESG.

No pacote de comemoração de dez anos da Vivix, tivemos a volta da empresa como expositora na Glass South America 2024. O que você está achando dessa nova edição da feira?
HL – Nós estamos felizes de estar aqui; nunca pensamos em ficar definitivamente fora da Glass, e acho que esse foi o momento certo para voltarmos, celebrando um marco importante. Fizemos um estande diferente dos anteriores, mais voltado para a arquitetura, parecendo um ambiente de Casa Cor, para tentar mostrar algo diferente e chamar especialmente a atenção dos arquitetos, e estamos tendo uma excelente receptividade dessa ideia.

Quais são os grandes desafios para os próximos dez anos da Vivix?
HL – O objetivo da Vivix é continuar crescendo; não falar somente em duas plantas, mas talvez ter mais unidades ao longo desta próxima década, e se consolidar cada vez mais aqui como um player importante no mercado, que tenha uma marca diferente, um pensamento de cultura e de empreendedorismo brasileiros, de estar próxima do cliente, cada vez mais tentando entendê-lo. O nosso desafio, enfim, será a busca por um crescimento sólido, responsável, contribuindo com a cadeia, sem que ele cause perturbações excessivas na cadeia, mas sim que faça a demanda do mercado crescer junto conosco.

Este texto foi originalmente publicado na edição 619 (julho de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Diretores-executivos da Cebrace celebram 50 anos da empresa

Meio século de existência: essa marca foi alcançada pela Cebrace em 2024. A efeméride foi um dos assuntos discutidos pelos diretores-executivos da empresa, Lucas Malfetano e Manuel Corrêa, ao participarem do VidroCast, o podcast da Abravidro, gravado durante a Glass South America 2024.

Durante a conversa conduzida por Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano, Malfetano e Corrêa falaram sobre a evolução do mercado vidreiro nos últimos cinquenta anos e as contribuições da Cebrace para o setor. A entrevista completa está no canal da Abravidro no YouTube (na versão em vídeo) e também nos tocadores de podcast (em áudio). A seguir, confira os destaques do bate-papo.

Qual o sentimento de chegar aos cinquenta anos, com a Cebrace completando meio século de existência no Brasil?
Lucas Malfetano – A primeira palavra que vem para nós é felicidade. São poucas as empresas que conseguem se manter na liderança do mercado durante esse tempo. Aliás, aproveito para deixar aqui o nosso sincero agradecimento a todos os nossos clientes, e também a todos os nossos colaboradores ao longo desses anos.
Manuel Corrêa – Esse aniversário nos possibilitou revisitar a nossa história, nossos marcos históricos e, principalmente, celebrar com as pessoas. Também é sempre um momento de agradecimento para o time, porque ninguém faz nada sozinho, há sempre uma união de esforços.

Como vocês enxergam a evolução do segmento vidreiro ao longo desses cinquenta anos?
LM – Eu acho que o segmento no Brasil teve um desenvolvimento fantástico quando comparado ao de outros países. A evolução do vidro temperado, dos vidros de segurança no Brasil – não vou falar que é um caso único em todo o mundo, mas dos países que eu conheço, certamente é o mais avançado. Então, acho que produzir float no Brasil possibilitou ter uma matéria-prima de qualidade, acompanhando e dando confiança para os nossos clientes fazerem sua parte – e eles têm tido um papel extraordinário para desenvolver esse mercado.

Qual vocês acham que é a principal contribuição da Cebrace para o mercado brasileiro de vidros planos?
LM – A Cebrace foi a primeira usina a trazer o float ao Brasil, e sempre saiu na frente para trazer o melhor do mundo para o mercado brasileiro. Depois disso, tivemos outras inovações no caminho: espelhos, laminados, vidros de controle solar. Houve também inovações na logística, iniciativas comerciais, como o programa Habitat, e ações nos últimos tempos em relação à sustentabilidade, como as melhorias nos nossos processos para o caminho da descarbonização das nossas operações.
MC – A sustentabilidade é um tema apaixonante. A Cebrace tem hoje uma parceria com a Massfix, que é a maior recicladora de vidros do Brasil. O vidro é um material 100% reciclável, infinitas vezes. Então, nós estamos trabalhando junto com a cadeia para aumentar o índice de reciclagem dele, que permite reduzir o consumo de energia nos fornos e a emissão de CO2. Entendemos que o vidro, como produto, também contribui para a sustentabilidade, como as peças de controle solar, que trazem uma redução efetiva do consumo de energia. Para uma construção, isso representa a economia de muitos milhares de reais e evita a emissão de muitas toneladas de CO2 ao longo da vida útil do edifício.

 

“A Cebrace foi a primeira usina a trazer o float ao Brasil, e sempre saiu na frente para trazer o melhor do mundo para o mercado brasileiro” (Lucas Malfetano)
“A Cebrace foi a primeira usina a trazer o float ao Brasil, e sempre saiu na frente para trazer o melhor do mundo para o mercado brasileiro”
(Lucas Malfetano)

 

Esse aniversário foi marcado também pela vitória na 1ª edição do Prêmio Abravidro Glass South America: a Cebrace foi eleita a melhor fabricante de vidro plano do Brasil. Como vocês receberam essa notícia?
MC – A gente agradece bastante aos clientes que votaram e à banca que avaliou e fez o julgamento. É uma honra e também um desafio para nós. Estamos orgulhosos, mas, ao mesmo tempo, temos muita humildade para entender que o mercado evolui, que as coisas mudam, e é parte do nosso espírito estar sempre nos desafiando e procurando as melhorias que nós possamos fazer em qualquer parte da operação.
LM – Essa vitória é uma alegria para nós. Eu gostaria de parabenizar a Abravidro pela iniciativa, acho que será um marco para todas as empresas continuarem avançando. E foi muito boa a ideia de colocar as obras na premiação. No fundo, tudo que a gente faz é para a construção, onde o vidro será instalado e terá um papel fundamental.

No ano de 2023, vimos um incremento importante no volume de importações do float incolor, apesar do antidumping que já se encontra vigente, e temos visto que em 2024 essa média continua alta. Como vocês estão vendo esse movimento e o que podem falar a respeito?
LM – A presença da importação em si não é um problema; nosso mercado é bastante competitivo, temos quatro fabricantes no País, com muita capacidade para fabricar vidros com máxima qualidade em nível mundial. Nossa preocupação é porque a gente observa que está havendo uma concorrência desleal.
MC – O Brasil talvez seja o único país do mundo que protege mais o produto importado do que o produto nacional. Dando um exemplo: São Paulo é o maior mercado do Brasil, nós vendemos as nossas linhas em São Paulo, e se paga um ICMS de 18%; enquanto isso, o produto importado entra por Estados periféricos a São Paulo e, quando são transferidos para cá, pagam um ICMS de 4%. Ou seja, há uma diferença tributária incompreensível para quem opera no País. A gente quer um mercado livre, mas que funcione dentro das regras, que tenha isonomia, e isso infelizmente a gente ainda não vê. O Brasil não pode deixar a indústria nacional desprotegida.

 

“A gente quer um mercado livre, mas que funcione dentro das regras, que tenha isonomia; o Brasil não pode deixar a indústria nacional desprotegida” (Manuel Correa)
“A gente quer um mercado livre, mas que funcione dentro das regras, que tenha isonomia; o Brasil não pode deixar a indústria nacional desprotegida”
(Manuel Correa)

 

A Abividro protocolou no primeiro trimestre deste ano um pedido de antidumping; estamos no prazo de avaliação pelo governo federal se vai abrir a investigação ou não. Vocês podem comentar as expectativas para esse processo?
MC – É um trabalho essencialmente técnico: o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no seu Departamento de Defesa Comercial, vai analisar, vai fazer as pesquisas, olhar os países de origem, qual o preço praticado no mercado interno, e deve concluir, como a gente já prevê, que trata-se de um dumping evidente. Espero que o governo conduza o estudo com bastante disciplina e profundidade, mas a gente tem uma boa expectativa porque realmente está configurado que essas exportações são feitas com preços muito abaixo dos de seus mercados nacionais.

Estamos aqui na Glass South America, a principal feira do nosso segmento. Qual o balanço do evento para vocês?
LM – É muito positivo. Dá para ver um número extremamente expressivo de pessoas. A gente já viu na pandemia a falta que a Glass South America fazia, e eu acho que a gente precisa valorizar as ocasiões como essa feira, como um espaço para informar e permitir que as pessoas conheçam novos produtos e tecnologias, e também para socializar: somos seres humanos, precisamos do contato uns com os outros, e eu acho que a Glass é um exemplo disso.
MC – Estamos muito contentes com a feira; participamos sempre e vemos muito valor nela. É um espaço em que a gente se atualiza sobre o que está acontecendo do ponto de vista da tecnologia, lançamento de produtos. E como o Lucas falou, também é um momento de interação intensa com os nossos clientes e parceiros, e aqui a gente acaba sentindo o pulso do mercado e renovando nossas energias para seguir em frente e entender que estamos em um ecossistema que precisa sempre se realimentar para a gente aprender e caminhar juntos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 619 (julho de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Informação é aqui

Às vezes posso parecer repetitiva, mas sempre é importante reforçar o principal papel de O Vidroplano: levar conteúdo relevante para a rotina das empresas de nosso setor. Este mês temos mais um exemplo disso.

Primeiro, uma boa notícia: a não inclusão do PVB na lista de produtos da extensão do direito antidumping definitivo aplicado às importações de vidros automotivos originárias da China, favorecendo a produção de laminados nacionais. A Abravidro trabalhou duro para conseguir essa vitória de nosso segmento – entenda a situação clicando aqui.

A matéria especial (clique aqui), como você deve ter visto na capa, trata de um assunto de interesse de qualquer processadora: como garantir mais eficácia em seus processos produtivos, diminuindo as perdas de matérias-primas. A padronização dos processos, seguindo parâmetros de qualidade, pode ser o fiel da balança para a empresa fechar o mês com lucro ou prejuízo.

Na seção “Para sua vidraçaria” (clique aqui), descubra de que forma as recentes mudanças realizadas na Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura alteraram esse tipo de serviço. Veja ainda um panorama sobre energia, insumo fundamental para o funcionamento do setor de vidros, principalmente quando pensamos nas usinas e beneficiadoras. O valor da eletricidade ficará mais caro ou barato este ano? Confira clicando aqui.

Boa leitura!

Iara Bentes
Editora de O Vidroplano

Este texto foi originalmente publicado na edição 614 (fevereiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Abravidro argumenta e PVB é excluído da extensão do antidumping de vidros automotivos chineses

O Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) se reuniu no começo deste mês e decidiu pela extensão do direito antidumping definitivo para vidros automotivos chineses, aplicado por meio da Resolução Gecex nº 05/2017, e prorrogado por meio da Resolução Gecex nº 450/2023. A medida, vigente até 17 de fevereiro de 2028, será aplicada às importações brasileiras de vidros recurvados, biselados, gravados, brocados, esmaltados ou trabalhados de outro modo, classificados na NCM 7006.0000, originários ou procedentes da China, que venham a ser utilizados na fabricação de vidros de segurança laminados empregados no setor automotivo. A decisão consta na Resolução Gecex Nº 556, publicada no Diário Oficial da União, no dia 20 de fevereiro.

Histórico
A decisão encerra a revisão aberta em maio de 2023, realizada com o objetivo de apurar se houve circunvenção – ou seja, uma prática para frustrar a eficácia do antidumping em vigor desde 2017, e renovado em 2023, para os laminados automotivos. A princípio, a investigação incluiu, além dos vidros classificados na NCM 7006.0000, o PVB, insumo utilizado na fabricação desses produtos.

A Abravidro credenciou-se como parte interessada no processo, reunindo-se com a equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), e se manifestou também nos autos, apontando para os riscos da inclusão do PVB na eventual extensão do direito antidumping. Esse tipo de interlayer é o mais utilizado na fabricação de laminados de segurança – não apenas os automotivos, mas também os utilizados na arquitetura – e não é fabricado no Brasil. “A decisão se torna uma vitória para o setor vidreiro, pois a inclusão dos PVBs poderia interromper a trajetória de aumento da participação de mercado do vidro laminado”, explica o presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro.

 

Vidros voltados para o setor automotivo são afetados pela medida (Foto: romaset/stock.adobe.com)
Vidros voltados para o setor automotivo são afetados pela medida (Foto: romaset/stock.adobe.com)

 

Exclusão importante
Ao final da revisão, o Departamento de Defesa Comercial (Decom) concluiu que houve a prática de circunvenção nas importações de vidros e PVB de origem chinesa durante o período investigado. Mas, uma vez que não existe produção doméstica de PVB e, se a medida fosse ampliada, poderia haver grande prejuízo, tanto para a administração pública como para os importadores, o órgão acolheu os argumentos da Abravidro e o PVB foi excluído da decisão final sobre a extensão do antidumping.

Consequências para as empresas
A resolução estende o antidumping e aplica alíquotas que variam de 115,7% a 145% aos importadores dos produtos impactados pela medida. “De acordo com o previsto na legislação, importadores que não tenham feito importações durante o período investigado na revisão poderão solicitar sua exclusão da medida, se comprovarem certos requisitos”, explica Rabih Nasser, assessor jurídico da Abravidro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 614 (fevereiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Kalyakan/stock.adobe.com

Antidumping para vidros automotivos é prorrogado

No dia 17 de fevereiro, a Resolução Gecex nº 450/2023 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), prorrogando o direito antidumping aplicado às importações de vidros automotivos originárias da China. O processo se iniciou em 17 de fevereiro do ano passado, após petição apresentada pela Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) para renovação das medidas. Apesar de o volume de vidros automotivos da China não ter sido considerado representativo, constatou-se que haveria probabilidade de retomada do dumping e do dano à indústria doméstica, principalmente pelo elevado potencial exportador desse país e dos preços baixos praticados nas exportações.

Este texto foi originalmente publicado na edição 602 (fevereiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Kalyakan/stock.adobe.com

Antidumping de espelhos é renovado

O Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) renovou o direito antidumping definitivo aplicado às importações de espelhos não emoldurados originárias da China e do México pelo prazo de até cinco anos. A decisão está em vigor desde 17 de fevereiro, quando foi publicada a Resolução Gecex Nº 302 no Diário Oficial da União.

Os espelhos não emoldurados são classificados no subitem 7009.91.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Vale observar que esse direito antidumping não se aplica a alguns tipos de espelho, como os bisotados (bisotê), chanfrados, redondos e ovalados, além dos processados e acabados.

Situação do México
Com relação às importações oriundas do México, houve a prorrogação do direito antidumping, porém com imediata suspensão, em razão da existência de dúvidas quanto à provável evolução das importações vindas desse país. Por ora, a cobrança do direito antidumping aplicado ao México ficará suspensa, mas poderá ser retomada caso haja aumento das importações oriundas de lá, em volume que possa levar à retomada do dano à indústria brasileira, explicam Marina Takitani e Leonardo Gioachini de Paula, membros da equipe de comércio internacional do escritório Nasser Advogados.

Entenda o caso
Em março de 2015, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) decidiu iniciar a investigação para apuração da prática de dumping e dano dela decorrente nas exportações para o Brasil de espelhos não emoldurados da China e do México, a pedido da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro).

No dia 17 de julho daquele ano, o MDIC anunciou determinação preliminar de que houve tal prática. Apesar disso, optou-se por não aplicar o direito antidumping provisório até o final das investigações. Em 19 de fevereiro de 2016, o processo foi encerrado, com a conclusão de que houve dumping causador de dano à indústria nacional. Decidiu-se então pela aplicação do direito antidumping definitivo a essas importações. “Graças a isso, a indústria brasileira pôde se estruturar, sem deixar de oferecer produtos de qualidade ao consumidor”, comenta Lucien Belmonte, presidente executivo da Abividro.

Alíquotas
O direito será recolhido sob a forma de uma alíquota específica, nos valores abaixo:

 

*Prorrogação com imediata suspensão, nos termos do art. 109 do Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013

Vidros automotivos
Foi iniciado também o procedimento de revisão do direito antidumping de vidros automotivos, em vigor desde 2017. O processo de análise vai durar dez meses, com possibilidade de prorrogação para mais dois meses. Durante a revisão, o direito antidumping continua valendo.

O que é dumping?
O dumping é uma prática comercial que consiste na exportação de um produto a um preço inferior àquele que é cobrado no mercado doméstico do exportador, o que pode causar danos à indústria do país importador. Quando há comprovação da prática de dumping e do dano dela decorrente, é possível aplicar medidas antidumping, com o objetivo de neutralizar os efeitos danosos à indústria nacional causados pelas importações.

Crédito da imagem de abertura: phaisarnwong2517/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Direito antidumping é renovado para importações de float

No dia 19 de fevereiro, o Governo Federal anunciou, em publicação no Diário Oficial, a renovação do direito antidumping definitivo, por um prazo de cinco anos. A decisão contempla as importações de vidros float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm (classificados no subitem 7005.29.00 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM), originárias da China, Egito, Emirados Árabes Unidos e México.

No caso do México, houve a renovação do direito antidumping com a imediata suspensão de sua aplicação, por haver dúvidas quanto à evolução futura das importações originárias deste país. Não houve reedição da medida para as compras realizadas nos Estados Unidos e Arábia Saudita.

Saiba como se chegou a essa prorrogação e como foi o processo de análise e deliberação que levou à resolução do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), da Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

 

O primeiro antidumping
Antes de tudo, vale recapitular todo esse pleito do setor vidreiro nacional. Em 19 de dezembro de 2014, com a publicação da Resolução Camex nº 121/2014, foi aplicado pela primeira vez o direito antidumping sobre as importações float incolores originárias da Arábia Saudita, China, Emirados Árabes Unidos, Egito, Estados Unidos da América e México.

A medida, que permaneceu vigente pelo prazo de cinco anos, foi fruto de petição apresentada pela Abividro, em nome da Cebrace e Guardian, diante da existência de indícios da prática de dumping nas exportações, o que estaria causando dano à indústria doméstica.

“O motivo para o pleito da indústria de base, originalmente, eram os preços predatórios verificados principalmente nas importações vindas da China. Esses valores descolados dos praticados no mercado internacional, além de provocar distorções em toda a cadeia, inibiriam qualquer investimento do setor”, justifica Lucien Belmonte, superintendente da Abividro, para quem os cinco anos nos quais o direito antidumping definitivo esteve em vigor foram benéficos para a cadeia, considerando que essas distorções acabaram minimizadas, permitindo até que três novos fornos entrassem em operação no Brasil no período (um da Vivix, inaugurado em 2014, e dois da AGC, um deles inaugurado em 2013 e o outro, em 2019).

Com o final dos cinco anos, tem-se um processo para avaliar a possibilidade de sua renovação. “A revisão é iniciada a pedido da indústria doméstica — no caso, representada pela Abividro — e conduzida no âmbito da Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público (SDCOM), que dá ampla oportunidade de participação a todas as partes interessadas antes de recomendar a renovação ou extinção do direito antidumping”, explica Marina Yoshimi Takitani, advogada integrante da equipe de comércio internacional da Nasser Sociedade de Advogados, escritório que presta assessoria jurídica para a Abravidro.

 

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Interrupção e retomada
Segundo Marina, o andamento do processo acabou demorando mais que o previsto no cronograma de prazos oficial devido à Covid-19. A pandemia acabou inviabilizando as verificações in loco nas instalações das partes interessadas – feitas a fim de verificar a consistência das informações enviadas por elas – e, por esse motivo, os prazos para o encerramento do período foram suspensos por dois meses. Em outubro de 2020, com a contagem retomada, a SDCOM solicitou informações complementares às partes para verificar os dados reportados.

Ao final do processo, a subsecretaria concluiu que a aplicação dos direitos antidumping não impactou significativamente a oferta do produto no mercado brasileiro, uma vez que a entrada da AGC e Vivix no mercado veio a oferecer aumento da competitividade interna. Além disso, não foram encontradas evidências indicando possíveis restrições de oferta nacional em termos de preços, tendo em vista que seguiram a tendência dos principais índices e valores internacionais no período avaliado.

Por outro lado, constatou-se que, caso o direito antidumping para as importações da China, Egito e Emirados Árabes Unidos fosse extinto, as importações provenientes desses países provavelmente ingressariam no mercado brasileiro com dumping, retomando assim o dano à indústria doméstica.

Por isso, o órgão recomendou o encerramento da avaliação de interesse público, não identificando justificativas para que os direitos antidumping fossem suspensos em razão de interesse público. Eles foram extintos apenas para os Estados Unidos e Arábia Saudita. “Para essas origens, muito embora a SDCOM tenha constatado a probabilidade de retomada da prática de dumping, não ficou comprovada a probabilidade de retomada do dano à indústria doméstica decorrente de tal prática”, observa Marina.

 

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Entidades atuantes
Belmonte destaca que o processo para a solicitação dessa renovação foi árduo, exigindo um grande envolvimento por parte das empresas. “A Abividro, seguindo as regras de compliance, não recebe nenhuma informação nem mantém documentos em seu poder”, declara. “Mesmo assim, sem envolvimento burocrático, nossa associação organizou e participou de diversas reuniões com órgãos governamentais.”

A Abravidro participou tanto do processo de revisão como do de avaliação de interesse público, além de se manifestar favoravelmente à renovação dos direitos antidumping nos casos em que houvesse risco fundado de retomada do dano à indústria doméstica. A posição da associação foi definida em assembleia, com votação de diretores e representantes das entidades regionais afiliadas à Abravidro. “O apoio, no entanto, não é uma carta branca às usinas de base. É nosso papel fiscalizar eventuais distorções e práticas que possam ser prejudiciais ao funcionamento do setor vidreiro nacional”, afirma José Domingos Seixas, presidente da entidade.

 

O que é dumping?
O dumping é uma prática comercial que consiste na introdução de um produto no mercado de um país com valor de exportação inferior ao seu preço normal. Medidas antidumping podem ser aplicadas quando a importação dos itens objetos de dumping estejam causando dano à indústria doméstica.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Revisão de antidumping entra em fase final

Após alguns adiamentos devido à pandemia, entrou na fase final o processo de revisão do direito antidumping aplicado às importações brasileiras de vidros planos float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm, da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México. O parecer final da Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público (SDCOM), pela prorrogação ou extinção do direito, foi expedido no começo de fevereiro e enviado para avaliação ao Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Economia. A decisão final será publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Relembre as principais notícias vidreiras de 2020

O que começou com expectativa, logo se tornou incerteza. O ano de 2020 era para ser um período de retomada para o mercado do vidro brasileiro, mas a pandemia chegou para acabar com a esperança de retomada do crescimento em curto prazo. Um ano para ser esquecido? Não, pois saímos dele com valiosas lições em muitos aspectos: humanitário, econômico, social etc. Isso sem falar no aquecimento da construção civil nos últimos meses, trazendo otimismo ao setor. Nas próximas páginas, confira o resumo das principais notícias vidreiras deste ano.

 

JANEIRO

janeiro2Mudança na AGC
Isidoro Lopes tornou-se o novo diretor-geral da Divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América do Sul da AGC, cargo anteriormente ocupado por Francesco Landi. Paulista, Isidoro soma 25 anos de experiência no setor vidreiro, tendo trabalhado também pela AGC na Bélgica.

 

 

 

janeiroAbravidro na telinha
Vera Andrade, coordenadora técnica da associação, explicou no programa É de Casa, da TV Globo, os detalhes sobre a instalação e o uso do vidro em boxes de banheiro, conforme determina a norma NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança. Ela também ressaltou durante sua participação que a principal causa de acidentes é a falta de manutenção preventiva, daí a importância de ter o produto examinado por um vidraceiro a cada doze meses.

 

FEVEREIRO

 

fevereiroVidraceiros ganham norma
No dia 11, a ABNT publicou a aguardada NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional. A norma define os parâmetros e requisitos para a qualificação dos vidraceiros, de forma a ajudar esses profissionais a exercer seus trabalhos com mais qualidade e segurança. A elaboração teve início em 2016, tendo sido promovida pela Abravidro por meio do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) juntamente com o Comitê Brasileiro de Qualificação e Certificação de Pessoas (ABNT/CB-99).

 

MARÇO

março

 

Comando renovado na Vivix
Henrique Lisboa, ex-diretor-comercial e de Marketing da usina, assumiu a presidência da Vivix após o anúncio de que Paulo Drummond, à frente da companhia desde sua fundação, em 2010, deixaria a empresa para se dedicar a projetos pessoais.

 

março2

 

Mais uma unidade no Brasil
A AGC inaugurou uma planta de agregação de valor em Piracicaba, a cerca de 150 km de São Paulo. A unidade é dedicada ao atendimento a clientes regionais do segmento automotivo – ali são feitas a montagem final de componentes dos vidros para esse setor e sua distribuição.

 

 

março3

 

Última feira antes da quarentena
A 18ª Expo Revestir, feira internacional para a área de revestimentos e arquitetura, recebeu cerca de 55 mil visitantes e mais de 200 expositores no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Totens com álcool em gel foram distribuídos pelos pavilhões para uso de todos.

 

março4

 

Coronavírus
No dia 11, a Organização Mundial da Saúde decretou que o mundo vivia uma pandemia causada pelo novo coronavírus, causador da Covid-19. Os meses seguintes foram de paralisação da produção em praticamente todos os setores da indústria, adiamento de eventos e muita incerteza sobre o futuro.

 

 

março5VidroCast no ar!
A Abravidro lançou mais um canal de comunicação, dessa vez um que está na moda. O VidroCast é o podcast da entidade: parece um programa de rádio, com a diferença de que você pode ouvi-lo a qualquer momento no computador, tablet ou celular. Todo mês, sai uma edição nova dele comentando as reportagens de O Vidroplano.

 

 

março6Glass South America é adiada
Devido ao agravamento da pandemia, a NürnbergMesse Brasil, organizadora da Glass South America, optou pelo adiamento da feira. Antes marcada para junho, ela seria realizada nos dias 5 a 8 de novembro, no mesmo local, o São Paulo Expo, principal centro de eventos da capital paulista.

 

 

ABRIL

abrilNova direção na Guardian
Renato Poty assumiu a posição de country manager (gerente do país), tornando-se responsável pela gestão administrativa do Brasil. A liderança das áreas de interface com clientes, incluindo marketing e vendas, permanece sob a direção de Renato Sivieri. O executivo Ricardo Knecht deixou a empresa.

 

 

MAIO

maioTrês décadas de vida!
A celebração do aniversário de 30 anos da Abravidro se deu na revista O Vidroplano, no site e nas redes sociais da entidade. Diversos momentos históricos foram lembrados, desde a fundação, em 29 de maio de 1990 (ainda com o nome de Associação Nacional de Distribuidores de Vidros e Cristais Planos – Andiv), a criação do Simpovidro e participação em feiras internacionais, até o trabalho incessante em desenvolver o setor vidreiro brasileiro e defender seus interesses.

Números do setor
Foi publicado nesse mesmo mês o Panorama Abravidro 2020, estudo produzido pela associação que analisa os dados produtivos do mercado de vidros planos referentes a 2019.

maio2Estreia o Abravidro Entrevista
A associação deu início a uma série de lives transmitidas pelo Instagram com o objetivo de interpretar os impactos da crise causada pela Covid-19 em nosso mercado. Em edições de maio a julho, foram entrevistados os executivos das usinas Cebrace, AGC, Vivix e Guardian. Houve também uma edição especial sobre o Dia do Vidraceiro, em 15 de maio.

 

 

maio-3Glasstec só ano que vem…
A principal feira vidreira do mundo deixou sua edição física para 2021. Organizado pela Messe Düsseldorf e previsto para os dias 20 a 23 de outubro, o evento tem realização prevista para o período de 15 a 18 de junho do ano que vem.

 

 

maio5

 

…assim como a Glass South America
O segundo adiamento da mostra justificou-se necessário, devido às restrições para viagens e determinações de quarentena. Por isso, a 14ª edição da feira foi remarcada para 24 a 27 de março de 2021.

 

JUNHO

junho

 

Reeleito
José Domingos Seixas assume seu segundo mandato como presidente da Abravidro. Ele e a diretoria eleita ficam à frente da entidade até 2023.

 

 

 

Normas na Internet
No dia 1º, Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro, participou de uma live organizada pela Cebrace a respeito da importância das normas técnicas para as diferentes aplicações do vidro na construção civil. No dia 3, Clélia palestrou num evento online da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal) e também comentou o tema, dessa vez com foco no uso correto de vidros de segurança em esquadrias.

 

junho2Antidumping renovado
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério da Economia, decidiu prorrogar o direito antidumping aplicado às importações de vidros originários da China para uso em eletrodomésticos da linha fria (NCM 7007.19.00). A medida, com validade por até cinco anos, foi publicada no dia 25.

 

 

JULHO

julhoCrise na Argentina
A Saint-Gobain Sekurit, divisão do Grupo Saint-Gobain, suspendeu, temporariamente, a produção de vidros automotivos na Argentina. Por conta disso, parte de suas operações de produção foi transferida para o Brasil. Essa medida foi necessária para garantir a sustentabilidade da operação, mas a empresa seguiu atendendo o mercado de reposição.

 

SETEMBRO

setembro

 

Sem burocracia
Em vigor a partir do dia 1º, a Portaria nº 282 retirou a exigência de registro de objeto e anuência para licença de importação de vidros automotivos, deixando o processo mais simples e menos burocrático.

 

 

setembro2Obras verdes
No dia 23, o Grupo Saint-Gobain anunciou os vencedores da 7ª edição do Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável. Neste ano, devido à pandemia, a cerimônia foi transmitida pela Internet pela primeira vez, sendo acompanhada pelo público em geral ao vivo. Várias obras vencedoras têm o vidro como elemento de destaque.

 

 

 

setembro3Produtos e palestras digitais
O GlassBuild Connect, organizado pela National Glass Association (NGA) no lugar da edição 2020 da GlassBuild America e realizado ao longo de todo o mês, contou com mais de 70 webinars, além de cerca de 300 empresas expondo produtos e serviços, tudo também pela Internet.

 

 

OUTUBRO

outubroComitê para esquadrias
O Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248), criado pela ABNT, começou suas atividades no dia 1º tendo o Sindicato das Indústrias de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp) como sede. Roney Margutti, engenheiro e gerente técnico do sindicato, é o gestor do novo comitê que atuará na normalização do segmento de esquadrias, componentes e ferragens em geral em relação à terminologia, procedimentos, requisitos e métodos de ensaio desses produtos.

 

outubro2Novo boletim online
A Abravidro lançou o Fique por dentro. Boletim de notícias em formato de vídeo, contém as últimas informações do setor e está disponível a cada 15 dias no canal da entidade no YouTube e também nas redes sociais.

 

 

Conexão Glass no ar
A Glass South America também entrou na onda de eventos digitais. No dia 29, o 1º webinar da série Conexão Glass teve como tema de estreia Casas inteligentes e conectadas: oportunidade de negócios para o setor. Mensais, as lives irão ao ar até a realização presencial da mostra em 2021.

Vidro na faculdade
A Abravidro realizou as aulas do módulo sobre vidros para a 7ª turma do curso de extensão “Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Este ano, devido à pandemia, as aulas foram ministradas online.

Glasstec Virtual
A versão digital da Glasstec foi realizada de 20 a 22 no site da feira. Mais de 10 mil participantes acessaram o conteúdo gratuito, incluindo palestras técnicas, exposição de produtos e rodadas de negócios.

 

NOVEMBRO

novembro

 

Termoendurecidos dentro da norma
A ABNT publicou, no dia 12, a NBR 16918 — Vidro termoendurecido. O texto apresenta os requisitos para o processo de fabricação desse tipo de vidro.

 

 

 

Revisão dos temperados
Começou nesse mês o processo de revisão da NBR 14698 — Vidro Temperado, com o objetivo de atualizar os requisitos desse produto.

Levando conhecimento
A coordenadora técnica da Abravidro, Vera Andrade, ministrou a palestra online Normas técnicas do vidro. A apresentação foi organizada pelo Sindividros-RS e transmitida pela plataforma Construsul Online.

 

DEZEMBRO

glass-feira

 

Data remanejada
Cenário de incertezas por conta da pandemia leva organizadores da Glass South America a remanejar a data da feira mais uma vez. A mostra será realizada de 1º a 4 de setembro de 2021.

 

 

 

Mais mudanças em feiras
A Feicon Batimat anunciou o adiamento da mostra para 14 a 17 de setembro de 2021, no São Paulo Expo. A Expo Revestir também mudou: a edição do ano que vem, programada para março, será 100% digital.

Este texto foi originalmente publicado na edição 576 (dezembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Governo renova antidumping para linha fria

A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério da Economia, decidiu prorrogar o direito antidumping aplicado às importações de vidros originários da China para uso em eletrodomésticos da linha fria (NCM 7007.19.00). A medida, com validade por até cinco anos, foi publicada no dia 25 de junho no Diário Oficial da União, por meio da Resolução Camex nº 63/2020.

Histórico
A primeira vez que importações chinesas desse vidro receberam medidas antidumping foi em julho de 2014, a partir de petição da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro). Naquela ocasião, a autoridade investigadora concluiu pela existência da prática de dumping nas importações chinesas, o que causava graves prejuízos à indústria doméstica. Após o término dos cinco anos de vigência do direito, pediu-se a sua prorrogação.

Mudanças
Durante o processo de revisão, iniciado em julho do ano passado, concluiu-se que a extinção do antidumping para esses produtos levaria à retomada do dano a empresas nacionais. Isso se justificou, principalmente, devido ao elevado potencial exportador chinês e aos baixos preços praticados por fabricantes do país asiático durante o período investigado. “Os vidros para a linha fria são um importante insumo para a fabricação de eletrodomésticos e as importações da China têm um papel relevante no abastecimento do mercado brasileiro”, explica Marina Yoshimi Takitani, advogada da equipe de Comércio Internacional do escritório Nasser Sociedade de Advogados.

A Resolução Camex nº 63/2020 concluiu que o dumping causado por esses produtos foi de US$ 8,83/m². Decidiu-se também que a alíquota aplicada será de US$ 2,74/m² para empresas selecionadas e US$ 5,45/m² para as demais empresas chinesas.

Importante lembrar que outro direito antidumping está sendo revisado pelas autoridades competentes: o relacionado ao vidro float, de espessuras de 2 a 19 mm (NCM 7005.29.00), com procedência da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México.

O que é?
O dumping é uma prática comercial em que uma ou mais empresas de um país vendem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços abaixo de seu valor justo para outro país, a fim de prejudicar e eliminar os concorrentes no local. Quando a prática é comprovada, aplicam-se medidas para neutralizar os prejuízos à indústria das nações afetadas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Antidumping em revisão

A Circular Nº 69, publicada no dia 19 de dezembro no Diário Oficial da União, determinou o início da revisão do direito antidumping aplicado às importações brasileiras de vidros float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm (classificados no item 7005.29.00 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM), vindos da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México. Ao final desse processo, haverá a definição se esse direito — em vigor no País desde 19 de dezembro de 2014 — será aplicado por mais cinco anos ou não. A revisão deverá ser concluída em outubro deste ano e, durante a análise, as medidas antidumping permanecerão em vigor. A Abravidro já se manifestou perante o governo como parte interessada no assunto e será atualizada sobre as discussões.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Direito ‘antidumping’ definitivo é aplicado a vidros automotivos vindos da China

No dia 17 de fevereiro, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex), da Câmara de Comércio Exterior (Camex), determinou o encerramento da investigação de dumping nas exportações para o Brasil de vidros automotivos temperados e laminados vindas da China. A investigação concluiu que houve a prática de dumping, bem como um vínculo significativo entre essas exportações e o dano à indústria doméstica. A informação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), por meio da Resolução Nº 5, de 16 de fevereiro de 2017.

Dessa forma, haverá a aplicação de direito antidumping definitivo a essas importações, sob forma de alíquota específica, por um prazo de até cinco anos. Os produtos em questão são comumente classificados nos itens 7007.11.00, 7007.19.00, 7007.21.00, 7007.29.00 e 8708.29.99 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

Atenção: o direito antidumping não se aplica a vidros blindados, tetos solares elétricos e vidros temperados e laminados para aplicação em motocicletas, tratores e outros veículos.

Mais informações: www.camex.gov.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 531 (março de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Decisão tomada!

Este texto foi originalmente publicado na edição 519 (março de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui

Após onze meses, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) encerrou a investigação antidumping sobre a importação de espelhos não emoldurados — comumente classificados no item 7009.91.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) — vindos da China e do México.

O governo entendeu que houve dumping nessas importações e também dano à indústria doméstica em decorrência dessa prática e, por isso, decidiu pela aplicação de Importação direito antidumping definitivo. A informação foi comunicada na Resolução Nº 10, de 18 de fevereiro de 2016, publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 19 de fevereiro.

Na prática, para importar espelho em chapa desses dois países nos próximos cinco anos, o importador precisará pagar uma alíquota adicional que varia entre US$ 388,73 e US$ 427,43/t de acordo com o fornecedor do produto. Veja abaixo a resposta para as dúvidas mais frequentes.

Atenção!
O direito antidumping para espelhos não se aplica a alguns produtos não emoldurados. São eles:
• Bisotados (bisotê);
• Chanfrados;
• Redondos;
• Ovalados;
• Espelhos processados e acabados:
> para fabricação de embalagens cosméticas;
> de bolso;
> de bolsa;
> de mão;
> para telescópios;
> côncavos;
> convexos;
> laminados de segurança.

O que você precisa saber sobre o caso
O que é ‘dumping’?
É uma prática comercial em que uma ou mais empresas de um país vendem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços abaixo de seu valor justo para outro país, a fim de prejudicar e eliminar os concorrentes no local. Quando a prática é comprovada, aplicam-se medidas antidumping para neutralizar os prejuízos à indústria nacional.

A quais importações o direito ‘antidumping’ de espelhos é aplicado?
A todas as transações de espelhos não emoldurados originários da China e do México cujas Declarações de Importação (DI) sejam registradas a partir de 19 de fevereiro de 2016. Contudo, há exceções (veja mais no quadro acima).

Por quanto tempo terá validade?
O prazo de aplicação desse direito é de até cinco anos

Como será recolhido?
Sob a forma de alíquota específica, fixada em dólares por tonelada. A tabela com todos os valores pode ser consultada no site da Abravidro.

Histórico do caso
23 de março de 2015 Atendendo a um pedido da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidros (Abividro), governo decide investigar a prática de dumping, o dano à indústria doméstica e a relação causal entre ambos nas exportações para o Brasil de espelhos não emoldurados da China e do México.

17 de julho de 2015 — É emitida uma determinação preliminar de que houve prática de dumping. Apesar disso, opta-se por não aplicar o direito antidumping provisório até o final das investigações.

14 de janeiro de 2016 — O prazo para o término da investigação é prorrogado por até oito meses.

19 de fevereiro de 2016 — Investigação é concluída, com a decisão pela aplicação do direito antidumping definitivo.

 

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