A Abravidro e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP) assinaram um acordo de cooperação técnica. O objetivo é promover o intercâmbio de informações entre a indústria vidreira e profissionais de arquitetura e urbanismo. A parceria foi firmada no dia 27 de fevereiro, durante a 14ª Reunião Plenária Ordinária do CAU/SP, em São Paulo, com a presença da superintendente da Abravidro, Iara Bentes, e da presidente do CAU/SP, Camila Moreno de Camargo. A iniciativa deve contribuir para a qualificação e capacitação dos profissionais e empresas de arquitetura e urbanismo do Estado de São Paulo, por meio da montagem de uma programação de treinamentos sobre a especificação de forma consciente de nosso material, seguindo as normas técnicas. Há ainda a meta de elaborar e divulgar uma agenda comum de eventos e atividades.
Também assinaram acordos com o CAU/SP a Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal), a Associação Brasileira da Construção Metálica (Abcem) e a Associação Brasileira da Construção Leve e Sustentável (ABCLS). A duração das parcerias é de 24 meses, de março deste ano até 2027. Na reunião, Iara manifestou a satisfação da Abravidro pela oportunidade de promover a aproximação entre o vidro e os profissionais da arquitetura. “Os arquitetos têm papel fundamental na disseminação das diferentes soluções que o vidro apresenta e em sua correta aplicação. O acordo vai ao encontro da missão que temos na Abravidro de incentivar a conformidade técnica na aplicação do material”, destacou a superintendente da Abravidro, frisando ainda que a entidade vidreira dispõe de bastante conteúdo técnico e informativo sobre nosso material para essa iniciativa.
Ano passado, a humanidade viveu um período de recorde mundial – mas não muito agradável: 2024 foi o ano mais quente registrado no planeta, com temperatura média global 1,6 ºC maior na comparação aos níveis pré-industriais. E se você acha essa notícia um tanto familiar, é porque ela é mesmo: 2023 já tinha quebrado essa marca, assim como acontecera em outros anos da última década.
E o problema não é o clima ficar apenas mais quente. Com uma temperatura média mais alta, o clima da Terra fica desregulado – e, hoje, estamos acima do limite de aumento de temperatura definido pelo Acordo de Paris, em 2015, como meta “segura” para que os efeitos das mudanças climáticas não sejam tão catastróficos. Dessa forma, condições extremas, que antes eram raras, tornam-se recorrentes. Basta lembrar que, no ano passado, o Rio Grande do Sul e parte da Espanha foram devastados por tempestades intensas; os Estados Unidos passaram por uma das piores temporadas de furacões de sua história; incêndios florestais se intensificaram por diversas regiões, atingindo fortemente também regiões urbanas; e até o deserto do Saara, na África, teve partes inundadas por conta de chuvas muito acima das médias anuais.
É por isso que a construção precisa se adaptar a essa nova realidade, para oferecer o conforto adequado a seus usuários – e o vidro tem tudo para se transformar em um elemento crucial das edificações futuras. O Vidroplano explica por que nas páginas a seguir.
Protagonismo transparente
Os projetos de arquitetura que ainda não se atentam ao conforto térmico de seus ocupantes não poderão mais deixar esse conceito de lado. Afinal, o impacto das mudanças climáticas vai além dos fenômenos extremos da natureza: altera a forma como os edifícios são pensados e construídos. “Hoje, os arquitetos têm o desafio de desenvolver estruturas que não apenas resistam ao estresse ambiental, mas também contribuam para a redução da pegada de carbono, tanto operacional como interna”, aponta Jonas Sales, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace.
O vidro pode ajudar na questão ambiental de duas formas, conforme esclarece Remy Neto, coordenador nacional de Especificação Técnica da AGC: “Na questão passiva, ele reduz o impacto energético nas construções com produtos que oferecem conforto térmico e luminoso; e na ativa, por meio de iniciativas das fabricantes, se diminui a emissão de carbono na produção de vidro”. Um exemplo disso é o projeto Volta, realizado pela AGC e Saint-Gobain Glass na Tchéquia (veja mais clicando aqui).
E não existe outro material capaz de atender todas essas necessidades. “Há vidros que chegam a 0,3 de valor U, que é a medida do coeficiente térmico – a quantidade de calor que atravessa um objeto. Ou seja, quase nada passa dependendo da chapa”, revela Edison Claro de Moraes, diretor da AtenuaSom. Portanto, devemos encarar estruturas envidraçadas, como fachadas, por exemplo, não somente como elementos estéticos, mas como capazes de exercer um papel funcional na construção do futuro.
“Com a evolução dos vidros de controle solar, é possível adaptar soluções para diferentes climas, regulando a entrada ou saída de calor, permitindo maior interação entre ambientes internos e externos”, comenta Marcelo Martins, diretor-comercial da GlassecViracon. Em outras palavras, o vidro continua sendo, e sempre será, um material moderno, totalmente alinhado às novas demandas climáticas. “Os de controle solar atuam sem comprometer a iluminação natural. Isso contribui, significativamente, para a diminuição do consumo de energia, tornando os edifícios mais adaptados às atuais exigências”, explica Betânia Danelon, gerente-comercial-técnica da Guardian.
Luiz Barbosa, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Vivix, reforça outra solução importante, mas pouco usada no Brasil: “Os insulados também contribuem para uma regulação mais eficiente da temperatura interna, proporcionando ambientes confortáveis e sustentáveis”. E o papel do vidro não se limita apenas à construção civil, como aponta Edison Moraes: “Recentemente, comprei um carro com teto solar e a temperatura dentro do carro fica desconfortável. O setor automotivo precisa produzir veículos que saiam de fábrica com vidros adequados ao nosso clima”. Fica o alerta: para-brisas, janelas e tetos solares também devem passar a oferecer conforto térmico aos usuários.
As torres Yachthouse, em Balneário Camboriú (SC), formam o edifício residencial mais alto da América Latina. O projeto exigiu soluções que combinassem alto desempenho térmico e acústico sem comprometer a estética. Para atingir o objetivo, a GlassecViracon forneceu insulados de laminados de controle solar na cor champanhe (Foto: Divulgação GlassecViracon)
Como o vidro atua
A máxima de que nosso material não trabalha sozinho sempre é válida – e, para o desempenho térmico, isso não é diferente. “Um bom projeto de abertura de vão em uma edificação deve contemplar três elementos em conjunto: especificação do vidro, proteção solar externa e proteção solar interna”, detalha o engenheiro e professor Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Climas frios
Em locais como regiões serranas e o Sul do Brasil, é fundamental o uso de elementos de sombreamento adequadamente desenhados, orienta Westphal. Assim, evita-se o sobreaquecimento durante o verão, ao mesmo tempo que se admite o aquecimento solar desejado no inverno. “Mesmo que seja utilizado um vidro com boa capacidade de bloquear o calor – ou seja, com baixo fator solar –, a incidência direta da insolação pode causar desconforto térmico localizado sobre as pessoas. Dependendo do uso do ambiente, em alguns momentos será necessário bloquear completamente a luz solar”, indica. Para isso, devem ser utilizados elementos de sombreamento, sejam externos (brises, varandas, beirais, toldos) ou internos (cortinas, persianas, rolôs). “Um bom projeto deve contemplar esses dispositivos não apenas para controle térmico, mas para garantir a privacidade e o conforto visual, evitando o ofuscamento e proporcionando boa distribuição de luz no ambiente interno.”
Climas quentes
Aqui, é necessário um vidro com alta reflexão energética – ou seja, alta capacidade de refletir o calor. Porém, não basta escolher uma chapa com baixo fator solar (como já explicado, a quantidade de calor que atravessa um objeto). O desempenho do vidro é variável, pois o ganho de calor do Sol depende do ângulo de incidência dos raios solares e de condições climáticas como temperatura e vento. “Tudo isso muda ao longo do dia e do ano. Por isso, o fator solar é apenas um indicador para a escolha inicial dos vidros a serem considerados para um projeto. A análise final deve ser sempre conduzida por simulação computacional anual”, afirma o professor.
A configuração do vidro é outro fator a influenciar toda essa conta. “Se o vidro de controle solar estiver laminado, há um bloqueio quase total dos raios UV, protegendo móveis e revestimentos internos contra o desbotamento. Quando o utilizamos na versão insulada, reduz ainda mais a troca térmica, oferecendo maior eficiência energética e conforto para os ocupantes”, comenta Marcelo Martins, da GlassecViracon.
Foto: Marina Gordejeva/stock.adobe.com
Hora de investir nos insulados
Mesmo sendo um produto agregado robusto, capaz de oferecer diversos benefícios simultâneos às edificações, o insulado segue como um vidro esquecido no Brasil: de acordo com a edição 2024 do Panorama Abravidro, ele representa 0,7% dos vidros processados não automotivos da cadeia de processamento nacional. “Eu sou fã do insulado. Ele permite trocas térmicas de 40%, 50%, e se paga após três ou quatro anos de utilização”, afirma Edison Moraes, da AtenuaSom. “É, sim, um custo inicial maior, mas que no fim se torna menor. Se você vai utilizar ar-condicionado ou aquecedor, você precisa de um insulado para trazer economia ao longo do tempo – especialmente em prédios modernos. O Brasil precisa aprender a utilizá-lo, até porque eu não entendo a prática de jogar um vidro contra o outro, como ‘o insulado versus o laminado’. Um complementa o outro, simples assim.”
A ideia de que o insulado só serve para climas frios, por ser muito utilizado na Europa e América do Norte, não passa de um mito, como aponta Edilene Kniess, da Rohden:
Em locais quentes, quando combinado com vidros de controle solar, o material bloqueia a entrada excessiva de calor, reduzindo a necessidade de uso do ar-condicionado e contribuindo para a eficiência energética;
Em regiões com grande variação térmica, ele atua como isolante, mantendo a temperatura interna mais estável, minimizando os picos de calor no verão e as perdas térmicas no inverno.
“O vidro interno da composição insulada tende a permanecer em temperatura mais próxima à do ar interno, evitando o desconforto das pessoas próximas ao vidro”, ensina Fernando Westphal. “Isso também permite reduzir a carga térmica máxima da edificação. Em geral, em climas brasileiros, edifícios com fachadas de insulado podem ter uma economia de, pelo menos, 20% na instalação do sistema de ar-condicionado.”
Como especificar
É preciso muito conhecimento técnico para ser capaz de especificar esses vidros. “Costumo falar que, na Internet, você encontra compêndios sobre o desempenho do vidro, mas é preciso saber o que se está fazendo. É aí onde mais se erra”, opina Edison Moraes, da AtenuaSom.
As variáveis para definir as estratégias mais eficazes em relação à proteção contra o calor, transmissão de luz e reflexão desejadas são as seguintes:
Localização geográfica da edificação
Incidência solar nas fachadas
Dimensões e proporção das áreas transparentes
Demanda energética do sistema de climatização interno
Tipo de atividade do edifício
Estética desejada
Somado a isso, a seleção de vidros deve considerar alguns aspectos técnicos. O fator solar, mencionado anteriormente, é um deles, mas não o único:
Espessura e composição: “A seleção da espessura e da combinação de vidros (monolítico, laminado, insulado) deve considerar não apenas a proteção térmica, mas também fatores como segurança, iluminação natural e isolamento acústico”, afirma Edilene Marchi Kniess, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Rohden Vidros. “Em edifícios comerciais, onde a eficiência energética é crítica, pode-se optar por insulados duplos ou até triplos para um desempenho superior”;
Câmara de ar e preenchimento com gás: Caso o insulado seja o escolhido, seu desempenho pode ser aprimorado com o uso de gases de baixa condutividade térmica, como o argônio, na câmara instalada entre as chapas de vidro. “Esse gás é menos condutivo que o ar comum e limita a transferência térmica por condução e convecção, otimizando o isolamento térmico. Quanto maior a câmara de ar – dentro de um limite técnico, geralmente entre 12 e 16 mm –, mais eficiente será o bloqueio da temperatura”, explica Edilene.
Curitiba, o empreendimento Mai Terraces está sendo avaliado para receber a certificação GBC Condomínio Platina, que reconhece empreendimentos alinhados a práticas ambientais, como a eficiência energética. A GlassecViracon forneceu insulados de laminados de controle solar prata para a obra (Foto: Marcelo Araujo/divulgação GlassecViracon)
Ar-condicionado e vidros: inimigos ou aliados?
As mudanças climáticas já são tão sentidas pelos usuários de edificações que o conforto térmico se tornou um fator primordial para suas escolhas no quesito moradia. Segundo pesquisa do QuintoAndar, startup brasileira focada no aluguel e na venda de imóveis, o sistema de ar-condicionado passou a ser o item mais buscado por interessados em comprar imóvel em São Paulo no ano passado – o equipamento ocupava a 7ª posição na pesquisa anterior, referente a 2023.
Esse dado precisa fazer nosso setor refletir: as pessoas conhecem a capacidade térmica do vidro? Por que pensam logo no ar-condicionado quando o tema é debatido? “Embora o vidro seja tratado muitas vezes como o vilão da carga térmica das edificações, na verdade, ele é o material que permite trazer luz natural e contato visual com o exterior, algo que nenhum outro material consegue. E, mesmo assim, ainda permite controlar os ganhos e perdas de calor com estratégias bem-aplicadas a cada projeto e clima”, frisa Westphal.
O ar-condicionado é mais lembrado pelo fato de que nenhum outro equipamento ou material faz o que ele consegue. “Mesmo a ventilação natural é insuficiente para garantir o conforto em 100% do tempo, pois existem horas no verão em que o ar exterior está quente e úmido ou não está ventando – ou o vento está com velocidade alta demais. Então, o ar-condicionado segue imprescindível para garantir o conforto em 100% das horas de ocupação de uma edificação”, pondera Westphal. “O que devemos fazer nesse cenário é promover projetos cada vez mais eficientes, para que o uso do ar-condicionado seja minimizado”. É nesse momento que o vidro precisa ser lembrado pelos profissionais da construção.
Durante décadas, esse segmento priorizou projetos pouco adaptados ao clima local, com uso excessivo de concreto, pouca ventilação cruzada e baixa eficiência térmica dos materiais, conta Betânia Danelon, da Guardian. “A falta de incentivos para alternativas mais sustentáveis reforçava a dependência disso. Para mudar, é essencial promover a conscientização sobre soluções passivas de conforto térmico, como fachadas ventiladas, uso de vidros especiais, isolamentos eficientes e materiais que ajudam a reduzir a troca de calor.”
Quem concorda com a ideia é Luiz Barbosa, da Vivix. Para ele, o uso do ar-condicionado como principal estratégia de conforto térmico no Brasil se deve a vários fatores:
Desconhecimento sobre o custo-benefício dos vidros especiais;
O custo inicial de tecnologias passivas de climatização é visto como alto;
Desconhecimento de tecnologias alternativas que reduzem significativamente a necessidade de climatização artificial;
Falta de regulamentação: apesar das normas que abordam o desempenho térmico (como a ABNT NBR 15.575 — Edificações habitacionais – Desempenho), por enquanto as exigências para eficiência térmica em edificações no Brasil são brandas, levando construtoras a priorizar soluções convencionais.
Em relação ao último ponto, a situação pode melhorar num futuro próximo: está em andamento, no Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002), da ABNT, um Grupo de Trabalho para desenvolver uma norma de desempenho para edificações não residenciais, visando a aplicações em edifícios comerciais e de serviços. Espera-se que, nesse trabalho, sejam traçados níveis mínimos de desempenho para os projetos arquitetônicos, evitando ao máximo a necessidade do ar-condicionado nos diferentes contextos climáticos brasileiros.
Foto: volha_r/stock.adobe.com
Mudança que passa por nosso setor
Já que existe uma parcela de profissionais da construção que ainda não conhece o que o vidro pode oferecer, é missão de nossas empresas reverter a situação. “Como indústria vidreira, temos o papel de disseminar conhecimento sobre novas tecnologias e suas aplicações, auxiliando especificadores e construtores a tomar decisões mais eficientes e inovadoras”, sugere Marcelo Martins, da GlassecViracon.
Edilene Kniess, da Rohden, lembra que a adoção de vidros especiais de alta performance auxilia projetos na obtenção de certificações ambientais reconhecidas internacionalmente, como a Leadership in Energy and Environmental Design (Leed). “Incentivos fiscais e certificações ambientais podem impulsionar o uso dos vidros eficientes, tornando a construção civil mais sustentável e econômica a longo prazo.”
Apostar na disseminação do conhecimento, portanto, mostra-se como a chave para um novo panorama. “Nosso setor desempenha um papel crucial na mudança cultural. Ao capacitar os profissionais sobre essas tecnologias e promover seu uso, podemos contribuir para uma construção mais eficiente, diminuindo a dependência do ar-condicionado e melhorando o conforto térmico de maneira ecológica”, aponta Jonas Sales, da Cebrace. “Nos dedicamos à capacitação de profissionais e empresas do setor de arquitetura e construção, oferecendo treinamentos e workshops que abordam não apenas as propriedades térmicas do vidro, mas também outros aspectos fundamentais, como transmissão de luz e reflexão. O objetivo é garantir que os clientes tomem decisões mais assertivas em seus projetos.”
Caminhos a seguir Educação do mercado: investir na divulgação técnica e em treinamentos para arquitetos e construtoras sobre os benefícios dos vidros eficientes. A Abravidro, por exemplo, conta com a plataforma de ensino a distância Educavidro, que contém cursos como “Economia de energia em edifícios novos e reformas”, “Especificação de fachadas”, “Introdução a eficiência energética” e “Certificação de edifícios – Impacto do vidro”;
Parcerias estratégicas: trabalhar com órgãos reguladores para a produção de mais normas que incluam referências à eficiência térmica;
Demonstração prática: divulgar estudos de caso e comparar edificações com e sem vidros de valor agregado, provando na prática a redução de temperatura interna e economia de energia;
Incentivos financeiros: demonstrar a economia com energia elétrica gerada e o retorno financeiro rápido, mesmo com o investimento inicial mais alto;
Elemento sustentável: promover o vidro como elemento com baixa pegada de carbono e 100% reciclável, que contribui para a redução das emissões de CO2.
As inscrições para a 3ª edição do Guardian Top Projects estão na reta final: devem ser feitas até o dia 28 de fevereiro. Podem ser inscritos projetos elaborados a partir de 2022 e que levam vidros especiais da fabricante. O objetivo é reconhecer o talento e conectar os profissionais e parceiros do segmento.
A revitalização urbana de grandes cidades é um desafio para o Brasil: não são raros os chamados centros históricos de importantes metrópoles nacionais com prédios desgastados, gerando sérios problemas urbanísticos.
Fora do País, há exemplos positivos. Nova York e Barcelona, por exemplo, reformaram bairros para deixá-los mais Studiovivos. No entanto, não basta criar parques, incentivar pequenos comércios ou facilitar a locomoção: é preciso colocar pessoas para morar nesses lugares.
Em Aveiro, Portugal, uma nova zona da cidade ganhou o Puro Tower, prédio residencial com formas que se assemelham a um programa de habitação coletiva, apostando no conforto dos moradores com o uso de vidros insulados de alto desempenho.
Diálogo com a cidade
Desenvolvido pelo arquiteto português Mário Alves, o projeto (com 6.250 m² de área) tem como base dar continuidade às linhas predominantes de um edifício vizinho, também feito por ele anos atrás. O conceito principal foi o de tirar proveito das características do lugar, tais como as vistas e a exposição solar.
“Por se tratar de um edifício de esquina, que assume uma volumetria vertical, o desenho horizontal das lâminas projeta-se para além das arestas dessa volumetria”, explica Alves. “Isso cria dinâmica, ritmo e movimento ao mesmo tempo que projeta o espaço interior para o exterior, permitindo assim ao utilizador a possibilidade de se debruçar sobre a cidade”. De fato, o projeto ganha tridimensionalidade com as formas assimétricas das sacadas: seu design é muito mais próximo do de uma obra de arte (uma escultura, por exemplo) do que de um prédio residencial tradicional.
Total controle
Se os traços do prédio são modernos, os vidros instalados nos apartamentos não poderiam ficar atrás no quesito tecnologia. Os caixilhos de alumínio da empresa Grupo Sosoares receberam uma especificação robusta de insulados de laminados, pensada para oferecer um alto grau de conforto termoacústico: temperado de SunGuard HS 70/35 8 mm (da Guardian) + espaçador preenchido com gás argônio + laminado (com interlayer acústico) com espessura de incríveis 44,2 mm. Em certas áreas, há ainda uma placa mais “simples”, trocando o laminado grosso que faz parte do insulado por uma chapa de float temperado 8 mm.
Ficha técnica
Projeto: Puro Tower
Local: Aveiro (Portugal)
Arquitetura: Mário Alves Arquiteto
Conclusão da obra: 2021
Fabricante dos vidros: Guardian
Instalação dos vidros: Alumivale
Caixilhos: Grupo Sosoares
O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, mais conhecido como Masp, é um marco da capital paulistana: o prédio em que está instalado, em plena Avenida Paulista, tem um icônico design da arquiteta Lina Bo Bardi, marcado pelo uso de vidros na fachada – e até mesmo os cavaletes para os quadros expostos usam nosso material. Agora, o museu ganhou um novo edifício, localizado ao lado do original. Mais uma vez, o vidro foi escolhido, dessa vez junto de uma estrutura de brises.
Harmonia entre as obras
Com projeto arquitetônico da Metro Arquitetos Associados, dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni, o prédio recém-finalizado conta com catorze andares e 7.821 m² de área – somado à recente concessão do vão livre do museu, a instituição dobrou sua área de atuação, chegando a 21.863 m².
Agora, o Masp aumenta em mais de 60% seus espaços expositivos: são cinco novas galerias para exposições, duas áreas multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, área de acolhimento, restaurante e café, incluindo ainda depósitos e docas para carga e descarga de obras de arte. Outro destaque será um túnel de 40 m de comprimento, com conclusão prevista para o segundo semestre, responsável por interligar as áreas de acolhimento dos dois edifícios, facilitando a circulação dos visitantes.
De acordo com os arquitetos, o novo projeto (nomeado Pietro Maria Bardi, em homenagem ao primeiro diretor artístico do museu) deveria evitar grandes composições na fachada, de forma a estabelecer uma relação harmoniosa com o edifício histórico (agora chamado Lina Bo Bardi para honrar sua arquiteta). “Apostamos em um visual limpo, uma fachada homogênea, para não criar ruídos nessa relação. Ao mesmo tempo, o design monolítico, inspirado nas tipologias dos museus verticais, como os de Nova York, se destaca no entorno, conferindo-lhe um caráter próprio”, comenta Corullon.
Vidro e brise: estrutura metálica aplicada sobre a fachada envidraçada atua para evitar a ação dos raios solares nas obras de arte que serão expostas dentro do prédio
Sobriedade
Isso explica a estética marcada por uma estrutura de brises, feita de chapas metálicas perfuradas e plissadas. Essa foi a solução encontrada para controlar a incidência de luz natural, evitando possíveis danos causados pela radiação às obras e materiais expostos internamente.
Mesmo assim, a transparência está lá, logo atrás dos brises, até para reforçar a conexão entre as duas construções que formam o museu. Segundo a Metro, enquanto a fachada envidraçada do edifício original cria uma continuidade visual entre o interior do museu e a Avenida Paulista, o novo projeto propõe um jogo de luz e sombra, permitindo que o visitante observe a cidade por meio de aberturas que se revelam apenas a quem está dentro do prédio durante o dia. À noite, a equação se inverte: as mesmas janelas revelam fragmentos da parte interna dos andares para o lado externo da construção.
Os vidros aplicados na fachada são laminados incolores 14 mm (6 + 8), enquanto os do térreo são multilaminados 24 mm (8 + 8 + 8), processados pela Cyberglass. A estrutura teve consultoria da QMD Consultoria, com a Prismatech produzindo as esquadrias.
Novo prédio é financiado por meio de doações A construção do novo edifício começou em 2019 – e a obra foi totalmente financiada por doações de pessoas físicas, sem uso de leis de incentivo. “Foram doados R$ 250 milhões para a construção. O sucesso da captação também é resultado de um modelo de gestão criado no Masp há dez anos, que trouxe para a instituição sustentabilidade financeira, transparência e profissionalismo”, explica Alfredo Egydio Setubal, presidente do conselho deliberativo do museu.
Teve início a exposição Pavilhões de Vidro, realizada pelo Ministério da Cultura, Abividro, Cidadania Corporativa e Escola da Cidade. A mostra, aberta até março na sede da Escola da Cidade, em São Paulo, conta com curadoria da arquiteta mexicana Sol Camacho, responsável pelo livro Pavilhões de Vidro: uma Tipologia de Vanguarda, lançado no dia 12 de dezembro.
Como visto na reportagem especial da edição de outubro de O Vidroplano, as fachadas inclinadas feitas de vidro oferecem desafios extras aos arquitetos e especificadores envolvidos em projetos que contenham essa estrutura. O tipo de inclinação, os cálculos para o dimensionamento da espessura das chapas e a instalação são detalhes que precisam ser encarados com atenção para se chegar a uma obra perfeita – como é o caso do edifício Skyglass, inaugurado em Seattle, nos Estados Unidos, no início do ano.
Para o alto e avante
Com design da arquiteta Julia Nagele, do escritório Hewitt, o Skyglass foi erguido na região de South Lake Union, um dos bairros centrais que mais crescem na cidade norte-americana. A obra de uso misto conta com 33 andares, e suas formas operam em duas escalas, segundo o pessoal da Hewitt: a parte de baixo do edifício, que se assemelha a um prédio de concreto residencial com janelas de tamanho tradicional, está ligado a um contexto de paisagem urbana em escala humana; acima disso está a enorme torre de vidro, cheia de movimento, que se estende em direção ao Sol e às nuvens.
Foto: Tim Rice Architectural Photography
Alto desempenho
Os vidros aplicados na fachada da torre oferecem alto desempenho energético à construção. São insulados com uma especificação complexa, de modo a atingir o conforto térmico necessário: termoendurecido low-e 6 mm + câmara espaçadora de 12 mm, preenchida com gás argônio + temperado incolor 10 mm.
A parte de baixo do edifício também ganhou vidros robustos: float low-e 6 mm + câmara espaçadora de 16 mm, preenchida com gás argônio + float incolor 6 mm.
A importância de testar as soluções
Modelos virtuais de projetos arquitetônicos são ótimas formas de garantir que o resultado final da obra seja o planejado por arquitetos e engenheiros durante as fases iniciais do projeto. No entanto, em alguns casos, apenas testar em softwares não basta.
Testes e mais testes: para garantir a fidelidade visual e de desempenho, foi construído um mockup da fachada em escala real, que passou por uma série de testes, como resistência ao vento, estanqueidade, pressão interna/externa e até sustentação em caso de abalos sísmicos (Foto: Divulgação Hewitt)
Para garantir a fidelidade visual e de desempenho do Skyglass, foi construído um mockup da fachada em escala real, antes de a construção ser iniciada. Essa estrutura, do tamanho de dois andares e meio, passou por uma série de testes a respeito de requisitos essenciais ao projeto, como resistência ao vento, estanqueidade, pressão interna/externa e até sustentação em caso de abalos sísmicos. Os testes nessa amostra gigante foram realizados numa instalação em Fresno, na Califórnia.
Ficha técnica Projeto: Skyglass Local: Seattle (EUA) Arquitetura: Hewitt Conclusão da obra: março de 2024 Processadoras dos vidros: Beijing Wuhua Tianbao Glass e Cardinal Glass
Projetar e instalar fachadas de vidro envolve diversos processos complexos – da especificação à instalação e manutenção, passando ainda pelo processamento correto das peças, manuseio etc. Se a fachada for inclinada, então, dá-lhe mais cuidados para serem levados em conta. Afinal, esse tipo de estrutura precisa de cuidados extras durante as diferentes etapas do trabalho.
Sabendo disso, O Vidroplano conversou com projetistas e instaladores para entender quais são os desafios que essas fachadas oferecem.
Positiva ou negativa?
O mais importante conceito para se analisar as fachadas inclinadas é o tipo de inclinação delas.
Inclinação positiva: quando a projeção da fachada ocorre para dentro da edificação – nesse caso, a estrutura se assemelha a um escorregador;
Inclinação negativa: quando a projeção ocorre para o lado externo da edificação – ou seja, a estrutura se assemelha a uma marquise.
É a partir dessa diferenciação que todo o projeto da esquadria e do vidro serão pensados. Por isso, você verá bastante os dois termos ao longo da reportagem.
O Birmann 32 é um marco da arquitetura corporativa na região da Faria Lima, um dos principais centro financeiros de São Paulo. O prédio ganhou fachadas de insulados com peças de controle solar Neutral Plus 50, da linha SunGuard High Performance, da Guardian, processadas pela GlassecViracon. A estrutura foi desenvolvida pela Itefal, com consultoria da Crescêncio Engenharia (foto: Levi Gregorio)
Como fica a especificação
Os cálculos necessários para o dimensionamento da espessura dos vidros em fachadas inclinadas são mais complexos e exigem mais etapas do que para a vertical. É preciso considerar, por exemplo, tanto o peso próprio do vidro como as pressões de vento. “Com inclinação positiva, o vidro cria uma carga adicional sobre os suportes inferiores, o que aumenta a necessidade de reforços nesses pontos”, comenta o engenheiro-consultor da TG Technical Group, Maurício Margaritelli. “Com inclinação negativa, além da pressão negativa causada pelo vento, a tração nos sistemas de fixação é maior, exigindo maior resistência dos pontos de ancoragem e das vedações.”
Em relação às fachadas coladas com silicone estrutural, é essencial prestar maior atenção à estrutura de suporte. O silicone resiste aos esforços de vento, mas não pode ser responsável por suportar o peso do vidro. “Para isso, é necessário prever reforços mecânicos, como ganchos ou suportes secundários, que possam aguentar as cargas verticais. A omissão desse cuidado pode comprometer a segurança da fachada”, alerta Margaritelli. “Além disso, as larguras das juntas estruturais devem ser maiores, para suportar a força constante de arrancamento”, informa o diretor da Avec Design, José Guilherme Aceto.
O clima também deve ser levado em conta. Se a fachada estiver em uma região sujeita a neve, por exemplo, o peso dela precisa ser considerado em fachadas inclinadas positivamente. Esse não é o caso do Brasil, embora o Sul do País seja uma região marcada por frequentes geadas durante as épocas frias do ano – o que traz maior carga ao vidro instalado nesse tipo de estrutura.
Parte das placas laminados da fachada do Faria Lima Plaza, em São Paulo, foi montada com diferentes inclinações positivas e negativas, o que representou grande desafio na hora da especificação – a Crescêncio Engenharia prestou consultaria para a montagem da estrutura (foto: Divulgação Crescêncio Engenharia)
Em busca da instalação perfeita
Parece óbvio, mas vale ser ressaltado: devido à inclinação, o acesso dos operários para a instalação desse tipo de fachada é muito mais complexo – e, por isso, equipamentos devem ser usados para superar esses obstáculos e oferecer a segurança necessária à equipe que está realizando essa atividade (como balancins). “Toda a operação logística de transporte vertical até a instalação é sempre um grande desafio. Outro aspecto importante é o cuidado que se deve ter com a precisão da montagem da fachada. Nesse caso é importante considerar equipamentos de controle de dimensão a laser, e até estações topográficas, para evitar desvios que venham a comprometer a qualidade final da esquadria”, afirma Petrucci.
Para o engenheiro Henrique de Lima, diretor-presidente da Itefal, o tipo de sistema da fachada influencia as dificuldades no momento da instalação. “O sistema unitizado requer maior cuidado na hora de encaixe e acomodação dos painéis. Os painéis precisam ser posicionados na angulação da inclinação e, como estão içados, esse processo requer mais atenção e habilidade”, comenta. “Já no caso do sistema stick, o principal cuidado está no equipamento auxiliar de instalação, uma vez que as inclinações interferem no distanciamento habitual de balancins, por exemplo, obrigando em algumas situações o trabalho com cabos guia ou avanços pantográficos, a fim de conseguir o acesso necessário.”
Com inclinação negativa de 10 graus, o Terminal Marítimo de Passageiros de Salvador possui 4.800 m² de laminados verdes (12 mm), da Guardian, processados pela Iguatemi Vidros (foto: Xico Diniz)
Outros tópicos relevantes para a hora de projetar
Mais sobre os ventos: a pressão de vento em uma fachada inclinada é afetada pela geometria da estrutura. O vento pode gerar pressão positiva, quando empurra o vidro para dentro, e pressão negativa, chamada de sucção, quando puxa o vidro para fora. Essas variações afetam não apenas a resistência do vidro, mas também os perfis de ancoragem e os sistemas de fixação, os quais devem ser dimensionados para resistir a esses esforços combinados. Segundo Aceto, da Avec, o peso dos vidros laminados deve ser considerado como carga permanente nas fachadas de inclinação positiva quando submetidos à tensão máxima admissível de 5,7 MPa (megapascal, unidade para medir pressão), conforme indicam a ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil — Projeto, execução e aplicações e normas internacionais. Em uma instalação que sofrerá com rajadas de vento, esse valor aumenta para 23,3 MPa. “No entanto, muitas vezes, somente o peso das peças excede essa tensão, sendo um impeditivo para uso de chapas somente laminadas. Já para vidros com tratamento térmico, sejam temperados ou termoendurecidos, a tensão admissível passa a ser de 52 a até 93 MPa”;
Vedação: numa fachada positiva, o sistema de vedação precisa ser determinado considerando a área de contribuição de água decorrente dessa projeção. “Nesse caso a geometria das gaxetas de vedação e dos perfis de alumínio deve ser desenvolvida para proporcionar o escoamento para o lado externo”, explica Crescêncio Petrucci, sócio-fundador da Crescêncio Engenharia. “Já na fachada negativa, as exigências em relação à estanqueidade da esquadria são diferentes, pois a gravidade atua sempre a favor”;
Deflexão do vidro: dependendo da inclinação e da espessura do vidro adotado, o peso da chapa pode ocasionar flexão no centro dela, provocando um efeito de distorção óptica indesejado.
Como manter as estruturas em ordem
É possível afirmar que o processo de manutenção das fachadas inclinadas pode ser mais desafiador que a própria instalação da estrutura. “Diversas fachadas contemplam pinos receptáculos para ancoragem de equipamentos que propiciam acesso às fachadas. Há de se destacar também que, em função de seu posicionamento, fachadas positivas sofrem maior acúmulo de chuva bem como sujidades e, dessa forma, requerem limpeza em intervalos de tempos menores”, alerta Henrique de Lima, da Itefal.
Pinos de retenção (comumente mados de washing bolts) e pinos de desvio de direção são fundamentais para garantir aos operários as condições de segurança, equilíbrio e mobilidade necessárias durante o processo de limpeza e manutenção. Em alguns empreendimentos, o uso de equipamentos mecânicos como gôndolas ajuda de forma efetiva esse tipo de trabalho.
Por isso, é crucial monitorar regularmente o estado dessas fixações e reforços mecânicos, especialmente em fachadas coladas com silicone estrutural, para garantir que os sistemas estejam funcionando conforme o projeto.
Em formato de pirâmide, o Hospital de Amor, em Barretos (SP), ganhou vidros laminados Sunlux (10 mm), da AGC, nas versões azul e com serigrafia. Responsável pela instalação, a Avec Design utilizou o sistema Ecoglazing, desenvolvido pela própria empresa (foto: Divulgação Avec Design)
Eficiência energética
“A escolha correta da inclinação, combinada com vidros de controle solar, pode reduzir o consumo de energia no edifício”, explica Maurício Margaritelli. “No entanto, inclinações malprojetadas podem resultar em problemas de superaquecimento, especialmente em fachadas com inclinação positiva e grande exposição solar.”
Nas fachadas com inclinação positiva, a exposição aos raios solares é mais prolongada, já que o ângulo amplifica a exposição direta ao Sol, aumentando o ganho térmico e fazendo com que a temperatura do vidro atinja valores mais elevados.
Por isso, o dimensionamento da espessura e a escolha da peça devem considerar o acréscimo de temperatura. Para os casos de fachadas com inclinação negativa, esse tipo de preocupação é relativamente menor.
Foi-se a época em que grandes pontos turísticos tinham o vidro como mero coadjuvante: de uns anos para cá, em vários locais do mundo, diversas obras voltadas para o turismo têm nosso material como principal elemento arquitetônico e construtivo. No Brasil, a tendência se consolidou com a construção de mirantes em lugares como São Paulo, Canela (RS) e Balneário Camboriú (SC), que levam milhares de visitantes a suas instalações para terem novas, e belas, visões dessas cidades e da natureza que as cerca.
Para celebrar o apelo estético e visual que o vidro passou a despertar para essas construções, O Vidroplano lista alguns dos projetos mais incríveis do tipo – afinal, eles têm um papel muito importante: reforçar a imagem do vidro como um material seguro, confiável e resistente para o consumidor final. Boa viagem!
Um complexo de mais de R$ 30 milhões, localizado em uma bela região natural do Vale da Ferradura, a 360 m de altura sobre o rio Caí, em meio a florestas de araucárias, pássaros e animais silvestres: esse é o Skyglass Canela, inaugurado no final de 2020. O espaço é composto por três atrações:
Skyglass: uma plataforma de observação com 68 m de extensão, sendo 35 m sobre o Vale da Ferradura, recorde mundial para construções em cima de cânions;
Abusado: monotrilho instalado abaixo da plataforma, formado por dez cadeiras suspensas. Ele funciona como uma montanha-russa, mas a uma velocidade baixa, para permitir que as pessoas apreciem a vista;
Memorial do Ferro de Passar: museu com cerca de trezentas peças referentes a esse utensílio milenar.
Os pisos da plataforma contam com multilaminados 43 mm, compostos por peças temperadas extra clear, com interlayer estrutural SentryGlas (da Kuraray). Os guarda-corpos também são envidraçados: 42 peças de extra clear temperado e laminado (10 + 10 mm), com SentryGlas.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 578, de fevereiro de 2021)
Foto: Fernando/stock.adobe.com
THE LEDGE Local: Chicago, EUA Processadora: Prelco
Um dos precursores entre os mirantes totalmente envidraçados, o The Ledge, instalado no alto do edifício Willis Tower, em Chicago, foi erguido no já longínquo 2009. Parte da atração Skydeck, espaço que conta a história da cidade americana, a estrutura conta com dois cubos de vidro a quase 400 m de altura, oferecendo visão perfeita de toda a região do lago Michigan graças ao uso de peças extra clear laminadas com SentryGlas. Os visitantes podem ficar tranquilos em relação à segurança do espaço: os cubos foram projetados para suportar 5 t de peso.
Foto: Cris Martins
SAMPA SKY Local: São Paulo Fabricante dos vidros: Guardian Processadora: GlassecViracon
Aberto ao público em 2021, o Sampa Sky já se tornou um símbolo paulistano: ganhou até novos decks no fim do ano passado, tamanha a demanda para visitar o espaço. A atração está no 42º andar do Mirante do Vale, prédio que foi o mais alto do País durante décadas. Com 1.400 m² de área, o Sampa Sky tem um café em suas dependências – e pode receber eventos corporativos e sociais.
Multilaminados temperados foram instalados ali – e a especificação é robusta: quatro peças com 10 mm cada (sendo a externa de ClimaGuard SunLight e as internas de float incolor), unidas por PVBs estruturais DG41, da Eastman. O uso de vidros de controle solar ajuda a reduzir a necessidade de iluminação artificial, assim como o uso de ar-condicionado.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 584, de agosto de 2021)
Foto: Summit One Vanderbilt
SUMMIT ONE VANDERBILT Local: Nova York, EUA Fabricante dos vidros: AGC Processadora: Glass Flooring Systems
Outro espaço com múltiplas atrações, o Summit One Vanderbilt, pode-se dizer, é uma celebração do vidro. A obra, localizada no edifício One Vanderbilt, em Manhattan, tem várias instalações:
Levitation: mirante com dois decks envidraçados que “saltam” da fachada. Estão a mais de 300 m de altura, bem em cima da Avenida Madison, e são de multilaminados com o vidro antirreflexo Clearsight;
Ascent: o maior elevador externo do mundo totalmente feito com nosso material. O acesso a ele se dá por um terraço, de onde é possível enxergar até 128 km de distância. Também feito com multilaminados com o vidro antirreflexo Clearsight;
Air: criada pelo renomado artista Kenzo Digital, a área oferece diversas experiências sensoriais com o vidro. São dois andares revestidos de laminados espelhados (chapa incolor + interlayer SentryGlas + chapa de espelho), instalados no chão, teto e colunas. Andar por ali é como flutuar em uma sala infinita: tem-se a impressão de que existem vários andares acima e abaixo de onde está, mas, na verdade, são os reflexos confundindo a sua sensação espacial. Quase 1.000 m² de vidros foram usados somente nessa parte do Summit.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 587, de novembro de 2021)
Foto: Divulgação Linde Vidros
SUMMIT BC Local: Balneário Camboriú (SC) Fabricante dos vidros: AGC Processadora: Linde Vidros
Conhecido como “Dubai brasileira”, por conta de suas praias, vida noturna e empreendimentos residenciais de alto luxo, o Balneário Camboriú também entrou na onda dos mirantes. O Summit BC, concluído em maio deste ano no alto do Edifício Imperatriz, conta com dois cubos suspensos a 128 m do chão. Para permitir vista panorâmica deslumbrante da bela orla da cidade, foram utilizados vidros extra clear, usados em temperados multilaminados com SentryGlas.
E se esse tipo de estrutura já é um grande feito de engenharia, o Summit BC se destaca ainda mais, pois estão 2,5 m para fora do edifício. Os administradores do espaço entraram com um pedido para o Guinness World Records reconhecer a obra como a maior nesse quesito – para efeito de comparação, o The Ledge, em Chicago, tem 1,31 m para fora, enquanto o Sampa Sky, quase 2 m.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 621, de setembro de 2024)
Foto: Related-Oxford
EDGE Local: Nova York, EUA
No 100º andar de um dos arranha-céus que fazem parte do complexo Hudson Yards, o Edge oferece uma inacreditável visão de 360 graus da ilha de Manhattan. Pesando quase 350 t, a obra representou um desafio arquitetônico, já que se estende 24 m para fora do prédio. Ela é formada por quinze seções diferentes, ancoradas aos lados Leste e Sul do edifício. Com formato triangular, um dos destaques do espaço é uma parte de seu chão, feita de multilaminados, com 20 m² de área. Ali, o visitante sente que está “flutuando” no alto da Big Apple. Os guarda-corpos da área também são totalmente envidraçados: são 79 painéis de laminados, com 2,74 m de altura cada. Os vidros foram fabricados na Alemanha e processados na Itália.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 567, de março de 2020)
Foto: Divulgação Secretaria Municipal de Turismo do Guarujá
MIRANTE DAS GALHETAS Local: Guarujá (SP)
Se estiver passeando pela região da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, não deixe de visitar o Mirante das Galhetas. Localizado no Morro da Caixa D’Água, a atração conta com uma estrutura totalmente composta de multilaminados, suspensa a 45 m do nível do mar. Dali, é possível ter um belo panorama da praia do Tombo – e o local também é adequado para a prática de voo de parapente. O acesso ao Mirante das Galhetas é gratuito.
Foto: Konce Agência-Associação Amigos de Cristo de Encantado
Acredite: o monumento mais alto do Brasil representando Jesus Cristo não é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, mas sim o Cristo Protetor, na cidade de Encantado. Enquanto o famoso ponto turístico carioca mede 38 m de altura, a atração gaúcha tem 43,5 m. Construída com recursos oriundos de doações, a obra foi iniciada em julho de 2019, no morro das Antenas. Seu grande diferencial para outros monumentos do tipo espalhados pelo Brasil é o coração envidraçado instalado no peito da estátua: um elevador leva os visitantes até o espaço, possibilitando uma vista privilegiada da cidade e do vale do Taquari. Para que isso fosse possível, foram aplicados temperados laminados incolores (10 +10 mm) na fachada da instalação.
Este ano, a Casa Cor São Paulo foi realizada de 21 de maio a 28 de julho no Conjunto Nacional, em São Paulo. O tema da edição 2024 da principal mostra de arquitetura e design de interiores das Américas foi De Presente, o agora, procurando refletir e entender como o mundo vive o presente e enxerga o futuro. Embora o uso de vidros e espelhos não tenha sido tão grande como em edições anteriores – aliás, este é o segundo ano seguido no qual nossos materiais apareceram de forma tímida na mostra –, houve aplicações interessantes e diferenciadas. Nas páginas a seguir, O Vidroplano reúne os destaques da exposição em relação ao vidro.
Foto: MCA Estúdio
Multirreflexos
O Hall do Apartamento, do arquiteto Gustavo Scaramella, ganhou uma estética oitentista graças à parede revestida de espelhos Guardian Evolution, da Guardian, fornecidos pela vidraçaria Europa Vision. As peças do material, com largura de, aproximadamente, 20 cm, foram instaladas umas ao lado das outras, o que gerava um aspecto interessante: ao andar pelo espaço, os objetos eram refletidos de forma fragmentada, oferecendo uma sensação de movimento à estrutura.
Foto: Fernando Saker
Nas alturas
Ganhou mais visibilidade no ambiente Refúgio Ancestral, de Gabriela Prado, a estrutura do teto: segundo a arquiteta, a ideia foi reinterpretar os antigos vitrais da construção paulista. A vidraçaria Europa Vision foi responsável pelo fornecimento e pela instalação dos painéis, feitos com três tipos de vidro (canelados, martelados e incolores – estes últimos com a aplicação de uma película azul) instalados nas estruturas de alumínio preto, com fitas de LED para iluminar o espaço. As peças eram da AGC, beneficiadas pela Divinal Vidros.
Foto: Renato Navarro
Na temperatura certa para a hora do café
Entre as janelas do Conjunto Nacional e as mesas do Café Isabela Akkari, assinado pelas arquitetas Flávia Burin e Bruna Moretti, do Studio HA, a Europa Vision montou um grande fechamento com esquadrias de alumínio pintado com cor especial e painéis de Sunlux 60, vidro de controle solar da AGC, beneficiados pela Bonneville. Além de contribuir para a estética do ambiente, a estrutura permite a passagem da iluminação natural, mas barra a troca térmica com o lado externo, garantindo que os visitantes que decidissem parar para tomar um café pudessem sempre desfrutar de uma temperatura agradável em seu interior.
Foto: Thiago Borges
Privacidade e acessibilidade
O banheiro estrategicamente colocado no meio do Estúdio Refúgio de Memórias, projeto do escritório AD|VP Arquitetura, representou a intenção das arquitetas Andressa Danielli e Vanessa Pasqual de fugir do estereótipo de que a acessibilidade está associada à simplicidade ou falta de estilo. A estrutura chamou a atenção pelo seu fechamento com esquadrias de alumínio e vidros extra clear da AGC, beneficiados pela Bonneville, fornecidos e instalados pela Europa Vision, com aplicação de uma película especial que dava às peças um aspecto jateado, combinando as sensações de privacidade e integração dos espaços. Um espelho redondo prata 4 mm, com o trabalho das mesmas três empresas vidreiras, completava o ambiente com sofisticação.
Foto: Thiago Borges
Tamanho e formato que chamam a atenção
Mesas baixas de vidro sempre trazem sofisticação, mas já não são uma novidade ou tendência – isto é, a menos que sejam bastante diferenciadas, como as presentes no espaço Reflexos Banco BRB. O escritório Navarro Arquitetura, liderado pelo arquiteto José Carlos Navarro, projetou não só o ambiente, mas também as mesas de vidro, feitas pela Glass11: a mais baixa tinha um grande tampo orgânico de vidro fumê, enquanto a mais alta era feita com um vidro furta-cor, e seus formatos e disposição contribuíram para a composição do espaço. Vale destacar também os espelhos no fundo do ambiente realçando seu visual, fornecidos e instalados pela Casa Mansur.
Foto: Israel Gollino
Ristorantino Caffé
O Ristorantino Caffé, criado pela Guardini Stancati Arquitetura e Design, era cheio de luxo e pompa – como podia ser visto na grande adega para mais de quatrocentas garrafas de vinho, localizada próximo ao balcão do restaurante, que chamava a atenção de todos os visitantes no momento em que entravam no espaço. Produzido pela Alfa Adegas Climatizadas, o eletrodoméstico foi feito com vidros temperados insulados incolores 25 mm, fornecidos pela Refricomp, com câmara cheia de gás argônio energizado – tudo para garantir a temperatura ideal das bebidas. A moldura de aço da adega tinha pintura eletrostática dourada e iluminação de LED.
Foto: Thiago Borges
Transparência nos mobiliários
Os móveis da marca gaúcha Dell Anno foram os elementos essenciais do Global Living Dell Anno, assinado pelo arquiteto Léo Shehtman. O ambiente apresentou ao mercado a nova linha de closets da marca com soluções funcionais, design prático e minimalista; nesse sentido, o vidro foi elemento chave, como sua aplicação no tampo sobre as gavetas, facilitando a identificação do conteúdo no interior delas sem precisar abri-las. Nosso material desempenhou a mesma função na estrutura do armário de vidro no corredor de entrada, além de realizar a integração visual dela ao espaço da suíte.
Foto: Thiago Borges
Forma orgânica
Logo ao entrar no Banheiro Sincrético, assinado por Isadora Araújo, do Panapaná Estúdio, os visitantes já se deparavam com o espelho do ambiente – ou melhor, vários espelhos. Para obter o desenho orgânico específico que tinha em mente, a arquiteta usou uma série de peças redondas comuns colocadas próximas ou sobrepostas umas às outras, com fita dupla face, resultando em uma área espelhada em que pessoas das mais variadas alturas conseguem se enxergar, e contribuindo para o sincretismo (fusão de diferentes tradições, crenças, práticas e expressões) do espaço.
Foto: Thiago Borges
Fechamentos com classe
Grandes fechamentos de vidro, que pouco foram vistos na edição 2023 da Casa Cor, foram representados com classe no Living Piano Casa Cosentino de Laura Rocha. Portas pivotantes envidraçadas, com cerca de 2,5 m de altura, instaladas em ferragens na cor dourada, davam as boas-vindas aos visitantes. Aliás, essa tonalidade era encontrada em todo o espaço – incluindo nas ferragens das portas, também com vidro, do jantar de inverno, localizado nos fundos.
A edição deste ano da Casa Cor Paraná teve a vidraçaria Montrelux como fornecedora oficial dos vidros e espelhos usados nos ambientes da mostra. A empresa marcou presença em nove ambientes do evento, com destaque para o Refúgio Deca, uma casa de vidro. Assinado pelas arquitetas Elaine Zanon e Cláudia Machado, o espaço integra-se de forma harmoniosa à natureza do lado de fora por meio do uso estratégico de produtos da Guardian, processados pela Blue Glass. Para esse projeto, foram usados os vidros de controle solar Neutral Plus 41 (NP41), aplicado em grandes dimensões na cobertura, e ClimaGuard SunLight, usado para os fechamentos fixos, portas de correr e camarão, também em grandes dimensões. Ambos os produtos foram escolhidos para reduzir a entrada de calor no ambiente, mantendo a temperatura interna mais agradável. Outro vidro usado nesse ambiente foi o Guardian SuperClear, lançado este ano, compondo uma estrutura batizada de “cubo”, presente em uma das laterais em destaque da casa, proporcionando integração com o jardim. A mostra pode ser visitada até 28 de julho.
A categoria mais concorrida no 1º Prêmio Abravidro Glass South America foi “Projetos e Obras que Empregam Vidros”: eram 94 projetos arquitetônicos de primeira linha indicados por empresas vidreiras, todos brigando por apenas um troféu. E o vencedor não poderia ser uma construção mais inspiradora no uso de nosso material: conhecida como Rua da Saúde, a cobertura envidraçada que protege a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre une design arrojado a uma moderna tecnologia estrutural para criar uma obra-prima do vidro.
Inspirações de renome mundial
A obra cobre uma área de 4.400 m² da Santa Casa, oferecendo proteção para pacientes, médicos e visitantes do local. Criada a partir dos conceitos da arquitetura orgânica (que busca reproduzir formas e movimentos encontrados na natureza), a construção foi pensada pelos arquitetos Gustavo e Marcelo Seferin, da Seferin Arquitetura. A inspiração veio de duas renomadas obras internacionais: a pirâmide localizada na entrada do Museu do Louvre e a cobertura ondulada da Fiera Milano, espaço de exposições em Milão, na Itália, onde ocorre a tradicional feira vidreira Vitrum.
A cobertura ganhou uma estrutura do tipo gridshell, que utiliza nós estruturais para interligar os painéis. Essa foi a solução encontrada para suportar 1.750 peças triangulares de vidro laminado (6+6 mm), feitos de Cool Lite ST 136 (da Cebrace), encaixadas em um formato ondulado. “Nosso grande desafio foi viabilizar essa estrutura considerando o mínimo de apoios para a redução de interferências com a infraestrutura hospitalar”, explica Miriam Sayeg, diretora da sbp Latam, braço local da consultoria alemã de engenharia schlaich bergermann partner. A empresa, responsável pela concepção estrutural da Rua da Saúde, elaborou ainda o projeto da entrada principal do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, que também conta com formas orgânicas.
Desafios
As estruturas gridshell permitem maior liberdade de curvatura, assim como cobrir grandes áreas sem a necessidade de apoios intermediários. “Estudou-se a melhor modulação estrutural, de forma a garantir a curvatura volumétrica desejada”, revela Miriam. “Quando corretamente definidas, as gridshells otimizam a performance estrutural de seus elementos e, na Rua da Saúde, garantiram seções muito esbeltas, cheias de leveza.”
Responsável pela instalação e fixação dos vidros, a Avec Design utilizou um sistema próprio para o encapsulamento das peças. “Trabalhamos totalmente em 3D, digitalizando as medidas dos quase 2 mil triângulos de vidro. Nosso sistema Ecoglazing, que utiliza o VES (vidro encapsulado em silicone) é capaz de cumprir geometrias complexas, com qualidade e durabilidade”, comenta José Guilherme Aceto, diretor da empresa.
Para a Cyberglass, processadora de São Paulo que forneceu os vidros para a obra, esse projeto foi um dos mais desafiadores já enfrentados pela empresa. “Passamos por uma extensa fase preparatória antes de podermos iniciar a produção”, explica Rodrigo Seixas Guerrero, seu diretor de Operações. “Recebemos os desenhos de cada um dos triângulos, com suas respectivas medidas, e podemos afirmar com segurança que não há uma única peça de tamanho repetido”. Segundo Guerrero, foram semanas posicionando cada ângulo, realizando cortes e marcações necessárias para destacar os vidros. “As entregas também foram desafiadoras, pois acomodar triângulos com ângulos diferentes é uma tarefa bastante arriscada.”
Conferindo as fotos desta reportagem, chega-se a uma conclusão bastante óbvia: todo o trabalho para a cobertura envidraçada ficar pronta foi complexo, detalhista, único – mas valeu cada gota de suor.
220 anos de história na saúde
Mais antigo hospital do Rio Grande do Sul, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre é formada por nove hospitais: duas unidades consideradas “gerais” (uma para atendimento de adultos e outra pediátrica) e cinco voltadas para especialidades (cardiologia, neurocirurgia, pneumologia, oncologia e transplantes). O Hospital Dom João Becker, da cidade de Gravataí, também faz parte do complexo.
Além de disponibilizar à população serviços de consultas ambulatoriais e de diagnóstico e tratamento, procedimentos cirúrgicos e internações, entre outros atendimentos, o espaço desenvolve intensa atividade de ensino e pesquisa, sendo, desde 1961, o hospital-escola da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Ficha técnica Projeto: Rua da Saúde Local: Porto Alegre Conclusão da obra: outubro de 2023 Arquitetura e engenharia: Seferin Arquitetura e sbp schlaich bergermann partner Fabricante dos vidros: Cebrace Processadora dos vidros: Cyberglass Instalação dos vidros: Avec Design
Acabou a ansiedade: no fim do dia 12, durante o primeiro dia da Glass, foram divulgados os vencedores do 1º Prêmio Abravidro Glass South America, a iniciativa criada por Abravidro e NürnbergMesse Brasil (NMB) para reconhecer as marcas que atuam nos diversos elos da cadeia vidreira. A cerimônia de entrega aconteceu na Arena de Conteúdo, reunindo diversos profissionais do setor.
Antes do anúncio dos vencedores, houve espaço para breves discursos. O presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro, agradeceu fato de o setor ter abraçado a iniciativa: “É uma satisfação imensa. A gente se sentiu muito reconhecido pelo movimento que a premiação encontrou. A iniciativa foi criada justamente para valorizar toda essa cadeia”. O CEO da NMB, João Paulo Picolo, também falou: “Este é um ano muito especial, afinal a NMB celebra quinze anos de história e a Glass chega à 15ª edição. A estreia da E-squadria Show e este prêmio vieram para celebrar esse momento”. Após a cerimônia, um coquetel reuniu as empresas para celebrarem suas conquistas.
Números do prêmio
10 categorias
105 empresas inscritas
94 obras com vidro inscritas
31 escritórios de arquitetura inscritos
6 mil votos na fase de votação popular
VENCEDORES DO 1º PRÊMIO ABRAVIDRO GLASS SOUTH AMERICA
Fabricantes de Vidros Planos
Cebrace
Processadores de Vidro – Região Sul
Vipel
Processadores de Vidro – Região Centro-Oeste
LM Vidros
Processadores de Vidro – Região Sudeste
GlassecViracon
Processadores de Vidro – Região Nordeste
Casas Bandeirantes
Processadores de Vidro – Região Norte
Portal Vidros
Fabricantes de Ferragens e Acessórios para Vidro
AL Indústria
Fabricantes de Máquinas e Equipamentos para Processamento de Vidro
Lisec
Fabricantes de Sistemas para Envidraçamentos
Roll Door
Fabricantes de Insumos para o Processamento de Vidro
Eastman
Fabricantes de Selantes, Gaxetas e Adesivos (Materiais para Fixação e Vedação)
Dow Brasil
Vidraçarias – Região Sul
Steinglass
Vidraçarias – Região Nordeste
Sujvidros
Vidraçarias – Região Sudeste
Decorvid
Vidraçarias – Região Centro-Oeste
Blindex Store Goiânia
Projetos e Obras que Empregam Vidros
Rua da Saúde, em Porto Alegre (RS)
Execução do projeto: Avec Design
Fornecimento de vidros processados: Cyberglass
Arquitetos Especificadores de Obras com Vidro
Zanettini Arquitetura
Prêmio recebido por Flávio Vanderlei, da Cebrace, usina responsável pela indicação do escritório
A ligação da gigante de tecnologia Apple com nosso material vem de longa data. As icônicas lojas da marca, em formato de cubo, revolucionaram o uso do vidro estrutural ao redor do planeta. Em 2018, a empresa inaugurou sua sede, chamada de Apple Park, na cidade de Cupertino, Califórnia (EUA), usando panos gigantescos de vidro curvo – fizemos uma reportagem sobre a obra na edição de janeiro de 2018 de O Vidroplano. Ano passado, mais um passo foi dado para estreitar ainda mais essa parceria vencedora: inaugurou-se a escultura Mirage, produzida com vidro moldado de diferentes cores e texturas.
Uma obra global
Produzida pela artista plástica escocesa Katie Paterson em parceria com o escritório de arquitetura Zeller & Moye (fundado pelo alemão Christoph Zeller e pela mexicana Ingrid Moye), a Mirage está localizada em uma colina no espaço público do Apple Park, em meio a oliveiras, próximo ao centro de visitantes. Com 209 m² de área, tem quatrocentas colunas de vidro moldado, cada uma com 2 m de altura.
O diferencial está no conceito do projeto: os vidros foram feitos com areia coletada em diferentes desertos do mundo. “A areia, tão onipresente em toda a Terra, é um marcador do tempo”, comenta Katie Paterson. “Nossa esperança é que a Mirage crie uma experiência sensorial que desperte a imaginação, conecte os visitantes à vastidão do planeta e à sua preciosa natureza selvagem.”
Foto: Iwan Baan
Produção
A areia utilizada foi recolhida de forma sustentável, com a ajuda de geólogos, das comunidades de regiões desérticas e até mesmo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Especialistas do setor vidreiro e cientistas de materiais prepararam receitas únicas para cada tipo de areia, combinando métodos atuais e modernos de produção em larga escala a técnicas surgidas lá atrás, na origem da fabricação do vidro.
O resultado de toda essa preparação pode ser visto nas variações nas cores e texturas das peças finalizadas, o que altera a percepção do observador da escultura: de dia, sua superfície reflete diferentes tons da luz; à noite, ela brilha suavemente. “A escultura se desdobra peça por peça, por meio dessa mudança gradual de cor e consistência do material”, explica Christoph Zeller.
Foto: Iwan Baan
Em sintonia
De acordo com os criadores da obra, a experiência de observar a luz passar pelas peças envidraçadas se torna uma espécie de meditação, criando um momento de pausa, de desaceleração, para entrar em sintonia com a imensidão de nosso planeta. “A composição espacial da Mirage cria um inesperado local de encontro social e contemplativo para visitantes e funcionários relaxarem, deitarem na grama, fazerem um piquenique ou brincarem”, destaca Ingrid Moye.
Visão geral do gigante Apple Park, com a Mirage aparecendo no canto inferior direito (Foto: Hunter Kerhart)
Ficha técnica Projeto:Mirage Local: Cupertino, Califórnia (EUA) Conclusão da obra: maio de 2023 Arquitetura: Zeller & Moye Artista: Katie Paterson Fabricante do vidro: John Lewis Glass, Inc.
No segmento de residências de alto luxo, o vidro se firmou há tempos como um elemento fundamental para o conforto dos usuários e a beleza estética das edificações. Não é de se espantar, portanto, que nosso material tenha sido a aposta da Espírito Santo Arquitetos Associados para a Casa Verde, erguida no ano passado em Jurerê Internacional, Florianópolis. A obra, situada à beira-mar em uma das mais badaladas praias da capital catarinense, traz a natureza dos arredores para seus interiores graças aos panos de vidros instalados nas fachadas.
Visão privilegiada
O principal desafio do projeto, localizado em um terreno de 1.040 m², era maximizar a apreciação da vista para a praia. Para isso, o escritório – que desenvolve um trabalho focado em sustentabilidade, tendo vencido premiações nacionais e internacionais como Prêmio Saint-Gobain e Rethinking The Future – empregou uma técnica construtiva mais eficiente, fazendo uso de uma base de concreto e uma estrutura metálica, transformando assim o terreno em um ambiente unificado.
Segundo Diego Espírito Santo, sócio-fundador e arquiteto-chefe da Espírito Santo, a obra como um todo foi pensada para oferecer liberdade visual. “A partir do portão, passando pelo acesso de serviço até a garagem, todos os pontos de entrada possibilitam uma visão panorâmica do terreno e priorizam a vista para o mar”, explica.
Os clientes buscavam uma estética linear, mas ao mesmo tempo audaciosa em relação ao contexto dos arredores. Por isso mesmo, a forma da casa foi concebida como se fosse uma embarcação à beira-mar, com o desenho do telhado refletindo essa inspiração, reforçando assim a sensação de que a construção “caminha” na direção da praia.
Sem obstruções
Para proporcionar a experiência visual prevista no projeto, a residência foi erguida em um único pavimento, totalmente conectado ao pátio. Dessa forma, todas as aberturas estão dispostas como se fossem grandes varandas, do chão ao teto, o que cria continuidade visual e ainda permite ventilação natural abundante, ajudando na economia de eletricidade.
Aplicaram-se nas fachadas laminados incolores 4 + 6 mm – as maiores chapas chegando a 2,6 x 2,8 m. Tanto os vidros como as esquadrias, próprias para suportar o peso das chapas, foram fornecidos pela Alumitriz.
Portanto, já sabe: caso esteja pensando em construir uma nova casa para você – ou mesmo reformar a que possui –, vidro é o que não pode faltar!
Ficha técnica Projeto: Casa Verde Local: Jurerê Internacional, Florianópolis Data da conclusão da obra: 2022 Arquitetura: Espírito Santo Arquitetos Associados
PERNAMBUCO
O icônico edifício Chanteclair, no bairro do Recife, na capital pernambucana, foi por mais uma vez sede da Casa Cor Pernambuco. Com o tema Corpo e morada e patrocínio da Vivix, a edição 2023 da mostra – aberta até o dia 5 de novembro – apresenta 28 projetos assinados por jovens talentos e nomes consagrados da arquitetura e do design brasileiros. Confira como a beleza e versatilidade do vidro possibilitaram abordagens diferenciadas na aplicação do nosso material para a composição de boa parte dos ambientes.
Juntos – Cadu Arquitetura
Um espaço que une elementos modernos e rústicos com requinte, conforto e descontração. Essa é a proposta presente no ambiente de Eduarda Jungmann e Camila Horta. O design autoral do escritório combina bem a madeira natural com o vidro Vivix Colora Verde, que faz as vezes de vitrine para os vinhos expostos na adega (foto de abertura).
Cozinha Aprochego – Daniela Pessoa A criatividade da arquiteta pôs à prova uma característica do vidro que segue como tabu para alguns: a força. O vidro Vivix Colora Cinza surpreende os olhares mais conservadores por ser o único elemento da adega (foto) – sua resistência permite suportar o peso das garrafas sem comprometer a estabilidade. Aqui, o vidro exerce uma função dupla: estrutural e estética. Seguindo a proposta, a mesa de vidro conta com tampo e lateral, que também é base do móvel, feitos com nosso material, cuja transparência promove a leveza do ambiente.
Walter Dias
Cozinha Fragmentos – Maíza Neri
A harmonia entre os elementos deu o tom ao projeto. No guarda-corpos (foto), a translucidez foi explorada ao máximo com o uso do Vivix Performa Duo Bronze, o que deu ao espaço já aberto maior amplitude e harmonia. Para adicionar um filtro de profundidade ao local, o vidro pintado Vivix Decora Efeito Bronze preenche de forma integral uma das paredes. E para quem gosta de unir o estético ao funcional, o Vivix Decora Branco foi aplicado como se fosse uma lousa, opção prática para anotações e recados.
Walter Dias
Living Alma – FV Arquitetos
No ambiente assinado pela dupla Felipe Valadares e Liesid Neto, uma estante composta integralmente por nichos (foto), com mais de 7 m, leva a refletir sobre questões antagônicas como leve e pesado, frágil e robusto, em uma mesma estrutura. Ali usaram-se o Vivix Colora Cinza e a pedra natural azulli como protagonistas, resultando em um efeito óptico que parece desafiar a gravidade.
Walter Dias
Vivaz Bar – Magno Costa e Thaísa Tenório
Na área oficial da Vivix dentro da mostra, a dupla de arquitetos optou por envolver o espaço com Vivix Decora Preto e Nude, dando uma percepção de maior amplitude. Há também revestimentos (foto, ao fundo do ambiente) feitos com o espelho Vivix Spelia Incolor, estrategicamente aplicados com o objetivo de alongar a fusão entre o piso e o teto. No total, nada menos que 180 m² de vidros e espelhos foram destinados a esse projeto, o preferido das selfies.
Walter Dias
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
De 26 de julho e 10 de setembro, foi realizada na cidade do interior paulista a 3ª edição da Mostra Arq Design. A Guardian, em parceria com a processadora Vidrobens, forneceu os vidros aos designers e arquitetos do evento. Esses profissionais tiveram total liberdade para trabalhar com as soluções e explorar de forma versátil e criativa a essência da casa brasileira nos mais distintos ambientes.
No espaço Office Vitrine Caderode (foto), de Karina Zanon, o vidro escolhido para compor o ambiente foi o ClimaGuard SunLight, garantindo integração entre as áreas interna e externa.
Divulgação/Guardian
O Espelho Guardian Evolution ganhou destaque no ambiente Morada Brasiliana (foto), do Mora Estúdio Arquitetura, onde foi aplicado como elemento de decoração nas paredes. Além disso, grandes portas de correr envidraçadas permitem a interação do espaço externo com o interior.
Divulgação/GuardianDivulgação/Guardian
PORTO ALEGRE
Em Porto Alegre, a 6ª Mostra Elite Design, realizada no Clube de Regatas Guaíba Porto Alegre e aberta aos visitantes até 12 de novembro, apresentou ao público um labirinto de espelhos no Salão de Design. O ambiente instagramável (foto) é assinado pela arquiteta Aline Dametto e conta com vidros da Cebrace, fornecidos pela processadora Modelo Vidros. Inspirada no Mar de Espelhos – projeto inaugurado em junho deste ano no Rio de Janeiro e capa da revista O Vidroplano de julho –, a atração gaúcha se assemelha a uma cabine, é toda poligonal e recebeu o nome A arte de ser a sua melhor versão. O espaço, de 78 m², é revestido de espelhos, com Habitat Refletivo Cinza no piso.
Foram divulgados os projetos vencedores do Glass Magazine Awards 2023, premiação anual organizada pela revista norte-americana Glass Magazine, editada pela entidade vidreira local National Glass Association (NGA). O prêmio contempla obras e produtos com destaque do setor. O prédio 1550 Alberni Street, em Vancouver, Canadá, foi vencedor em duas categorias: Projeto do Ano e Melhor Feito de Engenharia. O edifício de 43 andares conta com uma fachada assimétrica, formada por “escamas” de peças multilaminadas (com SentryGlas, da Kuraray) de vidro com baixo teor de ferro (48 mm de espessura). Além disso, há também insulados triplos nos andares inferiores para maior conforto térmico – fornecidos pela Glass 3 Enterprises. Em 2º lugar na categoria Projeto do Ano, e premiado ainda na categoria Melhor Aplicação de Vidro Decorativo, o The Audrey Irmas Pavilion, em Los Angeles (EUA), conta com um terraço feito de vidros verdes laminados, fornecidos pela Goldray Glass. O tom esverdeado brilhante é alcançado graças às oito camadas do interlayer de PVB Vanceva.
As inscrições para concorrer ao 10º Prêmio Saint-Gobain AsBEA de Arquitetura estão abertas. A premiação, apoiada pela Abravidro, é fruto da parceria entre a fabricante mundial de vidros e a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA) e visa a valorizar o mercado ao reconhecer os talentos capazes de reunir sustentabilidade, conforto e inovação em um mesmo projeto. As inscrições vão até 4 de dezembro e devem ser feitas pelo site oficial da competição. O prazo para o envio dos projetos se encerra no dia 15 de janeiro de 2024. Finalizada essa etapa, os materiais enviados serão avaliados pelo júri técnico, e em 20 de maio do ano que vem serão anunciados os grandes vencedores.
Como bem mostra o Panorama Abravidro 2023, a produção de laminados segue crescente nos últimos anos, o que revela o quanto esse vidro de valor agregado faz cada vez mais parte do dia a dia das pessoas. Por isso mesmo, é normal passar a ver outras soluções com esse tipo de material sendo utilizadas com maior frequência – e uma delas é o laminado com espelhos, item capaz de incrementar diferentes projetos. Não à toa, é solução buscada por arquitetos e designers de interiores para inovar com segurança e sofisticação.
A seguir, conheça mais detalhes sobre a utilização do produto e o que definem as normas para sua eficiente aplicação.
Material a ser explorado
Segundo as fontes consultadas por nossa reportagem, a versatilidade estética desse material explica a razão de seu uso crescer no País nos últimos tempos. Ao que tudo indica, tanto os profissionais da arquitetura como os especialistas do ramo do design de interiores têm tratado o laminado com espelho como peça importante não só para a modernização, como também para a sofisticação de ambientes cuja segurança é fator essencial para as pessoas que por ali circulam. “Receber pedidos para produzir laminados com espelhos vem se tornando cada vez mais comum, justamente por serem um recurso que vai além do mero apelo decorativo”, revela César Pereira, gerente de Produção da Divinal Vidros.
Para Vinicius Moreira Silveira, diretor-executivo e financeiro da PV Beneficiadora, essa é uma solução de segurança que não demorará para se consolidar. “Nossa empresa está recebendo várias consultas sobre espelho laminado, muitas delas vindas de profissionais do setor de esquadrias e de vidraceiros, a pedido dos próprios arquitetos”, salienta.
Reflexos no mercado
E a atenção a esse produto não surge por acaso: sua versatilidade garante a pluralidade em seu uso. Na prática, temos um item capaz de promover a integração de ambientes sem abrir mão da segurança em prol da estética. Isso porque um espelho monolítico comum quebra de forma semelhante ao float, em cacos grandes que podem gerar acidentes; no entanto, o espelho laminado se comporta exatamente igual ao laminado comum: seus estilhaços ficam presos ao interlayer, permitindo que a peça seja trocada sem perigo às pessoas ao redor.
Crédito: Divulgação Divinal Vidros
Confira onde e como estão sendo feitas essas aplicações:
Construção civil: o laminado com espelho é comumente usado para criar efeitos visuais diferenciados, graças à presença de uma superfície refletiva. Ele pode ser aplicado em revestimentos de paredes, portas ou divisórias de residências e ambientes comerciais, como lojas, restaurantes e hotéis;
Elevadores: a norma da ABNT para elevadores (prepare-se para seu nome extenso: ABNT NBR NM 313 – Elevadores de passageiros – Requisitos de segurança para construção e instalação – Requisitos particulares para a acessibilidade das pessoas, incluindo pessoas com deficiência) exige a presença de laminados de segurança nessas estruturas. Por isso, em caso de uso de espelhos, ele deve ser instalado no formato laminado;
Setor moveleiro: para esse segmento, o laminado com espelho é utilizado para criar móveis com apelo estético, proporcionando reflexão e segurança aos ambientes. Pode ser aplicado em portas de armários, tampos de mesa e em outros elementos do mobiliário. O uso desse item nos móveis, assim como na construção civil, ajuda a ampliar visualmente o espaço – além de adicionar elementos de brilho e reflexão (veja mais tendências no uso de vidros em móveis em nossa reportagem de capa, clicando aqui);
Decoração de interiores: aqui o produto pode ser aplicado em painéis decorativos, revestimentos de colunas, molduras e até mesmo, dependendo da especificidade, em detalhes de objetos decorativos. A capacidade do espelho laminado de refletir a luz e oferecer segurança em caso de quebra é aproveitada para criar ambientes mais seguros, espaçosos e modernos.
Processo familiar
Segundo Pereira, da Divinal Vidros, o processo de laminação com espelhos é praticamente igual ao da laminação com qualquer float convencional. “Não há diferenças significativas no procedimento, pois ambos envolvem a montagem de camadas de vidro com interlayer, geralmente o polivinil butiral (PVB), seguido da aplicação de pressão e calor para unir as camadas”, explica. Em relação à pintura no verso dos espelhos, responsável por proteger a camada de prata dessas peças, também não é necessário nenhum cuidado especial – deve-se, sim, prestar atenção se não existem riscos ou defeitos de fábrica, o que pode interferir no aspecto visual.
Um espelho laminado normalmente é formado de:
Espelho + interlayer + float;
Porém, pode ser laminado com as duas faces espelhadas (espelho + interlayer + espelho). Nessa opção, é preciso se atentar ao alerta de Douglas Alves, representante técnico da Eastman: “Os interlayers são formulados de acordo com a composição química do vidro. Como a composição das tintas do verso do espelho varia dependendo da fabricante, pode ser que algumas não sejam compatíveis com o interlayer escolhido”. Por isso, testes devem ser realizados para avaliar a compatibilidade entre os materiais.
É possível ainda oferecer cores à solução, com uso de interlayers coloridos ou mesmo vidros coloridos na massa.
O que dizem as normas?
Veja algumas das normas técnicas relevantes para o tema:
ABNT NBR 14697 — Vidro laminado: estabelece os requisitos de processamento de vidros laminados e laminados de segurança, independentemente dos materiais usados na sua composição, como espelhos ou outro tipo de vidro. Ela é responsável por definir os critérios de qualidade, resistência a impactos, segurança e outros aspectos relevantes para o produto, tendo sido recentemente revisada (veja mais informações na seção “Por dentro das normas”, clicando aqui);
ABNT NBR 7199 — Projeto, execução e aplicação do vidro na construção civil: principal norma sobre vidros no País, determina os critérios para o uso do vidro e espelhos na construção civil, como especificações técnicas, requisitos de segurança e recomendações de instalação (folgas, calços etc.). Importante: a ABNT NBR 7199 não aborda a aplicação do espelho laminado de forma direta. O espelho laminado é uma opção para o especificador quando o vidro laminado de segurança é exigido para a aplicação e o cliente também deseja os efeitos estéticos que o espelho oferece.
Na noite de 25 de outubro, foi realizada a cerimônia de premiação do 9º Prêmio Saint-Gobain Asbea de Arquitetura. A honraria, iniciativa do Grupo Saint-Gobain e da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), conta com o apoio institucional da Abravidro. O objetivo é homenagear projetos cujo foco está concentrado em três importantes pontos: conforto, inovação e sustentabilidade. Foram entregues 17 prêmios distribuídos em duas categorias — Acadêmica e Profissional.
Confira abaixo alguns dos vencedores que se destacaram pelo uso de vidro:
Categoria Profissional – Arquitetura corporativa e de interiores
Projeto: Casa Docol
Autora: Mila Amazonas Strauss
Local: São Paulo
Categoria Profissional – Edifícios e conjuntos residenciais
Não é preciso viajar para fora da cidade de São Paulo, nem mesmo visitar algum parque nos arredores da capital, para encontrar um pedaço da Mata Atlântica. No meio da maior metrópole brasileira, está um grande feito da engenharia vidreira: o Centro de Ensino e Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. O espaço, construído para abrigar uma das instituições mais avançadas da América Latina para o estudo médico, abriga uma gigantesca cúpula de vidro. A estrutura permite a entrada de luz natural em todo o interior e também garante as condições para a existência de um enorme jardim, com espécies nativas de um dos biomas mais importantes do País.
Ficha técnica Obra: Centro de Ensino e Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein Autor do projeto: Safdie Architects Local: São Paulo Fornecedor dos vidros: Seele
Pioneirismo de excelência
Inaugurado em agosto deste ano no bairro do Morumbi, o centro é a primeira escola de medicina estabelecida por um hospital privado no Brasil. “É a realização de um sonho, o cumprimento da missão histórica do Albert Einstein de ser um catalisador de transformações na sociedade, tornando-a cada vez mais saudável, humana e justa, baseada na educação e na ciência”, declara Sidney Klajner, presidente da sociedade.
O espaço ocupa mais de 44 mil m² e tem capacidade para cerca de 6 mil pessoas, incluindo professores, pesquisadores e alunos dos cursos de graduação (medicina e enfermagem) e de pós-graduação. Desenvolvido pelo escritório internacional de arquitetura Safdie Architects, o projeto foi pensado como um “oásis urbano”, de forma a trazer um senso de calma para seu interior, quase um contraponto à vida intensa da cidade ao redor. “O centro nos ofereceu a oportunidade de projetar um local iluminado para aprendizado, no qual a troca interativa e a forte conexão com a natureza pudessem desenvolver as próximas gerações de líderes médicos”, explica o arquiteto Moshe Safdie.
Céu envidraçado
O átrio central liga as diversas áreas do prédio. Ali fica o jardim citado no início desta reportagem, juntamente de uma área de descanso, com bancos e mesas, voltada para a interação entre os estudantes e profissionais. Acima disso tudo está o teto envidraçado em formato de abóbada que permite ao centro ser inundado por luz natural. Feita de insulados fornecidos pela alemã Seele, a estrutura envolveu diversos cálculos, estudos e testes antes de ser construída.
Seu formato arredondado (semelhante a três domos integrados) representou um desafio estrutural. Para suportar o peso do vidro, utilizou-se uma estrutura de aço entrelaçado. Ao todo, são 1.854 painéis de nosso material, com revestimento triplo para controle solar.
As peças, por meio de impressão com tinta cerâmica, ganharam um padrão de pontos translúcidos com a função de oferecer sombreamento. Vale citar que esse padrão não é uniforme: a parte mais alta do teto quase não tem impressão, fazendo com que a luz solar entre por ali para chegar às plantas do jardim sem obstrução; já os cantos do teto receberam uma grande densidade de pontos, de forma a fazer mais sombra onde as pessoas permanecem. A parte interna dessa estrutura tem ainda uma membrana acústica microperfurada, com o objetivo de absorver o barulho vindo de fora.
Para todos esses vários elementos se encaixarem do modo pretendido pelos arquitetos, foram realizados diversos testes com protótipos em tamanho real. Com isso, pôde-se perceber na prática se o nível de conforto (térmico e acústico, entre outros) estava dentro dos parâmetros necessários – evitando até mesmo retrabalhos na etapa da construção.
Fachada com brises
As fachadas do centro também receberam vidro em larga escala, garantindo a entrada de iluminação natural nas salas de aula e laboratórios. Para evitar o ofuscamento dessas áreas, usaram-se brises para sombreamento. E essa foi mais uma tarefa a passar por extenso estudo: para saber a orientação dessas estruturas, softwares visando a simular a incidência do Sol foram utilizados, além de testes com protótipos em escala real. Assim, alguns brises foram instalados na horizontal e outros na diagonal, dependendo da área da fachada em que se encontram.
Se o ousado projeto desse centro de ensino e pesquisa reflete sua excelência para o estudo, isso se deve, em grande parte, ao vidro. Mais uma vez, nosso material está presente em obras-primas da engenharia moderna.
Estrutura de ponta
O centro de ensino e pesquisa conta com estrutura de primeiro nível, incluindo:
Jardim com mais de 150 árvores (criado em parceria com a paisagista Isabel Duprat);
Auditório para 400 pessoas;
Laboratório de terapia celular;
Laboratório de biologia experimental;
Laboratório multidisciplinar;
Laboratório de enfermagem;
Espaço de videoconferência;
Biblioteca;
Praça de alimentação com 220 assentos;
Passarela com ligação direta ao Hospital Albert Einstein.
A tradicional premiação World of Color Awards revelou os vencedores da edição 2022. Organizado pela Eastman, o concurso celebra o uso dos PVBs coloridos Vanceva, fabricados pela empresa, em obras com vidros laminados ao redor do mundo. São duas categorias: uso em interiores e exteriores — e mais algumas menções honrosas. Os vencedores foram escolhidos por um júri internacional de cinco profissionais renomados do setor de arquitetura, responsáveis por avaliar a criatividade, estética e o grau de atenção dado aos benefícios oferecidos pelos laminados aos projetos. Conheça a seguir os ganhadores!
VENCEDOR DA CATEGORIA EXTERIOR Pavilhão Audrey Irmas Local: Los Angeles, EUA Arquitetos: Office of Metropolitan Architecture (OMA) e Gruen Associate Processador do vidro: Goldray Glass
Com mais de 5 mil m² de área espalhados por três andares, o pavilhão é dividido em vários espaços de reunião, voltados para atividades culturais e religiosas. O projeto do arquiteto holandês Rem Koolhaas, em parceria com Shohei Shigematsu, tem vidro verde com oito camadas de Vanceva (nos tons Aquamarine e Golden Lite), combinadas com uma película de malha metálica, permitindo a entrada de luz natural ao mesmo tempo que oferece vistas incríveis de Los Angeles. Segundo o arquiteto Firas Hnoosh, um dos jurados do prêmio, o laminado colorido não foi aplicado apenas para adicionar cor: “Foi usado como uma pintura e meio volumétrico para colorir os diferentes recessos do edifício e complementar a composição”.
Divulgação EastmanDivulgação Eastman
VENCEDOR DA CATEGORIA INTERIOR A Long Time is Not Forever Local: Copenhague, Dinamarca Arquiteto: Årstiderne Artista visual: Malene Nors Tardrup Processador do vidro: ThieleGlas
O local funciona como uma instalação de arte dentro do estacionamento do hospital Bispebjerg, na capital dinamarquesa. Os diferentes níveis do espaço, com sete andares no total, apresentam a história centenária do empreendimento, com fotografias em meio a janelas coloridas que fluem do verde para tons quentes e frios. A arquiteta e jurada Monika Kumor define bem a importância das cores no projeto: “A instalação fornece um elemento de orientação espacial reconhecível, intenso e edificante, em um ambiente que pode ser estressante para pacientes e seus familiares”.
Foto: Jason O’RearFoto: Jason O’Rear
MENÇÕES HONROSAS
Cooke School Local: East Harlem, Nova York, EUA Arquiteto: PBDW Architects Processador do vidro: JE Berkowitz Architectural Glass
A escola, especializada em alunos com necessidades especiais, ficou ainda mais acolhedora com as novas janelas salientes, marcadas por cores vibrantes que trazem um aspecto lúdico ao espaço, ajudando inclusive a aprimorar o ambiente de aprendizado.
Foto: Divulgação Eastman
The Kaleidoscopic Station Local: León, Espanha Processador do vidro: Tvitec
O destaque de uma estação ferroviária subterrânea de alta velocidade, na cidade espanhola de León, está acima do solo: o espaço conta com 11 claraboias envidraçadas, cada uma em um tom diferente. Internamente, a luz do Sol se mistura com os reflexos dos vidros, dando um aspecto de caleidoscópio ao ambiente.
Foto: Ruben Farinas
Igreja da Bem-Aventurada Maria Restituta Local: Brno, República Tcheca Arquiteto: Atelier Štěpán Processador do vidro: Saint-Gobain (divisão Glassolutions Brno)
No topo dessa igreja circular de concreto, vidros trazem um arco-íris de cores tanto ao lado externo como interno da construção. As formas abstratas do prédio, em tonalidades neutras, valorizam a presença de nosso material.
Foto: Divulgação Eastman
The Mist Hot Spring Hotel Local: Xuchang, China Arquiteto: departamento de arquitetura local Processador do vidro: Thaitechnoglass
Formado por vários prédios retangulares à beira de um lago artificial, o hotel mescla paredes de granito cinza com fachadas duplas coloridas, o que cria uma experiência sensorial aos hóspedes — valorizada também pela névoa presente nos arredores e pelo reflexo das cores dos vidros nas águas.
Estúdio Boreal, de Ana Weege
Tijolos de vidro chamam a atenção tanto na fachada do ambiente como na composição de uma divisória atrás da pia. Ao fundo, o fechamento do espaço foi feito com um grande painel metálico fixo com pintura preta formando diversos quadriculados desiguais, alguns preenchidos com vidros temperados incolores com películas coloridas aplicadas em suas duas faces; outros com peças texturizadas de diferentes tipos, como canelados – a estrutura (incluindo os vidros) foi fornecida e instalada pela Serralheria Baltieri, de Piracicaba (SP). Vale destacar ainda a mesa Reverb, da Breton, com uma peça retangular de vidro preenchendo o vão central do tampo de madeira, e o espelho Anatomy (com formas humanas e moldura de madeira), elaborado pelo artista Tomas Graeff e colocado no lavabo.
Casa Vértice Dunelli, de Patrícia Hagobian
Ao lado da entrada, o Espelho Nox, assinado pelo designer Luciano Santelli e fornecido pela Dunelli, dá o tom da aposta da arquiteta em nosso material: a peça é formada por diversos espelhos juntos, distorcendo a reflexão do ambiente. No quarto, prateleiras de vidro fumê (também da Dunelli) suportam livros e objetos de decoração. Uma bela divisória de correr, com vidro canelado incolor, separa o espaço do banheiro: com desenho do próprio escritório de Patrícia, essa estrutura foi executada pela serralheria Baltieri. No banheiro, tem ainda um espelho cristal, da Everart.
Senses Hall Deca, de Roberto Migotto
Logo ao subir a rampa para a entrada do ambiente de 530 m² desenvolvido pelo escritório do arquiteto para a Deca, era possível notar à direita uma grande parede toda revestida com peças do espelho Guardian Evolution. O produto também se fez presente com peças grandes atrás das pias, proporcionando uma sensação de amplitude e contribuindo para a sensação de calma no espaço. Outras aplicações interessantes foram uma lareira de vidro posicionada abaixo de um grande espelho côncavo, e uma divisória de vidro no espaço dos chuveiros estilizada com a mesma trama presente em outras partes do ambiente.
Sertão Portinari, de Nildo José Arquitetos | NJ+
Ocupando 250 m², o espaço de Nildo José homenageia o sertão brasileiro e a figura do cangaceiro, temas presentes na obra do artista Cândido Portinari. O uso de vidro trouxe elegância a diversos cômodos: na cozinha, uma divisória incolor separava a pia do balcão da cozinha; já o banheiro recebeu uma peça redonda de Espelho Guardian Evolution, e uma divisória fornecida pela Blindex, que funcionava como boxe.
A Residência Gênesis parece uma daquelas casas estrangeiras que já mostramos algumas vezes nesta seção “Vidro em obra”. A estética moderna, o uso de vidros tecnológicos, a intensa interação entre interior e exterior permitida por nosso material… Tudo faz parecer crer que seja um projeto internacional de alto padrão. Mas a realidade é que ela está aqui, em nosso país – o que só reforça como nossa arquitetura e design de interiores não devem em nada aos feitos em outros lugares do mundo.
Localizada em Alphaville, bairro nobre de Barueri (SP), a 40 minutos da capital, a casa recebeu cerca de 500 m² de vidro de controle solar, responsáveis não apenas por regular o clima dentro da construção, mas também por proteger móveis da ação dos raios ultravioleta.
Na tendência verde
Projetada pela Alca Engenharia, a obra tem 1.880 m² construídos. Como a sustentabilidade é um de seus principais conceitos, a casa ganhou tecnologias que diminuem o impacto do empreendimento ao meio ambiente – ao mesmo tempo que trazem bem-estar aos ocupantes.
Um dos destaques são os fechamentos em steel frame, um sistema construtivo formado por perfis de aço galvanizado que gera uma quantidade mínima de resíduos. Além deles, a obra conta com painéis fotovoltaicos para a geração de eletricidade limpa e ainda com um sistema de reaproveitamento da água da chuva.
Janelas para a natureza
Aproveitar ao máximo a vista da paisagem é outra prioridade. E, para garantir isso, foram criados vãos enormes, de 5 m de altura por 15 de largura, os quais receberam peças do ClimaGuard SunLight, da Guardian. “O material possibilitou toda a integração necessária, sem nenhuma interferência”, conta a arquiteta Christiana Arantes, autora do projeto.
A iluminação natural no interior dos cômodos é total – o que contribuiu bastante para a redução no consumo de eletricidade com ar-condicionado e luzes artificiais, por exemplo. “Em quase todos os ambientes projetamos uma claraboia de vidro para possibilitar ainda mais entrada de luz natural, já que há grande incidência de sol na casa”, relata Christiana.
Nosso material não marca presença somente nas fachadas. Todas as paredes da suíte master são de vidro, incluindo as do banheiro no espaço. Por isso, não se esqueça: se estiver com dúvidas sobre qual material pode proporcionar ar moderno a uma construção, escolha o vidro.
A grandiosidade da Residência Gênesis
– 6 suítes
– Piscina aquecida
– Academia
– Quadra de squash
– Elevador panorâmico
– Garagem com vaga para 20 automóveis
– Adega climatizada
Ficha técnica – Obra: Residência Gênesis – Autor do projeto: Alca Arquitetura – Local: Alphaville (Barueri, SP) – Fabricante dos vidros: Guardian – Fabricante das esquadrias: TecLine – Instalação dos guardas-corpos, adega, boxe e espelhos: Vidros Quitaúna
Em janeiro, a seção “Vidro em obra” apresentou o Altar Prainha, uma residência localizada na represa do Jaguari, interior de São Paulo, cujas paredes envidraçadas integram a casa à natureza ao redor. Este mês, mostramos um projeto internacional que vai mais fundo nesse conceito. O Hotel Patina Maldives, nas Maldivas, coloca seus hóspedes praticamente dentro do Oceano Índico, em meio a um paraíso natural único. E apesar de estar do outro lado do planeta, a obra foi projetada por um escritório de arquitetura brasileiro.
Cercado por belezas
Desenvolvido pelo Studio MK27, liderado pelo arquiteto Márcio Kogan, o hotel se inspira no conceito de isolamento proporcionado pelas Ilhas Fari, onde está instalado. O espaço é um local acolhedor, o que permite aos hóspedes liberar a criatividade em ambiente natural, “um lar temporário no exuberante azul infinito, vida selvagem e céu aberto” – nas palavras do próprio escritório.
As linhas arquitetônicas reforçam a imersão na natureza: elas nunca rompem o horizonte, são visualmente permeáveis, colocando o ser humano no centro da experiência desse contato com o mundo ao redor. Até por isso, a obra aplica soluções ecológicas para diminuir seu impacto em relação à criação de resíduos, poluição e desequilíbrio ambiental. Além de ter recuperado florestas em ilhas vizinhas, plantando milhares de árvores e arbustos, os proprietários instalaram sistemas de reúso de água para irrigação e painéis fotovoltaicos para a geração de energia solar. Segundo dados do hotel, graças a esses recursos, 795 t de gás carbônico deixarão de ser emitidas a cada ano. Outro projeto bastante relevante nesse sentido é o de preservação dos recifes locais.
Transparência total
O Patina Maldives tem diversos tipos de habitação:
Villas: são os quartos à beira da praia e “dentro” do mar. Todas as 90 villas contêm piscina privativa;
Studios: 20 quartos na parte interna da ilha, próximos às galerias de arte e lojas do hotel;
Collection: sobrados à beira da praia com três quartos. São indicados para famílias e grupos grandes de hóspedes.
Todos esses espaços contam com o principal trunfo para a integração com o exterior: grandes portas de correr envidraçadas permitindo vistas incríveis do Oceano Índico e do nascer e pôr do Sol. As esquadrias minimalistas aplicadas ali (modelo Ah!38, da Panoramah!) têm grande importância para isso: aproveitam ao máximo a área transparente, fazendo com que o visitante tenha total contato com os arredores mesmo com as portas fechadas.
Ficha técnica Obra: Hotel Patina Maldives Autor do projeto: Studio MK27 Local: Ilhas Fari, Maldivas Conclusão da obra: 2021
Crédito da imagem: Patina Maldives, Fari Islands Asset Library