A turma do “8º Curso de Extensão Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, participou do módulo sobre vidros nos dias 30 de agosto a 2 de setembro. Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro, ministrou as duas primeiras aulas, levando aos estudantes a história, os tipos e a cadeia produtiva do material, dados de seu consumo e as principais normas técnicas vidreiras da ABNT. Os dois últimos dias foram ocupados por Débora Constantino, consultora técnica da Cebrace, empresa parceira da entidade no módulo desde a 1ª edição do curso. Seu conteúdo incluiu as propriedades dos espelhos, peças de controle solar, conceitos da acústica e o desempenho que o vidro oferece nas suas mais variadas composições.
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Mostras de arquitetura voltam a ser realizadas
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, eventos presenciais estão aos poucos sendo retomados pelo Brasil. Este mês, três exposições de arquitetura e design podem ser visitadas em Goiás, Pernambuco e São Paulo – e, como de costume, é possível encontrar vidros e espelhos em seus ambientes. Confira alguns destaques!
RIOMAR CASA
(26 de agosto a 26 de setembro — RioMar Shopping, Recife)
Valorizando o verde
A cor verde está bastante presente no Bangalô da Praia, elaborado pelo arquiteto Paulo Veloso – e ela não se restringe à pintura nas paredes: peças laminadas de controle solar Vivix Performa Duo Verde Intenso (foto), da Vivix, foram aplicadas no ambiente não só para a otimização do seu conforto térmico interno, mas porque sua tonalidade harmoniza com as cores previstas no projeto. O banheiro do bangalô também conta com o espelho Vivix Spelia incolor.
Beleza com utilidade
Vidros pintados Vivix Decora Nude foram utilizados pelos arquitetos Thyago Amaral e Igor Santos, sócios do escritório Morais Amaral Arquitetura, para revestir uma das paredes do Quintal Corporativo (foto). As peças não estão lá apenas pela sua beleza. A ideia foi conferir ao ambiente uma parede multifuncional, com coloração que conversasse com o espaço e que pudesse trazer outro uso, possibilitando anotações e desenhos em sua superfície (detalhe).
Casa de Vidro
Esse é literalmente o nome dado pela processadora Sanvidro ao espaço projetado por ela para a mostra (foto). Como o objetivo é destacar a versatilidade do vidro, nosso material é visto aplicado das mais diversas formas — há temperados e laminados com tecido utilizados como piso e mobília, além de peças nas cores branca e nude da linha Vivix Decora revestindo as paredes.
CASA COR GOIÁS
(28 de agosto a 12 de outubro — Flamboyant Shopping Center, Goiânia)
Privacidade com elegância
O Lounge Vitrine Flamboyant, assinado pela arquiteta Milena Niemeyer, foi concebido para ser um marco de boas-vindas aos visitantes da Casa Cor Goiás 2021. O ambiente é composto por um centro circular de bate-papos, descanso e apoio para conexão – nesse sentido, as várias divisórias douradas de vidro canelado (foto), fornecido pela Cinex, contribuem para garantir a privacidade visual e o distanciamento entre as pessoas, sem comprometer a sensação de amplitude do espaço e agregando elegância a ele.
Reflexos por todos os lados
Grandes espelhos Cebrace na cor prata (foto), fornecidos pela MS Vidros e Esquadrias, revestem parte das paredes da Sala de Banho Aldeia, idealizada pelo arquiteto Leo Romano. O que não falta no ambiente, aliás, são espelhos. Peças emolduradas decorativas, executadas pela Movelaria Brasileira, distribuem-se em pontos de destaque visual na sala de banho.
CAMPINAS DECOR
(3 de setembro a 2 de novembro — Colégio Técnico de Campinas (Cotuca), Campinas, SP)
Diversas possibilidades para o vidro
Como o próprio nome indica, o Espaço Viver Guardian (foto), criado pela designer de interiores Fabrícia Pellizzon e pelo arquiteto Fernando Pellizzon, do estúdio Pellizzon Arquitetura e Interiores, não poderia deixar de trazer vários produtos da fabricante. O ambiente conta com portas e boxe de vidro ReflectGuardian (refletivo voltado para interiores), paredes revestidas com peças pintadas da linha DecoCristal nas cores branco e off white, janelas com vidro de conforto térmico ClimaGuard SunLight e espelhos Guardian Evolution, além de um vidro pintado na cor azul, criado especialmente para a Campinas Decor em parceria com a Color Vidros. Os produtos foram processados pela Cyberglass e fornecidos pela Vidraçaria Decorvid.
Retrofit que veio para ficar
A Campinas Decor 2021 está sendo realizada no antigo prédio do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca). Fechado desde 2014 por falta de condições de uso, graças ao convênio firmado entre a organização da mostra e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o imóvel, construído em 1918, foi reformado e modernizado, reforçando a política da Campinas Decor de recuperar espaços do patrimônio público. Uma dessas mudanças é o uso do vidro de controle solar ClimaGuard SunLight, da Guardian, na fachada do Cotuca (foto), o que deve contribuir para aumentar o conforto térmico dos ambientes e o bem-estar de alunos e professores após o término da exposição.
Casa nova e aberta para visitas
Outro evento que voltará ao formato presencial em 2021 é a Casa Cor São Paulo, considerada a maior e mais reconhecida mostra do segmento de arquitetura, decoração, design e paisagismo das Américas. Este ano ela será realizada no novo espaço de eventos multiuso da capital paulista, o Parque Mirante, anexo ao estádio Allianz Parque. Segundo a organização, o local estará preparado para obedecer aos protocolos sanitários e garantir a integridade física de todos nesse período de pandemia. A Casa Cor SP 2021 começa em 21 de setembro e segue até 15 de novembro.
Vidro traz possibilidades na comunicação visual
Você certamente já leu a frase presente no título desta reportagem em outras ocasiões. Há um bom motivo para isso: as imagens são partes indispensáveis da comunicação visual – isto é, toda forma de comunicação expressa por meio exclusivo da visão. Enquanto textos precisam ser lidos e interpretados, elementos visuais como logomarcas, desenhos e outros recursos trazem agilidade na transmissão e recepção da mensagem.
E o que o vidro tem a ver com isso? Muito. Nosso material pode proporcionar diferentes soluções nesse sentido, das mais simples às mais sofisticadas. Na seção “Para sua vidraçaria” deste mês, pegamos o gancho da matéria especial sobre serigrafia (para lê-la, clique aqui) para mostrar algumas possibilidades visuais com vidro e por que pode ser bastante interessante incorporá-las ao seu negócio.
Versatilidade
Segundo a arquiteta Fernanda Quintas, supervisora de Marketing e Especificação Técnica da PKO do Brasil, o uso de vidros e espelhos como elementos para a comunicação visual é uma ótima opção para propagar a identidade de marcas e produtos de forma moderna. “Materiais extremamente versáteis, eles vêm ganhando ao longo do tempo novos usos e aplicações”, comenta.
Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix, destaca que essa versatilidade e praticidade possibilitam um universo de transformações criativas. “É possível desenvolver toda a comunicação de um projeto utilizando o vidro como base”, diz. “Hoje, a impressão digital permite reproduzir logos, imagens e efeitos no vidro, inclusive com a sensação de efeito 3D.”
Outras vantagens oferecidas pelo nosso material nesse segmento são destacadas por Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado de Vidros para Construção Civil da AGC. A profissional explica que, por serem produtos de superfícies regulares e acabamentos diferenciados, oferecer possibilidades de cores e trazer características visuais distintas, que vão da reflexão à transparência e até mesmo a opacidade, “os diferentes tipos de vidro e espelho podem ajudar a promover qualquer modelo de sinalização ou comunicação”.
Como usar?
“Vidros podem ser utilizados em revestimentos, fachadas, construção de totens, placas, displays etc.”, aponta Viviane Sequetin, gerente de Marketing da Guardian para a América do Sul. Para essas aplicações, opina, os produtos mais indicados são as peças pintadas, refletivas e os espelhos.
Conforme mencionado anteriormente, a impressão digital é uma das soluções mais modernas presentes no mercado para o uso de textos e imagens na superfície das chapas. Já no caso de vidros pintados, os revestimentos feitos com esses produtos também podem desempenhar a função de lousa, permitindo que sejam feitas anotações e desenhos na superfície.
Em vitrines, a transparência acaba sendo a qualidade mais desejada para que haja comunicação visual. “Para isso, a opção mais interessante são os vidros antirreflexo, que possibilita ver através do material sem interferências – numa vitrine, o papel do vidro quase sempre é valorizar a visibilidade do interior do espaço”, comenta Mônica Caparroz, gerente de Marketing da Cebrace. Outras opções interessantes para esse tipo de utilização são peças extra clear e o uso de fitas de LED para a iluminação dos displays.
No caso de laminados, elementos visuais como fotografias podem ser aplicados junto ao interlayer. Outra possibilidade são os interlayers de LCD, os quais permitem mudar o estado do laminado de transparente para opaco e até transformá-lo numa tela para projeção de imagens.
São muitas as formas de uso de vidros e espelhos como elementos de comunicação visual, como pode ser visto nas fotos presentes ao longo desta reportagem. A criatividade do especificador é o limite.
Trazendo a comunicação ao seu negócio
Trabalhar com peças de valor agregado, como vidros refletivos e pintados, é essencial se sua empresa pretende atuar na área de projetos de comunicação visual. “A vidraçaria que busca diferenciação deve ter esses produtos em catálogo para poder ofertar um mix mais rico, levando inovação para seu cliente e, consequentemente, aumentando seu lucro”, avalia Viviane Sequetin, da Guardian.
Ana De Lion, da AGC, destaca que o universo da construção e reforma está sempre promovendo novas opções e muda constantemente. “Estar conectados a essas mudanças é uma maneira de termos condições para acompanhar as necessidades de um consumidor cada vez mais antenado com as tendências e possibilidades”, alerta. “Se ele não encontrar as soluções que busca em seu fornecedor, com certeza buscará uma opção no concorrente.”
Um ponto importante que o vidraceiro deve ter em mente é que produtos especiais precisam de cuidados especiais. Esse é o caso, por exemplo, do vidro polarizado Privacy Glass, da PKO do Brasil. “É fundamental atentar-se ao dimensionamento do caixilho considerando folgas, calços e o barramento de cobre presente no vidro polarizado, de modo a ‘esconder’ este último e evitar a pressão em excesso sobre a peça”, orienta Fernanda Quintas. “Além visuaisdisso, a vedação deve ser feita sempre com silicone neutro, pois o silicone acético provocará delaminação.” Em geral, as fabricantes recomendam que as vidraçarias sempre consultem os manuais que elas disponibilizam com os cuidados necessários para cada produto, a fim de garantir que eles proporcionem a aparência e o desempenho esperados.
A atenção com essas soluções especiais para comunicação visual e a dedicação em levá-las aos seus clientes certamente valerão a pena. “Sempre haverá uma maneira de utilizar o vidro a favor da inovação, do requinte, do novo, de fazer diferente e melhor”, frisa Viviane Moscoso, da Vivix. “Consequentemente, essa criatividade repercutirá em excelentes resultados financeiros para a sua vidraçaria.” Mônica Caparroz, da Cebrace, completa: “A vidraçaria é a referência do consumidor final e o braço direito do arquiteto. Quando o cliente enxerga o produto aplicado e entende sobre a sua variedade e os tipos de aplicação, novas possibilidades que mexem com o desejo desse comprador ou especificador se abrirão”.
O Vidroplano entrevista executivos da Cebrace
A Cebrace anunciou diversas movimentações em seus negócios recentemente. Uma delas envolve sua diretoria-executiva: Manuel Corrêa assumiu o cargo ocupado há sete anos por Reinaldo Valu, que deixou a empresa para novos desafios dentro do Grupo Saint-Gobain. Corrêa agora representa a usina vidreira ao lado de Leopoldo Castiella. A outra mudança altera de forma significativa o setor de vidros impressos: a marca Saint-Gobain Glass, única fabricante do material em nosso país, deixa de ser usada e os produtos passam a integrar o portfólio da Cebrace.
Para entender esses movimentos, O Vidroplano entrevistou com exclusividade Corrêa e Castiella. Ambos comentam a situação de futuros investimentos, como a construção do forno C6, e a situação do mercado em meio à pandemia.
Conte-nos sobre sua jornada dentro do Grupo Saint-Gobain até chegar ao atual cargo na Cebrace.
Manuel Corrêa — Vou completar 37 anos de carreira profissional e já fiz diversas coisas no grupo. Comecei na divisão de refratários, assumindo a gerência do negócio aqui na América do Sul muito jovem. O início foi na área comercial — essa área e a de produto sempre me acompanharam. Migrei para a divisão de abrasivos e, posteriormente, para o setor de negócios e manufatura, onde comecei a ter proximidade com produção e desenvolvimento de produtos. Depois, fui para a China tomar conta de uma unidade de negócios para a Ásia, uma joint-venture que ficava no Japão. Estava com certa frequência nessa empresa e isso vai me ajudar bastante na relação com o sócio japonês, a NSG. Fiquei no continente por três anos e meio e aí retornei ao Brasil para liderar a Sekurit, divisão de vidros automotivos da Saint-Gobain. Então, eu já tive uma visão de cliente da Cebrace, do entendimento do mercado, sei no que a gente pode avançar, quais os desafios presentes e futuros. Estive também em outra jornada dentro do grupo, como líder da Telhanorte Tumelero. Um negócio completamente diferente de tudo que eu tinha feito na vida, saindo de atividades industriais para uma experiência de varejo e lidando, sobretudo, com o consumidor final, vendedores em lojas, entrega em domicílio. Tudo bastante intenso. Em 2018, fui para os Estados Unidos liderar a divisão de abrasivos e reorganizar as operações na América do Norte. Completei três anos lá no final de junho e aí recebi esse convite para a Cebrace. Conheço a região, sou natural do Vale do Paraíba [região em que a Cebrace está instalada em São Paulo]. Assim, para mim é uma volta para casa dupla – não somente do ponto de vista profissional, mas pessoal. A Cebrace é uma empresa de administração excelente, tem-se aqui um nível de gestão exemplar. E um dos meus desafios é procurar melhorar algo que já é muito bom, usando o que eu aprendi no Japão, o conceito de kaizen, de melhoria contínua, com muita humildade e respeito.
Em 2016, a Cebrace tinha se tornado distribuidora exclusiva dos vidros impressos da Saint-Gobain Glass para os Estados do Sul e de São Paulo. Agora, todos esses produtos passam a fazer parte do portfólio da Cebrace de forma definitiva. Quais foram os motivos para essa grande reestruturação que culminou com o término do uso da marca da SGG no Brasil?
Corrêa — A razão é bastante simples. A gente vê o vidro impresso – ou o vidro texturizado, que é a nossa nova forma de comunicação para esse produto – como um material que preenche muitos espaços também destinados ao float. Comercialmente, o canal é o mesmo, com algumas exceções. A maioria dos clientes é comum e os preços são mais ou menos relativos. A empresa viu no passado essa oportunidade de buscar sinergia entre as áreas comerciais, de unificar isso. Por isso, hoje, a unidade comercial do vidro texturizado é da Cebrace. Todos os produtos são vendidos por ela. Isso nos pareceu uma estratégia vencedora, uma vez que você ganha integração. Estamos muito satisfeitos e os resultados têm evoluído.
Então, não devemos fazer uma leitura desse movimento como redução do mercado de texturizado?
Leopoldo Castiella — Sobre isso eu queria pontuar algumas coisas. Primeiro, o maior uso do float em aplicações que seriam de texturizados é um caminho mundial. Por esse motivo, quando se olha para o mundo inteiro, muitas operações desse produto não tiveram continuidade nos últimos cinco anos, fundamentalmente por essa migração para aplicações mais sofisticadas com o float, que requerem outro tipo de processamento, acabamento. Outro ponto é a otimização dos processos. Nós vimos durante a pandemia que temos uma estrutura de custo competitivo. Então, a combinação do forno da SGG, em São Vicente [SP], fabricando com a Cebrace comercializando otimiza o processo todo.
Estamos em um momento cheio de desafios para a realização de novos investimentos. Por isso mesmo, poderiam comentar qual o andamento do projeto para a construção do forno C6? Em 2019, foram conseguidas as licenças ambientais para a obra em Caçapava (SP). Alguma novidade de lá para cá?
Castiella — A situação é a mesma. A pandemia atrasou um pouco todas as coisas, como o timing de recuperação do mercado e a possibilidade física de dar andamento aos projetos. A gente precisa completar o forno da Vasa, na Argentina, reparar o C2, fazer uma reparação a quente também aqui em Jacareí [SP]… Temos uma quantidade de projetos que se afunilaram e agora a gente precisa andar com eles. Para isso, existem desafios desde trazer os técnicos do exterior, levando em conta as várias restrições dos países em relação à pandemia, e até muitos dos materiais, os quais vêm da Ásia, da China. O C6 está na pauta, sim, dentro de nossas prioridades, e vai ser feito. Mas pra isso precisamos fazer andar a fila e desafogar o resto.
Em relação ao forno da Vasa, a planta continua prevista para ser inaugurada em abril de 2022? E a reforma do C2 segue com a data de janeiro?
Castiella — Sobre a Vasa, estamos trabalhando pra isso. Hoje, há 250 operários trabalhando no canteiro de obra na Argentina e todos os fornecedores são locais, com alguma exceção de pessoas que levamos pra lá. Agora, o timing definitivo só vamos saber quando chegar a hora, dependendo da velocidade com que consigamos mobilizar os times do exterior e o abastecimento de materiais. E sobre a reforma do C2, por enquanto, segue na data. Se em algum momento tiver alguma modificação, a gente vai comunicar.
No ano passado, por conta dos impactos da pandemia, tivemos alguma indisponibilidade no abastecimento de float no segundo semestre. Este ano a situação melhorou, mas a oferta ainda não está plena, não é? Como a Cebrace está se preparando para a parada do C2?
Castiella — Eu diria que não temos, pois não estamos fabricando permanentemente toda a linha de produtos. Para dar um exemplo concreto: eu já esqueci quando foi a última campanha de vidro bronze. Para ter abundância ainda faltam alguns passos a mais. Mas existem várias frentes que não estão 100% claras e que não são fáceis de serem previstas. A indústria automotiva, o principal cliente do forno de Caçapava, ainda está com muita dificuldade pela extensão dessa parada, por causa da falta de semicondutores. Isso, por um lado ajuda, pois facilita na constituição dos nossos estoques; mas, por outro, a gente deixa de vender. Precisa ir acompanhando no dia a dia, semana a semana, o que acontece. Mas já estávamos organizados para passar por esse reparo no forno e vamos começar a constituir os estoques um pouco mais perto do final do ano.
Como vocês veem o atual momento de outros setores clientes do vidro, como o moveleiro e o de linha branca? Como está a demanda?
Corrêa — A origem dessa crise foi muito diferente. Não foi um problema econômico, mas de saúde, que teve impacto enorme na vida das pessoas. Isso forçou todo mundo a apertar o cinto — e na Cebrace não foi diferente. Aconteceu uma coisa impensável numa atividade como a nossa, fato único na história da companhia: paramos todas as linhas de produção, assim como nossos clientes fizeram. Todo mundo acabou preservando caixa e deixou o estoque num nível muito baixo. Essa demanda dos últimos meses, uma parte dela, foi naturalmente para a recomposição desses estoques. Acho que agora, com a vacinação e a melhoria das condições sanitárias, a demanda vai crescer. E a indústria da construção viveu esse boom no segundo semestre do ano passado também por causa das pequenas reformas. Toda a pandemia impactou o jeito com que as pessoas se relacionam com sua casa. Querem um espaço maior para trabalhar, lidar com o estresse do home office, brincar com filho, cachorro… e isso nos favorece. É uma coisa meio que permanente, ninguém imagina voltar tudo como era antes. Aprendemos coisas novas nesse período.
Castiella — Cada setor está em uma realidade diferente, com sazonalidades e situações distintas. A falta de componentes complica alguns ramos, talvez a construção civil em menor escala. Porém, quando vamos para a refrigeração industrial, para alguns casos de eletrodomésticos, e até na indústria moveleira, no caso do MDF e algumas peças de plástico, isso tem impacto. Mesmo dentro do vidro a gente conta com um ciclo sazonal. Nossa visão é de que, a partir da segunda quinzena de agosto, a coisa começa a andar de novo; e setembro, outubro e novembro serão meses acelerados. A visão é ter um fechamento de ano positivo. Agora, por exemplo, se faltar MDF vai ser um problema para todos, pois não vai dar para completar os móveis e o vidro acaba afetado.
Sobre a questão da sazonalidade, apesar do bom segundo semestre de 2020 para a construção, a linha branca não teve a mesma sorte e acabou sofrendo no período.
Castiella — Sim, mas com considerações. Está tendo uma acumulação de preço nas cadeias. Hoje existe uma briga de repasse no valor das matérias-primas. Os clientes da linha branca, por exemplo, antes dos consumidores finais, são os grandes magazines, as lojas. E entre a indústria e os lojistas ocorre uma discussão sobre o repasse de parte desses custos. Essas pequenas brigas acabam influenciando, mas todo mundo sabe que no fim do ano as coisas melhoram. Acho que tem, sim, um efeito estacionado de consumo; junho e julho geralmente são meses mais fracos, pessoal em férias. Isso é uma realidade. Mas, por outro lado, tem esse efeito inflacionário que eu comentei. E os aumentos de custo vão chegar ao consumidor final de alguma maneira, podendo impactar um pouco a demanda, inclusive na construção civil. Algumas obras começaram com uma estrutura de custos e agora isso precisa ser mudado.
Corrêa — Nos meus últimos meses nos Estados Unidos, via-se uma inflação enorme em dólar atingindo insumos como aço e derivados do petróleo. No Brasil, isso se amplifica pela desvalorização do real. Há um efeito cascata do câmbio somado à alta das commodities em nível mundial.
Uma demanda que parece crescer é a da indústria de módulos de painéis solares. Recentemente, fomos surpreendidos com um pedido da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) para isenção da tarifa de importação de vidros temperados destinados a esses módulos (veja mais clicando aqui). O pleito original era zerar o imposto para 140 mil t do nosso material, mas a Abravidro, em conjunto com a Abividro, conseguiu reduzir essa quantidade à metade. Ao mesmo tempo, a NSG inaugurou uma planta na América do Norte voltada para esse mercado. Há algum movimento para o setor vidreiro nacional conseguir atender um volume grande de vidro para painéis fotovoltaicos? Além disso, a Cebrace teria condições de produzir hoje o vidro para esse uso?
Castiella — Ocorre uma mudança importante na composição desses painéis, fundamentalmente na China. O substrato desses produtos era um vidro texturizado baixo emissivo e temperado. Várias dessas aplicações estão usando float, um motivo pelo qual o mercado chinês está com grande demanda de vidro. O resultado é que o preço da tonelada na China está acima dos US$ 450. E essa é uma mudança estrutural do mercado mundial, pois esse país sempre foi referência do piso do valor do vidro, e por muito tempo ficou em US$ 200/220 por t. Então, eu sinto essa mudança estrutural na nação que detém mais de 50% da capacidade instalada de fabricação de float no planeta. Voltando para o Brasil, a gente consegue atingir o nível óptico do float necessário, mas o problema é que muitas das fábricas de painéis estão trazendo o produto acabado. Então, a estrutura de custos do conjunto todo precisa ser competitiva. Um melhor cenário depende da avaliação dessas empresas em relação ao custo da mão de obra para montar aqui, para trazer os componentes separados. Inclusive, isso foi uma coisa que durante um período avançou, pois tivemos duas montadoras trabalhando aqui em São Paulo com bastante dedicação. Mas, depois, os leilões do governo foram interrompidos, elas perderam a continuidade e decidiram ir pelo caminho de importação. Concordo que o volume inicial do pleito estava completamente fora da realidade, e isso também não dá nenhuma chance para que a gente possa dar um passo e avançar. Eu diria que não existe um problema no float brasileiro, mas nesse processo como um todo.
O Panorama Abravidro 2021 mostrou crescimento no faturamento e produção das empresas vidreiras no ano passado, mesmo com a pandemia. Porém, uma questão ainda aflige as processadoras: a ociosidade no elo de processamento. Como a Cebrace encara a questão?
Castiella — Aproveito a deixa para comentar que os números do Panorama este ano mostram um crescimento um pouco acima do que a Cebrace enxerga. De qualquer maneira, a ociosidade existe, é histórica e não está diminuindo. É uma preocupação, pois a consequência principal da ociosidade é vista nos preços. O aumento do uso de vidros de segurança, apoiado pelas normas, em cada vez mais áreas na construção vai permitir que a ociosidade comece a reduzir. E se a gente tiver uma reforma tributária séria, colocando todos no mesmo patamar de competição, isso pode ajudar também a ordenar um pouco o mercado. Somado a isso, vale a pena destacar o tema da energia elétrica. No segundo semestre deste ano e no primeiro do ano que vem os custos vão crescer. E se tiver racionamento como já aconteceu em 2001, aí a situação será supercrítica. A gente precisa acompanhar isso de perto, pois energia elétrica é um insumo fundamental na equação dos custos.
Como estão as atividades dos colaboradores da Cebrace após um ano e meio de pandemia? Uma parte da empresa ainda atua em home office?
Corrêa — Esse é um assunto mundial nas nossas organizações. Todos tentando encontrar a melhor solução. Somos bastante cautelosos, não podemos baixar a guarda. Do ponto de vista do retorno ao escritório, nós estamos acompanhando quase que semana a semana a situação. Agora em agosto, por exemplo, no Estado de São Paulo, onde estão duas de nossas unidades produtivas mais a nossa sede, começa o retorno às aulas. Monitoramos também o número de vacinados em cada uma de nossas plantas, tentando incentivar a vacinação ao doar uma cesta básica para entidades de amparo a pessoas carentes a cada funcionário que nos mostra o certificado de vacinação. Então, é uma campanha para sensibilizar, estimular e motivar as pessoas a se vacinar. Estamos funcionando relativamente bem com ferramentas virtuais – claro que não é a mesma coisa do presencial, principalmente na cultura das organizações. Ao mesmo tempo, temos o desafio de preservar a saúde de nossas equipes, o que é sem sombra de dúvida a prioridade número um da gestão.
Para finalizar, gostariam de deixar uma mensagem ao mercado?
Castiella — A expectativa para o resto do ano é boa. Eu pediria a todos um pouco de sabedoria e paciência para passarmos essa última etapa dos meses de baixa sazonalidade. A gente tem de levar assim até o final de agosto e depois tentar surfar a onda do final do ano, que sempre tem sido positiva.
Corrêa — Nós acreditamos muito no Brasil e vamos continuar investindo no País. As dificuldades são passageiras — e acho que somos maiores que as dificuldades enfrentadas. Esse é o nosso caminho e continuaremos nessa jornada de crescimento, melhoria, novos produtos e sustentabilidade.
Cebrace adia reforma no forno C2
Inicialmente prevista para julho deste ano (conforme informado na edição passada de O Vidroplano), a reparação do C2, forno da Cebrace instalado em Caçapava (SP), será realizada em janeiro de 2022. De acordo com a usina, o objetivo é continuar priorizando a normalidade das operações a fim de atender as necessidades de distribuidores, processadores e revendedores de vidros no País. Por conta do agravamento da pandemia da Covid-19 no Brasil, a execução do serviço neste momento enfrentaria uma série de obstáculos, como dificuldade da equipe técnica em viajar para realizar as visitas necessárias. Apesar do adiamento, a Cebrace assegura que, após inspeção realizada no C2, constatou-se que ele apresenta condições para continuar operando com sua capacidade atual no decorrer dos próximos meses.
Fórum Fachada Glazing discute envidraçamento em fachadas
O portal Canal do Serralheiro realizou, de 22 a 26 de março, o Fachada Glazing – Fórum de Tecnologias e Produção de Fachadas. O objetivo da iniciativa, que teve a Abravidro entre seus apoiadores, foi oferecer conteúdo técnico aos profissionais das indústrias de esquadrias, assim como a arquitetos e engenheiros.
Ao abrir o fórum, no dia 22, o professor Alexandre Araújo, fundador do portal, enfatizou que a busca pela inovação deve ser constante – e aquele que ficar estagnado está fadado ao fracasso. Confira a seguir o resumo das principais palestras do evento.
Evolução nos sistemas e projetos
Antônio B. Cardoso, sócio da AC&D Consultoria em Alumínio e Participações, falou sobre fachadas-cortina unitizadas. A chegada desse sistema ao País, nos anos 2000, foi um marco para a construção civil nacional: entre as diversas vantagens que ele traz, Cardoso listou: possibilidade de se acompanhar a produção dos módulos, o que garante maior controle em relação ao desempenho da estrutura; maior velocidade na entrega da obra; mais facilidade na vedação e na identificação de pontos de falhas; e maior segurança para o profissional na obra, uma vez que toda a operação com o sistema é feita do lado interno e no apoio da laje.
A evolução das fachadas também foi abordada pelo engenheiro Arimatéia Nonatto, gerente de Engenharia & Produtos da Engen-Up. Nonatto abordou o conceito de sistemas inteligentes, incluindo o vidro, aplicados na arquitetura para a melhoria da qualidade de vida, apontando novos conceitos ecológicos, entre eles a arquitetura biomimética – que busca soluções sustentáveis na natureza, tentando compreender as normas que a regem – e a arquiborescência, cujo propósito central é transformar a cidade em um grande ecossistema natural. Foram apresentados ainda projetos e obras de diversas partes do mundo nas quais esses conceitos já vêm sendo aplicados.
Controle solar
Fernando Westphal, professor e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), comentou sobre o uso de vidros de controle solar e as atuais tendências do produto para empreendimentos residenciais e comerciais. Para ele, que também é engenheiro, os ambientes de trabalho valorizam aberturas cada vez maiores, integrando os escritórios com o exterior da edificação. Da mesma forma, em residências, preza-se a entrada de luz natural, essencial para a higiene e saúde dos moradores.
Porém, para que isso tudo seja possível, é importante levar em conta a necessidade de redução nos ganhos de calor em edificações. Nesse sentido, Westphal explicou o processo de fabricação dos vidros de controle solar: um revestimento metálico, aplicado em uma das faces da peça, funciona como um filtro para a radiação solar. Pela diversidade de revestimentos e funções existentes no mercado, é essencial que o especificador sempre avalie os níveis de fator solar (relacionado à quantidade de calor que atravessa o vidro) e transmissão luminosa (a porcentagem de luz que passa pelo vidro e chega ao interior do ambiente) de cada item a fim de verificar qual deles melhor atende as necessidades da obra – segundo o Manual Técnico do Vidro Plano para Edificações, da Abividro, existem 114 tipos do produto fabricados no Brasil. O palestrante falou ainda sobre a recente revisão do texto da norma NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho e mudanças que a nova versão traz, como a incorporação da classificação da esquadria (vidro + perfil) de acordo com as três zonas climáticas brasileiras identificadas na NBR 10821 — Esquadrias para edificações.
Duas palestras tiveram no conteúdo a aplicação dos vidros de controle solar na construção civil — a da arquiteta Betânia Danelon, gestora nacional da equipe de gerentes técnicos da Guardian, e a do engenheiro Nilson Viana, coordenador de Mercado da Cebrace. Em ambas as apresentações, apontou-se que, quanto mais refletivo o vidro, maior é o controle tanto na passagem de calor para dentro do ambiente quanto na entrada da iluminação natural — apesar disso, o mercado já conta com vidros de alto desempenho, que proporcionam conforto térmico mesmo com aspecto visual mais transparente, com baixa reflexão. Além disso, a cor do produto e sua composição (monolítico, laminado, insulado etc.) também interferem no desempenho. Betânia destacou as funções desempenhadas pelo vidro nas fachadas — vedação, estética e desempenho — e a importância de um bom trabalho multidisciplinar entre os diferentes profissionais envolvidos na obra desde o projeto até a instalação, a fim de que o glazing apresente o resultado esperado.
Novas tendências
Crescêncio Petrucci, engenheiro e sócio-fundador da Crescêncio Consultoria, revelou detalhes sobre o projeto do YachtHouse, complexo residencial do Balneário Camboriú (SC), cujo design foi desenvolvido pelo renomado estúdio Pininfarina, famoso por desenhar automóveis de marcas como Ferrari e BMW. A obra, o mais alto prédio residencial da América do Sul, conta com duas torres a serem inauguradas em breve — ambas têm insulados de controle solar em suas fachadas.
O engenheiro Igor Alvim, diretor técnico da QMD Consultoria, abordou a compatibilização de projetos de sistemas de fachadas, apontando a necessidade de que se conciliem as determinações presentes nas normas técnicas, o desejo da arquitetura e as expectativas e o orçamento do cliente. Alvim alertou que o projeto da edificação precisa ter um objetivo bem definido unindo desempenho, vida útil e estética visual. Por fim, comentou que é necessária atenção especial ao transporte das estruturas até o local da obra, assim como aos procedimentos para fixá-las, vedá-las e instalá-las, entre outros aspectos.
Cuidados na instalação
Paulo Gentile, engenheiro e coordenador das áreas de Desenvolvimento de Produto da Construção civil e Centro de Distribuição de Acessórios da Hydro, abordou diagnósticos, causas e prevenção de patologias em fachadas envidraçadas. Entre as principais causas de problemas em edificações, segundo Gentile, estão a instalação errada das ancoragens, com encaixes feitos de forma incorreta ou improvisada, e o travamento das presilhas para fixação. O engenheiro citou ainda como pontos negativos o uso de parafusos de metais diferentes dos especificados no projeto, o que pode levar à sua oxidação, e a usinagem malfeita dos perfis e elementos atrapalhando a vedação do sistema. No caso da vedação, o profissional enfatizou que ela precisa sempre ser vulcanizada nas emendas e o instalador deve estar atento se o silicone utilizado é neutro ou acético, pois há circunstâncias em que somente um tipo pode ser utilizado.
Ainda na área de silicones, Emir Debastiani, engenheiro de Aplicações da Dow, falou sobre a versão estrutural do produto, item responsável por fazer a ligação química entre as peças de vidro e a esquadria de alumínio — o material tem de suportar todas as cargas dinâmicas e deformações à qual a fachada estará submetida, como pressões de vento e variações térmicas. Debastiani alertou ainda que o selante de silicone estrutural deve ter uma série de características comprovadas e certificadas em laboratório, incluindo excelente resistência a raios ultravioleta e a intempéries. Além disso, não pode perder suas características com o passar dos anos. Por sua vez, Renato Barbieri e Fabrice Barriac, da GE Silicones, mencionaram que a substituição de vidro colado com silicone estrutural em fachadas deve sempre levar em conta as orientações da NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural.
Na palestra final do evento, Yuri Alvim, diretor de Planejamento da QMD Consultoria, explicou a metodologia do ensaio de estanqueidade à água, feito na obra, no início da instalação, para verificar o desempenho das fachadas. Tanto o ensaio em laboratório como o realizado na construção são essenciais para garantir a estanqueidade do sistema: enquanto o primeiro valida a solução escolhida, o segundo valida sua execução e permite antecipar problemas futuros antes da ocupação do edifício.
Outras palestras relevantes do Fachada Glazing
– Luiz Cláudio Rezende (Juca), da Viminas: Vidro para fachadas envidraçadas: como especificar seguindo as recomendações das normas técnicas da ABNT (veja mais sobre essa palestra clicando aqui)
– Gilberto da Silva Fernandes, da Hard: Especificação de sistemas de fixação química e mecânica aplicados em ancoragens de fachadas envidraçadas para melhor custo-benefício
– Hélio Donizetti, da Perfil Alumínio: Como ampliar a área social de uma edificação utilizando abertura de correr em fachadas contínuas de alumínio e vidro
– Luis Carlos Santos, do Grupo Basica (México): Projetos de fachadas envidraçadas em zonas sísmicas e de furacões: estudo de caso das obras Diagonal, na Cidade do México, e Susncapeem Cancún
– Marcos Lemes e Márcio Souza, do Esquadgroup: Diretrizes para utilizar software paramétrico para modelagem, levantamento de materiais e relatórios de produção de fachadas envidraçadas
– Roberto Almeida, da Adere: Aplicação da fita dupla-face em fachada glazing: como melhorar a produtividade de forma mais rápida, limpa e com excelente custo-benefício
Identificar as duas faces do float é essencial
Quando você olha para os dois lados de um float, eles são a mesma coisa, certo? As aparências enganam. As duas faces têm diferenças importantes — e saber identificar cada uma é fundamental para garantir o processamento correto da chapa.
A origem das diferenças
Durante o processo de fabricação, depois que a matéria-prima é fundida, a massa vítrea resultante é despejada em uma piscina de estanho líquido em uma atmosfera controlada conhecida como “banho” de estanho. “Nesse processo, o vidro flutua por diferença de densidade no estanho líquido, onde ganha forma, espessura e largura. O processo garante as propriedades ópticas desejáveis com baixíssimos níveis de distorção”, detalha Fábio Reis, gerente técnico-comercial da Guardian.
É nessa etapa que as faces do float se diferenciam. “Isso acontece porque uma das suas superfícies está diretamente em contato com o estanho fundido, enquanto a outra fica em contato apenas com o ar inerte do ambiente do forno”, complementa Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro. As duas superfícies podem ser chamadas, respectivamente, de “lado do estanho” e “lado do ar”.
A olho nu, não se nota qualquer diferença entre elas. Mas, vistas com as ferramentas certas, a história muda. Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix, explica: “Ao olhar o vidro com um microscópio, verifica-se que ele é poroso, tal como uma esponja. Na fabricação, o lado do ar ainda apresenta microporosidade, enquanto na outra face a superfície está selada, pois o estanho forma uma fina camada por cima dela”.
“Durante a etapa de resfriamento e recozimento do vidro, a face do estanho fica em contato com os rolos transportadores”, detalha Ramon Peres, supervisor de Qualidade da AGC. Isso contribui para a absorção dos resíduos do banho de estanho pela superfície da chapa.
Como saber qual é qual?
A identificação do lado do estanho ou do lado do ar é muito importante, pois diferentes trabalhos feitos na processadora podem exigir um lado específico para que se obtenha melhor desempenho, alerta Cláudio Lúcio, frisando que a escolha da face certa para cada finalidade desejada proporciona vários benefícios. Veja alguns:
– Melhor adesão;
– Melhor resistência;
– Menor frequência de problemas e defeitos resultantes no processo (como riscos e manchas);
– Melhoria nos atributos estéticos e nos requisitos técnicos do produto;
– Adequação da efetividade do vidro.
Mas como se faz isso? Wender Cotrim, gerente-industrial da Vitral Vidros Planos, responde: “Existem diversos métodos artesanais para identificação do lado, como os testes do tato e da gota de água. Porém, nenhum é tão eficaz como o uso de um detector de estanho”. Constituído basicamente por uma lâmpada ultravioleta de ondas curtas, sua iluminação, ao banhar a superfície do vidro pelo lado do banho de estanho, faz com que a peça apresente aspecto esbranquiçado e ‘nublado’. Caso a face em contato direto com a luz seja a do ar, os raios ultravioleta passam por ela normalmente.
Outra possibilidade é a localização da linha de Hertz: “O lado do ar é facilmente identificado observando a borda da chapa de vidro; ele é o lado da aresta que apresentar a linha de Hertz [microtrincas resultantes do rodízio de corte feito ainda na usina de base]”, explica Cláudio Lúcio.
Após essa verificação, o instrutor técnico da Abravidro recomenda a colocação de etiqueta no float a fim de permitir que os profissionais no chão de fábrica saibam qual é cada face, do início ao fim do processo.
O lado certo para cada etapa
Corte
A face ideal para essa etapa é a do ar. De acordo com Cláudio Lúcio, “ela resulta em um destaque de forma mais limpa, tanto nas arestas das peças como nas do revestimento da forração da mesa onde essa tarefa é feita, o que resulta em menor índice de chapas riscadas”.
Serigrafia
Em geral, recomenda-se a aplicação dos esmaltes na face do ar. “O uso no outro lado pode levar a distorções de cores após a queima, devido às reações dos metais contidos no esmalte com o resíduo de estanho do float”, orienta Adalberto Ferrari, gerente de Vendas na área de Esmaltes para Vidro e Porcelana da Ferro. Contudo, há exceções: “No caso dos vidros traseiros automotivos, onde são aplicadas as pastas de prata com função de desembaçador, utiliza-se a face do estanho, devido à reação que essas pastas têm com o estanho, formando uma cor bronze nos filetes dos desembaçadores”.
Camila Batista, engenheira de Desenvolvimento de Produto da Cebrace, faz outra observação sobre o lado do estanho: se a opção for pintá-lo, é importante levar em conta que tintas especiais devem ser usadas para este fim. “Nesse caso, também é necessária a realização prévia de testes para homologação da estética da tinta nesta superfície.”
Laminação
O lado certo para esse processo depende do tipo de interlayer usado:
– Para laminações com PVB, EVA ou resina, Cláudio Lúcio indica que o lado em contato com o interlayer seja o do ar: por sua superfície ter maior rugosidade e, consequentemente, maior área de contato e estabilidade química, ele propicia maior ancoragem química e mecânica.
– Renato Santana, coordenador de Qualidade e Lean Manufacturing da GlassecViracon, aponta que a face do estanho deve ser usada se o interlayer for estrutural, como o SentryGlas. “Isso acontece porque a reação entre o produto e o lado do estanho proporciona a adesão ideal para o laminado. No caso do SentryGlas, o uso em contato com a face do ar resulta em baixa adesão e pode levar à delaminação.”
Têmpera
De acordo com Santana, da GlassecViracon, não há nenhuma restrição em relação aos lados do vidro na têmpera. Já Cláudio Lúcio recomenda que o lado do estanho seja colocado em contato com os rolos do forno de têmpera, “pois isso resulta em tempo de aquecimento relativamente menor para a obtenção da mesma temperatura final absorvida pela massa das peças de vidro”.
Renato lembra que no caso dos vidros revestidos, “a face na qual o coating foi aplicado deve estar sempre voltada para cima, tanto na etapa de corte como na de têmpera”.
Reação à umidade
– Cotrim, da Vitral, ensina que, ao manusear os vidros com ventosas a vácuo, o contato delas deve ser sempre com o lado do ar. “A área de contato das ventosas poderá deixar marcas na superfície da face do estanho, especialmente em ambientes com alta umidade.”
– Contudo, o lado do ar é mais suscetível ao surgimento de manchas esbranquiçadas (fase 1 de irisação) quando o vidro permanece molhado e empilhado secando ao ambiente. Cláudio Lúcio explica que isso se dá devido à solubilização do sódio livre (mais presente nessa face do vidro) em reação com o pH alcalino da água usada na lapidação, furação e outras máquinas, quando ela não é tratada antes do seu reaproveitamento.
Instalador também precisa de atenção
Embora esta reportagem seja direcionada para o processamento do vidro, as diferenças entre as duas faces também influenciam no desempenho de sua aplicação, dependendo da face utilizada. A seguir, algumas dicas:
– A superfície mais rugosa do lado do ar torna-o mais adequado para a colagem do vidro, seja com fitas dupla-face ou selantes de silicone ou poliuretano;
– Já na instalação de janelas, peles de vidro, vitrines e boxes de banheiro, recomenda-se que o lado do estanho seja aquele submetido ao contato com a água e intempéries, minimizando os efeitos de manchas causadas por maresia, chuvas, poluição ou produtos alcalinos (como sabonetes).
Cebrace anuncia novidades dentro e fora do Brasil
A Cebrace informou que a reparação da planta de Caçapava (SP), conhecida como C2 terá início em julho, quando ocorrerá a parada do forno. A empresa já havia anunciado em janeiro que realizaria essa reforma a frio, com previsão de parada por três meses. A empresa informou também que já começou a movimentar a terra em preparação à futura ampliação de capacidade dessa unidade.
A Cebrace comunicou ainda que, na Argentina, as obras do segundo forno da Vasa (foram retomadas em outubro de 2020, após terem sido interrompidas por alguns meses por conta da pandemia. Espera-se que a planta entre em operação no começo de 2022, para colaborar com a otimização do serviço de abastecimento aos consumidores da região.
Outra novidade da Cebrace é o lançamento, este mês, da campanha Conforto que Transforma. A iniciativa visa a posicionar a marca perante todo o mercado, além de colaborar com a valorização do vidro como elemento fundamental e transformador na construção e arquitetura. Os materiais da campanha, elaborada pela agência LVL, foram pensados para serem aplicados nas vidraçarias, pontos de venda de todo o Brasil, redes sociais da marca e e-mails marketing. Um vídeo-manifesto, colocado no ar no YouTube, mostra os produtos da usina em aplicações diversas, como edificações, interiores de ambientes, móveis, eletrodomésticos e automóveis.
Conheça algumas das maiores obras envidraçadas do Brasil
A capa de O Vidroplano de fevereiro trouxe um marco da arquitetura com nosso material no País: o Skyglass Canela, instalado no Rio Grande do Sul, complexo inaugurado em dezembro que abriga a maior plataforma envidraçada sobre cânion do mundo. O projeto é mais uma confirmação da capacidade do setor vidreiro brasileiro de estar presente em obras de nível internacional.
Por isso mesmo, vale uma pergunta: além do Skyglass, quais seriam as grandes construções brasileiras com vidro dos últimos anos? Para saber quais poderiam se encaixar nesse quesito, nossa reportagem consultou usinas, processadoras e instaladoras. As empresas indicaram projetos de grande porte, com milhares de m² do material instalados, mas também outros menores, porém não menos icônicos. Aprecie!
VITRA
Local: São Paulo
Projeto: Daniel Libeskind
Conclusão da obra: 2015
Fornecedor do vidro: Guardian
Processador: GlassecViracon
Um dos arquitetos mais reconhecidos mundialmente pelo uso de nosso material, o polonês naturalizado americano Daniel Libeskind criou um ícone residencial contemporâneo: o Vitra, construído no bairro paulistano do Itaim Bibi. Antes mesmo de ficar pronta, a obra já tinha sido considerada, pela revista Worth, um dos dez melhores edifícios residenciais do mundo. São 14 apartamentos, um por andar, com cada um tendo uma planta exclusiva. A fachada, de 10 mil m² de laminados de controle solar SunGuard RB40 on clear, possui certa transparência para permitir a interação dos interiores com a cidade.
SOBRALNET – ICETEL
Local: Sobral (CE)
Projeto: Liliane Cristina
Conclusão da obra: 2019
Fornecedor do vidro: Vivix
Processador: Amazon Temper
A sede da Sobralnet e do Instituto Cearense de Tecnologia, Empreendedorismo e Liderança Vidro recebeu peças laminadas (4 + 4 mm) do Vivix Performa Duo, material de controle solar recomendado para as características climáticas brasileiras. Seu aspecto refletivo na cor cinza faz com que, durante o dia, não seja possível enxergar a parte interna da construção. No entanto, à noite, os interiores interagem com o exterior.
ÓRION BUSINESS & HEALTH COMPLEX
Local: Goiânia
Projeto: MKZ Arquitetura
Conclusão da obra: 2018
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: Vitral
O maior complexo de negócios e saúde do Centro-Oeste brasileiro reúne um misto comercial diverso: salas para consultórios e escritórios, hospital, hotel e shopping center. Sua grandiosidade se reflete também no heliponto exclusivo e nas 1.400 vagas de estacionamento disponíveis aos usuários. A fachada da torre principal tem 25 mil m² de vidros de controle solar Cool Lite STB 120 na cor azul – uma forma de diminuir a incidência do calor da região nos interiores.
SÃO PAULO CORPORATE TOWERS
Local: São Paulo
Projeto: Pelli Clarke Pelli Architects e Aflalo/Gasperini Arquitetos
Conclusão da obra: 2016
Fornecedor do vidro: Guardian
Processador: GlassecViracon
Cerca de 60 mil m² de SunGuard AG43 on clear formam as fachadas desse paradigma dos novos prédios comerciais da capital paulista. Localizado na região da Vila Olímpia, aposta nesses vidros de controle solar, instalados em unidades insuladas com espessura total de 26 mm, para garantir o conforto térmico de seus ocupantes. Foi o primeiro edifício brasileiro a obter a certificação Leed Platinum 3.0, por conta da gestão eficiente de energia e água e do bem-estar dos usuários.
ESTAÇÃO MORUMBI DO MONOTRILHO – LINHA 17 OURO
Local: São Paulo
Projeto: Borelli & Merigo Arquitetura
Conclusão da obra: 2021
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: GlassecViracon
A mais nova estação do monotrilho paulistano recebeu vidros em diversos espaços, tudo supervisionado pela Avec Design, processadora que utilizou seu sistema patenteado Ecoglazing para encapsular as placas. As fachadas ganharam laminados do vidro de controle solar Cool Lite KNT 155 (8 mm) com PVB estrutural. Essas peças foram aplicadas sobre uma estrutura de alumínio com perfis tubulares, de forma a garantir um design diferenciado. A especificação da cobertura é mais robusta: insulados de 30 mm, formados por laminado de Cool Lite KNT 155 (10 mm) + espaçador de 12 mm + laminado incolor (8 mm).
CANAL OFFICE TOWER
Local: Vila Velha (ES)
Projeto: Pretti Arquitetos Associados
Conclusão da obra: 2019
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: Viminas
Marco da região que se tornou o novo centro econômico de Vila Velha, o Canal Office Tower tem inspirações no design dos grandes empreendimentos imobiliários de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O prédio possui 280 salas comerciais, todas com vista panorâmica da cidade, e 14 lojas. Ao todo, mais de 6 mil m² de laminados refletivos 4 + 4 mm (nas cores verde e verde-escuro) foram aplicados à fachada.
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – UNIDADE MORUMBI
Local: São Paulo
Projeto: Zanettini Arquitetura e Kahn do Brasil
Conclusão da obra: 2020
Processador: GlassecViracon
A unidade Morumbi do renomado hospital da capital paulista passou recentemente por uma enorme reforma em suas instalações. O retrofit das fachadas, coordenado pela equipe da GlassecViracon, ocorreu em dois momentos. A mais recente, finalizada no final do ano passado, renovou três blocos do complexo hospitalar, além do átrio e cobertura do espaço. A fachada recebeu quase 10 mil m² de laminados de vidros de controle solar, nas cores neutra e cinza. Aberturas do tipo maxim-ar ao longo da estrutura garantem ventilação natural, ajudando ainda mais no controle do conforto térmico interno. O outro retrofit trocou os vidros das fachadas do prédio ao lado (laminados de controle solar 10 mm, nas cores prata e branca).
Saiba como apresentar vidros de valor agregado ao consumidor
“Valor agregado” é uma expressão usada há um bom tempo nos negócios. Significa aquele item que vai além de sua função básica. O vidro, por exemplo, serve primeiro para fechar vãos. Porém, pode fazer muito mais que isso: oferecer segurança, conforto térmico e acústico e beleza estética, entre outros benefícios.
Para o setor sonhar com um crescimento igual ao do começo da década passada, vale voltar a atenção para esse tipo de produto. Por isso mesmo, O Vidroplano conversou com as usinas brasileiras, e também com uma arquiteta, para entender os diferenciais desses materiais e como o trabalho com eles deve ser realizado.
O significado
Um “vidro de valor agregado” deixa de ter a característica simples de commodity para se tornar algo diferenciado. Maria Luiza Ciorlia, a Malu, gerente de Marketing da divisão de Vidros para Construção Civil da AGC, explica esse conceito: “A maior parte desses vidros passa por algum processamento complementar após a produção”. Nesse sentido, o de controle solar recebe revestimento (coating); o espelho passa pelo processo químico de aplicação de prata, tinta protetora e outros componentes; o vidro pintado recebe a tinta em uma das superfícies etc. “Mas eles também podem ser provenientes da fabricação do float, como os extra clear, com baixo teor de ferro, os espessos e os com tonalidades diferentes”, complementa Malu. Portanto, o que vai caracterizar um produto desse tipo é o potencial que ele tem de gerar mais valor para quem o consome – e também para quem o comercializa.
Levando em conta que temperados e laminados também se encaixam nessa categoria, o foco desta reportagem está nos materiais “especiais”, aqueles com qualidades únicas que servem como interessante apelo de venda junto ao cliente. Afinal, como reforça Mônica Caparroz, gerente de Marketing da Cebrace, “para cada demanda, existe um vidro de valor agregado mais indicado, seja para ser aplicado em interiores ou em fachadas”.
O impacto nos negócios
Na indústria nacional como um todo, o produto básico (a commodity) tem grande participação no faturamento das empresas. Porém, os itens de valor agregado vão ganhando mais relevância à medida que os consumidores percebem os ganhos. Essa é a razão de as usinas apostarem neles. “Temos investido de forma permanente na ampliação e fortalecimento do portfólio, a exemplo dos recentes lançamentos nas linhas Vivix Performa e Vivix Decora, além de outros projetos já em andamento”, comenta Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix.
Mônica, da Cebrace, reforça que essas soluções têm um custo mais alto, mas, ao mesmo tempo, contam com maior valor percebido pelo consumidor. “Como é um mercado em expansão, cada vez mais exigente com os produtos escolhidos, a tendência é que esse impacto no faturamento se transforme gradualmente em um dos carros-chefes de todas as empresas da cadeia vidreira.”
Esse valor percebido faz com que vários tipos de vidro passem a concorrer diretamente com outros materiais. “Os utilizados em revestimentos, por exemplo, podem substituir as cerâmicas em muitas aplicações”, indica Malu, da AGC. “Os vidros de controle solar, por sua vez, podem contribuir com a sustentabilidade das obras, com características como a redução de uso de energia elétrica e o conforto térmico gerado a uma residência.”
A necessidade de conscientizar
Apesar do uso mais disseminado hoje em dia, ainda existe muito espaço para o crescimento na aplicação desses produtos. E isso passa pela conscientização não só do público, mas também de quem especifica, como arquitetos, engenheiros e designers de interiores. “Oferecendo informação de qualidade por meio de treinamentos e palestras, podemos contribuir para ampliar a demanda”, opina Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian.
O Circuito de Palestras Guardian reuniu profissionais em diversas cidades do País para palestras sobre tendências modernas no uso do material, incluindo dicas para vidraceiros sobre as melhores formas de agregar valor a seus negócios. Ano passado, em meio à pandemia, a empresa promoveu lives pela Internet a respeito de temas técnicos envolvendo a aplicação desses itens. “Também temos um canal de comunicação, via WhatsApp, no qual profissionais do setor podem se cadastrar para receber informações sobre vidros e espelhos”, afirma Sivieri. Somado a isso, existe ainda um serviço de consultoria técnica, prestado presencialmente e de forma remota.
A AGC fez parcerias com centros de formação profissionais para a realização de cursos, buscando maior proximidade com os especificadores. “A nossa estratégia é a comunicação com toda a cadeia de valor da indústria. Para isso, utilizamos todos os nossos canais de contato direto com o consumidor, mostrando que a utilização do vidro pode ir muito além de um boxe de banheiro ou de uma janela”, explica Malu.
Participar de ações de apoio junto a entidades vidreiras para a organização de treinamentos em diferentes Estados é uma boa solução para a questão, segundo a Cebrace. Esses eventos são organizados com regularidade, sendo noticiados no site da Abravidro e na seção “Agenda”, onde aparece a data de cada um deles (abravidro.org.br/fique-por-dentro/agenda). “Quanto mais falarmos sobre os benefícios e ensinarmos a especificação correta, melhor. Por isso, disponibilizamos uma consultoria técnica em todo o Brasil a fim de auxiliar nessa tomada de decisão”, revela Mônica Caparroz. “É importante manter projetos e parcerias com os setores de arquitetura e construção para gerarmos resultados a médio e longo prazos.”
Com a informação e oportunidades de formação cada vez mais disponíveis, esses arquitetos, engenheiros e designers se tornam a ponte entre o mercado vidreiro e os clientes finais, levando o conhecimento até eles. Mas, para que isso gere frutos reais, relembra Malu, da AGC, é muito importante que as usinas tenham esses produtos em estoque. “As fábricas precisam manter o abastecimento dos materiais, oferecendo cada vez mais produtos diferenciados e com uma qualidade que justifique e estimule a decisão de compra.”
Pelo olhar de quem especifica
“Eu adoro sugerir novidades para meus clientes e divulgá-las em mostras de decoração”, admite a designer de interiores Patrícia Kolanian Pasquini. Seu trabalho é a prova de que esse canal de comunicação com quem efetivamente consome vidro faz a diferença. “Normalmente, eu primeiro apresento o produto, mas sei que ele sempre vai gerar dúvidas caso seja algo diferenciado. Em seguida, mostro projetos que já fiz utilizando tal produto ou referências. Com isso, o cliente entende e o resultado final sempre o agrada.”
Segundo Patrícia, várias pessoas que a contratam chegam com ideias fixas de soluções e materiais, o que pode ser atribuído à falta de conhecimento do que está disponível no mercado. “Vejo que o novo agrada, pois realmente não sabiam sequer da existência. Mas sempre perguntam do custo. Talvez esse seja o principal motivo de termos um consumo menor de itens de valor agregado no Brasil”, comenta a designer de interiores.
O “fantasma” do preço só será vencido quando os benefícios trazidos ficarem claros na mente do público. Patrícia cita um exemplo disso: “Adoro espelho bronze, sempre uso em áreas sociais. Tem um custo mais alto que o espelho cristal? Sim. Porém, vale o investimento, pois irá agregar uma estética única à obra. Hoje, alguns clientes me procuram já pedindo ‘quero aquele espelho’”. (Veja mais aplicações de valor agregado feitas por Patrícia na seção “Para sua vidraçaria”, clicando aqui)
Cuidados especiais
De nada vai valer o consumidor saber de todos esses benefícios se as empresas não levarem em conta as particularidades do manuseio de vidros de valor agregado. Os de controle solar ou outros com revestimento, por exemplo, demandam cuidados especiais, principalmente em relação à superfície que recebeu o coating – da mesma forma que espelhos e acidatos. Mesmo assim, vale comentar que as características de processamento e manutenção são mínimas quando comparadas aos diferenciais comerciais entregues por esses materiais.
Sivieri, da Guardian, também tem recomendações: “Indicamos as melhores práticas independentemente do tipo de vidro, como o uso de luvas limpas, separadores entre chapas e materiais para limpeza compatíveis”.
Catálogo de qualidade
É hora de conhecer alguns dos principais vidros de valor agregado disponíveis no Brasil. Veja a seguir, divididos por tipo e fornecedor.
DE CONTROLE SOLAR — Filtram a entrada de calor e de raios ultravioleta (UV) no ambiente. Aplicados em fachadas, fechamentos de saguões e entradas de prédios, envidraçamento de sacadas etc.
AGC
Sunlux Shadow — Linha produzida especialmente para climas tropicais, como o do Brasil. Com variadas opções de cores e disponível em quatro níveis de transmissão de luz;
Stopsol — Com aparência âmbar, pode ser utilizado em instalações externas e internas;
Sunergy — Low-e (com baixa emissividade) de aparência neutra.
Cebrace
Cool Lite — Família de produtos que engloba quatro linhas:
– BR: linha produzida especialmente para o clima brasileiro;
– K: low-e de aspecto neutro;
– S: garante redução de até 80% da entrada de calor e 99% dos raios UV;
– SK: low-e com baixa reflexão;
Habitat — Linha para uso residencial, bloqueia quase 100% dos raios UV, ajudando a proteger móveis, cortinas e tapetes do desbotamento precoce;
Emerald — Na cor verde, oferece grande passagem de luz e baixa reflexão.
Guardian
SunGuard — Família de produtos que engloba três linhas:
– Solar: vidros de aspecto espelhado, voltados para aplicação comercial;
– High Performance: permite maior entrada de luz no ambiente;
– SuperNeutral: peças de aparência neutra que garantem altos níveis de transmissão de luz e menor ganho de calor solar;
ClimaGuard — Linha para uso residencial, bloqueia duas vezes mais calor do que um vidro comum e protege contra os raios UV, além de ter baixos índices de reflexão.
Vivix
Vivix Performa — Bloqueia o calor até quatro vezes mais do que um incolor e evita a entrada de raios UV. Disponível em duas versões: monolítica (cores bronze, verde e cinza) e laminada (a Vivix Performa Duo, em seis cores). Podem ser utilizados ainda em móveis e interiores.
Existem também vidros de controle solar com uma aparência mais espelhada, que refletem os seus arredores com maior intensidade. São os preferidos para a aplicação na decoração e em móveis, embora alguns dos citados ao lado também sirvam para essas soluções.
Cebrace
Reflex — Peças de tonalidade dourada;
Reflecta — Com aspecto brilhante, está disponível na tonalidade incolor.
Guardian
Vidro Refletivo Guardian — Disponível nas cores prata e champanhe.
PINTADOS — Como o nome indica, a parte de trás das peças é pintada em diferentes cores. Usado principalmente para a decoração de ambientes, revestimento de paredes e em móveis.

Divulgação AGC
AGC
Lacobel — Nove opções de tonalidade, sendo que as versões branca, extrabranca e preta são produzidas no Brasil;
Lacobel T — Vidro pintado que passa pelo processo de têmpera, graças ao uso de uma tinta patenteada, desenvolvida por um fornecedor parceiro. Cinco cores disponíveis.
Cebrace
Laqueado — De aspecto envernizado e com alto brilho. Disponível nas cores branca, extrabranca e preta.
Guardian
DecoCristal — De aspecto envernizado e com alto brilho. Produzido nacionalmente nas cores preta, branca e off white.
Vivix
Vivix Decora — Disponível nas cores preta, branca e nude, garante facilidade de limpeza e durabilidade.
EXTRA CLEAR — Peças com baixo teor de ferro, mais claras que os vidros incolores. Podem ser usadas em fachadas, fechamentos de vãos, divisórias e móveis.
AGC
Clearvision — Segundo a empresa, é o extra clear com a tonalidade mais clara encontrada no País.
Cebrace
Extra Clear — Permite reprodução natural e verdadeira das cores branca e pastel quando esmaltado, envernizado ou serigrafado. Pode ser usado monolítico ou laminado.
Guardian
UltraClear — Com excelente clareza e alta transparência, pode ser laminado, temperado e curvo.
EXTRAGROSSO — Como o nome indica, suas espessuras são maiores que as de vidros comuns. Usados principalmente em móveis.
AGC
Linea Azzurra — Vidro italiano com tonalidade ligeiramente azulada, está disponível com até 25 mm de espessura.
Cebrace
Extra Grosso — Com cor uniforme, é encontrado nas espessuras de 12, 15 e 19 mm.
Guardian
Vidro Grosso — Encontrado nas espessuras de 12, 15 e 19 mm.
ESPELHOS PARA DECORAÇÃO — Espelhos especiais, voltados para o uso estético em aplicações decorativas, revestimento de paredes e móveis.
AGC
Mirox Premium — Com dupla camada de proteção, altos níveis de reflexão e resistência, é encontrado nas cores tradicional (prata), bronze e fumê.
Cebrace
Espelho Cebrace — Oferece reflexo sem distorção, além de maior resistência à umidade, oxidação, formação de manchas e corrosão nas bordas.
Guardian
Espelho Guardian Evolution — Conta com uma camada protetora especial aplicada no verso que eleva a durabilidade em relação a manchas e oxidação, protegendo ainda contra riscos nesse lado da peça. Encontrado nas cores prata, bronze e fumê.
Vivix
Vivix Spelia — Disponível nas opções incolor, cinza e bronze, oferece maior brilho e durabilidade. A linha possui um processo de produção sustentável, com reciclagem da água e da prata aplicadas no processo.
ACIDATOS — Peças que ganham acabamento com ácido, tornando-as levemente opacas, mas permitindo a passagem de luz. Aplicadas na decoração de ambientes, divisórias e móveis.
AGC
Matelux — Com toque acetinado e resistente a manchas, tem aspecto fosco e translúcido;
Matelac — Linha que conta com o Matelac Silver (versão do espelho Mirox Premium, nas cores tradicional, bronze e fumê) e Matelac Branco e Preto (versões do vidro pintado Lacobel).
Guardian
SatinDeco — Proporciona privacidade com alta transmissão de luz dispersa.
Cebrace passa a distribuir vidros da Saint-Gobain Glass
O Grupo Saint-Gobain anunciou que, a partir de 1º de março, a Cebrace será a distribuidora exclusiva dos vidros impressos fabricados pela Saint-Gobain Glass (SGG) para todo o território nacional. Os produtos continuarão com a marca Saint-Gobain Glass, já que a usina seguirá responsável pela fabricação. Durante o período de transição, as equipes comerciais das duas usinas organizarão conjuntamente visitas e reuniões virtuais a fim de estabelecer contato e, de forma individual, esclarecer eventuais dúvidas. Após o anúncio da nova política comercial da empresa, o gerente Comercial e de Marketing da Saint-Gobain Glass, Pedro da Matta, deixará a companhia em 28 de fevereiro.
Empresas vidreiras contam suas expectativas para 2021
De quedas históricas na produção e faturamento ao aquecimento das atividades no segundo semestre, passando ainda pela apreensão de alguma dificuldade na oferta de vidros planos e outros insumos usados pela cadeia. 2020 foi um teste duro para a economia global e para o nosso mercado não foi diferente. O próximo passo é planejar 2021 com base nas lições aprendidas. Para saber qual a expectativa das empresas vidreiras para este ano, O Vidroplano conversou com diversos segmentos do setor, incluindo usinas, fabricantes de maquinários e de acessórios. Veja também alguns dos principais indicadores da indústria e construção civil e o que eles podem revelar para o futuro próximo.
Confiança em alta…
Medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial vem em alta há alguns meses, mostrando que esse setor superou as principais dificuldades encontradas no início da pandemia: houve forte queda em abril, chegando a 34,5 pontos, o menor patamar da série histórica. De junho a setembro, no entanto, apresentou significativa recuperação, ficando estável em outubro. Já em dezembro, marcou 63,1 pontos, crescimento de 0,2 ponto em relação a novembro – valores acima de 50 indicam confiança do empresariado.
…produção também
Segundo a CNI, a indústria, de forma geral, já ultrapassou os níveis de produção pré-pandemia e deve retomar a trajetória anterior de crescimento, com aumentos graduais da produção, investimento e emprego. Outro indicador medido pela entidade, a Utilização da Capacidade Instalada permaneceu elevada, chegando a 73% em novembro, reforçando esse aquecimento.
Na comparação com outubro, o número representa baixa de 1%, mas essa foi a primeira queda após seis meses seguidos de alta – e, apesar disso, é superior a todos os novembros desde 2014. Vale levar em conta ainda que esse mês costuma ter atividade industrial reduzida. Por isso mesmo, o número alcançado pode ser comemorado.
Construção civil
Mais uma vez de acordo com a CNI, a Utilização da Capacidade Operacional desse setor cresceu em novembro: de 61% para 63%, comparando-se com os dados de outubro. O valor é o maior desde dezembro de 2014 e indica que as construtoras estão trabalhando acima do normal para concluir obras paradas desde o início da pandemia – e esse é um bom sinal também para o mercado vidreiro, já que o nosso material entra apenas na fase final das construções.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial da Indústria da Construção também segue em alta, tendo saltado 1,2 ponto em dezembro, alcançado o total de 60,1 pontos (novamente, um número acima de 50 significa que as empresas estão confiantes para fazer negócios).
O economista Fernando Garcia, fundador da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, foi entrevistado para a edição especial do VidroCast, o podcast da Abravidro. Em sua análise, a construção civil foi um dos poucos segmentos, ao lado da agropecuária e da extração mineral, a ter reação positiva, principalmente por ser incluída entre as atividades essenciais que não precisaram parar durante o período de quarentena. “O setor já vinha numa recuperação importante da crise de 2015 e estava sendo beneficiado pela redução das taxas de juro, o que favoreceu o investimento imobiliário”, comenta.
E o que ocorrerá em 2021? “Acredito que será marcado por um crescimento muito focado na área residencial”, analisa Garcia. Sua justificativa: “Como as pessoas não estão viajando e não estão comprando automóveis, isso as faz terem mais recursos para investir em imóveis”. Por outro lado, edificações comerciais tendem a ficar paradas, “principalmente pelo fato de o comércio varejista ter sofrido perdas gigantescas de faturamento”. Para o economista, os shopping centers se esvaziaram levando à falência de lojas e, por isso, esse setor vai demorar uns dois ou três anos para voltar ao patamar bom de 2019. A construção de prédios de escritórios também deverá diminuir, já que a tendência é as empresas investirem em um modelo híbrido, com espaços menores e envolvendo o home office.
Setor automotivo
O ano passado reservou pouca coisa boa para o mercado de veículos. O destaque está em dezembro, pico de vendas dos últimos 12 meses, atingindo volume maior que o previsto pelas montadoras, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em relação a novembro, até então o melhor mês do ano, teve alta de 8,4%.
No entanto, 2020 representou a maior queda do setor nos últimos cinco anos. Foram 2,06 milhões de unidades vendidas de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, uma baixa de 26,2% ao se levar em conta os números de 2019. A produção também caiu bastante: 31,6% na comparação anual.
No início de janeiro, a Anfavea apresentou as expectativas para 2021: aumento de 25% na produção e de 15% no licenciamento de veículos. Apesar de números bons, não serão suficientes para se igualar aos patamares de antes de pandemia – estes devem ser atingidos somente em 2023. E o cenário fica mais incerto com o fechamento de fábricas brasileiras de empresas multinacionais, como a Ford e a Mercedes-Benz. “Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano”, explica o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes. “Está chegando a segunda onda da Covid-19 e sabemos que a imunização pela vacina será um processo demorado. Somem-se a isso a pressão de custos, a necessidade de reformas e as surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista. Temos diante de nós um quadro que ainda inspira cautela nas previsões.”
Setor moveleiro
A produção de móveis em outubro (último dado disponível até o fechamento desta edição) foi 6,1% superior à de setembro. No total, foram fabricados 45,8 milhões de peças naquele mês. A indústria de transformação desse setor também pôde comemorar: aumento de 2,6% na produção em outubro.
Outro número positivo é o consumo aparente de móveis prontos: cresceu 5,8% sobre o de setembro. Claro, nem tudo é notícia boa: os acumulados do ano seguem negativos (6,5% na produção e 9,9% no consumo aparente), causados principalmente no período de início da pandemia. No entanto, o segmento demonstrou clara recuperação na reta final de 2020.
E o vidro?
A seguir, veja a opinião das usinas vidreiras que atuam no País. Na sequência, tem-se a análise de fabricantes de maquinários, acessórios e insumos.
“O maior impacto foi no setor automotivo, com queda de 30% no volume. Construção e indústria (ramo moveleiro e de linha branca) tiveram retomadas acima do esperado, fechando o ano em volume dentro do planejado. O saldo é negativo e, por isso, lamentamos todas as dificuldades e perdas provocadas pelo cenário pandêmico. De positivo, tivemos a velocidade de reação e adaptação e o comprometimento de nossos colaboradores.
A expectativa é um 2021 aquecido no primeiro semestre, com tendência ao equilíbrio entre demanda e oferta no segundo. Para isso, serão necessários uma taxa Selic baixa, investimentos em imóveis maiores, reformas com o uso da poupança que a classe média acumulou e a manutenção da taxa de câmbio, dificultando importações.
A oferta de vidros planos aumentou significativamente no segundo semestre, devido a todos os fornos estarem em plena produção. Infelizmente, não acompanhou a alta demanda impulsionada por dois fatores: a recuperação dos volumes represados por conta da quarentena e a recomposição dos estoques de toda a cadeia, reduzidos para preservação de caixa. Esperamos melhor equilíbrio no segundo semestre, após a recuperação desses estoques, e uma demanda mais regular.
O nosso crescimento virá junto com a manutenção do crescimento da construção e da retomada da indústria automotiva. O setor vidreiro pode contribuir para o desenvolvimento do País, seja por meio do apoio ao novo marco regulatório do gás natural, melhorando a competitividade, ou com o combate à sonegação e investimentos em tecnologia, inovação e eficiência.”
Isidoro Lopes, diretor-geral da divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para América do Sul da AGC
“O primeiro semestre foi sem precedentes na história, enquanto o segundo apontou uma retomada alinhada com o crescimento do segmento residencial. Fomos obrigados a mudar o jeito de trabalhar e de produzir, e o resultado foi a aceleração da transformação digital na Cebrace e no nosso segmento. Foi preciso resiliência e união para encontrar caminhos e soluções junto a associações, clientes e parceiros.
Com as mudanças que geraram realocação da demanda e o benefício do auxílio emergencial, os setores com maior desempenho foram realmente os ligados à construção residencial, principalmente os de reforma e decoração. Nossa expectativa é de que o mercado este ano coloque o setor em um patamar similar ao de 2019 e que haja a regularização natural do fornecimento de vidro ao longo deste ano. Foi uma situação atípica, devido ao baixo nível de estoque em consequência dos impactos da Covid-19.
Com as perspectivas de alta do PIB da construção civil, esperamos um crescimento de 5% para 2021. Mas um ano de sucesso depende de fatores que precisam ser acompanhados, como a ocupação da força de trabalho e o equilíbrio do déficit das contas públicas. Para que tenhamos níveis de crescimento semelhantes aos da década passada, os fatores macroeconômicos fazem a diferença. Alinhado a isso, é de suma importância o trabalho das normalizações e também a existência de uma reforma tributária focada na construção civil.
Confirmamos ainda a manutenção do C2 para o segundo semestre deste ano. Trata-se de uma reforma a frio, com previsão de parada de três meses. Temos acompanhado as tendências do mercado para tomar decisões de forma a antecipar as necessidades dos clientes e não impactar a produção e o fornecimento ao mercado interno. Quanto à construção do forno C6 e à continuidade da nova planta da Vasa, na Argentina, o avanço dos projetos depende do crescimento do mercado e do controle da pandemia.”
Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, diretores-executivos da Cebrace
“2020 foi um ano de aprendizado. Toda a nossa equipe se reinventou para continuar atendendo os clientes, mesmo que a distância, sendo que a tecnologia e os canais digitais foram muito importantes nesse processo. E justamente esse isolamento domiciliar, somado à rápida retomada das atividades no segundo semestre, trouxe um desequilíbrio no fornecimento de insumos. Nossa expectativa é de que o reabastecimento seja normalizado ao longo de 2021.
Um dos setores com bom desempenho foi o de vidros para decoração de interiores. Com o home office, muitas pessoas passam mais tempo em suas residências e querem deixar a casa mais aconchegante. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que a construção civil deverá ter, este ano, o maior crescimento em oito anos. O PIB desse segmento deve avançar 4%, depois de recuar 2,8% em 2020. Caso a estimativa se confirme, será a maior expansão desde 2013, o que impactará positivamente o setor vidreiro.
Um dos grandes desafios à frente é o trabalho para aumentar o consumo per capita de vidro no Brasil – gira em torno de 8 kg por ano. Esse volume é pequeno quando comparado com Europa (18 kg) e Estados Unidos (15 kg). Entendemos que isso passará pelo maior uso dos vidros de valor agregado, como os de controle solar, que correspondem a uma pequena fração do consumo total do material por aqui, mas tem grande potencial de expansão.
Em relação a novidades para 2021, anunciamos o DecoCristal Off White, novo vidro pintado na cor off white. Em fevereiro, lançaremos um novo vidro de controle solar, com desempenho e estética diferenciados.”
Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian
“A pandemia nos levou a cenários nunca vivenciados e fomos obrigados a nos reinventar algumas vezes ao longo do ano, tanto no lado pessoal como no profissional. Acho que o saldo, do ponto de vista dos negócios, é positivo: nos momentos críticos, realizamos as ações necessárias para proteger nossas equipes e preservar a operação.
Na retomada vivenciada, ainda que sob o efeito da pandemia, maximizamos a produção para abastecer da melhor forma possível o mercado interno. O destaque do ano, sobretudo por conta do home office e do auxílio governamental, está nos segmentos ligados ao residencial, notadamente o de esquadrias, moveleiro e de decoração.
A expectativa para 2021 é boa, pois acreditamos na manutenção do ritmo do segundo semestre. Porém, olhamos com cautela os impactos do atual crescimento dos números da Covid-19 no solo nacional. A estabilidade do cenário macroeconômico, a redução na taxa de desemprego e, obviamente, o controle da pandemia são os fatores que irão determinar o ritmo de nosso segmento neste ano.
Dentre os grandes desafios a serem enfrentados para o crescimento contínuo, podemos indicar o aumento do consumo per capita de vidro, aliado à maior participação de produtos de valor agregado e à maior presença em aplicações nas quais o vidro ainda não é considerado, sendo substituído por outros materiais.
Por isso, o objetivo deve ser aumentar a utilização do nosso produto pelo consumidor final. Todo o setor vidreiro precisa trabalhar nesse sentido, propondo novas aplicações para os clientes e não somente competindo com o que já conhecemos.”
Pedro Matta, gerente-comercial e de Marketing da Saint-Gobain Glass
“A sociedade foi estimulada a se reinventar e adaptar o ambiente de trabalho. Esses pontos alteraram os hábitos do consumidor final, inclusive na cadeia do vidro plano, o que trouxe uma mudança positiva. Terminamos o ano com resultados melhores do que imaginávamos para uma época de pandemia.
Com essa alteração no estilo de vida, houve uma intensa busca por melhoria dos ambientes residenciais — e isso deverá permanecer pós-pandemia. Em algumas cidades do País, também registrou-se aumento de demanda para vidros para fachadas. Além disso, a baixa taxa de juros foi um dos fatores que ajudaram a movimentar o setor imobiliário no segundo semestre.
Estamos otimistas em relação a 2021. Esperamos um início de ano ainda de forte demanda, seguido de uma acomodação natural do mercado no decorrer dos meses, porém com bom desempenho anual. Em relação ao fornecimento, acreditamos que ficará mais estável ao longo do ano, visto que, no ano passado, todas as empresas do segmento passaram por períodos longos de paradas de produção.
O grande desafio continua sendo a valorização de nosso produto e suas aplicações. Um material nobre como o vidro não deve ser tratado como commodity. De forma geral, o mercado vidreiro precisa evoluir na qualificação da cadeia como um todo, especialmente daqueles que têm o contato direto com o consumidor final.
A Vivix está finalizando os projetos e orçamentos para a construção de sua segunda planta, decisão tomada no ano passado. Em muito breve, teremos orgulho em anunciar a todo o mercado os detalhes sobre local e a data de início da obra.”
Henrique Lisboa, presidente da Vivix
“Sem contar o início da pandemia, o ano foi excelente. O segundo semestre mostrou-se muito aquecido, e não só na construção civil, mas no consumo de ferramentas abrasivas em geral. Notamos urgência nas solicitações e estávamos a postos para atender de forma rápida. A expectativa para 2021 é de grande crescimento: o avanço das obras aliado à baixa taxa de juros compõe o principal cenário desse entusiasmo.”
Gabriel Leicand, diretor da Abrasipa
“Em meio àquele cenário de ‘final dos tempos’, a partir do fim de abril o mercado reagiu e começamos a trabalhar. Estávamos com o estoque abastecido para as vendas pós-carnaval e tivemos uma boa retomada. Acredito no crescimento e na continuidade da construção civil, mas temos de estar muito atentos aos movimentos que podem acontecer, apesar da positividade.”
Yveraldo Gusmão, diretor-presidente da Gusmão-GR
“2020 foi um ano de evolução. Apesar de todos os obstáculos (pandemia, desaceleração, câmbio, falta de matéria-prima etc.), tivemos resultados satisfatórios. Normalmente já temos um aquecimento no segundo semestre, mas fomos surpreendidos a ponto de termos de contratar mão de obra e iniciar outros turnos de trabalho. Estamos com projetos de melhoria produtiva, os quais devemos concluir no primeiro semestre.”
José Pedro Ruiz, diretor-comercial da Diamanfer
“Depois do primeiro semestre desafiador, a Kuraray obteve notável recuperação, empurrada pelo crescimento do mercado de construção civil. Um dos marcos nesse período foi o envidraçamento estrutural da plataforma de vidro Skywalk, em Canela (RS). A expectativa para 2021 é aumentar nossa presença com esse tipo de instalação. Esperamos que as vacinas contra a Covid-19 contribuam para retornar à normalidade até o final deste ano.”
Otávio Akinaga, coordenador de Vendas Técnicas da Kuraray
“Em 2020, a Eastman completou 100 anos de existência. A construção civil apresentou uma retomada muito forte, mas, mesmo assim, conseguimos operar nossas plantas em âmbito global, minimizando os impactos para nossos clientes. Ainda há incerteza global sobre o avanço das economias, porém, estimamos que o Brasil, pelo menos nos próximos meses, tende a manter o forte ritmo apresentado ultimamente.”
Daniel Domingos, gerente-comercial para a América Latina da Eastman
“Agimos com rapidez no início da pandemia e minimizamos os impactos. Aprendemos a trabalhar de forma diferente e terminamos o ano acima da expectativa prevista no primeiro semestre. Os negócios foram bons em máquinas novas e revisadas, e também sentimos grande demanda em peças de reposição e projetos de atualização de sistemas operacionais. As perspectivas para 2021 são boas e a concretização delas dependerá da velocidade imprimida pelo governo ao plano nacional de imunização.”
Luiz Garcia, diretor da Lisec
“Apesar do susto de seu primeiro impacto, com o início das paralisações por conta da pandemia, o ano de 2020 foi muito bom comparado ao anterior. Realmente, o segundo semestre nos surpreendeu e nossas vendas foram alavancadas de forma extraordinária. As expectativas para este ano são muito positivas: esperamos que haja aumento em torno de 10% a 15% em relação aos negócios do ano passado.”
Marcelo Peri Lamezon, gerente-comercial da Sglass
Domo 2020 apresenta tendências no Brasil e no mundo
A Cebrace realizou no dia 24 de novembro, em parceria com as empresas Schüco e Eastman, a 2ª edição do Domo, evento voltado para a discussão de inovações e tendências no design e na função das fachadas de projetos arquitetônicos.
A 1ª edição do Domo, em 2019, reuniu 240 convidados no Hotel Unique, em São Paulo, entre arquitetos, consultores e engenheiros. Já este ano, devido à pandemia do novo coronavírus, o formato do evento foi totalmente online. A curadoria ficou por conta da Architecture Hunter, uma das startups de mídia digital para arquitetura mais influentes do mundo.
Fundamentos para o design
Iniciando as apresentações, Douglas Tolaine, diretor de Design do estúdio Perkins&Will em São Paulo, mostrou cases de fachadas elaboradas de modo a
valorizar o entorno e a conexão com a diversidade. Ressaltando o uso das formas orgânicas, sensações e vegetação como fatores de destaque, Tolaine exibiu projetos que priorizam a integração entre espaços por meio dos vidros e ainda abordou a importância de as fachadas serem pensadas em 360 graus — e não apenas por um de seus ângulos.
Um desses trabalhos é o edifício Vista Tower 1, cuja construção já teve início na capital paulista. Para explorar ao máximo a visibilidade da natureza ao seu redor, o prédio terá fachada de insulados feitos com peças extra clear – segundo ele, esses produtos vêm se tornando mais acessíveis e são muito interessantes para a integração da obra com os espaços externos.
Arquitetura vernacular
Vinicius Andrade, sócio-fundador do escritório Andrade Morettin Arquitetos Associados, afirmou que a arquitetura é um conhecimento acumulado culturalmente e parte da necessidade de se pensar o meio em que vivemos antes mesmo de apresentar as soluções. Nesse sentido, ele falou sobre uma pesquisa realizada acerca de sistemas construtivos de diferentes regiões no mundo localizadas na chamada faixa da Zona Tropical Úmida, os quais compartilham uma identidade muito clara de arquitetura vernacular – aquela que usa materiais locais e tipologias regionais, adequadas ao ambiente, como as palafitas. Andrade explicou que se trata de estruturas leves, com materiais orgânicos e baixa carga térmica, as quais permitem melhor ventilação e sombreamento.
Um exemplo apresentado foi o Instituto Moreira Salles, no qual o escritório buscou levar esse conceito para o espaço urbano. Nessa obra, as diferentes áreas são fluidas e abertas, com ventilação e sem necessidade de ar-condicionado. Além disso, sua pele de vidro com desempenho termoacústico também integra o edifício aos arredores.
A nova China
Patrik Schumacher, diretor do Zaha Hadid Architects (ZHA), na última apresentação do evento, mostrou os principais projetos de seu escritório desenvolvidos na China, país que, segundo ele, dá mais liberdade para certos tipos de arquitetura. O ZHA foi o responsável, por exemplo, pelo novo Aeroporto Internacional de Pequim Daxing (PKX), famoso pela sua grandiosidade e formato de Fênix, ou Estrela-do-Mar, além da grande valorização da transparência em sua fachada e cobertura – a estrutura foi projetada pela própria Zaha Hadid ainda em vida e concluída três anos após seu falecimento.
Para Schumacher, o país asiático vem valorizando inovações e permitindo que sua empresa desenvolva grandes projetos. Ele considera que essa ousadia é reflexo do impressionante aumento no poder econômico local e da sua crescente urbanização.
Relembre as principais notícias vidreiras de 2020
O que começou com expectativa, logo se tornou incerteza. O ano de 2020 era para ser um período de retomada para o mercado do vidro brasileiro, mas a pandemia chegou para acabar com a esperança de retomada do crescimento em curto prazo. Um ano para ser esquecido? Não, pois saímos dele com valiosas lições em muitos aspectos: humanitário, econômico, social etc. Isso sem falar no aquecimento da construção civil nos últimos meses, trazendo otimismo ao setor. Nas próximas páginas, confira o resumo das principais notícias vidreiras deste ano.
JANEIRO
Mudança na AGC
Isidoro Lopes tornou-se o novo diretor-geral da Divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América do Sul da AGC, cargo anteriormente ocupado por Francesco Landi. Paulista, Isidoro soma 25 anos de experiência no setor vidreiro, tendo trabalhado também pela AGC na Bélgica.
Abravidro na telinha
Vera Andrade, coordenadora técnica da associação, explicou no programa É de Casa, da TV Globo, os detalhes sobre a instalação e o uso do vidro em boxes de banheiro, conforme determina a norma NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança. Ela também ressaltou durante sua participação que a principal causa de acidentes é a falta de manutenção preventiva, daí a importância de ter o produto examinado por um vidraceiro a cada doze meses.
FEVEREIRO
Vidraceiros ganham norma
No dia 11, a ABNT publicou a aguardada NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional. A norma define os parâmetros e requisitos para a qualificação dos vidraceiros, de forma a ajudar esses profissionais a exercer seus trabalhos com mais qualidade e segurança. A elaboração teve início em 2016, tendo sido promovida pela Abravidro por meio do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) juntamente com o Comitê Brasileiro de Qualificação e Certificação de Pessoas (ABNT/CB-99).
MARÇO
Comando renovado na Vivix
Henrique Lisboa, ex-diretor-comercial e de Marketing da usina, assumiu a presidência da Vivix após o anúncio de que Paulo Drummond, à frente da companhia desde sua fundação, em 2010, deixaria a empresa para se dedicar a projetos pessoais.
Mais uma unidade no Brasil
A AGC inaugurou uma planta de agregação de valor em Piracicaba, a cerca de 150 km de São Paulo. A unidade é dedicada ao atendimento a clientes regionais do segmento automotivo – ali são feitas a montagem final de componentes dos vidros para esse setor e sua distribuição.
Última feira antes da quarentena
A 18ª Expo Revestir, feira internacional para a área de revestimentos e arquitetura, recebeu cerca de 55 mil visitantes e mais de 200 expositores no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Totens com álcool em gel foram distribuídos pelos pavilhões para uso de todos.
Coronavírus
No dia 11, a Organização Mundial da Saúde decretou que o mundo vivia uma pandemia causada pelo novo coronavírus, causador da Covid-19. Os meses seguintes foram de paralisação da produção em praticamente todos os setores da indústria, adiamento de eventos e muita incerteza sobre o futuro.
VidroCast no ar!
A Abravidro lançou mais um canal de comunicação, dessa vez um que está na moda. O VidroCast é o podcast da entidade: parece um programa de rádio, com a diferença de que você pode ouvi-lo a qualquer momento no computador, tablet ou celular. Todo mês, sai uma edição nova dele comentando as reportagens de O Vidroplano.
Glass South America é adiada
Devido ao agravamento da pandemia, a NürnbergMesse Brasil, organizadora da Glass South America, optou pelo adiamento da feira. Antes marcada para junho, ela seria realizada nos dias 5 a 8 de novembro, no mesmo local, o São Paulo Expo, principal centro de eventos da capital paulista.
ABRIL
Nova direção na Guardian
Renato Poty assumiu a posição de country manager (gerente do país), tornando-se responsável pela gestão administrativa do Brasil. A liderança das áreas de interface com clientes, incluindo marketing e vendas, permanece sob a direção de Renato Sivieri. O executivo Ricardo Knecht deixou a empresa.
MAIO
Três décadas de vida!
A celebração do aniversário de 30 anos da Abravidro se deu na revista O Vidroplano, no site e nas redes sociais da entidade. Diversos momentos históricos foram lembrados, desde a fundação, em 29 de maio de 1990 (ainda com o nome de Associação Nacional de Distribuidores de Vidros e Cristais Planos – Andiv), a criação do Simpovidro e participação em feiras internacionais, até o trabalho incessante em desenvolver o setor vidreiro brasileiro e defender seus interesses.
Números do setor
Foi publicado nesse mesmo mês o Panorama Abravidro 2020, estudo produzido pela associação que analisa os dados produtivos do mercado de vidros planos referentes a 2019.
Estreia o Abravidro Entrevista
A associação deu início a uma série de lives transmitidas pelo Instagram com o objetivo de interpretar os impactos da crise causada pela Covid-19 em nosso mercado. Em edições de maio a julho, foram entrevistados os executivos das usinas Cebrace, AGC, Vivix e Guardian. Houve também uma edição especial sobre o Dia do Vidraceiro, em 15 de maio.
Glasstec só ano que vem…
A principal feira vidreira do mundo deixou sua edição física para 2021. Organizado pela Messe Düsseldorf e previsto para os dias 20 a 23 de outubro, o evento tem realização prevista para o período de 15 a 18 de junho do ano que vem.
…assim como a Glass South America
O segundo adiamento da mostra justificou-se necessário, devido às restrições para viagens e determinações de quarentena. Por isso, a 14ª edição da feira foi remarcada para 24 a 27 de março de 2021.
JUNHO
Reeleito
José Domingos Seixas assume seu segundo mandato como presidente da Abravidro. Ele e a diretoria eleita ficam à frente da entidade até 2023.
Normas na Internet
No dia 1º, Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro, participou de uma live organizada pela Cebrace a respeito da importância das normas técnicas para as diferentes aplicações do vidro na construção civil. No dia 3, Clélia palestrou num evento online da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal) e também comentou o tema, dessa vez com foco no uso correto de vidros de segurança em esquadrias.
Antidumping renovado
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério da Economia, decidiu prorrogar o direito antidumping aplicado às importações de vidros originários da China para uso em eletrodomésticos da linha fria (NCM 7007.19.00). A medida, com validade por até cinco anos, foi publicada no dia 25.
JULHO
Crise na Argentina
A Saint-Gobain Sekurit, divisão do Grupo Saint-Gobain, suspendeu, temporariamente, a produção de vidros automotivos na Argentina. Por conta disso, parte de suas operações de produção foi transferida para o Brasil. Essa medida foi necessária para garantir a sustentabilidade da operação, mas a empresa seguiu atendendo o mercado de reposição.
SETEMBRO
Sem burocracia
Em vigor a partir do dia 1º, a Portaria nº 282 retirou a exigência de registro de objeto e anuência para licença de importação de vidros automotivos, deixando o processo mais simples e menos burocrático.
Obras verdes
No dia 23, o Grupo Saint-Gobain anunciou os vencedores da 7ª edição do Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável. Neste ano, devido à pandemia, a cerimônia foi transmitida pela Internet pela primeira vez, sendo acompanhada pelo público em geral ao vivo. Várias obras vencedoras têm o vidro como elemento de destaque.
Produtos e palestras digitais
O GlassBuild Connect, organizado pela National Glass Association (NGA) no lugar da edição 2020 da GlassBuild America e realizado ao longo de todo o mês, contou com mais de 70 webinars, além de cerca de 300 empresas expondo produtos e serviços, tudo também pela Internet.
OUTUBRO
Comitê para esquadrias
O Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248), criado pela ABNT, começou suas atividades no dia 1º tendo o Sindicato das Indústrias de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp) como sede. Roney Margutti, engenheiro e gerente técnico do sindicato, é o gestor do novo comitê que atuará na normalização do segmento de esquadrias, componentes e ferragens em geral em relação à terminologia, procedimentos, requisitos e métodos de ensaio desses produtos.
Novo boletim online
A Abravidro lançou o Fique por dentro. Boletim de notícias em formato de vídeo, contém as últimas informações do setor e está disponível a cada 15 dias no canal da entidade no YouTube e também nas redes sociais.
Conexão Glass no ar
A Glass South America também entrou na onda de eventos digitais. No dia 29, o 1º webinar da série Conexão Glass teve como tema de estreia Casas inteligentes e conectadas: oportunidade de negócios para o setor. Mensais, as lives irão ao ar até a realização presencial da mostra em 2021.
Vidro na faculdade
A Abravidro realizou as aulas do módulo sobre vidros para a 7ª turma do curso de extensão “Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Este ano, devido à pandemia, as aulas foram ministradas online.
Glasstec Virtual
A versão digital da Glasstec foi realizada de 20 a 22 no site da feira. Mais de 10 mil participantes acessaram o conteúdo gratuito, incluindo palestras técnicas, exposição de produtos e rodadas de negócios.
NOVEMBRO
Termoendurecidos dentro da norma
A ABNT publicou, no dia 12, a NBR 16918 — Vidro termoendurecido. O texto apresenta os requisitos para o processo de fabricação desse tipo de vidro.
Revisão dos temperados
Começou nesse mês o processo de revisão da NBR 14698 — Vidro Temperado, com o objetivo de atualizar os requisitos desse produto.
Levando conhecimento
A coordenadora técnica da Abravidro, Vera Andrade, ministrou a palestra online Normas técnicas do vidro. A apresentação foi organizada pelo Sindividros-RS e transmitida pela plataforma Construsul Online.
DEZEMBRO
Data remanejada
Cenário de incertezas por conta da pandemia leva organizadores da Glass South America a remanejar a data da feira mais uma vez. A mostra será realizada de 1º a 4 de setembro de 2021.
Mais mudanças em feiras
A Feicon Batimat anunciou o adiamento da mostra para 14 a 17 de setembro de 2021, no São Paulo Expo. A Expo Revestir também mudou: a edição do ano que vem, programada para março, será 100% digital.
Lousas de vidro trazem oportunidades de mercado
Esta seção de O Vidroplano frequentemente aponta a necessidade de que o vidraceiro não se restrinja aos trabalhos básicos e busque sempre diversificar seu portfólio. Nesse sentido, uma opção bastante inovadora é a venda e instalação de lousas de vidro. Produto bastante útil para diferentes finalidades, ele pode ser aplicado em vários espaços. Conheça mais a seguir sobre e prepare-se para suas anotações.
Solução multiuso
Na live realizada pela Abravidro no dia 18 de maio, em comemoração ao Dia do Vidraceiro, Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro, foi enfático ao apontar que a exploração de outros nichos de mercado pode ajudar a ampliar as vendas de uma vidraçaria. O exemplo dado foi justamente a aplicação de um vidro como revestimento de parede, no qual os filhos dos clientes poderiam desenhar: “A gente já vendeu muito revestimento desse tipo só focado em criança, como se fosse uma lousa”, contou para Vera Andrade, coordenadora técnica da entidade, durante a transmissão. As mesmas canetas e apagadores usados para quadros brancos podem ser usados nos vidros.
A mesma sugestão foi repetida por Gabriel durante o primeiro webinar da série Conexão Glass, programação da feira Glass South America, em outubro (saiba mais sobre o evento clicando aqui). Na ocasião, ele comentou que esse uso poderia manter as crianças distraídas nesse período em que os pais não podem levá-las para brincar fora de casa.
Mas engana-se quem pensa que os pequenos são o principal público-alvo desse produto. “Antes, vendíamos apenas para o mundo corporativo”, conta Rayssa Navarro, CEO da Multpainel Lousas de Vidro. “Apenas de 2013 para cá abrimos as vendas para pessoas físicas e esse mercado foi sendo construído.” A lousa, por si só, é um produto que pode ser instalado em todos os ambientes e lugares, não apenas para substituir os antigos quadros-negros ainda escritos a giz ou os brancos de madeira.
Comunicação com praticidade
O que torna a lousa interessante para empresas? Rayssa explica: “O produto estimula a criatividade e favorece a boa comunicação, além de ser um ponto focal de atenção para a construção de raciocínios, debate de ideias e exposição de pensamentos. Nos espaços corporativos, tudo isso é essencial para bons resultados”.
As características do vidro facilitam essa troca de informações. “Por ser um material de fácil limpeza e manutenção, devido à sua superfície plana e lisa — sem porosidade —, ele permite escrever e apagar com praticidade, além de ser mais higiênico em relação a outras opções”, avalia Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix.
O aspecto estético também conta em uma aplicação como essa. “As lousas envidraçadas permitem trazer modernidade a uma aplicação considerada tão antiquada, dando leveza ao ambiente e possibilitando a diversificação nas cores, layout e forma em que o produto pode ser usado”, destaca Camila Batista, engenheira de Desenvolvimento de Produto da Cebrace. Essa opinião é compartilhada por Matheus Oliveira, gerente de Vidros Decorativos da AGC, que acrescenta: “Muito além de uma aparência diferenciada no revestimento da parede, há uma funcionalidade importante e a possibilidade de manter a aparência original da parede, diferentemente de lousas tradicionais ou paredes com tintas comuns”.
Vale salientar que empresas e residências não são os únicos espaços em que as lousas de vidro têm potencial – por isso mesmo, é uma opção de venda que pode agregar aos negócios dos vidraceiros. “Além de ser uma alternativa criativa de uso do vidro, o material possui amplo campo de aplicação, como em academias e instituições de ensino, entre outros”, sugere Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian.
O vidro ideal
Entre as usinas de base no Brasil, o vidro pintado parece ser um consenso como a melhor escolha para essa finalidade. “Sempre sugerimos os pintados como os mais indicados para lousas, pois, além de oferecer estética diferenciada, também agregam muito estilo e modernidade aos ambientes”, informa Renato Sivieri, da Guardian.
Porém, a pintura da peça não é o único tratamento pelo qual ela deve passar. “No que se refere ao processamento do vidro, não existem referências técnicas específicas para isso, mas recomenda-se utilizá-lo na versão temperada e/ou laminada, pois são classificados como vidros de segurança pela forma como os fragmentos se quebram em uma situação de acidente, diminuindo o risco para o usuário”, alerta Camila Batista, da Cebrace.
Rayssa, da Multpainel, concorda: “Damos preferência a vidros temperados e defendemos muito a utilização desse tipo de beneficiamento. Apesar de muitas lousas de vidro comum ou de laminado simples serem vendidas no mercado, não abrimos mão do temperado em nossos modelos. Mesmo se a aplicação, por norma, demandar uma peça laminada, preferimos recorrer ao laminado temperado”.
Da mais comum à mais sofisticada
Uma lousa de vidro básica é bem simples de ser instalada. A forma mais comum é a fixação mecânica, parafusando-a com prolongadores. Porém, também é possível colá-la com fitas dupla face, em processo semelhante ao usado na aplicação de espelhos.
Essa é a solução mais simples de oferecer ao cliente, mas o vidraceiro pode, e deve, explorar também outras possibilidades. A seguir, alguns exemplos:
– Uma delas é a magnética. Nela, além de escrever, também é possível fixar objetos com a ajuda de ímãs. “Nada mais é que uma lousa de vidro básica com uma manta de alto magnetismo aplicada na parte de trás. Dessa forma, o magnetismo ultrapassa a massa do vidro”, explica Rayssa;
– Menos comuns no mercado, porém bastante promissoras para os próximos anos, são as digitais interativas. Como o nome diz, permitem a projeção de imagens, como se fossem uma tela de toque. A única diferença na instalação é que uma película de projeção deve ser aplicada na face do painel, para evitar que os reflexos atrapalhem a nitidez da tela. Viviane, da Vivix, ressalta que nesse tipo específico de aplicação é necessário avaliar a escolha correta do vidro e o uso de sistema operacional que permita a interatividade digital;
– E, quando falamos em lousas, pode vir à mente uma placa envidraçada colocada no meio de uma parede – mas, em vez disso, por que não sugerir ao consumidor que toda a parede seja revestida? “Costumamos indicar a aplicação do produto para revestimentos de paredes de escritórios, salas de aulas e espaços residenciais em que possa haver quadro de anotações”, conta Oliveira, da AGC. “Até mesmo para o quarto da criança há lugar — estimula a criatividade sem impactar diretamente no acabamento.”
Potencial para todos os elos da cadeia
Embora esta seção seja dedicada aos vidraceiros, os demais profissionais do nosso setor também têm muito a ganhar com as oportunidades desse produto. “O vidro pintado no Brasil ainda não tem tanta representatividade como em outros países, a exemplo dos Estados Unidos, que já atuam nesse mercado de lousas há anos, e seu consumo aumenta significativamente a cada ano”, considera Viviane, da Vivix. “Essa grande oportunidade para o mercado vidreiro do Brasil precisa ser explorada pela cadeia como um todo.” Para Rayssa, a maré dessa solução foi surfada praticamente sozinha pela Multpainel de 2006 a 2015. “Hoje, há diversas empresas focadas em lousas de vidro. E isso é ótimo para todos, pois em termos macroeconômicos a concorrência gera melhoria bruta para o consumidor e para todo o ecossistema de consumo.”
Conheça mais sobre o uso do vidro no setor moveleiro
Importante consumidor de vidro, o setor moveleiro também sofreu com as consequências da pandemia. No entanto, parece recuperar-se em bom ritmo, o que representa uma boa notícia para as empresas fornecedoras do material usado em mesas, armários, divisórias etc.
Em mais uma reportagem que analisa a situação dos principais clientes de nosso mercado em meio a um ano completamente atípico, O Vidroplano conversou com usinas, processadoras e fabricantes de móveis. Confira nas páginas a seguir como a produção foi afetada nos últimos meses, as diferenças entre o vidro destinado a esses equipamentos e à construção civil e as tendências em decoração observadas pelos especialistas.
Números
Segundo o Panorama Abravidro 2020, estudo produtivo do setor referente ao ano de 2019, feito pela Abravidro, os vidros usados em tampos e em alguns outros tipos de móveis representam 6,3% da indústria de transformação (excluindo os automotivos). Curioso notar que esse segmento teve queda tanto no faturamento (13% em comparação a 2018) e produção (4,5%).
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), a fabricação de móveis em agosto de 2020 foi de 42,6 milhões de peças, aumento de 5% sobre julho. O acumulado no ano, porém, continua negativo: queda de 11,1% sobre 2019. O consumo aparente (o resultado da conta: produção + importações – exportações) desses produtos em agosto também aumentou 4,1% em relação a julho.
Percepções do mercado
O mercado moveleiro se aqueceu rápido. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento das vendas em agosto é o maior da série histórica iniciada em 2012 (aumento de 39,9% em comparação com o verificado no mesmo mês do ano passado). As vendas somadas de junho, julho e agosto de 2020 representam um aumento de incríveis 119,2% na comparação com esses meses de 2019.
E o que dizem as empresas? Para a processadora Cinex, houve uma considerável retração econômica, pois todos estavam lidando com um cenário desconhecido de pandemia. “Quando os olhares das pessoas se voltaram para a casa e o home office se intensificou, isso despertou novos comportamentos de consumo e os negócios voltaram a crescer”, aponta Elaine Montipó, coordenadora-comercial da empresa. “Percebemos uma retomada rápida, graças ao consumo reprimido.”
Fabricio Flach, gerente-comercial da também processadora Tecnovidro, concorda. “O momento antes da quarentena era bom, e 2020 iniciou seguindo a tendência otimista e de retomada. Mas, depois disso, a produção e as vendas caíram cerca de 40%.” No entanto, Flach revela que, desde o final de julho, a demanda está maior que a do período pré-pandemia. “Mesmo com a parada, alguns de nossos clientes que atuam com móveis deverão superar os números de 2019.”
O caso da Laca108, fabricante de divisórias, portas e painéis para decoração, é semelhante. “Começamos o ano bastante confiantes, com obras sendo realizadas. E aconteceu de, bem no início dessa crise, estarmos com projetos em andamento, o que nos fez sentir a queda um pouco mais para frente”, explica o proprietário Evandro Castro. A marca Glass11, de mobiliários feitos com vidro, já enxerga a situação por outro viés: “Esse setor aqueceu, mas menos do que a construção civil. Ainda não considero um bom momento, porque tem muito trabalho a ser feito”, analisa Matheus Moreira Silveira, seu diretor criativo e proprietário. Mesmo assim, com a realidade vivida atualmente, a empresa viu um aumento expressivo de 50% nas vendas.
Tendências
Em reportagem da edição de julho, O Vidroplano mostrou possíveis tendências da arquitetura e decoração por conta da pandemia – e o papel relevante do vidro nesse contexto. Segundo o que já pode ser visto, as previsões estavam corretas. “Levando em consideração os nossos produtos, vimos uma crescente em todos os itens e complementos voltados para a área gourmet, uma vez que o convívio com a família foi estimulado. Além disso, portas deslizantes, que ao mesmo tempo conectam e dividem espaços, ganharam destaque”, alerta Fernanda Fialho, coordenadora de Relacionamento e Marketing da Cinex.
“Com mais tempo em casa, foi necessário repensar a funcionalidade de cada ambiente. Por exemplo, muitas pessoas precisaram transformar aquele quarto de visitas em um ambiente adequado de trabalho”, comenta Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix. “Como resultado dessas adaptações, tivemos não só o aumento nas vendas do setor moveleiro, como também o crescimento da prestação de serviços de marcenaria e o consumo de matéria-prima, como é o caso do vidro.”
Conforme aponta Pedro Matta, gerente-comercial e Marketing da Saint-Gobain Glass, existem duas tendências em voga nos formatos dos móveis: “Dentro do mercado da arquitetura e design de forma geral, os principais estilos são o industrial e as formas geométricas”. O primeiro é marcado pelo minimalismo, remetendo a construções industriais, como grandes galpões. Já o segundo, como o nome indica, está ligado a formatos como hexágonos, triângulos, círculos etc.
E as características de nosso material combinam com essas vertentes, sendo a principal delas sua baixa necessidade de manutenção, já que é fácil de limpar. Além disso, espelhos ou peças refletivas ajudam a amplificar os ambientes, tornando-os mais aconchegantes. “Temos observado maior utilização de vidros coloridos, aplicados como tampo de mesa sobre madeira, agregando o ar moderno em contraste ao rústico”, afirma Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian. “Pode ser utilizado ainda em portas de armários e aplicado naquele espaço vazio entre a parede da pia e armários suspensos, ajudando a revigorar espaços.”
Espelhos também são bastante usados. “Podemos destacar um crescimento na aplicação de espelhos acidatos”, comenta Matheus Oliveira, gerente de Produtos|Vidros Decorativos da AGC. “Uma grande tendência é a de incorporar funcionalidade ao espelho, como iluminação em LED, aquecimento para evitar embaçamento e até som.”
Outros destaques das aplicações atuais do material em móveis:
– Espelhos em roupeiros;
– Vidros pintados em portas de armários;
– Vidros em apartamentos planejados, substituindo a madeira.
Acabamento impecável
Estética é a palavra-chave para o nosso material empregado em móveis. “É um conceito diferente do da construção, na qual o desempenho do vidro é um dos atributos mais importantes”, explica Sivieri, da Guardian. Como exemplifica Flach, da Tecnovidro, as peças devem ser quase perfeitas, sem qualquer tipo de defeito visual aparente. “Para isso, o processo de produção deve ser mais controlado e refinado, de forma a garantir perfeição nos detalhes, principalmente durante a lapidação e pintura.”
Vale lembrar que existem normas técnicas próprias para esse tipo de aplicação. “Deve-se respeitar as exigências da NBR 14488 — Tampo de vidro para móveis – Requisitos e métodos de ensaio, por exemplo”, aponta Rafael Matoshima, coordenador de Mercado da Cebrace, usina que disponibiliza em seu site um simulador para especificações que também auxilia no trabalho com o setor moveleiro.
Outra característica está nas espessuras, que tendem a ser padrão para aplicações mais usuais: “Nesse mercado, as estruturas comuns pedem vidro de 4 mm”, reforça Evandro Castro, da Laca108.
Futuro das aplicações
Os móveis não são mais objetos com funções específicas. Faz tempo que se integram a conceitos de decoração e design, sendo parte fundamental da arquitetura de obras recentes. Por isso mesmo, as características do vidro fazem com que o material seja uma solução para qualquer tipo de mobiliário. “Muitos dizem que o vidro é um material frio, mas acreditamos que tenha propriedades e versatilidade para trazer o aconchego necessário para um ambiente”, destaca o analista de Marketing da Cinex, Mateus da Cruz. “Tendências que chegarão com força estão no uso de vidro colorido com estética retrô, assim como formas orgânicas que imitam a natureza. Também incluo os vidros mais grossos, com espessura de até 50 mm”, completa Silveira, da Glass11.
Mais futuras tendências:
– Aplicação de tecidos nos vidros, fazendo um jogo entre luz e sombra proporcionado pelos dois elementos;
– Maior uso de chapas com serigrafia;
– Personalização da impressão digital para padrões e imagens que o cliente escolher.
Crise na Argentina afeta fábricas de vidro
A Saint-Gobain Sekurit, divisão do Grupo Saint-Gobain, anunciou em julho que suspendeu, temporariamente, a produção para o segmento de vidros automotivos na Argentina. Parte de suas operações de produção foi transferida para o Brasil. Segundo a empresa, seus ativos industriais no país foram mantidos, na expectativa de uma possível retomada do mercado. Essa medida foi necessária para garantir a sustentabilidade da operação. Por enquanto, ela segue atendendo o mercado de reposição.
Por sua vez, a nova fábrica da Vidriería Argentina S.A. (Vasa), subsidiária da NSG/Pilkington, está com o prédio externo finalizado e com as áreas internas bastante avançadas (foto). Conforme explicado na série Abravidro Entrevista por Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, diretores-executivos da Cebrace, os trabalhos serão retomados assim que o governo argentino flexibilizar a retomada das atividades no país por conta da pandemia. No entanto, isso ainda não tem prazo para ocorrer.
Empresas do setor participam do combate ao coronavírus
As empresas ligadas ao segmento vidreiro continuam promovendo ações buscando contribuir com o enfrentamento da pandemia. A Eastman, por exemplo, vem fornecendo materiais aplicados em produtos médicos, de saúde e de higiene para diferentes países. Aqui no Brasil, a empresa doou copoliésteres (materiais rígidos e transparentes) às companhias 3D Lab e MMS Plásticos, para a produção de mais de 20 mil protetores faciais utilizados em hospitais. Serão ofertados também seiscentos desses protetores para a Prefeitura de Mauá (SP) distribuí-los aos trabalhadores das áreas de saúde, limpeza pública, defesa civil e guarda municipal. Além disso, a Eastman forneceu, gratuitamente, o Eastman Trēva, termoplástico à base de celulose, para a empresa Suntech fabricar óculos de proteção, a fim de garantir a segurança dos profissionais de saúde em hospitais de todo o País.
A Cebrace buscou identificar a melhor forma de contribuir com as comunidades locais em cada cidade em que tem unidades fabris. A usina está trabalhando em duas frentes: doação de 9.400 unidades de aventais descartáveis para os hospitais públicos dos municípios de Jacareí e Caçapava (SP) e Barra Velha (SC), e fornecimento de 3 mil cestas básicas às famílias vulneráveis dessas localidades, garantindo apoio aos fundos municipais. Segundo a Cebrace, todas as doações serão entregues até o final de julho.
Conheça os cuidados para a troca de vidros em fachadas
A troca de vidros em fachadas ainda é um trabalho pouco explorado por vidraçarias. Trata-se de uma atividade delicada, exigindo profissionais capacitados em sua realização, planejamento prévio adequado e equipamentos que permitam a remoção da peça a ser substituída e a colocação de uma nova.
Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta para os vidraceiros que desejam se especializar nesse serviço quais os cuidados e procedimentos a serem tomados, a forma como a colagem dos vidros deve ser feita e as orientações específicas para determinadas peças.
Sempre capacitada
Embora a tarefa seja complexa, nada impede que uma vidraçaria possa realizá-lo, seja ela grande ou pequena. “A substituição pode ser feita por qualquer empresa, desde que tenha conhecimento e muita técnica”, afirma a arquiteta Audrey Dias, consultora de Esquadrias e Vidros do Grupo Aluparts. Segundo ela, muitas empresas não estão capacitadas por não terem engenharia adequada para tais serviços.
Assim, é imprescindível que a vidraçaria disponha de uma equipe de projetos para entendimento e planejamento da execução, bem como equipamentos necessários, como balancins, ventosas, cordas e cintos de segurança, e operadores experientes nesses procedimentos. Para isso, Audrey afirma que os instaladores devem passar por cursos para realização de trabalho em altura, conforme determina a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35), manuseio de equipamentos e aplicação de fixações químicas. “Recomenda-se também o treinamento periódico para procedimentos de aplicação e colagem com silicone estrutural e fita dupla face estrutural junto aos próprios fornecedores dos produtos”, acrescenta.
A importância do planejamento
Os cuidados na troca dos vidros começam ainda no planejamento — todo cuidado nessa etapa é crucial para garantir a qualidade do serviço e a segurança dos instaladores.
“Normalmente, as substituições das peças são feitas em edifícios mais antigos que estão passando por algum tipo de reforma”, observa Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. Nesse caso, ele enfatiza que é importante avaliar se as chapas existentes atendem as normas técnicas, principalmente a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, em relação à tipologia dos vidros, à segurança por eles oferecida e às áreas nas quais devem ser aplicados, a fim de reduzir os riscos de acidentes. Barbosa ressalta que, ainda que os vidros antigos estejam instalados em desacordo com essas publicações da ABNT, é responsabilidade da empresa contratada que a nova especificação atenda os requisitos delas.
Por falar em normas, Fábio Reis, gerente técnico da Guardian, lembra que há outras além da NBR 7199 cujas determinações precisam ser seguidas nesse trabalho: trata-se da NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho, e das específicas para colagem estrutural com o produto a ser utilizado:
Em caso de silicone estrutural, deve-se consultar a NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural;
Em caso de fixação com fita dupla face estrutural, a NBR 15919 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com fita dupla face estrutural de espuma acrílica para construção civil, atualmente em processo de revisão.
Além de um bom conhecimento dos textos técnicos, o vidraceiro deve ter em mãos a especificação técnica de todos os componentes do sistema: vidro, perfis, vedações, parafusos etc. “É a partir dessa informação que o profissional terá condições de orçar e entregar um produto final de acordo com as premissas que foram consideradas no projeto”, explica Nilson Viana, coordenador da Consultoria Técnica da Cebrace. Infelizmente, segundo ele, é muito comum perder essas informações com o passar dos anos. Por isso, quando precisam realizar alguma troca, os responsáveis pelo serviço encontram bastante dificuldade em identificar o produto correto.
Também há casos em que a troca das peças faz parte de um projeto de retrofit, ou seja, uma atualização na edificação. “Além de objetivar a renovação estética da edificação, deve priorizar os critérios de segurança, como a utilização de laminados”, afirma Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC. Outra recomendação importante: sempre que possível, o retrofit pode ser aproveitado para a aplicação de peças com mais tecnologia, como as de controle solar, que auxiliam na melhoria do conforto térmico da edificação e redução de custos de energia.
Passo a passo da troca dos vidros
Audrey Dias, do Grupo Aluparts, lista as etapas desse trabalho:
1- Identificar a especificação correta tanto do vidro como do sistema construtivo das esquadrias (stick ou unitizado)
2- Conferir as dimensões da peça a ser trocada
3- Remover o vidro existente
4- Preparar a superfície que receberá o novo vidro com boa limpeza técnica
5- Aplicar o novo vidro
“Em fachadas com sistema de fixação mecânica, por meio de ferragens, revisamos as vedações e o serviço se encerra. Já nas com fixação química, por meio de silicone estrutural ou fita dupla face, temos de aplicar presilhas de pressão para garantir a cura ou adesão corretas”, explica Audrey. Após o tempo indicado pelos fornecedores dos produtos, as presilhas são removidas e a vedação do sistema é então revisada.

Fixação
Conforme já comentado, o sistema construtivo da fachada faz toda a diferença na hora de planejar a troca dos vidros:
– O modelo stick permite a retirada do quadro de alumínio da fachada. “Nesse tipo, a reposição é simples, com a substituição do vidro podendo ser feita numa bancada com o procedimento normal de colagem. Antes da remoção do quadro, deve-se analisar se será possível reaproveitá-lo. Caso não seja, é necessário produzir outro, com o mesmo tipo de perfil já utilizado”, orienta Roberto Almeida, supervisor-comercial da Adere;
– Já no sistema unitizado, a remoção do quadro não é possível. “Sempre recomendamos que fixações mecânicas sejam colocadas temporariamente, como presilhas, até que o produto usado para a fixação atinja as resistências mecânicas necessárias para suportar o peso da peça e os esforços do projeto”, recomenda André Cunha, gerente técnico da Sika. Almeida, da Adere, alerta que, nesse tipo de sistema, a solução deve ser tratada caso a caso com todos os envolvidos no projeto.
Independentemente do sistema da obra e do produto usado para fixar os vidros, é preciso dar atenção à limpeza. “Como estamos falando de uma aplicação que envolve adesão, é primordial limpar os substratos”, alerta Emir Debastiani, especialista técnico da Dow. Além disso, quando se usa selante de silicone estrutural, Debastiani explica que é importante ter cuidado com a temperatura das superfícies no momento da aplicação, seguindo as recomendações do fabricante do selante. Assim, a temperatura de aplicação estará dentro dos limites estabelecidos — níveis de calor muito elevados podem ocasionar problemas no silicone, como a formação de bolhas.
A temperatura também é um quesito a ser avaliado caso a fixação das peças seja feita por meio de fita dupla face estrutural. De acordo com Victor Hugo Busato, engenheiro especialista de Aplicação da 3M do Brasil, ela não pode ser aplicada quando a temperatura ambiente e da superfície dos substratos forem menores que 10 °C. “A recolagem do vidro diretamente na esquadria também exige o uso de equipamentos adequados que consigam gerar uma pressão mínima”, recomenda Busato. “E todos os vidros substituídos nesse processo devem ser verificados e registrados para garantir que o processo de troca tenha sido efetivo, garantindo total segurança.”
Vale destacar que as fabricantes de produtos para fixação disponibilizam manuais e oferecem suporte técnico e, em alguns casos, até mesmo treinamento.
Uniformidade e desempenho
A uniformidade estética da fachada é um dos maiores desafios na troca de vidros. A sugestão é que sejam usados os mesmos produtos aplicados no projeto original. Se não for possível, o ideal é consultar a equipe técnica da fabricante do material para realizar a especificação mais adequada à necessidade da obra, indica Fábio Reis, da Guardian. Ao se aplicar um produto diferente, recomenda-se ainda fazer avaliações estéticas por meio de protótipos em tamanho real.
Luiz Barbosa, da Vivix, comenta a respeito de outro elemento importante a ser considerado: “A substituição de qualquer elemento das fachadas deve ser de forma que os novos elementos não alterem as características arquitetônicas originais”. Segundo Nilson Viana, da Cebrace, vidros de controle solar merecem atenção especial nesse tipo de serviço. “Qualquer alteração na sua composição pode ocasionar mudança na coloração e, consequentemente, causar um efeito de heterogeneidade na estética do edifício”, analisa. Além da cor, possíveis mudanças na composição podem resultar na perda de desempenho térmico, gerando desconforto para os habitantes da edificação. É importante seguir criteriosamente as informações técnicas contidas nos projetos de arquitetura, assim como nos de consultoria de fachadas.
Por fim, para saber as dificuldades que encontrará, é recomendável que o vidraceiro avalie a arquitetura das fachadas antes de aceitar o trabalho. “Nós nos deparamos muitas vezes com fachadas inclinadas, recortadas e de difícil acesso e edificações sem pontos de ancoragem para fixação adequada do equipamento”, revela Audrey Dias, do Grupo Aluparts. “Obras com vidros em tamanhos especiais e torres com geometria diferenciada também podem tornar o trabalho mais complexo.” Para superar esses desafios é preciso contar com uma equipe técnica especializada em projetos, operadores treinados e atualizados com os novos sistemas de fachada, além, é claro, de equipamentos de qualidade.
Eventos online contam com participação da Abravidro
Com a pandemia do novo coronavírus ainda vivida em boa parte do mundo, a disseminação de conhecimento tem sido possível por meio de lives, webinars (seminários em vídeo) e palestras online. Nas últimas semanas, a Abravidro promoveu e participou de iniciativas desse tipo, voltadas para o mercado dos vidraceiros e para a divulgação das normas técnicas relacionadas ao nosso material.
Além dos três eventos online apresentados a seguir, vale destacar que a Abravidro realizou mais uma edição da série Abravidro Entrevista durante o fechamento desta O Vidroplano, conversando com representantes da Vivix em uma transmissão no perfil da entidade no Instagram.
De vidraceiro para vidraceiro
O Dia do Vidraceiro foi comemorado no dia 18 de maio. Na data, a coordenadora técnica da Abravidro, Vera Andrade, conversou com Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro e um dos maiores influenciadores do segmento no País. Ao vivo, a transmissão foi totalmente dedicada aos negócios desses profissionais.
Segundo Gabriel, não basta o vidraceiro saber o serviço que seu cliente quer: é preciso entender como alcançar esse público e identificar os problemas que o consumidor pode ter para, assim, solucionar com o produto correto. “Para que a gente possa aumentar nossa margem de captação de compradores, temos de começar a oferecer benefícios em vez de vidros. Nosso material é um meio para que o cliente consiga alcançar o ganho que procura”, declarou.
Nesse sentido, a venda de produtos de valor agregado também foi abordada na conversa. “No fundo, todos nós como consumidores estamos procurando preço, mas quase sempre pesquisamos antes o produto que vai atender melhor nossas necessidades”, avaliou Gabriel. Para ele, dificilmente alguém vai escolher um produto com menos benefícios do que outro se ambos custarem o mesmo valor — ou se a diferença entre os dois for pequena. Dessa forma, cabe aos vidraceiros “educar” o cliente quando ele ainda está formando opinião, divulgando os benefícios que a solução trará.
Ao longo da transmissão, o diretor do Grupo Setor Vidreiro deu uma série de dicas para quem busca crescer nesse mercado:
– Parceiro do cliente – Estar em contato com os clientes é muito lucrativo. “O vidraceiro precisa ligar para perguntar como está o funcionamento do produto instalado e, se necessário, retornar às obras e verificar, porque, senão, o sistema instalado se degrada e o cliente pode decidir que não vai mais colocar vidro na casa”, alertou. Além disso, Gabriel aponta que a manutenção desses sistemas é hoje um dos melhores mercados para os profissionais.
– Explorando novos nichos – Uma das perguntas feitas pela audiência durante a transmissão foi se a exploração de outros nichos de mercado, como a decoração de ambientes, ajuda a ampliar as vendas de uma vidraçaria. Para Gabriel, a resposta é positiva. Um exemplo dado é a possibilidade de aplicação de um vidro como revestimento de parede, de maneira que um filho pequeno do cliente possa desenhar. “A gente já vendeu muitas peças com foco em crianças, como se fossem uma lousa”, recordou.
– Sempre dentro das normas – Outro ponto abordado foi o caso dos vidraceiros que consideram que, se não venderem um produto fora de norma, seguindo uma indicação do cliente como forma de gastar menos, o concorrente vai vender. “Sempre terá alguém que faz mais barato, especialmente para quem trabalha com vidros mais popularizados, menos diferenciados”, comentou. Porém, fez um alerta: “Se perder o serviço por não aceitar fazer errado, você sabe quanto perdeu. Mas se fizer o produto fora de norma e acontecer qualquer problema, você não sabe o quanto pode perder, colocando sua credibilidade e até sua empresa em risco”.
– Peças-chave para o setor – A importância dos vidraceiros na cadeia vidreira foi ressaltada durante a live. Vera Andrade destacou o papel fundamental desses profissionais. E Gabriel ressaltou: “É o vidraceiro quem mais tem contato com o consumidor final do vidro, é ele que puxa o mercado e que o mantém ativo mesmo na crise”.
– Em constante aprimoramento – Não importa se o vidraceiro acabou de entrar no mercado ou se já trabalha nele há décadas: sempre é importante estudar para se aperfeiçoar. Além disso, as vidraçarias precisam se adequar à realidade do momento, ter seu próprio site e adaptar-se às tecnologias. Nesse sentido, Gabriel contou que o próprio Grupo Setor Vidreiro precisou lidar com isso durante a pandemia, aprendendo a fazer transmissões ao vivo e usando-as para se comunicar com seu público.
Por dentro das normas
No dia 29, foi a vez de a analista de Normalização da Abravidro, Clélia Bassetto, participar de uma transmissão promovida pela Cebrace, com o tema Normas: o vidro correto para cada aplicação. No bate-papo, mediado por Jonas Sales, coordenador de Engenharia de Aplicação da Cebrace, discutiu-se a importância das normas técnicas da ABNT para os diferentes usos do vidro na construção civil.
Antes de abordar as principais normas para o nosso setor, Clélia apresentou os trabalhos desenvolvidos pelo Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) — sediado na Abravidro —, incluindo os encontros para elaboração e revisão de normas, esclarecimento de dúvidas sobre os documentos, palestras em instituições de ensino, eventos organizados pelas entidades regionais e o trabalho junto aos Corpos de Bombeiros pelo País.
O destaque da conversa foi a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações. Clélia frisou que essa é a norma mais importante para o nosso setor porque estabelece o vidro correto para aplicação em cada tipo de vão. Além disso, o texto traz fórmulas para cálculos da espessura das peças, exemplos de instalações e detalhes consultivos como a definição de calços e folgas. A live também abordou outros textos, como a NBR 14718 — Esquadrias — Guarda-corpos para edificação — Requisitos, procedimentos e métodos de ensaio; a NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança; e a NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas — Requisitos e métodos de ensaio.
Clélia apresentou algumas determinações presentes nessas normas para diferentes tipos de aplicação do vidro (veja mais clicando aqui) e enfatizou a importância do cumprimento delas para garantir a segurança das pessoas e o bom funcionamento dos sistemas. Ao final, perguntas da audiência foram respondidas — entre elas questões sobre vidros resistentes ao fogo, além de terem sido mostradas ao vivo as diferenças entre o laminado e o insulado. Houve ainda tempo para recomendar a ferramenta online disponível no site da Cebrace para o cálculo de espessuras, bem como a tabela Que vidro usar?, da campanha #TamoJuntoVidraceiro, da Abravidro.
Segurança com conforto térmico
Clélia Bassetto voltou a falar sobre normas na palestra digital Utilização correta dos vidros de segurança em esquadrias, organizada no dia 3 de junho pela Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal).
Ao discorrer sobre guarda-corpos, a analista da Abravidro apresentou um vídeo de ensaio do sistema, mostrando que é preciso que todos os componentes sejam especificados e fixados de forma adequada.
Outro tema comentado foi o envidraçamento de sacadas. Além de apontar as orientações da NBR 16259, Clélia comentou que a NBR 7199 recomenda o uso de vidros de controle solar, de forma a manter o conforto térmico dentro do ambiente. A norma também faz essa recomendação para o uso de vidros em fachadas e coberturas.
Em seguida, Luciana Teixeira, coordenadora de Trade Marketing da Cebrace, apresentou o catálogo de peças de controle solar da empresa, destacando quais delas podem ser temperadas, laminadas ou insuladas.
Mediador da palestra, Antônio Edson Limeira Júnior, responsável pelo Departamento da Qualidade da Afeal, destacou que o conhecimento e cumprimento das normas são fatores muito importantes tanto para a segurança do usuário final como para a tranquilidade dos fornecedores de esquadrias.
Abravidro promove lives pelo Instagram com usinas de base
Em tempos de pandemia, as lives se tornaram ferramentas eficazes para artistas, músicos e empresas falarem com o público. Aproveitando a onda, a Abravidro também iniciou as transmissões ao vivo. Seu objetivo: levar informação ao setor. Em 5 de maio, estreou em seu perfil no Instagram a série Abravidro Entrevista, reunindo conversas com players do mercado para refletir sobre os impactos causados pelo novo coronavírus. A primeira convidada foi a Cebrace e, na semana seguinte, dia 12, foi a vez da AGC – vale citar também que, durante o fechamento desta edição da revista, houve uma live especial para comemorar o Dia do Vidraceiro (18), cujo conteúdo será comentado em O Vidroplano de junho.
Consequências da crise
O 1º episódio da iniciativa, com a Cebrace, teve o presidente da entidade, José Domingos Seixas, e a superintendente, Iara Bentes, entrevistando os diretores-executivos Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, e o gerente-comercial, Flávio Vanderlei. Além das perguntas feitas por Iara, mediadora do bate-papo, os profissionais também responderam a questões dos espectadores.
A Cebrace foi a única fabricante nacional de vidro a paralisar sua expedição, de 30 de março a 13 de abril, aproveitando o momento para antecipar manutenções nos fornos e rebalancear estoques. “Fevereiro foi um mês forte; por isso, nossos clientes estavam bem abastecidos”, explicou Valu.
“Abril já foi um mês para ser esquecido, um ponto de inflexão histórico em nossa empresa”, complementou Castiella. Por isso mesmo, a usina está trabalhando sob as regras da MP 936/2020, publicada pelo governo federal em 1º de abril: houve redução de jornada e de salários de funcionários com o intuito de preservar a sustentabilidade financeira da empresa.
A retomada das operações seguiu protocolos de saúde, com o uso de máscaras e álcool-gel por parte dos colaboradores. As atividades no sistema de home office ainda seguem para certas funções e devem continuar com algum tipo de rodízio no futuro.
Faturamento e investimentos
Segundo Flávio Vanderlei, março mostrou grande queda nas vendas e abril serviu apenas para atender urgências de clientes, mesmo com o retorno completo da expedição. Em números absolutos, os dois meses representam cerca de 300 caminhões carregados deixando de sair da fábrica. “Em maio e junho, teremos metade da movimentação para o período. No ano, a expectativa de queda do faturamento é de 20% a 25%”, analisou.
Os impactos da crise foram agravados, segundo a usina, por três fatores: o valor do gás natural, que segue caro; a alta do dólar, que dificulta a compra de matéria-prima, como a barrilha, e componentes de maquinários; e o aumento da competitividade predatória.
Em relação a investimentos — a reforma do forno C2, em Caçapava (SP), e a construção do C6, na mesma cidade —, não há mais tempo para ocorrerem. “O prazo para a sequência do novo forno depende da recuperação do mercado em 2021 e 2022”, comentou Castiella.
Pesquisa com o setor
Na live com a AGC, participaram Isidoro Lopes, diretor-geral de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América Latina; Fabio Oliveira, presidente e diretor-geral de Finanças e Negócios na América do Sul; e Franco Faldini, diretor de Vendas e Marketing na América do Sul.
Um dos destaques da conversa foi uma pesquisa que a usina fez com clientes a respeito da pandemia. Entre os dados revelados por Faldini, vale citar que mais de 70% relataram estar trabalhando com 30% ou mais de ociosidade. Além disso, 27% afirmaram que terão redução de mais de 25% em seus quadros de funcionários (os setores de linha branca e de vidro blindado para automóveis são os que mais vão sofrer com corte de empregos). Em relação à retomada da economia, 70% acreditam que a retomada pode se dar em menos de seis meses; 20%, que será de seis meses a um ano; 10% já são mais pessimistas: creem que vai demorar mais de um ano.
Quanto a se preparar para o retorno dos negócios, não existe receita pronta, comenta Lopes: “Temos um plano de retomada, baseado nas plantas do grupo em outros países que estão numa fase mais avançada da pandemia. Mas o combate ao vírus leva tempo. Não vamos deixar de usar máscara e cumprir protocolos de saúde em curto prazo”. A usina aposta na necessidade de reduzir custos e melhorar a produtividade para atender demandas com rapidez.
Como a empresa está atuando
Segundo Oliveira, foram adotados protocolos rigorosos na AGC. “Isolamos as pessoas dos grupos de risco, tiramos da fábrica os jovens aprendizes e estagiários e colocamos o maior número de pessoas possível em trabalho remoto”, explicou. “Vejo com bons olhos a possibilidade de seguir com o home office em certas tarefas, já que isso também trouxe produtividade.”
Como a expedição de vidros não parou na companhia, foram colocados aparatos de higiene e adotados procedimentos de distanciamento social nas instalações de sua fábrica em Guaratinguetá (SP), onde se localizam seus dois fornos. A empresa afirmou também que está trabalhando sob as regras da MP 936/2020. Com isso, alguns funcionários puderam entrar em férias coletivas e houve ainda redução de jornada e suspensão de contratos.
Isidoro Lopes explicou a estratégia para manter os fornos operando com pouca demanda. “Temos um forno com um ano de vida, e precisamos tomar todo o cuidado para garantir sua longevidade, principalmente por conta de sua tecnologia avançada.” No momento, uma das plantas opera em capacidade máxima; a outra produz quando necessário. “Enquanto os clientes estiverem em operação, vamos servi-los. Afinal, segundo o governo, não podemos parar de produzir, pois essa é uma atividade essencial.”
Defesa do setor
Nas duas transmissões ao vivo, o presidente da Abravidro comentou assuntos importantes, como as ações da entidade para a defesa do mercado durante esta crise. “Adotar o home office tão logo a situação se agravou não impediu a Abravidro de atender todas as solicitações que tivemos”, revelou José Domingos Seixas. O dirigente falou também sobre os pleitos que a associação leva aos governos de diversas esferas: “Esse é um trabalho silencioso, do qual muitas vezes as pessoas nem ficam sabendo”. Para finalizar, deixou um recado ao mercado: “Com a diretoria e os associados, temos o ideal para continuar no caminho certo e sair deste momento da melhor forma possível”.
Usinas desenvolvem vidros para o Brasil
“Valor agregado” é um termo bastante usado em algumas reportagens de O Vidroplano. Faz referência a um produto com características especiais, que leva mais benefícios aos clientes que itens considerados “padrões”, ao mesmo tempo em que garante maior lucro para quem o vende – afinal, é comercializado a um valor maior justamente por ser diferenciado.
Nos últimos tempos, as usinas nacionais apostam na criação de linhas assim, com a vantagem de serem pensadas para o mercado brasileiro. Mas por que nosso país precisa de produtos desse tipo? Como é a produção desses materiais? Para entender como tudo funciona, a equipe da revista conversou com as fabricantes que atuam no Brasil e já desenvolveram esses vidros – procurada, a Guardian não conseguiu atender o prazo para envio das respostas.
Por que fazer?
Incentivar a maior aplicação de nosso material é prioridade da indústria – afinal nossos números em relação ao consumo de vidro são bem inferiores aos de outras regiões do mundo, como América do Norte ou Europa. Lá fora, é normal a criação de produtos específicos para atender exigências de mercados, como permitir maior conforto térmico em regiões muito frias, por exemplo. E por aqui? Qual a necessidade de oferecer novas soluções aos clientes?
“A construção civil brasileira vem passando por algumas mudanças nos últimos anos, principalmente com o advento de normas técnicas que demandam maior desempenho e eficiência dos materiais e dos sistemas construtivos”, analisa Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. Por isso mesmo, a criação de vidros mais tecnológicos tende a se tornar mais frequente.
Além dos quesitos técnicos mais refinados, os novos vidros também precisam atender as preferências estéticas dos arquitetos e engenheiros, segundo Mônica Caparroz, gerente de Marketing da Cebrace. “Isso garante maior versatilidade aos projetos, já que são oferecidos designs exclusivos aliados a tecnologias de ponta”, analisa. Todas as usinas contatadas afirmaram que a demanda por esses produtos cresceu nos últimos tempos, o que explica a opção por investir em seu desenvolvimento.
“Os vidros ‘especiais’ têm a responsabilidade de oferecer algo a mais, contribuindo para o conforto interno nas edificações”, reforça Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado e Construção Civil da AGC. “São produtos que contam com um espaço no mercado, e têm potencial de crescimento gigante quando comparado com o uso do vidro comum incolor.”
Temperatura na medida certa
No Hemisfério Norte, é muito comum a aplicação de vidros de controle solar para oferecer conforto térmico durante invernos rigorosos – eles mantêm o calor captado ao longo do dia dentro das construções. No entanto, dadas as características do clima brasileiro, o objetivo por aqui é impedir a entrada do calor. Isso explica por que as empresas nacionais focaram na criação de linhas pensadas para essa questão: a principal particularidade do Brasil está justamente em seu clima.
“Entregar produtos dedicados à região só é possível se entendermos hábitos e respeitarmos nossa cultura e nosso clima”, afirma Ana De Lion, da AGC. “Pelo fato de o Brasil ser privilegiado em termos de posição geográfica, apresentando 92% do território em uma zona tropical, faz-se necessária a adaptação de produtos que otimizem a incidência solar que permeia a vida da população”, explica Luiz Barbosa, da Vivix.
Mônica Caparroz, da Cebrace, aponta que diversos fatores são analisados: “O resultado final é uma somatória das peculiaridades levadas em conta, tais como fatores estéticos (tonalidade, brilho, neutralidade) e técnicos (absorção de calor, reflexão). As questões de aplicação também são discutidas e levadas em consideração”.
A aceitação do mercado
Não basta produzir esses produtos: tão importante quanto é saber divulgar seus diferenciais aos possíveis consumidores. “Entregar valor é muito mais desejado que entregar o convencional, em que o diferencial de maior peso acaba sendo somente o preço”, reflete Ana De Lion, da AGC. “É lógico que há limitações de recursos e do alcance de algumas ações, mas a comunicação dos benefícios e vantagens de itens especiais são melhor percebidas e, assim, diferenciadas daquilo considerado comum”.
Nesse sentido, os departamentos de Marketing das usinas trabalham para abordar clientes e mercado com o objetivo de ajudá-los a compreender os benefícios de cada material. No caso dos atributos do vidro de controle solar, por serem mensuráveis (já que dá pra medir quanto de calor e radiação são “barrados” pelas chapas), a aceitação do público acaba sendo maior. Segundo as fabricantes, toda a cadeia precisa saber dessas qualidades:
– a construtora, para entender o valor do material no seu produto final;
– o instalador, para perceber os benefícios em sua atividade;
– o arquiteto, para ter noção de que o vidro vai além da função de fechar vãos;
– e o consumidor final, que é quem efetivamente viverá sob a influência dos vidros.
Obras de grande porte com essas linhas já podem ser encontradas pelo País, como os aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza, e o Edifício One Sixty, em São Paulo, que usam a Linha BR, da Cebrace. Essa é uma prova de que os clientes já começam a preferir esses produtos, que trazem benefícios palpáveis aos ocupantes das edificações.
As linhas de controle solar brasileiras
Esses são os vidros feitos especialmente para nosso clima. Vale lembrar que cada um oferece redução de calor específica:
– Linha BR
Fabricante: Cebrace
Data de lançamento: fevereiro de 2018
Produtos: BRN 148 (neutro); BRS 131 (prata); BRN 130 (neutro); BRB 127 (azul); e BRZ 130 (semirrefletivo, bronze)
– Sunlux Shadow
Fabricante: AGC
Data de lançamento: maio de 2018
Produtos: Sunlux Shadow 14, Sunlux Shadow 20 e Sunlux Shadow 32
– Vivix Performa
Fabricante: Vivix
Data de lançamento: maio de 2018
Produtos: a linha se divide em duas famílias – a de monolíticos (nas cores bronze, cinza e verde) e a Duo, de laminados (bronze, cinza, verde e verde intenso)
Como esses vidros são desenvolvidos?
Segundo as usinas contatadas, o processo se dá da seguinte forma (ele é bem semelhante em todas as empresas):
– É identificada uma necessidade do mercado vidreiro;
– Realizam-se pesquisas para saber o potencial de consumo de um possível novo produto. Os estudos devem apontar as oportunidades oferecidas por esse item para o atendimento das demandas da construção nacional;
– Na sequência, após o entendimento de que é válida a criação do produto, se define a tecnologia mais adequada para sua fabricação. É levada em consideração também sua “processabilidade”, ou seja, se poderá ser beneficiado por qualquer processadora, mesmo aquelas com parques fabris mais simples;
– Com o vidro pronto, são feitos testes para compreender se tecnicamente ele está adequado às condições locais;
– Após tudo estar aprovado, é hora de finalmente lançá-lo no mercado.
Quem participa?
“O desenvolvimento sempre irá priorizar a compreensão de todos os envolvidos na especificação, venda e uso do vidro”, comenta Mônica Caparroz, da Cebrace. “Foram realizadas pesquisas com arquitetos e consultores de fachadas, mas estamos sempre atentos às demandas dos processadores e distribuidores”.
A Vivix, segundo Luiz Barbosa, contratou consultorias especializadas para o mapeamento das informações necessárias para a estruturação do projeto – foram essas informações que apoiaram a empresa na tomada de decisão da tecnologia adotada. “Além disso, contamos com o apoio de clientes e profissionais da construção para a avaliação”, explica.
Novos lançamentos em primeira mão
Enquanto fechávamos esta edição de O Vidroplano, Cebrace e Vivix anunciaram novos produtos dentro de suas linhas exclusivas para o clima brasileiro. A Cebrace lançou na feira Expo revestir, realizada de 10 a 13 de março em São Paulo, o BRZ 130, feito para atender as demandas de arquitetos brasileiros por um vidro de controle solar com tonalidade bronze. Já a Vivix divulgou suas duas novas cores para laminados: Duo Azul (que bloqueia em 62% a entrada de calor no ambiente) e Duo Bronze Intenso (63%). Ambos possuem baixa reflexão luminosa interna e externa, o que se traduz em um vidro menos espelhado.
Cebrace marca presença na 1ª Mostra Nexus
A cidade de Jacareí (SP) recebeu, de 8 de novembro a 8 de dezembro, a 1ª Mostra Nexus Container4 you, uma das maiores exposições de decoração em contêineres da América Latina. O evento teve patrocínio master da Cebrace, cujos produtos foram usados em 16 dos 26 ambientes — um deles, o Lounge Habitat (foto), nomeado a partir da linha de vidros de controle solar da empresa. O espaço, com uso amplo desses produtos na fachada, foi idealizado pelos arquitetos Tiago Rocha e Cris Leite, e era onde os visitantes compravam seus ingressos.
14º Simpovidro reúne setor vidreiro brasileiro em meio a otimismo
O Simpovidro, organizado a cada dois anos pela Abravidro, sempre representa um momento para os profissionais do nosso setor analisarem o que ocorreu nos últimos tempos e se prepararem para o futuro. E expectativa para esse futuro foi o que pôde ser visto na 14ª edição do maior encontro vidreiro da América Latina: afinal, após anos sofrendo com a crise econômica e a baixa atividade da construção civil, 2019 marcou a volta do crescimento, ainda que pequeno, de nosso mercado. Com palestras que ajudaram a entender o que precisa ser feito e networking para aproximar clientes e parceiros, os 684 participantes presentes de 7 a 10 de novembro no Enotel Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), saíram energizados para os desafios a serem encontrados em 2020.
Palavra do presidente
A cerimônia de abertura ocorreu na noite de quinta-feira, 7, e teve início com o discurso do presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, seguido pelas falas dos executivos das usinas de base, patrocinadoras do simpósio: AGC, Cebrace, Guardian, Saint-Gobain Glass e Vivix (veja mais no quadro “Otimismo moderado: os discursos das usinas”, mais abaixo).
Domingos relembrou os diversos fatos que marcaram o setor desde a última edição do evento, em 2017, incluindo o desabastecimento do mercado, o fechamento da maior fabricante de vidro impresso nacional — a União Brasileira de Vidros (UBV) —, a greve dos caminhoneiros e a instabilidade das eleições. “Este ano, tivemos a inauguração de um novo forno. Neste momento, com a maior capacidade instalada da história de nossa cadeia no País, o mercado segue desaquecido”, lamentou.
O dirigente observou que o otimismo de todos com o início do novo governo não se tornou realidade. No entanto, medidas e números divulgados recentemente recuperam, aos poucos, a confiança do empresariado. Prova disso foi o anúncio do retorno do Glass Performance Days South America (GPD Same) em 2020. A edição sul-americana do mais relevante congresso vidreiro do mundo volta a ser organizada após seis anos de hiato. Será, mais uma vez, parte da programação da Glass South America, principal feira vidreira da América Latina (a Abravidro é parceira exclusiva da mostra).
Por fim, reforçou a ampla ação da Abravidro na defesa e fortalecimento do setor, com trabalhos para a criação de normas técnicas, formação de mão de obra e aperfeiçoamento de processos nas empresas, entre outros.
Números do 14º Simpovidro
– 684 participantes
– Público 33% maior que na edição 2017
– 160 profissionais envolvidos na organização, montagem e realização
– Cerca de 30 t de material usadas na estrutura do evento
Satisfação
No sábado, 9, após as palestras pela manhã (veja o conteúdo delas clicando aqui), José Domingos Seixas voltou ao palco para suas palavras de encerramento do evento. “Quando assumi a presidência da Abravidro, em 2017, ciente da importância do associativismo, estabeleci como meta unir a cadeia”, afirmou. “Apesar de sempre defender os interesses de processadores e distribuidores, a Abravidro sempre trabalha em parceria com as usinas e vidraceiros em busca do desenvolvimento de todos os elos da cadeia.”
Executivos das usinas de base também falaram: Franco Faldini (AGC); Flávio Vanderlei (Cebrace); Renato Sivieri (Guardian); Pedro Matta (Saint-Gobain Glass); e Henrique Lisboa (Vivix).
A mensagem que ficou de mais uma edição do simpósio é: um setor unido consegue crescer junto. O Simpovidro acabou, mas seus ensinamentos seguirão com todos que participaram dele.
Otimismo moderado: os discursos das usinas
A abertura do Simpovidro também é a aguardada ocasião em que as usinas vidreiras brasileiras expõem suas ideias e propostas para o setor. Confira abaixo os destaques de cada discurso.
AGC: coerência no trabalho
Francesco Landi afirmou que as expectativas econômicas eram altas para 2019, mas reforçou que “milagres” não ocorrem de uma hora para a outra. Segundo ele, a AGC tem foco na criação de parcerias comerciais, levando em conta o compromisso com o Brasil e a coerência nos negócios. Este ano, a empresa antecipou em quatro meses a entrega de seu segundo forno nacional. “Cumprimos nossa palavra”, afirmou. Após um vídeo com o histórico do grupo, Landi anunciou que, em breve, o vidro anticorrosão Luxclear e um novo refletivo serão comercializados. “Queremos crescer com vocês, respeitando todas as regras do mercado e de compliance. Não queremos o lucro fácil, pois apostamos em resultado de longo prazo.”
Cebrace: transformação da cadeia
A Cebrace mostrou um vídeo com sua trajetória de 45 anos, completados agora em 2019. Reinaldo Valu lembrou a retração de mercado ocorrida este ano, cravando: “Temos otimismo cauteloso para 2020”. Foram citadas as soluções de vidros criadas para o mercado brasileiro, como a linha Habitat de vidros de controle solar, e também o Domo, evento para arquitetos sobre inovação em fachadas. Leopoldo Castiella afirmou que “pensar no amanhã exige estruturar o hoje”, apontando ações para a transformação da cadeia, como a renovação do direito antidumping para vidros float. A importância da tecnologia 4.0 foi tema relevante: em 2020, espera-se que 100% das cargas da empresa sejam rastreáveis. A reforma e ampliação do forno de Caçapava (SP) e a construção do C6, em momento oportuno, estiveram na pauta. Outro vídeo mostrou o estágio das obras da nova planta da Vasa, na Argentina, empresa subsidiária da NSG/Pilkington.
Guardian: desafios constantes
Para Ricardo Knecht, “transformação faz parte de nossa cultura”. Para explicar o conceito, traçou uma analogia da indústria vidreira com a do cinema. A Sétima Arte passou por mudanças: salas VIP, pipocas especiais e cadeiras mais confortáveis levaram à geração de grandes receitas em comparação às salas comuns. Assim, segundo Knecht, nosso setor deve apostar no valor agregado de produtos e serviços. “Nosso compromisso é continuar buscando inovação.” O representante da Guardian anunciou ainda seu novo produto para uma das aplicações mais populares com vidro, o boxe de banheiro. O Showerguard é resistente à corrosão — mais informações foram mostradas no Cine Guardian, atividade que a empresa realizou ao longo do simpósio.
Saint-Gobain Glass: novas estratégias
Marcelo Machado explicou as estratégias da fabricante de vidro impresso (ou texturizado, como prefere a empresa) em 2019, entre as quais aproximar-se ainda mais dos clientes e fazer parcerias com empresas internacionais do Grupo Saint-Gobain: “Ampliamos nossa equipe, assim como nosso escopo de atuação, passando a atender o setor moveleiro de alto padrão”. A ideia é entender melhor as necessidades do mercado e desenvolver novas soluções. Machado citou também o uso desse produto em grandes obras recentes, como na unidade do Instituto Moreira Salles, na Avenida Paulista, em São Paulo, edifício que conta com fachadas de vidro impresso.
Vivix: futuro de tecnologia
Paulo Drummond foi enfático: o Brasil vive um novo momento econômico e político, graças à aprovação de reformas que sinalizam oportunidade para países desenvolvidos investirem aqui. “Estamos também próximos de uma reforma tributária; a simplificação de tributos será um grande passo”, analisou. Com a Europa estagnada economicamente, outros centros se mostram em alta para investimentos. O Brasil é um dos principais, já que a China segue sendo uma nação fechada e outros emergentes não contam com nosso potencial. Drummond lembrou que a Vivix ainda é uma empresa jovem, com cinco anos, mas que aposta no desenvolvimento, aplicando tecnologias 4.0 em seu processo produtivo.
Mais que apenas negócios
Além de conteúdo e networking, incluindo a organização da Feira de Oportunidades (saiba mais clicando aqui), o Simpovidro ofereceu lazer para os profissionais vidreiros e suas famílias. Ocorreram os tradicionais torneios de tênis, futebol e vôlei de praia, nos quais os participantes puderam se divertir e ganhar medalhas e brindes.
Cebrace realiza primeiro DOMO Summit em São Paulo
A Cebrace promoveu, no dia 8 de outubro, a primeira edição do DOMO Summit – Encontro de Inovação em Fachadas, evento voltado para a discussão de tendências no design e na função dessas estruturas.
Patrocinado pela Eastman e Schüco, o evento reuniu 240 convidados — arquitetos, consultores e engenheiros — no Hotel Unique, em São Paulo, e também foi transmitido pela Internet. Sua programação trouxe palestras de profissionais consagrados no País e nomes importantes da arquitetura mundial.
Rui Ohtake mostrou um apanhado geral de suas obras no Brasil e no exterior, incluindo o próprio Unique, enquanto Timothy Archambault, diretor de Operações para América do Norte do escritório Oppenheim Architecture, encantou a plateia com obras inspiradas em conceitos sustentáveis, como o Hotel Emiliano, no Rio de Janeiro.
Gijs Rikken, arquiteto associado e diretor de Design do MVRDV, dedicou seu tempo a falar sobre aplicações inovadoras, como a da loja Crystal Houses, da marca francesa Hermés, cuja fachada é feita de tijolos de vidro. Houve ainda palestras de José Luiz Lemos da Silva Neto (sócio-diretor do aflalo/gasperini), Gustavo Penna (arquiteto, escritor e fundador do GPA&A), Piergiorgio Pesarin (engenheiro sênior da Heintges Consulting Architects & Engineers), Rodrigo Marcondes Ferraz (sócio-fundador da FGMF) e Fermín Vázquez (fundador e diretor do Studio b720).