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Parque catarinense ganha mirantes envidraçados

O Brasil gostou mesmo da ideia de mirantes feitos de vidro. Após o Sampa Sky (em São Paulo) e o Skyglass Canela (RS), chegou a vez de mais passarelas envidraçadas construídas em meio a belos entornos: o Parque Altos da Serra do Corvo Branco, na cidade de Urubici (SC), ganhou no ano passado um espaço para se observar os incríveis cânions catarinenses.

Ficha técnica
Obra: mirantes do Parque Altos da Serra do Corvo Branco
Local: Urubici, SC
Arquiteta: Dinah Nazari
Processadora dos vidros: Unividros

Respeito pelo verde
Localizado em propriedade privada do Grupo Juarez Filho, o parque começou a ser construído em 2018, ganhando infraestrutura para conforto dos visitantes com intervenção mínima no ecossistema. Foram realizados estudos ambientais, incluindo os de inventário geológico e de fauna e flora, com o objetivo de diminuir o impacto do espaço na natureza.

A estrutura do parque, que está a 1.380 m acima do nível do mar, conta com cafeteria, loja, lofts para hospedagem e área para circulação que permite a presença de animais de estimação. Além disso tudo, existem cinco mirantes, considerados os principais destaques do local, cada um voltado para uma área da redondeza. O acesso a eles se dá por uma rede de ônibus própria para o passeio.

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Flutuando no céu
Dois dos mirantes foram inaugurados no ano passado. Com projeto do escritório Dinah Nazari Arquitetura, a obra consiste em duas passarelas envidraçadas com um único apoio central, feito de concreto armado e cravado em rocha basáltica. Sobre esse apoio, ergue-se a estrutura metálica que dá suporte ao piso de vidro. Esses mirantes estão 100 m distantes entre si, tendo um fosso natural com mais de 200 m de profundidade. Futuramente, outra passarela com nosso material ligará ambas as estruturas – os projetos estão na fase de cálculo estrutural.

“A aceitação do público superou as expectativas. O equipamento é único principalmente por conta das características naturais do terreno onde foi construído”, explica a arquiteta Dinah Nazari. O sucesso não é à toa: a obra permite uma visão 360 graus das curvas mais acentuadas dos cânions da Serra do Corvo Branco e do vale do rio Canoas.

Para suportar as pessoas andando por cima da estrutura, apostou-se em uma especificação robusta. O piso ganhou multilaminado temperado extra clear (três camadas de vidro, cada uma com 12 mm, e mais uma peça de “sacrifício”), unidas pelo interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray. Os guarda-corpos também levaram laminados temperados extra clear , na composição 12 + 12 mm, com SentryGlas: tudo para garantir a segurança dos visitantes. Os vidros foram processados pela Unividros e montados pela Movimat.

Informações sobre o parque
Funcionamento: de segunda-feira a domingo (exceto dias chuvosos e de neblina intensa)
Horários: 8h30 às 17 h
Valor do ingresso: R$ 60
Contato: (48) 99186-5517

Este texto foi originalmente publicado na edição 603 (março de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: Roger Fraga

Zurich Blue Building tem fachada envidraçada dupla

Foi-se o tempo em que prédio de escritórios tinha uma estética parecida no mundo todo – as tradicionais janelinhas que se repetiam em andar por andar. Hoje, o bem-estar dos trabalhadores e a sustentabilidade da obra são conceitos básicos de qualquer projeto arquitetônico desse tipo. Basta ver o Zurich Blue Building, construído em Madri, capital da Espanha: com fachada envidraçada dupla, o edifício incorpora curvas e transparência ao seu design.

Ficha técnica
Obra: Zurich Blue Building
Autor do projeto: Rafael de La-Hoz
Local: Madri, Espanha

Na busca pelo verde
Localizado na movimentada avenida Paseo de la Castellana, no coração do centro financeiro da cidade, o Zurich Blue Building foi desenvolvido pelo renomado arquiteto espanhol Rafael de La-Hoz. O prédio passou por reforma total para chegar às formas atuais com o objetivo de otimizar a eficiência energética do local. O sucesso nesse quesito foi geral: recebeu a certificação Leed Gold, criada para construções sustentáveis, e foi agraciado com o 3 Diamantes em 2017, prêmio que homenageia a arquitetura eficiente da Espanha.

Curvas de tecnologia
O maior destaque em relação ao desempenho é a fachada, feita juntamente com a empresa Bellapart, especializada em instalações desse tipo. A estrutura é dupla – ou seja, é formada por duas peles de vidro separadas por um espaço entre elas. A parte interna conta com insulados (de vidro ultraclear, que possui baixo teor de ferro para maior transparência, de controle solar), montados em perfis de alumínio; a parte externa também conta com peças ultraclear, porém curvadas, intercaladas por módulos de aço inoxidável com microperfuração.

Ambas as peles são fixadas sem necessidade de furação, pois usam um sistema semelhante a grampos de aço. O espaço entre as duas fachadas é algo parecido com uma passarela, feita de metal e com revestimento antiderrapante no chão, para facilitar a manutenção por parte dos administradores do prédio.

Essa complexa construção garante total controle da temperatura interna, diminuindo o nível de ofuscamento e permitindo um alto nível de atenuação acústica. O sistema de ar-condicionado também traz maior conforto: ao utilizar água e gás como fluidos de transmissão, oferece uma sensação térmica mais próxima da natural – além de otimizar o desempenho, a eficiência e a sustentabilidade. Tudo de olho no bem-estar dos trabalhadores e com a ajuda fundamental de nosso material.

Este texto foi originalmente publicado na edição 602 (fevereiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: Alfonso Quiroga

1000 Trees combina natureza, urbanização e arte

Em tempos de discussão sobre os desafios para conciliar urbanismo e sustentabilidade ambiental, o 1000 Trees é uma obra que definitivamente chama a atenção. O empreendimento de uso misto foi projetado pelo Heatherwick Studio para emergir como um par de montanhas cobertas de árvores na orla em Xangai, na China. Sua primeira etapa foi inaugurada em dezembro de 2021 (a segunda fase já está em construção, com inauguração prevista para 2024), abrigando lojas, cafés, restaurantes, novos espaços públicos e passeios, integrando um parque já existente e uma estrutura patrimonial de uma antiga fábrica local abandonada.

Ficha técnica
Obra: 1000 Trees
Autor do projeto: Heatherwick Studio
Local: Xangai, China

Colunas cobertas de verde
“O 1000 Trees é inspirado na ideia de transformar as cidades em espaços sociais”, afirma Thomas Heatherwick, fundador e diretor de Design do Heatherwick Studio. Ele considera que essa densa vizinhança residencial será transformadora para as pessoas que ali vivem e trabalham.

Todo o megacomplexo é sustentado por um exoesqueleto de colunas estruturais, sobre as quais se espalharão mais de 1.000 árvores — daí o nome do projeto — e 250 mil plantas. Essa vegetação traz um ganho significativo de biodiversidade ao local e ajuda a criar seu próprio microclima, deixando o ambiente mais fresco.

As próprias jardineiras no topo de cada coluna do empreendimento contêm uma mistura de árvores decíduas (que ficam sem folhas em alguma época do ano), perenes (sempre folhadas), frutíferas e floridas, combinadas com arbustos e plantas suspensas. Já as espécies em flor são incorporadas nos terraços inferiores e nas passagens ribeirinhas, criando aparência de uma encosta de montanha que muda com as estações.

Aliado da luz e da arte

Em um projeto com foco em sustentabilidade e integração, é claro que o nosso material não poderia faltar. O edifício voltado para a área comercial do empreendimento tem um grande átrio de vidro, que atrai a luz natural para o coração dos níveis de varejo. Vãos envidraçados nos terraços também contribuem para a vista panorâmica do rio Suzhou, do bairro residencial de Putuo (onde o empreendimento está localizado) e do distrito artístico M50, ao sul.

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Além de integrar interior e exterior, o vidro no 1000 Trees também integra as pessoas à arte: murais de 40 m de altura foram pintados nos poços dos elevadores, cada um feito por um artista diferente, de forma a dar a cada zona uma identidade visual distinta. Essas obras podem ser apreciadas de dentro das cabines envidraçadas — conforme elas sobem ou descem, os passageiros conseguem apreciar as pinturas na íntegra.

“Queríamos criar um lugar que reunisse natureza, comércio e bem-estar. Esse projeto transformou uma antiga área industrial em um novo destino explorando as poderosas relações entre arte, paisagem e arquitetura”, define Lisa Finlay, parceira e Líder de Equipe do Heatherwick Studio para o 1000 Trees.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: Qingyan Zhu

Saiba como as escadas de vidro são especificadas e instaladas

Guarda-corpos de vidro em escadas já se tornaram aplicações bastante comuns nos dias atuais. Escadas feitas inteiramente de vidro, por outro lado, ainda não são vistas com a mesma frequência no dia a dia. Essas estruturas trazem sofisticação às obras e impressionam quem as vê de perto – mas há quem possa se sentir inseguro ao usá-las por desconhecer a segurança e a resistência que elas oferecem.

Pensando nisso, O Vidroplano conversou com empresas experientes nesse segmento para mostrar como são feitos o projeto, especificação e instalação de escadas envidraçadas, além de apresentar algumas obras bastante interessantes do ponto de vista estrutural e estético. Confira!

Visual único
Não é novidade que o aspecto visual trazido pelo nosso material chama a atenção, e isso não é exceção no caso das escadas. “O vidro é um material nobre, que torna o projeto arquitetônico mais fluido, trazendo um tom de leveza, integração, inovação e conforto. É um elemento atemporal, que confere uma assinatura única às obras”, considera o engenheiro Dener Barros, consultor-técnico da PKO do Brasil.

A opinião é compartilhada por Sérgio Moreira de Souza, gerente de Vendas da Unividros: “No caso das escadas de vidro, a estética é o fator que as torna mais atrativas, se considerarmos as escadas de outros materiais como metal, concreto ou madeira. Sua resistência, transparência e beleza são diferenciais que encantam arquitetos e decoradores já há algum tempo”, explica. “Atualmente, pela tecnologia aplicada ao processo de transformação do vidro, essa matéria-prima também ganha ainda mais espaço na produção dessas estruturas, que se encaixam e fazem sucesso nos mais variados ambientes.”

Modern glass stair outline walking man in Shanghai, China
Foto: qiujusong/stock.adobe.com

 

 

Transparência com resistência
Segundo os especialistas na área, não é preciso se preocupar com possíveis perigos de algum degrau quebrar enquanto alguém estiver em cima dele. “A segurança de uma escada de vidro é a mesma de uma escada feita de qualquer outro material, desde que seja projetada e executada com os corretos conceitos de engenharia e boas práticas de aplicação”, afirma o engenheiro Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas.

 

Elcio Santos, gerente técnico-comercial da Brazilglass, concorda: “O receio inicial de algumas pessoas com essas escadas ocorre devido à transparência do vidro. Mas quem as usa se acostuma rapidamente”, avalia.

Escada de vidro na nova sede da Cebrace, em Jacareí (SP): a estrutura foi projetada pelo Escritório BCMF Arquitetos, RCM Engenharia e Itamaracá Design, com ferragens e acessórios da Ita Glass – a Brazilglass foi responsável tanto pelo fornecimento dos vidros como pela instalação. Os degraus são multilaminados com espessura de 36 mm, feitos com peças extra clear temperadas, interlayer de alta performance, impressão digital antiderrapante nos degraus e acabamento de borda com lapidação polida totalmente paralela Foto: Fran Parente/Cebrace
Escada de vidro na nova sede da Cebrace, em Jacareí (SP): a estrutura foi projetada pelo Escritório BCMF Arquitetos, RCM Engenharia e Itamaracá Design, com ferragens e acessórios da Ita Glass – a Brazilglass foi responsável tanto pelo fornecimento dos vidros como pela instalação. Os degraus são multilaminados com espessura de 36 mm, feitos com peças extra clear temperadas, interlayer de alta performance, impressão digital antiderrapante nos degraus e acabamento de borda com lapidação polida totalmente paralela
Foto: Fran Parente/Cebrace

 

O novo sistema de fixação para vidros estruturais modelo SFPVE-50V10VV, da Itamaracá Design, foi utilizado no acoplamento dos degraus às longarinas da estrutura lateral, feita com laminados de temperados 10+10+10 mm Foto: Divulgação Itamaracá Design
O novo sistema de fixação para vidros estruturais modelo SFPVE-50V10VV, da Itamaracá Design, foi utilizado no acoplamento dos degraus às longarinas da estrutura lateral, feita com laminados de temperados 10+10+10 mm
Foto: Divulgação Itamaracá Design

 

Que vidro usar?
A norma ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações estabelece que se deve sempre usar vidros laminados de segurança em degraus e pisos. Isso porque, caso uma das lâminas que compõem o laminado se quebre, os fragmentos ficam presos ao interlayer, o desprendimento do degrau e garantindo a integridade do vão até a manutenção corretiva.

Essa é a determinação mínima para esse tipo de aplicação, mas isso não significa que qualquer composição de laminado é suficiente para proporcionar a segurança esperada. Angelo Arruda, da Vidrosistemas, aponta que a espessura e a quantidade de peças usadas para compor o laminado ou multilaminado deverão ser dimensionadas caso a caso.

Com isso, o tipo de vidro e dos interlayers usados para a laminação podem mudar de acordo com o projeto. “Essa definição varia de acordo com o dimensional das peças, sistema de fixação, quantidade e distância entre os apoios e intensidade de circulação de pessoas. E vale observar a característica estrutural das opções: por exemplo, quando temperamos o float, garantimos uma resistência a esforços de flexão até cinco vezes maior”, indica Dener Barros, da PKO do Brasil. Ele acrescenta que a estabilidade e a rigidez dos degraus também podem ser aumentadas de acordo com o interlayer, com opções no mercado voltadas para aplicações estruturais muito mais resistentes quando comparadas ao PVB comum, além de poder apresentar rigidez até cem vezes maior.

Para garantir o melhor desempenho possível em termos de segurança, Carlos Pereira, diretor-técnico da Itamaracá Design, recomenda o uso de multilaminados de temperados e/ou termoendurecidos com interlayer de alta resistência. Outra orientação é a aplicação de faixa antiderrapante ou de uma pintura vitrocerâmica nos degraus, a fim de evitar o risco de que alguém escorregue e caia.

Estrutura instalada pela Penha Vidros em uma residência em São Paulo, com degraus multilaminados e guarda-corpos de laminados de três peças. A escada foi projetada pela arquiteta Fernanda Marques, é feita com vidros extra clear e passa por vários níveis do apartamento, com diferentes características de fixação em cada um deles. Um elevador panorâmico encontra-se no eixo da escada, com a transparência do nosso material proporcionando integração visual ao ambiente Foto: Divulgação Penha Vidros
Estrutura instalada pela Penha Vidros em uma residência em São Paulo, com degraus multilaminados e guarda-corpos de laminados de três peças. A escada foi projetada pela arquiteta Fernanda Marques, é feita com vidros extra clear e passa por vários níveis do apartamento, com diferentes características de fixação em cada um deles. Um elevador panorâmico encontra-se no eixo da escada, com a transparência do nosso material proporcionando integração visual ao ambiente
Foto: Divulgação Penha Vidros

 

Como especificar?
Conforme já apontado, não há uma solução única: a definição da composição dos laminados a serem utilizados como degraus depende de uma série de fatores.

“Os cálculos para projetar uma escada de vidro são feitos a partir das informações sobre as cargas que se pretende atribuir à escada e a cada degrau em particular. O comprimento dos degraus e a distância entre apoios também são variáveis a serem inseridas nesse cálculo”, comenta Jorge Chakur Abduch, diretor da Penha Vidros.

Carlos Pereira, da Itamaracá Design, acrescenta que também é necessário observar a qual uso se destina a escada – isto é, se ela será instalada em um espaço residencial, comercial ou um local com alto tráfego de pessoas, entre outros casos. “Após a execução de um projeto executivo e diversos cálculos, utilizamos softwares apropriados para o segmento de vidros estruturais e outros programas para os elementos metálicos de fixação, envolvendo todo nosso corpo técnico de engenharia”, destaca.

Sérgio Moreira de Souza, da Unividros, reforça a atenção aos detalhes: “O trabalho com os cálculos para projetar uma escada de vidro deve ser desenvolvido por um profissional de engenharia qualificado, que geralmente utiliza softwares específicos para elementos finitos, sempre levando em conta as caraterísticas específicas do vidro”, explica.

Como instalar?

Segundo Angelo Arruda, a fixação dos degraus deve ser feita por meio de apoios ou engastamentos, os quais precisam ser considerados no dimensionamento. “Algumas escadas podem ter insertos de inox dentro da composição de vidros, assim como a encontrada na loja da Apple, em Nova York. Outras podem ser apoiadas, mas sempre tomando-se o cuidado na avaliação da aplicação a fim de que, em caso de quebra, o conjunto permaneça estável, sem risco de queda”, analisa.

Segundo Jorge Abduch, da Penha Vidros, os degraus podem ser fixados de várias formas, seja por meio de apoios contínuos com perfis de aço, ou pontuais, aparafusados ou colados. Ele alerta que o cálculo estrutural do vidro também precisa considerar as formas escolhidas, com diferentes tensões: “Por isso, além de levar em conta todas as variáveis e fazer a especificação de vidros com o coeficiente de segurança adequado durante a fase de projeto, é necessário tomar cuidados especiais na produção dos degraus para que não apresentem vícios, o que pode causar ruptura ou enfraquecimento do sistema”, afirma.

“É de suma importância que o vidro seja muito bem processado, e sua instalação com acessórios bem dimensionada”, afirma Elcio Santos, da Brazilglass. Ele destaca que a equipe responsável pela instalação precisa ser bem treinada e deve testar o desempenho da fixação dos degraus para evitar problemas futuros.

Por isso, da próxima vez em que vir uma escada envidraçada, pode subir sem medo – a chance de você querer uma na sua casa ou ambiente de trabalho é enorme!

Multilaminados de temperados 8+8+8 mm, processados pela PKO do Brasil, foram utilizados pela Vidraçaria Casa Bella para instalar uma escada em uma residência em São José dos Campos (SP). Os degraus foram projetados para serem esbeltos e compridos, e a distância entre os apoios é grande. Assim, o uso de três lâminas de vidro evita qualquer desconforto quando um usuário estiver sobre o degrau, tornando o sistema mais rígido e garantindo a segurança com uma “lâmina de sacrifício” – isto é, caso ela quebre, o restante do conjunto irá suportar as cargas de utilização até a manutenção Foto: Divulgação Vidraçaria Casa Bella
Multilaminados de temperados 8+8+8 mm, processados pela PKO do Brasil, foram utilizados pela Vidraçaria Casa Bella para instalar uma escada em uma residência em São José dos Campos (SP). Os degraus foram projetados para serem esbeltos e compridos, e a distância entre os apoios é grande. Assim, o uso de três lâminas de vidro evita qualquer desconforto quando um usuário estiver sobre o degrau, tornando o sistema mais rígido e garantindo a segurança com uma “lâmina de sacrifício” – isto é, caso ela quebre, o restante do conjunto irá suportar as cargas de utilização até a manutenção
Foto: Divulgação Vidraçaria Casa Bella

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 599 (novembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: hxdyl/stock.adobe.com

Interlayers podem trazer benefícios extras às obras

Um elemento dos laminados é essencial para a segurança desse tipo de produto: os interlayers. Também conhecidos como “camadas intermediárias”, eles são os responsáveis por fazerem com que a peça laminada fique íntegra mesmo após a quebra, mantendo o vão fechado e evitando risco de ferimentos.

Essa é a principal finalidade do interlayer – mas não necessariamente a única. O mercado conta com diversas soluções especiais para a laminação de vidros, agregando benefícios que vão da estética da obra ao conforto que ela proporciona em seu interior, entre outros. A seguir, conheça mais sobre esses produtos.

Resistência aprimorada

Divulgação: RIU HOTELS
Divulgação: RIU HOTELS

Passarela de vidro no Hotel Riu Plaza España, em Madrid: a estrutura, colocada a 117 m de altura, é composta de peças laminadas com o EVA estrutural AB-AR da Evalam, marca do Grupo Pujol – segundo a empresa, um teste realizado pelo Instituto de Engenharia Estrutural da Universidade Bundeswehr, em Munique, Alemanha, demonstrou que um vidro laminado com AB-AR conseguiu suportar sem problemas, mesmo depois de quebrado, um peso de 400 quilos

 

Há casos em que o vidro laminado é usado não apenas para fechar um vão, mas sim como parte da própria estrutura da obra. Para isso, ele precisa apresentar um desempenho muito superior em termos de resistência, sendo indispensável o uso dos interlayers estruturais.

“É importantíssimo utilizar o interlayer adequado para aplicações estruturais, devido
ao comportamento pós-quebra”, orienta Otávio Yukio Akinaga, gerente de Contas-chave da Kuraray para as Américas. Sergio Permanyer Bueno, gerente de Marketing e Comunicação do Grupo Pujol, representado no Brasil pela Vetro Máquinas, aponta que o uso dessa solução é indispensável em aplicações nas quais o vidro desempenha função estrutural, como pisos, escadas, quebra-ventos e guarda-corpos em locais de circulação intensa de pessoas.

Segundo Daniel Domingos, gerente de Vendas de Advanced Interlayers – Arquitetura da Eastman para a América Latina, o interlayer estrutural confere maior resistência mecânica ao laminado. “Além disso, em caso de quebra das lâminas de vidro, ele pode oferecer um desempenho de rigidez ao sistema que outros tipos de interlayer não são capazes, aumentando a segurança”, acrescenta, observando ainda que o uso dessa solução pode contribuir em alguns casos para a redução na espessura total do sistema, mantendo a resistência mecânica necessária.

Em todo caso, para o bom uso desses produtos, Daniel recomenda que um consultor sempre esteja envolvido no projeto para entender as demandas especiais e, dessa forma, fazer o melhor uso da solução, além de aumentar seu desempenho.

 

Foto: © VIDRIAL
Foto: © VIDRIAL

Guarda-corpos de laminados com SentryGlas, no Estádio Único Madre de Ciudades, em Santiago del Estero, Argentina: segundo a Kuraray, trata-se de um interlayer 5 vezes mais forte e 100 vezes mais rígido que um PVB convencional, indicado para estruturas como tetos, coberturas, pisos, colunas estruturais, escadas, pontes e piscinas com borda infinita

 

Trazendo cores ao vidro

 

Foto: Divulgação Eastman
Foto: Divulgação Eastman

Laminados com PVBs coloridos da linha Vanceva, da Eastman, em aplicação externa no The Mist Hot Spring Hotel em Xuchang, China. “Temos 16 tons diferentes nessa linha, entre transparentes e opacos, que podem ser combinados entre si em até quatro camadas. Isso permite gerar mais de 68 mil cores, algo que não se consegue com PVBs convencionais”, destaca Daniel Domingos

 

Para as áreas de arquitetura, decoração e design de interiores, o uso de laminados com interlayers coloridos traz oportunidades interessantes. “Esses produtos oferecem a possibilidade de integração de ambientes decorativos, principalmente internos – mas, caso a película utilizada seja resistente ao uso em espaços externos, a aplicação também pode ser feita ao ar livre”, comenta Sergio Bueno, do Grupo Pujol.

O mercado conta hoje com uma grande diversidade de cores disponíveis nesse segmento. Além da estética agregada por essa solução, Otávio Akinaga, da Kuraray, aponta que esses interlayers também podem proporcionar privacidade aos ambientes, no caso do uso de películas translúcidas ou opacas na laminação do vidro. Vale destacar que a Eastman organiza, a cada dois anos, a premiação World of Color Awards, que celebra o uso inovador dos PVBs coloridos Vanceva em obras com vidros laminados ao redor do mundo (confira os vencedores da edição deste ano clicando aqui).

 

Foto: Divulgação Eastman
Foto: Divulgação Eastman

Escadas de vidros laminados com EVA colorido da linha Evalam Color: segundo o Grupo Pujol, produto foi desenvolvido priorizando a durabilidade e segurança do material: “Nossa linha pode ser trabalhada em temperaturas de laminação de 120 ºC sem que isso implique perda de tom nas bordas”, comenta Sergio Permanyer Bueno

 

A tranquilidade do silêncio
Os interlayers acústicos contribuem para a atenuação da passagem de som para dentro do ambiente. “Quando consideramos a comparação entre laminados com interlayer comum e com interlayer acústico na frequência crítica, aquela em que a espessura do vidro auxilia muito pouco na diminuição do ruído, o valor de redução pode chegar a até 10 dB. Isso representa reduzir o ruído percebido em quase 50%”, relata Daniel Domingos, da Eastman.

Vale ressaltar, contudo, que o laminado é apenas um dos componentes da janela ou outro tipo de fechamento de um vão – por isso, para proporcionar a redução desejada na passagem de ruído, é necessário especificar bem todos os componentes da esquadria e ter atenção especial na instalação e, principalmente, na vedação do conjunto.

 

Foto: © One Works
Foto: © One Works

Fachada do Aeroporto Internacional Marco Polo em Veneza, Itália, com laminados com o PVB Trosifol Sound Control, da Kuraray. “Esse interlayer traz uma redução significativa de ruído em comparação com as soluções de envidraçamento padrão, além de apresentar excelentes propriedades em termos de segurança, aparência e estabilidade a longo prazo”, detalha Otávio Akinaga

 

Proteção para os pássaros
Este ano, tanto a Eastman como a Kuraray lançaram interlayers para evitar a colisão de aves contra superfícies envidraçadas, como coberturas, fachadas ou guarda-corpos. No caso da Eastman, o Saflex FlySafe 3D conta com insertos tridimensionais e reflexivos que produzem um brilho sutil capaz de evitar que pássaros atinjam o vidro – e isso sem comprometer a vista ou a beleza das fachadas, pois os insertos cobrem menos de 1% da área do laminado. “Além disso, o FlySafe 3D gera um ponto Leed quando especificado, auxiliando nos processos de certificação Green Building”, cita Daniel Domingos.

A solução da Kuraray nessa área é o BirdSecure: o produto, testado pela ONG American Bird Conservancy, conta com um padrão pontilhado que permite que as aves percebam o vidro como um obstáculo, conseguindo desviar-se do material. “Para humanos, a uma distância superior a 2 m, o padrão de pontos desaparece. Esse produto proporciona ainda um bom desempenho em termos de controle solar”, destaca Otávio Akinaga.

 

Foto: Divulgação Eastman
Foto: Divulgação Eastman

 

Virginia Beach Convention Center, em Virginia Beach, EUA: a edificação leva laminados com o PVB de controle solar Saflex SG41, da Eastman. Essa solução trabalha com a absorção de raios infravermelhos e permite a entrada de muita luz ao mesmo tempo que proporciona conforto térmico ao ambiente, podendo ser usada com o tipo de vidro que o arquiteto ou designer desejar

 

Funções diversas
Há ainda outros interlayers para as mais diversas finalidades. A Eastman, por exemplo, conta com PVBs de controle solar e com produtos de proteção contra furacões, bastante comuns nos Estados Unidos e Caribe: eles permitem que vidros de grandes dimensões sejam capazes de resistir a impactos e altas pressões a que os edifícios são submetidos durante tempestades.

A Kuraray tem em seu portfólio o Natural UV, que, ao invés de barrar os raios ultravioleta, permite a passagem de 100% deles, sendo ideal para aplicações nos setores de energia fotovoltaica e agricultura.

O Grupo Pujol, por sua vez, tem, entre outras soluções, o Evalam N-Fluent, cuja fórmula inovadora diminui a fluidez do produto e o risco de o EVA fluir pelas bordas do laminado, proporcionando tempos de limpeza mais curtos. Segundo Sergio Bueno, o N-Fluent e o Evalam Visual também oferecem grande resistência à umidade, evitando as delaminações geradas quando o vidro é instalado com as bordas descobertas e em condições climáticas extremas.

Tudo isso mostra que o papel do laminado pode ir muito além do papel de vidro de segurança: dependendo do interlayer escolhido, ele pode agregar diversas funcionalidades aos projetos arquitetônicos, como beleza, conforto e aplicações estruturais do nosso material. São inúmeras as possibilidades de mercado a serem exploradas pelas processadoras; por isso, vale a pena manter contato com o suporte comercial e técnico local das fabricantes desses produtos, ou de seus representantes no Brasil, para conhecer mais sobre cada solução, tirar dúvidas e ficar por dentro das novidades desse segmento. Boa laminação!

Este texto foi originalmente publicado na edição 597 (setembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Benjamin Salazar

Conheça os vencedores do Prêmio World of Color Awards 2022!

A tradicional premiação World of Color Awards revelou os vencedores da edição 2022. Organizado pela Eastman, o concurso celebra o uso dos PVBs coloridos Vanceva, fabricados pela empresa, em obras com vidros laminados ao redor do mundo. São duas categorias: uso em interiores e exteriores — e mais algumas menções honrosas. Os vencedores foram escolhidos por um júri internacional de cinco profissionais renomados do setor de arquitetura, responsáveis por avaliar a criatividade, estética e o grau de atenção dado aos benefícios oferecidos pelos laminados aos projetos. Conheça a seguir os ganhadores!

 

VENCEDOR DA CATEGORIA EXTERIOR
Pavilhão Audrey Irmas
Local: Los Angeles, EUA
Arquitetos: Office of Metropolitan Architecture (OMA) e Gruen Associate
Processador do vidro: Goldray Glass

Com mais de 5 mil m² de área espalhados por três andares, o pavilhão é dividido em vários espaços de reunião, voltados para atividades culturais e religiosas. O projeto do arquiteto holandês Rem Koolhaas, em parceria com Shohei Shigematsu, tem vidro verde com oito camadas de Vanceva (nos tons Aquamarine e Golden Lite), combinadas com uma película de malha metálica, permitindo a entrada de luz natural ao mesmo tempo que oferece vistas incríveis de Los Angeles. Segundo o arquiteto Firas Hnoosh, um dos jurados do prêmio, o laminado colorido não foi aplicado apenas para adicionar cor: “Foi usado como uma pintura e meio volumétrico para colorir os diferentes recessos do edifício e complementar a composição”.

 

 

Divulgação Eastman
Divulgação Eastman
Divulgação Eastman
Divulgação Eastman

 

VENCEDOR DA CATEGORIA INTERIOR
A Long Time is Not Forever
Local: Copenhague, Dinamarca
Arquiteto: Årstiderne
Artista visual: Malene Nors Tardrup
Processador do vidro: ThieleGlas

O local funciona como uma instalação de arte dentro do estacionamento do hospital Bispebjerg, na capital dinamarquesa. Os diferentes níveis do espaço, com sete andares no total, apresentam a história centenária do empreendimento, com fotografias em meio a janelas coloridas que fluem do verde para tons quentes e frios. A arquiteta e jurada Monika Kumor define bem a importância das cores no projeto: “A instalação fornece um elemento de orientação espacial reconhecível, intenso e edificante, em um ambiente que pode ser estressante para pacientes e seus familiares”.

 

Foto: Jason O'Rear
Foto: Jason O’Rear
Foto: Jason O'Rear
Foto: Jason O’Rear

 

MENÇÕES HONROSAS

Cooke School
Local: East Harlem, Nova York, EUA
Arquiteto: PBDW Architects
Processador do vidro: JE Berkowitz Architectural Glass

A escola, especializada em alunos com necessidades especiais, ficou ainda mais acolhedora com as novas janelas salientes, marcadas por cores vibrantes que trazem um aspecto lúdico ao espaço, ajudando inclusive a aprimorar o ambiente de aprendizado.

 

Foto: Divulgação Eastman
Foto: Divulgação Eastman

 

The Kaleidoscopic Station
Local: León, Espanha
Processador do vidro: Tvitec

O destaque de uma estação ferroviária subterrânea de alta velocidade, na cidade espanhola de León, está acima do solo: o espaço conta com 11 claraboias envidraçadas, cada uma em um tom diferente. Internamente, a luz do Sol se mistura com os reflexos dos vidros, dando um aspecto de caleidoscópio ao ambiente.

 

Foto: Ruben Farinas
Foto: Ruben Farinas

 

Igreja da Bem-Aventurada Maria Restituta
Local: Brno, República Tcheca
Arquiteto: Atelier Štěpán
Processador do vidro: Saint-Gobain (divisão Glassolutions Brno)

No topo dessa igreja circular de concreto, vidros trazem um arco-íris de cores tanto ao lado externo como interno da construção. As formas abstratas do prédio, em tonalidades neutras, valorizam a presença de nosso material.

 

Foto: Divulgação Eastman
Foto: Divulgação Eastman

 

The Mist Hot Spring Hotel
Local: Xuchang, China
Arquiteto: departamento de arquitetura local
Processador do vidro: Thaitechnoglass

Formado por vários prédios retangulares à beira de um lago artificial, o hotel mescla paredes de granito cinza com fachadas duplas coloridas, o que cria uma experiência sensorial aos hóspedes — valorizada também pela névoa presente nos arredores e pelo reflexo das cores dos vidros nas águas.

 

Foto: Divulgação Eastman
Foto: Divulgação Eastman

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 597 (setembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Jason O’Rear

 

Vidro é destaque na nova sede da Cebrace

Ao conceber sua nova sede, a Cebrace mirou naquilo que mais conhece: vidro. A obra, concluída no ano passado, recebeu recentemente a certificação Leed Silver para construções sustentáveis muito por conta do uso de nosso material. O espaço serve como enorme showroom dos produtos da empresa, revelando as diversas possibilidades de uso dos mais variados tipos de vidro.

Aposta no verde
Com área total de 1.300 m², o novo prédio erguido em Jacareí (SP) tem design assinado pela Atrium Construtora (que também executou a obra) e BCMF Arquitetura e Engenharia. Seu formato em “U” permite a entrada abundante de luz pelas fachadas totalmente envidraçadas: 75% da iluminação interna vem da luz natural. “Acreditamos ser uma obra de arte: aspectos e ferramentas aplicados durante a elaboração e construção são referências na construção civil hoje”, explica o diretor-comercial da Atrium, Frederico Pimenta.

A especificação correta dos vidros foi chave para se alcançar o desempenho térmico necessário, permitindo maior conforto por parte dos ocupantes – ainda mais por se tratar de uma região quente (a do Vale do Paraíba) do Estado de São Paulo. A fachada ganhou 357 chapas insuladas do vidro baixo-emissivo (low-e) Cool Lite SKN 154, boa parte delas curvas.

O material tem como função reduzir consideravelmente o aquecimento interno, diminuindo o uso de ar-condicionado, além de barrar os raios UV em quase 100%. Por ser insulado, ainda oferece maior performance acústica. Como consequência de todas essas características, têm-se menos gastos com energia elétrica (a estimativa para a redução do consumo anual é de mais de 20%) e menos emissão de dióxido de carbono.

Transparência sem fim
Uma grande claraboia está localizada bem no centro do edifício, fazendo com que a iluminação natural chegue a todo o espaço interno, não apenas às salas junto às fachadas. A integração com a natureza eleva o bem-estar das pessoas, principalmente em um ambiente de trabalho como esse. Na parte interna há ainda guarda-corpos e uma escada feitos de Extra Clear laminado, com outros vidros utilizados em revestimentos e móveis.

“O objetivo era que o prédio representasse fisicamente aquilo em que acreditamos: trabalhar diariamente para levar inovação, conforto, design e sustentabilidade à arquitetura brasileira”, afirma Lucas Malfetano, diretor-executivo da usina. “O resultado do projeto cumpriu todas as nossas expectativas, e a certificação Leed veio para consolidar nossos valores na prática”, comenta Manuel Corrêa, também diretor-executivo da Cebrace.

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A busca pela certificação
A sede da Cebrace conquistou o selo Leed Silver na categoria BD+C (Building Design + Construction), voltada para novas construções e grandes reformas. E não é só o vidro o único material a atuar como elemento sustentável: diversos sistemas e soluções “verdes” fazem parte do projeto.

– Eficiência hídrica: o consumo de água potável local foi reduzido em 30%, graças a um sistema de aproveitamento da água da chuva para irrigação e uso em vasos sanitários e limitadores de vazão em equipamentos hidráulicos;

– Energia e atmosfera: além de precisar de pouca iluminação artificial, todas as lâmpadas instaladas são de LED, muito mais econômicas que as incandescentes ou fluorescentes. Há também geração de energia fotovoltaica, persianas que bloqueiam a radiação solar e até incentivo ao uso de carros elétricos, incluindo ponto de abastecimento para esse tipo de veículo;

– Outras soluções: destinação de resíduos da obra para a reciclagem, disponibilização de bicicletário e plano de educação ambiental.

Ficha técnica
– Obra: sede da Cebrace
– Autor do projeto: Atrium Construtora e BCMF Arquitetura e Engenharia
– Execução da obra: Atrium Construtora
– Local: Jacareí (SP)
– Processadoras dos vidros: Brazilglass (peças planas) e Unividros (peças curvas)

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Créditos das fotos: Fran Parente/Cebrace

Associados da Abravidro visitam Sampa Sky

No dia 29 de junho, antes da abertura oficial da Glass South America, a Abravidro levou associados ao Sampa Sky, uma das mais novas e importantes atrações de São Paulo: a estrutura conta com dois decks retráteis feitos inteiramente de vidros, os quais oferecem aos visitantes a sensação de flutuar pelo céu da cidade. O passeio foi realizado em parceria com a Guardian, fornecedora de vidros para a obra. Os multilaminados temperados do Sampa Sky são feitos de quatro peças com 10 mm cada (sendo a externa de ClimaGuard SunLight e as internas de float incolor), unidas por PVBs estruturais da Eastman. A GlassecViracon é a responsável pelo processamento.

Este texto foi originalmente publicado na edição 595 (julho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da imagem de abertura: Divulgação Abravidro

Passarela envidraçada é destaque em hotel em Madri

O Edificio España é um marco de Madri. Com 27 andares, é considerado o primeiro arranha-céu da capital espanhola, tendo sido construído há quase setenta anos. Ali está o luxuoso hotel Riu Plaza España, inaugurado em 2019 com uma atração imperdível aos amantes de turismo e vidro: uma passarela toda feita com nosso material, instalada a 117 m de altura.

Alta classe
O Riu Plaza España impressiona pela suntuosidade: são mais de 550 quartos para hóspedes e 17 salas de conferência – elas têm capacidade para até 1500 pessoas, num total de 3 mil m² de área voltada para reuniões e encontros profissionais.

Mas a curtição e o relaxamento também são o foco do hotel. Na época do verão, uma piscina externa, no 21º andar, é aberta aos clientes. Um pouco mais acima, no 26º andar, está o Gastrobar El Edén, restaurante com menu de comidas leves. Ao lado, fica o Sky Bar, com ambiente mais moderno.

Encontros
Desde a inauguração do estabelecimento, seu terraço virou ponto de passagem para quem visita a cidade e quer enxergá-la sob um ponto de vista diferente. No local, existe o Rooftop Bar 360º, que permite aos visitantes curtirem drinks exóticos enquanto apreciam a vista imbatível de Madri que se tem de lá. O destaque, no entanto, fica para a passarela totalmente envidraçada, responsável por ligar as duas partes do terraço. É curioso notar como instalações que fazem os visitantes “flutuarem” pelos céus de grandes metrópoles se tornaram comuns ao redor do mundo nos últimos anos – basta se lembrar do Sampa Sky, em São Paulo, capa de O Vidroplano de agosto do ano passado.

Imagem:  RIU Hotels/Luxglass Technology
Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology

 

Resistência
A estrutura espanhola tem 7 m de comprimento por 1,8 m de largura. Para resistir ao peso de pessoas andando por ela, recebeu multilaminados reforçados com o interlayer estrutural AB-AR, feito de EVA, da espanhola Evalam.

Tem laminado também nos guarda-corpos que circundam o local. Além de serem feitos com o interlayer Evalam Visual, indicado para aplicações de borda aberta nas quais a questão óptica e a durabilidade são requisitos especiais, contam com um sistema de iluminação de LED. À noite, oferecem um espetáculo de cores variadas.

Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology
Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology

 

Aos interessados em visitar o terraço e na passarela, a entrada custa 5 euros de segunda à sexta-feira; aos sábados, domingos e feriados, 10 euros.

Ficha técnica
Obra: Hotel Riu Plaza España
Autor do projeto: Paco Hernanz
Local: Madri, Espanha
Conclusão da obra: 2019
Processadora dos vidros da passarela: Luxglass Technology
Fornecedora dos interlayers: Evalam Visual

Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology
Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology

 

Crédito da imagem de abertura:  RIU Hotels/Luxglass Technology

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vidros trazem oportunidades em condomínios

Não é novidade que nossos materiais têm grande apelo para a arquitetura e design: as páginas de O Vidroplano frequentemente mostram sua aplicação em fachadas de edificações ou nos interiores de residências e espaços comerciais. Mas há várias outras possibilidades para o uso desses produtos, algumas delas envolvendo sua aplicação em condomínios residenciais. A seguir, saiba como nosso material contribui para esses espaços.

 

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Imagem: Rogério Pereira – Bliss Arquitetura

Edifício Ilhas Fiji, em Caiobá (PR), projetado pelo escritório Catherine Moro Arquitetura. O empreendimento leva laminados 4+4 mm de controle solar ClimaGuard Sunlight, da Guardian e processados pela Blue Glass, nas esquadrias em geral do condomínio — incluindo os guarda-corpos das áreas de frente para o mar. O uso de peças de alta performance proporcionou maior conforto térmico, além de contribuir para a redução do consumo de energia do condomínio e aproveitamento da maior interação visual da obra com a paisagem

 

Sensação de integração e amplitude
“Vidros e espelhos são elementos essenciais para a criação de obras contemporâneas. Por isso, sua utilização nas áreas comuns dos condomínios é indispensável”, avalia a arquiteta Catherine Simon Moro, proprietária do escritório Catherine Moro Arquitetura, de Curitiba.

Para outra arquiteta, Ana Cristina Cunha, do Recife, o uso dos produtos em condomínios residenciais tem vasta gama de aplicações. Essa lista inclui:

– Muros;

– Divisória de espaços;

– Cobertura;

– Guaritas;

– Peitoris;

– Elementos decorativos.

“Os espelhos, por sua vez, podem revestir ambientes como halls, conferindo ampliação de espaço e sofisticação”, acrescenta Ana Cristina.

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Imagem: Rogério Pereira – Bliss Arquitetura

 

Sandra Pompermayer, arquiteta e designer de interiores de São Caetano do Sul (SP), já utilizou alguns desses elementos em seus projetos de prédios residenciais para fazer o fechamento da entrada, compondo com toda a área de circulação e portaria. “Podemos, por exemplo, fazer um muro de vidro que, além de conferir segurança, oferece integração visual com o exterior e deixa o ambiente mais clean e bonito em comparação com um muro todo fechado de concreto”, avalia. Para ela, a facilidade da limpeza e manutenção é outra vantagem dos vidros e espelhos em relação a estruturas com grades de ferro e alumínio.

 

A importância da escolha certa
Para que nosso material proporcione a proteção e o desempenho esperados, é fundamental usar os vidros adequados do modo adequado. De maneira geral, cabe ao arquiteto responsável pelo projeto especificar corretamente o tipo de vidro apropriado para a aplicação. Além disso, assim como outros elementos da construção, o vidro deve ser instalado corretamente, para garantir a segurança e atender as necessidades de seus usuários.

Para o sucesso de uma especificação, é importante que os envolvidos no projeto conheçam os vidros existentes no mercado e as determinações das normas técnicas – assim, além do apelo estético, do aproveitamento da luz natural e da integração, a aplicação trará desempenhos térmico e acústico. É preciso ainda seguir as determinações das normas técnicas, em especial as da ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, verificando quais vidros de segurança são adequados para determinado uso. Vale destacar que, em certos casos, há restrições mesmo entre os vidros de segurança; no caso dos guarda-corpos, por exemplo, essas estruturas não podem ser feitas com temperado, a menos que esteja compondo um laminado.

Para auxiliar o trabalho correto do profissional e informar o consumidor de forma fácil sobre as aplicações previstas em norma, a Abravidro desenvolveu a tabela Que vidro usar?, parte da campanha #TamoJuntoVidraceiro, que está disponível para download gratuito no site da associação.

 

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Imagem: Divulgação Sandra Pompermayer

Edifício Rio de Janeiro, no bairro de Higienópolis, em São Paulo: o escritório da arquiteta e designer de interiores Sandra Pompermayer deu cara nova à obra ampliando o uso de vidros nela – nas fotos, o antes e o depois do retrofit. Todo o gradil de ferro foi trocado por esquadrias com laminados. A cobertura envidraçada de acesso a pedestres, feita em um pergolado existente na frente do prédio, não afetou a estrutura nem o estilo da edificação. Já o hall de entrada e a guarita receberam portas blindadas de vidro e aço

 

De cara renovada
Embora a ideia de aplicação de vidros e espelhos em condomínios possa remeter a obras em andamento, nossos materiais também têm potencial em edificações mais antigas, por meio do retrofit. “Às vezes, um prédio fica desvalorizado se não se moderniza, caso não faça manutenções e atualizações em sua área comum e fachada”, opina Sandra Pompermayer.

A arquiteta já desenvolveu trabalhos de retrofit em alguns edifícios residenciais com fachadas muito antigas, que não chamavam muita atenção. “Com a modernização que fizemos, sem afetar o estilo original e com linhas modernistas, conseguimos um resultado muito satisfatório, gerando giro de vendas e visitações nas unidades que estavam para locação”, afirma.

O retrofit em condomínios pode ser muito interessante para tornar seus ambientes mais atrativos. Porém, essa atividade também requer cuidados: toda manutenção deve ser feita por profissional ou empresa qualificados, de acordo com a complexidade do serviço a ser realizado.

Para as reformas de sistemas envidraçados, precisam ser seguidas as normas ABNT NBR 7199, ABNT NBR 10821 — Esquadrias para edificações e ABNT NBR 16280 — Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos (ou outras normas brasileiras aplicáveis) e também os manuais da edificação fornecidos pela construtora, bem como as instruções dos fabricantes. O tipo de vidro aplicado na reforma tem de ser o indicado na ABNT NBR 7199.

 

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Imagem: Ana Cristina Cunha

Em diferentes projetos para condomínios residenciais, a arquiteta Ana Cristina Cunha explorou o uso do vidro de valor agregado, no caso, o de controle solar Vivix Performa verde, da Vivix: na cobertura na versão Duo (laminada) 8 mm, o conforto térmico se soma à proteção contra o Sol e intempéries; em muros — o da foto foi feito com peças temperadas —, além da segurança, proporciona estética diferenciada para a edificação

 

Saindo do básico
Ana Cristina Cunha destaca que é possível obter benefícios adicionais no caso do uso de vidros de valor agregado. “Com novas opções de alta performance no mercado, a atualização do conhecimento sobre os produtos disponíveis e a especificação correta delas permitem ganhos na estética, segurança, eficiência energética e conforto térmico, entre outros”.

Catherine Moro concorda: “A escolha desses produtos especiais tem um custo inicial elevado – porém, com o tempo de uso, os moradores irão sentir os benefícios proporcionados por esses vidros de alta qualidade e performance, agregando valor ao empreendimento como um todo e possibilitando melhor conforto térmico, acústico e até ambiental para todos”. É importante que o especificador saiba adequar as características do vidro ao orçamento do empreendimento, optando sempre pelo melhor custo-benefício para os clientes.

Aproximando os condomínios dos vidros
No ano passado, Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro, apresentou o workshop “O que preciso saber sobre os vidros aplicados no condomínio para evitar acidentes”. O evento foi organizado pelo Sindividros-RS e transmitido via YouTube pelo canal do Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Condomínios Residenciais e Comerciais no Rio Grande do Sul (Secovi/RS), parceiro do sindicato vidreiro gaúcho na realização.

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Imagem: Reprodução

 

Para a Abravidro, a iniciativa foi muito positiva. “Tivemos a oportunidade de nos aproximar de um público bem específico, os síndicos. Ao levarmos as informações sobre as características dos vidros a esses profissionais, estamos preparando-os para identificar potenciais riscos em aplicações irregulares de vidro nos seus condomínios e providenciar correções, bem como para exigir de futuros fornecedores a aplicação de vidros seguros e adequados à necessidade de cada fechamento”, avalia Vera.

Os síndicos devem estar atentos ao nível de segurança das áreas comuns de seus condomínios. Por isso, precisam saber que vidro não é tudo igual – ou seja, que existe um tipo adequado para cada aplicação e que seu papel vai muito além de um simples fechamento ou divisão de vão, pois a segurança dos usuários deve vir em primeiro lugar.

Também é importante que, em vistorias de entrega de condomínios novos, o síndico, juntamente com o corpo diretivo, esteja atento para os tipos de vidro aplicados nas áreas comuns e exijam da construtora a comprovação de que eles estão em conformidade com as normas técnicas.

Como forma de contribuir com o aumento da segurança nas edificações, a Abravidro considera primordial disseminar o conhecimento, seja a síndicos ou mesmo a moradores, sobre os diferentes tipos do nosso material, e reforçar que o uso de vidros de segurança é obrigatório em determinadas aplicações.

Crédito da imagem: num/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 590 (fevereiro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

LLUM Batel recebe prêmio internacional de sustentabilidade

O edifício curitibano LLUM Batel venceu a edição 2021 da Leed Homes Awards, premiação que celebra anualmente alguns dos projetos residenciais com certificação Leed mais inovadores e transformadores do mundo. A obra, executada pela Construtora Laguna, foi contemplada como o Projeto do Ano, pelo seu desempenho excepcional no sistema de classificação Leed e também foi um dos trabalhos laureados com o prêmio de Projeto Multifamiliar Excepcional. A edificação, que já apareceu em reportagem de O Vidroplano (edição de outubro de 2019), tem 3 mil m² de laminados do vidro de controle solar SunGuard Light Blue 52 on clear, da Guardian. As peças foram processadas pela Blue Glass.

Crédito da imagem: Studio Connecta

Este texto foi originalmente publicado na edição 589 (janeiro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Construtora Laguna aposta nos vidros de valor agregado

Em uma reportagem sobre insulados na edição de maio deste ano de O Vidroplano, comentamos a respeito de os motivos de vidros de valor agregado não serem usados de forma maciça na construção. Entre as possíveis justificativas, as fontes consultadas para a matéria apontaram o funcionamento do mercado imobiliário, o qual consideraria que desempenhos térmicos e acústicos acima da média não seriam necessários em residências.

Pois existem empresas que vão contra esse senso comum, como é o caso da Construtora Laguna. Atuando há 25 anos na cidade de Curitiba, ela tem como foco o desenvolvimento de edifícios residenciais de alto padrão – e, para isso, utiliza vidros com alta tecnologia. Nas próximas páginas, conheça por que esse tipo de material foi escolhido e veja também exemplos de obras, finalizadas ou ainda em construção, da companhia.

 

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Edifício: Almáa Cabral
Projeto: Baggio Schiavon Arquitetura
Ainda em construção, o prédio é inspirado na beleza do Umm-al-Maa, oásis localizado na Líbia, e na arquitetura das residências do condomínio Ashjar at Al Barari, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Seu conceito é criar um oásis urbano, unindo conforto ao contato com a natureza. As fachadas do Almáa Cabral vão receber insulados (incluindo uma especificação com câmara interna de 20 mm de espessura) e laminados com vidro de controle solar ClimaGuard Sunlight On Clear (Guardian). A finalização da obra é esperada para o primeiro semestre de 2022

Atenção à especificação
Fabio Siqueira comenta o processo de especificação dos vidros usado pela Laguna: sempre se levam em conta o local em que o edifício será erguido e como isso pode influenciar o bem-estar do usuário.

Simulação energética: a primeira coisa a se fazer é uma simulação energética do projeto, para se chegar ao tipo de envoltória necessário. Com o resultado, são especificados todos os elementos da fachada de acordo com seu objetivo;

Condições climáticas: como Curitiba é uma cidade fria, o insulado surge como barreira contra baixas temperaturas. Mas esse tipo de vidro não precisa ser instalado em todos os locais: segundo Siqueira, geralmente a parte Sul dos empreendimentos leva insulados, enquanto a Norte, que recebe mais luz natural durante o dia, ganha laminados de controle solar;

Tipologias diversas: diferentes partes de uma obra podem estar suscetíveis a diferentes fatores (clima, como citado no tópico anterior; vento; barulho; etc.). Por isso, vale refletir se diferentes especificações não seriam importantes para um mesmo projeto. “Tem concorrente nosso que usa monolítico comum, ou no máximo um laminado incolor 3+3 mm, no prédio inteiro. A gente chega a ter mais de 15, 20 especificações de vidro em um projeto. Sai do laminado, vai pro insulado, muda o tamanho da câmara de ar… É um trabalho complexo de engenharia”, revela Siqueira.

Diferenciais
O vidro é um material de destaque para os projetos da empresa justamente pela forma com que ela pensa a construção civil. “Nosso perfil envolve empreendimentos marcados por uma arquitetura autoral, por conceitos como minimalismo e alto desempenho”, explica o diretor de Engenharia, Fabio Siqueira Giamundo. “Você nunca verá a Laguna com um projeto de fachada colonial. Por isso mesmo, a gente usa muito vidro.” Essa aposta se confirma visualmente: algumas de suas obras chegam a ter fachadas compostas por 85% de nosso material.

O segredo da Laguna está em diminuir ao máximo o desconforto dos usuários. É isso mesmo que você leu: em qualquer construção, existe um nível de desconforto inevitável – é praticamente impossível uma edificação oferecer bem-estar o tempo todo. Materiais de valor agregado fazem com que esse incômodo (relacionado a calor, barulho etc.) seja consideravelmente menor, podendo ficar até mesmo imperceptível.

Segundo a Laguna, seus projetos alcançam um percentual de desconforto mais baixo do que o da concorrência, cerca de 10% a 15% do total de horas em um ano – e isso sem precisar acionar ar-condicionado em dias quentes ou aquecimento de piso no frio, por exemplo. Dessa forma, vidros de alta performance se transformam no diferencial para que os edifícios entreguem aos moradores aquilo prometido na hora da compra. “Quando projetamos, pensamos no bem-estar do usuário, colocando o cliente no centro do negócio”, relata Siqueira.

 

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Edifício: ROC Batel – Residence Open Concept
Projeto: Baggio Schiavon Arquitetura
No coração do renomado bairro curitibano do Batel, o ROC Batel – Residence Open Concept propõe um estilo de vida urbano, localizado em meio a parques, restaurantes, galerias de arte e shopping centers. Sua fachada mistura vidros com painéis metálicos, oferecendo estilo contemporâneo ao projeto. Nessa estrutura, estão instalados insulados com o vidro de controle solar SunGuard Light Blue 52 (Guardian) usando três especificações diferentes – cada uma delas com um objetivo próprio para o conforto térmico interno. Os guarda-corpos das sacadas receberam temperados de laminados 10+10 mm, com o interlayer SentryGlas, da Kuraray

Levar conhecimento
Uma “batalha” que ainda precisa ser vencida pelo setor vidreiro é a falta de conhecimento, por parte dos consumidores, sobre as possibilidades de nosso material. “Quem busca edifícios corporativos ou comerciais sabe que os custos operacionais podem ser menores e já conhece as certificações para prédios sustentáveis e os benefícios dos materiais”, afirma Siqueira. “Mas os clientes do ramo residencial são praticamente leigos nesse assunto. Quando chegam num estande de vendas, eles já viram outros empreendimentos e têm na cabeça somente a comparação do preço por m2”.

Por isso, o trabalho de divulgar para os consumidores os diferenciais da construção, incluindo os dos vidros aplicados, não deve parar. “Sempre faço uma brincadeira com nossos clientes e corretores: se você for a uma concessionária da Volkswagen e entrar em um modelo Jetta, vai achar que é um baita carro bacana. Mas se sair dali e for para a Mercedes, encontrará veículos com o mesmo tamanho e preços maiores, porque tem muito mais tecnologia envolvida”, exemplifica.

Para auxiliar nesse processo de convencimento, podem ser usados os relatórios de simulação energética ou cálculos que demonstrem a economia gerada pelo menor uso de eletricidade. “Para o cliente residencial, é preciso apresentar o benefício de forma palpável, pois só falar que ele vai se sentir melhor fica muito vago. Se você conseguir mostrar que tal vidro vai diminuir pela metade a utilização do ar-condicionado, aí o cliente passa a buscar essas vantagens.”

 

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Edifício: Soul Batel Soho
Projeto: Baggio Schiavon Arquitetura
Localizado entre o centro de Curitiba e o bairro Batel, o Soul Batel Soho é marcado por um design arrojado que inclui uma fachada envidraçada curva. Insulados ajudam no conforto térmico da edificação, enquanto laminados aplicados em salas e quartos contribuem para o isolamento acústico do espaço

 

 

Nova mentalidade
Como O Vidroplano tem alertado desde o ano passado, a pandemia trouxe novas tendências para a arquitetura. Uma delas é justamente a maior busca por qualidade de vida – o que nosso material oferece de várias formas. Segundo Siqueira, houve o desenvolvimento de alguns aspectos do mercado imobiliário. “Aconteceu uma mudança no tipo de edificação, pois as pessoas não queriam mais estar dentro de elevadores fechados. Passaram a apreciar quintais e espaços diferenciados.” Nesse sentido, certificações de sustentabilidade, como a Leed, GBC Brasil e Well, se tornam bons argumentos de venda, desde que se explique para o comprador quais as vantagens em se adquirir um apartamento num prédio certificado.

 

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Edifício: Pinah
Projeto: Baggio Schiavon Arquitetura
Em plena Alameda Presidente Taunay, uma das ruas mais charmosas da capital paranaense, o Pinah é o primeiro prédio residencial brasileiro a buscar a certificação Well, focada exclusivamente na saúde e bem-estar humano. Sua fachada também receberá insulados e laminados com os vidros de controle solar ClimaGuard Sunlight e SunGuard Neutral 70 (Guardian). A conclusão da obra está prevista para o segundo semestre de 2023

Este texto foi originalmente publicado na edição 588 (dezembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Mirante em Nova York faz uso abundante de vidros e espelhos

O arranha-céu One Vanderbilt, localizado no coração de Manhattan, Nova York, ganhou em seu topo, no fim de outubro, uma atração que já se tornou uma das mais exuberantes da cidade. O Summit One Vanderbilt é um mirante dos mais elaborados do mundo: além de oferecer espaço para a observação da metrópole e seus arredores, conta ainda com diversas instalações funcionais, incluindo elevador panorâmico, terraço e um espaço criado por um artista multimídia que mexe com os sentidos dos visitantes.

 

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Levitação e ascensão
Você se lembra do Sampa Sky, mirante paulistano que foi capa da edição de agosto de O Vidroplano? O Summit de Nova York conta com uma construção semelhante. Chamada Levitation, ela possui dois decks envidraçados que “saltam” da fachada do prédio. Estão a mais de 300 m de altura, bem em cima da Avenida Madison.

Outro ambiente de tirar o fôlego é o Ascent, o maior elevador externo do mundo totalmente feito com nosso material. O acesso a ele se dá por um terraço que se abre para os lados Sul e Oeste do edifício – de onde é possível enxergar até 128 km de distância. Ali também está o café Après servindo quitutes e drinks para combinar com a bela vista.

Tanto o Levitation como o Ascent são feitos de multilaminados com o vidro antirreflexo Clearsight, da AGC.

 

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No ar
Isso tudo já transformaria a obra em um novo marco americano. Porém, o melhor ainda nem foi mencionado: a instalação Air, criada pelo renomado artista Kenzo Digital, especialista em desenvolver espaços físicos que misturam tecnologia e arte para oferecer experiências sensoriais.

O conceito da Air está presente já no solo. A entrada para o Summit pelo Grand Central Terminal, um dos principais terminais de ônibus e metrô da cidade, conta com um longo corredor no qual luzes e sons iniciam a imersão do visitante. Após entrar em um elevador todo espelhado, que sobe 91 andares em menos de um minuto, chega-se ao local chamado Transcendence.

 

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São dois andares revestidos de laminados espelhados, instalados no chão, teto e colunas. Andar por ali é como flutuar em uma sala infinita: parece que existem múltiplos andares acima e abaixo de você, mas na verdade são apenas os reflexos confundindo nossa sensação espacial. “A Air é como se fosse outra dimensão, onde você descobre que o tempo se rearranja de forma fluida como o que se vê na instalação”, filosofa Kenzo. “Por meio da sobreposição de formas, esse espaço força você a estar focado no momento presente, com calma, consciência e liberdade.”

 

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Ao todo, quase 1.000 m² de vidros foram usados nessa parte do Summit. As peças são formadas por uma chapa incolor + interlayer estrutural SentryGlas (da Kuraray) + uma chapa de espelho. “As bases de alumínio que suportam esses conjuntos foram desenvolvidas e produzidas especialmente para o projeto”, explica Wayne Conklin, fundador da Glass Flooring Systems, processadora que forneceu o material para a obra. A instalação foi feita pela Mistral Architectural Metal + Glass.

 

Ficha técnica
Obra: Summit One Vanderbilt
Autor do projeto: escritório de arquitetura Snøhetta
Local: Nova York
Conclusão da obra: outubro de 2021

Vidros usados nos decks de observação e no elevador: insulado de multilaminados com o antirreflexo Clearsight
Fabricante: AGC

Vidros usados na instalação Air: laminados de chapa incolor + interlayer estrutural SentryGlas + chapa de espelho
Processadora: Glass Flooring Systems
Instaladora: Mistral Architectural Metal + Glass
Fabricante do PVB: Kuraray

Este texto foi originalmente publicado na edição 587 (novembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Cortina de vidro entra para o Livro dos Recordes

Uma cortina de vidro no 1º piso de um edifício em Pequim entrou para o livro Guinness World Records como a maior janela do mundo feita com nosso material. A processadora chinesa NorthGlass é a responsável pelas enormes peças usadas na estrutura: cada uma tem quase 17 m de altura e mais de 6 cm de espessura. No total, a cortina ocupa uma área de mais de 50 m2. Os painéis são insulados, com ambos os lados compostos de laminados de termoendurecidos 12+12 mm com interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray – e uma das peças laminadas de cada sistema conta ainda com revestimento low-e. Segundo a empresa, a produção dos vidros levou três meses.

Este texto foi originalmente publicado na edição 586 (outubro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Faria Lima Plaza exibe pele de vidro bronze

O recém-finalizado Faria Lima Plaza, localizado no coração do centro financeiro da capital paulista, poderia ser mais um prédio comercial qualquer a ser erguido nessa cidade já cheia de construções semelhantes. Mas o que o distingue de outros projetos é justamente a especificação dos vidros aplicados em suas fachadas: laminados com PVBs na cor bronze fazem as formas geométricas saltarem aos olhos, já que fogem da estética azul/cinza tão presente nesse tipo de edifício.

 

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Ficha técnica
Autor do projeto: Kohn Pedersen Fox Associates (KPF), em parceria local com KOM Arquitetura
Local: São Paulo
Conclusão da obra: julho/agosto de 2021
Vidros das fachadas: laminados de Neutral Plus 50 com PVB bronze
Fabricante do vidro: Guardian
Processadora: GlassecViracon
Fornecedora do PVB: Eastman

Conceitos
O prédio foi desenvolvido pelo escritório internacional Kohn Pedersen Fox Associates, em parceria local com a KOM Arquitetura. Seu design parece simples à primeira vista, mas se mostra complexo quando se entende o conceito: representa o movimento de duas formas entrelaçadas elegantemente, como se estivessem em uma dança. “A geometria é oblíqua, de forma a maximizar a visibilidade ao longo do eixo da Avenida Faria Lima”, explica Hana Kassen, arquiteta responsável pelo projeto. “Quando alguém se move ao redor do conjunto, sua forma parece se transformar. Não é um monumento estático, mas sim um ícone dinâmico para a cidade.”

O edifício se ergue em meio a uma praça formada por uma grande plataforma de granito branco – espaços com água, árvores e bancos completam a paisagem desse ambiente. E a localização privilegiada é outro fator de destaque para a obra. As redondezas são formadas por polos gastronômicos (Rua dos Pinheiros), culturais (Instituto Tomie Ohtake) e boêmios (Vila Madalena).

 

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Números grandiosos
135 m de altura
22 andares
– Mais de 80 mil m² de área construída
– 6 pisos de estacionamento subterrâneo, com mais de 1.200 vagas para automóveis

Desafios na especificação
Nos laminados da fachada foram utilizadas chapas do vidro de controle solar Sunguard Neutral Plus 50 (fabricado pela Guardian), tendo como principal diferencial a presença de PVBs na cor bronze. Parte dessas placas (processadas pela GlassecViracon e instaladas pela Itefal) foi montada com diferentes inclinações, o que representou grande desafio na hora da especificação – a Crescêncio Engenharia prestou consultaria para a montagem da estrutura.

 

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O vidro escolhido bloqueia 66% do calor solar, permitindo passagem de 36,5% de luz natural para o interior da edificação – o que garante menor uso de ar-condicionado e também de iluminação artificial durante o dia. Juntamente com outras soluções ecológicas, a eficiência energética da fachada ajudou o prédio a obter a pré-certificação Leed Gold, concedida pelo US Green Building Council, órgão que fomenta a construção de obras sustentáveis.

O Faria Lima Plaza mostra, mais uma vez, que obra moderna, e em contato com as atuais tendências da arquitetura, tem em nosso material um importante aliado.

Este texto foi originalmente publicado na edição 586 (outubro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Sampa Sky é nova atração internacional de São Paulo

A maior metrópole do Hemisfério Sul pode não ser uma “cidade maravilhosa” em relação às belezas naturais, mas tem vários encantos: Masp, Parque do Ibirapuera, Catedral da Sé, Mercado Municipal, Pinacoteca do Estado, bairro da Liberdade, Avenida Paulista… A lista é bem longa. E agora precisa incluir mais um espaço, o recém-inaugurado Sampa Sky. Localizada no 42º andar do edifício Mirante do Vale, no chamado Centro Velho de São Paulo, a atração conta com dois decks retráteis feitos inteiramente de multilaminados – ali, os visitantes têm a sensação de flutuar pelos céus da cidade.

Depois da construção da plataforma Skyglass Canela, no Rio Grande do Sul (obra presente na capa da edição de fevereiro de O Vidroplano), e agora, com a abertura do Sampa Sky ao público no dia 8 de agosto, o Brasil se torna de vez um ponto turístico vidreiro de nível internacional. Nas próximas páginas, conheça os detalhes dessa obra já icônica.

 

Ficha técnica
Autor do projeto: Aron Kogan

Local: São Paulo

Conclusão: julho de 2021

Vidros dos decks envidraçados: multilaminados formados por ClimaGuard SunLight 10 mm + três peças de float incolor 10 mm cada + três PVBs estruturais

Quantidade de vidro aplicada: 220 m² de ClimaGuard SunLight; 360 m² de float incolor; 65 m² de Espelho Guardian Evolution

Fabricante do vidro: Guardian

Processadora: GlassecViracon

Fornecedora do PVB: Eastman

 

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Vistas inigualáveis
O Mirante do Vale foi a escolha perfeita para a instalação da estrutura. Afinal, o edifício é um símbolo de São Paulo. Construído na década de 1960, é formado por mais de mil salas comerciais distribuídas por 170 m de altura, tendo sido o mais alto edifício do País ao longo de décadas. Para aproveitar a vista do local, cada deck do Sampa Sky foi instalado em um lado do prédio: um deles está na face Sul, sobre o Vale do Anhangabaú e o Viaduto Santa Efigênia; o outro, em cima da Avenida Prestes Maia, está voltado para a Zona Leste da cidade. Ao todo, são 700 m² de área, incluindo um café – e o local também poderá receber eventos corporativos e sociais.

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A inspiração para o projeto veio de fora: o chef de cozinha André Berti, em visita aos Estados Unidos, adorou o conceito do Sky Deck, um “aquário” de vidro pendurado no 103º andar da Willis Tower, em Chicago. No Brasil, para fazer a ideia virar realidade, uniu-se ao advogado Antônio Carlos da Relva Caldeira, proprietário do 42º andar do Mirante, e ao publicitário Alessandro Martinelli.

Robustez transparente
A grande jogada da obra está em sua estrutura retrátil: os decks envidraçados são recolhidos para dentro do prédio todos os dias, pois a fachada não pode ser alterada permanentemente. Hoje isso é feito de forma manual por quatro pessoas – e, apesar de o processo ser rápido, há planos para automatizá-lo. Encontrar um engenheiro disposto a trabalhar em um conceito tão complexo não foi simples, mas Waldomiro Zarzur topou a empreitada, ao lado do arquiteto Aron Kogan.

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Multilaminados temperados garantem a segurança de quem entra nas caixas de vidro: a resistência da estrutura chega a mais de 30 t. Como não poderia deixar de ser, a especificação é robusta: quatro peças com 10 mm cada (sendo a externa de ClimaGuard SunLight e as internas de float incolor), unidas por PVBs estruturais DG41, da Eastman. O uso de vidros de controle solar ajuda a reduzir a necessidade de iluminação artificial, assim como o uso de ar-condicionado, já que mesmo em dias de calor intenso o material manterá o ambiente mais fresco (o produto escolhido bloqueia duas vezes mais o calor do que o vidro comum). “Estamos muito satisfeitos com a repercussão que o Sampa Sky alcançou, mesmo antes da inauguração. Em especial, sobre o visual lindo e sem distorção para apreciar o horizonte de São Paulo, para as muitas fotos, vídeos e posts que as pessoas vão fazer no local”, afirma o diretor-comercial da Guardian, Renato Sivieri, empresa responsável pela fabricação dos vidros aplicados – a GlassecViracon foi quem os beneficiou.

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Por serem multilaminados temperados com muitos furos, as dimensões das peças e o perfeito alinhamento entre elas seriam alguns dos itens críticos durante o processamento”, explica Márcio Caraça, coordenador de Produção da GlassecViracon. “Durante a têmpera, todos os vidros foram avaliados por um scanner de monitoramento online, de forma a assegurar a qualidade planimétrica desejada e eliminar as distorções características dos vidros temperados”. Com isso, foi possível garantir a excelência na visualização da paisagem sem perder a segurança oferecida pelo material.

 

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Sampa Sky: mais informações
Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10 às 20 horas;

Ingressos: são vendidos no site sympla.com.br. Ao comprá-los, o visitante deve escolher a data e horário da visita. As sessões são abertas a cada meia hora. Há limite de tempo para permanecer nos decks, porém não no restante do espaço;

Valores: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Crianças com até cinco anos não pagam;

Capacidade: o espaço pode receber 400 pessoas simultaneamente. No entanto, por conta da atual situação da pandemia, esse número será reduzido a 60% nos meses de inauguração.

 

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Desafios na instalação
A especificação, instalação e acompanhamento técnico da montagem dos vidros ficaram a cargo da empresa paulistana HolyGlass. A pandemia prejudicou a locomoção de pessoas e materiais envolvidos na obra, incluindo a execução dos serviços: as peças tiveram de subir até o 42º andar via elevador, ao invés de serem içadas por guindastes, um processo que seria muito mais custoso.

Ferragens de aço inox garantem a resistência mecânica necessária. “Como o cubo de vidro precisava estar estruturado em si mesmo, as ligações das partes laterais e do piso se ‘amarram’ junto da estrutura metálica que faz a sustentação de todo o conjunto”, explica o engenheiro civil Charlston Thiago Stringhini, proprietário da HolyGlass. “Não havia parâmetros no Brasil de uma obra com essa magnitude. Uma semelhante era mesmo o mirante de Chicago, mas nosso conceito é maior, pois a plataforma tem praticamente 2 m para fora do prédio”. De fato, a obra estadunidense é menor, tem 1,31 m.

O Espelho Guardian Evolution também foi instalado no local, nas partes internas do Sampa Sky, com o objetivo de refletir os céus de São Paulo, trazendo um jogo de luzes ao espaço. Segundo André Berti, sua sociedade tem planos para ampliar a atração – e, quem sabe, até outras obras ambiciosas envolvendo nosso material. Os aficionados por vidro torcem. E agradecem.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Edifício é construído com sistema modular com vidro

Já imaginou um prédio de oito andares levar apenas cerca de três meses para ser concluído, do momento em que é feita a fundação da obra até a entrega das chaves? O que poderia ser uma possibilidade remota, agora é realidade – e aqui em nosso país. Trata-se do Level, edifício erguido na catarinense Tubarão, a cerca de 150 km da capital, com um sistema modular que pode ser comparado a um brinquedo de montar. A tecnologia, desenvolvida pela empresa Brasil ao Cubo (BR3), que emprega o nosso material para trazer luz natural e conforto térmico para os interiores, promete revolucionar o modo como os canteiros de obras são encarados.

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Inovação
O conceito da construção modular existe há mais de duas décadas em países como Austrália, Japão, Estados Unidos e em nações da Europa, embora ainda não seja algo popular em terras brasileiras. Pensando nisso, o engenheiro, CEO e fundador da BR3, Ricardo Mateus, criou uma forma de industrializar a construção civil, trazendo-a para dentro da fábrica. A obra agora passa a ser “fatiada” em módulos que são fabricados off-site (ou seja, fora de onde o empreendimento será levantado). Quando finalizados, são transportados por meio de carretas até o local da instalação.

Apesar de recente, esse sistema já foi utilizado, no ano passado, em cinco hospitais de campanha construídos ao redor do País para o combate à Covid-19. Ao todo, eles disponibilizaram 333 novos leitos para pessoas infectadas com a doença.

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Como funciona
A montagem é feita com guindastes. Após serem içados, os módulos são acoplados à estrutura de fundação da obra. Nesse momento, também são “encaixadas” as infraestruturas de cada um dos andares (sistemas elétrico e hidráulico, de esgoto e de drenagem), que consistem em “pontos de espera” deixados estrategicamente em locais de fácil acesso, para serem conectados imediatamente após a instalação dos módulos. “Os únicos acabamentos feitos no canteiro são as emendas de cada um dos módulos. Todo o resto já vem pronto de fábrica, incluindo pisos, forros, banheiros e cozinhas completos etc.”, revela o engenheiro Jonathan Degani, sócio e gerente de Pós-obra da empresa.

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Recorde sul-americano
O Level, cujo design foi desenvolvido pelo escritório catarinense ATO9, tem, aproximadamente, 3.300 m² de área e é o primeiro prédio modular a atingir a marca de oito andares na América Latina. “Temos estudos e negociações para mais construções assim em algumas capitais do Brasil. Assim, é possível, inclusive, quebrar esse recorde de altura mais uma vez”, explica Degani. A obra abriga a parte corporativa da BR3, um espaço para trabalho compartilhado e uma área de conveniência da rede de postos Premier.

A escolha pelo uso de vidros nas fachadas se deu pela opção de trazer iluminação natural para os interiores, além de garantir a integração com o ambiente externo e oferecer amplitude aos ambientes. “Outro aspecto importante do material é a sua praticidade na manutenção e durabilidade. Todas as fachadas também saíram prontas de fábrica, devidamente instaladas em seus respectivos módulos”, ressalta Degani. Ali foram aplicados laminados de controle solar, fabricados pela Guardian e processados pela Vipel, para ajudar no conforto térmico dos usuários.

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Esse tipo de projeto, portanto, pode ser uma aposta interessante para o mercado vidreiro. Mas vale atentar-se para o alerta feito pelo gerente de pós-obra da BR3: “Para as soluções construtivas ágeis como essas, é essencial uma cadeia de fornecedores que atenda os prazos curtos com os quais trabalhamos. Acredito que ainda há o que evoluir para acelerar os setores de beneficiamento de vidro e alumínio nesse sentido”.

Ficha técnica
Autor do projeto: ATO9
Local: Tubarão (SC)
Conclusão: 2021
Vidros das fachadas dos módulos: laminados SunGuard Silver 32 + PVB incolor + vidro incolor
Fabricante: Guardian
Processador: Vipel

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Este texto foi originalmente publicado na edição 583 (julho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Sampa Sky é finalizado em SP

A capital paulista vai ganhar em breve o Sampa Sky. O espaço, cuja inauguração está programada para 8 de agosto, é composto por dois decks de vidro retráteis construídos no 42º andar do Mirante do Vale, prédio mais alto de São Paulo, com 170 m de altura. O projeto, que permitirá aos visitantes andar literalmente sobre a cidade em uma plataforma envidraçada, tem em sua base multilaminados com quatro camadas de vidros 10 mm da Guardian, intercaladas por três de PVB estrutural da Eastman. Essa especificação garante resistência de mais de 30 t.

Idealizado pelo chef André Berti, cuja inspiração veio após visitar o Sky Deck em Chicago (EUA), a estrutura tem o objetivo de se tornar um dos principais pontos turísticos da cidade, atraindo inclusive os próprios moradores do município. Podendo receber até 400 pessoas simultaneamente (esse número será reduzido para a inauguração a fim de atender as normas de saúde atuais), contará com um café logo na entrada do andar em que está instalado, além de servir também para eventos corporativos e sociais. O funcionamento será das 10 às 20 horas, diariamente. Os ingressos já estão à venda desde o último dia 16 na plataforma Sympla; a visitação durará 30 minutos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 583 (julho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Navio tem domo gigante de vidro em cima de piscina

O Vidroplano já mostrou nestas páginas diferentes obras, dos mais diversos portes, com vidro: de arranha-céus a monumentos históricos, passando por peças de valor artístico e mobiliários urbanos modernos. Mas o SkyDome, gigante domo envidraçado presente no navio inglês Iona, da empresa P&O Cruises, destaca-se pela originalidade: quem pensaria em cobrir uma área de piscina com toneladas de vidro laminado insulado? O projeto resume a capacidade arquitetônica, estrutural e de design de nosso material – e você confere todos seus detalhes a seguir.

Ficha técnica
Autor do projeto: Eckersley O’Callaghan
Local: Alemanha/Inglaterra
Conclusão: 2020

Colosso das águas
Com 344 m de comprimento, o Iona tem capacidade para 5.200 passageiros e 1.800 tripulantes. Construído no estaleiro Meyer Werft, em Papenburg, Alemanha, foi finalizado no ano passado e levado para a cidade inglesa de Southampton, de onde suas rotas de cruzeiro partem. De lá, a embarcação vai para locais como Espanha, Portugal, Ilhas Canárias, cidades do Norte Europeu (como Hamburgo, na Alemanha, e Amsterdã, na Holanda) e a região dos fiordes (vales rochosos inundados pelo mar) na Noruega.

 

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A cereja no bolo de um projeto tão grandioso não poderia ser menos surpreendente. Localizado nos deques 16 e 17 do navio, o SkyDome cria um clima temperado ao redor da piscina em que está instalado – e o espaço ainda se transforma num palco à noite. A estrutura foi projetada pelo escritório inglês Eckersley O’Callaghan, o mesmo responsável pelas icônicas lojas envidraçadas da Apple ao redor do mundo. “Como é a primeira construção desse tipo, tivemos de abordá-la com a mentalidade de que estávamos tentando realizar algo que nunca tinha sido feito antes”, conta o diretor-associado Ian langham. “Edificações são objetos relativamente estáticos, mas um navio cruzeiro se move — e cada componente precisa permitir essa mobilidade”. Por isso mesmo, ao invés de ser completamente fixo, o domo permite que algumas áreas de suporte façam pequenos movimentos.

 

Divulgação P&O Cruises
Divulgação P&O Cruises

 

Força bruta
Os 970 m² do SkyDome pesam 115 t – são 41 m de comprimento, 29 m de largura e 4 m de altura. A empresa de engenharia Frener & Reifer ocupou-se com a instalação disso tudo. A tarefa se deu de modo único. A estrutura também foi montada no estaleiro de Papenburg. Quando finalizada, um guindaste a ergueu, levando-a suspensa até o local do navio em que ela seria “encaixada” (assista ao vídeo desse trabalho clicando aqui).

Ao todo, o domo é formado por 340 painéis de vidros laminados insulados, utilizando o interlayer estrutural SentryGlas, da Trosifol. Desses painéis, 170 exibem formas e modelos únicos, o que dificultou ainda mais a fabricação e a montagem das peças, tanto que elas são instaladas em uma trama de perfis retangulares ocos.

 

Divulgação P&O Cruises
Divulgação P&O Cruises

 

A robusta especificação considera as variadas condições climáticas e meteorológicas que poderão ser encontradas durante as viagens. “Tivemos de levar em conta as temperaturas elevadas e também o granizo, embora a neve não tenha sido considerada um problema em termos de climas extremos”, revela Graham Coult, diretor técnico da Eckersley O’Callaghan. “Precisamos, então, testar a composição laminada, e fizemos isso atirando bolas de golfe com um canhão de ar.”

Fica a dica, portanto, para quem tiver condições de viajar ela Europa no Iona após a pandemia: o SkyDome vai lhe proteger de todas as intempéries possíveis.

 

Divulgação P&O Cruises
Divulgação P&O Cruises

 

Especificação técnica
– Laminados insulados com a composição: temperado 8 mm + câmara com argônio + termoendurecido 6 mm + interlayer SentryGlas de 1,52 mm + termoendurecido 6 mm;

– As peças ganharam ainda um revestimento térmico de alto desempenho aplicado na segunda superfície.

Viagens de alto padrão
O Iona conta com mais de 2.600 cabines para passageiros, sendo cerca de 1.300 delas com sacada. Para alimentação, há várias possibilidades de escolha: são 14 restaurantes e 19 bares e cafés. Entretenimento e espaços para lazer também não faltam: o navio comporta 5 piscinas (uma do tipo com borda infinita), academia, spa, sauna, suíte termal, teatro, cinema, cassino, galeria de arte, biblioteca, arena de esportes e até um shopping center.

 

Gigante em construção: erguido no estaleiro Meyer Werft, na Alemanha, Iona foi depois levado para a cidade inglesa de Southampton, de onde suas rotas de cruzeiro partem
Gigante em construção: erguido no estaleiro Meyer Werft, na Alemanha, Iona foi depois levado para a cidade inglesa de Southampton, de onde suas rotas de cruzeiro partem

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 582 (junho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

 

 

 

 

 

O que são marquises?

O vidro é um material com inúmeras possibilidades de aplicação na arquitetura e na construção civil. Uma delas é a instalação em marquises, estruturas que talvez não sejam tão populares quando falamos sobre o vidro, mas que são de grande ajuda quando buscamos nos proteger de uma chuva repentina ou outras intempéries – e ainda podem agregar muito valor e beleza às edificações.

A seguir, saiba mais sobre o que caracteriza uma marquise, os tipos de vidro que podem ser utilizados em sua construção e os cuidados no trabalho com elas. Confira ainda alguns exemplos bastante marcantes dessas estruturas.

O que é uma marquise?
“Marquise é uma palavra de origem francesa, cuja definição é ‘saliência em uma edificação para proteção da chuva e do Sol’”, explica José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design. Dessa forma, pode-se dizer que a marquise é um tipo de cobertura, mas com características específicas. “Esse termo arquitetônico define a cobertura em balanço, lateralmente aberta, para proteger da chuva em situações diversas, sendo principalmente utilizada sobre portas de acesso”, explica Willmerson Martiniano, diretor-comercial da WR Glass. Elas geralmente são instaladas anexas a uma edificação (isto é, do lado dela), e não sobre ela.

As marquises podem ser feitas de outros materiais. Porém, o vidro é uma opção bastante vantajosa. “Ele traz uma série de benefícios, incluindo transparência e passagem da luz natural, bem como facilidade de limpeza e um aspecto visual mais moderno”, avalia Caio Andrade, diretor-executivo da Rollit. Aceto destaca também a leveza que nosso produto proporciona, permitindo que as marquises tenham pouca interferência estética em relação às fachadas e coberturas da edificação.

 

Marquise de vidro na fábrica de vidro
A unidade da Cebrace em Barra Velha (SC) conta com uma grande marquise envidraçada em sua entrada, também chamada de lençol de vidro. A obra, realizada por Angelo Arruda, da Vidrosistemas, em sua passagem como engenheiro responsável pela Pilkington Brasil, utilizou temperados laminados (16 mm) com ferragens spiders e 100% de cabos de aço tensionados. Para sua construção, foi desenvolvido um projeto estrutural envolvendo toda a carga de peso e pressão de vento da região e como esta atua através do vidro nas tensões dos cabos e estrutura metálica. “Como uma das preocupações era que, no dimensionamento, a carga de vento gera uma força capaz até de levantar todo o painel, foram criados vetores de esforços de tração vertical em sentidos opostos para assegurar o travamento de cada um deles”, conta Arruda.

 

Que vidro usar?
A norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações determina que apenas laminados ou aramados (ou insulados nos quais a peça voltada para o interior seja laminada ou aramada) podem ser usados em marquises.

 

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Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas, acrescenta: “Os laminados podem ainda ser compostos de temperados, de controle solar etc.”. Existe uma solução para tudo que a imaginação do arquiteto sugerir: “Em caso de marquises com finalidade decorativa, o laminado pode levar peças com impressão digital de imagens, por exemplo”, observa Arruda.

Aceto, da Avec Design, lista alguns pontos que devem sempre ser levados em conta na hora de especificar:

– Correto dimensionamento do vidro, com o cálculo da espessura necessária considerando sempre a menor dimensão (largura ou altura) da peça;

– Inclinação mínima para escoamento da água e o peso da própria peça, pois trata-se de uma carga permanente à qual o sistema estará submetido. Muitas vezes, uma espessura de vidro atende as exigências do esforço de vento em uma fachada, mas não a de um painel na posição horizontal de uma marquise ou cobertura;

– Sistema de instalação pensado para admitir os movimentos de dilatação térmica linear dos diferentes materiais utilizados, para evitar quebras e garantir estanquidade na vedação entre vidros;

– Limpeza, temperatura e umidade no momento da aplicação da vedação no sistema;

– Definição do nível de passagem de luz desejada (transmissão luminosa) e de seu índice de proteção contra a passagem de calor (fator solar).

 

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Uma visão fascinante – e não só pelo tamanho
Uma das marquises de vidro mais impressionantes do País foi erguida no ano passado para a entrada do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ao todo, a obra – idealizada pelo escritório Zanettini Arquitetura e construída pela Racional Engenharia, com a estrutura metálica principal de aço carbono fornecida pela Brafer Construções Metálicas – leva 650 m² de envidraçamento, formado por 300 peças de laminados verdes (12 mm), triangulares e com medidas especiais, processados pela GlassecViracon. A face externa dos vidros leva ainda uma camada de polímero que potencializa o tempo de limpeza deles.

Os painéis foram aplicados no sistema de encapsulamento de silicone da Avec Design. Foram utilizados selantes estruturais e acessórios inoxidáveis entre eles para a fixação mecânica sobre uma estrutura metálica secundária leve, também fornecida pela Avec Design. Essa estrutura, formada por perfis especiais de alumínio dobrados, tem a função de conformar e dar plano para a aplicação dos painéis de vidro. Ao todo, são 450 segmentos de perfil dobrado, com comprimentos e ângulos diferentes, específicos e independentes, necessários para a modelagem da cobertura. Em todo o perímetro da marquise, foram instalados rufos em placas de alumínio com pintura eletrostática.

Todo o processo de detalhamento foi elaborado por computador, com cálculos realizados pela SBP Schlaich Bergermann Partner, a fim de garantir a precisão e qualidade de medidas.

 

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Ferragens: como escolher?
Segundo Martiniano, da WR Glass, não há um material específico ou modelo preestabelecido de ferragens para instalação de marquises de vidro. “O que se deve levar em consideração são as normas vigentes, como a NBR 7199 e também a NBR 14697— Vidro laminado.”

Algumas empresas no Brasil contam com soluções especificamente para esse tipo de aplicação. A WR Glass, por exemplo, tem o Kit Marquise WR, sistema composto por perfil de alumínio extrudado de alta performance para montagem de marquises horizontais rígidas e sem tirantes (cabos de aço), para uso com temperados laminados e com possibilidade de fixação por meio de parabolts mecânicos ou chumbadores químicos.

Por sua vez, Caio Andrade, da Rollit, afirma que, além de oferecer produtos padronizados, a empresa também é especialista em atendimento personalizado. “Sempre realizamos projetos das peças para que elas sejam adequadas à dificuldade e exclusividade de cada obra”, diz ele. Os componentes são todos de aço inox 304 e 316 e desenvolvidos com mantas e borrachas de proteção total para evitar o contato direto do vidro com o metal.

 

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Passagem protegida e transparente
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital paulista, conta, desde 2011, com uma grande marquise envidraçada que se estende da porta de acesso do prédio até o final da rampa externa. A obra, da Avec Design, leva vidros temperados laminados com SentryGlas, combinando peças planas e curvas de 12 (6+6) e de 24 (8+8+8) mm nas vigas e colunas, além de cabos tensionados de aço inox trazidos da Suíça. A empresa foi responsável desde a concepção e cálculo estrutural até o projeto, fabricação e montagem do sistema.

 

Cuidados na instalação
Ao contrário das aplicações mais conhecidas envolvendo o vidro, as marquises envolvem o uso do vidro na horizontal – e esse é um ponto que não pode ser ignorado: “Nessa posição, o material exige cuidados maiores com o cálculo de dimensionamento de espessura e com seu manuseio”, alerta Arruda, da Vidrosistemas, ressaltando também que, por se tratar de uma instalação feita geralmente em alturas superiores a 2 m em relação ao solo, a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35) estabelece que apenas profissionais habilitados podem realizá-la.

Caio Andrade lista as principais dicas para o trabalho com marquises de vidro:

– Toda e qualquer instalação deve sempre iniciar com um estudo minucioso de posição dos vidros, além da verificação de como fazer a locomoção deles na obra;

– Os instaladores devem sempre utilizar materiais e ferramentas de qualidade, bem como equipamentos de proteção individual (EPIs);

– Antes de iniciar qualquer furação ou chumbamento, é essencial fazer a marcação com as medidas exatas do projeto;

– Recomenda-se limpar o local após as etapas de furação, corte ou chumbamento das ferragens — isso mantém a qualidade da peça e garante a não contaminação do material;

– Na instalação do sistema, deve-se sempre observar a posição correta com relação ao alinhamento e nível, bem como as características das estruturas sobre as quais ele será fixado (piso, lajes, paredes, ferros, mezaninos, degraus ou colunas) – essa verificação permite avaliar o tipo correto de chumbamento a fim de garantir a segurança da obra.

 

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Marquises precisam de manutenção periódica?
Segundo Andrade, da Rollit, se todos os cuidados forem tomados durante a instalação, a necessidade desse serviço é quase nula. Contudo, há uma observação que ele considera importante: “A limpeza das marquises deve ser feita somente com água limpa e sabão neutro, retirando-se totalmente o sabão após o processo e secando todas as peças; isso é primordial para não causar danos ao vidro ou às ferragens”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 581 (maio de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça algumas das maiores obras envidraçadas do Brasil

A capa de O Vidroplano de fevereiro trouxe um marco da arquitetura com nosso material no País: o Skyglass Canela, instalado no Rio Grande do Sul, complexo inaugurado em dezembro que abriga a maior plataforma envidraçada sobre cânion do mundo. O projeto é mais uma confirmação da capacidade do setor vidreiro brasileiro de estar presente em obras de nível internacional.

Por isso mesmo, vale uma pergunta: além do Skyglass, quais seriam as grandes construções brasileiras com vidro dos últimos anos? Para saber quais poderiam se encaixar nesse quesito, nossa reportagem consultou usinas, processadoras e instaladoras. As empresas indicaram projetos de grande porte, com milhares de m² do material instalados, mas também outros menores, porém não menos icônicos. Aprecie!

 

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VITRA
Local: São Paulo
Projeto: Daniel Libeskind
Conclusão da obra: 2015
Fornecedor do vidro: Guardian
Processador: GlassecViracon

Um dos arquitetos mais reconhecidos mundialmente pelo uso de nosso material, o polonês naturalizado americano Daniel Libeskind criou um ícone residencial contemporâneo: o Vitra, construído no bairro paulistano do Itaim Bibi. Antes mesmo de ficar pronta, a obra já tinha sido considerada, pela revista Worth, um dos dez melhores edifícios residenciais do mundo. São 14 apartamentos, um por andar, com cada um tendo uma planta exclusiva. A fachada, de 10 mil m² de laminados de controle solar SunGuard RB40 on clear, possui certa transparência para permitir a interação dos interiores com a cidade.

 

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SOBRALNET – ICETEL
Local: Sobral (CE)
Projeto: Liliane Cristina
Conclusão da obra: 2019
Fornecedor do vidro: Vivix
Processador: Amazon Temper

A sede da Sobralnet e do Instituto Cearense de Tecnologia, Empreendedorismo e Liderança Vidro recebeu peças laminadas (4 + 4 mm) do Vivix Performa Duo, material de controle solar recomendado para as características climáticas brasileiras. Seu aspecto refletivo na cor cinza faz com que, durante o dia, não seja possível enxergar a parte interna da construção. No entanto, à noite, os interiores interagem com o exterior.

 

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ÓRION BUSINESS & HEALTH COMPLEX
Local: Goiânia
Projeto: MKZ Arquitetura
Conclusão da obra: 2018
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: Vitral

O maior complexo de negócios e saúde do Centro-Oeste brasileiro reúne um misto comercial diverso: salas para consultórios e escritórios, hospital, hotel e shopping center. Sua grandiosidade se reflete também no heliponto exclusivo e nas 1.400 vagas de estacionamento disponíveis aos usuários. A fachada da torre principal tem 25 mil m² de vidros de controle solar Cool Lite STB 120 na cor azul – uma forma de diminuir a incidência do calor da região nos interiores.

 

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SÃO PAULO CORPORATE TOWERS
Local: São Paulo
Projeto: Pelli Clarke Pelli Architects e Aflalo/Gasperini Arquitetos
Conclusão da obra: 2016
Fornecedor do vidro: Guardian
Processador: GlassecViracon

Cerca de 60 mil m² de SunGuard AG43 on clear formam as fachadas desse paradigma dos novos prédios comerciais da capital paulista. Localizado na região da Vila Olímpia, aposta nesses vidros de controle solar, instalados em unidades insuladas com espessura total de 26 mm, para garantir o conforto térmico de seus ocupantes. Foi o primeiro edifício brasileiro a obter a certificação Leed Platinum 3.0, por conta da gestão eficiente de energia e água e do bem-estar dos usuários.

 

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ESTAÇÃO MORUMBI DO MONOTRILHO – LINHA 17 OURO
Local: São Paulo
Projeto: Borelli & Merigo Arquitetura
Conclusão da obra: 2021
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: GlassecViracon

A mais nova estação do monotrilho paulistano recebeu vidros em diversos espaços, tudo supervisionado pela Avec Design, processadora que utilizou seu sistema patenteado Ecoglazing para encapsular as placas. As fachadas ganharam laminados do vidro de controle solar Cool Lite KNT 155 (8 mm) com PVB estrutural. Essas peças foram aplicadas sobre uma estrutura de alumínio com perfis tubulares, de forma a garantir um design diferenciado. A especificação da cobertura é mais robusta: insulados de 30 mm, formados por laminado de Cool Lite KNT 155 (10 mm) + espaçador de 12 mm + laminado incolor (8 mm).

 

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CANAL OFFICE TOWER
Local: Vila Velha (ES)
Projeto: Pretti Arquitetos Associados
Conclusão da obra: 2019
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: Viminas

Marco da região que se tornou o novo centro econômico de Vila Velha, o Canal Office Tower tem inspirações no design dos grandes empreendimentos imobiliários de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O prédio possui 280 salas comerciais, todas com vista panorâmica da cidade, e 14 lojas. Ao todo, mais de 6 mil m² de laminados refletivos 4 + 4 mm (nas cores verde e verde-escuro) foram aplicados à fachada.

 

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HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – UNIDADE MORUMBI
Local: São Paulo
Projeto: Zanettini Arquitetura e Kahn do Brasil
Conclusão da obra: 2020
Processador: GlassecViracon

A unidade Morumbi do renomado hospital da capital paulista passou recentemente por uma enorme reforma em suas instalações. O retrofit das fachadas, coordenado pela equipe da GlassecViracon, ocorreu em dois momentos. A mais recente, finalizada no final do ano passado, renovou três blocos do complexo hospitalar, além do átrio e cobertura do espaço. A fachada recebeu quase 10 mil m² de laminados de vidros de controle solar, nas cores neutra e cinza. Aberturas do tipo maxim-ar ao longo da estrutura garantem ventilação natural, ajudando ainda mais no controle do conforto térmico interno. O outro retrofit trocou os vidros das fachadas do prédio ao lado (laminados de controle solar 10 mm, nas cores prata e branca).

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Skyglass Canela é inaugurada na região da serra gaúcha

O Vidroplano já mostrou na seção “Vidro em Obra” diversas construções internacionais cujo diferencial é utilizar a segurança do vidro para oferecer novas experiências aos visitantes. Entram na lista plataformas de observação – como a Grand Canyon Skywalk, nos Estados Unidos, e a Yuanduan, no Parque Geológico Nacional Longgang, na China –, pontes suspensas e passarelas com piso envidraçado. Pois chegou a hora de o Brasil ser a casa de um projeto assim – e que projeto! O Skyglass Canela, localizado na cidade de Canela (RS), abriga a maior plataforma de vidro sobre um cânion do mundo. Agora, flutuar acima de uma das mais belas regiões naturais brasileiras passou a ser realidade. Conheça a seguir detalhes dessa estrutura histórica que recebeu vidros fabricados pela Cebrace e processados pela Unividros.

 

Ficha técnica
Autor do projeto: WRarq
Local: Canela, RS
Conclusão: dezembro de 2020

 

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Vistas da serra gaúcha
O complexo está localizado no Vale da Ferradura, a 360 m de altura sobre o rio Caí, em meio a florestas de araucárias, pássaros e animais silvestres. Um dos líderes do empreendimento é o empresário catarinense Moacir Luiz Bogo, envolvido em obras turísticas em cidades como Balneário Camboriú (SC) e Aparecida (SP). “A inspiração vem da própria natureza, abundante no local, e o objetivo é promover a contemplação segura e sustentável de um dos locais mais belos da serra gaúcha”, explica Bogo.

Ao todo existem três atrações ali:

– Skyglass: a plataforma de observação tem 68 m de extensão, sendo 35 m sobre o Vale da Ferradura, recorde mundial para construções em cima de cânions. Na comparação com outras concorrentes pelo título, citadas na abertura desta matéria, a Skyglass sobra: a Grand Canyon Skywalk tem “apenas” 21 m, enquanto a Yuanduan soma 26 m;

– Abusado: monotrilho instalado abaixo da plataforma. É formado por dez cadeiras suspensas, nas quais os passageiros se sentam como se estivessem em uma montanha-russa – a diferença é que ele anda a uma velocidade baixa, para permitir que as pessoas apreciem a vista;

– Memorial do Ferro de Passar: museu com cerca de 300 peças referentes a esse utensílio milenar. Apresenta sua evolução ao longo dos tempos e suas curiosidades.

Ao todo, mais de R$ 30 milhões foram investidos no projeto, cujo foco também está na preservação do meio ambiente: construiu-se, por exemplo, uma estação de tratamento de resíduos líquidos e sólidos, alcançando 98% de pureza da água ao fim do processo.

Resistência máxima
O complexo pode receber 500 mil visitantes por ano. Por isso mesmo, ganhou 11 t de vidros robustos de forma a garantir a segurança necessária a todos – a capacidade de carga máxima é de até 260 pessoas ao mesmo tempo.

 

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Especificação técnica
Piso: multilaminados de peças temperadas extra clear, com interlayer estrutural SentryGlas (da Kuraray) e 43 mm de espessura
Guarda-corpos: laminados de temperado extra clear com 20 mm de espessura
Fabricante: Cebrace
Processadora: Unividros
Projeto do envidraçamento: Inovention
Execução estrutura metálica: Proaço

 

Os 90 m² do piso envidraçado foram montados com 34 peças de multilaminados temperados extra clear, com interlayer estrutural SentryGlas (da Kuraray). Cada uma tem espessura total de 43 mm. Além da resistência, o produto escolhido também possui máxima transparência, sem interferir na interação entre o visitante com o ambiente ao redor. Cada m² pode suportar até 500 kg/m² de carga vertical e uma pressão de vento de até 220 km/h.

 

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Os guarda-corpos também são envidraçados: 42 peças de extra clear temperado e laminado (10 + 10 mm), com SentryGlas. Portanto, quando visitar o Skyglass Canela, lembre-se: é nosso o material responsável por garantir momentos de lazer e de contato com a natureza.

 

Quer visitar o Skyglass Canela?

ENDEREÇO
Estrada Municipal CNL 350, 9.800
Zona Rural, Canela, RS

FUNCIONAMENTO
Todos os dias, das 9 às 18 horas

INGRESSOS
De R$ 40 a R$ 170

MAIS INFORMAÇÕES
www.skyglasscanela.com.br

 

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Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Prédio mais alto do Centro-Oeste tem fachada de controle solar

Um colosso foi erguido no coração do País. Em Goiânia, o há pouco inaugurado Kingdom Park Residence transformou-se no edifício mais alto do Centro-Oeste brasileiro. Com 175 m de altura e 52 andares, o prédio une sustentabilidade com tecnologia vidreira: 5.500 m² de vidro de controle solar ajudam os moradores a suportar o forte calor local.

Ficha técnica
Autor do projeto: Unyt
Local: Goiânia, Goiás
Conclusão: fevereiro de 2020

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Design global
Projetada pelo arquiteto Andrey Machado, do escritório goiano Unyt, a obra buscou referências em centros urbanos conhecidos pela presença de uma arquitetura vertical desenvolvida, com inúmeros arranha-céus, como regiões dos Estados Unidos, Austrália, África do Sul e Cingapura. Segundo os responsáveis pelo design, a inspiração das formas do Kingdom veio das metrópoles mais cosmopolitas do planeta para integrar a paisagem da capital de Goiás a uma estética reconhecível globalmente.

Os apartamentos, de altíssimo padrão (cada unidade tem 482 m²), oferecem vista de 360 graus da cidade aos usuários. Sistemas de automação residencial ajudam na economia de energia, além de garantir o monitoramento do consumo – persianas, luzes e outros aparelhos eletrônicos são ativados por controles remotos ou até mesmo por gestos dos moradores.

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Pele de vidro
Mas o fator mais determinante para o edifício ser sustentável, no que diz respeito ao menor uso de eletricidade, é a fachada envidraçada. Composta de peças de controle solar SunGuard Silver 32, fornecidas pela Guardian e processadas pela Tem Vidros, bloqueia cerca de 60% do calor ao mesmo tempo que permite a entrada de 33% de luz. Com isso, o sistema de ar condicionado é menos usado – e ainda se tem certa quantidade de iluminação natural durante o dia. “As constantes inovações tecnológicas no segmento vidreiro contribuem para os conceitos de sustentabilidade, sem abrir mão de grandiosas concepções arquitetônicas, e isso é algo almejado pela construção civil e pelo cliente final”, comenta Paulo Silas, diretor-comercial da Sim Engenharia, empresa envolvida no projeto.

 

Especificação
Vidro da fachada: 5.500 m² de vidro de controle solar SunGuard Silver 32
Fornecedora: Guardian
Processadora: Tem Vidros

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Este texto foi originalmente publicado na edição 575 (novembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Edifício em Porto Alegre traz grandes janelas envidraçadas de correr

Na Rua Dr. Eduardo Chartier, no bairro nobre de Higienópolis, na capital gaúcha, ergue-se um prédio residencial que reúne algumas das principais características dos mais modernos edifícios sustentáveis do mundo. Um fator em comum entre essas edificações é justamente o uso de vidros para ajudar no conforto térmico dos moradores – e o Esquina Chartier não deixaria nosso material de lado, já que seus apartamentos contam com grandes janelas envidraçadas de correr.

Ficha técnica
Autor do projeto: Oficina Conceito Arquitetura
Local: Porto Alegre
Conclusão: primeiro semestre de 2020

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Interação máxima
O terreno em que o Esquina Chartier foi construído tem formato de trapézio. Isso permitiu aos profissionais da Oficina Conceito Arquitetura, responsável pelo projeto, apostar em um conceito inusitado: distribuir os três apartamentos por andar de forma a todos terem uma boa vista dos arredores, sem que uma parte específica do edifício seja considerada a “frente” dele, tornando sua estética mais orgânica.

Outros dois fatores fazem o prédio inserir-se ainda mais na comunidade ao redor. Um é o fato de a obra se elevar por meio de pilotis (conjunto de pilares no térreo), gerando maior permeabilidade visual entre as ruas e o interior do empreendimento. O outro está no acesso principal, um pórtico de madeira e estrutura metálica, próximo a uma praça pública e uma igreja.

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Mix de materiais
Cada apartamento é semelhante a uma “caixa de concreto aparente”, como definido pelos arquitetos. Todas as unidades estão posicionadas para receberem o Sol da manhã — balcões ou sacadas funcionam como elemento estratégico para aumentar a entrada de luminosidade. Mas a ideia só é completa graças à instalação de grandes janelas envidraçadas de correr, com vidros fornecidos pela Guardian e esquadrias de alumínio da Alupex. Algumas tipologias dessas janelas ganharam laminados fumê 6 mm, enquanto outras levam temperado fumê 8mm.

Nas sacadas, estão ainda 36 painéis de metalon, material feito de aço carbono, formando um sistema de brises para filtrar a luz solar que incide sobre quartos e salas.

100% verde
Os apartamentos (de um a quatro dormitórios) foram pensados com área para plantas, o que deixa o espaço não só mais bonito, mas também saudável. A obra tem ainda uma cobertura verde acessível aos moradores e sistema de reaproveitamento de água da chuva para irrigação do jardim. A sustentabilidade na construção civil está forte no Brasil — e o vidro contribui muito para isso.

Este texto foi originalmente publicado na edição 574 (outubro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Confira os detalhes do trabalho com vidro estrutural

Por várias edições, O Vidroplano vem comentando tendências no uso de nosso material que serão ainda mais fortes na construção civil pós-pandemia. Este mês, é a vez de falar do envidraçamento estrutural. Ao invés de apenas ter a função de fechamento de vão, o vidro se transforma no próprio elemento de suporte dessas instalações, sem necessidade de caixilhos. Escadas, coberturas, divisórias, fachadas: a versatilidade e as possibilidades são enormes.

Para entender como devem ser a especificação e a instalação, nossa reportagem conversou com usinas, processadores e instaladores. Veja a seguir quais elementos devem ser levados em conta para o cálculo correto da espessura e composição das peças, os cuidados no manuseio e a importância da mão de obra qualificada para realizar o serviço.

 

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Inspirado nas lojas da Apple em formato de cubo envidraçado, o Prisma de Vidro serve como entrada para a loja de roupas Forever 21, localizada no Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro. Nas vigas e pilares de sustentação, foram usados laminados de temperados extra clear (8+8+8 mm), fornecidos pela Cebrace; para o fechamento, só mudou a espessura (8+8 mm). Todas as peças têm o PVB estrutural SentryGlas, da Kuraray. A RCM Engenharia de Estruturas foi a responsável pelo projeto

 

Mais vidro
O envidraçamento estrutural surgiu da necessidade de as instalações serem mais transparentes e dialogarem com o que está ao seu redor. Nas últimas duas décadas, a evolução da indústria vidreira permitiu a fabricação de peças enormes – o que significa, por consequência, menor interferência visual de ferragens (como botões, spiders, cabos) e outros itens usados em sua fixação.

As lojas da Apple espalhadas pelo mundo, mostradas diversas vezes em nossas páginas ao longo dos últimos anos, são, talvez, o exemplo mais conhecido dessa aplicação: leveza e total transparência em prol de um design moderno e minimalista, refletindo a tecnologia dos produtos da fabricante americana.

Ponto de partida
Como em toda obra com nosso material, a especificação é um dos momentos mais importantes. Mas, nesse caso, a relevância vai além: encontrar a composição certa do vidro, assim como sua espessura, garante a integridade da construção e a segurança dos usuários. “A especificação é determinada após um minucioso estudo do projeto arquitetônico, quando o engenheiro apresenta os sistemas que melhor atendem a edificação”, comenta Raimundo Calixto de Melo Neto, diretor e responsável técnico da RCM Engenharia de Estruturas. O tipo e tamanho do envidraçamento também influenciam outros aspectos da obra: “Quanto mais se subtraem componentes metálicos, mais o vidro se apresenta como componente primário, vindo a impactar nos custos de construção, pois podem ser exigidos vãos fora do padrão, além de ligações mais complexas entre componentes”.

Como fazer, então, para se chegar a essas informações? “Para o cálculo das partes e do sistema como um todo, o projetista deve usar conceitos complexos de engenharia e resistências dos materiais e adotar ferramentas computacionais para fazer essas verificações”, explica Crescêncio Petrucci Júnior, diretor técnico da Crescêncio Petrucci Engenharia. As ferramentas citadas são softwares que utilizam modelos de elementos finitos para os cálculos – esses programas simulam como um produto reage às forças do mundo real.

 

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Duas escadas envidraçadas com projeto da Avec Design. A primeira é de um apartamento triplex em Recife: ela tem uma lâmina central de laminados de temperado extra clear 20 mm (com interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray) com 4 m de altura. Os degraus têm 30 mm de espessura, com ferragens de inox nas extremidades. Devido às grandes dimensões, várias peças foram içadas pelo lado de fora do prédio, até o 23° andar. A outra escada, no lobby do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, é feita de laminados de temperados 30 mm e serigrafia translúcida antiderrapante, processados pela Unividros. Ao redor dela, um fechamento com vidros curvos chama a atenção. “A estrutura foi montada a partir de um sistema de fixações mecânicas pontuais, com parafusos rotulados e suportes de aço inox”, explica Felipe Aceto Ferraz, diretor técnico da Avec

 

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Números precisos
Inúmeras variáveis precisam ser levadas em conta na hora de efetuar esses cálculos. Aqui estão elas, segundo as fontes consultadas pela revista:

– Características do ambiente, como ação do vento, chuva e som;

– Limites de dimensão das chapas, para evitar sobrecarga nos pontos de fixação;

– Peso da estrutura;

– Folgas para a dilatação do vidro;

– Previsão dos movimentos da edificação, para usar soluções de ligação entre as peças e tipos de ancoragem que absorvam esses deslocamentos sem transferir esforços para nosso material;

– O projetista tem de conhecer bem as propriedades físicas das matérias-primas envolvidas, incluindo as forças de interação entre vidro e interlayers, no caso dos laminados;

– Além disso, deve-se considerar a redundância no dimensionamento das peças principais, de forma a garantir, em caso de colapso parcial de uma chapa, a estabilidade da estrutura durante um período para permitir o isolamento da área e a substituição da parte danificada.

Como acertar no envidraçamento estrutural
Ângelo Arruda, diretor da Vidrosistemas, indica algumas boas práticas a serem seguidas:

– Não use uma obra como referência
Os sistemas devem ser criados especialmente para cada projeto. O design até pode ser parecido com outro, mas nunca igual.

– Não use produtos padrões do mercado
Um projeto estrutural deve contar com materiais (ferragens, vidros e estruturas diversas) personalizados e modulados de acordo com a necessidade da obra.

– Considere a possibilidade de eventuais quebras
A estrutura tem de permanecer estável em caso de quebra, independentemente do motivo. O sistema desenvolvido precisa prever os riscos envolvidos.

– A instalação também é personalizada
Não é possível colocar um vidro estrutural da mesma maneira que um comum, uma vez que o conceito de instalação desse processo construtivo é outro: geralmente acontece de cima para baixo, comprovando que a segurança das peças da base está assegurada.

 

Para a EZ Towers, em São Paulo, a Crescêncio Petrucci Engenharia desenvolveu uma cobertura envidraçada, com sistema de cabos. Envidraçamentos estruturais como esse permitem obras que reforçam a capacidade mecânica de nosso material

 

Conta certa
“A segurança é a principal consequência de um cálculo bem-feito”, afirma Alexandre Gomes Nascimento, gerente-comercial da Softsystem. Odileno Lehmkuhl, CEO da ECG Sistemas, concorda, pois, “além dos riscos diretos à vida dos envolvidos, como problemas com quedas, rachaduras, desprendimentos etc., ainda tem a questão de custeio, já que, com um projeto malcalculado, serão necessárias mudanças e adaptações que encarecem a instalação e reduzem a lucratividade”.

Apesar de os softwares simplificarem o trabalho, especialistas são bem-vindos, principalmente em projetos complexos. “A recomendação é sempre consultar um profissional técnico, como um engenheiro ou consultor de fachada”, sugere Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC. Afinal, nem todo profissional conseguirá interpretar as informações oferecidas pelos programas. “Com os sistemas, é possível deixar cadastradas centenas de tipologias, incluindo qual material utilizar em cada uma delas — porém, sempre poderá haver alguma diferenciação. Por isso mesmo, deve-se contar ao menos com o apoio de um técnico especializado”, recomenda Lehmkuhl.

Somando-se às soluções (elementos finitos) oferecidas por diversas empresas do mercado, há também as ferramentas criadas por usinas. A Cebrace tem uma online para o trabalho com pisos. A Guardian também conta com algo semelhante: “Nossos gerentes técnicos regionais oferecem suporte técnico e, além de disponibilizarmos ferramentas de especificação e desempenho, fazemos o estudo estrutural sob demanda”, comenta Fábio Reis, gerente técnico comercial da usina.

 

Em São Paulo, o Palácio das Indústrias, edifício histórico da cidade, passou a ser sede do Museu Catavento, espaço interativo voltado para ciências e artes. A entrada principal agora conta com uma fachada de laminados de temperados (8+8 mm, com quatro PVBs), compostos de Habitat, da Cebrace, processados pela Fanavid. A escolha por vidro se deu para a estrutura (com ferragens da Itamaracá Design) não interferir na estética do prédio

 

Para a EZ Towers, em São Paulo, a Crescêncio Petrucci Engenharia desenvolveu uma cobertura envidraçada, com sistema de cabos. Envidraçamentos estruturais como esse permitem obras que reforçam a capacidade mecânica de nosso material
Para a EZ Towers, em São Paulo, a Crescêncio Petrucci Engenharia desenvolveu uma cobertura envidraçada, com sistema de cabos. Envidraçamentos estruturais como esse permitem obras que reforçam a capacidade mecânica de nosso material

 

Não esqueça as normas
Mesmo com todo esse processo, as normas técnicas vidreiras precisam ser consultadas. A NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações indica o tipo de vidro a ser utilizado em diferentes situações. Erich Henrique, diretor técnico da Itamaracá Design, reforça a importância de se usar laminados de temperados em envidraçamento estrutural, já que essa é a composição que oferece os requisitos mecânicos necessários. “Atualmente, ainda se encontram muitas instalações com vidros monolíticos temperados, prática não recomendada para aplicação estrutural, por questões de segurança durante e após a instalação do sistema”, alerta.

 

A revitalização do Shopping Metrô Tucuruvi, em São Paulo, deu ao estabelecimento novas escadas, com guarda-corpos de vidro, no vão central do espaço

 

Em São Paulo, o Palácio das Indústrias, edifício histórico da cidade, passou a ser sede do Museu Catavento, espaço interativo voltado para ciências e artes. A entrada principal agora conta com uma fachada de laminados de temperados (8+8 mm, com quatro PVBs), compostos de Habitat, da Cebrace, processados pela Fanavid. A escolha por vidro se deu para a estrutura (com ferragens da Itamaracá Design) não interferir na estética do prédio
Em São Paulo, o Palácio das Indústrias, edifício histórico da cidade, passou a ser sede do Museu Catavento, espaço interativo voltado para ciências e artes. A entrada principal agora conta com uma fachada de laminados de temperados (8+8 mm, com quatro PVBs), compostos de Habitat, da Cebrace, processados pela Fanavid. A escolha por vidro se deu para a estrutura (com ferragens da Itamaracá Design) não interferir na estética do prédio

 

Como instalar
Boas práticas durante a instalação garantem a boa execução do projeto. Porém, a atenção deve estar presente em todas as etapas. “Os cuidados começam no processamento do vidro: a integridade das bordas das peças precisa estar garantida em todas as etapas”, explica Fábio Reis, da Guardian. “Depois, o cuidado principal é com a ancoragem/fixação na estrutura do prédio.”

Durante a montagem propriamente dita, falhas e imprecisões podem ocasionar esforços não previstos, provocando a quebra sistemática dos vidros. Por isso, voltamos aos ensinamentos anteriores: as dimensões das chapas devem ser as mais precisas possíveis, de forma a evitar retrabalho e perdas financeiras. “Como, em geral, as peças são de grande espessura e peso, é importante determinar um plano de logística muito bem organizado, com equipamentos adequados”, comenta Crescêncio Júnior. “Outra medida importante é considerar elementos de proteção, principalmente nas bordas dos vidros durante a instalação.”

 

A revitalização do Shopping Metrô Tucuruvi, em São Paulo, deu ao estabelecimento novas escadas, com guarda-corpos de vidro, no vão central do espaço
A revitalização do Shopping Metrô Tucuruvi, em São Paulo, deu ao estabelecimento novas escadas, com guarda-corpos de vidro, no vão central do espaço

 

Para Raimundo Calixto, da RCM, a qualificação de quem vai trabalhar no canteiro de obras não pode ser deixada de lado. “Os profissionais envolvidos precisam ter pleno conhecimento do projeto, no qual as tolerâncias da construção são estabelecidas, e do plano de montagem previamente aprovado pelo engenheiro.” Ângelo Arruda, da Vidrosistemas, lembra ainda a necessidade de experiência com o manuseio de peças de grandes dimensões, evitando assim possíveis acidentes causados pela falta de materiais como EPIs.

Erich Henrique, da Itamaracá Design, tem outras dicas práticas para a instalação:

– Em sistemas spider ou com presilhas para fixação dos vidros frontais, é imprescindível o emprego de pinos trava: eles impedem que os componentes de fixação girem no momento da instalação ou em eventual quebra de um painel, impedindo o desencadeamento de outras quebras;

– Evite a utilização de elementos rígidos, sem rótulas ou articulações, para fixações pontuais. A ausência de rótulas nos pontos de fixação dos vidros frontais de uma fachada, por exemplo, impede a flexão do vidro durante cargas de vento, o que aumenta o risco de quebra.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.