O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, mais conhecido como Masp, é um marco da capital paulistana: o prédio em que está instalado, em plena Avenida Paulista, tem um icônico design da arquiteta Lina Bo Bardi, marcado pelo uso de vidros na fachada – e até mesmo os cavaletes para os quadros expostos usam nosso material. Agora, o museu ganhou um novo edifício, localizado ao lado do original. Mais uma vez, o vidro foi escolhido, dessa vez junto de uma estrutura de brises.
Harmonia entre as obras
Com projeto arquitetônico da Metro Arquitetos Associados, dos sócios Martin Corullon e Gustavo Cedroni, o prédio recém-finalizado conta com catorze andares e 7.821 m² de área – somado à recente concessão do vão livre do museu, a instituição dobrou sua área de atuação, chegando a 21.863 m².
Agora, o Masp aumenta em mais de 60% seus espaços expositivos: são cinco novas galerias para exposições, duas áreas multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, área de acolhimento, restaurante e café, incluindo ainda depósitos e docas para carga e descarga de obras de arte. Outro destaque será um túnel de 40 m de comprimento, com conclusão prevista para o segundo semestre, responsável por interligar as áreas de acolhimento dos dois edifícios, facilitando a circulação dos visitantes.
De acordo com os arquitetos, o novo projeto (nomeado Pietro Maria Bardi, em homenagem ao primeiro diretor artístico do museu) deveria evitar grandes composições na fachada, de forma a estabelecer uma relação harmoniosa com o edifício histórico (agora chamado Lina Bo Bardi para honrar sua arquiteta). “Apostamos em um visual limpo, uma fachada homogênea, para não criar ruídos nessa relação. Ao mesmo tempo, o design monolítico, inspirado nas tipologias dos museus verticais, como os de Nova York, se destaca no entorno, conferindo-lhe um caráter próprio”, comenta Corullon.

Sobriedade
Isso explica a estética marcada por uma estrutura de brises, feita de chapas metálicas perfuradas e plissadas. Essa foi a solução encontrada para controlar a incidência de luz natural, evitando possíveis danos causados pela radiação às obras e materiais expostos internamente.
Mesmo assim, a transparência está lá, logo atrás dos brises, até para reforçar a conexão entre as duas construções que formam o museu. Segundo a Metro, enquanto a fachada envidraçada do edifício original cria uma continuidade visual entre o interior do museu e a Avenida Paulista, o novo projeto propõe um jogo de luz e sombra, permitindo que o visitante observe a cidade por meio de aberturas que se revelam apenas a quem está dentro do prédio durante o dia. À noite, a equação se inverte: as mesmas janelas revelam fragmentos da parte interna dos andares para o lado externo da construção.
Os vidros aplicados na fachada são laminados incolores 14 mm (6 + 8), enquanto os do térreo são multilaminados 24 mm (8 + 8 + 8), processados pela Cyberglass. A estrutura teve consultoria da QMD Consultoria, com a Prismatech produzindo as esquadrias.
Novo prédio é financiado por meio de doações
A construção do novo edifício começou em 2019 – e a obra foi totalmente financiada por doações de pessoas físicas, sem uso de leis de incentivo. “Foram doados R$ 250 milhões para a construção. O sucesso da captação também é resultado de um modelo de gestão criado no Masp há dez anos, que trouxe para a instituição sustentabilidade financeira, transparência e profissionalismo”, explica Alfredo Egydio Setubal, presidente do conselho deliberativo do museu.
Fotos: Leonardo Finotti