Há uma revolução acontecendo no mundo. E o que nosso setor tem a ver com isso? Tudo! O conceito de “digitalização industrial” veio para ficar. Nas feiras estrangeiras de alcance mundial, como Glasstec (Alemanha) e Vitrum (Itália), ou em fóruns vidreiros, como o Glass Performance Days (GPD), o tema é tratado como realidade: expositores fazem questão de divulgar que seus equipamentos atendem esses requisitos.
Segundo o estudo Tendências mundiais e nacionais com impacto na indústria brasileira, produzido este ano pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o desenvolvimento da Indústria 4.0 no País é fundamental para a competitividade das companhias, tanto no mercado interno como externo. Afinal, o Brasil ainda está atrás de nações estrangeiras na questão tecnológica. Quem não acompanhar essas mudanças ficará com os negócios estagnados por conta de processos obsoletos e desperdício de recursos. Por outro lado, quem embarcar terá maior produtividade e mais capacidade de gerir sua infraestrutura, ficando passos à frente dos concorrentes.
Por isso, chegou a hora de conferir por que será necessário abraçar esse novo momento da indústria mundial. Veja nas próximas páginas os benefícios que podem ser gerados e noções gerais de como o empresário deve se preparar.
O que é a Indústria 4.0?
O nome vem do fato de ser considerada a Quarta Revolução Industrial, consistindo no uso de maquinários automatizados e conectados por tecnologias digitais. Essa conexão entre sistemas, máquinas e pessoas permite a coleta e a troca de dados entre eles (é a tão falada Internet das Coisas).
As empresas brasileiras estão preparadas?
A revolução ainda está acontecendo e está longe de terminar. Mesmo os países mais avançados, como a Alemanha e os Estados Unidos, ainda se adaptam às mudanças, conforme revela Vinícius Fornari, especialista em Políticas e Indústria da CNI. “Seria especulação dizer quando isso pode se tornar realidade por aqui. No entanto, é uma situação que deve ser encarada como oportunidade para o mercado se desenvolver”, afirma.
Porém, a relevância de se usar tecnologia precisa estar presente na cultura industrial. Pesquisa realizada em 2016 pela entidade, envolvendo mais de duas mil companhias nacionais de todos os portes, revela que apenas 58% delas conhecem a importância do digital — e pouco menos da metade utiliza recursos desse tipo.
Afinal, o que as empresas vidreiras precisam fazer para serem 4.0?
Caso não tenham maquinários automatizados e softwares que gerenciem processos (chamados ERPs), as companhias terão de se adaptar. O fundamental para estar na Indústria 4.0 é:
– Possuir equipamentos controlados por tecnologias digitais;
– Adaptar layouts e processos;
– Desenvolver competências para lidar com novos modelos de negócio.
Segundo Vinícius Fornari, da CNI, os gestores precisam conhecer seus empreendimentos, com atenção a dois fatores essenciais:
– Tamanho dos negócios;
– Necessidades da produção (capacidade, consumo de energia, prazos de entrega, turnos de funcionários etc.).
A partir disso, será possível traçar metas. O ideal é desenvolver um plano empresarial estratégico de longo prazo, analisando o tipo de investimento a ser feito.
Os segredos das máquinas
Atualmente, instalar um sistema ERP tornou-se fundamental para a produtividade. Mas só isso não basta. Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, afirma que não é qualquer maquinário automático que pode ser considerado 4.0. Existe uma série de fatores que devem ser atendidos pelos equipamentos.
O mais importante deles é a conexão e o acesso à nuvem (forma de armazenar dados na Internet ao invés de local físico). Com ela, será possível gerar relatórios em tempo real com dados da produção, permitindo acompanhar todo o beneficiamento, transporte e entrega, com o objetivo de evitar erros e retrabalhos. “Isso vai reduzir drasticamente o famoso ‘jeitinho’, tornando as etapas transparentes”, destaca Cláudio Lúcio.
Outros requisitos básicos:
– Set up autônomo;
– Sistema de autocorreção e adequação de processos;
– Sistema de monitoramento de perdas (para analisar tempo de processamento, desempenho e qualidade dos produtos).
A tecnologia vidreira evoluiu bastante nos últimos anos — e soluções próprias para atender esses novos desafios industriais já são fornecidas por fabricantes de maquinários. “Hoje, podemos disponibilizar linhas integradas completamente automáticas em qualquer tamanho de instalações e com flexibilidade de opções, permitindo maior otimização da mão de obra”, comenta Gianluca Ceriani, diretor da Bottero do Brasil.
Preparando-se para o inevitável
As fábricas em geral vão adotar modelos 4.0 em um futuro próximo. Porém, não é necessário começar uma corrida maluca atrás de soluções imediatas. Como pudemos ver ao longo da matéria, o empreendedor vidreiro precisa:
– Preparar um plano estratégico para conferir que tipo de investimento terá de fazer;
– Saber em quais setores sua empresa pode evoluir tecnologicamente;
– Ficar atento às soluções em maquinários oferecidas pelo mercado.
Assim, estará pronto para entrar nessa nova fase da indústria mundial.
O que a Indústria 4.0 vai trazer de bom para a produção vidreira?
Em artigo para o Glastory, site de conteúdo técnico vidreiro da Glaston, o diretor de Negócios da empresa, Miika Äppelqvist, explica que “o objetivo de automatizar uma linha de têmpera não é adicionar tecnologia ao processo apenas pelo bem da tecnologia. Na verdade, trata-se de eliminar ações e trabalhos que não agregam valor”. Markus Kerzendorfer, gerente de Projetos de Software da Lisec, aponta as mudanças que podem ocorrer:
– Aumento de velocidade da produção, devido ao controle online das máquinas (sem entrada manual de dados)
– Mais produtividade, pois o sistema assume o controle produtivo
– Menos erros, já que existe menor intervenção humana
– Integração automática de retalhos e menos chapas remanescentes no corte
– Rastreamento de dados. É possível registrar quais parâmetros para cada máquina foram usados para produzir determinado vidro
Por que estar “sempre online”
Riku Färm, engenheiro de Gestão de Produtos da Glaston, indica (em artigo no Glastory) os benefícios gerados a partir da perspectiva do profissional vidreiro:
ENGENHEIROS DE MANUTENÇÃO — poderão analisar falhas de máquinas a distância. Os equipamentos podem ainda detectar peças que estão em risco de falha iminente; GERENTES DE PRODUÇÃO — terão menos trabalho manual, pois conseguirão retorno preciso sobre os produtos feitos e a capacidade de processamento; OPERADORES — conhecerão os níveis de produção. Os equipamentos conseguem, automaticamente, sugerir configurações ideais para determinado tipo de vidro; GERENTES DE FÁBRICA — terão à disposição a análise completa da fábrica, incluindo estado de maquinários.
PPCPE é 4.0!
Você quer modernizar sua empresa, mas não sabe como começar? Um importante primeiro passo para as processadoras é participar do módulo de Planejamento, Programação, Controle da Produção e Estoques, da Especialização Técnica Abravidro. Como explica Cláudio Lúcio, o treinamento está alinhado com esses conceitos: “Tem o foco nas necessidades imediatas das empresas, trazendo alto desempenho e excelência”.
No curso são apresentados:
– PCP profissional voltado ao beneficiamento de vidros para arquitetura e construção civil
– Capacidade efetiva do parque industrial e prevenção de problemas que afetam a produção
– Perdas geradas no processo de atendimento do pedido
– Softwares de gestão: obtenha o melhor funcionamento do sistema
– Visualização do pedido perfeito
A próxima turma será realizada em 23 e 24 de agosto (mais informações no linkbit.ly/próximoPPCPE).
A Indústria 4.0 na prática — estudo de caso: AGC 09Empresas de qualquer tamanho deverão se adaptar à tecnologia digital, inclusive usinas vidreiras. A AGC, por exemplo, baseou sua planta no Brasil, inaugurada em Guaratinguetá (SP) em 2014, na ideia de “fábrica inteligente” desde o início da operação. “Esse modelo também será replicado em nossa segunda planta, que está em construção na mesma cidade”, revela Monica Gomes, gerente de Produção da companhia.
Segundo a AGC, dois passos foram fundamentais para utilização desse conceito:
– Pesquisa aprofundada por soluções inovadoras, realizada pelas áreas de engenharia e tecnologia da informação. No caso, a equipe nacional contou com apoio das holdings do grupo na Europa e Ásia para saber o que caberia ou não na sua produção;
– Formação de equipe de profissionais tecnicamente capacitados para trabalhar com as tecnologias. Assim, o treinamento da mão de obra se mostrou fundamental.
“Os investimentos valem muito, pois tornam os processos mais robustos, eficientes e seguros, contribuindo para a melhoria dos resultados globais e, consequentemente, tornando a AGC ainda mais competitiva no mercado brasileiro”, define Monica Gomes.
Já passavam das 17 horas da terça-feira, 3 de abril, quando uma notícia caiu como uma bomba no setor vidreiro nacional: a União Brasileira de Vidros (UBV), maior fabricante de vidros impressos do País, com seis décadas de história, encerrava suas atividades. O anúncio foi feito por meio de carta enviada a clientes, assinada pelo presidente da empresa, Sérgio Minerbo — não deixe de ler a entrevista exclusiva de O Vidroplano com Minerbo, na qual ele comenta os motivos que levaram à decisão. Os canais de comunicação da Abravidro foram os primeiros a repercutir o assunto e o portal da associação teve um boom de acessos de pessoas interessadas em saber: como isso aconteceu?
Mercado sem perspectivas A UBV, fundada por distribuidores de vidros em 1957, atualmente era controlada por três famílias, todas elas com investimentos variados. Desde o ano passado, com os executivos da empresa, os investidores avaliavam com atenção a situação da UBV, levando em consideração o mercado, as condições econômicas e as perspectivas para a construção civil nacional. Isso porque a vida útil do forno se esgotaria em breve, mais precisamente este ano, e algo precisaria ser feito.
Reformar o equipamento para um novo ciclo de dez anos de produção implicava um investimento de R$ 15 a 20 milhões. Inviável, na visão dos controladores. Por isso, foram cogitados dois cenários: realizar a manutenção a quente no forno, para fazê-lo durar mais um ano, ou parar a produção.
Com baixas perspectivas de melhoras no mercado em curto prazo (a empresa considerava necessário um crescimento de 30% no volume de vendas), não se realizaram os reparos. O equipamento parou de funcionar no próprio dia 3, quando começou o processo de drenagem, que terminou alguns dias depois.
Segundo o comunicado, pedidos em carteira e demandas do mercado serão atendidos enquanto houver produtos disponíveis — espera-se que os estoques durem cerca de sessenta dias. Outro assunto abordado: a usina garantiu que os funcionários terão todo o suporte possível nos próximos meses até deixarem a empresa. E isso inclui até um workshop sobre vários temas para ajudar os profissionais na recolocação.
Reflexos da decisão
No dia do anúncio, a usina enviou também uma carta à Abravidro, em que registra o orgulho de ter feito parte, juntamente com as empresas e entidades associadas, da história do desenvolvimento do mercado no Brasil e no mundo. “Temos certeza de que, com a participação da Abravidro, o segmento continuará crescendo e se desenvolvendo”, afirma Minerbo no documento.
A Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), à qual a UBV era associada, comentou a notícia por meio de seu superintendente, Lucien Belmonte. “É muito triste ver uma fábrica nacional desse porte, inovadora e batalhadora, chegar ao ponto em que o retorno sobre o investimento não justifica a produção. Produzir em nosso País está ficando cada vez mais inviável”, lamentou.
Agora, o setor conta com apenas um fabricante do produto no Brasil, a Saint-Gobain Glass, que possui capacidade para gerar 180 t/dia do produto. Procurada pela reportagem de O Vidroplano para comentar o assunto, a usina preferiu não se manifestar.
Legado de sessenta anos A UBV foi fundada em 1957. Sua fábrica, localizada no Jardim Guanabara, no extremo Sul da cidade de São Paulo, tinha capacidade nominal de produção de 240 t/dia.
Uma das pioneiras na introdução de chapas espessas e de grandes dimensões no mercado nacional, fornecia aos segmentos de decoração e construção civil, atendendo diferentes tipos de aplicação, como boxes de banheiro, portas, divisórias, esquadrias, engenharia, móveis e molduras. A empresa ainda exportava para locais como México, Paraguai e países da África.
Durante a feira Apas Show 2018, voltada para o segmento de supermercados, que será realizada em São Paulo no mês de maio, a Schott lançará o Termofrost Smart Access, porta de vidro inédita no mercado nacional. O produto conta com controle de sensor que abre as portas de correr automaticamente e sem barulho assim que a mão do comprador se aproxima do refrigerador. No evento, os visitantes poderão ver também o sistema Termofrost Smart Look (foto), já presente em nosso País.
O lançamento da empresa é o adesivo UV Ultraglass, para colar vidro com vidro — ou com outros materiais. O produto se destaca por ser livre de solventes e, de acordo com a empresa, apresenta alta transparência e resistência. Permite ainda ajustes nas peças a serem coladas antes de elas serem expostas às lâmpadas ultravioleta, tornando o processo mais econômico. Ainda segundo a fabricante, o resíduo de cola excedente continua líquido, facilitando sua limpeza nas juntas.
A Cebrace lançou, no dia 27 de fevereiro, em evento para clientes, a nova linha BR de vidros de controle solar. Integrante da família Cool Lite, ela é composta por vidros desenvolvidos especificamente para as características e necessidades do mercado nacional. De acordo com a usina vidreira, o lançamento inclui dois produtos, o Cool Lite BRN 148, incolor e capaz de bloquear até 55% do calor, e o Cool Lite BRS 131, de tonalidade prata e que reduz o calor em até 65%. Ambos são fornecidos já laminados, com 4+4 mm de espessura. Além disso, impedem em até 99% a passagem de raios ultravioleta e dispensam desbaste de borda.
No final do ano passado, a multinacional Eastman, produtora de películas para vidros, trouxe para o Brasil a V-KOOL, marca reconhecida mundialmente como líder nesse segmento para os mercados automotivo e arquitetônico. Os produtos se destacam por sua claridade óptica excepcional e por oferecer benefícios agregados, como controle solar avançado, privacidade e segurança. “Enxergamos um enorme potencial de crescimento desse mercado no Brasil, especialmente nos Estados mais quentes do País”, afirma Luis Pagan, diretor de Negócios de Performance de Filmes para a Região da América Latina da Eastman.
Começando o ano com novidades no Brasil, a Guardian anunciou que seu vidro DiamondGuard agora está disponível também com opções de espessura de 4, 6 e 10 mm — antes, ele era produzido apenas em 12, 15 ou 19 mm. Segundo a fabricante, o produto é dez vezes mais resistente a riscos do que os vidros comuns devido a seu processo produtivo, em que átomos de carbono são implantados na superfície do vidro float e passam a fazer parte de sua estrutura molecular, criando resistência similar à do diamante e proteção permanente.
Em janeiro, a Lisec lançou a mesa de corte SprintCut, que realiza automaticamente o corte do vidro de forma extremamente rápida e eficiente: ela é capaz de trabalhar a velocidades de até 310 m/min, maximizando a produtividade da empresa. Outros diferenciais da SprintCut apontados pela companhia são sua durabilidade maior entre uma manutenção e outra (devido à máquina ter poucas partes que se movimentam), excelente precisão dos cortes e redução dos ruídos emitidos por ela.
Em fevereiro deste ano, os produtos que fazem parte do portfólio de silicones com a marca Dow Corning passaram a se chamar Dowsil. Segundo a fabricante, que em 2016 tornou-se uma subsidiária integral do Grupo Dow Chemical Company, trata-se apenas de uma mudança de nome, o que não altera suas formulações originais e o alto nível de desempenho. Também este mês, o Grupo Dow lançou um novo site que substitui a página da Dow Corning: consumer.dow.com.
A Abravidro já começou a preparar o único estudo econômico sobre a produção do setor vidreiro nacional. Para isso, precisa de sua participação, processador! Em um ano que começa com a promessa de retomada econômica (ainda que tímida, por enquanto), tomar decisões bem-embasadas é fundamental para qualquer empreendedor.
Daí vem a importância do Panorama Abravidro, publicado anualmente desde 2012. O documento é consultado por quem tem o poder de decisão nas empresas e por especialistas do vidro plano no Brasil e exterior. “É a maior referência de mercado do nosso material. As informações obtidas revelam a dimensão do setor em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)”, afirma José Domingos Seixas, presidente da Abravidro. “O estudo também nos permite fazer demandas ao governo em prol de toda a cadeia. Assim, a participação das indústrias de transformação é essencial para o sucesso do projeto.”
E, mais uma vez, a publicação seguirá dois pilares já consagrados ao longo dos anos: a confidencialidade dos dados e a presença de economistas renomados na avaliação das informações.
O que é o Panorama Abravidro Importância do estudo Para o mercado – Base de referência para a identificação dos problemas do setor e encaminhamentos de pleitos ao governo nas áreas tributária, trabalhista e de defesa comercial, entre outras.
Para as empresas
– Compreensão das perspectivas econômicas futuras;
– Referência para a análise de viabilidade de investimentos;
– Identificação de novos mercados a serem explorados;
– Maior qualidade na definição de estratégias a serem tomadas.
Como os dados são coletados?
O questionário para a pesquisa está na plataforma online para coleta de dados Survey Monkey. As perguntas podem ser acessadas pelo linkhttps://pt.surveymonkey.com/r/PanoramaAbravidro
Quem os avalia?
A análise é feita pelos economistas Sérgio Goldbaum e Euclides Pedrozo, da GPM Consultoria, os mesmos das edições anteriores do estudo. Eles contam com um e-mail exclusivo para esclarecer dúvidas dos participantes: panoramaabravidro@gmail.com.
A Abravidro acessa as informações enviadas pelas empresas? Não. Apenas a GPM Consultoria tem acesso aos dados enviados pela plataforma Survey Monkey e ao e-mail de contato com as empresas participantes. As informações individuais não passam por qualquer funcionário ou diretor da Abravidro. Os profissionais da GPM Consultoria envolvidos na elaboração do estudo assinaram um termo de confidencialidade registrado em cartório assumindo que apenas os números consolidados e agregados são tornados públicos, sem distinguir uma empresa da outra.
Até quando se pode preencher e enviar o questionário?
O prazo final é 2 de março.
Quando o Panorama Abravidro 2018 será lançado?
– O estudo será parte da edição nº 545 de O Vidroplano, a ser publicada em maio;
– Além da versão impressa, a publicação também fica disponível no aplicativo da revista O Vidroplano para celulares e também no site da Abravidro, em www.abravidro.org.br/mercado/panorama-abravidro
A revista O Vidroplano chega aos 60 anos reconhecida como o mais respeitado veículo de comunicação do setor vidreiro. Na retrospectiva publicada mais à frente, é possível relembrar alguns marcos da publicação e também da história do vidro no Brasil: inauguração de fornos, a entrega da primeira carga de float produzido no País, fundação da Abravidro, cobertura da 1ª edição do Simpovidro e outros. Em suas páginas, encontramos mês a mês informação de qualidade, atualidades, tendências e os principais destaques e movimentos do nosso mercado.
O momento, no entanto, não é propício para comemorações. Já estamos na segunda quinzena de outubro e o desabastecimento de float para o mercado doméstico continua sendo a principal pauta entre os processadores. Diante disso, a Abravidro voltou a se reunir com as quatro usinas para demandar o efetivo restabelecimento da oferta ao mercado. Em todos os encontros, a mensagem foi a mesma: é imperativo que as fabricantes priorizem o atendimento do mercado interno, aumentem seus esforços nas operações logísticas, sejam mais assertivas nas campanhas de seus fornos e não se aproveitem da situação para a prática de venda casada.
Como afirmei em circular enviada aos nossos mais de duzentos associados em todo o País, é inaceitável que os transformadores e processadores tenham dificuldade na compra de vidro. A escassez do produto, especialmente no período do ano em que, historicamente, o mercado está mais aquecido, é extremamente danosa para toda a cadeia produtiva.
A Abravidro e o mercado vidreiro aguardam uma rápida reação por parte das usinas. Se isso não ocorrer, outras providências serão tomadas para garantir o abastecimento do mercado doméstico.
O mês de setembro deixa um saldo negativo no bolso dos processadores de vidros planos: as fábricas anunciaram mais uma alta no preço do float e também do vidro impresso, o terceiro de 2017, menos de sessenta dias depois do último aumento. Num cenário de redução da demanda e de dificuldade de repasse desses aumentos, assistimos com preocupação à desorganização das usinas e seu impacto sobre o mercado vidreiro, que vive momentos difíceis, inclusive com o fechamento de tradicionais empresas do setor e com crescente e preocupante avanço da informalidade e sonegação.
O desabastecimento do mercado foi outro assunto em pauta. O problema é resultado de uma combinação de parada para manutenção de um forno e destinação da produção de dois para exportação e vidros automotivos. Para garantir que não haverá prejuízo aos nossos negócios, fizemos um “corpo a corpo” com as fábricas, que asseguraram que não faltará vidro. Vamos continuar acompanhando a questão, em especial com a chegada do fim do ano, período em que nosso mercado costuma estar mais aquecido.
Em meio a tudo isso, os indicadores econômicos seguem pouco favoráveis para a indústria da construção civil, nosso principal motor. O setor ainda sofre os reflexos da crise econômica e política, embora quedas um pouco mais suaves sejam lidas por alguns analistas como indicativos de início de lenta recuperação.
Mas nem só de problemas vivemos este mês. Já rompemos a barreira dos 300 inscritos para a 13ª edição do Simpovidro e praticamente fechamos a grade de palestrantes, com nomes que vão nos ajudar a avaliar o momento político, econômico e do mercado e nos preparar para o novo ano. Espero que até a data de nosso evento, as turbulências tenham ficado para trás.
Diante da atual crise econômica e de confiança, o mercado vidreiro encontra-se numa posição da qual teima em demorar a sair.
Esgotou-se um modelo de desenvolvimento baseado em produção a qualquer custo, decorrente da fartura de pedidos e vendas abundantes, concorrência desleal, inconsistências contábeis e fiscais.
Mas ainda carece de outro modelo de desenvolvimento, suportado na qualidade, na inovação, no conhecimento, na produtividade e nas operações em excelência.
Um dos fortes paradigmas que as empresas vidreiras teimam em não abrir mão é utilizar um modelo de gestão não profissional das operações de vendas.
Ações estratégicas para a área de vendas requerem:
– Sistema de comunicação eficaz;
– Fortalecimento do trabalho em equipe;
– Um bom sistema de atendimento ao cliente;
– Foco e orientação em comportamento proativo de vendas;
– Estabelecimento de um processo de vendas eficaz, eficiente e efetivo.
Definir os objetivos, metas e os meios:
– Entender as necessidades do cliente;
– Comunicar com cliente e processos internos da empresa;
– Monitorar a produção e entrega do pedido;
– Verificar o nível de satisfação do cliente após a entrega do produto.
Monitorar o ciclo do pedido:
A empresa busca, não somente o lucro, mas também a continuidade das receitas.
Dar foco a atuações de vendas ativas e consultivas, evitando o modelo reativo (mero tirador de pedidos):
– Ativa: ir até o cliente e o pedido;
– Consultiva: gerar soluções e negócios em clientes, mercados, produtos mais complexos e/ou difíceis.
Implantar um processo eficaz de negociação profissional:
Os profissionais envolvidos na cadeia de valor da indústria vidreira não têm o hábito de se qualificar em negociação profissional. Tendem a realizar todas as atividades comerciais, de compra e venda, na base do “jeitinho”, “bom papo” e “achismos”. Existem boas escolas de negócio que disponibilizam cursos para a capacitação em negociação profissional.
A empresa, portanto, deve ter como pressuposto um sistema produtivo assertivo para as demandas de vendas. Caso contrário, vende-se, mas, além de não entregar o que o cliente necessita, promove o concorrente como a melhor opção de compra para o cliente insatisfeito.
O atual paradigma de gestão, utilizado pela média das empresas vidreiras, faz com que o seu maior concorrente seja ela mesma!
Fale com ele! Cláudio Lúcio da Silva ministra os módulos da Especialização Técnica Abravidro. É expert em transformação de vidros, com experiência em modelagem, implantação e gestão de processos industriais. claudiolucio.s@hotmail.com
Este texto foi originalmente publicado na edição 537 (setembro de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.
Negócios de grande porte também viraram notícia recentemente fora do Brasil. A italiana Intermac, divisão do grupo Biesse para equipamentos de processamento, irá adquirir 60% da Movetro, fabricante de maquinários para movimentação do vidro, além de comprar a Montresor, especializada em lapidadoras. A aquisição será concluída no fim de agosto e ainda não foram reveladas informações sobre como ficarão as representações das empresas pelo mundo. Passando para a Ásia, a israelense Dip-Tech, uma das principais produtoras de tecnologia para impressão digital, foi adquirida pela companhia norte-americana Ferro Corporation. “Estamos animados para, com a união de nossos times, desenvolver e oferecer produtos e soluções avançadas ao mercado mundial”, comentou o diretor-executivo da Dip-Tech, Alon Lumbroso.
Em um inédito esforço para mapear as ações do setor vidreiro nacional, a Abravidro criou em 2012 o Panorama Abravidro. O documento, editado pela entidade, é publicado anualmente. Ele traz dados atualizados do mercado brasileiro, incluindo informações sobre as indústrias de base e de transformação, assim como os números do consumo aparente de vidro no País, capacidade nominal de produção de vidros planos das fábricas, balança comercial internacional, entre outras.
Para se chegar aos dados divulgados no documento, a Abravidro convida empresas a participarem de uma pesquisa. Os resultados são consolidados pela GPM Consultoria Econômica, contratada para apurar as informações do setor e relacioná-las com a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, números oficiais de importação e exportação do governo, além de declarações da indústria de base à revista O Vidroplano.
Ao celebrar o 1º aniversário da Rede Credenciada Alclean, sua gestora aproveitou para analisar a situação do mercado vidreiro, apresentar seus novos produtos e próximos passos e promover o 1º encontro oficial da rede. Realizado nos dias 30 e 31 de março, em Garça, a 405 km da capital paulista, o encontro teve lugar nas instalações da PPA, fabricante de portas automáticas que desenvolveu a tecnologia para a linha Portas Automáticas Alclean, e incluiu visita à sua fábrica. Os produtos foram lançados em março e são vendidos exclusivamente pela rede credenciada — a Alclean oferece treinamento aos associados da rede para instalar cada modelo de porta automática da linha e identificar aquele que melhor atende as necessidades de seu cliente. Mais de cem participantes puderam conferir a produção de cada componente do sistema. Hospitaleira, a PPA também organizou com a Alclean os dois almoços e o jantar para os visitantes.
Diferenciais de mercado
Mas a visita à fábrica e os momentos de descontração foram apenas parte do evento: sua programação contou ainda com uma série de palestras nos dois dias. O primeiro foi dedicado aos produtos das empresas parceiras da rede, como a Adere, Cebrace, Esquadgroup, Sansite e Sika, O segundo dia discutiu o cenário atual e as perspectivas para o mercado vidreiro nacional. O jornalista e escritor Luciano Pires, palestrante e mestre de cerimônias das duas últimas edições do Simpovidro, encontro organizado a cada dois anos pela Abravidro, falou sobre o tema, destacando pontos que devem ser desenvolvidos por qualquer empresa que queira ser bem-sucedida no mercado.
A qualificação dos vidraceiros também foi enfatizada como essencial para nosso setor. Gabriel Batista, do Grupo Setor Vidreiro, e Cláudio Luís Acedo, presidente da Associação Nacional de Vidraçarias (Anavidro).
Ao final do evento, foi anunciada a data do 2º encontro da rede: 8 de maio de 2018, um dia antes do início da próxima edição da Glass South America.
Tenha certeza: nenhum processo é 100% estável. Vez ou outra pode haver uma falha impossível de ser controlada. Vejamos os casos de recall das montadoras de veículos: são empresas com um rigoroso nível de exigência, mas, mesmo assim, têm a eventual necessidade de fazer reparos em seus automóveis.
As empresas sempre devem procurar melhorar seus processos para evitar ao máximo essas situações indesejadas. Para isso ser possível, gestores contam com um aliado: as ferramentas da qualidade.
O que são?
São técnicas para medir, analisar e definir ações para resolver problemas na produção — sejam operacionais (alguma das etapas da fabricação) ou administrativas. Elas ajudam (e muito), fazendo com que a empresa acompanhe todo o seu processo produtivo com atenção.
As ferramentas da qualidade mais conhecidas
Diagrama de Pareto
Gráfico de barras que representa a frequência de ocorrências indesejadas na produção (defeitos, quebras etc.). Com isso, o gestor pode verificar facilmente quais são os principais problemas a serem resolvidos. Estudos que originaram essa ferramenta concluíram que a maioria das perdas de um processo tem poucas causas: em média, 20% delas geram 80% dos problemas.
Controle estatístico do processo (CEP)
Utilizado para coletar dados e analisar as tendências por meio de gráficos chamados cartas de controle. Elas permitem verificar as variações que colocam em risco a qualidade do produto. Exemplo prático: a característica de desempenho mais crítica para um temperado é a fragmentação — de acordo com a NBR 14698, a variação permitida para a construção civil é de quarenta a cem fragmentos. Com a carta de controle, o responsável pela têmpera irá avaliar estatisticamente as variações, evitando que peças fora dos limites sejam fabricadas.
Existem outras ferramentas da qualidade, como o Diagrama de Ishikawa, fluxograma, folha de verificação, histograma, diagrama de dispersão, PDCA, 6 Sigma e FMEA, entre outras. Por isso, vale a pena conhecê-las, para que sua empresa sempre esteja à frente dos problemas.
Fale com eles!
Edweiss Silva é tecnólogo em gestão da qualidade. Consultor da Abravidro para certificação, é responsável por acompanhar a preparação das empresas para a auditoria do Inmetro. esilva@abravidro.org.br
Para dizer o mínimo, 2016 foi um período bastante difícil para o setor vidreiro nacional. Ao mesmo tempo que digeríamos a redução de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 9,9% do consumo de vidros planos em relação ao ano anterior, seguimos com baixo desempenho econômico — as estimativas são de queda de 3,5%. Se não bastasse, vivemos em meio a um caos político que permanece mesmo após a queda da ex-presidente Dilma Rousseff.
Sérgio Goldbaum, da GPM: “A evolução da economia brasileira depende do acerto político”
Diante disso, é natural o temor de que 2017 repita o mesmo cenário. “Não estamos exagerando ao afirmar que a evolução da economia brasileira, mais do que nunca, depende do acerto político entre os vários setores da sociedade”, ressalta o economista Sérgio Goldbaum, professor da Escola de Administração e Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e sócio da GPM Consultoria Econômica. “O momento é de cautela e de muita observação ao debate sobre as reformas (em especial a da Previdência), mas existe, sim, a possibilidade, não desprezível, de alguma retomada da economia a partir do segundo semestre de 2017”, complementa.
Setor vidreiro
“É preocupante a sobreoferta na usina de base. Ela possui capacidade produtiva superior ao consumo atual e dificuldade de promover ajustes, tanto para reduzir sua produção como para exportar excedente”, afirma Alexandre Pestana, presidente da Abravidro. Ele avalia também os demais elos da cadeia produtiva: “A indústria de transformação fez muitos investimentos, está com alto nível de endividamento e capacidade ociosa, ocasionando uma competição destrutiva com a perigosa deterioração das margens. O varejo se desorganizou e muitos sucumbem às dificuldades do momento”.
Apesar disso, o dirigente da Abravidro acredita que ações individuais de cada empresa podem fazer a diferença. “Precisamos tornar nossas empresas mais eficientes e produtivas, ter custos menores e entregar um produto e serviço de qualidade cada vez maior”, afirma.
Para termos ideia do que aguarda nosso mercado este ano, O Vidroplano entrevistou todas as usinas vidreiras do Brasil sobre seus planos e perspectivas para 2017. Responderam às mesmas perguntas Franco Faldini, gerente-executivo de Vendas e Marketing da AGC do Brasil; Flávio Alves Vanderlei, gerente-comercial da Cebrace; Juan Carlos de Abreu, diretor de Marketing da Guardian; Marcelo Machado, gerente-geral da Saint-Gobain Glass; Sérgio Minerbo, presidente da União Brasileira de Vidros (UBV); e Henrique Lisboa, diretor-comercial e de Marketing da Vivix. Pestana analisou cada um dos temas a partir das respostas dos executivos. Confira o resultado a seguir.
Expectativas para 2017
Quais são as expectativas da empresa para o mercado vidreiro nacional em 2017? Estima-se que haverá crescimento, estagnação ou queda no consumo de vidros planos?
Palavra de presidente
Nota-se um consenso entre os executivos das usinas vidreiras de que este ano será similar ao anterior e, se houver crescimento, ele será tímido e restrito ao segundo semestre. Os economistas Sérgio Goldbaum e Euclides Pedrozo Jr., sócios da GPM, destacam o ambiente de incertezas e a dependência de reformas e mudanças regulatórias para o Brasil — e para o vidro — reencontrar o crescimento sustentável. Os termos “desafio” e “atenção” resumem o ano que começa.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “A AGC acredita que o ano de 2017 continuará trazendo desafios relativos à demanda, mas estamos confiantes que haverá crescimento no setor, considerando as estimativas de crescimento do PIB do País, em torno de 1%”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Em 2016, a situação econômica de nosso país teve grande influência das incertezas políticas, as quais continuam influenciando o ambiente econômico deste ano. Nesse sentido, ainda estimamos ter um primeiro semestre de crescimento quase nulo e uma sinalização de retomada a partir do segundo semestre. Esperamos que o crescimento da economia, mesmo que pequeno, acompanhe as expectativas informadas pelos órgãos competentes e seja refletido para todos os segmentos”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Assim como foi em 2016, acreditamos que este ano será de desafios para o mercado. Como o setor depende da economia do País para se recuperar, o que deve acontecer a médio e longo prazos, vejo de forma conservadora uma melhora significativa no curto prazo. Para 2017, continuaremos aprimorando os processos, aumentando a eficiência e desenvolvendo produtos e serviços para as necessidades do mercado, criando valor para a sociedade e clientes e dando suporte aos parceiros para que prosperem.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “O ano de 2016 foi difícil em comparação com 2015. A instabilidade política e a crise econômica se refletiram nos negócios e reduziram significativamente os investimentos de uma forma geral. No entanto, sempre acreditamos no desenvolvimento do setor, já que o mercado vidreiro é muito maduro e já passou por outras dificuldades, sempre se reerguendo. Para 2017, mesmo com tantas incertezas, não é possível desanimar. Precisamos continuar a acreditar no País e saber que a recuperação também depende das empresas, as quais devem aproveitar o momento para desenvolver novos canais”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Iniciamos o ano com duas boas notícias: a inflação abaixo do teto da meta e a redução da taxa Selic [Sistema Especial de Liquidação e Custódia]. São indicadores importantes que, mais do que representar um ponto de vista econômico, sinalizam otimismo, e isso é sentido pelo consumidor. Inicialmente, acreditamos em um 2017 similar a 2016, ou seja, sem grandes mudanças nem para pior, nem melhor. Mas sempre gosto de lembrar que existe demanda reprimida no segmento da construção, e isso pode ser um fator surpresa positivo”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Em nossas projeções, acreditamos que o mercado de vidros planos apresentará, em 2017, um resultado semelhante ao de 2016. E entendemos que o seu crescimento será gradativo a partir de 2018. Deveremos ter em mente que será um ano desafiador e que exigirá de toda a cadeia vidreira melhor planejamento, gestão responsável e criatividade. Continuaremos fazendo a nossa parte e buscando alternativas que minimizem o efeito do atual cenário”.
Expectativas para 2017
Produto Interno Bruto (PIB): crescimento de 0,5%
Produção industrial: crescimento de 1%
Inflação oficial (IPCA): 4,8%
Fonte: Focus – Relatório de Mercado, publicado pelo Banco Central do Brasil em 13 de janeiro de 2017
Valor agregado
O Panorama Abravidro 2016 mostrou que a participação dos vidros processados dentro do total consumido cresceu em 2015. Qual a avaliação sobre isso e a expectativa para 2017?
Palavra de presidente
Essa questão é estratégica nas cadeias mundiais de vidro plano. A participação de vidros de alto desempenho no Brasil é baixa, com potencial de crescimento mesmo em momentos adversos. Sempre se pode substituir um vidro comum por um temperado ou laminado e provar ao consumidor que um vidro de controle solar trará muito mais conforto e economia para sua casa.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “Fica evidente que o vidro de maior valor agregado está ganhando mais espaço no mercado. Isso mantém o setor aquecido mesmo com a retração do consumo de vidros e possibilita também um equilíbrio na rentabilidade das empresas que atuam com esse segmento”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Temos visto em alguns segmentos uma capacidade instalada muito superior à demanda, gerando assim uma competição que deteriora as margens dos vários elos da cadeia — isto é, processadores, distribuidores, vidraceiros”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “O mercado em recessão ajuda o Brasil a se profissionalizar, desenvolvendo-se rápido. Com isso, a demanda por produtos processados deve continuar sua tendência mesmo que pressionado pelas condições de mercado. Isso demonstra a necessidade de investir em produtos e em treinamento da cadeia”.
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “No mercado de vidros impressos, o consumo de vidros processados é muito utilizado para decoração. Acreditamos que o brasileiro está percebendo as vantagens estéticas e funcionais da aplicação dos vidros nos ambientes internos”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Temos visão similar. Nossos vidros de 7, 8 e 10 mm são processados e a venda dessas famílias se manteve mais estável, embora em volumes inferiores aos anos anteriores. Para 2017, acreditamos na manutenção do crescimento dos processados em relação ao montante de vidro plano consumido no País”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “As aplicações dos processados no Brasil ainda são bastante primárias. Há um baixo conhecimento sobre os benefícios desses produtos. Para o crescimento significativo do consumo, serão necessários investimentos em divulgação e em capacitação para a cadeia”.
Consumo de vidros laminados entre 2009 e 2015: aumento de 120%
Fonte: Panorama Abravidro 2016
O setor vidreiro no Brasil em 2015 Em relação ao ano anterior:
Capacidade nominal de produção: 6.950 t
Consumo total de vidros planos: queda de 9,9%
Consumo per capita de vidros planos: queda de 10,7%
Faturamento de vidros processados não automotivos: queda de 17%
Empregos na indústria de transformação: redução de 12,8% (mais de 4 mil vagas)
Fonte: Panorama Abravidro 2016
Intenção de investimentos Há previsão de novos investimentos por parte de sua empresa neste ano?
Palavra de presidente
Como era previsto, a maioria dos investimentos em 2017 estará direcionada para serviços, ampliação de mix e aprimoramento dos processos internos das usinas de base. Diferente dos últimos anos, o foco é qualitativo e não mais em aumento quantitativo de capacidade produtiva. Como o Brasil tem como principal fragilidade sua capacidade competitiva e baixa produtividade, atacar esses pontos será a melhor forma de reverter o atual momento.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “Em 2016, a AGC anunciou a construção de um forno, proporcionando mais que dobrar a capacidade diária de produção de vidro. A obra, já em andamento, é uma das grandes prioridades da AGC em 2017 e 2018”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “A Cebrace realizou investimentos em capacidade e em modernização de seu parque industrial, no sentido de bem-atender o mercado e ajudá-lo a evoluir. Em 2017, o foco estará em novos produtos e em projetos especiais, buscando oferecer alternativas para que nossos clientes sejam ainda mais competitivos”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Sim, temos previsão de continuar com os investimos em 2017. Eles serão divulgados no momento oportuno.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “Sim, a Saint-Gobain Glass continuará com nosso plano de investir fortemente em nossos recursos humanos. Também investiremos para melhorar a produtividade e inovar com novos produtos, de modo a apresentar sempre as melhores alternativas aos nossos clientes”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Planejamos investir em melhorias operacionais que se traduzirão em qualidade e aspectos visuais, homogeneidade das texturas etc.”
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Dando continuidade ao nosso planejamento de ampliação do portfólio de produtos, lançaremos, no segundo semestre, a nossa linha de vidros de controle solar”.
Como preparar a empresa vidreira para 2017?
Para Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica, a retomada do crescimento do mercado de vidros planos depende da evolução dos setores que fazem uso do material, como o de construção civil, automotivo e de eletrodomésticos. Portanto, para que se faça um bom planejamento, recomendam:
Acompanhar a conjuntura econômica e política do País;
Procurar novos mercados em potencial;
Defender o mercado doméstico contra a concorrência desleal;
Articular-se com outros segmentos da indústria na defesa dos interesses do setor, de maneira republicana e sem prejudicar a concorrência no setor.
Segmentação de mercado
Dentre os segmentos que mais utilizam vidro, há algum deles que a empresa considera estratégico para 2017? Em caso positivo, qual deles e por quê?
Palavra de presidente Conforme colocado pelos economistas da GPM, a construção civil tem as expectativas mais pessimistas se comparadas com as dos outros setores, enquanto a produção automotiva caiu mais de 34% nos últimos dois anos — o que sugere uma recuperação lenta e gradual. Precisamos voltar nossa atenção aos consumidores de vidro que possuem capacidade de recuperação mais rápida, como os de pequenas obras e reformas, decoração e uso interno nas habitações.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “A AGC continuará com a sua estratégia voltada para o desenvolvimento dos vidros de valor agregado, como os vidros para decoração, movelaria e linha branca, além de novidades em vidros refletivos. O automotivo também é uma das forças estratégicas da empresa e estamos esperando grandes oportunidades com a retomada de crescimento da indústria”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Devido à participação na utilização de vidro em nosso mercado, a construção civil sempre terá um foco especial para os nossos projetos. Porém, estamos frequentemente procurando desenvolver os demais mercados com soluções inovadoras, para que a participação destes evolua”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Neste momento de crise, precisamos estar atentos a todas as oportunidades. Apesar do momento ruim da construção civil, esta continuará sendo uma das nossas prioridades. Além disso, estamos trabalhando para ampliar a presença da Guardian nos segmentos moveleiro e de decoração. Para atender esse importante nicho, em 2016, nacionalizamos a produção do vidro DecoCristal — e a expectativa é dobrar sua produção nos próximos cinco anos.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “Acreditamos no potencial de crescimento do segmento de decoração para 2017. Isso porque é um mercado grandioso, com infinitas possibilidades e que tem no vidro impresso uma opção versátil, que pode ser utilizada das mais diferentes formas, agregando beleza e sofisticação aos ambientes”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Praticamente, toda a nossa venda é para o segmento da construção civil e movelaria. Portanto, é para eles que olhamos com mais foco. Mas a economia está toda interligada, com diferentes velocidades de reação. Sem construção civil, não tem demanda para móveis, não tem decoração, não tem linha branca. No limite, não tem garagem para guardar o automóvel!”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Todo o nosso mix de produtos tem a sua importância e, com exceção do automotivo, estamos desenvolvendo ações voltadas para esses segmentos”.
Construção civil Em 2016
Índice de Atividade da Construção Imobiliária: -13,4% em relação a 2015 [1]
Vendas do comércio varejista de material de construção: -11,5% no acumulado de doze meses até novembro [2]
Custo Unitário Básico (Cub) médio Brasil (dezembro/2015 a novembro/2016): alta de 5,74% [3]
Cenário para 2017
Segundo Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica:
O setor deve retomar o crescimento, mas a médio prazo;
O envolvimento de parte das grandes empreiteiras nas investigações da Lava Jato e as altas taxas de juros no País impedem uma reação mais rápida.
Fontes:
[1] Tendências e Neoway Criactive
[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
[3] Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC)
Lançamentos de produtos
Há planos para o desenvolvimento ou lançamento de novos produtos no Brasil este ano? Se sim, quais são?
Palavra de presidente
Mesmo com a atual redução da área consumida de vidro, o potencial latente para produtos mais sofisticados é gigante e aproveitá-lo é a melhor forma de atenuar os efeitos da crise.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “Temos grandes novidades para os nossos clientes em 2017. Novos produtos, novas tecnologias para a linha de vidros refletivos e grandes lançamentos em vidros decorativos. Teremos mais detalhes assim que finalizarmos as campanhas para divulgação”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Sim, temos várias previsões de lançamentos para este ano, como produtos de proteção solar, vidros diferenciados para aplicação na construção civil e também novos produtos para o mercado de decoração e para linha branca”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Estamos trabalhando para sempre oferecer respostas às necessidades do nosso mercado, evoluindo em produto e serviço. Em breve, anunciaremos nossas novidades.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “A Saint-Gobain Glass trabalha com um portfólio diversificado, mas continuamos sempre atentos acompanhando as tendências da arquitetura e procurando novos nichos de mercado para esse produto tão nobre e valorizado que é o vidro. No momento, ainda não temos a previsão de lançamento de produtos para este ano, mas nossas pesquisas e estudos sobre o assunto continuam em constante andamento”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Queremos fortalecer a presença dos produtos consagrados e consolidar o Mini-Boreal 7/8 mm, lançado no ano passado e que tem sido um impulsionador de vendas”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Como citado anteriormente, ampliaremos o nosso portfólio de produtos com o lançamento dos vidros de controle solar”.
Setor automotivo
Em 2016
Produção automotiva (janeiro a novembro): queda de 11,2% [1]
Vendas de automóveis: queda de 20,47% [2]
Cenário para 2017
Para Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica:
A redução dos juros pode influenciar o aumento na demanda de automóveis, mas ele também depende da diminuição do desemprego;
A produção e as vendas no setor automotivo podem se estabilizar nos próximos meses, mas de forma lenta e gradual.
Fontes:
[1] Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
[2] Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)