De olho na IA
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) publicou a pesquisa Utilização de IA na Indústria. O objetivo da iniciativa foi levantar e descobrir como as empresas estão integrando o uso de Inteligência Artificial (IA) às suas operações, bem como os principais benefícios e desafios nesse segmento.
O que é IA?
De acordo com os dados levantados, 65% das empresas ainda têm um conhecimento limitado sobre IA, mas 78,8% delas demonstram grande interesse em aprender mais sobre o tema – o que demonstra que as companhias estão cientes da importância do tema para um futuro breve.
Boas expectativas
O estudo também aponta que 67,7% dos entrevistados acreditam que a IA terá um impacto significativo em seus negócios; atualmente, pouco mais de 20% já testaram ou utilizaram IA, enquanto 60,1% planejam adotá-la nos próximos meses, principalmente nas áreas de vendas, tecnologia da informação (TI) e compras.
O estudo
A pesquisa foi conduzida entre 17 de junho e 5 de julho de 2024 com 304 empresas paulistas de diferentes setores.
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FIQUE POR DENTRO
Como funcionará programa do governo para digitalização das empresas
A modalidade Transformação Digital do programa Brasil Mais Produtivo tem como plano digitalizar 25% das empresas brasileiras até 2026 e 50% até 2033, utilizando tecnologias como Big Data e IA. A ideia do governo federal é impactar 93 mil empresas que serão atendidas presencialmente por consultores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de outras duzentas mil que terão acesso aos serviços oferecidos pelos parceiros na Plataforma de Produtividade. A iniciativa inclui o diagnóstico de problemas, projetos personalizados para aumentar a eficiência e acesso a crédito facilitado por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de outras instituições parceiras.
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RETROVISOR
Cinco décadas de credibilidade
Em outubro de 2007, a revista O Vidroplano completava cinquenta anos de existência. A principal publicação do setor vidreiro brasileiro nasceu de um informativo editado pelo Sincavidro-RJ, tendo passado às mãos da Abravidro pouco tempo depois da fundação da associação.
No começo de outubro, o VidroCast – podcast da Abravidro – recebeu Isidoro Lopes, presidente da AGC no Brasil, e Marcelo Botrel, anunciado em agosto como novo gerente-executivo Comercial e de Marketing da divisão de Vidros Arquitetônicos para a América do Sul. Os dois executivos conversaram com Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano: o bate-papo abordou do retorno de Botrel ao setor vidreiro e os objetivos da empresa no Brasil, até um balanço dos resultados em 2024 e as perspectivas para o Simpovidro. A seguir, confira alguns destaques da entrevista.
Botrel, antes de tudo, bem-vindo de volta! Você já atuou no setor em outra usina de base e deixou o mercado em 2014. O que você tem observado de diferente nesse primeiro mês de atividades, após dez anos? Marcelo Botrel – Ainda é muito cedo para falar, mas para mim foi muito bom, pois estou revendo muitos amigos de longa data, com várias empresas que evoluíram muito. Isso é ótimo porque significa que elas se organizaram e cresceram.
Na nota em que a AGC anunciou a vinda do Botrel, vocês informaram que dois dos principais objetivos da empresa são contribuir para o fortalecimento da marca e colaborar com o planejamento estratégico da AGC aqui na região. Como esperam obter sucesso nesse desafio? Isidoro Lopes – Obviamente, ao trazer um executivo do nível do Marcelo, com a experiência que ele tem, nós queremos não só vender vidro: queremos parcerias duradouras com os nossos clientes, buscar modelos de negócios e parceiros para outras atividades e ajudar os clientes no desenvolvimento dos seus negócios, para que seja uma relação de ganhos para todos os parceiros que estão com a AGC.
Vocês dois conhecem bastante o nosso setor e a cadeia de processamento. Estreitar o relacionamento com esse público é um desafio para a AGC? MB – Sim, é um desafio. Se você me uma pequena observação que eu faço desses últimos tempos em que fiquei fora do setor, essa relação era mais cultivada no passado. Então, acho que é uma oportunidade; o relacionamento com a cadeia de processamento sempre é um componente importante nessa indústria. Não significa que esse distanciamento tenha acontecido por parte de todas as indústrias: vejo que na AGC, por exemplo, há um cuidado muito grande na relação com esses clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento.
“Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil” (Isidoro Lopes)
Isidoro, numa conversa recente, você comentou um movimento que foi feito pela AGC na Europa, o “from volume to value” (do volume para o valor). O Brasil tem condições de fazer esse movimento também, considerando as adversidades que o nosso mercado vem enfrentando com a entrada de grandes volumes de vidro importado no País? IL – Acho que toda a cadeia do vidro no Brasil busca isso. Obviamente, o Brasil ainda busca volume; todos ainda têm uma necessidade de volume para manter o negócio competitivo. Mas você pode observar que produtos de valor agregado estão sendo lançados a todo momento, como vidros refletivos, laminados de temperados, serigrafados… É uma tendência natural do segmento buscar mais valor agregado. Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda dá para trabalhar muito em termos de volume; há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil, e a gente também pode agregar valor a esse volume – dá para fazer os dois: “volume and value”.
Vocês lançaram recentemente o vidro de controle solar Sunlux Champanhe. Como o mercado recebeu essa novidade? MB – O mercado recebeu muito bem: já temos vários clientes interessados e recebemos vários pedidos. Esse é um produto com foco tanto para a construção civil como para a indústria moveleira; é muito versátil, muito bonito e tem um bom nível de controle térmico – só traz vantagens.
Já estamos fechando o terceiro trimestre e entrando na reta final do ano. Qual o balanço que a AGC faz da performance do setor em 2024? IL – De forma resumida, devemos fechar este ano um pouco acima de 2023 – algo em torno de 3%. Nós esperávamos um cenário um pouco pior, mais nebuloso; estamos vendo uma inflação mais controlada, o PIB já chegando perto dos 3%, o índice de confiança da construção civil vem subindo… estamos mais otimistas. E, para 2025, esperamos mais um pequeno crescimento.
“Vejo que, na AGC, há um cuidado muito grande na relação com os clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento” (Marcelo Botrel)
Quais são as grandes diferenças em termos de demanda por produto no Brasil, na comparação com outros países? IL – O mix de vidro incolor na Europa, por exemplo, é muito baixo, acho que menor que 5%; há um grande uso lá de vidros insulados e refletivos, entre outros – ou seja, esses produtos que, no Brasil, são chamados de especiais, para eles já são uma demanda normal.
Quais vocês acham que seriam os caminhos para a gente conseguir desenvolver o mercado brasileiro nos níveis da Europa e dos Estados Unidos? MB – Acho que esse desenvolvimento passa pelo investimento em tecnologia – mas, para investir mais do que já está sendo feito, é preciso tornar sua empresa rentável. Todo mundo tem que estar ganhando: o cliente também, o processador também; se a indústria caminhar nesse sentido, pode-se buscar mais tecnologia, mais equipamentos, mais profissionais. As parcerias com as associações são fundamentais para transmitir o conhecimento para esse desenvolvimento. E é preciso que o País dê as condições para que a população tenha mais acesso à informação e a recursos financeiros, para que ela possa então buscar e consumir produtos de qualidade mais alta.
Por último, quais são as suas expectativas para o Simpovidro? MB – Eu estou ansioso para reencontrar muita gente; a AGC estará em peso lá com a nossa equipe comercial. É um encontro que promove a integração. Quando você conecta o fabricante, o cliente final e até o vidraceiro, isso é muito bom para a cadeia do vidro: todos devem estar na mesma página, e o Simpovidro é um ambiente propício para isso.
IL – A AGC enxerga o Simpovidro como uma união do segmento; é uma ocasião extremamente importante para manter essa ligação entre os vários elos da nossa cadeia e para discutir temas importantes para o setor vidreiro como um todo, com o adicional de ser um ambiente mais descontraído, com todos se conhecendo também como pessoas, não só como profissionais.
Com o lema “No Coração do Vidro”, a próxima edição da Vitrum foi anunciada oficialmente no dia 17 de setembro pela Associação Italiana de Fornecedores de Máquinas, Acessórios e Produtos Especiais para o Processamento de Vidro (Gimav): o evento será realizado de 16 a 19 de setembro de 2025 no complexo Fiera Milano, na comuna italiana de Rho. A feira, uma das mais tradicionais da Europa para o nosso setor, será marcada por novidades no seu layout e conteúdo: a Vitrum pretende abranger toda a cadeia de abastecimento do vidro, bem como o papel essencial das tecnologias. Em novo formato, o evento pretende ser não apenas uma vitrine tecnológica, mas também um hub de negócios, onde cada empresa terá a oportunidade de expandir sua rede e fortalecer a identidade de marca.
O setor vidreiro tinha expectativas de que o segundo semestre do ano trouxesse maior dinamismo às vendas do nosso material e um resultado melhor para a cadeia, mas o que estamos vendo até agora não passa de mais do mesmo: recuperação no preço da matéria-prima, corrida de processadores e distribuidores para reforçar seus estoques antes da virada das tabelas (para a manutenção do preço antigo pelo maior prazo possível) e a consequente dificuldade no repasse dos reajustes, por parte da cadeia de processamento, aos clientes.
Isso sem falar que o repasse, quando acontece, leva em conta apenas os percentuais de aumento da matéria-prima, não incluindo outras despesas relevantes na formação do preço de nossos produtos, como já pontuado aqui anteriormente. Não à toa temos visto queda no faturamento da indústria de transformação de vidros processados não automotivos, como mostrou o Panorama Abravidro para os anos de 2022 e 2023.
Também na categoria repeteco está o grande volume de importados. Embora nos últimos meses tenha diminuído o ritmo de entrada do float, os processados seguem crescendo e deixando todos nós preocupados. A ociosidade já registra índices alarmantes na cadeia de processamento, que conta com cerca de 570 fornos de têmpera em um mercado que, em seu melhor momento, chegou a 66 milhões de m² – e, em 2023, não alcançou 55 milhões de m². O cenário com grandes importações de processados só vai deteriorar ainda mais o mercado.
A saúde da cadeia de processamento, já abalada por anos de resultados fracos, concorrência acirrada e informalidade crescente, vai ficando cada dia mais fragilizada. A importância da governança financeira estará em pauta no Simpovidro, assim como outros assuntos importantes para o dia a dia de nossas empresas. Nosso evento, ponto de encontro de toda a cadeia vidreira, está chegando e, mais uma vez, vamos trazer temas relevantes para a reflexão dos tomadores de decisão das empresas. Assim seguimos contribuindo para o desenvolvimento do setor de vidros planos no Brasil, uma das principais missões da Abravidro.
Em abril do ano passado nesta seção, falamos sobre como o vidro estava entrando no ramo de semicondutores para chips. Feitos de placas de circuito impresso e interposições de silício, os semicondutores conduzem correntes elétricas e são fundamentais para o funcionamento dos chips, itens presentes em qualquer aparelho eletrônico.
A Schott já tinha desenvolvido um vidro ultrafino para a produção desses produtos. E, agora, em agosto, a empresa abriu uma divisão especializada voltada para a cadeia de semicondutores. “A equipe estabeleceu uma troca próxima com líderes da indústria que buscavam avanços na ciência dos materiais. Juntos, pretendemos alimentar o futuro dos semicondutores com vidros especiais”, comenta Christian Leirer, líder da divisão.
De acordo com estudos, uma placa de circuito feita de vidro pode melhorar o desempenho e reduzir a latência do sinal dos chips, diminuindo ainda a carga térmica da embalagem, o que oferece maior confiabilidade na transmissão de informações.
A programação de palestras do 16º Simpovidro está fechada – e repleta de conteúdo útil para sua empresa! Este ano, importantes nomes vão trazer ideias para ajudar as companhias vidreiras em temas relevantes do dia a dia: de gestão estratégica e de riscos a empreendedorismo e governança, passando por política, economia, ambiente digital e muito mais. Já se inscreveu no evento? O Simpovidro será realizado de 31 de outubro a 3 de novembro, no resort Vila Galé Alagoas. A seguir, conheça os palestrantes e os temas a serem abordados por eles.
Foto: Miriam Marostica
Dra. Érica Belon
Doutora em administração, mestre em educação e pós-graduada em neurociência e comportamento, com MBA internacional em gestão empresarial, conta com mais de trinta anos de experiência atuando diretamente na gestão de times, elaboração e execução de projetos e tomada de decisões. Durante todo esse tempo treinou mais de 80 mil profissionais, implementando o método de gestão estratégica de pessoas em diversas empresas, de variados segmentos, por meio de consultorias. No 16º Simpovidro, falará sobre Lucro e liberdade: como sair do operacional e saltar para o estratégico.
Foto: Divulgação
Flávio Málaga
PhD e mestre em finanças, com MBA pela Boston University em microeconomics, é sócio-fundador da assessoria Malaga|AAS, especializada em finanças corporativas, contabilidade, projetos de fusões e aquisições e governança financeira. Atua também como professor de Finanças Corporativas e de Contabilidade do MBA Finanças do Insper. É também escritor, tendo publicado os livros Retorno de ações e Análise de demonstrativos financeiros e da performance empresarial, e já foi entrevistado no VidroCast, o podcast da Abravidro. No 16º Simpovidro, falará sobre Governança financeira nas empresas vidreiras.
Foto: Divulgação
Isabelle Randon Membro da terceira geração do Grupo Randon, empresa de soluções em transportes, e sócia-fundadora da IR Family & Business, se envolveu com governança familiar desde cedo, participando ativamente da implementação de diversas iniciativas, como a academia de acionistas. Atua ainda na Family Business Network (FBN), uma instituição internacional que promove e fortalece o papel da família empresária em mais de 56 países. No 16º Simpovidro, falará sobre Como garantir a longevidade da sua empresa.
Foto: Divulgação
Creomar de Souza
Historiador, mestre em relações internacionais e doutorando em política comparada pela Universidade de Brasília, é fundador da Dharma Political Risk and Strategy, hub de inteligência e estratégia em assuntos públicos e prevenção de risco. Com atuação no setor de análise de cenário político para entidades privadas e organizações internacionais, atuou em 2019 como coordenador da Frente Parlamentar Mista de Economia e Cidadania Digital, via construção do Instituto Cidadania Digital. No 16º Simpovidro, falará sobre Panorama político: desafios e possibilidades.
Foto: Marcelo Freire
Ana Maria Castelo
Mestre em economia, é coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE desde 2010. Na instituição, comanda e desenvolve estudos e análises setoriais. Responsável pela divulgação de dois estudos muito importantes para o setor da construção – o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) e a Sondagem da Construção. No 16º Simpovidro, falará sobre Perspectivas econômicas para 2025.
Foto: Leo Martins
Pedro Doria
Jornalista, escritor e palestrante, é colunista da rádio CBN e do jornal O Globo. Responsável pela direção de algumas das principais redações do País ao longo dos anos, é o fundador da startup de jornalismo Meio. Tendo estudado em Stanford, na universidade instalada no Vale do Silício, polo tecnológico dos Estados Unidos, acompanha as transformações impostas pelo digital há três décadas. Já escreveu bestsellers sobre a história do Brasil. No 16º Simpovidro, falará sobre o tema A Inteligência Artificial muda tudo.
Como se vê na capa desta edição de O Vidroplano, a programação de palestras do principal encontro vidreiro da América Latina enfim foi revelada. Para o 16º Simpovidro, convidamos especialistas de diversas áreas para levar ideias relevantes ao dia a dia de nossas empresas. Em um mercado concorrido como o vidreiro, estar bem preparado para os desafios que surgem é fundamental – e os temas das palestras vão ao encontro dessa necessidade. Clique aqui e confira a lista completa dos conferencistas que participarão do simpósio, de 31 de outubro a 3 de novembro, no Vila Galé Alagoas.
Temos também outros destaques na revista, como uma reportagem especial sobre um tema do qual ouviremos muito daqui pra frente, inclusive no Simpovidro: Inteligência Artificial, a famosa IA. De que forma ela poderá impactar o setor vidreiro? Conversamos com usinas e fabricantes de maquinários para processamento para entender o salto que a tecnologia vidreira pode dar com esse conceito cada vez mais integrado à vida de cada um de nós.
Na seção “Para sua vidraçaria”, saiba como realizar a manutenção de diversos sistemas envidraçados, incluindo envidraçamento de sacada, guarda-corpos e boxes de banheiro, além de portas e fachadas de vidro. Cada tipo de instalação conta com particularidades especiais para preservar a qualidade e segurança.
Leia também uma entrevista imperdível com Flávio Málaga, PhD e mestre em finanças (e que será um dos palestrantes do Simpovidro), e com Victor Villas Casaca, presidente do Sinbevidros-SP, sobre temas importantes como rentabilidade, fluxo de caixa, política de preços e gestão financeira – e confira o papo na íntegra em nosso podcast, o VidroCast.
Faz uns bons anos que o termo Inteligência Artificial (também conhecido pela sigla IA) vem ganhando espaço nas discussões do dia a dia. De um lado, existe a esperança de que ela permita um salto jamais visto na evolução humana; por outro, há o receio de a tecnologia invadir aspectos básicos da vida de cada um de nós, mudando-os para pior. Arte, medicina, comunicação, indústria: todos os segmentos terão de lidar com esse assunto mais cedo ou mais tarde – incluindo o setor vidreiro.
Pensando nisso, O Vidroplano decidiu conversar com players da cadeia, incluindo usinas e fabricantes de maquinários e softwares, para entender de que forma a IA pode impactar os negócios vidreiros. A fabricação de vidro ficará mais simples? Serão criadas novas tecnologias para o uso de nossa indústria? Empregos no segmento podem ser extintos como resultado disso? Confira a seguir respostas para essas e outras perguntas.
Máquinas que pensam
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Inteligência Artificial é a tentativa de reproduzir, em máquinas, o processo de pensamento humano. Para isso, são criados algoritmos que simulam o nosso raciocínio – e esses algoritmos, uma vez introduzidos em sistemas ou equipamentos, vão ajudá-los a trabalhar de modo mais independente. O resultado é a automatização de tomadas de decisões complexas, como avaliação de crises e prevenção de riscos, tornando a análise de dados mais rápida e precisa.
“Isso permite que as pessoas dediquem mais tempo ao pensamento criativo, o que vejo como uma das grandes oportunidades para o ser humano exercitar o melhor de suas qualidades”, comenta Renato Grau, CEO da consultoria de tecnologia Innovision, em artigo publicado pela Revista Indústria Brasileira. “A robótica, por sua vez, está se tornando mais autônoma e integrada às equipes humano-robôs, levantando preocupações naturais sobre a substituição de empregos. É necessário equilíbrio na integração, garantindo confiança e adaptabilidade na atribuição de poder.”
A indústria nacional aposta nesse poder transformador da IA: a Petrobras, por exemplo, desenvolveu sistemas de análise para prever falhas na exploração de petróleo e gás; já a Embraer utiliza plataformas de simulação para validar projetos de aeronaves. Mas isso pode ser visto também em pequenos negócios: sabe aquele chat automático de atendimento ao consumidor com quem você precisa falar antes de conversar com um humano? Aquilo também é IA – claro, uma forma simplificada dela. Isso mostra como o conceito está mais presente na vida de cada um de nós do que nos damos conta.
Qual o papel da IA nas empresas?
Segundo o Sebrae, a IA atua em três frentes nas empresas:
Redução de custos: é possível acelerar algumas etapas e diminuir a incidência de erros, minimizando as chances de prejuízos;
Otimização da produção: fundamental para a obtenção de maior retorno financeiro e para a criação de uma cultura organizacional sólida;
Prevenção de riscos: é possível identificar potenciais problemas e agir de maneira preventiva, antes que gerem complicações na produtividade e no desempenho organizacional.
E vale ter atenção especial às pequenas e microempresas na implementação dessas tecnologias: elas são mais vulneráveis em relação ao uso de IA, principalmente nos quesitos relacionados ao acesso a informações de segurança. Esse é o alerta de Fernando de Rizzo, CEO da metalúrgica Fundição Tupy, em texto publicado no documento Inteligência Artificial e a Indústria, do Grupo Mobilização Empresarial pela Inovação, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Diz ele: “A aplicação da IA requer uma robusta base operacional para seu desempenho seguro, não ocorrendo apenas isoladamente, mas em um contexto de conjunto de fatores tecnológicos e estruturais”.
Para Rizzo, o correto uso da tecnologia tem como base a inclusão digital, responsável por capacitar as pessoas no emprego dessas ferramentas; a segurança cibernética, em relação à proteção contra ameaças à privacidade e crimes cibernéticos; e a promoção de cooperação multilateral internacional, essencial para aprimorar a governança e a mitigação de riscos de crimes para além da fronteira do País. “Posto isso, pontua-se que se faz mandatório o reconhecimento e gestão dos riscos associados ao uso de IA, devendo contemplar pilares como ética, sustentabilidade, segurança, inclusão e diversidade”, escreveu.
As indústrias como um todo sentirão os impactos da IA: por isso mesmo, será necessário um equilíbrio na integração das novas tecnologias, garantindo a adaptação das pessoas a essa nova realidade (Foto: panuwat/stock.adobe.com)
A IA já é uma realidade no setor?
A presença da tecnologia em nosso segmento ainda é pequena, mas começa a tomar forma. “O uso de IA na fabricação de vidros está em um estágio inicial, muitas vezes limitado a provas de conceito. Grande parte das empresas está em fase de experimentação, buscando compreender como pode gerar retornos”, revela o presidente da Vivix, Henrique Lisboa. “No entanto, nos últimos dois anos, tanto no Brasil como internacionalmente, foram divulgadas aplicações práticas e casos de uso. Participamos de diversos eventos internacionais, como a Hannover Messe, na Alemanha, e Siemens Realize Live, em Las Vegas, e podemos dizer que, globalmente, o cenário é semelhante.”
Para o gerente de Marketing e Produto para América do Sul da AGC, Thiago Malvezzi, o uso da Inteligência Artificial em nosso mercado, ao menos no Brasil, ainda levará alguns anos para ser adotado em larga escala. “Desde o ano passado, a AGC promove um fórum global de novas tecnologias com foco em IA. Esse evento reúne colaboradores de diversas partes do mundo para apresentar projetos e explorar possibilidades. Embora seja amplamente reconhecido em nosso mercado vidreiro que o conhecimento é crucial, ainda precisamos dedicar mais atenção a isso”, reflete.
“A IA está começando a tecer seus padrões intrincados no tecido dessa indústria. A verdadeira transformação, porém, provavelmente se desenrolará na próxima década”, analisa Moreno Magon, CEO da MM4Glass e diretor de Vendas, além de cofundador, da Latamglass. “A convergência da IA com outras tecnologias emergentes, como Internet of Things (IoT) e robótica avançada, acelerará ainda mais essa transformação. Então, fique de olho no horizonte: o mercado de máquinas de processamento, por exemplo, está à beira de uma evolução emocionante, que remodelará a indústria de maneiras que estamos apenas começando a imaginar.”
Como será essa revolução
A IA pode ser aplicada em várias etapas, desde a automação de processos de produção até a análise de dados de mercado e previsão de demanda. De acordo com as fontes consultadas por O Vidroplano, entre os principais pontos que essa tecnologia irá melhorar estão:
Monitoramento da qualidade: detectará imperfeições em tempo real, prevenindo falhas e aumentando a produtividade, o que resultará em uma produção mais eficiente, com menor custo e maior qualidade final;
Manutenção dos equipamentos: será possível prever com mais precisão os ciclos de manutenção das máquinas, evitando paradas inesperadas e otimizando a produção;
Utilização aprimorada dos equipamentos: ajudará a aumentar a eficiência energética, reduzindo, como consequência, a emissão de CO2. Contribuirá também para uma rápida identificação de incidentes na linha de produção, fazendo correções imediatas;
Personalização da experiência do cliente: será possível oferecer soluções sob medida e antecipar necessidades com base em dados históricos de compra e comportamento.
Para Ron Crowl, gerente da empresa norte-americana Cyncly e diretor da National Glass Association (a associação das empresas vidreiras dos Estados Unidos), a IA também atuará no gerenciamento de estoque, uma atividade crítica para qualquer companhia do segmento. “Ao automatizar ordens de compra, o sistema garante que os níveis de estoque sejam mantidos de forma eficiente, sem a necessidade de intervenção manual. Essa funcionalidade pode ser projetada para analisar níveis de estoque, prever requisitos futuros com base em padrões e fazer pedidos automaticamente para repor o nível de produtos, garantindo que a cadeia de suprimentos seja ininterrupta e responsiva às flutuações de demanda”, escreveu Crowl em artigo na revista Glass Magazine.
Por conta do tamanho de suas operações, as usinas serão o elo que mais apostará na pesquisa por soluções com IA (Foto: Vasily Smirnov/stock.adobe.com)
A presença da IA hoje nas empresas
Por conta do tamanho de suas operações, as usinas são o elo que mais investe na pesquisa por soluções com Inteligência Artificial. A AGC desenvolveu uma tecnologia baseada no ChatGPT. Disponibilizada gratuitamente para todos os colaboradores, ela possibilita aos funcionários receber respostas com base nos dados internos da ferramenta – por exemplo, na área de vendas, ela permite conhecer o desenvolvimento de serviços e produtos e ajuda a alcançar os clientes com agilidade. “Além disso, a empresa incentiva o uso desse poderoso recurso nas atividades diárias, para que todos possam se familiarizar com a tecnologia e adaptar suas tarefas aos benefícios que ela proporciona”, afirma Thiago Malvezzi.
A Cebrace está estudando como aplicar a tecnologia a seus processos. “Estamos de olho nesses avanços e enxergamos a importância da adoção da IA, a qual ainda exige estudos e acompanhamento para uma implementação mais segura, robusta, e padronizada”, revela a gerente de Marketing, Inovação & Sustentabilidade, Monica Caparroz. “A partir da análise desses impactos, se tudo apontar que é possível avançar ou acelerar a inovação, com certeza ela será implementada, seja em processos de comunicação e colaboração ou em processo produtivo.”
A Guardian também está focada em entender tais conceitos – os existentes e os que surgirão num futuro breve. “Somos desafiados a abraçar mudanças de forma lucrativa, além de sermos incentivados a buscar oportunidades para adquirir conhecimento e implementar casos de uso que gerem valor à medida que os encontramos”, analisa o gerente de Marketing Arthur Lacerda. Segundo ele, a equipe da Guardian está desenvolvendo uma ferramenta de IA generativa que ajudará os clientes a navegar pelos aspectos técnicos do vidro.
A Vivix utiliza sistemas de IA tanto na área fabril como no suporte à área comercial. “Vale citar o uso no controle avançado do forno, que visa a aumentar a estabilidade do processo produtivo e melhorar a eficiência energética, e o Engenheiro Virtual da Vivix, que ajuda a reduzir a curva de aprendizado e apoia nossas equipes de produção e qualidade na tomada de decisões mais assertivas, integrando melhor os dados industriais e de negócios”, explica Henrique Lisboa. Esses projetos foram desenvolvidos em parceria com empresas como Amazon, Deloitte e UPE.
É possível dizer que o segmento de softwares para o setor vidreiro está avançado nesse quesito, pois os próprios sistemas contêm Inteligência Artificial. “Hoje contamos com a IA em diversas áreas em nossas soluções”, aponta Priscila Kimmel, gerente-comercial da SystemGlass. “Está em tudo que possa ser integrado automaticamente, criando assertividade e reduzindo mão de obra operacional para nossos clientes.” Isso inclui automações inteligentes na parte administrativa dos softwares; ecossistemas para autonomia comercial no e-commerce WebGlass; e outras automações para a integração das linhas de produção, deixando os processos das beneficiadoras sem nenhuma intervenção humana.
O que mudará no processamento de vidros?
Os diversos elos fabris do setor podem ganhar mais produtividade e eficiência com a IA. E em relação às etapas do beneficiamento, a que mais deverá passar por um processo de revolução será a têmpera. “Em essência, a IA é como um maestro, orquestrando os vários elementos do processo para criar uma sinfonia de eficiência, qualidade e inovação”, aponta Magon, da MM4Glass e Latamglass. Para ele, a IA mudará o gerenciamento desse trabalho em diversos pontos:
Otimização do fluxo de trabalho: “Algoritmos podem analisar dados de produção para identificar gargalos e ineficiências, de forma a agilizar as operações, alocar recursos de forma mais eficaz e minimizar os tempos de inatividade”;
Controle e garantia de qualidade: “Os sistemas de visão computacional orientados por IA podem inspecionar continuamente os vidros em busca de defeitos com precisão incomparável. Além disso, será possível analisar padrões de defeitos para identificar as causas básicas e implementar ações corretivas”;
Gestão de energia: “Ao analisar os padrões de uso de energia e identificar oportunidades de redução, a tecnologia ajuda os gerentes de produção a implementar práticas energeticamente eficientes, levando à economia de custos e a uma pegada ambiental menor”;
Treinamento e desenvolvimento de funcionários: “Os programas de treinamento orientados por IA podem personalizar as experiências de aprendizado dos funcionários, identificando lacunas de habilidades e fornecendo módulos de ensino direcionados”.
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De olho nos perigos
Como toda a tecnologia, a Inteligência Artificial também desperta receios: profissionais humanos deixarão de ser necessários para certas tarefas? O desemprego, como consequência disso, pode aumentar? O que fazer quando, de fato, nossas empresas estiverem atuando com esses sistemas? “Com investimentos em requalificação e treinamento, podemos minimizar esses efeitos e garantir que a IA complemente e potencialize o trabalho humano, em vez de simplesmente substituí-lo”, reflete Thiago Malvezzi, da AGC. “Para que isso ocorra de forma efetiva, é crucial que tanto as empresas como os governos apoiem e incentivem essa requalificação, proporcionando os recursos necessários para que a transição seja justa e inclusiva.”
Priscila Kimmel, da SystemGlass, acredita que o impacto será mais de complementação do trabalho humano do que de substituição. “A IA pode automatizar tarefas repetitivas e aumentar a precisão, mas a expertise, a criatividade e a capacidade de resolução de problemas dos profissionais continuarão sendo essenciais.”
A ideia é compartilhada por Henrique Lisboa, da Vivix. “A IA permite que os profissionais se concentrem em atividades mais estratégicas e de alto impacto, proporcionando o desenvolvimento das nossas pessoas. Ao investir no aprimoramento das competências dos colaboradores, garantimos que a força de trabalho esteja alinhada com as novas demandas do setor, aumentando a eficiência e agregando mais valor ao negócio”, aponta.
Portanto, se você ainda não pensava no assunto, fique ligado: a era da IA chegou.
Sempre que boxes de banheiro são abordados nas páginas de O Vidroplano, a importância da manutenção periódica é ressaltada, conforme orientado na própria norma desses produtos, a ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Mas eles não são os únicos sistemas para os quais esse serviço é indicado. Envidraçamentos de sacada, guarda-corpos, portas e até fachadas de vidro precisam ser frequentemente avaliados para identificar e corrigir eventuais falhas antes que elas levem a problemas mais sérios.
Fazer a manutenção de instalações envidraçadas é uma ótima forma de garantir a segurança dessas estruturas, expandir as atividades da sua vidraçaria, fidelizar seus clientes e fechar novos negócios com eles. Sua equipe já oferece esse serviço aos usuários finais desses produtos? Nas páginas a seguir, saiba o que deve ser observado nos principais tipos de sistema, a forma correta para a limpeza dos vidros e em que casos a troca do nosso material se faz necessária.
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Envidraçamento de sacada
A norma ABNT NBR 16259 – Sistemas de envidraçamento de sacada – Requisitos e métodos de ensaio recomenda que a limpeza e conservação do sistema, que é uma forma de manutenção preventiva, seja feita a cada doze meses em regiões urbanas e a cada seis meses em regiões litorâneas e industriais. Segundo Claudio Mansur, cofundador e diretor-comercial da Casa Mansur (no Brasil) e da Vista Libre (no Chile), essa checagem periódica do sistema é essencial para avaliação de aspectos como fixações, vedações e integridade das roldanas. “A integridade das vedações, por exemplo, só pode ser analisada quando chove. Por esse motivo, fazer uma inspeção visual é uma boa alternativa para observar se ela está bloqueando a entrada de água”, comenta o especialista em soluções envidraçadas.
Outras orientações de Mansur para a manutenção de envidraçamento de sacada são reforçar a fixação das roldanas nos leitos e nas folhas, já que toda a roldana é presa por pressão; e verificar a pressão do parafuso que segura as roldanas, para garantir o melhor desempenho e segurança de uso do sistema. E, seja logo após a instalação do envidraçamento, seja nas visitas periódicas, o vidraceiro deve testar a integridade dos perfis e dos trilhos, para averiguar se o deslizamento e o funcionamento estão ocorrendo dentro do esperado.
No que diz respeito ao nosso material, uma boa notícia: Paulo Correia, analista de Novos Negócios da AL Indústria, e Ladislau Pereira, responsável pelo Departamento Técnico da mesma empresa, apontam que a troca do vidro no envidraçamento de sacada somente é necessária quando ele apresentar lascas, pois isso pode levar à quebra da instalação. Mansur chama a atenção para a importância de seguir as orientações dos fornecedores do sistema instalado. “Como empresa, somos responsáveis por comunicar aos clientes a necessidade e a importância das manutenções. É algo essencial para o cliente e benéfico para a empresa.”
Foto: Cris Martins
Guarda-corpos
Bruno Cardoso e Guilherme Moraes – responsáveis, respectivamente, pelo Departamento de Arquitetura e pelo Departamento Técnico da WR Glass – salientam que a manutenção de guarda-corpos costuma ser basicamente preventiva, mantendo uma limpeza periódica dos vidros e demais peças e atentando-se a possíveis diferenças na resistência do sistema, como afrouxamento de fixação e sinais indicativos de corrosão, entre outras.
Segundo os representantes da WR Glass, a higienização periódica realizada durante a manutenção do guarda-corpos é de grande importância, principalmente em regiões urbanas. Isso porque as chuvas e a poluição podem levar ao acúmulo de camadas de detritos sobre as peças, o que pode provocar o desgaste delas. Da mesma forma, guarda-corpos instalados em regiões litorâneas demandam maior atenção e frequência desse processo, de forma a evitar risco de corrosão de componentes. Para todas as situações, é recomendável o uso apenas de água, pano úmido macio e detergente neutro (veja mais orientações para a limpeza de sistemas envidraçados no final desta reportagem).
Embora trate-se de um trabalho simples, Cardoso e Moraes ressaltam que, dependendo do local em que o guarda-corpos está instalado – como varandas de edifícios ou coberturas –, é recomendável que um profissional especializado avalie e valide de tempos em tempos a integridade do sistema. Há ainda casos em que os perfis podem precisar de manutenção: para isso, pode ser necessário soltar os vidros e retirá-los dos perfis, para que seja possível verificar o estado de seu perímetro interno e dos fixadores.
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Boxe de banheiro
Conforme mencionado no início desta reportagem, a norma para boxes de banheiro, a ABNT NBR 14207, especifica que a revisão desse sistema deve ser realizada a cada doze meses por um profissional qualificado, a fim de verificar se ele apresenta algum problema ocorrido pelo desgaste ao longo do uso.
Para conscientizar tanto os vidraceiros como os usuários finais sobre a importância da manutenção preventiva dos boxes de banheiro, a Abravidro lançou, em 2016, o programa De Olho no Boxe. O conteúdo dessa iniciativa, elaborado junto com grandes especialistas nesse sistema, conta com uma página na Internet voltada especificamente para vidraçarias – ela inclui, entre outras informações, os pontos aos quais o profissional deve estar atento na hora da manutenção e como resolvê-los. Alguns deles são:
Presença de lascas em alguma das bordas do vidro;
Os vidros estão encostando um no outro, batendo em perfis, parafusos ou qualquer outro material rígido;
Porta movendo-se sozinha, raspando ou pesando na abertura ou no fechamento (no caso de boxes com porta de correr);
Contato direto do puxador da porta com a folha fixa de vidro (no caso de boxes com porta de correr);
Porta está raspando ou encostando no piso ou na parede (no caso de boxes com porta pivotante)
Vale destacar que a manutenção desse sistema não se resume a identificar e corrigir eventuais falhas. De acordo com a ABNT NBR 14207, sempre que o vidraceiro instalar um boxe para o cliente, deve também entregar a ele um manual de uso com orientações sobre o uso correto do produto e indicações de como agir em caso de problemas.
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Portas de vidro
Para Marcos Antonio Ramos, diretor-comercial da Roll Door, é fundamental realizar manutenções preventivas regulares em portas para garantir a segurança dos usuários e a durabilidade dos sistemas de caixilhos e vidros, pois cada tipo de porta de vidro tem características e necessidades específicas, as quais influenciam a frequência e a manutenção necessária:
Portas deslizantes manuais: na sua manutenção, deve-se verificar regularmente os trilhos e as rodas para garantir que estejam limpos e lubrificados, evitando sobrecarregar as portas e deixando o trilho livre de obstruções – o ajuste das portas para um deslizamento suave também é importante;
Portas deslizantes automáticas: requerem inspeção mais frequente dos componentes eletrônicos e mecânicos; é crucial lubrificar os trilhos e verificar o sistema de sensores – esses últimos também devem ser mantidos sempre limpos –, permitindo que o sistema de energia esteja em boas condições;
Portas pivotantes com molas de piso: as molas e os mecanismos de fechamento precisam ser ajustados e lubrificados periodicamente; além disso, deve-se atentar ao alinhamento das portas, evitar forçá-las e garantir que as molas não estejam danificadas;
Portas pivotantes sem molas: o foco deve ser colocado na lubrificação das dobradiças (que devem ser mantidas sempre limpas) e no alinhamento das portas; o controle da estabilidade da estrutura também é essencial.
Paulo Correia e Ladislau Pereira, da AL Indústria, alertam que é primordial inspecionar o vidro instalado como porta, independentemente do tipo dela, para observar se há presença de lascas, trincas e avarias. Marcos Ramos, da Roll Door, acrescenta: “O profissional deve também conferir se há fissuras, descolamentos ou outros sinais de danos que possam comprometer a integridade do vidro; caso sejam encontradas quaisquer imperfeições significativas, a substituição dos vidros pode ser recomendada para evitar possíveis quebras no futuro e garantir a segurança – se você estiver enfrentando problemas com os vidros, é sempre indicado consultar um especialista para uma avaliação detalhada”.
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Fachadas de vidro
Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas – especializada em trabalhos com vidros estruturais –, indica que o ideal no trabalho com fachadas é que o projeto já seja entregue para o proprietário da obra com um manual em que constem as orientações para as eventuais manutenções, as quais devem ser feitas por empresa especializada ou pela que entregou o empreendimento, já indicando os pontos de manutenção.
“Em geral, nas fachadas de vidro estrutural, as manutenções que podem e devem ser feitas são relacionadas à vedação dos vidros, pois elas podem ser danificadas ao longo do tempo em função de movimentação inadequada ou alguma carga excessiva ou não mensurada no projeto”, orienta Arruda. “Devem ser incluídos também aperto, reaperto ou realinhamento de ferragens de fixação dos vidros estruturais, as chamadas ‘spiders’ – em algumas obras, são utilizados cabos de aço, e eles também devem ser avaliados, verificando se continuam tensionados e trabalhando conforme o projeto especificado pelo fornecedor.”
Arruda acrescenta que a periodicidade para esse trabalho varia de acordo com as particularidades de cada projeto. Ele ainda frisa que o vidro em geral é o item mais duradouro nas fachadas estruturais: “Só é feita a troca dele em caso de quebra ou alguma situação de delaminação causada por falha de fabricação ou de instalação do material, mas essa troca não é um item de manutenção, e sim algo a ser feito apenas em caso de necessidade pontual.”
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Limpeza também faz parte da manutenção!
A beleza e a transparência são dois atributos marcantes do vidro – por isso, mantê-lo limpo é importante tanto para realçar a estética dos sistemas em que ele está aplicado, como para evitar o surgimento de danos permanentes como manchas ou riscos.
“A limpeza dos vidros deve ser realizada por um profissional especializado no final da obra ou da manutenção, depois que todos os prestadores de serviço finalizarem seus trabalhos, pois qualquer poeira de obra deixará o vidro embaçado”, orienta a empresária e palestrante Célia Miranda, especialista em limpeza pós-obra e criadora do Método Obra + Limpa, com mais de quatrocentos alunos.
Segundo Célia, o mais recomendado para esse trabalho é o uso de um kit de limpeza profissional, com lavadores de vidro (popularmente chamados de “carneirinhos”) e limpadores (“rodinhos”) próprios para o nosso material. Caso a vidraçaria não tenha esses itens, ela recomenda usar uma fibra branca e detergente neutro, passando em seguida um pano de microfibra bem torcido para remover os resíduos do detergente.
“O vidro deve ser limpo até as 10 horas da manhã, ou após às 16 horas, quando não há a incidência direta dos raios solares, pois o material aquecido pode se manchar com facilidade”, recomenda Célia. No caso de vidros com excesso de silicone, tinta, verniz, cola, etiqueta ou outros resíduos de obra, a limpeza deve ser realizada por um profissional especializado: “Não é recomendado utilizar espátulas ou raspadores diretamente na peça, nem mistura de produtos ou fibra verde, pois isso danifica o vidro”, alerta a especialista.
Em agosto, a NürnbergMesse Brasil (NMB) organizou uma visita técnica ao Distrito Anhembi, a nova casa da feira Glass South America a partir de 2026. O objetivo foi mostrar, em primeira mão, a representantes de empresas do setor vidreiro, como ficou o tradicional espaço de exposições paulistano após grande reforma realizada pela GL Events, multinacional francesa que administra o local. A Abravidro também marcou presença por meio da gerente de Atendimento, Rosana Silva; do gerente técnico, Sílvio Carvalho; e do coordenador-administrativo, Maurício Botelho.
Motivos para a mudança
De acordo com Alexandre Brown, head do setor de Construção da NMB, a mudança para o novo espaço trará diversos benefícios à Glass. “O Distrito Anhembi tem inúmeras qualidades que enxergamos como oportunas. Suas estruturas estão totalmente renovadas, incluindo um pavilhão com layout que permitirá à Glass e à E-squadria Show estar no mesmo hall, sem divisão; um sistema de ar-condicionado de última geração; uma praça de alimentação fixa, com restaurante para, aproximadamente, setecentas pessoas; e toda a facilidade de acesso, seja por carro ou transporte público”, destaca.
Localização privilegiada
Como afirma Brown, o acesso foi fundamental para a escolha do Distrito Anhembi: “Percebemos que um número considerável de profissionais vidreiros chega à Zona Norte de São Paulo com mais rapidez.”
De carro, é possível chegar por quatro vias diferentes – e o estacionamento conta com quase seis mil vagas;
Está próximo ao Aeroporto Campo de Marte, importante centro da aviação particular local, e a pouca distância dos dois principais aeroportos da cidade: Guarulhos (a 25 km, via Marginal Tietê) e Congonhas (a 15 km, via Corredor Norte-Sul);
Como se isso tudo não bastasse, a Rodoviária do Tietê, que conta com estação de metrô, fica a poucos minutos dali.
Maior hotel do Brasil
O Distrito Anhembi fica ainda literalmente ao lado do maior hotel do Brasil, o Holiday Inn Parque Anhembi. Com quase oitocentos apartamentos, quem se hospeda ali nem precisa pegar táxi ou outra forma de transporte: estará no pavilhão de exposições após andar poucos minutos.
Gigante: pavilhão de exposições tem mais de 67 mil m² e pé-direito com 10 m de altura
Vendo de perto
A visita incluiu acesso a três instalações chaves do empreendimento.
Praça central
A primeira delas foi a nova praça central, uma área de convivência com 3.800 m², mesclando espaços cobertos e a céu aberto, com food trucks e área para descanso;
Pavilhão de exposições
Na sequência, foi a vez de entrar no gigantesco pavilhão de exposições: são mais de 67 mil m², pé-direito com 10 m de altura e entradas exclusivas para até cinco eventos simultâneos. Para a Glass 2026, a NMB espera um aumento de 20% no espaço da feira na comparação com a edição deste ano;
– Centro de convenções
Tem capacidade para 20 mil pessoas simultaneamente. São três auditórios totalmente restaurados, mais de 12 mil m² de halls modulares e configuração para até 24 salas, incluindo um teatro.
Anote em sua agenda: a próxima Glass South America será no Distrito Anhembi, de 13 a 15 de maio de 2026.
A AGC anunciou a chegada de Marcelo Botrel à companhia: ele assume o cargo de gerente-executivo Comercial e de Marketing da divisão de Vidros Arquitetônicos para a América do Sul, tendo como um de seus principais objetivos contribuir para o fortalecimento da marca, além de colaborar com o planejamento estratégico da empresa na região. De 2004 a 2014, Botrel atuou como diretor de Vendas da Guardian; nos últimos anos, ele trabalhou na indústria de cimento. “Acreditamos que sua sólida trajetória executiva, aliada à sua reputação e confiança no mercado do vidro, será fundamental para engrandecer o nosso relacionamento com clientes e parceiros”, afirmou, em comunicado, Isidoro Lopes, presidente da usina.
O 2º Fórum de Sustentabilidade Cebrace foi realizado no dia 5 de setembro, em formato online. Mônica Caparroz, gerente de Marketing, Inovação & Sustentabilidade da Cebrace, falou no evento sobre os objetivos da empresa para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável (ODS) e as iniciativas que a empresa já desenvolve nesse sentido. O fórum foi mediado por Camila Batista, coordenadora de Desenvolvimento de Produto & Sustentabilidade da Usina, e contou com apresentações de Júlia Basso, coordenadora de Sustentabilidade Corporativa do Grupo RAC, que abordou a importância da sustentabilidade na construção civil tanto na esfera ambiental como na social; e da jornalista Giuliana Morrone, compartilhando sua experiência pessoal na área de ESG (meio ambiente, social e governança) – ela se especializou no tema durante a pandemia de Covid-19.
Após a conclusão da turma formada nos dias 15 e 16 de agosto (foto), a Abravidro anunciou a última data para 2024 do módulo de Planejamento, Programação, Controle da Produção e Estoques (PPCPE). As aulas serão ministradas nos dias 7 e 8 de novembro, em São Paulo, pelo instrutor técnico Cláudio Lúcio da Silva, reconhecido como um dos maiores especialistas do Brasil na área de transformação de vidros. Vale destacar que o conteúdo do treinamento é constantemente atualizado, acompanhando o cenário e as necessidades atuais do mercado. Para se inscrever, entre em contato com a Abravidro pelo telefone (11) 3873-9908 ou e-mailrsilva@abravidro.org.br.
O 2º Congresso Brasileiro de Guarda-Corpo, realizado no dia 26 de agosto no mirante Sampa Sky, no Centro Histórico de São Paulo, reuniu especialistas do setor para debater temas relacionados a guarda-corpos, como design criativo do produto, segurança e normas nas edificações. A programação foi dividida em cinco painéis, acompanhados por 218 participantes.
A Abravidro e algumas de suas entidades associadas, como a Ascevi-SC, o Sinbevidros-SP e o Sincavidro-RJ, estiveram entre os apoiadores institucionais do congresso. A associação também foi responsável pela palestra Segurança levada a sério, realizada pela analista de Normalização Clélia Bassetto, dentro do primeiro painel da programação: Clélia alertou que, segundo a norma ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, somente vidros laminados Classe 1 (ou sistemas insulados que sejam compostos por esses laminados) podem ser usados em guarda-corpos. Além disso, caso os sistemas de fixação exijam a furação dos vidros, eles devem ser laminados compostos de temperados. Clélia ressaltou ainda que não basta usar o vidro correto no guarda-corpos: todo o sistema precisa ter um protótipo ensaiado e aprovado, e deve-se ter atenção especial com sua fixação e ancoragem.
No dia 12 de setembro, a Abravidro, em assembleia com a participação da diretoria e associados em São Paulo, e presidida por Rafael Ribeiro, colocou em debate diferentes temas e desafios relevantes para a cadeia vidreira. O novo processo de investigação antidumping de importações de float esteve entre os assuntos da pauta, assim como o 16º Simpovidro. “A Abravidro atua com o compromisso de trabalhar para o desenvolvimento do mercado; por isso, é preciso analisar os temas delicados para criarmos um ecossistema de trabalho saudável e sustentável”, afirmou Ribeiro.
A Abravidro esteve envolvida em diversas atividades pelo Brasil nos últimos meses. No dia 15 de agosto, a entidade participou de uma reunião com o senador Izalci Lucas (PL-DF) para tratar de temas de interesse da cadeia de processamento de vidros – o encontro foi realizado no gabinete do parlamentar, no Senado Federal, em Brasília (foto acima). A associação foi representada por Rafael Ribeiro, seu presidente; Iara Bentes, superintendente; Ricardo Oliveira, diretor; e por Halim José Abud Neto, advogado e consultor-jurídico. “A reunião fez parte da agenda da Abravidro para a defesa dos interesses de nossas empresas. É fundamental discutir os desafios da cadeia com o poder público na busca por soluções eficientes”, declara Ribeiro.
Foto: Divulgação Abravidro
Além da representação do setor, a entidade também segue contribuindo para levar conhecimento sobre o nosso material para a sociedade. Esse foi o objetivo de duas atividades realizadas pela associação junto à Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. No dia 2 de setembro, Clélia Bassetto, analista de Normalização, ministrou uma das palestras da programação da 36ª Semana de Engenharia da universidade paulista (foto acima). A apresentação teve como objetivo explicar a aplicação correta do vidro na construção e na arquitetura aos alunos do curso de engenharia.
Foto: Reprodução/divulgação Abravidro
Na mesma semana, de 2 a 5 de setembro, o módulo sobre vidros da 11ª edição do “Curso de Extensão Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações” foi ministrado em formato online (foto acima) pela coordenadora técnica Vera Andrade, e por Débora Constantino, consultora técnica da Cebrace (parceira da Abravidro nessa iniciativa). O curso é organizado pela Mackenzie em juntamente com a entidade e outras quatro instituições: Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM) e Instituto do PVC.
De 22 a 25 de outubro, a principal feira vidreira do mundo será realizada em Düsseldorf, na Alemanha. Este ano, serão mais de 1200 marcas internacionais de 51 países expondo no gigantesco pavilhão Düsseldorf Exhibition Centre. De acordo com a organizadora MesseDüsseldorf, serão três os principais temas da mostra: Tecnologias Digitais, Economia Circular e Descarbonização – mostrando que a preocupação com a sustentabilidade do setor veio para ficar. Além dos estandes das empresas será possível conferir a tradicional programação simultânea, incluindo a Glass Technology Live, exposição sobre as futuras tecnologias do segmento; Glass Art, mostra com objetos artísticos feito de nosso material; e o Architecture Forum, que debate os desafios atuais no uso de vidro na construção, entre diversos outros eventos.
Expositores
Seguindo a tradição recente de empresas brasileiras participarem da Glasstec como expositoras, nesta edição teremos duas compatriotas: a Arbax e a Softsystem. Clique aqui para conferir a lista completa de companhias que estarão na feira.
Inscrição
A participação na Glasstec é paga – e as inscrições devem ser feitas pelo site oficial (clique aqui):
A 15ª edição da Feira Internacional da Indústria de Esquadrias (Fesqua) foi realizada de 11 a 14 de setembro, no São Paulo Expo. O evento bienal reuniu empresas apresentando soluções nas áreas de portas, janelas, fachadas, forros, portões, grades, acessórios e componentes, além de máquinas e equipamentos para a indústria de esquadrias e vidro.
Confira a seguir algumas das novidades para o nosso segmento apresentadas por lá.
A novidade da AGC foi o Sunlux Champanhe, vidro de controle solar com a tonalidade de mesmo nome. O produto permite a entrada de luz de aproximadamente 30% e bloqueia 56% do calor.
O estande da Blindex deu espaço a empresas licenciadas, como Cristal Sete, Pestana Vidros e Alumitec – esta última exibiu o Box Blindex Slim, composto por uma única folha móvel que desliza em 90º, abrindo totalmente o vão.
A Casa Mansur montou dois sistemas deslizantes da parceira chilena Ducasse Industrial: o Tauro tem aspecto sanfonado e suporta até 550 kg; o Sigma, de folhas empilháveis, permite fechamentos de mais de 20 m.
A ECG Sistemas apresentou os módulos integrados de seu software vidreiro, contemplando desde o orçamento até a área de RH. No estande estava ainda a Ascevi-SC, que divulgou seus próximos eventos e a plataforma Educavidro.
Entre os produtos da Guardian, vale destacar o recém-lançado Solar Plus G31, vidro de controle solar de alta performance, baixa reflexão e fácil processamento, ideal para obras residenciais e comerciais verticais.
O lançamento da Olgacolor foi o Levitare: segundo a empresa, é o primeiro e único caixilho flutuante do Brasil, com deslizamento por meio de levitação magnética, sem uso de roldanas, possibilitada por ímãs abaixo do trilho.
O Vidro Certo teve um estande próprio, no qual representantes da Abravidro e Abividro destacaram o Educavidro, que completou um ano de existência. A plataforma de EAD celebrou a ocasião com o lançamento de novos cursos e de um aplicativo para tornar seu acesso ainda mais fácil.
A Vivix destacou a linha Vivix Acústico de laminados com isolamento acústico superior: peças de 8 mm (4+4 mm) do produto oferecem a mesma redução de som que um monolítico de 19 mm. O laminado Performa Duo Acústico agrega também controle solar.
A WR Glass fez o pré-lançamento do Stark, novo sistema para guarda-corpos: a solução consiste em torres em formato de pinças que permitem a fixação de vidros de 12 a 20 mm de espessura, sem necessidade de furação das peças, contendo capa para o acabamento da estrutura.
Foto: Divulgação VidroSom
O 17º Seminário de Soluções Acústicas em Vidro (VidroSom) foi organizado pela Universidade do Som dentro da Fesqua, no dia 13 de setembro. Esta edição do evento, cujo tema foi Como trabalhar energeticamente os envoltórios de uma edificação: tipos de vidro, sustentabilidade e conservação de energia em fachadas, teve mais de duzentos inscritos.
Cuidar da gestão e das finanças de uma empresa não é uma tarefa simples: é preciso acompanhar atentamente tanto os indicadores internos como o cenário externo para a tomada de decisões – e todo esse cuidado se torna ainda mais importante em um mercado tão concorrido como o vidreiro. Para ajudar os gestores do nosso setor nesse trabalho, o VidroCast recebeu dois convidados especiais: Flávio Málaga, mestre e PhD em finanças, confirmado como um dos palestrantes do 16º Simpovidro (veja mais clicando aqui); e Victor Villas Casaca, presidente do Sinbevidros-SP e vice-presidente da Abravidro.
Málaga e Casaca conversaram com Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano, abordando tópicos como fluxo de caixa, o perigo de entrar em “guerra de preços” e as particularidades de empresas de gestão familiar. A seguir, confira alguns destaques do episódio – e assista à entrevista completa no YouTube.
Antes de entrar na parte complexa da nossa conversa, gostaria de começar com uma provocação: qual o objetivo de uma empresa? Flávio Málaga – Essa é uma pergunta cuja resposta varia de acordo com quem responde. De forma geral, independentemente do perfil da empresa, o objetivo deveria ser sempre o mesmo: os gestores-executivos entenderem o que se passa financeiramente, se é algo sustentável e, a partir daí, tomar decisões sobre o que fazer com ela, se mexe ou não na política de preços, avaliando a produtividade e a eficiência e tomando decisões com base nesses dados para manter o negócio sustentável.
Victor Casaca – Olhando para o nosso mercado, quando um investidor aporta capital, ele quer remunerar esse capital da forma mais eficiente possível – e, se estiver assumindo algum risco, ele vai querer um retorno acima do que o mercado daria para ele. Acho que o vidro, uns quarenta anos atrás, passou por uma “época de ouro”, com poucos players e margens mais atrativas, em que o controle não era tão necessário. Como todo mercado, o setor cresceu, as margens foram ficando mais apertadas e, por isso, o desenvolvimento do controle do negócio se faz essencial.
“Quando você tem a família se sustentando pelo negócio, com pessoas não preparadas para a função, isso tende a levar a conflitos societários” (Flávio Málaga)
Qual a importância do fluxo de caixa em uma empresa, em especial no caso do perfil geral das empresas vidreiras, em que o investidor é o próprio dono? FM – Como o fluxo de caixa é uma dinâmica consolidada de três atividades, é importante saber pegar essa métrica e abri-la nestas três vertentes: operacional, de investimento e de financiamento – lembrando que o fluxo de caixa da operação é o grande lastro da empresa, então é muito importante conhecer não só o fluxo consolidado, mas também as métricas separadas.
VC – As pessoas muitas vezes não entendem a variação de caixa, ou seja, por que o lucro não vira caixa, e esse é um problema muito sério em diversas empresas: “Por que o meu caixa diminuiu se o meu lucro aumentou?”. Os gestores acham que o simples aumento de vendas vai gerar caixa de alguma forma, e não é bem por aí.
Então, qual a relação entre lucratividade e política de preço? FM – A política de preço é direcionadora das receitas e da capacidade de agregar valor ao custo que você tem para fornecer um produto ou serviço. Nem todos os clientes são iguais: alguns toleram precificações maiores – alguns serviços permitem diferenciar um cliente do outro. O importante é poder calibrar a estratégia de precificação de acordo com o perfil do seu cliente, mas você também precisa conhecer seus custos. O grande problema é quando a empresa trabalha com capacidades ociosas, e isso leva a uma briga de preços no mercado: gera o vício do cliente e compromete a sustentabilidade do negócio.
VC – Essa política comercial tem reflexos péssimos para o setor como um todo. Algo que seria pontual acaba se tornando recorrente e a gente entra numa espiral negativa sem fim. E acredito que muito dessa espiral aconteça por falta de conhecimento financeiro, por querer acompanhar o concorrente até o último gole, sem entender que aquilo já virou um prejuízo. É o ego, a emoção, falando acima da razão.
O preço não deveria ser um diferencial no mercado vidreiro, considerando que as condições para as empresas são muito parecidas, mas na prática é ele que define quem ganha a venda. Como a gente faz para reverter esse cenário? FM – Não há uma resposta simples; em todo caso, você tem que olhar para dentro: onde trabalhar o seu ciclo operacional e financeiro, saber lidar com estratégias de preços pontuais para clientes específicos e extrair o máximo da eficiência da sua gestão. E, nessas horas, se tomar suas decisões às cegas, sem algo que dê algum embasamento, a chance do seu negócio ter um colapso é grande.
“Os gestores acham que o simples aumento de vendas vai gerar caixa de alguma forma, e não é bem por aí” (Victor Casaca)
A Abravidro tem uma contribuição importante nesse sentido de criar uma cultura de dados para o nosso setor no Brasil com os nossos dois levantamentos, o Panorama Abravidro e o Termômetro Abravidro, ambas fornecendo informações a se somar para a tomada de decisão do gestor. Mas vemos que nem todas as empresas contribuem para essas pesquisas ou consomem esses dados. VC – Sim, e isso é uma pena, porque são materiais muito ricos. O próprio Termômetro nos dá uma visão de curtíssimo prazo do que está acontecendo e permite ao gestor da empresa compará-la aos seus pares para identificar se ela está sendo eficiente ou não. A base para qualquer planejamento é entender o cenário em que seu negócio está inserido.
Quais são as principais diferenças entre as empresas com gestão familiar e as com gestão executiva? FM – Eu prefiro não rotular que a gestão executiva seja melhor que a familiar. Conheço muitas famílias que conseguiram tornar suas empresas uma potência. Minha recomendação para as empresas familiares é que elas tenham uma gestão cada vez mais profissionalizada, mesmo que seja feita pela própria família. Se você tem familiares que são absolutamente competentes, por que não? A questão é quando você tem a família se sustentando pelo negócio sem entender o que a operação pode gerar, com pessoas que recebem mais do que o mercado pagaria e que não estão preparadas para a função. Isso tende a levar a conflitos societários entre pais, filhos e irmãos que não se falam, e a empresa vira uma gestão pessoal de conflitos. É preciso ter em mente que o que importa é a sustentabilidade do negócio, porque é ele que sustenta a família. O segredo não é binário – entre uma gestão totalmente profissionalizada e outra totalmente familiar, há vários cenários intermediários.
Em Santa Catarina
A Ascevi e o Sindicavidros-SC organizaram três eventos diferentes em agosto. No dia 20, o Arq Design Week, organizado pelo Núcleo D na cidade de Chapecó (SC) para arquitetos, designers e construtoras, teve em sua programação a palestra Conforto acústico – luxo ou bem-estar (foto), ministrada por Edison Claro de Moraes, idealizador e professor da Universidade do Som. O encontro contou com as empresas Heydt Esquadrias e Rissi Esquadrias como anfitriãs, e com patrocínio da Ezy Color.
No dia 22, as duas entidades realizaram o Vidro Certo na Universidade, na unidade de Lages (SC) da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), com patrocínio do portal Vidro Certo e das usinas AGC, Cebrace, Guardian e Vivix. O evento recebeu 150 alunos de Arquitetura e Urbanismo da Uniplac, que acompanharam a palestra de João Carriel, gerente regional de Contas da Guardian Glass. Ali, houve ainda o lançamento do Laboratório de Eficiência Acústica e Energética, para o qual as associações entregaram protótipos e amostras para demonstração dos benefícios do vidro na arquitetura, com apoio das empresas Personal Evolution, Personal Glass e Solução Fechamentos Inteligentes.
Por fim, no dia 29, o evento Glass Talks foi levado à cidade de Blumenau (SC). Um público de 123 arquitetos e designers assistiu a uma palestra ministrada por Glória Cardoso, gerente geral de Negócios de Vidros Arquitetônicos Brasil da Pilkington Brasil. O Glass Talks teve como anfitriãs as empresas Estação do Vidro, NM Vidros e Vidraçaria Glória – todas elas licenciadas Blindex –, e contou com patrocínio de Alumitec, Construsul Balneário Camboriú, Neoklon, Roaplas e Solução Fechamentos Inteligentes.
Foto: Divulgação Sindividros-RS
No Rio Grande do Sul
O Sindividros-RS organizou em agosto a palestra O vidro em edificações de alto desempenho, ministrada pelo professor e engenheiro civil Fernando Simon Westphal em dois municípios gaúchos. No dia 19, a apresentação de Westphal foi assistida por mais de cem estudantes dos cursos de Arquitetura, Design e Engenharia Civil no Centro Universitário do Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha (Cesuca); no dia 20, a mesma palestra foi realizada na sede da Associação de Engenharia e Arquitetura de Canoas (Seaca) e acompanhada por cerca de quarenta profissionais, entre engenheiros, arquitetos, vidraceiros e serralheiros. Considerado uma das maiores autoridades em vidros na construção civil do País, o professor apresentou requisitos fundamentais para a especificação do material em edificações, comentando questões relacionadas à segurança, acústica, estética, temperatura e economia, entre outras.
Foto: Divulgação Adivipar-PR
No Paraná
No dia 31, a Adivipar levou o treinamento Conexão Vidro, voltado para vidraceiros e serralheiros, para a cidade de Cascavel. Lucas Bremm, ex-presidente da associação paranaense, falou aos espectadores sobre o Educavidro, plataforma de educação a distância lançada em 2023 pela Abravidro e pela Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), destacando que os cursos são utilizados na capacitação dos colaboradores de sua empresa, a Mary Art. A programação contou ainda com palestras da analista de Normalização da Abravidro, Clélia Bassetto, que apresentou as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relacionadas ao nosso setor; e de Juli Pereira, facilitadora, palestrante de vendas e liderança, que usou seus mais de vinte anos de experiência no setor vidreiro para trazer dicas valiosas para os participantes.
Foto: Reprodução/Divulgação Sincomavi-SP
Em São Paulo
O Sincomavi organizou dois webinários em agosto. O primeiro deles, Empoderamento do Ser (foto), foi realizado no dia 14 e contou com palestra ministrada pela consultora organizacional Susi Berbel Monteiro, vice-presidente da Associação dos Profissionais de Recursos Humanos (APRH). A apresentação indicou ao público a definição de nossas heranças comportamentais, que a palestrante apontou como sendo a chave para o sucesso ou o fracasso de nossas ações.
No dia 22, o sindicato convidou o publicitário Alexandre Robazza, gerente de Relacionamento com Clientes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para palestrar no webinário O impacto da Inteligência Artificial para o Varejo. Robazza aconselhou as empresas a valorizarem conteúdos compartilhados em sites, artigos e blogs, e a sempre usarem palavras-chave na hora de se comunicar – dessa forma, os materiais divulgados poderão ser encontrados por aplicativos de Inteligência Artificial e, assim, receber melhor ranqueamento nas ferramentas de busca da Internet.
Fotos: Divulgação Abravid-DF
No Distrito Federal
No dia 24 de agosto, a Abravid deu início ao XII Campeonato de Futebol Society Abravid, organizado anualmente pela associação. Este ano, as equipes competidoras são das empresas Atacadão Vidros, Estrutural Vidros, Massatemper, Massavidro, Temperbrasília e Vitral (fotos). Os jogos estão sendo realizados aos sábados no espaço Futebol, Esportes e Recreação Atlética (Fera), em Brasília.
O Brasil tem uma nova tradição no quesito atrações turísticas: os mirantes envidraçados. Desde o fim de 2020, com a inauguração do Skyglass Canela (no Rio Grande do Sul), esse nicho da construção ganha cada vez mais espaço, encantando milhares de visitantes – vale incluir na lista o Sampa Sky, em São Paulo, e o Mirante das Galhetas, no Guarujá (SP), todos mostrados nas páginas de O Vidroplano. E agora, mais um exemplo incrível desse tipo de obra, que atua para reforçar o quão seguro é o vidro, está aberto ao público: o Summit BC, localizado no Balneário Camboriú (SC).
Cheia de encantos
Famosa pelas praias e vida noturna vibrante, Camboriú não ganhou o apelido de “Dubai brasileira” à toa: recebe inúmeros empreendimentos residenciais de alto luxo. E é no alto do Edifício Imperatriz, um dos icônicos espigões da cidade, que está instalado o Summit BC.
A atração conta com dois cubos suspensos a 128 m do chão, no 29º andar, oferecendo vista panorâmica deslumbrante da bela orla da cidade. Como não poderia ser diferente nesse tipo de estrutura, todas as suas paredes e piso são de vidro: a sensação é de flutuar sobre a paisagem urbana e a imensidão do oceano. Um dos cubos está voltado para o Norte, enquanto o outro tem visão para o Sul – assim, é possível apreciar diversos pontos turísticos da região, como o Molhe da Barra Sul e a Ilha das Cabras.
Experiências
Administrado pela empresa First e com projeto do engenheiro Ary Manuel Onofre, da ConstruÁgil, o espaço foi pensado para oferecer uma experiência completa ao visitante. O acesso ao mirante já é diferenciado, feito por um elevador panorâmico que oferece uma prévia da incrível vista a ser encontrada. Lá no alto, um grande lounge com o Prawer Café e um restaurante coordenado pelo chef paranaense Fabiano Gulanoski, que detém o título de embaixador do sushi no Brasil, permitem relaxar e aproveitar uma bebida ou refeição.
E, então, chega-se à atração principal. Os cubos envidraçados estão entre os mais incríveis do mundo, já que contam com 2,5 m para fora do edifício. Há, inclusive, um pedido para o Guinness World Records reconhecer a obra como a maior nesse quesito – para efeito de comparação, o Sky Deck, em Chicago, tem 1,31 m para fora, enquanto o Sampa Sky tem quase 2 m. As estruturas são feitas de temperados multilaminados (três chapas de vidro extra clear, cada uma de 10 mm de espessura, com interlayers estruturais SentryGlas, da Kuraray), fornecidos pela AGC e processados pela Linde Vidros e suportam um peso de 500 kg por m².
“O Summit BC foi projetado com os mais altos padrões de segurança e utiliza tecnologia de ponta para garantir a tranquilidade dos visitantes”, explica Daniel Vanderlinde, diretor da processadora. “Os cubos são capazes de suportar grandes cargas e impactos, proporcionando uma experiência segura e emocionante”. A escolha por chapas extra clear, muito mais transparentes que outros tipos de vidro, possibilitou uma visão perfeita da cidade.
Você é um fã do vidro? Então, coloque o Balneário Camboriú na lista de suas próximas viagens.
Ficha técnica Projeto: Summit BC Local: Balneário Camboriú (SC) Conclusão da obra: maio de 2024 Fabricante dos vidros: AGC Processadora dos vidros: Linde Vidros
Como visitar o Summit BC Localização: Avenida Atlântica, 2.554 (cobertura do Edifício Imperatriz), Centro, Balneário Camboriú (SC) Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 11 às 20 horas; sábados e domingos, das 9 às 20 horas Ingressos: podem ser adquiridos na bilheteria local ou pelo sitesummitbc.com.br
Guarda-corpos de laminados de temperados em trecho do Terminal de Passageiros 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador André Franco Montoro (foto: Cris Martins)
É de conhecimento de todo o mercado que o comportamento de quebra do vidro temperado, quando usado na composição de um laminado, é diferente do que deve ser encontrado em um corpo de prova. Essa informação já consta em normas internacional e europeia do temperado – e também passará a constar na norma brasileira para esse produto, a ABNT NBR 14698 — Vidro temperado.
Do exterior para o Brasil
A norma internacional de vidro temperado ISO 12540:2017 — Glass in building – Tempered soda lime silicate safety glass e a norma europeia do mesmo produto, a BS EN 12150: 2019 — Glass in building – Thermally toughened soda lime silicate safety glass, explicam que o comportamento de quebra ou fragmentação desse vidro, quando aplicado ou instalado, pode não corresponder exatamente àquele descrito na metodologia do ensaio de fragmentação, que avalia o desempenho do tratamento térmico do material devido à forma de fixação, a ações externas, à causa da quebra ou se a peça fizer parte da composição de um laminado.
No Brasil, a comissão de estudos que trabalha na revisão da ABNT NBR 14698 já aprovou a inclusão de um parágrafo com essas informações. O texto atualizado, ainda em fase de elaboração, apontará que, em caso de quebra, o temperado de segurança se fragmenta em pequenos pedaços – contudo, a fragmentação do temperado, quando utilizado na composição de um laminado, aplicado ou instalado, pode não corresponder exatamente àquela descrita no item sobre o ensaio de fragmentação, como explicado.
Diferença no comportamento de quebra não significa que laminação do temperado o torne menos seguro: retenção dos fragmentos pelo interlayer impede sua queda sobre pedestres e mantém o vão fechado (foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte)
Por que a laminação muda esse comportamento?
“De maneira teórica, infere-se que a camada intermediária ajuda a dissipar parte da energia do vidro quebrado e a retardar a propagação da rachadura”, comenta Marcos Aceti, coordenador comercial e de Vendas Técnicas da Kuraray no Brasil. Julia Schimmelpenningh, gerente de Aplicações da Eastman para as Américas, aponta que a dissipação dessa energia pode fazer com que o padrão de quebra varie na comparação com peças não laminadas – ela ressalta, contudo que essa mudança não significa que a laminação do temperado torne o produto menos seguro: “A capacidade do laminado de reter os fragmentos e impedir que eles caiam ou voem é um dos atributos que torna esse produto desejável para qualquer envidraçamento que possa quebrar”, afirma.
Voltando à diferença no comportamento de quebra do temperado quando laminado, Eloi Bottura, cofundador da Latamglass, lista algumas das principais razões que podem explicar esse fenômeno:
Distribuição de tensões: “No temperado, a têmpera cria uma distribuição de tensões internas com compressão na superfície e tensão de tração no interior; quando o vidro é laminado, a presença do interlayer – geralmente PVB ou EVA – pode redistribuir essas tensões de maneira diferente em comparação com um vidro temperado monolítico”, observa;
Interação com a camada intermediária (interlayer): segundo Bottura, o interlayer do laminado atua como um amortecedor durante a quebra – assim, no caso de impacto, ele pode absorver parte da energia e alterar a maneira como as tensões se propagam através do vidro temperado, resultando em um padrão de quebra distinto;
Condições de fratura: a presença da camada intermediária também influencia essas condições, pois em um temperado monolítico, a fratura ocorre de maneira mais livre, enquanto em um laminado, a camada intermediária pode restringir ou modificar a propagação das trincas, afetando o padrão de fragmentação;
Resistência adicional: a estrutura composta do laminado (duas ou mais lâminas de vidro unidas por interlayer) pode conferir uma resistência adicional ao conjunto, modificando a resposta do temperado em relação a um impacto ou carga;
Espessura e dimensões: essas medidas também podem influenciar o comportamento de quebra. “Em uma composição laminada, as diferentes espessuras de cada camada de vidro podem resultar em uma resposta mecânica diferente em comparação à de um monolítico de espessura uniforme”, aponta Bottura.
Números ruins pelo mundo
Duas gigantes japonesas na fabricação de vidro viram os negócios diminuírem este ano. A AGC teve queda na ordem de 15,1 bilhões de ienes (cerca de US$ 105 milhões) na venda de vidros arquitetônicos no primeiro semestre, com o resultado ruim sendo puxado para baixo pela Europa e Américas – culpa da baixa do preço do vidro nos países europeus. Já a NSG viu seu faturamento diminuir em todas as divisões no primeiro trimestre: embora a receita geral do grupo tenha aumentado 4,1% em comparação ao ano anterior, o lucro operacional caiu 67,3%, para 4,8 bilhões de ienes (US$ 33,1 milhões). Entre as usinas que atuam no Brasil, somente AGC e NSG divulgam seus resultados.
Foto: reprodução
RETROVISOR
Multinacional chega ao Brasil
Em setembro de 1996, a revista O Vidroplano informava a chegada da Guardian ao Brasil. A multinacional norte-americana fez o lançamento da pedra fundamental de sua fábrica em Porto Real no dia 10 daquele mês. O investimento foi da ordem de US$ 120 milhões. A planta entraria em operação em 1998.
MONITORAMENTO MENSAL DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE VIDROS BRASILEIRA Desempenho – Agosto 2024
A percepção sobre o desempenho da indústria nacional de processamento de vidros foi de queda pequena nas vendas faturadas em m² em agosto de 2024 em relação a julho.
O indicador de desempenho da indústria de processamento de vidros registrou baixa de 4,9% no volume de vendas faturadas de vidros processados no mês, na comparação com julho, sem ajustes sazonais.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada nos primeiros dias úteis deste mês, por meio de formulário online. O estudo pode ser respondido por processadoras de todo o Brasil (86 participaram desta edição).
Este ano, a Casa Cor São Paulo foi realizada de 21 de maio a 28 de julho no Conjunto Nacional, em São Paulo. O tema da edição 2024 da principal mostra de arquitetura e design de interiores das Américas foi De Presente, o agora, procurando refletir e entender como o mundo vive o presente e enxerga o futuro. Embora o uso de vidros e espelhos não tenha sido tão grande como em edições anteriores – aliás, este é o segundo ano seguido no qual nossos materiais apareceram de forma tímida na mostra –, houve aplicações interessantes e diferenciadas. Nas páginas a seguir, O Vidroplano reúne os destaques da exposição em relação ao vidro.
Foto: MCA Estúdio
Multirreflexos
O Hall do Apartamento, do arquiteto Gustavo Scaramella, ganhou uma estética oitentista graças à parede revestida de espelhos Guardian Evolution, da Guardian, fornecidos pela vidraçaria Europa Vision. As peças do material, com largura de, aproximadamente, 20 cm, foram instaladas umas ao lado das outras, o que gerava um aspecto interessante: ao andar pelo espaço, os objetos eram refletidos de forma fragmentada, oferecendo uma sensação de movimento à estrutura.
Foto: Fernando Saker
Nas alturas
Ganhou mais visibilidade no ambiente Refúgio Ancestral, de Gabriela Prado, a estrutura do teto: segundo a arquiteta, a ideia foi reinterpretar os antigos vitrais da construção paulista. A vidraçaria Europa Vision foi responsável pelo fornecimento e pela instalação dos painéis, feitos com três tipos de vidro (canelados, martelados e incolores – estes últimos com a aplicação de uma película azul) instalados nas estruturas de alumínio preto, com fitas de LED para iluminar o espaço. As peças eram da AGC, beneficiadas pela Divinal Vidros.
Foto: Renato Navarro
Na temperatura certa para a hora do café
Entre as janelas do Conjunto Nacional e as mesas do Café Isabela Akkari, assinado pelas arquitetas Flávia Burin e Bruna Moretti, do Studio HA, a Europa Vision montou um grande fechamento com esquadrias de alumínio pintado com cor especial e painéis de Sunlux 60, vidro de controle solar da AGC, beneficiados pela Bonneville. Além de contribuir para a estética do ambiente, a estrutura permite a passagem da iluminação natural, mas barra a troca térmica com o lado externo, garantindo que os visitantes que decidissem parar para tomar um café pudessem sempre desfrutar de uma temperatura agradável em seu interior.
Foto: Thiago Borges
Privacidade e acessibilidade
O banheiro estrategicamente colocado no meio do Estúdio Refúgio de Memórias, projeto do escritório AD|VP Arquitetura, representou a intenção das arquitetas Andressa Danielli e Vanessa Pasqual de fugir do estereótipo de que a acessibilidade está associada à simplicidade ou falta de estilo. A estrutura chamou a atenção pelo seu fechamento com esquadrias de alumínio e vidros extra clear da AGC, beneficiados pela Bonneville, fornecidos e instalados pela Europa Vision, com aplicação de uma película especial que dava às peças um aspecto jateado, combinando as sensações de privacidade e integração dos espaços. Um espelho redondo prata 4 mm, com o trabalho das mesmas três empresas vidreiras, completava o ambiente com sofisticação.
Foto: Thiago Borges
Tamanho e formato que chamam a atenção
Mesas baixas de vidro sempre trazem sofisticação, mas já não são uma novidade ou tendência – isto é, a menos que sejam bastante diferenciadas, como as presentes no espaço Reflexos Banco BRB. O escritório Navarro Arquitetura, liderado pelo arquiteto José Carlos Navarro, projetou não só o ambiente, mas também as mesas de vidro, feitas pela Glass11: a mais baixa tinha um grande tampo orgânico de vidro fumê, enquanto a mais alta era feita com um vidro furta-cor, e seus formatos e disposição contribuíram para a composição do espaço. Vale destacar também os espelhos no fundo do ambiente realçando seu visual, fornecidos e instalados pela Casa Mansur.
Foto: Israel Gollino
Ristorantino Caffé
O Ristorantino Caffé, criado pela Guardini Stancati Arquitetura e Design, era cheio de luxo e pompa – como podia ser visto na grande adega para mais de quatrocentas garrafas de vinho, localizada próximo ao balcão do restaurante, que chamava a atenção de todos os visitantes no momento em que entravam no espaço. Produzido pela Alfa Adegas Climatizadas, o eletrodoméstico foi feito com vidros temperados insulados incolores 25 mm, fornecidos pela Refricomp, com câmara cheia de gás argônio energizado – tudo para garantir a temperatura ideal das bebidas. A moldura de aço da adega tinha pintura eletrostática dourada e iluminação de LED.
Foto: Thiago Borges
Transparência nos mobiliários
Os móveis da marca gaúcha Dell Anno foram os elementos essenciais do Global Living Dell Anno, assinado pelo arquiteto Léo Shehtman. O ambiente apresentou ao mercado a nova linha de closets da marca com soluções funcionais, design prático e minimalista; nesse sentido, o vidro foi elemento chave, como sua aplicação no tampo sobre as gavetas, facilitando a identificação do conteúdo no interior delas sem precisar abri-las. Nosso material desempenhou a mesma função na estrutura do armário de vidro no corredor de entrada, além de realizar a integração visual dela ao espaço da suíte.
Foto: Thiago Borges
Forma orgânica
Logo ao entrar no Banheiro Sincrético, assinado por Isadora Araújo, do Panapaná Estúdio, os visitantes já se deparavam com o espelho do ambiente – ou melhor, vários espelhos. Para obter o desenho orgânico específico que tinha em mente, a arquiteta usou uma série de peças redondas comuns colocadas próximas ou sobrepostas umas às outras, com fita dupla face, resultando em uma área espelhada em que pessoas das mais variadas alturas conseguem se enxergar, e contribuindo para o sincretismo (fusão de diferentes tradições, crenças, práticas e expressões) do espaço.
Foto: Thiago Borges
Fechamentos com classe
Grandes fechamentos de vidro, que pouco foram vistos na edição 2023 da Casa Cor, foram representados com classe no Living Piano Casa Cosentino de Laura Rocha. Portas pivotantes envidraçadas, com cerca de 2,5 m de altura, instaladas em ferragens na cor dourada, davam as boas-vindas aos visitantes. Aliás, essa tonalidade era encontrada em todo o espaço – incluindo nas ferragens das portas, também com vidro, do jantar de inverno, localizado nos fundos.