Você certamente já leu a frase presente no título desta reportagem em outras ocasiões. Há um bom motivo para isso: as imagens são partes indispensáveis da comunicação visual – isto é, toda forma de comunicação expressa por meio exclusivo da visão. Enquanto textos precisam ser lidos e interpretados, elementos visuais como logomarcas, desenhos e outros recursos trazem agilidade na transmissão e recepção da mensagem.
E o que o vidro tem a ver com isso? Muito. Nosso material pode proporcionar diferentes soluções nesse sentido, das mais simples às mais sofisticadas. Na seção “Para sua vidraçaria” deste mês, pegamos o gancho da matéria especial sobre serigrafia (para lê-la, clique aqui) para mostrar algumas possibilidades visuais com vidro e por que pode ser bastante interessante incorporá-las ao seu negócio.
Versatilidade
Segundo a arquiteta Fernanda Quintas, supervisora de Marketing e Especificação Técnica da PKO do Brasil, o uso de vidros e espelhos como elementos para a comunicação visual é uma ótima opção para propagar a identidade de marcas e produtos de forma moderna. “Materiais extremamente versáteis, eles vêm ganhando ao longo do tempo novos usos e aplicações”, comenta.
Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix, destaca que essa versatilidade e praticidade possibilitam um universo de transformações criativas. “É possível desenvolver toda a comunicação de um projeto utilizando o vidro como base”, diz. “Hoje, a impressão digital permite reproduzir logos, imagens e efeitos no vidro, inclusive com a sensação de efeito 3D.”
Outras vantagens oferecidas pelo nosso material nesse segmento são destacadas por Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado de Vidros para Construção Civil da AGC. A profissional explica que, por serem produtos de superfícies regulares e acabamentos diferenciados, oferecer possibilidades de cores e trazer características visuais distintas, que vão da reflexão à transparência e até mesmo a opacidade, “os diferentes tipos de vidro e espelho podem ajudar a promover qualquer modelo de sinalização ou comunicação”.
Como usar?
“Vidros podem ser utilizados em revestimentos, fachadas, construção de totens, placas, displays etc.”, aponta Viviane Sequetin, gerente de Marketing da Guardian para a América do Sul. Para essas aplicações, opina, os produtos mais indicados são as peças pintadas, refletivas e os espelhos.
Conforme mencionado anteriormente, a impressão digital é uma das soluções mais modernas presentes no mercado para o uso de textos e imagens na superfície das chapas. Já no caso de vidros pintados, os revestimentos feitos com esses produtos também podem desempenhar a função de lousa, permitindo que sejam feitas anotações e desenhos na superfície.
Em vitrines, a transparência acaba sendo a qualidade mais desejada para que haja comunicação visual. “Para isso, a opção mais interessante são os vidros antirreflexo, que possibilita ver através do material sem interferências – numa vitrine, o papel do vidro quase sempre é valorizar a visibilidade do interior do espaço”, comenta Mônica Caparroz, gerente de Marketing da Cebrace. Outras opções interessantes para esse tipo de utilização são peças extra clear e o uso de fitas de LED para a iluminação dos displays.
No caso de laminados, elementos visuais como fotografias podem ser aplicados junto ao interlayer. Outra possibilidade são os interlayers de LCD, os quais permitem mudar o estado do laminado de transparente para opaco e até transformá-lo numa tela para projeção de imagens.
São muitas as formas de uso de vidros e espelhos como elementos de comunicação visual, como pode ser visto nas fotos presentes ao longo desta reportagem. A criatividade do especificador é o limite.
Trazendo a comunicação ao seu negócio
Trabalhar com peças de valor agregado, como vidros refletivos e pintados, é essencial se sua empresa pretende atuar na área de projetos de comunicação visual. “A vidraçaria que busca diferenciação deve ter esses produtos em catálogo para poder ofertar um mix mais rico, levando inovação para seu cliente e, consequentemente, aumentando seu lucro”, avalia Viviane Sequetin, da Guardian.
Ana De Lion, da AGC, destaca que o universo da construção e reforma está sempre promovendo novas opções e muda constantemente. “Estar conectados a essas mudanças é uma maneira de termos condições para acompanhar as necessidades de um consumidor cada vez mais antenado com as tendências e possibilidades”, alerta. “Se ele não encontrar as soluções que busca em seu fornecedor, com certeza buscará uma opção no concorrente.”
Um ponto importante que o vidraceiro deve ter em mente é que produtos especiais precisam de cuidados especiais. Esse é o caso, por exemplo, do vidro polarizado Privacy Glass, da PKO do Brasil. “É fundamental atentar-se ao dimensionamento do caixilho considerando folgas, calços e o barramento de cobre presente no vidro polarizado, de modo a ‘esconder’ este último e evitar a pressão em excesso sobre a peça”, orienta Fernanda Quintas. “Além visuaisdisso, a vedação deve ser feita sempre com silicone neutro, pois o silicone acético provocará delaminação.” Em geral, as fabricantes recomendam que as vidraçarias sempre consultem os manuais que elas disponibilizam com os cuidados necessários para cada produto, a fim de garantir que eles proporcionem a aparência e o desempenho esperados.
A atenção com essas soluções especiais para comunicação visual e a dedicação em levá-las aos seus clientes certamente valerão a pena. “Sempre haverá uma maneira de utilizar o vidro a favor da inovação, do requinte, do novo, de fazer diferente e melhor”, frisa Viviane Moscoso, da Vivix. “Consequentemente, essa criatividade repercutirá em excelentes resultados financeiros para a sua vidraçaria.” Mônica Caparroz, da Cebrace, completa: “A vidraçaria é a referência do consumidor final e o braço direito do arquiteto. Quando o cliente enxerga o produto aplicado e entende sobre a sua variedade e os tipos de aplicação, novas possibilidades que mexem com o desejo desse comprador ou especificador se abrirão”.
A maior metrópole do Hemisfério Sul pode não ser uma “cidade maravilhosa” em relação às belezas naturais, mas tem vários encantos: Masp, Parque do Ibirapuera, Catedral da Sé, Mercado Municipal, Pinacoteca do Estado, bairro da Liberdade, Avenida Paulista… A lista é bem longa. E agora precisa incluir mais um espaço, o recém-inaugurado Sampa Sky. Localizada no 42º andar do edifício Mirante do Vale, no chamado Centro Velho de São Paulo, a atração conta com dois decks retráteis feitos inteiramente de multilaminados – ali, os visitantes têm a sensação de flutuar pelos céus da cidade.
Depois da construção da plataforma Skyglass Canela, no Rio Grande do Sul (obra presente na capa da edição de fevereiro de O Vidroplano), e agora, com a abertura do Sampa Sky ao público no dia 8 de agosto, o Brasil se torna de vez um ponto turístico vidreiro de nível internacional. Nas próximas páginas, conheça os detalhes dessa obra já icônica.
Ficha técnica Autor do projeto: Aron Kogan
Local: São Paulo
Conclusão: julho de 2021
Vidros dos decks envidraçados: multilaminados formados por ClimaGuard SunLight 10 mm + três peças de float incolor 10 mm cada + três PVBs estruturais
Quantidade de vidro aplicada: 220 m² de ClimaGuard SunLight; 360 m² de float incolor; 65 m² de Espelho Guardian Evolution
Fabricante do vidro: Guardian
Processadora: GlassecViracon
Fornecedora do PVB: Eastman
Vistas inigualáveis
O Mirante do Vale foi a escolha perfeita para a instalação da estrutura. Afinal, o edifício é um símbolo de São Paulo. Construído na década de 1960, é formado por mais de mil salas comerciais distribuídas por 170 m de altura, tendo sido o mais alto edifício do País ao longo de décadas. Para aproveitar a vista do local, cada deck do Sampa Sky foi instalado em um lado do prédio: um deles está na face Sul, sobre o Vale do Anhangabaú e o Viaduto Santa Efigênia; o outro, em cima da Avenida Prestes Maia, está voltado para a Zona Leste da cidade. Ao todo, são 700 m² de área, incluindo um café – e o local também poderá receber eventos corporativos e sociais.
A inspiração para o projeto veio de fora: o chef de cozinha André Berti, em visita aos Estados Unidos, adorou o conceito do Sky Deck, um “aquário” de vidro pendurado no 103º andar da Willis Tower, em Chicago. No Brasil, para fazer a ideia virar realidade, uniu-se ao advogado Antônio Carlos da Relva Caldeira, proprietário do 42º andar do Mirante, e ao publicitário Alessandro Martinelli.
Robustez transparente
A grande jogada da obra está em sua estrutura retrátil: os decks envidraçados são recolhidos para dentro do prédio todos os dias, pois a fachada não pode ser alterada permanentemente. Hoje isso é feito de forma manual por quatro pessoas – e, apesar de o processo ser rápido, há planos para automatizá-lo. Encontrar um engenheiro disposto a trabalhar em um conceito tão complexo não foi simples, mas Waldomiro Zarzur topou a empreitada, ao lado do arquiteto Aron Kogan.
Multilaminados temperados garantem a segurança de quem entra nas caixas de vidro: a resistência da estrutura chega a mais de 30 t. Como não poderia deixar de ser, a especificação é robusta: quatro peças com 10 mm cada (sendo a externa de ClimaGuard SunLight e as internas de float incolor), unidas por PVBs estruturais DG41, da Eastman. O uso de vidros de controle solar ajuda a reduzir a necessidade de iluminação artificial, assim como o uso de ar-condicionado, já que mesmo em dias de calor intenso o material manterá o ambiente mais fresco (o produto escolhido bloqueia duas vezes mais o calor do que o vidro comum). “Estamos muito satisfeitos com a repercussão que o Sampa Sky alcançou, mesmo antes da inauguração. Em especial, sobre o visual lindo e sem distorção para apreciar o horizonte de São Paulo, para as muitas fotos, vídeos e posts que as pessoas vão fazer no local”, afirma o diretor-comercial da Guardian, Renato Sivieri, empresa responsável pela fabricação dos vidros aplicados – a GlassecViracon foi quem os beneficiou.
Por serem multilaminados temperados com muitos furos, as dimensões das peças e o perfeito alinhamento entre elas seriam alguns dos itens críticos durante o processamento”, explica Márcio Caraça, coordenador de Produção da GlassecViracon. “Durante a têmpera, todos os vidros foram avaliados por um scanner de monitoramento online, de forma a assegurar a qualidade planimétrica desejada e eliminar as distorções características dos vidros temperados”. Com isso, foi possível garantir a excelência na visualização da paisagem sem perder a segurança oferecida pelo material.
Sampa Sky: mais informações Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10 às 20 horas;
Ingressos: são vendidos no sitesympla.com.br. Ao comprá-los, o visitante deve escolher a data e horário da visita. As sessões são abertas a cada meia hora. Há limite de tempo para permanecer nos decks, porém não no restante do espaço;
Valores: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Crianças com até cinco anos não pagam;
Capacidade: o espaço pode receber 400 pessoas simultaneamente. No entanto, por conta da atual situação da pandemia, esse número será reduzido a 60% nos meses de inauguração.
Desafios na instalação
A especificação, instalação e acompanhamento técnico da montagem dos vidros ficaram a cargo da empresa paulistana HolyGlass. A pandemia prejudicou a locomoção de pessoas e materiais envolvidos na obra, incluindo a execução dos serviços: as peças tiveram de subir até o 42º andar via elevador, ao invés de serem içadas por guindastes, um processo que seria muito mais custoso.
Ferragens de aço inox garantem a resistência mecânica necessária. “Como o cubo de vidro precisava estar estruturado em si mesmo, as ligações das partes laterais e do piso se ‘amarram’ junto da estrutura metálica que faz a sustentação de todo o conjunto”, explica o engenheiro civil Charlston Thiago Stringhini, proprietário da HolyGlass. “Não havia parâmetros no Brasil de uma obra com essa magnitude. Uma semelhante era mesmo o mirante de Chicago, mas nosso conceito é maior, pois a plataforma tem praticamente 2 m para fora do prédio”. De fato, a obra estadunidense é menor, tem 1,31 m.
O Espelho Guardian Evolution também foi instalado no local, nas partes internas do Sampa Sky, com o objetivo de refletir os céus de São Paulo, trazendo um jogo de luzes ao espaço. Segundo André Berti, sua sociedade tem planos para ampliar a atração – e, quem sabe, até outras obras ambiciosas envolvendo nosso material. Os aficionados por vidro torcem. E agradecem.
Falar dos benefícios do vidro é rotina nas páginas de O Vidroplano: boa parte de nossas reportagens explora as oportunidades que o material oferece para a construção. E com os novos hábitos gerados por conta da pandemia, principalmente o fato de passarmos mais tempo em casa, demandando mais conforto e higiene desses espaços, o uso de nosso produto na decoração de interiores promete ser ainda mais forte. Assim, para ajudar processadores e vidraceiros a convencer clientes a investir ainda mais em soluções envidraçadas, conversamos com especialistas para saber: na comparação com outros materiais, como o vidro se sai?
A seguir, apresentamos as vantagens da utilização do material em relação à madeira, acrílico, porcelanato e pedras – e também como ele pode ser combinado com esses itens.
Novos espaços para novas rotinas
Exatamente um ano atrás, na edição de julho de O Vidroplano, uma matéria especial comentou sobre as tendências da arquitetura para o momento pós-pandemia. A relação com a moradia será mais próxima: casas e apartamentos se transformarão em espaço multiuso, incluindo áreas verdes e locais voltados para o home office e até exercícios físicos. Ao mesmo tempo, escritórios deixarão de lado o confinamento em favor de espaços abertos.
“O trabalho em casa provavelmente veio para ficar, mesmo que não de forma integral, pois muitas empresas já falam em rotinas híbridas com dias da semana sendo cumpridos em casa e outros no escritório”, analisa a arquiteta Fernanda Quintas, supervisora de Marketing e Especificação Técnica da processadora PKO do Brasil. “Com isso, pedem-se ambientes mais iluminados, integrados e aconchegantes”.
Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria da AGC, aponta como o vidro se diferencia de outros materiais para essas funções: “Suas propriedades de transparência e de fácil manutenção são fundamentais para esse cenário. Além disso, produtos com tecnologias que visam à saúde e à segurança das pessoas podem ser um diferencial”. A própria usina lançou recentemente um vidro tecnológico que permite a eliminação do vírus da Covid-19 (veja clicando aqui). E o papel do vidro para a saúde humana vai além do combate ao coronavírus. É importante para o conforto acústico, diminuindo a entrada de barulho que, em grande proporção, provoca estresse e doenças vasculares.
Para aproveitar essa oportunidade, que pode levar ao aumento do consumo de nosso material no País, é preciso que todo o mercado esteja preparado, como sugere Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix. “Um dos fatores que ajudarão a fortalecer esse movimento é o amadurecimento do setor e dos profissionais que trabalham nele, com a utilização cada vez maior das normas técnicas vigentes e o investimento em treinamentos oferecidos pelas fábricas, buscando aprimoramento técnico e melhoria nos serviços oferecidos.”
Escolha certeira
O vidro oferece dois benefícios que o destacam das demais matérias-primas – vantagens que dialogam com os tempos atuais de busca pela sustentabilidade e menor desperdício de recursos.
– Material reciclável —Não existe perda no seu processo de reciclagem. “O vidro é um material 100% reciclável. Na Vivix, nós reutilizamos cacos de vidros descartados durante o processo produtivo para a confecção de novas chapas, reduzindo assim o consumo de energia e também de matéria-prima”, explica Viviane. Além de ser um processo limpo, evita a poluição do meio ambiente;
– Aproveitamento de espaço — O vidro consegue integrar ambientes ao mesmo tempo que os separa com segurança. Também garante maior amplitude a locais pequenos, principalmente na forma de espelho.
A designer de interiores Patrícia Kolanian Pasquini comenta a importância de os especificadores apresentarem essas e outras qualidades do produto aos potenciais consumidores. “Sempre que inicio um novo projeto, costumo me reunir com o cliente para saber de todas as suas necessidades e tentar passar para o papel o máximo do que ele deseja”, relata a profissional. “A maioria deles sempre me pede materiais que sejam práticos no dia a dia para manutenção e limpeza. E o vidro é uma escolha óbvia.”
Vale lembrar ainda que, por meio da impressão digital, o vidro pode imitar a textura de qualquer outro material – incluindo madeira, pedras, folhas etc. Mais um benefício único não encontrado em seus concorrentes. Portanto, vejamos quais as vantagens desse produto em relação aos demais.
Para que o maior uso de nosso material se confirme, é sempre importante reforçar: as informações sobre todas essas vantagens oferecidas por ele precisam chegar aos potenciais clientes. Assim, a escolha pelo vidro será um movimento natural.
VIDRO X MADEIRA
VANTAGENS DE NOSSO MATERIAL – Pouca manutenção — A limpeza do vidro é feita de forma simples, geralmente com água e sabão neutro. Já a madeira necessita de manutenção periódica para evitar a absorção de sujeiras e o aparecimento de manchas. Ela pode ainda ser atacada por cupins, o que obrigaria a troca de todo o material danificado, além de gastos com serviço de dedetização;
– Vida útil — Enquanto a madeira pode se deteriorar com o tempo, justamente por precisar dessa manutenção, o vidro não altera suas propriedades ao longo dos anos, sendo um produto de ótimo custo-benefício aos clientes;
– Estéticas diferenciadas — O aspecto estético do vidro pode mudar de acordo com o ambiente no qual é instalado, como afirma Viviane Sequetin, gerente de Marketing da Guardian para a América Latina: “Ele oferece transparência com ou sem reflexão, o que traz um toque especial a um móvel, por exemplo, pois a iluminação pode ser refletiva ou transmitida através dele”;
– Maior disponibilidade no mercado — Não existe madeira ilimitada à venda. “Ela sofre com a escassez, por conta das limitações de sua extração”, comenta César Cini, diretor-presidente da Cinex, empresa pioneira no uso de vidro em mobiliários no Brasil. Embora o vidro não seja fabricado infinitamente, sua produção não está submissa a legislações que restrinjam ou limitem sua produção e ao controle de organizações governamentais;
USO EM CONJUNTO
Além de substituí-la, o vidro também pode ser combinado à madeira para trazer diferentes texturas a um espaço. “Recomendo o uso de vidro incolor ou pintado sobre o tampo de madeira de uma mesa de jantar, ou de centro, para protegê-la. Isso traz brilho para o objeto, mudando totalmente o visual final da peça e deixando-a mais sofisticada”, sugere Patrícia Pasquini.
EXEMPLOS DE APLICAÇÕES EM QUE O VIDRO PODE SUBSTITUIR A MADEIRA
– Revestimentos de superfície;
– Tampos de mesa e bancadas;
– Prateleiras;
– Portas externas e internas de armários e guarda-roupas (foto 3);
– Painéis de TV
VIDRO X ACRÍLICO
VANTAGENS DE NOSSO MATERIAL – Custo-benefício — Algumas das fontes consultadas para esta reportagem consideram o acrílico um dos principais concorrentes do vidro na decoração de interiores. Isso porque sua transparência parece indicar que ele possui os mesmos atributos de uma peça envidraçada, mas custando mais barato. Na verdade, não é bem assim. O baixo custo do acrílico se dá apenas em chapas de espessuras finas – o que já o inviabiliza para o uso em divisórias, por exemplo. “Além disso, ele não é mais uma matéria-prima tão barata, pois é oriundo do petróleo e sofre pela alta do dólar. Em tempo de respeito ao planeta e sustentabilidade, usar um derivado de recursos fósseis é um contrassenso”, afirma César Cini, da Cinex;
– Segurança — O vidro é imbatível nesse quesito, já que aplicações de acrílico podem romper facilmente. “Os destaques, claro, são os laminados — que, quando quebram, ficam com os fragmentos presos a uma película — e os temperados, que se fragmentam em pedaços pequenos”, reforça Viviane Sequetin, da Guardian;
– Aspecto visual — “O acrílico é mais maleável e muito sensível a arranhões, os quais, se por ventura acontecerem, vão deixá-lo com aspecto fosco e sujo”, explica Viviane Sestari, diretora-comercial da processadora Marcetex. Somente o vidro consegue manter suas características ao longo do uso, como indica Ana De Lion, da AGC: “É um material que não amarela com o tempo, não envelhece e nem perde seu aspecto transparente. Também não retém sujeiras por não ser um material poroso”;
– Tecnologias — Os diferentes tipos de vidro (como os de controle solar, os com revestimento antibacteriano e antiviral etc.), assim como as diferentes especificações, garantem de isolamento térmico e acústico a maior transmissão de luz, empregando características de conforto e sustentabilidade que não são encontradas em materiais plásticos. “É possível ainda aliar o uso do vidro à privacidade, com a opção dos insulados com persianas e do vidro privativo, que conta com uma tecnologia que transforma a chapa de cor branca translúcida em incolor em segundos”, indica Fernanda Quintas, da PKO do Brasil, fabricante de uma solução como essa, o Privacy Glass.
EXEMPLOS DE APLICAÇÕES EM QUE O VIDRO PODE SUBSTITUIR O ACRÍLICO
– Divisórias e fechamentos;
– Mostruários e vitrines;
– Prateleiras;
– Tampos de mesas de centro;
– Objetos e utensílios em menor escala.
VIDRO X PORCELANATO e PEDRAS
VANTAGENS DE NOSSO MATERIAL – Facilidade na instalação — Pedras como mármore, granito ou quartzo são mais pesadas do que o vidro, além de racharem com maior facilidade. Por isso, o processo de instalação de nosso produto é muito mais prático e rápido. “O acabamento de borda dos vidros também é superior ao do porcelanato. E, ainda por cima, para ter bordas homogêneas, atinge preços maiores”, esclarece César Cini;
– Variedade de cores — O vidro tem aspecto uniforme, o que é um grande benefício ao considerar possíveis reposições de peças. E um de seus grandes benefícios está justamente em sua variedade de cores, o que pode levar designers e arquitetos a explorar diversas estéticas de acordo com a finalidade do espaço. As peças estão disponíveis em diferentes tons, de acordo com a fabricante;
– Menor chance de manchas — “Pedras e porcelanatos mancham facilmente com solventes e em contato com líquidos”, alerta Viviane Sestari, da Marcetex, relembrando que com o vidro a chance de ocorrer esse problema é menor. Em cozinhas, onde o manuseio de alimentos e produtos de limpeza é uma constante, nosso material pode ser uma boa solução.
USO EM CONJUNTO
As características complementares do vidro podem casar muito bem com pedras em banheiros, por exemplo: espelhos e acidatos dariam um toque de elegância e sutileza em locais em que estão instaladas.
EXEMPLOS DE APLICAÇÕES EM QUE O VIDRO PODE SUBSTITUIR O PORCELANATO E AS PEDRAS
– Revestimentos de superfície;
– Tampos de mesa e pias;
– Backsplashes de pia (aquela área localizada entre a parede e os armários suspensos) e de bancadas de cozinha;
A usina de base informou que a manutenção preventiva realizada ao longo do mês passado no forno de Tatuí (foto), interior de São Paulo, foi concluída com sucesso. A empresa já voltou a empacotar vidros produzidos nessa planta, cuja capacidade produtiva é de 800 t por dia. Segundo a Guardian, esse tipo de parada, realizado em média a cada três anos, tem o objetivo de manter a qualidade da produção dos produtos fabricados ali e não causou impacto no fornecimento de vidro aos seus clientes no período.
No dia 27, a usina promoveu uma live em seu perfil no Instagram com a participação da arquiteta e artista plástica Patricia Pomerantzeff. Youtuber e fundadora do maior canal de arquitetura do País, o Doma Arquitetura, Patrícia esclareceu dúvidas de seus seguidores e dos espectadores sobre o uso do vidro em obras, incluindo questões a respeito da fabricação do material, relevância dos produtos de controle solar para o clima brasileiro e importância de se seguir as normas técnicas vidreiras da ABNT. A conversa foi mediada por Betânia Danelon, gerente-comercial da Guardian para o segmento de arquitetura.
O portal Canal do Serralheiro realizou, de 22 a 26 de março, o Fachada Glazing – Fórum de Tecnologias e Produção de Fachadas. O objetivo da iniciativa, que teve a Abravidro entre seus apoiadores, foi oferecer conteúdo técnico aos profissionais das indústrias de esquadrias, assim como a arquitetos e engenheiros.
Ao abrir o fórum, no dia 22, o professor Alexandre Araújo, fundador do portal, enfatizou que a busca pela inovação deve ser constante – e aquele que ficar estagnado está fadado ao fracasso. Confira a seguir o resumo das principais palestras do evento.
Evolução nos sistemas e projetos
Antônio B. Cardoso, sócio da AC&D Consultoria em Alumínio e Participações, falou sobre fachadas-cortina unitizadas. A chegada desse sistema ao País, nos anos 2000, foi um marco para a construção civil nacional: entre as diversas vantagens que ele traz, Cardoso listou: possibilidade de se acompanhar a produção dos módulos, o que garante maior controle em relação ao desempenho da estrutura; maior velocidade na entrega da obra; mais facilidade na vedação e na identificação de pontos de falhas; e maior segurança para o profissional na obra, uma vez que toda a operação com o sistema é feita do lado interno e no apoio da laje.
A evolução das fachadas também foi abordada pelo engenheiro Arimatéia Nonatto, gerente de Engenharia & Produtos da Engen-Up. Nonatto abordou o conceito de sistemas inteligentes, incluindo o vidro, aplicados na arquitetura para a melhoria da qualidade de vida, apontando novos conceitos ecológicos, entre eles a arquitetura biomimética – que busca soluções sustentáveis na natureza, tentando compreender as normas que a regem – e a arquiborescência, cujo propósito central é transformar a cidade em um grande ecossistema natural. Foram apresentados ainda projetos e obras de diversas partes do mundo nas quais esses conceitos já vêm sendo aplicados.
Controle solar
Fernando Westphal, professor e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), comentou sobre o uso de vidros de controle solar e as atuais tendências do produto para empreendimentos residenciais e comerciais. Para ele, que também é engenheiro, os ambientes de trabalho valorizam aberturas cada vez maiores, integrando os escritórios com o exterior da edificação. Da mesma forma, em residências, preza-se a entrada de luz natural, essencial para a higiene e saúde dos moradores.
Porém, para que isso tudo seja possível, é importante levar em conta a necessidade de redução nos ganhos de calor em edificações. Nesse sentido, Westphal explicou o processo de fabricação dos vidros de controle solar: um revestimento metálico, aplicado em uma das faces da peça, funciona como um filtro para a radiação solar. Pela diversidade de revestimentos e funções existentes no mercado, é essencial que o especificador sempre avalie os níveis de fator solar (relacionado à quantidade de calor que atravessa o vidro) e transmissão luminosa (a porcentagem de luz que passa pelo vidro e chega ao interior do ambiente) de cada item a fim de verificar qual deles melhor atende as necessidades da obra – segundo o Manual Técnico do Vidro Plano para Edificações, da Abividro, existem 114 tipos do produto fabricados no Brasil. O palestrante falou ainda sobre a recente revisão do texto da norma NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho e mudanças que a nova versão traz, como a incorporação da classificação da esquadria (vidro + perfil) de acordo com as três zonas climáticas brasileiras identificadas na NBR 10821 — Esquadrias para edificações.
Duas palestras tiveram no conteúdo a aplicação dos vidros de controle solar na construção civil — a da arquiteta Betânia Danelon, gestora nacional da equipe de gerentes técnicos da Guardian, e a do engenheiro Nilson Viana, coordenador de Mercado da Cebrace. Em ambas as apresentações, apontou-se que, quanto mais refletivo o vidro, maior é o controle tanto na passagem de calor para dentro do ambiente quanto na entrada da iluminação natural — apesar disso, o mercado já conta com vidros de alto desempenho, que proporcionam conforto térmico mesmo com aspecto visual mais transparente, com baixa reflexão. Além disso, a cor do produto e sua composição (monolítico, laminado, insulado etc.) também interferem no desempenho. Betânia destacou as funções desempenhadas pelo vidro nas fachadas — vedação, estética e desempenho — e a importância de um bom trabalho multidisciplinar entre os diferentes profissionais envolvidos na obra desde o projeto até a instalação, a fim de que o glazing apresente o resultado esperado.
Novas tendências
Crescêncio Petrucci, engenheiro e sócio-fundador da Crescêncio Consultoria, revelou detalhes sobre o projeto do YachtHouse, complexo residencial do Balneário Camboriú (SC), cujo design foi desenvolvido pelo renomado estúdio Pininfarina, famoso por desenhar automóveis de marcas como Ferrari e BMW. A obra, o mais alto prédio residencial da América do Sul, conta com duas torres a serem inauguradas em breve — ambas têm insulados de controle solar em suas fachadas.
O engenheiro Igor Alvim, diretor técnico da QMD Consultoria, abordou a compatibilização de projetos de sistemas de fachadas, apontando a necessidade de que se conciliem as determinações presentes nas normas técnicas, o desejo da arquitetura e as expectativas e o orçamento do cliente. Alvim alertou que o projeto da edificação precisa ter um objetivo bem definido unindo desempenho, vida útil e estética visual. Por fim, comentou que é necessária atenção especial ao transporte das estruturas até o local da obra, assim como aos procedimentos para fixá-las, vedá-las e instalá-las, entre outros aspectos.
Cuidados na instalação
Paulo Gentile, engenheiro e coordenador das áreas de Desenvolvimento de Produto da Construção civil e Centro de Distribuição de Acessórios da Hydro, abordou diagnósticos, causas e prevenção de patologias em fachadas envidraçadas. Entre as principais causas de problemas em edificações, segundo Gentile, estão a instalação errada das ancoragens, com encaixes feitos de forma incorreta ou improvisada, e o travamento das presilhas para fixação. O engenheiro citou ainda como pontos negativos o uso de parafusos de metais diferentes dos especificados no projeto, o que pode levar à sua oxidação, e a usinagem malfeita dos perfis e elementos atrapalhando a vedação do sistema. No caso da vedação, o profissional enfatizou que ela precisa sempre ser vulcanizada nas emendas e o instalador deve estar atento se o silicone utilizado é neutro ou acético, pois há circunstâncias em que somente um tipo pode ser utilizado.
Ainda na área de silicones, Emir Debastiani, engenheiro de Aplicações da Dow, falou sobre a versão estrutural do produto, item responsável por fazer a ligação química entre as peças de vidro e a esquadria de alumínio — o material tem de suportar todas as cargas dinâmicas e deformações à qual a fachada estará submetida, como pressões de vento e variações térmicas. Debastiani alertou ainda que o selante de silicone estrutural deve ter uma série de características comprovadas e certificadas em laboratório, incluindo excelente resistência a raios ultravioleta e a intempéries. Além disso, não pode perder suas características com o passar dos anos. Por sua vez, Renato Barbieri e Fabrice Barriac, da GE Silicones, mencionaram que a substituição de vidro colado com silicone estrutural em fachadas deve sempre levar em conta as orientações da NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural.
Na palestra final do evento, Yuri Alvim, diretor de Planejamento da QMD Consultoria, explicou a metodologia do ensaio de estanqueidade à água, feito na obra, no início da instalação, para verificar o desempenho das fachadas. Tanto o ensaio em laboratório como o realizado na construção são essenciais para garantir a estanqueidade do sistema: enquanto o primeiro valida a solução escolhida, o segundo valida sua execução e permite antecipar problemas futuros antes da ocupação do edifício.
Outras palestras relevantes do Fachada Glazing
– Luiz Cláudio Rezende (Juca), da Viminas: Vidro para fachadas envidraçadas: como especificar seguindo as recomendações das normas técnicas da ABNT (veja mais sobre essa palestra clicando aqui)
– Gilberto da Silva Fernandes, da Hard: Especificação de sistemas de fixação química e mecânica aplicados em ancoragens de fachadas envidraçadas para melhor custo-benefício
– Hélio Donizetti, da Perfil Alumínio: Como ampliar a área social de uma edificação utilizando abertura de correr em fachadas contínuas de alumínio e vidro
– Luis Carlos Santos, do Grupo Basica (México): Projetos de fachadas envidraçadas em zonas sísmicas e de furacões: estudo de caso das obras Diagonal, na Cidade do México, e Susncapeem Cancún
– Marcos Lemes e Márcio Souza, do Esquadgroup: Diretrizes para utilizar software paramétrico para modelagem, levantamento de materiais e relatórios de produção de fachadas envidraçadas
– Roberto Almeida, da Adere: Aplicação da fita dupla-face em fachada glazing: como melhorar a produtividade de forma mais rápida, limpa e com excelente custo-benefício
Quando você olha para os dois lados de um float, eles são a mesma coisa, certo? As aparências enganam. As duas faces têm diferenças importantes — e saber identificar cada uma é fundamental para garantir o processamento correto da chapa.
A origem das diferenças
Durante o processo de fabricação, depois que a matéria-prima é fundida, a massa vítrea resultante é despejada em uma piscina de estanho líquido em uma atmosfera controlada conhecida como “banho” de estanho. “Nesse processo, o vidro flutua por diferença de densidade no estanho líquido, onde ganha forma, espessura e largura. O processo garante as propriedades ópticas desejáveis com baixíssimos níveis de distorção”, detalha Fábio Reis, gerente técnico-comercial da Guardian.
É nessa etapa que as faces do float se diferenciam. “Isso acontece porque uma das suas superfícies está diretamente em contato com o estanho fundido, enquanto a outra fica em contato apenas com o ar inerte do ambiente do forno”, complementa Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro. As duas superfícies podem ser chamadas, respectivamente, de “lado do estanho” e “lado do ar”.
A olho nu, não se nota qualquer diferença entre elas. Mas, vistas com as ferramentas certas, a história muda. Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix, explica: “Ao olhar o vidro com um microscópio, verifica-se que ele é poroso, tal como uma esponja. Na fabricação, o lado do ar ainda apresenta microporosidade, enquanto na outra face a superfície está selada, pois o estanho forma uma fina camada por cima dela”.
“Durante a etapa de resfriamento e recozimento do vidro, a face do estanho fica em contato com os rolos transportadores”, detalha Ramon Peres, supervisor de Qualidade da AGC. Isso contribui para a absorção dos resíduos do banho de estanho pela superfície da chapa.
Como saber qual é qual?
A identificação do lado do estanho ou do lado do ar é muito importante, pois diferentes trabalhos feitos na processadora podem exigir um lado específico para que se obtenha melhor desempenho, alerta Cláudio Lúcio, frisando que a escolha da face certa para cada finalidade desejada proporciona vários benefícios. Veja alguns:
– Melhor adesão;
– Melhor resistência;
– Menor frequência de problemas e defeitos resultantes no processo (como riscos e manchas);
– Melhoria nos atributos estéticos e nos requisitos técnicos do produto;
– Adequação da efetividade do vidro.
Mas como se faz isso? Wender Cotrim, gerente-industrial da Vitral Vidros Planos, responde: “Existem diversos métodos artesanais para identificação do lado, como os testes do tato e da gota de água. Porém, nenhum é tão eficaz como o uso de um detector de estanho”. Constituído basicamente por uma lâmpada ultravioleta de ondas curtas, sua iluminação, ao banhar a superfície do vidro pelo lado do banho de estanho, faz com que a peça apresente aspecto esbranquiçado e ‘nublado’. Caso a face em contato direto com a luz seja a do ar, os raios ultravioleta passam por ela normalmente.
Outra possibilidade é a localização da linha de Hertz: “O lado do ar é facilmente identificado observando a borda da chapa de vidro; ele é o lado da aresta que apresentar a linha de Hertz [microtrincas resultantes do rodízio de corte feito ainda na usina de base]”, explica Cláudio Lúcio.
Após essa verificação, o instrutor técnico da Abravidro recomenda a colocação de etiqueta no float a fim de permitir que os profissionais no chão de fábrica saibam qual é cada face, do início ao fim do processo.
O lado certo para cada etapa
Corte
A face ideal para essa etapa é a do ar. De acordo com Cláudio Lúcio, “ela resulta em um destaque de forma mais limpa, tanto nas arestas das peças como nas do revestimento da forração da mesa onde essa tarefa é feita, o que resulta em menor índice de chapas riscadas”.
Serigrafia
Em geral, recomenda-se a aplicação dos esmaltes na face do ar. “O uso no outro lado pode levar a distorções de cores após a queima, devido às reações dos metais contidos no esmalte com o resíduo de estanho do float”, orienta Adalberto Ferrari, gerente de Vendas na área de Esmaltes para Vidro e Porcelana da Ferro. Contudo, há exceções: “No caso dos vidros traseiros automotivos, onde são aplicadas as pastas de prata com função de desembaçador, utiliza-se a face do estanho, devido à reação que essas pastas têm com o estanho, formando uma cor bronze nos filetes dos desembaçadores”.
Camila Batista, engenheira de Desenvolvimento de Produto da Cebrace, faz outra observação sobre o lado do estanho: se a opção for pintá-lo, é importante levar em conta que tintas especiais devem ser usadas para este fim. “Nesse caso, também é necessária a realização prévia de testes para homologação da estética da tinta nesta superfície.”
Laminação
O lado certo para esse processo depende do tipo de interlayer usado:
– Para laminações com PVB, EVA ou resina, Cláudio Lúcio indica que o lado em contato com o interlayer seja o do ar: por sua superfície ter maior rugosidade e, consequentemente, maior área de contato e estabilidade química, ele propicia maior ancoragem química e mecânica.
– Renato Santana, coordenador de Qualidade e Lean Manufacturing da GlassecViracon, aponta que a face do estanho deve ser usada se o interlayer for estrutural, como o SentryGlas. “Isso acontece porque a reação entre o produto e o lado do estanho proporciona a adesão ideal para o laminado. No caso do SentryGlas, o uso em contato com a face do ar resulta em baixa adesão e pode levar à delaminação.”
Têmpera
De acordo com Santana, da GlassecViracon, não há nenhuma restrição em relação aos lados do vidro na têmpera. Já Cláudio Lúcio recomenda que o lado do estanho seja colocado em contato com os rolos do forno de têmpera, “pois isso resulta em tempo de aquecimento relativamente menor para a obtenção da mesma temperatura final absorvida pela massa das peças de vidro”.
Renato lembra que no caso dos vidros revestidos, “a face na qual o coating foi aplicado deve estar sempre voltada para cima, tanto na etapa de corte como na de têmpera”.
Reação à umidade
– Cotrim, da Vitral, ensina que, ao manusear os vidros com ventosas a vácuo, o contato delas deve ser sempre com o lado do ar. “A área de contato das ventosas poderá deixar marcas na superfície da face do estanho, especialmente em ambientes com alta umidade.”
– Contudo, o lado do ar é mais suscetível ao surgimento de manchas esbranquiçadas (fase 1 de irisação) quando o vidro permanece molhado e empilhado secando ao ambiente. Cláudio Lúcio explica que isso se dá devido à solubilização do sódio livre (mais presente nessa face do vidro) em reação com o pH alcalino da água usada na lapidação, furação e outras máquinas, quando ela não é tratada antes do seu reaproveitamento.
Instalador também precisa de atenção
Embora esta reportagem seja direcionada para o processamento do vidro, as diferenças entre as duas faces também influenciam no desempenho de sua aplicação, dependendo da face utilizada. A seguir, algumas dicas:
– A superfície mais rugosa do lado do ar torna-o mais adequado para a colagem do vidro, seja com fitas dupla-face ou selantes de silicone ou poliuretano;
– Já na instalação de janelas, peles de vidro, vitrines e boxes de banheiro, recomenda-se que o lado do estanho seja aquele submetido ao contato com a água e intempéries, minimizando os efeitos de manchas causadas por maresia, chuvas, poluição ou produtos alcalinos (como sabonetes).
A Guardian anunciou ao mercado que fará uma pausa para manutenção preventiva do forno de Tatuí, em São Paulo: a parada será em 30 de março, com expectativa de retomada da produção já no mês de abril, porém sem data confirmada para isso. De acordo com Renato Sivieri, diretor-comercial da usina, trata-se de uma manutenção regular realizada, em média, a cada três anos. Sivieri assegura que todas as medidas preventivas foram tomadas para evitar a disrupção na cadeia de fornecimento — a empresa irá garantir o atendimento aos clientes de sua carteira nesse período.
A usina também anunciou novos produtos. Um deles é a tonalidade off white para o vidro DecoCristal – o material, pintado em um dos lados e com alto brilho, já estava disponível nas opções preta e branca-clara. Segundo a Guardian, a nova cor bege neutra se adapta aos mais diversos ambientes e confere um toque especial em superfícies decorativas aplicadas na decoração de interiores e indústria moveleira.
Já o vidro de controle solar SunGuard Âmbar, revelado à imprensa em encontro online, pode ser usado em fachadas, decoração, interiores e móveis. A empresa destaca que a cor âmbar do produto está em linha com as tendências atuais buscadas pelo mercado da construção civil, tendo surgido da demanda de arquitetos e construtoras.
A capa de O Vidroplano de fevereiro trouxe um marco da arquitetura com nosso material no País: o Skyglass Canela, instalado no Rio Grande do Sul, complexo inaugurado em dezembro que abriga a maior plataforma envidraçada sobre cânion do mundo. O projeto é mais uma confirmação da capacidade do setor vidreiro brasileiro de estar presente em obras de nível internacional.
Por isso mesmo, vale uma pergunta: além do Skyglass, quais seriam as grandes construções brasileiras com vidro dos últimos anos? Para saber quais poderiam se encaixar nesse quesito, nossa reportagem consultou usinas, processadoras e instaladoras. As empresas indicaram projetos de grande porte, com milhares de m² do material instalados, mas também outros menores, porém não menos icônicos. Aprecie!
VITRA Local: São Paulo Projeto: Daniel Libeskind Conclusão da obra: 2015 Fornecedor do vidro: Guardian Processador: GlassecViracon
Um dos arquitetos mais reconhecidos mundialmente pelo uso de nosso material, o polonês naturalizado americano Daniel Libeskind criou um ícone residencial contemporâneo: o Vitra, construído no bairro paulistano do Itaim Bibi. Antes mesmo de ficar pronta, a obra já tinha sido considerada, pela revista Worth, um dos dez melhores edifícios residenciais do mundo. São 14 apartamentos, um por andar, com cada um tendo uma planta exclusiva. A fachada, de 10 mil m² de laminados de controle solar SunGuard RB40 on clear, possui certa transparência para permitir a interação dos interiores com a cidade.
SOBRALNET – ICETEL Local: Sobral (CE) Projeto: Liliane Cristina Conclusão da obra: 2019 Fornecedor do vidro: Vivix Processador: Amazon Temper
A sede da Sobralnet e do Instituto Cearense de Tecnologia, Empreendedorismo e Liderança Vidro recebeu peças laminadas (4 + 4 mm) do Vivix Performa Duo, material de controle solar recomendado para as características climáticas brasileiras. Seu aspecto refletivo na cor cinza faz com que, durante o dia, não seja possível enxergar a parte interna da construção. No entanto, à noite, os interiores interagem com o exterior.
ÓRION BUSINESS & HEALTH COMPLEX Local: Goiânia Projeto: MKZ Arquitetura Conclusão da obra: 2018 Fornecedor do vidro: Cebrace Processador: Vitral
O maior complexo de negócios e saúde do Centro-Oeste brasileiro reúne um misto comercial diverso: salas para consultórios e escritórios, hospital, hotel e shopping center. Sua grandiosidade se reflete também no heliponto exclusivo e nas 1.400 vagas de estacionamento disponíveis aos usuários. A fachada da torre principal tem 25 mil m² de vidros de controle solar Cool Lite STB 120 na cor azul – uma forma de diminuir a incidência do calor da região nos interiores.
SÃO PAULO CORPORATE TOWERS Local: São Paulo Projeto: Pelli Clarke Pelli Architects e Aflalo/Gasperini Arquitetos Conclusão da obra: 2016 Fornecedor do vidro: Guardian Processador: GlassecViracon
Cerca de 60 mil m² de SunGuard AG43 on clear formam as fachadas desse paradigma dos novos prédios comerciais da capital paulista. Localizado na região da Vila Olímpia, aposta nesses vidros de controle solar, instalados em unidades insuladas com espessura total de 26 mm, para garantir o conforto térmico de seus ocupantes. Foi o primeiro edifício brasileiro a obter a certificação Leed Platinum 3.0, por conta da gestão eficiente de energia e água e do bem-estar dos usuários.
ESTAÇÃO MORUMBI DO MONOTRILHO – LINHA 17 OURO Local: São Paulo Projeto: Borelli & Merigo Arquitetura Conclusão da obra: 2021 Fornecedor do vidro: Cebrace Processador: GlassecViracon
A mais nova estação do monotrilho paulistano recebeu vidros em diversos espaços, tudo supervisionado pela Avec Design, processadora que utilizou seu sistema patenteado Ecoglazing para encapsular as placas. As fachadas ganharam laminados do vidro de controle solar Cool Lite KNT 155 (8 mm) com PVB estrutural. Essas peças foram aplicadas sobre uma estrutura de alumínio com perfis tubulares, de forma a garantir um design diferenciado. A especificação da cobertura é mais robusta: insulados de 30 mm, formados por laminado de Cool Lite KNT 155 (10 mm) + espaçador de 12 mm + laminado incolor (8 mm).
CANAL OFFICE TOWER Local: Vila Velha (ES) Projeto: Pretti Arquitetos Associados Conclusão da obra: 2019 Fornecedor do vidro: Cebrace Processador: Viminas
Marco da região que se tornou o novo centro econômico de Vila Velha, o Canal Office Tower tem inspirações no design dos grandes empreendimentos imobiliários de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O prédio possui 280 salas comerciais, todas com vista panorâmica da cidade, e 14 lojas. Ao todo, mais de 6 mil m² de laminados refletivos 4 + 4 mm (nas cores verde e verde-escuro) foram aplicados à fachada.
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – UNIDADE MORUMBI Local: São Paulo Projeto: Zanettini Arquitetura e Kahn do Brasil Conclusão da obra: 2020 Processador: GlassecViracon
A unidade Morumbi do renomado hospital da capital paulista passou recentemente por uma enorme reforma em suas instalações. O retrofit das fachadas, coordenado pela equipe da GlassecViracon, ocorreu em dois momentos. A mais recente, finalizada no final do ano passado, renovou três blocos do complexo hospitalar, além do átrio e cobertura do espaço. A fachada recebeu quase 10 mil m² de laminados de vidros de controle solar, nas cores neutra e cinza. Aberturas do tipo maxim-ar ao longo da estrutura garantem ventilação natural, ajudando ainda mais no controle do conforto térmico interno. O outro retrofit trocou os vidros das fachadas do prédio ao lado (laminados de controle solar 10 mm, nas cores prata e branca).
Fim de ano positivo
De acordo com a pesquisa Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em dezembro de 2020 o faturamento da indústria de transformação subiu 1,6%, na comparação com o mês anterior.
Os motivos da recuperação
Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), uma conjunção de fatores possibilitaram a rápida recuperação da indústria registrada em 2020, após a chegada da Covid-19: políticas compensatórias de renda, nível adequado de juros e taxa de câmbio competitiva formaram uma espécie de combo que proporcionou a alta. Já em setembro, o setor havia retornado a patamares pré-pandemia.
Produção em alta
Outro dado positivo: a Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (UCI), índice que aponta o percentual de máquinas comprometidas na produção, alcançou 80,6% no último mês de 2020, valor acima da média registrada no ano (76,4%).
Fôlego
O bom resultado da indústria em dezembro contrastou com as áreas de varejo e serviços, as quais cederam. Mas o ritmo de crescimento foi o mais baixo desde que o setor voltou a crescer, em maio. No acumulado do ano, a produção industrial teve queda de 4,5% no Brasil. Analistas consideram natural que o segmento não repetisse a subida registrada em maio, junho e julho, mas reputam a desidratação vista a partir de outubro — três meses consecutivos de alta próxima a 1% — como preocupante.
FIQUE POR DENTRO
Cientistas descobrem novo tipo de “vidro líquido”
Em janeiro, uma equipe interdisciplinar de pesquisadores da Universidade de Constança, na Alemanha, publicou um artigo no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences comprovando a descoberta de um tipo de vidro líquido, com elementos estruturais antes desconhecidos. O achado possibilitou novas percepções sobre a natureza do nosso material e as suas transições. O assunto é bastante técnico, mas, em resumo, ao invés de se alinhar para formar um padrão ao passar do estado líquido para o sólido, as partículas de vidro se congelam antes que ocorra a cristalização.
Antônio Martins Figueiredo Neto, professor da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a descoberta pode ampliar a forma como entendemos o funcionamento do vidro, pois uma única peça não precisa ter características uniformes. “Podem surgir janelas mais resistentes a certos tipos de esforço, já que é possível programar diferentes respostas para cada área do vidro”, prevê o docente.
RETROVISOR
Mudança na Guardian
2013 começou agitado em O Vidroplano. Na edição de fevereiro daquele ano, noticiávamos a compra de 44% da Guardian pela Koch Industries, um dos maiores conglomerados empresariais americanos. A revista ainda trazia uma entrevista exclusiva em que os executivos americanos da empresa explicavam a estratégia de negócio e os planos para o Brasil. A Koch adquiriu integralmente a Guardian em 2016.
“Valor agregado” é uma expressão usada há um bom tempo nos negócios. Significa aquele item que vai além de sua função básica. O vidro, por exemplo, serve primeiro para fechar vãos. Porém, pode fazer muito mais que isso: oferecer segurança, conforto térmico e acústico e beleza estética, entre outros benefícios.
Para o setor sonhar com um crescimento igual ao do começo da década passada, vale voltar a atenção para esse tipo de produto. Por isso mesmo, O Vidroplanoconversou com as usinas brasileiras, e também com uma arquiteta, para entender os diferenciais desses materiais e como o trabalho com eles deve ser realizado.
O significado
Um “vidro de valor agregado” deixa de ter a característica simples de commodity para se tornar algo diferenciado. Maria Luiza Ciorlia, a Malu, gerente de Marketing da divisão de Vidros para Construção Civil da AGC, explica esse conceito: “A maior parte desses vidros passa por algum processamento complementar após a produção”. Nesse sentido, o de controle solar recebe revestimento (coating); o espelho passa pelo processo químico de aplicação de prata, tinta protetora e outros componentes; o vidro pintado recebe a tinta em uma das superfícies etc. “Mas eles também podem ser provenientes da fabricação do float, como os extra clear, com baixo teor de ferro, os espessos e os com tonalidades diferentes”, complementa Malu. Portanto, o que vai caracterizar um produto desse tipo é o potencial que ele tem de gerar mais valor para quem o consome – e também para quem o comercializa.
Levando em conta que temperados e laminados também se encaixam nessa categoria, o foco desta reportagem está nos materiais “especiais”, aqueles com qualidades únicas que servem como interessante apelo de venda junto ao cliente. Afinal, como reforça Mônica Caparroz, gerente de Marketing da Cebrace, “para cada demanda, existe um vidro de valor agregado mais indicado, seja para ser aplicado em interiores ou em fachadas”.
O impacto nos negócios
Na indústria nacional como um todo, o produto básico (a commodity) tem grande participação no faturamento das empresas. Porém, os itens de valor agregado vão ganhando mais relevância à medida que os consumidores percebem os ganhos. Essa é a razão de as usinas apostarem neles. “Temos investido de forma permanente na ampliação e fortalecimento do portfólio, a exemplo dos recentes lançamentos nas linhas Vivix Performa e Vivix Decora, além de outros projetos já em andamento”, comenta Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix.
Mônica, da Cebrace, reforça que essas soluções têm um custo mais alto, mas, ao mesmo tempo, contam com maior valor percebido pelo consumidor. “Como é um mercado em expansão, cada vez mais exigente com os produtos escolhidos, a tendência é que esse impacto no faturamento se transforme gradualmente em um dos carros-chefes de todas as empresas da cadeia vidreira.”
Esse valor percebido faz com que vários tipos de vidro passem a concorrer diretamente com outros materiais. “Os utilizados em revestimentos, por exemplo, podem substituir as cerâmicas em muitas aplicações”, indica Malu, da AGC. “Os vidros de controle solar, por sua vez, podem contribuir com a sustentabilidade das obras, com características como a redução de uso de energia elétrica e o conforto térmico gerado a uma residência.”
A necessidade de conscientizar
Apesar do uso mais disseminado hoje em dia, ainda existe muito espaço para o crescimento na aplicação desses produtos. E isso passa pela conscientização não só do público, mas também de quem especifica, como arquitetos, engenheiros e designers de interiores. “Oferecendo informação de qualidade por meio de treinamentos e palestras, podemos contribuir para ampliar a demanda”, opina Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian.
O Circuito de Palestras Guardian reuniu profissionais em diversas cidades do País para palestras sobre tendências modernas no uso do material, incluindo dicas para vidraceiros sobre as melhores formas de agregar valor a seus negócios. Ano passado, em meio à pandemia, a empresa promoveu lives pela Internet a respeito de temas técnicos envolvendo a aplicação desses itens. “Também temos um canal de comunicação, via WhatsApp, no qual profissionais do setor podem se cadastrar para receber informações sobre vidros e espelhos”, afirma Sivieri. Somado a isso, existe ainda um serviço de consultoria técnica, prestado presencialmente e de forma remota.
A AGC fez parcerias com centros de formação profissionais para a realização de cursos, buscando maior proximidade com os especificadores. “A nossa estratégia é a comunicação com toda a cadeia de valor da indústria. Para isso, utilizamos todos os nossos canais de contato direto com o consumidor, mostrando que a utilização do vidro pode ir muito além de um boxe de banheiro ou de uma janela”, explica Malu.
Participar de ações de apoio junto a entidades vidreiras para a organização de treinamentos em diferentes Estados é uma boa solução para a questão, segundo a Cebrace. Esses eventos são organizados com regularidade, sendo noticiados no site da Abravidro e na seção “Agenda”, onde aparece a data de cada um deles (abravidro.org.br/fique-por-dentro/agenda). “Quanto mais falarmos sobre os benefícios e ensinarmos a especificação correta, melhor. Por isso, disponibilizamos uma consultoria técnica em todo o Brasil a fim de auxiliar nessa tomada de decisão”, revela Mônica Caparroz. “É importante manter projetos e parcerias com os setores de arquitetura e construção para gerarmos resultados a médio e longo prazos.”
Com a informação e oportunidades de formação cada vez mais disponíveis, esses arquitetos, engenheiros e designers se tornam a ponte entre o mercado vidreiro e os clientes finais, levando o conhecimento até eles. Mas, para que isso gere frutos reais, relembra Malu, da AGC, é muito importante que as usinas tenham esses produtos em estoque. “As fábricas precisam manter o abastecimento dos materiais, oferecendo cada vez mais produtos diferenciados e com uma qualidade que justifique e estimule a decisão de compra.”
Pelo olhar de quem especifica
“Eu adoro sugerir novidades para meus clientes e divulgá-las em mostras de decoração”, admite a designer de interiores Patrícia Kolanian Pasquini. Seu trabalho é a prova de que esse canal de comunicação com quem efetivamente consome vidro faz a diferença. “Normalmente, eu primeiro apresento o produto, mas sei que ele sempre vai gerar dúvidas caso seja algo diferenciado. Em seguida, mostro projetos que já fiz utilizando tal produto ou referências. Com isso, o cliente entende e o resultado final sempre o agrada.”
Segundo Patrícia, várias pessoas que a contratam chegam com ideias fixas de soluções e materiais, o que pode ser atribuído à falta de conhecimento do que está disponível no mercado. “Vejo que o novo agrada, pois realmente não sabiam sequer da existência. Mas sempre perguntam do custo. Talvez esse seja o principal motivo de termos um consumo menor de itens de valor agregado no Brasil”, comenta a designer de interiores.
O “fantasma” do preço só será vencido quando os benefícios trazidos ficarem claros na mente do público. Patrícia cita um exemplo disso: “Adoro espelho bronze, sempre uso em áreas sociais. Tem um custo mais alto que o espelho cristal? Sim. Porém, vale o investimento, pois irá agregar uma estética única à obra. Hoje, alguns clientes me procuram já pedindo ‘quero aquele espelho’”. (Veja mais aplicações de valor agregado feitas por Patrícia na seção “Para sua vidraçaria”, clicando aqui)
Cuidados especiais
De nada vai valer o consumidor saber de todos esses benefícios se as empresas não levarem em conta as particularidades do manuseio de vidros de valor agregado. Os de controle solar ou outros com revestimento, por exemplo, demandam cuidados especiais, principalmente em relação à superfície que recebeu o coating – da mesma forma que espelhos e acidatos. Mesmo assim, vale comentar que as características de processamento e manutenção são mínimas quando comparadas aos diferenciais comerciais entregues por esses materiais.
Sivieri, da Guardian, também tem recomendações: “Indicamos as melhores práticas independentemente do tipo de vidro, como o uso de luvas limpas, separadores entre chapas e materiais para limpeza compatíveis”.
Catálogo de qualidade
É hora de conhecer alguns dos principais vidros de valor agregado disponíveis no Brasil. Veja a seguir, divididos por tipo e fornecedor.
DE CONTROLE SOLAR — Filtram a entrada de calor e de raios ultravioleta (UV) no ambiente. Aplicados em fachadas, fechamentos de saguões e entradas de prédios, envidraçamento de sacadas etc.
AGC Sunlux Shadow — Linha produzida especialmente para climas tropicais, como o do Brasil. Com variadas opções de cores e disponível em quatro níveis de transmissão de luz; Stopsol — Com aparência âmbar, pode ser utilizado em instalações externas e internas; Sunergy —Low-e (com baixa emissividade) de aparência neutra.
Cebrace Cool Lite — Família de produtos que engloba quatro linhas: – BR: linha produzida especialmente para o clima brasileiro; – K:low-e de aspecto neutro; – S: garante redução de até 80% da entrada de calor e 99% dos raios UV; – SK:low-e com baixa reflexão; Habitat — Linha para uso residencial, bloqueia quase 100% dos raios UV, ajudando a proteger móveis, cortinas e tapetes do desbotamento precoce; Emerald — Na cor verde, oferece grande passagem de luz e baixa reflexão.
Guardian SunGuard — Família de produtos que engloba três linhas: – Solar: vidros de aspecto espelhado, voltados para aplicação comercial; – High Performance: permite maior entrada de luz no ambiente; – SuperNeutral: peças de aparência neutra que garantem altos níveis de transmissão de luz e menor ganho de calor solar; ClimaGuard — Linha para uso residencial, bloqueia duas vezes mais calor do que um vidro comum e protege contra os raios UV, além de ter baixos índices de reflexão.
Vivix Vivix Performa — Bloqueia o calor até quatro vezes mais do que um incolor e evita a entrada de raios UV. Disponível em duas versões: monolítica (cores bronze, verde e cinza) e laminada (a Vivix Performa Duo, em seis cores). Podem ser utilizados ainda em móveis e interiores.
Existem também vidros de controle solar com uma aparência mais espelhada, que refletem os seus arredores com maior intensidade. São os preferidos para a aplicação na decoração e em móveis, embora alguns dos citados ao lado também sirvam para essas soluções.
Cebrace Reflex — Peças de tonalidade dourada; Reflecta — Com aspecto brilhante, está disponível na tonalidade incolor.
Guardian Vidro Refletivo Guardian — Disponível nas cores prata e champanhe.
PINTADOS — Como o nome indica, a parte de trás das peças é pintada em diferentes cores. Usado principalmente para a decoração de ambientes, revestimento de paredes e em móveis.
Vidro de controle solar na cor âmbar Divulgação AGC
AGC Lacobel — Nove opções de tonalidade, sendo que as versões branca, extrabranca e preta são produzidas no Brasil; Lacobel T — Vidro pintado que passa pelo processo de têmpera, graças ao uso de uma tinta patenteada, desenvolvida por um fornecedor parceiro. Cinco cores disponíveis.
Cebrace Laqueado — De aspecto envernizado e com alto brilho. Disponível nas cores branca, extrabranca e preta.
Guardian DecoCristal — De aspecto envernizado e com alto brilho. Produzido nacionalmente nas cores preta, branca e off white.
Vivix Vivix Decora — Disponível nas cores preta, branca e nude, garante facilidade de limpeza e durabilidade.
EXTRA CLEAR — Peças com baixo teor de ferro, mais claras que os vidros incolores. Podem ser usadas em fachadas, fechamentos de vãos, divisórias e móveis.
AGC Clearvision — Segundo a empresa, é o extra clear com a tonalidade mais clara encontrada no País.
Cebrace Extra Clear — Permite reprodução natural e verdadeira das cores branca e pastel quando esmaltado, envernizado ou serigrafado. Pode ser usado monolítico ou laminado.
Guardian UltraClear — Com excelente clareza e alta transparência, pode ser laminado, temperado e curvo.
EXTRAGROSSO — Como o nome indica, suas espessuras são maiores que as de vidros comuns. Usados principalmente em móveis.
AGC Linea Azzurra — Vidro italiano com tonalidade ligeiramente azulada, está disponível com até 25 mm de espessura.
Cebrace Extra Grosso — Com cor uniforme, é encontrado nas espessuras de 12, 15 e 19 mm.
Guardian Vidro Grosso — Encontrado nas espessuras de 12, 15 e 19 mm.
ESPELHOS PARA DECORAÇÃO — Espelhos especiais, voltados para o uso estético em aplicações decorativas, revestimento de paredes e móveis.
AGC Mirox Premium — Com dupla camada de proteção, altos níveis de reflexão e resistência, é encontrado nas cores tradicional (prata), bronze e fumê.
Cebrace Espelho Cebrace — Oferece reflexo sem distorção, além de maior resistência à umidade, oxidação, formação de manchas e corrosão nas bordas.
Guardian Espelho Guardian Evolution — Conta com uma camada protetora especial aplicada no verso que eleva a durabilidade em relação a manchas e oxidação, protegendo ainda contra riscos nesse lado da peça. Encontrado nas cores prata, bronze e fumê.
Vivix Vivix Spelia — Disponível nas opções incolor, cinza e bronze, oferece maior brilho e durabilidade. A linha possui um processo de produção sustentável, com reciclagem da água e da prata aplicadas no processo.
ACIDATOS — Peças que ganham acabamento com ácido, tornando-as levemente opacas, mas permitindo a passagem de luz. Aplicadas na decoração de ambientes, divisórias e móveis.
AGC Matelux — Com toque acetinado e resistente a manchas, tem aspecto fosco e translúcido; Matelac — Linha que conta com o Matelac Silver (versão do espelho Mirox Premium, nas cores tradicional, bronze e fumê) e Matelac Branco e Preto (versões do vidro pintado Lacobel).
Guardian SatinDeco — Proporciona privacidade com alta transmissão de luz dispersa.
De quedas históricas na produção e faturamento ao aquecimento das atividades no segundo semestre, passando ainda pela apreensão de alguma dificuldade na oferta de vidros planos e outros insumos usados pela cadeia. 2020 foi um teste duro para a economia global e para o nosso mercado não foi diferente. O próximo passo é planejar 2021 com base nas lições aprendidas. Para saber qual a expectativa das empresas vidreiras para este ano, O Vidroplano conversou com diversos segmentos do setor, incluindo usinas, fabricantes de maquinários e de acessórios. Veja também alguns dos principais indicadores da indústria e construção civil e o que eles podem revelar para o futuro próximo.
Confiança em alta…
Medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial vem em alta há alguns meses, mostrando que esse setor superou as principais dificuldades encontradas no início da pandemia: houve forte queda em abril, chegando a 34,5 pontos, o menor patamar da série histórica. De junho a setembro, no entanto, apresentou significativa recuperação, ficando estável em outubro. Já em dezembro, marcou 63,1 pontos, crescimento de 0,2 ponto em relação a novembro – valores acima de 50 indicam confiança do empresariado.
…produção também
Segundo a CNI, a indústria, de forma geral, já ultrapassou os níveis de produção pré-pandemia e deve retomar a trajetória anterior de crescimento, com aumentos graduais da produção, investimento e emprego. Outro indicador medido pela entidade, a Utilização da Capacidade Instalada permaneceu elevada, chegando a 73% em novembro, reforçando esse aquecimento.
Na comparação com outubro, o número representa baixa de 1%, mas essa foi a primeira queda após seis meses seguidos de alta – e, apesar disso, é superior a todos os novembros desde 2014. Vale levar em conta ainda que esse mês costuma ter atividade industrial reduzida. Por isso mesmo, o número alcançado pode ser comemorado.
Construção civil
Mais uma vez de acordo com a CNI, a Utilização da Capacidade Operacional desse setor cresceu em novembro: de 61% para 63%, comparando-se com os dados de outubro. O valor é o maior desde dezembro de 2014 e indica que as construtoras estão trabalhando acima do normal para concluir obras paradas desde o início da pandemia – e esse é um bom sinal também para o mercado vidreiro, já que o nosso material entra apenas na fase final das construções.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial da Indústria da Construção também segue em alta, tendo saltado 1,2 ponto em dezembro, alcançado o total de 60,1 pontos (novamente, um número acima de 50 significa que as empresas estão confiantes para fazer negócios).
O economista Fernando Garcia, fundador da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, foi entrevistado para a edição especial do VidroCast, o podcast da Abravidro. Em sua análise, a construção civil foi um dos poucos segmentos, ao lado da agropecuária e da extração mineral, a ter reação positiva, principalmente por ser incluída entre as atividades essenciais que não precisaram parar durante o período de quarentena. “O setor já vinha numa recuperação importante da crise de 2015 e estava sendo beneficiado pela redução das taxas de juro, o que favoreceu o investimento imobiliário”, comenta.
E o que ocorrerá em 2021? “Acredito que será marcado por um crescimento muito focado na área residencial”, analisa Garcia. Sua justificativa: “Como as pessoas não estão viajando e não estão comprando automóveis, isso as faz terem mais recursos para investir em imóveis”. Por outro lado, edificações comerciais tendem a ficar paradas, “principalmente pelo fato de o comércio varejista ter sofrido perdas gigantescas de faturamento”. Para o economista, os shopping centers se esvaziaram levando à falência de lojas e, por isso, esse setor vai demorar uns dois ou três anos para voltar ao patamar bom de 2019. A construção de prédios de escritórios também deverá diminuir, já que a tendência é as empresas investirem em um modelo híbrido, com espaços menores e envolvendo o home office.
Setor automotivo
O ano passado reservou pouca coisa boa para o mercado de veículos. O destaque está em dezembro, pico de vendas dos últimos 12 meses, atingindo volume maior que o previsto pelas montadoras, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em relação a novembro, até então o melhor mês do ano, teve alta de 8,4%.
No entanto, 2020 representou a maior queda do setor nos últimos cinco anos. Foram 2,06 milhões de unidades vendidas de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, uma baixa de 26,2% ao se levar em conta os números de 2019. A produção também caiu bastante: 31,6% na comparação anual.
No início de janeiro, a Anfavea apresentou as expectativas para 2021: aumento de 25% na produção e de 15% no licenciamento de veículos. Apesar de números bons, não serão suficientes para se igualar aos patamares de antes de pandemia – estes devem ser atingidos somente em 2023. E o cenário fica mais incerto com o fechamento de fábricas brasileiras de empresas multinacionais, como a Ford e a Mercedes-Benz. “Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano”, explica o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes. “Está chegando a segunda onda da Covid-19 e sabemos que a imunização pela vacina será um processo demorado. Somem-se a isso a pressão de custos, a necessidade de reformas e as surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista. Temos diante de nós um quadro que ainda inspira cautela nas previsões.”
Setor moveleiro
A produção de móveis em outubro (último dado disponível até o fechamento desta edição) foi 6,1% superior à de setembro. No total, foram fabricados 45,8 milhões de peças naquele mês. A indústria de transformação desse setor também pôde comemorar: aumento de 2,6% na produção em outubro.
Outro número positivo é o consumo aparente de móveis prontos: cresceu 5,8% sobre o de setembro. Claro, nem tudo é notícia boa: os acumulados do ano seguem negativos (6,5% na produção e 9,9% no consumo aparente), causados principalmente no período de início da pandemia. No entanto, o segmento demonstrou clara recuperação na reta final de 2020.
E o vidro?
A seguir, veja a opinião das usinas vidreiras que atuam no País. Na sequência, tem-se a análise de fabricantes de maquinários, acessórios e insumos.
“O maior impacto foi no setor automotivo, com queda de 30% no volume. Construção e indústria (ramo moveleiro e de linha branca) tiveram retomadas acima do esperado, fechando o ano em volume dentro do planejado. O saldo é negativo e, por isso, lamentamos todas as dificuldades e perdas provocadas pelo cenário pandêmico. De positivo, tivemos a velocidade de reação e adaptação e o comprometimento de nossos colaboradores. A expectativa é um 2021 aquecido no primeiro semestre, com tendência ao equilíbrio entre demanda e oferta no segundo. Para isso, serão necessários uma taxa Selic baixa, investimentos em imóveis maiores, reformas com o uso da poupança que a classe média acumulou e a manutenção da taxa de câmbio, dificultando importações. A oferta de vidros planos aumentou significativamente no segundo semestre, devido a todos os fornos estarem em plena produção. Infelizmente, não acompanhou a alta demanda impulsionada por dois fatores: a recuperação dos volumes represados por conta da quarentena e a recomposição dos estoques de toda a cadeia, reduzidos para preservação de caixa. Esperamos melhor equilíbrio no segundo semestre, após a recuperação desses estoques, e uma demanda mais regular. O nosso crescimento virá junto com a manutenção do crescimento da construção e da retomada da indústria automotiva. O setor vidreiro pode contribuir para o desenvolvimento do País, seja por meio do apoio ao novo marco regulatório do gás natural, melhorando a competitividade, ou com o combate à sonegação e investimentos em tecnologia, inovação e eficiência.” Isidoro Lopes, diretor-geral da divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para América do Sul da AGC
“O primeiro semestre foi sem precedentes na história, enquanto o segundo apontou uma retomada alinhada com o crescimento do segmento residencial. Fomos obrigados a mudar o jeito de trabalhar e de produzir, e o resultado foi a aceleração da transformação digital na Cebrace e no nosso segmento. Foi preciso resiliência e união para encontrar caminhos e soluções junto a associações, clientes e parceiros. Com as mudanças que geraram realocação da demanda e o benefício do auxílio emergencial, os setores com maior desempenho foram realmente os ligados à construção residencial, principalmente os de reforma e decoração. Nossa expectativa é de que o mercado este ano coloque o setor em um patamar similar ao de 2019 e que haja a regularização natural do fornecimento de vidro ao longo deste ano. Foi uma situação atípica, devido ao baixo nível de estoque em consequência dos impactos da Covid-19.
Com as perspectivas de alta do PIB da construção civil, esperamos um crescimento de 5% para 2021. Mas um ano de sucesso depende de fatores que precisam ser acompanhados, como a ocupação da força de trabalho e o equilíbrio do déficit das contas públicas. Para que tenhamos níveis de crescimento semelhantes aos da década passada, os fatores macroeconômicos fazem a diferença. Alinhado a isso, é de suma importância o trabalho das normalizações e também a existência de uma reforma tributária focada na construção civil. Confirmamos ainda a manutenção do C2 para o segundo semestre deste ano. Trata-se de uma reforma a frio, com previsão de parada de três meses. Temos acompanhado as tendências do mercado para tomar decisões de forma a antecipar as necessidades dos clientes e não impactar a produção e o fornecimento ao mercado interno. Quanto à construção do forno C6 e à continuidade da nova planta da Vasa, na Argentina, o avanço dos projetos depende do crescimento do mercado e do controle da pandemia.” Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, diretores-executivos da Cebrace
“2020 foi um ano de aprendizado. Toda a nossa equipe se reinventou para continuar atendendo os clientes, mesmo que a distância, sendo que a tecnologia e os canais digitais foram muito importantes nesse processo. E justamente esse isolamento domiciliar, somado à rápida retomada das atividades no segundo semestre, trouxe um desequilíbrio no fornecimento de insumos. Nossa expectativa é de que o reabastecimento seja normalizado ao longo de 2021. Um dos setores com bom desempenho foi o de vidros para decoração de interiores. Com o home office, muitas pessoas passam mais tempo em suas residências e querem deixar a casa mais aconchegante. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que a construção civil deverá ter, este ano, o maior crescimento em oito anos. O PIB desse segmento deve avançar 4%, depois de recuar 2,8% em 2020. Caso a estimativa se confirme, será a maior expansão desde 2013, o que impactará positivamente o setor vidreiro. Um dos grandes desafios à frente é o trabalho para aumentar o consumo per capita de vidro no Brasil – gira em torno de 8 kg por ano. Esse volume é pequeno quando comparado com Europa (18 kg) e Estados Unidos (15 kg). Entendemos que isso passará pelo maior uso dos vidros de valor agregado, como os de controle solar, que correspondem a uma pequena fração do consumo total do material por aqui, mas tem grande potencial de expansão. Em relação a novidades para 2021, anunciamos o DecoCristal Off White, novo vidro pintado na cor off white. Em fevereiro, lançaremos um novo vidro de controle solar, com desempenho e estética diferenciados.” Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian
“A pandemia nos levou a cenários nunca vivenciados e fomos obrigados a nos reinventar algumas vezes ao longo do ano, tanto no lado pessoal como no profissional. Acho que o saldo, do ponto de vista dos negócios, é positivo: nos momentos críticos, realizamos as ações necessárias para proteger nossas equipes e preservar a operação. Na retomada vivenciada, ainda que sob o efeito da pandemia, maximizamos a produção para abastecer da melhor forma possível o mercado interno. O destaque do ano, sobretudo por conta do home office e do auxílio governamental, está nos segmentos ligados ao residencial, notadamente o de esquadrias, moveleiro e de decoração. A expectativa para 2021 é boa, pois acreditamos na manutenção do ritmo do segundo semestre. Porém, olhamos com cautela os impactos do atual crescimento dos números da Covid-19 no solo nacional. A estabilidade do cenário macroeconômico, a redução na taxa de desemprego e, obviamente, o controle da pandemia são os fatores que irão determinar o ritmo de nosso segmento neste ano.
Dentre os grandes desafios a serem enfrentados para o crescimento contínuo, podemos indicar o aumento do consumo per capita de vidro, aliado à maior participação de produtos de valor agregado e à maior presença em aplicações nas quais o vidro ainda não é considerado, sendo substituído por outros materiais.
Por isso, o objetivo deve ser aumentar a utilização do nosso produto pelo consumidor final. Todo o setor vidreiro precisa trabalhar nesse sentido, propondo novas aplicações para os clientes e não somente competindo com o que já conhecemos.” Pedro Matta, gerente-comercial e de Marketing da Saint-Gobain Glass
“A sociedade foi estimulada a se reinventar e adaptar o ambiente de trabalho. Esses pontos alteraram os hábitos do consumidor final, inclusive na cadeia do vidro plano, o que trouxe uma mudança positiva. Terminamos o ano com resultados melhores do que imaginávamos para uma época de pandemia. Com essa alteração no estilo de vida, houve uma intensa busca por melhoria dos ambientes residenciais — e isso deverá permanecer pós-pandemia. Em algumas cidades do País, também registrou-se aumento de demanda para vidros para fachadas. Além disso, a baixa taxa de juros foi um dos fatores que ajudaram a movimentar o setor imobiliário no segundo semestre.
Estamos otimistas em relação a 2021. Esperamos um início de ano ainda de forte demanda, seguido de uma acomodação natural do mercado no decorrer dos meses, porém com bom desempenho anual. Em relação ao fornecimento, acreditamos que ficará mais estável ao longo do ano, visto que, no ano passado, todas as empresas do segmento passaram por períodos longos de paradas de produção.
O grande desafio continua sendo a valorização de nosso produto e suas aplicações. Um material nobre como o vidro não deve ser tratado como commodity. De forma geral, o mercado vidreiro precisa evoluir na qualificação da cadeia como um todo, especialmente daqueles que têm o contato direto com o consumidor final. A Vivix está finalizando os projetos e orçamentos para a construção de sua segunda planta, decisão tomada no ano passado. Em muito breve, teremos orgulho em anunciar a todo o mercado os detalhes sobre local e a data de início da obra.” Henrique Lisboa, presidente da Vivix
“Sem contar o início da pandemia, o ano foi excelente. O segundo semestre mostrou-se muito aquecido, e não só na construção civil, mas no consumo de ferramentas abrasivas em geral. Notamos urgência nas solicitações e estávamos a postos para atender de forma rápida. A expectativa para 2021 é de grande crescimento: o avanço das obras aliado à baixa taxa de juros compõe o principal cenário desse entusiasmo.” Gabriel Leicand, diretor da Abrasipa
“Em meio àquele cenário de ‘final dos tempos’, a partir do fim de abril o mercado reagiu e começamos a trabalhar. Estávamos com o estoque abastecido para as vendas pós-carnaval e tivemos uma boa retomada. Acredito no crescimento e na continuidade da construção civil, mas temos de estar muito atentos aos movimentos que podem acontecer, apesar da positividade.” Yveraldo Gusmão, diretor-presidente da Gusmão-GR
“2020 foi um ano de evolução. Apesar de todos os obstáculos (pandemia, desaceleração, câmbio, falta de matéria-prima etc.), tivemos resultados satisfatórios. Normalmente já temos um aquecimento no segundo semestre, mas fomos surpreendidos a ponto de termos de contratar mão de obra e iniciar outros turnos de trabalho. Estamos com projetos de melhoria produtiva, os quais devemos concluir no primeiro semestre.” José Pedro Ruiz, diretor-comercial da Diamanfer
“Depois do primeiro semestre desafiador, a Kuraray obteve notável recuperação, empurrada pelo crescimento do mercado de construção civil. Um dos marcos nesse período foi o envidraçamento estrutural da plataforma de vidro Skywalk, em Canela (RS). A expectativa para 2021 é aumentar nossa presença com esse tipo de instalação. Esperamos que as vacinas contra a Covid-19 contribuam para retornar à normalidade até o final deste ano.” Otávio Akinaga, coordenador de Vendas Técnicas da Kuraray
“Em 2020, a Eastman completou 100 anos de existência. A construção civil apresentou uma retomada muito forte, mas, mesmo assim, conseguimos operar nossas plantas em âmbito global, minimizando os impactos para nossos clientes. Ainda há incerteza global sobre o avanço das economias, porém, estimamos que o Brasil, pelo menos nos próximos meses, tende a manter o forte ritmo apresentado ultimamente.” Daniel Domingos, gerente-comercial para a América Latina da Eastman
“Agimos com rapidez no início da pandemia e minimizamos os impactos. Aprendemos a trabalhar de forma diferente e terminamos o ano acima da expectativa prevista no primeiro semestre. Os negócios foram bons em máquinas novas e revisadas, e também sentimos grande demanda em peças de reposição e projetos de atualização de sistemas operacionais. As perspectivas para 2021 são boas e a concretização delas dependerá da velocidade imprimida pelo governo ao plano nacional de imunização.” Luiz Garcia, diretor da Lisec
“Apesar do susto de seu primeiro impacto, com o início das paralisações por conta da pandemia, o ano de 2020 foi muito bom comparado ao anterior. Realmente, o segundo semestre nos surpreendeu e nossas vendas foram alavancadas de forma extraordinária. As expectativas para este ano são muito positivas: esperamos que haja aumento em torno de 10% a 15% em relação aos negócios do ano passado.” Marcelo Peri Lamezon, gerente-comercial da Sglass
A empresa anunciou que a linha DecoCristal de vidros pintados tem agora uma nova opção, a Off White, de tom bege e mais neutro. Essa cor ganhou espaço no mundo da moda italiana e arquitetura, por isso a aposta em terras brasileiras.
O que começou com expectativa, logo se tornou incerteza. O ano de 2020 era para ser um período de retomada para o mercado do vidro brasileiro, mas a pandemia chegou para acabar com a esperança de retomada do crescimento em curto prazo. Um ano para ser esquecido? Não, pois saímos dele com valiosas lições em muitos aspectos: humanitário, econômico, social etc. Isso sem falar no aquecimento da construção civil nos últimos meses, trazendo otimismo ao setor. Nas próximas páginas, confira o resumo das principais notícias vidreiras deste ano.
JANEIRO
Mudança na AGC Isidoro Lopes tornou-se o novo diretor-geral da Divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América do Sul da AGC, cargo anteriormente ocupado por Francesco Landi. Paulista, Isidoro soma 25 anos de experiência no setor vidreiro, tendo trabalhado também pela AGC na Bélgica.
Abravidro na telinha Vera Andrade, coordenadora técnica da associação, explicou no programa É de Casa, da TV Globo, os detalhes sobre a instalação e o uso do vidro em boxes de banheiro, conforme determina a norma NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança. Ela também ressaltou durante sua participação que a principal causa de acidentes é a falta de manutenção preventiva, daí a importância de ter o produto examinado por um vidraceiro a cada doze meses.
FEVEREIRO
Vidraceiros ganham norma No dia 11, a ABNT publicou a aguardada NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional. A norma define os parâmetros e requisitos para a qualificação dos vidraceiros, de forma a ajudar esses profissionais a exercer seus trabalhos com mais qualidade e segurança. A elaboração teve início em 2016, tendo sido promovida pela Abravidro por meio do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) juntamente com o Comitê Brasileiro de Qualificação e Certificação de Pessoas (ABNT/CB-99).
MARÇO
Comando renovado na Vivix Henrique Lisboa, ex-diretor-comercial e de Marketing da usina, assumiu a presidência da Vivix após o anúncio de que Paulo Drummond, à frente da companhia desde sua fundação, em 2010, deixaria a empresa para se dedicar a projetos pessoais.
Mais uma unidade no Brasil A AGC inaugurou uma planta de agregação de valor em Piracicaba, a cerca de 150 km de São Paulo. A unidade é dedicada ao atendimento a clientes regionais do segmento automotivo – ali são feitas a montagem final de componentes dos vidros para esse setor e sua distribuição.
Última feira antes da quarentena A 18ª Expo Revestir, feira internacional para a área de revestimentos e arquitetura, recebeu cerca de 55 mil visitantes e mais de 200 expositores no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Totens com álcool em gel foram distribuídos pelos pavilhões para uso de todos.
Coronavírus No dia 11, a Organização Mundial da Saúde decretou que o mundo vivia uma pandemia causada pelo novo coronavírus, causador da Covid-19. Os meses seguintes foram de paralisação da produção em praticamente todos os setores da indústria, adiamento de eventos e muita incerteza sobre o futuro.
VidroCast no ar! A Abravidro lançou mais um canal de comunicação, dessa vez um que está na moda. O VidroCast é o podcast da entidade: parece um programa de rádio, com a diferença de que você pode ouvi-lo a qualquer momento no computador, tablet ou celular. Todo mês, sai uma edição nova dele comentando as reportagens de O Vidroplano.
Glass South America é adiada Devido ao agravamento da pandemia, a NürnbergMesse Brasil, organizadora da Glass South America, optou pelo adiamento da feira. Antes marcada para junho, ela seria realizada nos dias 5 a 8 de novembro, no mesmo local, o São Paulo Expo, principal centro de eventos da capital paulista.
ABRIL
Nova direção na Guardian Renato Poty assumiu a posição de country manager (gerente do país), tornando-se responsável pela gestão administrativa do Brasil. A liderança das áreas de interface com clientes, incluindo marketing e vendas, permanece sob a direção de Renato Sivieri. O executivo Ricardo Knecht deixou a empresa.
MAIO
Três décadas de vida! A celebração do aniversário de 30 anos da Abravidro se deu na revista O Vidroplano, no site e nas redes sociais da entidade. Diversos momentos históricos foram lembrados, desde a fundação, em 29 de maio de 1990 (ainda com o nome de Associação Nacional de Distribuidores de Vidros e Cristais Planos – Andiv), a criação do Simpovidro e participação em feiras internacionais, até o trabalho incessante em desenvolver o setor vidreiro brasileiro e defender seus interesses.
Números do setor Foi publicado nesse mesmo mês o Panorama Abravidro 2020, estudo produzido pela associação que analisa os dados produtivos do mercado de vidros planos referentes a 2019.
Estreia o Abravidro Entrevista A associação deu início a uma série de lives transmitidas pelo Instagram com o objetivo de interpretar os impactos da crise causada pela Covid-19 em nosso mercado. Em edições de maio a julho, foram entrevistados os executivos das usinas Cebrace, AGC, Vivix e Guardian. Houve também uma edição especial sobre o Dia do Vidraceiro, em 15 de maio.
Glasstec só ano que vem… A principal feira vidreira do mundo deixou sua edição física para 2021. Organizado pela Messe Düsseldorf e previsto para os dias 20 a 23 de outubro, o evento tem realização prevista para o período de 15 a 18 de junho do ano que vem.
…assim como a Glass South America O segundo adiamento da mostra justificou-se necessário, devido às restrições para viagens e determinações de quarentena. Por isso, a 14ª edição da feira foi remarcada para 24 a 27 de março de 2021.
JUNHO
Reeleito José Domingos Seixas assume seu segundo mandato como presidente da Abravidro. Ele e a diretoria eleita ficam à frente da entidade até 2023.
Normas na Internet No dia 1º, Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro, participou de uma live organizada pela Cebrace a respeito da importância das normas técnicas para as diferentes aplicações do vidro na construção civil. No dia 3, Clélia palestrou num evento online da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal) e também comentou o tema, dessa vez com foco no uso correto de vidros de segurança em esquadrias.
Antidumping renovado A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério da Economia, decidiu prorrogar o direito antidumping aplicado às importações de vidros originários da China para uso em eletrodomésticos da linha fria (NCM 7007.19.00). A medida, com validade por até cinco anos, foi publicada no dia 25.
JULHO
Crise na Argentina A Saint-Gobain Sekurit, divisão do Grupo Saint-Gobain, suspendeu, temporariamente, a produção de vidros automotivos na Argentina. Por conta disso, parte de suas operações de produção foi transferida para o Brasil. Essa medida foi necessária para garantir a sustentabilidade da operação, mas a empresa seguiu atendendo o mercado de reposição.
SETEMBRO
Sem burocracia Em vigor a partir do dia 1º, a Portaria nº 282 retirou a exigência de registro de objeto e anuência para licença de importação de vidros automotivos, deixando o processo mais simples e menos burocrático.
Obras verdes No dia 23, o Grupo Saint-Gobain anunciou os vencedores da 7ª edição do Prêmio Saint-Gobain de Arquitetura – Habitat Sustentável. Neste ano, devido à pandemia, a cerimônia foi transmitida pela Internet pela primeira vez, sendo acompanhada pelo público em geral ao vivo. Várias obras vencedoras têm o vidro como elemento de destaque.
Produtos e palestras digitais O GlassBuild Connect, organizado pela National Glass Association (NGA) no lugar da edição 2020 da GlassBuild America e realizado ao longo de todo o mês, contou com mais de 70 webinars, além de cerca de 300 empresas expondo produtos e serviços, tudo também pela Internet.
OUTUBRO
Comitê para esquadrias O Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248), criado pela ABNT, começou suas atividades no dia 1º tendo o Sindicato das Indústrias de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp) como sede. Roney Margutti, engenheiro e gerente técnico do sindicato, é o gestor do novo comitê que atuará na normalização do segmento de esquadrias, componentes e ferragens em geral em relação à terminologia, procedimentos, requisitos e métodos de ensaio desses produtos.
Novo boletim online A Abravidro lançou o Fique por dentro. Boletim de notícias em formato de vídeo, contém as últimas informações do setor e está disponível a cada 15 dias no canal da entidade no YouTube e também nas redes sociais.
Conexão Glass no ar A Glass South America também entrou na onda de eventos digitais. No dia 29, o 1º webinar da série Conexão Glass teve como tema de estreia Casas inteligentes e conectadas: oportunidade de negócios para o setor. Mensais, as lives irão ao ar até a realização presencial da mostra em 2021.
Vidro na faculdade A Abravidro realizou as aulas do módulo sobre vidros para a 7ª turma do curso de extensão “Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Este ano, devido à pandemia, as aulas foram ministradas online.
Glasstec Virtual A versão digital da Glasstec foi realizada de 20 a 22 no site da feira. Mais de 10 mil participantes acessaram o conteúdo gratuito, incluindo palestras técnicas, exposição de produtos e rodadas de negócios.
NOVEMBRO
Termoendurecidos dentro da norma A ABNT publicou, no dia 12, a NBR 16918 — Vidro termoendurecido. O texto apresenta os requisitos para o processo de fabricação desse tipo de vidro.
Revisão dos temperados Começou nesse mês o processo de revisão da NBR 14698 — Vidro Temperado, com o objetivo de atualizar os requisitos desse produto.
Levando conhecimento A coordenadora técnica da Abravidro, Vera Andrade, ministrou a palestra online Normas técnicas do vidro. A apresentação foi organizada pelo Sindividros-RS e transmitida pela plataforma Construsul Online.
DEZEMBRO
Data remanejada Cenário de incertezas por conta da pandemia leva organizadores da Glass South America a remanejar a data da feira mais uma vez. A mostra será realizada de 1º a 4 de setembro de 2021.
Mais mudanças em feiras A Feicon Batimat anunciou o adiamento da mostra para 14 a 17 de setembro de 2021, no São Paulo Expo. A Expo Revestir também mudou: a edição do ano que vem, programada para março, será 100% digital.
No mês de outubro, a Revista Projeto e o portal Galeria da Arquitetura realizaram o evento Apaixonados por Arquitetura. A primeira parte do encontro, nos dias 7 e 8, reuniu, com transmissão online, grandes nomes nacionais do segmento para apresentar seus principais projetos, referências e influências, além de responder a perguntas enviadas pelos espectadores. Já nos dias 15, 16, 19, 20 e 21, o evento contou com uma série de “lives-satélites”, feitas por patrocinadores, arquitetos e projetistas para mostrar produtos: no dia 15, a processadora Divinal Vidros foi representada por seu técnico Leandro Gonçalves e pela arquiteta Marina Carvalho para desenvolver o tema Película de segurança em boxe de vidro é um item opcional?. No dia 21, a gerente técnica da Guardian, Betânia Danelon, falou sobre Tendências em vidros para o segmento residencial.
Esta seção de O Vidroplano frequentemente aponta a necessidade de que o vidraceiro não se restrinja aos trabalhos básicos e busque sempre diversificar seu portfólio. Nesse sentido, uma opção bastante inovadora é a venda e instalação de lousas de vidro. Produto bastante útil para diferentes finalidades, ele pode ser aplicado em vários espaços. Conheça mais a seguir sobre e prepare-se para suas anotações.
Solução multiuso
Na live realizada pela Abravidro no dia 18 de maio, em comemoração ao Dia do Vidraceiro, Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro, foi enfático ao apontar que a exploração de outros nichos de mercado pode ajudar a ampliar as vendas de uma vidraçaria. O exemplo dado foi justamente a aplicação de um vidro como revestimento de parede, no qual os filhos dos clientes poderiam desenhar: “A gente já vendeu muito revestimento desse tipo só focado em criança, como se fosse uma lousa”, contou para Vera Andrade, coordenadora técnica da entidade, durante a transmissão. As mesmas canetas e apagadores usados para quadros brancos podem ser usados nos vidros.
A mesma sugestão foi repetida por Gabriel durante o primeiro webinar da série Conexão Glass, programação da feira Glass South America, em outubro (saiba mais sobre o evento clicando aqui). Na ocasião, ele comentou que esse uso poderia manter as crianças distraídas nesse período em que os pais não podem levá-las para brincar fora de casa.
Mas engana-se quem pensa que os pequenos são o principal público-alvo desse produto. “Antes, vendíamos apenas para o mundo corporativo”, conta Rayssa Navarro, CEO da Multpainel Lousas de Vidro. “Apenas de 2013 para cá abrimos as vendas para pessoas físicas e esse mercado foi sendo construído.” A lousa, por si só, é um produto que pode ser instalado em todos os ambientes e lugares, não apenas para substituir os antigos quadros-negros ainda escritos a giz ou os brancos de madeira.
Comunicação com praticidade
O que torna a lousa interessante para empresas? Rayssa explica: “O produto estimula a criatividade e favorece a boa comunicação, além de ser um ponto focal de atenção para a construção de raciocínios, debate de ideias e exposição de pensamentos. Nos espaços corporativos, tudo isso é essencial para bons resultados”.
As características do vidro facilitam essa troca de informações. “Por ser um material de fácil limpeza e manutenção, devido à sua superfície plana e lisa — sem porosidade —, ele permite escrever e apagar com praticidade, além de ser mais higiênico em relação a outras opções”, avalia Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix.
O aspecto estético também conta em uma aplicação como essa. “As lousas envidraçadas permitem trazer modernidade a uma aplicação considerada tão antiquada, dando leveza ao ambiente e possibilitando a diversificação nas cores, layout e forma em que o produto pode ser usado”, destaca Camila Batista, engenheira de Desenvolvimento de Produto da Cebrace. Essa opinião é compartilhada por Matheus Oliveira, gerente de Vidros Decorativos da AGC, que acrescenta: “Muito além de uma aparência diferenciada no revestimento da parede, há uma funcionalidade importante e a possibilidade de manter a aparência original da parede, diferentemente de lousas tradicionais ou paredes com tintas comuns”.
Vale salientar que empresas e residências não são os únicos espaços em que as lousas de vidro têm potencial – por isso mesmo, é uma opção de venda que pode agregar aos negócios dos vidraceiros. “Além de ser uma alternativa criativa de uso do vidro, o material possui amplo campo de aplicação, como em academias e instituições de ensino, entre outros”, sugere Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian.
O vidro ideal
Entre as usinas de base no Brasil, o vidro pintado parece ser um consenso como a melhor escolha para essa finalidade. “Sempre sugerimos os pintados como os mais indicados para lousas, pois, além de oferecer estética diferenciada, também agregam muito estilo e modernidade aos ambientes”, informa Renato Sivieri, da Guardian.
Porém, a pintura da peça não é o único tratamento pelo qual ela deve passar. “No que se refere ao processamento do vidro, não existem referências técnicas específicas para isso, mas recomenda-se utilizá-lo na versão temperada e/ou laminada, pois são classificados como vidros de segurança pela forma como os fragmentos se quebram em uma situação de acidente, diminuindo o risco para o usuário”, alerta Camila Batista, da Cebrace.
Rayssa, da Multpainel, concorda: “Damos preferência a vidros temperados e defendemos muito a utilização desse tipo de beneficiamento. Apesar de muitas lousas de vidro comum ou de laminado simples serem vendidas no mercado, não abrimos mão do temperado em nossos modelos. Mesmo se a aplicação, por norma, demandar uma peça laminada, preferimos recorrer ao laminado temperado”.
Da mais comum à mais sofisticada
Uma lousa de vidro básica é bem simples de ser instalada. A forma mais comum é a fixação mecânica, parafusando-a com prolongadores. Porém, também é possível colá-la com fitas dupla face, em processo semelhante ao usado na aplicação de espelhos.
Essa é a solução mais simples de oferecer ao cliente, mas o vidraceiro pode, e deve, explorar também outras possibilidades. A seguir, alguns exemplos:
– Uma delas é a magnética. Nela, além de escrever, também é possível fixar objetos com a ajuda de ímãs. “Nada mais é que uma lousa de vidro básica com uma manta de alto magnetismo aplicada na parte de trás. Dessa forma, o magnetismo ultrapassa a massa do vidro”, explica Rayssa;
– Menos comuns no mercado, porém bastante promissoras para os próximos anos, são as digitais interativas. Como o nome diz, permitem a projeção de imagens, como se fossem uma tela de toque. A única diferença na instalação é que uma película de projeção deve ser aplicada na face do painel, para evitar que os reflexos atrapalhem a nitidez da tela. Viviane, da Vivix, ressalta que nesse tipo específico de aplicação é necessário avaliar a escolha correta do vidro e o uso de sistema operacional que permita a interatividade digital;
– E, quando falamos em lousas, pode vir à mente uma placa envidraçada colocada no meio de uma parede – mas, em vez disso, por que não sugerir ao consumidor que toda a parede seja revestida? “Costumamos indicar a aplicação do produto para revestimentos de paredes de escritórios, salas de aulas e espaços residenciais em que possa haver quadro de anotações”, conta Oliveira, da AGC. “Até mesmo para o quarto da criança há lugar — estimula a criatividade sem impactar diretamente no acabamento.”
Potencial para todos os elos da cadeia Embora esta seção seja dedicada aos vidraceiros, os demais profissionais do nosso setor também têm muito a ganhar com as oportunidades desse produto. “O vidro pintado no Brasil ainda não tem tanta representatividade como em outros países, a exemplo dos Estados Unidos, que já atuam nesse mercado de lousas há anos, e seu consumo aumenta significativamente a cada ano”, considera Viviane, da Vivix. “Essa grande oportunidade para o mercado vidreiro do Brasil precisa ser explorada pela cadeia como um todo.” Para Rayssa, a maré dessa solução foi surfada praticamente sozinha pela Multpainel de 2006 a 2015. “Hoje, há diversas empresas focadas em lousas de vidro. E isso é ótimo para todos, pois em termos macroeconômicos a concorrência gera melhoria bruta para o consumidor e para todo o ecossistema de consumo.”
Importante consumidor de vidro, o setor moveleiro também sofreu com as consequências da pandemia. No entanto, parece recuperar-se em bom ritmo, o que representa uma boa notícia para as empresas fornecedoras do material usado em mesas, armários, divisórias etc.
Em mais uma reportagem que analisa a situação dos principais clientes de nosso mercado em meio a um ano completamente atípico, O Vidroplano conversou com usinas, processadoras e fabricantes de móveis. Confira nas páginas a seguir como a produção foi afetada nos últimos meses, as diferenças entre o vidro destinado a esses equipamentos e à construção civil e as tendências em decoração observadas pelos especialistas.
Números
Segundo o Panorama Abravidro 2020, estudo produtivo do setor referente ao ano de 2019, feito pela Abravidro, os vidros usados em tampos e em alguns outros tipos de móveis representam 6,3% da indústria de transformação (excluindo os automotivos). Curioso notar que esse segmento teve queda tanto no faturamento (13% em comparação a 2018) e produção (4,5%).
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), a fabricação de móveis em agosto de 2020 foi de 42,6 milhões de peças, aumento de 5% sobre julho. O acumulado no ano, porém, continua negativo: queda de 11,1% sobre 2019. O consumo aparente (o resultado da conta: produção + importações – exportações) desses produtos em agosto também aumentou 4,1% em relação a julho.
Percepções do mercado
O mercado moveleiro se aqueceu rápido. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento das vendas em agosto é o maior da série histórica iniciada em 2012 (aumento de 39,9% em comparação com o verificado no mesmo mês do ano passado). As vendas somadas de junho, julho e agosto de 2020 representam um aumento de incríveis 119,2% na comparação com esses meses de 2019.
E o que dizem as empresas? Para a processadora Cinex, houve uma considerável retração econômica, pois todos estavam lidando com um cenário desconhecido de pandemia. “Quando os olhares das pessoas se voltaram para a casa e o home office se intensificou, isso despertou novos comportamentos de consumo e os negócios voltaram a crescer”, aponta Elaine Montipó, coordenadora-comercial da empresa. “Percebemos uma retomada rápida, graças ao consumo reprimido.”
Fabricio Flach, gerente-comercial da também processadora Tecnovidro, concorda. “O momento antes da quarentena era bom, e 2020 iniciou seguindo a tendência otimista e de retomada. Mas, depois disso, a produção e as vendas caíram cerca de 40%.” No entanto, Flach revela que, desde o final de julho, a demanda está maior que a do período pré-pandemia. “Mesmo com a parada, alguns de nossos clientes que atuam com móveis deverão superar os números de 2019.”
O caso da Laca108, fabricante de divisórias, portas e painéis para decoração, é semelhante. “Começamos o ano bastante confiantes, com obras sendo realizadas. E aconteceu de, bem no início dessa crise, estarmos com projetos em andamento, o que nos fez sentir a queda um pouco mais para frente”, explica o proprietário Evandro Castro. A marca Glass11, de mobiliários feitos com vidro, já enxerga a situação por outro viés: “Esse setor aqueceu, mas menos do que a construção civil. Ainda não considero um bom momento, porque tem muito trabalho a ser feito”, analisa Matheus Moreira Silveira, seu diretor criativo e proprietário. Mesmo assim, com a realidade vivida atualmente, a empresa viu um aumento expressivo de 50% nas vendas.
Tendências
Em reportagem da edição de julho, O Vidroplano mostrou possíveis tendências da arquitetura e decoração por conta da pandemia – e o papel relevante do vidro nesse contexto. Segundo o que já pode ser visto, as previsões estavam corretas. “Levando em consideração os nossos produtos, vimos uma crescente em todos os itens e complementos voltados para a área gourmet, uma vez que o convívio com a família foi estimulado. Além disso, portas deslizantes, que ao mesmo tempo conectam e dividem espaços, ganharam destaque”, alerta Fernanda Fialho, coordenadora de Relacionamento e Marketing da Cinex.
“Com mais tempo em casa, foi necessário repensar a funcionalidade de cada ambiente. Por exemplo, muitas pessoas precisaram transformar aquele quarto de visitas em um ambiente adequado de trabalho”, comenta Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix. “Como resultado dessas adaptações, tivemos não só o aumento nas vendas do setor moveleiro, como também o crescimento da prestação de serviços de marcenaria e o consumo de matéria-prima, como é o caso do vidro.”
Conforme aponta Pedro Matta, gerente-comercial e Marketing da Saint-Gobain Glass, existem duas tendências em voga nos formatos dos móveis: “Dentro do mercado da arquitetura e design de forma geral, os principais estilos são o industrial e as formas geométricas”. O primeiro é marcado pelo minimalismo, remetendo a construções industriais, como grandes galpões. Já o segundo, como o nome indica, está ligado a formatos como hexágonos, triângulos, círculos etc.
E as características de nosso material combinam com essas vertentes, sendo a principal delas sua baixa necessidade de manutenção, já que é fácil de limpar. Além disso, espelhos ou peças refletivas ajudam a amplificar os ambientes, tornando-os mais aconchegantes. “Temos observado maior utilização de vidros coloridos, aplicados como tampo de mesa sobre madeira, agregando o ar moderno em contraste ao rústico”, afirma Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian. “Pode ser utilizado ainda em portas de armários e aplicado naquele espaço vazio entre a parede da pia e armários suspensos, ajudando a revigorar espaços.”
Espelhos também são bastante usados. “Podemos destacar um crescimento na aplicação de espelhos acidatos”, comenta Matheus Oliveira, gerente de Produtos|Vidros Decorativos da AGC. “Uma grande tendência é a de incorporar funcionalidade ao espelho, como iluminação em LED, aquecimento para evitar embaçamento e até som.”
Outros destaques das aplicações atuais do material em móveis:
– Espelhos em roupeiros;
– Vidros pintados em portas de armários;
– Vidros em apartamentos planejados, substituindo a madeira.
Acabamento impecável
Estética é a palavra-chave para o nosso material empregado em móveis. “É um conceito diferente do da construção, na qual o desempenho do vidro é um dos atributos mais importantes”, explica Sivieri, da Guardian. Como exemplifica Flach, da Tecnovidro, as peças devem ser quase perfeitas, sem qualquer tipo de defeito visual aparente. “Para isso, o processo de produção deve ser mais controlado e refinado, de forma a garantir perfeição nos detalhes, principalmente durante a lapidação e pintura.”
Vale lembrar que existem normas técnicas próprias para esse tipo de aplicação. “Deve-se respeitar as exigências da NBR 14488 — Tampo de vidro para móveis – Requisitos e métodos de ensaio, por exemplo”, aponta Rafael Matoshima, coordenador de Mercado da Cebrace, usina que disponibiliza em seu site um simulador para especificações que também auxilia no trabalho com o setor moveleiro.
Outra característica está nas espessuras, que tendem a ser padrão para aplicações mais usuais: “Nesse mercado, as estruturas comuns pedem vidro de 4 mm”, reforça Evandro Castro, da Laca108.
Futuro das aplicações
Os móveis não são mais objetos com funções específicas. Faz tempo que se integram a conceitos de decoração e design, sendo parte fundamental da arquitetura de obras recentes. Por isso mesmo, as características do vidro fazem com que o material seja uma solução para qualquer tipo de mobiliário. “Muitos dizem que o vidro é um material frio, mas acreditamos que tenha propriedades e versatilidade para trazer o aconchego necessário para um ambiente”, destaca o analista de Marketing da Cinex, Mateus da Cruz. “Tendências que chegarão com força estão no uso de vidro colorido com estética retrô, assim como formas orgânicas que imitam a natureza. Também incluo os vidros mais grossos, com espessura de até 50 mm”, completa Silveira, da Glass11.
Mais futuras tendências:
– Aplicação de tecidos nos vidros, fazendo um jogo entre luz e sombra proporcionado pelos dois elementos;
– Maior uso de chapas com serigrafia;
– Personalização da impressão digital para padrões e imagens que o cliente escolher.
As últimas semanas foram cheias de notícias para as fabricantes de vidro em diferentes países – algumas boas, outras nem tanto. A Guardian inaugurou oficialmente sua segunda planta em Częstochowa, na Polônia, a fim de atender a crescente demanda por seus produtos no país e na Europa Oriental. A nova unidade, composta de duas linhas de produção de float, duas de coaters (para vidros com revestimento especial) e uma de laminação, produzirá peças de vários tipos, como extra clear, low-e, de controle solar e laminados para aplicações residenciais e comerciais.
A Sisecam é outra que continua com investimentos: o mais recente deles foi feito por meio da adição do 2º forno de float em sua planta de Ancara, na Turquia. A empresa informou que o novo equipamento tem capacidade produtiva de 240 mil t por ano e é equipado com tecnologias da Indústria 4.0.
Na outra ponta, o Grupo Saint-Gobain propôs o fechamento de sua usina instalada em L´Arboç, na Espanha – a fábrica é responsável pelo abastecimento da divisão Sekurit (vidros automotivos). Em comunicado oficial, a empresa informou que a linha chegou ao fim de sua vida útil, após vários reparos.
E a AGC também pretende desligar uma de suas duas unidades em Boussois, na França, devido à queda da procura pelo material. A gestão da multinacional na região avisou que vai avaliar as soluções mais aceitáveis, do ponto de vista social, para colocar esse plano em prática.
No mês de julho, a série Abravidro Entrevista de lives no Instagram recebeu mais duas usinas para refletir sobre os impactos causados pelo novo coronavírus. No dia 2, a convidada foi a Vivix, enquanto a Guardian marcou presença no dia 13. Veja a seguir um pouco do que foi debatido em cada um dos encontros online.
Reajustando a produção
Na entrevista com a Vivix, o presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, e a superintendente da associação, Iara Bentes, conversaram com Henrique Lisboa (presidente da usina), Izabela Zisman (gerente de Marketing) e José Henrique Ribeiro (diretor-comercial e de Marketing).
Segundo Lisboa, embora o mercado vidreiro tenha sofrido uma leve queda em 2019 em relação a 2018, os dois primeiros meses de 2020 foram muito bons e traziam um sentimento de retomada — o que acabou sendo interrompido com a pandemia. Isso levou a empresa a repensar suas ações para os meses seguintes. “Nossa primeira decisão foi o comprometimento total com a saúde dos colaboradores da Vivix, tanto no trabalho como nas recomendações para seus ambientes familiares”, contou. A empresa decidiu pela preservação dos empregos e renda salarial dos funcionários, considerando principalmente que eles são figuras fundamentais para minimizar os impactos da pandemia.
Outra ação adotada foi o ajuste da produção, interrompida por algumas semanas em abril e retomada em maio para garantir atendimento aos compradores. Houve ainda um empenho para manter a usina o mais próximo possível dos clientes, buscando ativamente soluções conjuntas para que todos possam sair da pandemia com o menor impacto possível. “Na cadeia vidreira, os elos são interdependentes: todos dependem uns dos outros”, avaliou Izabela Zisman.
Retomada do crescimento
José Henrique Ribeiro apontou que a demanda geral por vidros planos vem crescendo gradativamente. A previsão para o segundo semestre é a de que o mercado deve atingir em torno de 85% do esperado para um período normal. Ele também disse acreditar na retomada gradativa da economia, mas alertou: “Isso depende das medidas adotadas pelo governo nos próximos meses e da intensidade da pandemia no futuro próximo”.
Apesar dos obstáculos, Lisboa avalia que o pessimismo com o futuro que havia em abril não se concretizou. “Como vimos que a maior parte dos nossos clientes se reorganizou, pudemos retomar a produção acima do que esperávamos para uma época de pandemia”, explicou. “Considero que, hoje, o pior já passou. Agora é o momento de ter pragmatismo para adaptar as empresas às novas demandas do mercado.”
Próximos passos
Segundo Lisboa, a Vivix já está com seu planejamento de produção ajustado para os próximos meses. Entre as medidas a serem tomadas, está a expansão de seu portfólio com o lançamento de dois novos produtos de controle solar ao longo deste ano. Izabela acrescentou que a usina tem refletido a respeito da readequação do setor vidreiro a partir de tendências como a maior adoção do trabalho remoto em alguns segmentos e a aceleração do uso de tecnologias — com destaque para as ligadas à Indústria 4.0 — em todos os negócios.
Um ponto levantado pelo público que acompanhava a entrevista foi sobre os planos da empresa para atuação nas regiões Sul e Sudeste. Lisboa respondeu: “Nosso projeto sempre foi ter mais uma planta. Contratempos no mercado impediram que ela se concretizasse, mas já estamos realizando seu pré-projeto e, embora sua localização ainda não tenha sido decidida, é possível que seja em uma dessas regiões”.
Desafios e oportunidades
Na segunda live do mês, os convidados foram Renato Poty (country manager da Guardian), Renato Sivieri (head de Marketing e Vendas) e Viviane Sequetin (gerente de Marketing). Poty, há quase quinze anos na usina, assumiu o comando da empresa no Brasil em plena pandemia da Covid-19. Apesar disso, comentou que o momento também traz oportunidades para repensar e adaptar os negócios. “Uma das nossas principais preocupações foi cuidar da saúde dos nossos colaboradores, porque são eles que movem a empresa”, destacou. “Interrompemos a produção dos fornos no começo da crise, deixando-os em modo de reciclagem, mas garantimos que haveria estoque suficiente para atender a demanda, retomando gradualmente a operação e observando todos os protocolos de segurança.”
Aproximação dos elos do setor
Viviane afirmou que a Guardian sempre esteve focada em iniciativas que gerem valor para toda a cadeia vidreira e contribuam para dividir conhecimentos com o público. Em tempos de pandemia, essas ações vieram principalmente com a organização de treinamentos online por meio de lives e webinars, e a criação do Plantão Guardian, para orientação dos clientes junto à equipe técnica da companhia, além de divulgar informações sobre as principais obras em andamento com o intuito de gerar oportunidades de negócios. “Além disso, estamos empenhados em melhorar a experiência nos canais digitais, oferecendo uma interface melhor para o consumidor dentro do site. Hoje, especialmente com a tendência de crescimento do sistema de home office, deveremos ter cada vez mais medidas nesse sentido”, explicou a gerente de Marketing.
Valorização dos produtos de alto desempenho
Segundo Sivieri, a Guardian precisou “segurar” o desenvolvimento de novos produtos durante esse período, mas assegurou que os planos da usina no Brasil não foram abandonados, apenas adiados em alguns meses. “Há expectativas muito boas de recomeço para o segundo semestre do ano, nosso setor mostrou grande capacidade de adaptação e transformação”, disse, apontando o aumento de trabalhos de retrofit e de pequenas reformas.
Para ele, é necessário buscar a venda mais criativa para que o setor consiga resultados positivos. “O mercado aprendeu que ter volume a qualquer custo não vale a pena. Este ano, estamos indo atrás de vendas menos volumosas e mais ricas, isto é, com foco nos produtos de valor agregado, incentivando o consumo de vidros refletivos.”
De acordo com a Guardian, o consumo de vidros de alto desempenho no Brasil ainda está muito aquém do desejado, em comparação a outros países no mundo — há muito trabalho de educação sobre esses produtos a ser feito junto à sociedade; é preciso alcançar as pessoas de fora da área de nosso material. Esse é o mesmo caso dos vidros insulados, os quais trazem não só conforto térmico, mas também a atenuação acústica nos ambientes, mostrando-se bastante vantajosos para novas obras.
A troca de vidros em fachadas ainda é um trabalho pouco explorado por vidraçarias. Trata-se de uma atividade delicada, exigindo profissionais capacitados em sua realização, planejamento prévio adequado e equipamentos que permitam a remoção da peça a ser substituída e a colocação de uma nova.
Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta para os vidraceiros que desejam se especializar nesse serviço quais os cuidados e procedimentos a serem tomados, a forma como a colagem dos vidros deve ser feita e as orientações específicas para determinadas peças.
Sempre capacitada
Embora a tarefa seja complexa, nada impede que uma vidraçaria possa realizá-lo, seja ela grande ou pequena. “A substituição pode ser feita por qualquer empresa, desde que tenha conhecimento e muita técnica”, afirma a arquiteta Audrey Dias, consultora de Esquadrias e Vidros do Grupo Aluparts. Segundo ela, muitas empresas não estão capacitadas por não terem engenharia adequada para tais serviços.
Assim, é imprescindível que a vidraçaria disponha de uma equipe de projetos para entendimento e planejamento da execução, bem como equipamentos necessários, como balancins, ventosas, cordas e cintos de segurança, e operadores experientes nesses procedimentos. Para isso, Audrey afirma que os instaladores devem passar por cursos para realização de trabalho em altura, conforme determina a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35), manuseio de equipamentos e aplicação de fixações químicas. “Recomenda-se também o treinamento periódico para procedimentos de aplicação e colagem com silicone estrutural e fita dupla face estrutural junto aos próprios fornecedores dos produtos”, acrescenta.
A importância do planejamento
Os cuidados na troca dos vidros começam ainda no planejamento — todo cuidado nessa etapa é crucial para garantir a qualidade do serviço e a segurança dos instaladores.
“Normalmente, as substituições das peças são feitas em edifícios mais antigos que estão passando por algum tipo de reforma”, observa Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. Nesse caso, ele enfatiza que é importante avaliar se as chapas existentes atendem as normas técnicas, principalmente a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, em relação à tipologia dos vidros, à segurança por eles oferecida e às áreas nas quais devem ser aplicados, a fim de reduzir os riscos de acidentes. Barbosa ressalta que, ainda que os vidros antigos estejam instalados em desacordo com essas publicações da ABNT, é responsabilidade da empresa contratada que a nova especificação atenda os requisitos delas.
Por falar em normas, Fábio Reis, gerente técnico da Guardian, lembra que há outras além da NBR 7199 cujas determinações precisam ser seguidas nesse trabalho: trata-se da NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho, e das específicas para colagem estrutural com o produto a ser utilizado:
Em caso de silicone estrutural, deve-se consultar a NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural;
Em caso de fixação com fita dupla face estrutural, a NBR 15919 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com fita dupla face estrutural de espuma acrílica para construção civil, atualmente em processo de revisão.
Além de um bom conhecimento dos textos técnicos, o vidraceiro deve ter em mãos a especificação técnica de todos os componentes do sistema: vidro, perfis, vedações, parafusos etc. “É a partir dessa informação que o profissional terá condições de orçar e entregar um produto final de acordo com as premissas que foram consideradas no projeto”, explica Nilson Viana, coordenador da Consultoria Técnica da Cebrace. Infelizmente, segundo ele, é muito comum perder essas informações com o passar dos anos. Por isso, quando precisam realizar alguma troca, os responsáveis pelo serviço encontram bastante dificuldade em identificar o produto correto.
Também há casos em que a troca das peças faz parte de um projeto de retrofit, ou seja, uma atualização na edificação. “Além de objetivar a renovação estética da edificação, deve priorizar os critérios de segurança, como a utilização de laminados”, afirma Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC. Outra recomendação importante: sempre que possível, o retrofit pode ser aproveitado para a aplicação de peças com mais tecnologia, como as de controle solar, que auxiliam na melhoria do conforto térmico da edificação e redução de custos de energia.
Passo a passo da troca dos vidros
Audrey Dias, do Grupo Aluparts, lista as etapas desse trabalho:
1- Identificar a especificação correta tanto do vidro como do sistema construtivo das esquadrias (stick ou unitizado)
2- Conferir as dimensões da peça a ser trocada
3- Remover o vidro existente
4- Preparar a superfície que receberá o novo vidro com boa limpeza técnica
5- Aplicar o novo vidro
“Em fachadas com sistema de fixação mecânica, por meio de ferragens, revisamos as vedações e o serviço se encerra. Já nas com fixação química, por meio de silicone estrutural ou fita dupla face, temos de aplicar presilhas de pressão para garantir a cura ou adesão corretas”, explica Audrey. Após o tempo indicado pelos fornecedores dos produtos, as presilhas são removidas e a vedação do sistema é então revisada.
Divulgação Adere
Fixação
Conforme já comentado, o sistema construtivo da fachada faz toda a diferença na hora de planejar a troca dos vidros:
– O modelo stick permite a retirada do quadro de alumínio da fachada. “Nesse tipo, a reposição é simples, com a substituição do vidro podendo ser feita numa bancada com o procedimento normal de colagem. Antes da remoção do quadro, deve-se analisar se será possível reaproveitá-lo. Caso não seja, é necessário produzir outro, com o mesmo tipo de perfil já utilizado”, orienta Roberto Almeida, supervisor-comercial da Adere;
– Já no sistema unitizado, a remoção do quadro não é possível. “Sempre recomendamos que fixações mecânicas sejam colocadas temporariamente, como presilhas, até que o produto usado para a fixação atinja as resistências mecânicas necessárias para suportar o peso da peça e os esforços do projeto”, recomenda André Cunha, gerente técnico da Sika. Almeida, da Adere, alerta que, nesse tipo de sistema, a solução deve ser tratada caso a caso com todos os envolvidos no projeto.
Independentemente do sistema da obra e do produto usado para fixar os vidros, é preciso dar atenção à limpeza. “Como estamos falando de uma aplicação que envolve adesão, é primordial limpar os substratos”, alerta Emir Debastiani, especialista técnico da Dow. Além disso, quando se usa selante de silicone estrutural, Debastiani explica que é importante ter cuidado com a temperatura das superfícies no momento da aplicação, seguindo as recomendações do fabricante do selante. Assim, a temperatura de aplicação estará dentro dos limites estabelecidos — níveis de calor muito elevados podem ocasionar problemas no silicone, como a formação de bolhas.
A temperatura também é um quesito a ser avaliado caso a fixação das peças seja feita por meio de fita dupla face estrutural. De acordo com Victor Hugo Busato, engenheiro especialista de Aplicação da 3M do Brasil, ela não pode ser aplicada quando a temperatura ambiente e da superfície dos substratos forem menores que 10 °C. “A recolagem do vidro diretamente na esquadria também exige o uso de equipamentos adequados que consigam gerar uma pressão mínima”, recomenda Busato. “E todos os vidros substituídos nesse processo devem ser verificados e registrados para garantir que o processo de troca tenha sido efetivo, garantindo total segurança.”
Vale destacar que as fabricantes de produtos para fixação disponibilizam manuais e oferecem suporte técnico e, em alguns casos, até mesmo treinamento.
Uniformidade e desempenho
A uniformidade estética da fachada é um dos maiores desafios na troca de vidros. A sugestão é que sejam usados os mesmos produtos aplicados no projeto original. Se não for possível, o ideal é consultar a equipe técnica da fabricante do material para realizar a especificação mais adequada à necessidade da obra, indica Fábio Reis, da Guardian. Ao se aplicar um produto diferente, recomenda-se ainda fazer avaliações estéticas por meio de protótipos em tamanho real.
Luiz Barbosa, da Vivix, comenta a respeito de outro elemento importante a ser considerado: “A substituição de qualquer elemento das fachadas deve ser de forma que os novos elementos não alterem as características arquitetônicas originais”. Segundo Nilson Viana, da Cebrace, vidros de controle solar merecem atenção especial nesse tipo de serviço. “Qualquer alteração na sua composição pode ocasionar mudança na coloração e, consequentemente, causar um efeito de heterogeneidade na estética do edifício”, analisa. Além da cor, possíveis mudanças na composição podem resultar na perda de desempenho térmico, gerando desconforto para os habitantes da edificação. É importante seguir criteriosamente as informações técnicas contidas nos projetos de arquitetura, assim como nos de consultoria de fachadas.
Por fim, para saber as dificuldades que encontrará, é recomendável que o vidraceiro avalie a arquitetura das fachadas antes de aceitar o trabalho. “Nós nos deparamos muitas vezes com fachadas inclinadas, recortadas e de difícil acesso e edificações sem pontos de ancoragem para fixação adequada do equipamento”, revela Audrey Dias, do Grupo Aluparts. “Obras com vidros em tamanhos especiais e torres com geometria diferenciada também podem tornar o trabalho mais complexo.” Para superar esses desafios é preciso contar com uma equipe técnica especializada em projetos, operadores treinados e atualizados com os novos sistemas de fachada, além, é claro, de equipamentos de qualidade.
A usina vidreira anunciou, no começo de abril, que Renato Poty (foto) assumiu a posição de Country Manager (gerente do País), tornando-se responsável pela gestão administrativa do Brasil. A liderança das áreas de interface com clientes, incluindo marketing e vendas, permanece sob a direção de Renato Sivieri. Assim, tanto Poty como Sivieri passam a reportar-se diretamente a Rick Zoulek, vice-presidente da Guardian para as Américas. Segundo a usina vidreira, o novo modelo de gestão trará mais agilidade nas tomadas de decisão, fortalecendo sua presença em toda a região. O executivo Ricardo Knecht deixou a companhia.
O Simpovidro, organizado a cada dois anos pela Abravidro, sempre representa um momento para os profissionais do nosso setor analisarem o que ocorreu nos últimos tempos e se prepararem para o futuro. E expectativa para esse futuro foi o que pôde ser visto na 14ª edição do maior encontro vidreiro da América Latina: afinal, após anos sofrendo com a crise econômica e a baixa atividade da construção civil, 2019 marcou a volta do crescimento, ainda que pequeno, de nosso mercado. Com palestras que ajudaram a entender o que precisa ser feito e networking para aproximar clientes e parceiros, os 684 participantes presentes de 7 a 10 de novembro no Enotel Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), saíram energizados para os desafios a serem encontrados em 2020.
Palavra do presidente
A cerimônia de abertura ocorreu na noite de quinta-feira, 7, e teve início com o discurso do presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, seguido pelas falas dos executivos das usinas de base, patrocinadoras do simpósio: AGC, Cebrace, Guardian, Saint-Gobain Glass e Vivix (veja mais no quadro “Otimismo moderado: os discursos das usinas”, mais abaixo).
Domingos relembrou os diversos fatos que marcaram o setor desde a última edição do evento, em 2017, incluindo o desabastecimento do mercado, o fechamento da maior fabricante de vidro impresso nacional — a União Brasileira de Vidros (UBV) —, a greve dos caminhoneiros e a instabilidade das eleições. “Este ano, tivemos a inauguração de um novo forno. Neste momento, com a maior capacidade instalada da história de nossa cadeia no País, o mercado segue desaquecido”, lamentou.
O dirigente observou que o otimismo de todos com o início do novo governo não se tornou realidade. No entanto, medidas e números divulgados recentemente recuperam, aos poucos, a confiança do empresariado. Prova disso foi o anúncio do retorno do Glass Performance Days South America (GPD Same) em 2020. A edição sul-americana do mais relevante congresso vidreiro do mundo volta a ser organizada após seis anos de hiato. Será, mais uma vez, parte da programação da Glass South America, principal feira vidreira da América Latina (a Abravidro é parceira exclusiva da mostra).
Por fim, reforçou a ampla ação da Abravidro na defesa e fortalecimento do setor, com trabalhos para a criação de normas técnicas, formação de mão de obra e aperfeiçoamento de processos nas empresas, entre outros.
Números do 14º Simpovidro
– 684 participantes
– Público 33% maior que na edição 2017
– 160 profissionais envolvidos na organização, montagem e realização
– Cerca de 30 t de material usadas na estrutura do evento
Satisfação
No sábado, 9, após as palestras pela manhã (veja o conteúdo delas clicando aqui), José Domingos Seixas voltou ao palco para suas palavras de encerramento do evento. “Quando assumi a presidência da Abravidro, em 2017, ciente da importância do associativismo, estabeleci como meta unir a cadeia”, afirmou. “Apesar de sempre defender os interesses de processadores e distribuidores, a Abravidro sempre trabalha em parceria com as usinas e vidraceiros em busca do desenvolvimento de todos os elos da cadeia.”
Executivos das usinas de base também falaram: Franco Faldini (AGC); Flávio Vanderlei (Cebrace); Renato Sivieri (Guardian); Pedro Matta (Saint-Gobain Glass); e Henrique Lisboa (Vivix).
A mensagem que ficou de mais uma edição do simpósio é: um setor unido consegue crescer junto. O Simpovidro acabou, mas seus ensinamentos seguirão com todos que participaram dele.
Otimismo moderado: os discursos das usinas
A abertura do Simpovidro também é a aguardada ocasião em que as usinas vidreiras brasileiras expõem suas ideias e propostas para o setor. Confira abaixo os destaques de cada discurso.
AGC: coerência no trabalho
Francesco Landi afirmou que as expectativas econômicas eram altas para 2019, mas reforçou que “milagres” não ocorrem de uma hora para a outra. Segundo ele, a AGC tem foco na criação de parcerias comerciais, levando em conta o compromisso com o Brasil e a coerência nos negócios. Este ano, a empresa antecipou em quatro meses a entrega de seu segundo forno nacional. “Cumprimos nossa palavra”, afirmou. Após um vídeo com o histórico do grupo, Landi anunciou que, em breve, o vidro anticorrosão Luxclear e um novo refletivo serão comercializados. “Queremos crescer com vocês, respeitando todas as regras do mercado e de compliance. Não queremos o lucro fácil, pois apostamos em resultado de longo prazo.”
Cebrace: transformação da cadeia
A Cebrace mostrou um vídeo com sua trajetória de 45 anos, completados agora em 2019. Reinaldo Valu lembrou a retração de mercado ocorrida este ano, cravando: “Temos otimismo cauteloso para 2020”. Foram citadas as soluções de vidros criadas para o mercado brasileiro, como a linha Habitat de vidros de controle solar, e também o Domo, evento para arquitetos sobre inovação em fachadas. Leopoldo Castiella afirmou que “pensar no amanhã exige estruturar o hoje”, apontando ações para a transformação da cadeia, como a renovação do direito antidumping para vidros float. A importância da tecnologia 4.0 foi tema relevante: em 2020, espera-se que 100% das cargas da empresa sejam rastreáveis. A reforma e ampliação do forno de Caçapava (SP) e a construção do C6, em momento oportuno, estiveram na pauta. Outro vídeo mostrou o estágio das obras da nova planta da Vasa, na Argentina, empresa subsidiária da NSG/Pilkington.
Guardian: desafios constantes
Para Ricardo Knecht, “transformação faz parte de nossa cultura”. Para explicar o conceito, traçou uma analogia da indústria vidreira com a do cinema. A Sétima Arte passou por mudanças: salas VIP, pipocas especiais e cadeiras mais confortáveis levaram à geração de grandes receitas em comparação às salas comuns. Assim, segundo Knecht, nosso setor deve apostar no valor agregado de produtos e serviços. “Nosso compromisso é continuar buscando inovação.” O representante da Guardian anunciou ainda seu novo produto para uma das aplicações mais populares com vidro, o boxe de banheiro. O Showerguard é resistente à corrosão — mais informações foram mostradas no Cine Guardian, atividade que a empresa realizou ao longo do simpósio.
Saint-Gobain Glass: novas estratégias
Marcelo Machado explicou as estratégias da fabricante de vidro impresso (ou texturizado, como prefere a empresa) em 2019, entre as quais aproximar-se ainda mais dos clientes e fazer parcerias com empresas internacionais do Grupo Saint-Gobain: “Ampliamos nossa equipe, assim como nosso escopo de atuação, passando a atender o setor moveleiro de alto padrão”. A ideia é entender melhor as necessidades do mercado e desenvolver novas soluções. Machado citou também o uso desse produto em grandes obras recentes, como na unidade do Instituto Moreira Salles, na Avenida Paulista, em São Paulo, edifício que conta com fachadas de vidro impresso.
Vivix: futuro de tecnologia
Paulo Drummond foi enfático: o Brasil vive um novo momento econômico e político, graças à aprovação de reformas que sinalizam oportunidade para países desenvolvidos investirem aqui. “Estamos também próximos de uma reforma tributária; a simplificação de tributos será um grande passo”, analisou. Com a Europa estagnada economicamente, outros centros se mostram em alta para investimentos. O Brasil é um dos principais, já que a China segue sendo uma nação fechada e outros emergentes não contam com nosso potencial. Drummond lembrou que a Vivix ainda é uma empresa jovem, com cinco anos, mas que aposta no desenvolvimento, aplicando tecnologias 4.0 em seu processo produtivo.
Mais que apenas negócios
Além de conteúdo e networking, incluindo a organização da Feira de Oportunidades (saiba mais clicando aqui), o Simpovidro ofereceu lazer para os profissionais vidreiros e suas famílias. Ocorreram os tradicionais torneios de tênis, futebol e vôlei de praia, nos quais os participantes puderam se divertir e ganhar medalhas e brindes.
A edição 2019 da Casa Cor Espírito Santo esteve montada de 18 de setembro a 17 de novembro no Clube Ítalo Brasileiro, em Vitória. Vidros e espelhos roubaram a cena em diversos ambientes.
Inteiramente voltada para o mar, a Casa da Ilha, de Sérgio Palmeira, apresentou uma fachada toda composta de peças de controle solar ClimaGuard SunLight, da Guardian, laminadas com vidro incolor pela Viminas (1). A processadora capixaba também forneceu o Matelac Acidato fumê, da AGC, aplicado no painel atrás da cama do ambiente (2).
A transparência foi a palavra de ordem no Estúdio da Árvore Placas do Brasil, projetado pelo arquiteto Max Mello: teve grandes aberturas de temperado incolor, voltadas para o jardim e para a vista do mar, enquanto a copa da árvore podia ser vista pelo teto de vidros de controle solar SunGuard Neutral 14 laminados com temperados incolores (3). Os vidros desse espaço foram fabricados pela Guardian e processados pela Viminas.
Casa de vidro na Bahia
A Casa Cor também tem uma mostra sendo realizada em Salvador — iniciou-se no dia 22 de outubro e segue aberta até 8 de dezembro. A AGC Brasil é uma das patrocinadoras do evento, em parceria com a processadora Norvidro e vidraçaria Artenele.
Nosso material foi utilizado em diversas áreas para adaptar a estrutura do local: as duas mansões nas quais a exposição está sendo realizada, por exemplo, foram conectadas por uma passarela de laminado, ajudando a compor um só espaço. A Casa baiana conta ainda com uma estrutura no Salvador Shopping, a Casa de Vidro (4): com 40 m² e fachada de peças refletivas pratas da AGC, foi criada pelo arquiteto Wesley Lemos com inspiração na obra de mesmo nome da renomada arquiteta Lina Bo Bardi, em São Paulo. Além de chamar atenção dos visitantes, a casa também funciona como um estande para divulgação do evento e venda de convites.
A obra La Casa Del Desierto, da Guardian, marcou presença no episódio Smithereens da 5ª temporada da série Black Mirror, transmitida pela plataforma Netflix. Localizada no Deserto de Gorafe, na Espanha, a construção é mostrada como o local escolhido pelo personagem interpretado pelo ator Topher Grace (foto) para fugir de um mundo em que tudo se encontra conectado. A casa foi criada pela Guardian com o objetivo de testar seus produtos e soluções em condições climáticas extremas. Vale a pena assistir à série!
Renato Sivieri é o novo diretor comercial e de Marketing da usina para a América do Sul. Na Guardian desde 2013, Sivieri passa a ocupar o posto de Vilcen Soave, antigo diretor comercial, que deixou a companhia este ano.
Um conselho frequentemente apresentado nesta seção de O Vidroplano é que os vidraceiros busquem sempre diferenciar-se de seus concorrentes. Entre os momentos mais importantes para seguir essa dica está justamente a hora da venda: em vez de se contentar em oferecer uma peça comum ou a opção mais simples para a aplicação pretendida pelo comprador, por que não mostrar a ele todos os benefícios que um produto de valor agregado pode proporcionar?
Muitas vezes, o desconhecimento de todas as características desses vidros e o receio de não fechar negócio impedem que o profissional aproveite a oportunidade de vendê-los e assim lucrar mais. Consultamos especialistas e representantes do setor para ajudar sua empresa a ficar por dentro das melhores opções no mercado e, consequentemente, apresentar e indicar soluções nessa área a seus clientes. Anote as dicas — e boa leitura!
O que são vidros de valor agregado?
Gabriel Zanatta, coordenador de Marketing da Saint-Gobain Glass, explica: “São aqueles que saem do uso comum do consumidor, acumulando qualidades ou desempenhos diferenciados”. Estefânia Oliveira, coordenadora de Marketing da AGC Vidros do Brasil, complementa: “Esses produtos oferecem uma solução diferente da dos vidros comuns, possibilitando maior exclusividade, performance e beleza aos ambientes e projetos”.
Alguns benefícios que essas peças podem trazer incluem:
– Conforto térmico;
– Isolamento acústico;
– Maior resistência e segurança;
– Estética diferenciada;
– Controle de luminosidade;
– Economia no consumo de energia
E não faltam opções nesse sentido. As usinas de base já fornecem ao mercado diversos vidros e espelhos diferenciados — conheça alguns deles ao longo desta reportagem. As processadoras também tendem a aprimorar as peças por meio não só da têmpera, mas também de técnicas como a serigrafia (que hoje pode ser feita por impressão digital e em alta definição) e laminação (seja com películas tradicionais, coloridas, com altíssima resistência e até com cristal líquido, permitindo mudar o estado do vidro entre transparente e opaco via corrente elétrica).
Vidros de controle solar
Sunlux Shadow Fabricante: AGC Diferencial: vidro refletivo desenvolvido especialmente para países de clima tropical, disponível em três opções de transmissão de luz
Linha SunGuard Fabricante: Guardian Diferencial: alto desempenho no bloqueio do calor e dos raios ultravioleta, além de melhor aproveitamento da luz natural, reduzindo o consumo de energia elétrica em até 60%
Vivix Performa Fabricante: Vivix Diferencial: bloqueia quatro vezes mais a entrada de calor do que um vidro comum e os raios ultravioleta em até 99,6%
Comparando custos e benefícios
Por que, então, a procura por esses produtos não é maior? Um dos motivos é que os compradores, claro, tendem a buscar os menores preços. “Os clientes sempre vão escolher as opções mais baratas, até que alguém mostre que a conta não deve ser feita somente na economia do preço dos vidros e que outros fatores devem ser levados em consideração, como segurança para a família, economia de energia elétrica e conforto térmico e acústico”, avalia Marco Souza, gerente-comercial da Personal Glass, de Florianópolis. “Nem sempre os clientes conhecem esses pontos e depois se frustram pela escolha errada causada por falta de informação na hora da compra”, completa.
É aqui que um profissional informado e capacitado faz toda a diferença. “O vidraceiro tem um poder enorme em suas mãos. Sempre que fazemos pesquisas com consumidores finais e arquitetos, eles indicam que o vidraceiro é a pessoa certa para levar essas informações a eles. Então, mais do que vender e instalar, é importante que ele seja ativo, oferecendo e explicando as novidades”, considera Patricia Spinosa, gerente de Decoração e Inovação da Cebrace.
A propósito, sabe aquele vidraceiro que se contenta em vender a opção mais básica e barata só para garantir a venda? Ele não só está perdendo a oportunidade de ganhar mais, como também está indo contra as próprias tendências de mercado. “Por incrível que possa parecer, os produtos com mais valor agregado tiveram menos queda de vendas do que os de menor valor agregado. Em alguns casos, eles tiveram até crescimento, uma vez que as pessoas na crise procuram gastar ‘melhor’ seus recursos”, comenta José Eduardo Amato Balian, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Vidros pintados
Matelac Fabricante: AGC Diferencial: espelhos e vidros pintados acidados, para decoração de ambientes
Lacobel T Fabricante: AGC Diferencial: único vidro pintado temperável do mundo, com cinco opções de cores
Cebrace Laqueado Fabricante: Cebrace Diferencial: vidro pintado com acabamento laqueado, conferindo uniformidade de cor em toda sua extensão (mesmo de uma peça para outra); tinta não descasca
DecoCristal Fabricante: Guardian Diferencial: vidro laqueado, pintado em um dos lados com acabamento brilhante e fácil de limpar
Por dentro do catálogo
Um dos primeiros pontos a se levar em conta durante a venda de vidros de valor agregado é que o vidraceiro precisa conhecer a fundo as características e os benefícios de cada produto que fornece. “Isso é fundamental para ter argumentos que estejam alinhados às necessidades do cliente e, assim, convencê-lo de que o valor agregado do vidro lhe proporcionará melhores resultados”, comenta Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian. Ele também sugere que o vendedor sempre apresente mais de uma opção de orçamento para o cliente, demonstrando que está buscando a melhor opção para a obra.
Todas as usinas de base consultadas informam que já contam com equipes técnicas para o atendimento presencial e online aos vidraceiros (veja mais no quadro “Fale com eles!”). Os serviços oferecidos por elas podem ir desde um esclarecimento de dúvidas até o agendamento de palestras e treinamentos.
E, claro, o vidraceiro deve ficar atento ao mercado. “Nossa empresa está sempre antenada às tendências e lançamentos e acompanhando as novidades em grupos sociais do vidro, nas revistas, nas notícias relacionadas ao vidro e nas feiras nacionais e internacionais do setor, entre outros meios”, conta José Romão da Silva Neto, proprietário da R4 Vidros, de Salvador.
Espelhos
Espelho Bronze Fabricante: Cebrace Diferencial: aspecto moderno e chamativo, bastante procurado por arquitetos para a decoração de residências
Espelho Guardian Evolution Fabricante: Guardian Diferencial: uma camada protetora especial aplicada em seu verso protege a prata (responsável pelo reflexo das imagens) e garante maior resistência química e física
Vidros grossos
Linea Azzurra Fabricante: AGC Diferencial: único vidro no mercado nacional com espessura de 25 mm
Cebrace Extragrosso Fabricante: Cebrace Diferencial: espessura de até 19 mm, podendo ser usado como prateleira, tampo de mesa ou até na composição de vigas e colunas estruturais
Com eles, todos saem ganhando
Mas o que fazer quando o cliente não está disposto a gastar mais com um vidro de valor agregado? “Faça um exercício de quanto o comprador economizará com ar condicionado, a médio e longo prazos, se os vidros da residência ou do escritório tiverem controle solar, por exemplo”, sugere Claudio Luis Acedo, sócio-diretor da Mansur Vidros, de São Paulo. “Não basta ter produtos de valor agregado, é fundamental que a equipe saiba transformar esses argumentos em algo que faça a diferença na vida do cliente.”
Vale observar que empresas focadas na necessidade de atender o consumidor naquilo que ele realmente precisa, e não apenas na venda de seus produtos, acabam conquistando a confiança dos compradores e se destacando em relação aos seus concorrentes. Assim, toda forma de diferenciação em produtos e serviços faz com que o vidraceiro consiga sair da guerra de preço e atrair clientes pelo serviço final oferecido.
Outros tipos
Cebrace Antirreflexo Fabricante: Cebrace Diferencial: permite visão perfeita através de sua superfície, ideal para aplicações em vitrine e showroom
DiamondGuard Fabricante: Guardian Diferencial: dez vezes mais resistente a riscos do que os vidros comuns, mantendo as superfícies bonitas por muito mais tempo
Milano Fabricante: Saint-Gobain Glass Diferencial: vidro impresso de aspecto “minicanelado”, com forte apelo estético entre projetistas e designers de interiores