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Altos e baixos⁣

presidente-abrilDepois do pico de otimismo no segundo semestre de 2020, e também no primeiro bimestre deste ano, março e abril deixaram clara a volatilidade do momento que atravessamos. Com o agravamento da crise sanitária, a confiança do consumidor foi abalada, e já se percebe uma sensível queda na demanda por nosso material em diferentes segmentos industriais, como o automotivo, moveleiro, de construção civil, linha branca e refrigeração.⁣

A indústria e a construção, atividades consideradas essenciais desde o início da pandemia, vêm experimentando restrições pontuais em alguns Estados e municípios, como limitação dos dias e horários de funcionamento. O fechamento do comércio varejista de materiais usados nos canteiros de obras também acendeu a luz amarela para quem atua nesses ramos.

Nesse cenário, volta a nos rondar a preocupação com a informalidade e outras práticas igualmente danosas que costumam entrar em cena em tempos de incertezas. A responsabilidade de cada um de nós e de todos os elos da cadeia é essencial para que possamos atravessar mais um período de indefinições.⁣

Mensurar o impacto dos altos e baixos do mercado em nosso setor, no entanto, parece ser cada dia mais difícil. Isso porque a adesão de processadores ao Panorama Abravidro, o único estudo econômico do setor vidreiro nacional, nunca foi tão baixa. Apesar de nosso esforço para mobilizar as empresas, poucos atenderam nosso chamado. A amostra é suficiente para gerar dados confiáveis sobre 2020, mas está aquém da participação esperada quando consideramos o número de processadoras ativas no Brasil.⁣

O investimento anual feito pela Abravidro para oferecer ao mercado um retrato da performance da indústria de processamento tem o intuito de contribuir com a estratégia das empresas e dimensionar o mercado e seu potencial, mas parece não estar sendo valorizado. É uma pena.⁣

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 580 (abril de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

LGPD e empresas vidreiras

Conteúdo oferecido pela Keysystems Informática

A vida conectada à Internet, ainda mais forte em época de pandemia e distanciamento social, traz-nos inúmeros benefícios: com alguns cliques em sites ou usando aplicativos, podemos comprar o que quisermos e entrar em contato com pessoas ao redor do mundo. Mas também causa preocupações: o que é feito com nossos dados disponíveis online?⁣

Em 2021, um dos grandes desafios das empresas nacionais, incluindo as que fazem parte de todos os elos da cadeia vidreira, será adequar-se à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que promete mudar nossa relação com informações pessoais coletadas virtual ou fisicamente. Mas, afinal, o que a lei determina e para que ela serve?⁣

Segurança na rede⁣
Criada em 2018, a Lei nº 13.709 entrou em vigor em 18 de setembro de 2020 – e as sanções previstas para quem não a cumprir serão aplicadas somente a partir de agosto deste ano. Qualquer atividade que reúna informações de pessoas físicas como clientes, vendedores, fornecedores, prestadores de serviço, funcionários etc. terá de se adequar à LGPD: seu objetivo é regular a forma como empresas e instituições em geral cuidam dos dados pessoais compartilhados com elas. Por exemplo: quem tem acesso a informações presentes em currículos de candidatos a vagas de emprego, documentos de colaboradores, dados de representantes, folhas de pagamento etc.; e como esses dados circulam dentro de uma organização; como são armazenados e que cuidados são tomados para evitar sua exposição e vazamento.⁣

Caindo em mãos erradas, esses dados estão sujeitos até mesmo a ser usados em fraudes e golpes. “Podem também servir para mapear o perfil de seu titular, tornando possível sua identificação”, explica Roberto de Campos, diretor da Keysystems e consultor da Abravidro. Daí a importância da lei: proteger os direitos de liberdade e privacidade dos cidadãos.⁣

Em outras palavras, todas as empresas serão afetadas, incluindo as vidreiras: das indústrias (usinas e processadoras) até as atividades de comércio, como as vidraçarias.⁣

O Brasil acompanha uma tendência global. Mais de 140 países contam com legislação semelhante – a nossa foi baseada na General Data Protection, criada pela União Europeia, sendo devidamente adaptada às necessidades brasileiras.⁣

 

O que muda para as empresas?⁣
“Quando falamos em LGPD, não fazemos referência somente a sistemas informatizados ou de armazenamento em computadores, mas também a documentos físicos que nem sempre estão nesses sistemas”, comenta Campos. Isso significa que as empresas terão de mudar totalmente a forma como encaram o assunto. Afinal, com a lei, a transparência em relação ao uso desses dados e à sua devida proteção passam a ser responsabilidade de quem os coletam. “Todas as empresas e prestadores de serviços deverão analisar quais dados pessoais circulam no desenvolvimento de suas atividades.”⁣

Um simples ato de entregar um cartão de visitas agora envolve protocolos formais. Por exemplo: quem ofereceu seus dados pessoais, a partir de agora, deverá assinar um termo de consentimento. “A pessoa deverá atestar, de forma espontânea e inequívoca, que está ciente da finalidade e da necessidade para as quais os dados serão utilizados, além de saber em que lugar e por quanto tempo serão armazenados, e também como e quando serão descartados”, afirma Campos.⁣

 

TIPOS⁣ DE DADO⁣
O artigo 5º da LGPD define os tipos de informação compartilhada:⁣

• Dado pessoal: relacionado a um indivíduo, como nome, data de nascimento, CPF, RG, CNH, carteira de trabalho, passaporte, título de eleitor, sexo, endereço, e-mail, telefone;⁣
• Dado pessoal sensível: pode gerar segregação, atos discriminatórios ou lesivos, como origem racial ou étnica, religião, opinião política, filiação sindical, filiação a seitas religiosas, filosóficas ou políticas, dados referentes à saúde, orientação sexual, dado genético ou biométrico;⁣
• Dado anonimizado: não pode ser identificado. Isso ocorre quando, na entrada do dado em um sistema, aplica-se um recurso técnico para embaralhá-lo, de tal forma que não seja possível identificar a quem pertence.

Alguns exemplos do dia a dia do vidreiro que precisarão se adequar:⁣
• Uma usina, com câmeras de segurança em suas dependências, precisará explicar aos funcionários e visitantes filmados qual a utilidade dessas imagens, qual o tempo de armazenamento delas e onde ficarão guardadas;⁣

• Uma processadora precisará da autorização por escrito de pessoas físicas na hora de pegar suas informações para qualquer tipo de cadastro, explicando de forma clara quem terá acesso a eles, onde serão armazenadas e se em algum momento poderão ser compartilhadas com outras empresas. E em relação às pessoas jurídicas? Veja o boxe na página 22;⁣

• A mesma coisa acontecerá com uma vidraçaria ao mandar um profissional na casa de um consumidor para fazer orçamentos. Como serão necessárias informações diversas para realização do serviço, incluindo endereço, telefone e nome, a empresa precisa apontar em detalhes o que será feito com os dados.⁣

Agora que ficou mais fácil visualizar a questão, aparece outra pergunta: na prática, como fazer isso tudo?

 

Estrutura dedicada
As empresas terão de se organizar internamente para dar conta da tarefa. Afinal, um ponto relevante definido pela lei são os agentes que vão cuidar dessas informações. Três figuras são criadas:

• Controlador: toma as decisões referentes ao tratamento dos dados;

• Operador: realiza esse tratamento. Será juridicamente responsável pela segurança e privacidade dos dados;

Data protection officer (DPO): interage com os cidadãos que fornecem os dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) – isso é exigido dependendo do porte da instituição e do volume de informações tratada.⁣

 

Uma ação simples como troca de cartões de visita passa a envolver protocolos formais
Uma ação simples como troca de cartões de visita passa a envolver protocolos formais

 

Como visto ao longo desta reportagem, o tratamento das informações não será algo simples, a ser feito por qualquer pessoa, de qualquer jeito. É por isso que uma consultoria especializada no assunto pode ser uma boa solução. A Keysystems Informática, empresa especialista em desenvolvimento de softwares, oferece soluções para a adequação à LGPD, sem a necessidade da troca dos sistemas já usados pelo contratante. O serviço é dividido em várias frentes:⁣

• Monitoramento dos pontos de entrada de dados: mapeamento das situações em que a empresa contratante recebe informações para serem armazenadas – seja de seus funcionários, parceiros comerciais, consumidores etc.;⁣

• Adaptação de processos: é feita todo o trâmite de documentos físicos e a adequação para a prevenção de vazamentos. Softwares, redes, sistemas e ERPs da empresa contratante são analisados com o intuito de encontrar brechas para o roubo de informações, o que é devidamente corrigido;⁣

• Criação de um comitê interno: escolhem-se os responsáveis pela análise dos dados e pelas tomadas de decisão sobre assunto. Esse comitê deverá estabelecer quem terá a função de DPO — pode ser um funcionário ou uma prestadora de serviços terceirizada (a Keysystems também oferece esse serviço);⁣

• Entrega dos novos modelos de documentos: a empresa contratante recebe os termos de consentimento, termos de políticas de privacidade e outros instrumentos jurídicos necessários que se tornarão padrão em sua atividade.

“Temos a vantagem de contar com uma equipe especializada para atender as demandas inerentes à implementação da LGPD, incluindo também um corpo jurídico”, relata Campos. “O fato de conhecermos o segmento vidreiro torna mais rápido o processo.” A Keysystems oferece ainda uma condição especial para empresas associadas à Abravidro: desconto de 15% na aquisição dos serviços.⁣

Interessados podem contatar a Keysystems pelo telefone (11) 2744-3500, pelo WhatsApp no número (11) 98199-6042 ou lgpd@keysystems.com.br

Consequências⁣
Todo cuidado será necessário na hora de aplicar as recomendações da lei. As sanções para quem não a seguir começarão a valer a partir de agosto – apesar de ações cíveis já estarem passíveis de ingresso. A LGPD prevê desde advertência simples, ou determinação para tornar a infração pública, até ações que podem prejudicar profundamente os negócios da empresa:⁣

• Multa de 2% sobre o faturamento por irregularidade, não podendo exceder o valor de R$ 50 milhões;⁣

• Bloqueio ou eliminação dos dados pessoais relacionados à irregularidade;⁣

• Suspensão parcial do funcionamento do banco de dados;⁣

• Proibição parcial ou total da atividade de tratamento de dados.⁣

As punições dependerão da gravidade e natureza das infrações e dos direitos pessoais afetados, além da boa-fé do infrator, do tipo de vantagem auferida e do grau do dano causado, entre outros tópicos.⁣

O desafio a todos os setores, inclusive o vidreiro, será grande, mas a LGPD vai permitir uma sociedade mais segura e menos invasiva na privacidade de cada um de nós.

 

E OS DADOS DE PESSOAS JURÍDICAS?⁣
Uma grande dúvida a respeito da LGPD é se ela aborda o tratamento de dados de empresas. A resposta é não: legisla apenas sobre pessoas físicas. No entanto, é preciso atenção: no exercício de suas atividades, muitas vezes uma empresa precisa ter acesso a informações pessoais de diretores, sócios, procuradores. Nesses casos, tudo passa a ser regido pelas normas da LGPD.

Este texto foi originalmente publicado na edição 577 (janeiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Feicon Batimat cria plataforma digital

A Reed Exhibitions, organizadora da Feicon Batimat, feira voltada para a construção civil, criou o Feiconnect Club, uma plataforma digital de conexão e negócios voltada para esse mercado. A ferramenta vai abrigar dias de rodadas de negócios durante todo o mês de outubro, além de um evento online em novembro – mais detalhes sobre a programação e como se inscrever ainda serão divulgados.

O objetivo do Feiconnect Club também é permitir a conexão direta entre profissionais. As empresas participantes poderão criar um perfil no qual divulgarão suas soluções. O acesso do visitante será gratuito: após preencher um formulário, ele terá à sua disposição recursos como agenda de encontros com fornecedores e chamadas de vídeo.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Glasstec ganha evento virtual em outubro

A Messe Düsseldorf vai organizar a Glasstec Virtual de 20 a 22 de outubro. Essa alternativa online da principal feira vidreira do planeta reunirá as empresas confirmadas para a versão presencial de 2021. Qualquer profissional vidreiro poderá participar como “visitante”, basta cadastrar-se gratuitamente – o credenciamento ainda não está aberto, mas mais informações estão no site oficial da mostra (virtual.glasstec-online.com). Ao todo, o evento será dividido em três partes:

Espaço de exibição
Nessa espécie de showroom digital, as empresas poderão divulgar seus produtos por meio de textos e vídeos. Além disso, estarão disponíveis sessões ao vivo para as companhias trocarem informações com o público em tempo real.

• Área de conferência
Palestras ministradas por profissionais das mais variadas áreas do setor (fabricação, processamento, aplicação, tecnologia) vão discutir tendências globais.

Praça de networking
Participantes e expositores terão contato direto entre si por meio de uma ferramenta que filtrará profissionais por campos de interesse, oferecendo a oportunidade de marcar reuniões por áudio ou vídeo.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Organizadora da Glass South America prepara webinars

A NürnbergMesse Brasil, organizadora da Glass South America, anunciou que está preparando a Conexão Glass, uma série de webinars que começa este mês e vai se repetir mensalmente até março. O programa reunirá especialistas do setor para debater temas atuais, utilizando diversos formatos: palestra técnica, mesa-redonda e discussão de cases de aplicação de vidro.

Alguns dos assuntos que serão abordados na Conexão Glass são máquinas e equipamentos; vidro plano; ferramentas, ferragens e acessórios; energia solar fotovoltaica; distribuição de vidro; beneficiamento e transformação; e softwares.

A iniciativa vai ao encontro das expectativas do nosso setor: de acordo com uma pesquisa realizada pela NürnbergMesse Brasil, com a participação dos visitantes da última edição da feira, 83% dos entrevistados afirmaram ter interesse em participar de eventos online.

Mais informações serão disponibilizadas nas redes sociais da Glass South America.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Gestão da mudança

Escrito por Mário Mello

Nos tempos atuais, administrar mudanças não é uma tarefa fácil. Os desafios para uma época sem pandemia já são imensos, imagina quanto aumentaram nessa situação atípica. Para gerir mudanças, o professor John Kotter, da Harvard Business School, criou nos anos 2000 o que chamou de “modelo de oito etapas de Kotter”. Revisitando-o, percebi que segue atual. As oito etapas, adaptadas para este momento, são as seguintes:

1 ALERTAR PARA A URGÊNCIA
Abra um diálogo franco com funcionários sobre a situação do negócio frente à pandemia. Se vários deles entenderem, o senso de urgência se intensifica naturalmente.

2 CRIAR ALIANÇAS FORTES
Explique e convença os formadores internos de opinião sobre a necessidade de mudança. Lembre-se de que eles nem sempre são os gerentes/chefes: muitas vezes, não têm cargos de hierarquia, mas exercem liderança sobre os demais.

3 INCENTIVAR NOVAS VISÕES
Colaboradores enxergam de forma diferente a situação da empresa. Envolver as pessoas-chave fará com que se sintam também responsáveis por esse processo. A pandemia trouxe novos conceitos, principalmente sobre serviços: segurança, agilidade e o ato de enxergar o cliente de outra maneira são desafios importantes.

4 VEICULAR ESSAS VISÕES
Divulgue sua mensagem a toda a empresa, independentemente da hierarquia. Mostre o propósito da mudança, e não deixe fake news se propagarem.

5 AFASTAR POSSÍVEIS OBSTÁCULOS
A resistência de muitas pessoas pode se tornar obstáculo. Trabalhe arduamente para não atravancar esse processo.

6 PROVER VITÓRIAS PEQUENAS E RÁPIDAS
Apresente indicativos concretos de que as coisas estão se encaminhando para a direção certa. As vitórias imediatas e rápidas ajudam a criar a audácia para buscar outras.

7 SOLIDIFICAR A MUDANÇA
Comemorar antes da hora não é uma boa política. As coisas mudam rapidamente; portanto, solidificar as pequenas vitórias é base para os desafios maiores.

8 ENRAIZAR A NOVA CULTURA
Cumpridas as sete etapas anteriores, é preciso fundamentá-las na rotina de trabalho. E o líder não deve negligenciar o emocional dos funcionários: faça com que percebam que os problemas decorrentes da necessidade de mudança se resolveram graças ao engajamento de todos.

Mário Fernando Mello é professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e membro do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da instituição.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda as mudanças para licença de importação de vidros automotivos

A Portaria nº 282, de 26 de agosto de 2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU), entrou em vigor desde o dia 1º de setembro e estabelece a classificação de risco de atividades econômicas associadas aos atos de liberação sob responsabilidade do Inmetro em relação à Avaliação da Conformidade Compulsória. Os vidros de segurança automotivos estão entre os itens contemplados na portaria, tendo sido classificados entre produtos e serviços de nível 1, considerados de baixo risco. Entenda as mudanças que isso traz para sua regularização no mercado.

Registro dispensado
O documento que detalha a certificação compulsória dos vidros automotivos é a Portaria nº 41, de 19 de janeiro de 2018. Um de seus principais pontos era a obrigatoriedade da inclusão do “registro de objeto” – ou seja, o número do certificado emitido pelo Inmetro deveria vir marcado nos vidros.

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Esse registro deixou de ser exigido com a nova Portaria nº 282. “Ela determina que produtos com risco leve, inexistente ou irrelevante estão dispensados do registro de objeto e também da anuência para licença de importação. E o vidro automotivo está entre os itens contemplados nessa classificação”, explica Cleriane Lopes Denipoti, do Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ).

Desde a publicação da Portaria nº 41, prazos haviam sido determinados para fabricantes se adaptarem aos processos e escoarem a produção com a marcação antiga. Segundo Cleriane, com a retirada da exigência do registro de objeto, as empresas que possuem esse registro poderão programar a retirada da gravação do número dos layouts existentes de acordo com os prazos estabelecidos na portaria. “Vale lembrar que nenhuma outra marcação deve ser removida”, acrescenta.

Com isso, as fabricantes de vidro automotivo contam com uma simplificação no processo de certificação de seus produtos, além de redução na burocracia.

Certificação ainda é necessária
Apesar da mudança, Cleriane ressalta que as demais determinações da Portaria nº 41 continuam válidas. “Não houve nenhuma alteração quanto às regras de certificação compulsória estabelecidas para vidros automotivos. Todas as etapas desenvolvidas pelas empresas e pelos Organismos de Certificação de Produtos (OCP) estão mantidas”, afirma. Dessa forma, é possível garantir que os itens sejam fabricados e comercializados cumprindo requisitos de normas técnicas específicas e de regulamentos técnicos.

As ações do Inmetro estão sendo realizadas em alinhamento com as diretrizes do governo federal e em atendimento à Lei de Liberdade Econômica.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Edifício da República Tcheca integra ambientes interno e externo com vidro

Se a integração com o ambiente externo é uma das principais tendências da arquitetura contemporânea, o edifício de escritórios Aviatica, na República Tcheca, pode ser considerado um exemplo perfeito desse conceito. Com design que valoriza curvas e ondas, o prédio aposta na fachada completamente envidraçada para se misturar aos arredores.

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Ficha técnica Autor do projeto: Jakub Cigler Architects Local: Praga, República Tcheca Área total: 27 mil m²

 

Nos ares
Construída no local em que, décadas atrás, existia uma fábrica de motores de avião, a obra usou isso como inspiração para suas formas. Segundo o escritório Jakub Cigler Architects, o desenho do projeto remete a uma aeronave estilizada, no formato da letra U. A única parte com linhas retas são os saguões de elevadores; todo o resto tem alguma curvatura.
O empreendimento tem 27 mil m², compreendendo espaços para trabalho,  compras e lazer, e, como muitos outros edifícios desse porte, aposta na sustentabilidade para oferecer qualidade de vida aos ocupantes, com a diferença de ser muito mais econômico: o Aviatica consome cerca da metade da energia elétrica de prédios semelhantes. Recebeu a certificação Leed Gold por conta de seu alto desempenho em eficiência energética — e o feito foi alcançado, em grande parte, graças ao uso de vidros especiais na fachada.

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Azul da cor do céu
O vidro de controle solar SunGuard SNX 60/28 (fornecido pela Guardian), usado em toda a estrutura, permite a farta entrada de luz natural, ao mesmo tempo que barra o calor do lado de fora — isso significa menor uso de iluminação artificial e sistemas de ar condicionado.

A capacidade de reflexão da chapa parece fazer com que a obra fique invisível no horizonte, como se fosse uma extensão do céu e do solo ao seu redor. O efeito é maior ainda por causa dos perfis finos de alumínio em toda a estrutura.

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Funcionalidade
O Aviatica conta com nove andares e dois subterrâneos (usados como depósito e garagem). O térreo reúne lojas e áreas gerais de serviço. No 1º andar estão localizados escritórios, restaurantes e a unidade de serviço central (segurança, eletricidade etc.). Do 2º até o 9º, mais escritórios — esses podem ter o tamanho adaptável de acordo com o locatário.

 

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Especificação
Vidro aplicado: SunGuard SNX 60/28 (de controle solar)
Fornecedor: Guardian
Processador: Isosklo

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Economia: confira a entrevista com a especialista

Após vários setores apresentarem quedas históricas durante a pandemia, conforme mostramos na edição passada de O Vidroplano, a grande pergunta que fica é: a economia nacional pode se recuperar rapidamente? Para entender a conjuntura pela qual passamos, conversamos com Ana Maria Castelo. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre), Ana, nesta entrevista, analisa a situação da construção civil e da indústria e indica possíveis caminhos para a retomada. O bate-papo na íntegra você pode escutar na edição especial do podcast da Abravidro, o VidroCast, de setembro. A entrevista foi feita no começo de setembro.

 

Levando em conta nossas particularidades, a economia nacional comportou-se de forma semelhante à de outros países durante a pandemia?
Ana Maria Castelo — O Brasil está entre os que sofreram bastante. Mas isso é generalizado, as economias como um todo passaram por isso. Algumas um pouco menos, outras um pouco mais. O que nos diferencia negativamente é o fato de não ter havido uma coordenação, um plano federal em relação à doença, o que acabou levando a um resultado ainda mais negativo. Seja como for, do ponto de vista de políticas que foram adotadas — a questão ao auxílio emergencial, a mudança na legislação do emprego, a qual permitiu a redução da carga de trabalho e dos salários —, tudo acabou mitigando um pouco os efeitos. Quando a gente fala da construção civil, principalmente, o auxílio vem tendo um efeito muito forte, além do que a gente projetava no início. Então, respondendo objetivamente: os impactos estão sendo muito significativos, nossa resposta não foi imediata, mas, no final das contas, as políticas que vieram estão dando alguma resposta. Mesmo assim, os números mostraram um resultado fortemente negativo: queda de 9,7% do PIB trimestral, sem precedentes nos indicadores do IBGE.

 

Quais setores mais sofreram com o impacto da pandemia?
AMC — Com certeza, o de serviços. Principalmente os prestados às famílias, até pelas próprias características da crise e da necessidade de isolamento, que foi mais forte nos primeiros meses. Mas mesmo com a progressiva abertura, ainda assim você tem regras e protocolos que continuam afetando o segmento intensamente: restaurantes, bares e a área cultural como um todo estão sendo muito afetados e isso já está se registrando no PIB. Vamos lembrar que o setor de serviços é o que tem o maior peso na atividade econômica.

 

Algumas edições do Boletim Focus, estudo semanal do Banco Central, tinham revisto a previsão para o PIB nacional, atenuando a queda prevista, apesar de ter voltado a cair no meio de setembro. O que tem impulsionado essa revisão?
AMC — É preciso contextualizar a questão, lembrando que a crise veio de uma natureza completamente inesperada e diversa de tudo que a gente tinha visto antes. Os modelos de projeção não deram conta dessa crise. Aí veio o auxílio emergencial, que se mostrou mais efetivo do que se esperava, atingindo um contingente muito grande de pessoas e apresentando pra muitas delas um aumento de renda. O FMI chegou a prever uma queda de 9% do PIB, e hoje estamos na faixa dos 5,4% negativos. Essa revisão está se dando justamente em cima dos indicadores que começaram a sair, refletindo um impacto atenuado.

 

Existe algum setor que já pode ser considerado em processo de retomada?
AMC — Na hora em que a gente olha pra alguns indicadores já divulgados pelo IBGE e vê a Sondagem da Construção, da FGV/Ibre, percebemos que quase todos os segmentos têm um movimento de melhora ou, eu diria, “despiora”. Em alguns, isso é mais significativo e em outros, mais lento, como no de serviços — apesar da redução do isolamento social, o protocolo ainda exige que a capacidade de atendimento seja menor, e existe o próprio receio da população de voltar plenamente às atividades. Na indústria, a gente vê a construção recuperar-se. Dentro dela, é importante lembrar que se trata de duas partes: uma, a voltada para pequenas reformas, autogestão; e outra, a formal, realizada pelas construtoras. A formal, considerada atividade essencial, em poucos lugares ficou paralisada completamente. De maneira geral, aconteceu uma redução do ritmo das obras para atender os protocolos dentro dos canteiros. Com isso, a atividade foi atingida, mas de forma diferente dos restaurantes, por exemplo, que tiveram de fechar completamente. O que foi afetado dentro da construção: as vendas de imóveis, pois os estandes de vendas tiveram de fechar. Os lançamentos foram adiados, e as empresas precisaram se reinventar, passando a estimular os canais digitais de vendas e, com isso, reagiram relativamente bem. No caso da autoconstrução, essa foi a grande surpresa, vide que parte do auxílio emergencial claramente está sendo direcionada para essas pequenas obras, sem falar que, mesmo pessoas de média e alta renda aproveitaram o momento pra realizar reformas. Com isso, a demanda por materiais de construção está fortemente aquecida.

“A gente tem de lembrar que ainda estamos num contexto de muita incerteza”

O setor de vidros planos tem como principal consumidor justamente a construção civil. O que esperar para esse setor até o fim do ano?
AMC — Como o ciclo da construção foi atingido, só agora muita coisa começa a ser recuperada, e as empresas começam a retomar planos de lançamentos. Quando se olha a Sondagem, é bastante interessante ver que o segmento que recuperou completamente o nível pré-pandemia foi o de preparação de terrenos, aquele que inicia a obra. A parte de acabamento ainda está num patamar mais distante e, certamente, a retomada desses setores está adiada. Hoje, o que a indústria de vidros pode sentir é o resultado das reformas, mas cuja participação é menor.

 

Em relação ao ramo de automóveis, outro consumidor de nosso material, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) acredita que apenas em 2025 o setor retomará níveis de 2019. É uma perspectiva pessimista ou realista? Outros setores podem se preparar para uma recuperação em longo prazo?
AMC — A gente tem de lembrar que ainda estamos num contexto de muita incerteza. Essa é uma questão muito importante no sentido de determinar o ritmo da retomada. Existe uma aparente recuperação agora, mas isso não quer dizer que vai se manter, porque fomos muito para o fundo do poço. No caso dos automóveis então, a retração foi muito significativa, até por questões de impossibilidade de comprar um carro fisicamente, de acessar as lojas. Aí, num segundo momento, tem a demanda reprimida, de consumidores que tinham condições de comprar e apenas adiaram. Mas isso não significa que essa será a toada. Uma coisa importante: tudo caiu muito, tanto que, mesmo com essa retomada, o resultado consolidado do ano será fortemente negativo. Tudo isso justifica essas projeções, com as quais eu concordo, de que o ritmo de retomada será lento.

 

Uma das grandes questões da indústria nacional é sua histórica baixa produtividade. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre dezoito nações, o País só fica na frente da Argentina em nível de competitividade. A retomada seria mais rápida se estivéssemos em outro patamar nesse quesito?
AMC — A competitividade é essencial, sem dúvida, para a recuperação. Antes da pandemia, a gente já estava brigando com um ritmo baixo de crescimento, e a baixa produtividade e outros diversos fatores interferem nisso, assim como a qualificação da mão da obra, o ambiente de negócios e, claro, a questão tributária.

“Existe uma aparente recuperação agora, mas isso não quer dizer que vai se manter”

“A grande questão está na sustentabilidade do crescimento.”

Há uma discussão econômica — e ela parece existir, inclusive, dentro do governo — que confronta as políticas voltadas ao desenvolvimentismo e à responsabilidade fiscal. Qual o caminho mais adequado para a retomada do crescimento?
AMC — Talvez a fórmula seja um equilíbrio, no sentido de que efetivamente a questão fiscal é importante, representa uma sinalização inclusive para os investidores. O mundo todo está ciente de que o Estado deve responder com estímulos e suporte para sua população. Por conta disso, há a aceitação de indicadores fiscais que antes não se admitiam, como dívida pública e déficit público. Mas é preciso também uma sinalização de como o governo vai lidar com a questão no médio prazo. Por outro lado, trabalhar isso passa necessariamente pelo crescimento do País. Então, é um equilíbrio em que a ação do Estado é importante, mas não pode ser uma ação desconectada da preocupação com suas dificuldades.

 

É possível para a construção recuperar o bom momento vivido de 2009 a 2013?
AMC — Pra gente conseguir dar um boom, vai precisar do capital externo. E aí entra a lição de casa, seja com um arcabouço regulatório, que traga segurança jurídica para os investidores, mas também com outras questões, como a ambiental. A sustentabilidade ganhou uma importância muito grande para os investidores. Eles estão sendo pressionados internamente por essa necessidade de se olhar para esses requisitos, e nisso nós temos problemas. Instabilidade política e política ambiental podem ser empecilhos.

 

Como o empresário do setor vidreiro, tendo como cliente essa construção civil que acabamos de analisar, pode enxergar o futuro de seus negócios?
AMC — O setor foi afetado por toda a pandemia, e o ciclo de retomada que vinha se desenhando antes certamente foi postergado por conta dos negócios que deixaram de ser realizados. Então, em curto prazo, a perspectiva é menos positiva. Em médio e longo prazos, à medida que vemos o mercado imobiliário respondendo bem e as vendas retomando uma velocidade superior, temos maior perspectiva. A questão é que a efetivação da demanda do mercado imobiliário depende desse contexto macroeconômico, do crescimento do mercado de trabalho, da renda, do crédito. A grande questão está na sustentabilidade do crescimento.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Indústria eletrônica: a situação e as perspectivas do setor vidreiro

Com a pandemia do coronavírus, muitas pessoas em quarentena têm nos aparelhos eletrônicos a principal janela de contato com outras pessoas e com o mundo. O Vidroplano conversou com empresas que fabricam vidros especiais para dispositivos como celulares e tablets a fim de conhecer mais sobre a situação do material nessas aplicações no Brasil.

Produção externa
Embora diversas empresas que fabricam vidros para a indústria eletrônica tenham não são gerados em território nacional. “A produção do Grupo AGC está baseada na Ásia, com fábricas no Japão, China, Coreia e Tailândia, além de uma unidade de produção nos Estados Unidos”, conta Maria Luiza Ciorlia, gerente de Marketing da AGC Brasil. Da mesma forma, os vidros da Schott para esse segmento são feitos na Alemanha, enquanto os do grupo Nippon Sheet Glass Co (NSG), do qual a Pilkington faz parte, vêm de plantas do Japão e de outros países asiáticos.

Ao que parece, esse cenário não deve mudar tão cedo: segundo Higaki Tetsuya, gerente de Comunicações Corporativas da NSG, não há planos de fabricar os produtos no Brasil. “Investimentos futuros ficariam dependentes da demanda de nossos clientes”, explica. Fernanda Roveri, engenheira de Vendas da Schott, faz análise semelhante: “Como a maioria das empresas fabricantes de eletrônicos está localizada no exterior e os produtos delas já vêm montados ao País, ainda não há perspectiva de produção local”.

Apesar disso, algumas empresas não descartam iniciativas para o mercado nacional. “Acompanhamos os diversos segmentos com nossa equipe regional e nos mantemos sempre atentos, caso alguma oportunidade apareça”, aponta Glória Cardoso, gerente de Marketing e Vendas da Pilkington Brasil.

Queda e subida
Assim como a maior parte dos negócios no mundo, esse mercado também sentiu o impacto do coronavírus. “O volume de vidros para tablets apresentou queda significativa no primeiro trimestre de 2020, devido ao lockdown”, comenta Tetsuya, da NSG. No entanto, ele observa que o setor apresentou recuperação no segundo trimestre.

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A AGC não identificou até o momento crescimento significativo nesse segmento em função da pandemia, mas Maria Luiza ressalta: “Acreditamos que esse período terá um forte impacto na percepção dos consumidores sobre a funcionalidade e sustentabilidade de suas casas, gerando condições para que, no futuro, possamos ver mudanças importantes no padrão de consumo de vidros em geral”.

Novas tecnologias
Assim como a indústria de dispositivos eletrônicos como um todo, os vidros para essa aplicação estão em constante evolução. A Schott, por exemplo, vem focando no desenvolvimento de peças ao mesmo tempo resistentes, ultrafinas e flexíveis. A NSG, por sua vez, tem como principal novidade o Glanova, vidro reforçado quimicamente
para telas touch.

Um aspecto interessante desses vidros é que seu uso não precisa ser restrito a eletrônicos. “O segmento tem várias subdivisões e, no Brasil, estamos atentos especificamente ao uso da tecnologia desenvolvida para aplicação na construção civil, os chamados smart glasses, vidros inteligentes”, explica Maria Luiza. O Halio, da AGC, é um exemplo: uma solução eletrocrômica que permite controlar a passagem de luz e calor por meio de um controle remoto ou aplicativo no celular. Essas inovações demandam certo tempo de maturação para que possam ser assimiladas e então especificadas pelos arquitetos, mas podem tornar o futuro do nosso material na construção civil mais inteligente, integrado e sustentável.

Aplicação em construção civil do Halio, vidro eletrocrômico da AGC que permite bloqueio de até 99,9% da luz em até 3 minutos
Aplicação em construção civil do Halio, vidro eletrocrômico da AGC que permite bloqueio de até 99,9% da luz em até 3 minutos

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Envidraçamento de sacadas: entenda como é feito o ensaio de resistência a impacto de corpo mole

O envidraçamento de sacadas funciona como uma barreira transparente entre um ambiente e seu exterior — e, frequentemente, o desnível de altura entre ambos é grande. Dessa forma, o sistema precisa oferecer um mínimo de proteção caso algo ou alguém se choque contra ele.

Para garantir isso, a NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio estabelece que o envidraçamento de sacada deve passar por um teste de resistência ao impacto de corpo mole. A seguir, veja como é feito e quais são as condições para aprovação do sistema.

Falcão Bauer
Falcão Bauer

 

Na prática
Nesse ensaio, o sistema é instalado em condições normais, com as folhas fechadas, utilizando o travamento disponível na porta. Em seguida, um saco em forma de gota, com diâmetro aproximado de 300 mm e preenchido com 40 kg de esferas de vidro é então usado para atingir o centro geométrico da face interna (a que estará voltada para o lado de dentro do ambiente) de um dos painéis de vidro centrais, a fim de avaliar a resistência do sistema.

As etapas do teste, após a montagem do sistema em um suporte rígido, na posição vertical, são as seguintes:

1) O saco de couro é elevado até que seu centro de gravidade coincida com o centro geométrico da folha, com tolerância de 10 mm (a face do saco deve tangenciar a face da folha central do sistema);
2) Depois, ele é elevado até a diferença de cota do centro de gravidade do saco de couro em relação à cota do centro geométrico da folha (600 mm, com tolerância de 10 mm a mais ou a menos). Essa diferença é medida com a mira ou régua vertical graduada, correspondendo à energia de impacto de 240 J;
3) O saco de couro é liberado em movimento de pêndulo, acelerado somente pela ação da gravidade, atingindo o centro geométrico do vidro;
4) Após o impacto, o operador deve evitar que o saco volte e bata novamente no vidro;
5) Ao final, cinco ciclos completos de abertura e fechamento são executados, a fim de avaliar se o comportamento do sistema encontra-se deteriorado.

Requisitos para aprovação
Após o impacto, o envidraçamento de sacadas não pode apresentar:
• Destacamento do sistema de fixação;
• Descarrilamento ou ruptura do sistema de roldanas.

Além disso, em caso de quebra da folha de vidro atingida, a ruptura não pode permitir a passagem de um gabarito prismático de 250 x 110 x 110 mm.

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Vale ressaltar que as condições acima dizem respeito à aprovação nesse ensaio específico. O sistema só é considerado aprovado para instalação se atender todos os requisitos estabelecidos na NBR 16259.

Outros ensaios previstos na norma NBR 16259:
• Comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento (apresentado na edição de julho de O Vidroplano);
• Resistência à corrosão;
• Resistência às cargas uniformemente distribuídas;
• Avaliação dos perfis de alumínio anodizados ou pintados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vidro é destaque em spa de hotel austríaco

Imagine relaxar em um spa luxuoso e, ainda por cima, ter a vista da montanha Zugspitze, com cerca de 3 mil m de altura, na fronteira entre Áustria e Alemanha. Pois é isso que os visitantes do Mohr Life Resort encontram: desde o fim de 2018, o hotel conta com espaço para relaxamento que usa o vidro, além do concreto, com o objetivo de dialogar com o ambiente externo.

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Ficha técnica
Autor do projeto: Noa – Network of Architecture
Local: Lermoos, Áustria
Conclusão: outubro de 2018

Integração total
O Mohr Life Resort está localizado no vale Ehrwalder Becken, região do Tirol, uma das mais belas da Europa central, reconhecida por suas montanhas, lagos e pequenas fazendas que mais parecem saídas de quadros do século 19. E o escritório ítalo-alemão de arquitetura Noa – Network of Architecture apostou exatamente na interação com a natureza na hora de construir o spa do empreendimento.

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A obra foi pensada considerando a inclinação do terreno. Por isso mesmo, divide-se em duas partes distintas: uma mais elevada (compreendendo as salas individuais, saunas e outros espaços a serem usados pelos clientes) e a inferior (formada pela área da piscina que se abre para o exterior). “A Zugspitze sempre foi nossa inspiração para o projeto. Nós o concebemos como uma arquibancada, um local ideal para admirar a beleza da montanha”, explica o arquiteto Christian Rottensteiner, um dos responsáveis pelo projeto. “Nosso desafio frequente é criar estruturas que expandam e intensifiquem a percepção dos espaços, transformando as emoções dos usuários.”

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Casamento perfeito
Segundo o Noa, os dois principais elementos da estrutura estão em constante diálogo com o ambiente: o cimento oferece contornos ao prédio e pode ser imediatamente reconhecido na fachada, na parte destinada à piscina e nos elementos ao ar livre (como os jardins e caminhos para pedestres). Já o vidro atua com sua transparência e característica espelhada para criar uma conexão entre o edifício e seus arredores.

Essa ligação se dá por conta de um efeito único e encantador, somente atingido com nosso material. Ao refletir as diferentes formas existentes no vale Ehrwalder Becken, ele faz com que o prédio se transforme numa espécie de pintura gigante em constante movimento — fato reforçado também pelas águas da piscina. Numa olhada rápida, o prédio até pode ser confundido com uma estrutura natural.

Este texto foi originalmente publicado na edição 572 (agosto de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Dicas para uma boa execução de retrofits

Este mês, a seção “Retrofit” estreia nas páginas de O Vidroplano. O objetivo das reportagens publicadas aqui é apresentar obras que passaram por um trabalho de retrofit, seja em suas fachadas ou nos seus interiores. Nesta primeira reportagem, confira algumas dicas para uma boa execução desse serviço e conheça dois projetos de sucesso já realizados no Brasil.

O que é
O processo de retrofit consiste na modernização e revitalização de edificações antigas que estejam ultrapassadas ou fora de norma. Com ele, é possível aumentar a vida útil delas, utilizando materiais com qualidade mais avançada — como vidros de valor agregado, por exemplo —, para conferir benefícios que vão da estética externa ao conforto térmico e acústico no interior do ambiente.

Há quatro tipos mais comuns desse trabalho:

Recuperação: indicada para prédios de valor histórico ou quando a fachada apresenta elementos com defeito. Nesse caso, alguns ajustes simples são suficientes para manter o que foi originalmente utilizado;
Rearranjo: vai além da recuperação. Nele é preciso substituir alguns materiais por outros diferentes, alterando parcialmente o visual;
Reforma: trata-se de uma intervenção maior, com a troca de elementos originais, como vidros antigos por novos de maior valor agregado;
Renovação: muda completamente o layout da obra, elevando bastante os benefícios dela aos usuários e ao meio ambiente.

Hotel Nacional 
Cidade:
Rio de Janeiro
Ano de construção: 1972
Ano do retrofit: 2016
Empresa responsável: QMD Consultoria

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O que mudou:
• Os vidros antigos da fachada foram trocados por laminados de peças de controle solar, proporcionando a redução do calor em 63% e transmissão luminosa de 25%;
• Embora modernizado, o edifício manteve visualmente as características originais do projeto de Oscar Niemeyer;
• Um dos bares do hotel, o Roof Top Bar, é cercado por vidros que desempenham a função de isolamento acústico;
• Nosso material também foi aplicado na academia, no spa e em guarda-corpos.

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Sem receita básica
Cada caso é um caso quando uma obra passa por retrofit. A revitalização é feita sob medida e de acordo com as características de cada empreendimento. Por isso, é essencial que um especialista avalie as condições da fachada da obra antes de elaborar esse projeto.
Apesar disso, há alguns pontos que podem ser levados em consideração:
• Uso de vidros de valor agregado: esses produtos contribuem para a modernização do edifício, especialmente aqueles que permitem eficiência energética, como os de controle solar, ou conforto acústico e os insulados;
• Atenção com as esquadrias: como os perfis se desgastam com o passar dos anos, pode aparecer infiltração de ar e água. Checá-los é essencial para garantir o bom desempenho da modernização aplicada.

Palácio Iguaçu
Cidade: Curitiba
Ano de construção: 1954
Ano do retrofit: 2010
Empresa responsável: Hedron Engenharia
O que mudou:
• A nova fachada tem a tonalidade verde — originalmente pretendida para o prédio quando foi construído — com a instalação de laminados verdes-claros de 10 mm;
• Apesar do novo tom da edificação, a reforma manteve a estética original da obra, conforme pretendido;
• O envidraçamento aplicado no retrofit teve ainda um aumento no seu desempenho, com atenuação sonora de até 35 dB e transmissão luminosa de 70%;
• Também foram utilizados vidros em guarda-corpos e pisos no interior do edifício.

 

Sua empresa tem algum trabalho de retrofit?
Envie fotos e informações de obras interessantes para o e-mail ovidroplano@abravidro.org.br – nossa equipe de reportagem irá avaliar o material.

Este texto foi originalmente publicado na edição 572 (agosto de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

A situação da indústria nacional na pandemia

Este mês, o Brasil ultrapassou a marca dos 3 milhões de infectados e dos 100 mil mortos pela Covid-19. Isso mostra que, pelo menos por aqui, a pandemia do coronavírus está longe de terminar, ao contrário do que poderíamos esperar. Da mesma forma, uma rápida recuperação da economia também não aconteceu. Para ajudar a entender a situação atual, O Vidroplano mostra a seguir como é o momento vivido pela indústria nacional, assim como por variados setores que consomem o nosso material.

Queda jamais vista
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial brasileira (ver gráfico 1) teve uma redução sem precedentes desde o início da medição desse indicador:

Em março, a queda foi de 9,1% em relação a fevereiro;
Em abril, mais queda, agora de 19,2% em relação a março.

A indústria de transformação (ver gráfico 2) também sofreu bastante no período, com redução ainda maior: abril marcou -23,2% em comparação com março, mês que já teve queda considerável.

Os últimos dois meses do semestre (maio e junho) viram um crescimento importante, mas não a ponto de recuperar
toda a produção perdida. Como serão os próximos meses? Difícil fazer uma análise precisa — até por não se saber como se dará a recuperação da renda e da confiança do consumidor de forma a garantir a retomada do consumo.

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Canteiros de obras
Os números da construção civil, o segmento que mais consome vidro, podem ser considerados animadores. Em junho, enquanto o País como um todo fechou quase 11 mil vagas com carteira assinada, esse setor criou mais de 17 mil novos empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia. As admissões aumentaram 29,29% em comparação a maio, enquanto as demissões caíram 11,60%. “Isso vem se somar a uma série de outros indicadores que têm mostrado a recuperação e a força do setor para puxar a retomada econômica”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Simplesmente nos deram condições e prazo para pagar e mantiveram nossos contratos. Nós respondemos de forma positiva.”

Mais dados positivos vieram da pesquisa Covid-19: impactos e desafios para o mercado imobiliário, realizada pela consultoria Brain Inteligência Corporativa em parceria com a CBIC. O resultado mostrou que o setor aqueceu-se ao longo da pandemia. Das pessoas entrevistadas que pensavam em comprar um imóvel, 22% efetivaram a aquisição em junho, um aumento de 6% em relação a março e 3% em relação a abril.

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Linha branca e moveleiro
O ramo de eletrônicos (que inclui os de linha branca) também viu aumento no consumo. Levantamento da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) mostra crescimento de 46,25% nas vendas do varejo em abril e maio. No entanto, na comparação direta com maio de 2019, a diferença ainda é considerável: queda de 27,3% na produção.

Os números da indústria moveleira, por outro lado, são ruins. De janeiro a maio, houve queda acumulada de 22% na produção, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário (Abimóvel). “A avaliação e projeção dos indicadores do setor estimam queda de 6,5% no número de peças comercializadas no acumulado do ano, contra redução de 9,45% na produção industrial”, revela a presidente da entidade, Maristela Cusin Longhi.

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De olho nos automóveis
O setor automotivo, outro entre os principais consumidores de nosso material, puxou a recuperação industrial medida pelo IBGE: seu crescimento foi de 70% em junho na comparação com maio, mês já com recuperação enorme (250%).

Mesmo assim, os efeitos da pandemia foram imensos. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de 729,5 mil veículos no primeiro semestre representou queda de 50,5% se comparado ao mesmo período de 2019.

A entidade projeta a fabricação de 1,6 milhão de automóveis (incluindo comerciais leves, caminhões e ônibus) em 2020, número 45% menor do que o de 2019.

“Trata-se de uma estimativa dramática, mas muito realista”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, em comunicado da associação. “A situação geral da indústria automotiva nacional é de uma crise maior que as enfrentadas nos anos 1980 e 1990. Um recuo dessa magnitude no ano terá impactos duradouros, infelizmente. Nossa expectativa é de que apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019.”

O que esperar?
Alguns dados são positivos, outros seguem negativos. O que esperar, então? Os empresários brasileiros parecem acreditar em melhora. Em julho, o Índice de Confiança do Empresário Industrial, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cresceu pelo 3º mês seguido, chegando a 47,6 pontos. O estudo afirma ainda que “as expectativas com relação aos próximos seis meses já são otimistas”. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também notou esse otimismo: seu Índice de Confiança da Indústria aumentou 12,2 pontos em julho em comparação a junho, alcançando 89,8 pontos.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 572 (agosto de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Texto para termoendurecidos está sendo encaminhado para consulta nacional

A comissão de estudos do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) já finalizou o texto do projeto de norma sobre a fabricação de vidros termoendurecidos: nos próximos dias, o documento deve entrar em consulta nacional no site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para participar, assim que ela for colocada no ar, basta cadastrar-se no site da ABNT, fazer login na página e enviar suas considerações.

Atendendo o mercado
A demanda por uma norma específica para termoendurecidos — produto que, embora não seja considerado um vidro de segurança, apresenta resistência mecânica superior à do float — partiu do próprio mercado nacional. “Observamos que seu uso é bastante comum em países da Europa e nos Estados Unidos”, conta Luiz Barbosa, coordenador da comissão de estudos. “No Brasil, também já há algumas obras utilizando o material, mas não existia nenhuma normalização para fabricação.”

Segundo Barbosa, o trabalho foi feito com base em textos internacionais, mas buscando adequar as tolerâncias e requisitos à realidade brasileira. “Esse projeto é fruto de um trabalho envolvendo grandes profissionais que participam da comissão de estudos do ABNT/CB37, o que permitiu chegar a uma norma bastante moderna e completa em relação ao tratamento térmico do termoendurecido”, explica. Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro, acrescenta que sua elaboração contou com a participação de processadores de diversos Estados e regiões do Brasil.

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Conteúdo da norma
Entre os requisitos abordados pelo projeto, estão as tolerâncias para os aspectos visuais e físicos da peça, avaliando pontos como empenamento total e a presença de ondas de rolete em sua superfície, além da elevação de borda e eventual deformação causada por marca de pinça durante o processamento. A resistência térmica e a tensão máxima admissível também são apresentadas.

O documento trará ainda o padrão de fragmentação para esse tipo de vidro, bem como o método de avaliação para todos os requisitos. Na avaliação de Barbosa, essa é uma forma de proteger o consumidor final e também os processadores, os quais passarão a usar padrões definidos para ofertar esse produto com segurança e qualidade”.

É importante reforçar que a consulta nacional permitirá à comissão de estudos saber se o texto precisa de adequações antes de sua publicação, de maneira a garantir que a norma seja a mais clara e completa possível. Por isso, o ABNT/CB-37 conta com a participação de todos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entidades regionais promovem eventos online pelo Brasil

Com a pandemia causada pelo coronavírus, as entidades vidreiras regionais vêm trocando as atividades presenciais por eventos a distância, realizados no formato de lives, palestras e cursos online, de forma a dar continuidade à capacitação do setor. Veja alguns deles a seguir.

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Novo projeto em Santa Catarina
A Ascevi deu início, em junho, ao Live Glass, uma série de lives com conteúdos relevantes para o mercado durante a pandemia, permitindo que a entidade mantenha-se em contato com seu público. As cinco primeiras edições, realizadas no perfil da associação catarinense no Instagram, abordaram assuntos como normas técnicas da ABNT relacionadas ao uso do vidro, importância das esquadrias e ferragens, papel da tecnologia para as vidraçarias e processadoras, orientações na contratação de mão de obra e possibilidades de aplicação dos vidros acidados. A partir da edição de 22 de julho, o Live Glass passou a ser transmitido pelo canal da Ascevi no YouTube. Nesse dia, a equipe de construção civil e laboratório do Grupo Falcão Bauer apresentou conteúdo sobre segurança nas instalações, além de ensaios de ventos – assunto muito discutido devido aos estragos causados pelo “ciclone bomba” em Santa Catarina. Já no dia 29, representantes da Kuraray foram convidados para discutir a importância dos interlayers nos laminados.

 

Fortalecendo os executivos no Paraná live-2
No dia 29 de julho, a Adivipar promoveu a palestra Fortalecer a mente, alimentar o espírito e seguir em frente, realizada online por Marcos Sousa, diretor da Superação Treinamentos e Consultoria. Os empresários vidreiros associados à entidade paranaense foram o público-alvo. A apresentação destacou a importância de iniciativas como essa para trocar experiências e encontrar juntos soluções para sair de momentos desafiadores como o vivido atualmente. Segundo o palestrante, o que afunda um navio não é a água ao redor dele, mas sim a quantidade do líquido que entra na embarcação. Da mesma forma, o empresário não pode deixar a negatividade e pessimismo do mundo o derrubar. Assim, recomendou aos espectadores que cuidem da mente, escolhendo sempre muito bem as sementes que plantam nelas.

 

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Adaptando-se aos consumidores
O curso online “Como inovar sob a perspectiva do cliente”, organizado pela Amvid e pelo Sinvidro-MG e realizado no dia 1º de agosto, foi ministrado pela consultora Ronara Adorno, sócia-diretora da Ambiens Consultoria e Serviços Empresariais. Entre os tópicos abordados no treinamento, transmitido em tempo real, estiveram o conceito e os tipos de inovação e dicas de como construir a jornada do cliente, além de pesquisas e feedbacks. Também foram apresentadas técnicas ágeis para ajudar a identificar as necessidades do consumidor.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 572 (agosto de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça as causas das trincas em laminados

Alguma vez sua vidraçaria já recebeu a ligação de um cliente queixando-se de que uma peça laminada que sua equipe instalou estava trincada? Embora esse problema pareça ter aparecido “do nada”, há uma série de fatores que podem levar a ele, seja por erros na instalação, seja por falhas cometidas muito antes de os vidros chegarem à obra.

A boa notícia é que é possível identificar essas causas bem cedo e, assim, evitar o uso de vidros comprometidos. Especialistas de diferentes áreas do nosso setor explicam a seguir as principais falhas que levam ao surgimento de trincas em laminados comuns (isto é, feitos com vidros recozidos — float ou impressos) na especificação, beneficiamento ou aplicação final.

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Na fase do projeto
O ponto mais frágil dos vidros é sempre a borda — e os laminados não são exceção. Segundo o engenheiro civil Crescêncio Petrucci Júnior, diretor técnico da Crescêncio Petrucci Consultoria, um pequeno impacto nessa região pode ocasionar danos, como trincas e lascas, o que acaba potencializando a possibilidade de quebra — mesmo que não ocorra imediatamente. “É sempre muito importante ter conhecimento de tudo que pode interferir no vidro na hora de desenvolver o projeto, desde a fabricação até logística envolvida no transporte, armazenagem e, principalmente, na instalação”, explica.

Tatiana Domingues, sócia-proprietária da Paulo Duarte Consultores, acrescenta que a especificação deve levar em consideração o tipo de sistema em que o laminado será aplicado e as cargas atuantes a que ele estará sujeito. “Muitas vezes a falha começa aí, porque nem sempre a equipe que especifica o material é a mesma responsável pela compra. O caixilho e o vidro são trabalhados com medidas pouco flexíveis, as quais exigem precisão milimétrica”, diz ela. “Então, se a especificação pede uma peça de 12 mm, por exemplo, um comprador leigo pode adquirir uma de 10, crendo que essa diferença de 2 mm parece insignificante, mas os materiais necessitam dessa precisão para que tenham o desempenho correto.” Leandro Gonçalves Pedroso, gerente de Projetos da Divinal Vidros, concorda: “O mau dimensionamento dos vidros irá comprometer a performance do produto. A correta especificação de dimensões e espessura depende de ampla análise e gestão de riscos intrínsecos ao projeto”.

Há casos especiais, como o de vidros de grande dimensão, que precisam de cuidados e equipamentos especiais para o transporte e instalação. Crescêncio ressalta que, ainda durante o desenvolvimento do projeto, é preciso evitar levar essas chapas a locais de difícil acesso e circulação. Segundo ele, é muito comum, durante a fase de obras, montar uma estrutura complexa para viabilizar o uso desse tipo de vidro. “Porém, como depois poderá ser necessária alguma manutenção, ou até mesmo a substituição da peça, essa operação se tornará impossível.”

Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC Brasil, recomenda que a especificação sempre seja acompanhada por um profissional técnico, arquiteto ou engenheiro. “Além disso, esse trabalho deve levar em consideração a atenção à construção do edifício e orientação solar, assim como detalhes dos caixilhos, cores e materiais dos perfis das esquadrias, o tamanho da área envidraçada e a existência ou não de sombras estáticas, entre outros fatores”, acrescenta.

Vidro cortado no canteiro de obras com serra circular, processo que resulta na formação de microtrincas: corte e lapidação das peças devem ser feitos somente na processadora.
Vidro cortado no canteiro de obras com serra circular, processo que resulta na formação de microtrincas: corte e lapidação das peças devem ser feitos somente na processadora.

 

Preciso na lapidação
Uma etapa essencial no beneficiamento dos laminados é o tratamento de suas bordas por meio da lapidação. Durante o corte do material, são geradas tensões inerentes ao processo, principalmente na etapa de destaque, as quais provocam o surgimento de microtrincas e fissuras nessas bordas. “O correto processamento elimina as irregularidades que podem se transformar em trincas”, explica Wender Cotrim, gerente-industrial da Vitral Vidros Planos.

Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da Viminas, indica os principais cuidados que o processador deve tomar:

Trinca partindo da extremidade do vidro instalado: bordas precisam ser verificadas antes da fixação, para garantir que não tenham lascas ou fissuras.
Trinca partindo da extremidade do vidro instalado: bordas precisam ser verificadas antes da fixação, para garantir que não tenham lascas ou fissuras.

 

No corte
> Eliminar áreas de tensão e destaque das peças;
> Verificar o sobrematerial indicado para cada espessura;
> Prestar atenção ao dimensionamento final, evitando, principalmente, a distorção na diagonal.
Na lapidação
> Identificar tipo, granulometria e qualidade do rebolo de corte;
> Manter uma boa refrigeração, com água ou líquido refrigerante;
> Verificar a velocidade periférica dos rebolos na lapidadora;
> Observar a pressão de desbaste, velocidade de avanço e desgaste do rebolo;
> Identificar a hora de retificar o perfil ou efetuar a troca do rebolo.

O corte e a lapidação são complementares e muito importantes para evitar trincas posteriores, afirma Rezende. Para ele, é essencial que os processadores passem por um treinamento adequado antes de começar a realizar essas atividades.

Deve-se também tomar cuidado no armazenamento, transporte e estocagem no local de instalação: “99% das quebras ocorridas após a instalação, quando processado adequadamente, são de origem mecânica, causadas por batidas de bordas no manuseio do material”, frisa Renato Santana, responsável pelos Processos de Qualidade e Lean Manufacturing da GlassecViracon.

Fixação
Segundo Fábio Persio, supervisor de Vendas & Obras da PKO do Brasil, há duas maneiras mais frequentemente usadas para a fixação:
Encaixilhados: nesse caso, os vidros são presos dentro de um quadro de alumínio apoiado por borrachas (gaxetas) em todo o perímetro do caixilho;
Colados: os laminados são aplicados diretamente na estrutura com uso de adesivo estrutural (silicone ou fita dupla face), devidamente dimensionados para a espessura e peso de cada painel.

Seja qual for o método escolhido, como reforça Tatiana Domingues, da Paulo Duarte Consultores, as folgas do sistema precisam ser bem dimensionadas para que, quando o vidro encaixilhado estiver exposto ao calor e ao frio, ele possa fazer o movimento de dilatação e de retração sem ter contato direto com outra chapa ou com o caixilho. Também se deve verificar todas as bordas antes do encaixilhamento ou da colagem. “Com frequência, uma lasquinha milimétrica na borda é ignorada na hora de encaixilhar. O profissional pensa que ela vai ficar dentro do caixilho e ninguém vai vê-la. Acontece que, com a dilatação térmica, aquela lasca corre pela placa e leva à formação de trincas”, observa.

Renato Santana, da GlassecViracon, ressalta: “Não se recomenda a fixação de laminados comuns em aplicações estruturais com furos e recortes. Nesse caso, o vidro deve ser laminado feito de temperados”.

Hora da instalação
Essa é a etapa da jornada do vidro em que o vidraceiro está diretamente envolvido. A atenção começa já na chegada das peças. “Durante o recebimento dos laminados, suas bordas devem ser inspecionadas e, caso seja verificada a presença de microtrincas e fissuras, os vidros devem ser rejeitados e devolvidos à processadora”, orienta Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. “Em hipótese alguma o produto deve ser instalado nessas condições.”

Trinca causada pelo contato direto do vidro com o parafuso: calços e guarnições devem ser especificados e aplicados para garantir a proteção do laminado.
Trinca causada pelo contato direto do vidro com o parafuso: calços e guarnições devem ser especificados e aplicados para garantir a proteção do laminado.

 

Barbosa lista alguns dos erros mais comuns de instalação que levam ao surgimento de trincas:
Ajuste das dimensões das peças do vidro no canteiro de obras: às vezes, por diversos fatores (erros de projeto, erros de medições etc.), as peças de vidro apresentam dimensões maiores do que o necessário, impossibilitando a sua instalação. É muito comum, nesses casos, que o instalador decida cortar a peça de vidro com serras e depois lixar as bordas — porém, esse processo resulta na formação de muitas microtrincas e fissuras nelas, as quais não são totalmente retiradas apenas lixando-as;
Instalação das peças de vidro em caixilhos sem a presença de calços de bordas ou com calços de bordas inapropriados: a norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações determina que o vidro não pode ter contato direto com materiais mais duros do que ele e descreve como os calços de borda devem ser especificados, a fim de garantir que as bordas da peça jamais entrem em contato com o caixilho ou com elementos que o integrem. Também devem ser aplicadas guarnições (elementos de vedação que são colocados sob pressão, lateralmente, entre os vidros e os caixilhos) para evitar o contato da peça de vidro com as laterais dos caixilhos;
Peças de vidro muito justas nos caixilhos: ainda por erros de projetos e de medições, o vidro pode estar maior do que deveria para os caixilhos, ficando muito apertado nas esquadrias — com isso, quando o sistema tem dilatação térmica, as bordas ficam sujeitas a tensões que podem trincar o painel;
Espessura do vidro em desacordo com as tensões às quais ele será submetido: um vidro mais fino do que o necessário, por exemplo, apresenta baixa resistência mecânica para as pressões de vento às quais ele será submetido, o que pode levar a trincas e até a quebras;
Choque mecânico após a instalação: mesmo já aplicada no sistema, a placa pode sofrer alguma batida ou impacto que inicia uma trinca que evolui com o tempo.

A arquiteta Audrey Dias, consultora de Esquadrias e Vidros do Grupo Aluparts, chama atenção também para o risco do contato dos laminados com outros componentes do sistema. “Situações em que a quebra do vidro foi originada principalmente pelo contato direto com os parafusos responsáveis pelas fixações dos perfis de alumínio, em razão de calços deficientes ou até mesmo inexistentes, infelizmente, são frequentes”, comenta.

Parafusos salientes devem ser evitados, recomenta Audrey. Por sua vez, os calços devem ser de materiais como polietileno ou PVC; já os de madeira, segundo a arquiteta, não devem ser utilizados, pois apodrecem.

Estresse térmico
O estresse térmico ocorre quando, em uma folha de vidro, a variação de temperatura é alta. “Com o aumento da temperatura em uma seção específica, o vidro se expande, e a tensão de tração resultante dessa expansão na borda ocasiona sua quebra”, explica Jonas Sales, coordenador da Engenharia de Aplicação da Cebrace.

Para evitar esse problema, Sales considera ser importante avaliar:
O ambiente externo em torno da obra: sombras estáticas, temperatura média ao longo do dia, radiação e emissão de raios ultravioleta etc.;
O projeto e a aplicação pretendida do vidro: posicionamento na fachada, cor da esquadria e da persiana, climatização interna (ar-condicionado e aquecedores), entre outros fatores;
As características do produto escolhido: absorção energética, coeficiente de sombreamento, emissividade etc.

Para Fábio Reis, gerente técnico comercial da Guardian, o ideal é sempre consultar um técnico que fará as recomendações adequadas para o tratamento térmico do vidro caso seja necessário, podendo ser temperado ou termoendurecido. “A análise e o gerenciamento do estresse térmico devem ser feitos ainda durante a fase de especificação, pois, caso ele seja apontado no resultado do estudo, será preciso realizar o tratamento térmico do vidro.”

Normas recomendadas para evitar trincas nos laminados
Há uma série de textos técnicos com orientações para a especificação, produção e instalação dos laminados de forma a atender os requisitos de desempenho na obra. Consultar esses documentos é essencial para evitar erros que podem levar ao surgimento de trincas:
NBR 6123 — Forças devidas ao vento em edificações
NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações
NBR 10821 — Esquadrias para edificações
NBR 14697 — Vidro laminado
NBR 14718 — Guarda-corpos para edificação
NBR 16259 – Sistemas de envidraçamento de sacadas

Este texto foi originalmente publicado na edição 572 (agosto de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Confira as novidades da revisão da norma para vidros laminados

A revisão da NBR 14697 — Vidro laminado, preparada pelo Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), já se encontra na reta final.

O novo texto, cujas últimas partes estão em processo de conclusão, trará uma série de novidades. O objetivo é ampliar os conhecimentos do setor referentes ao produto e levar mais clareza e acessibilidade para a realização dos ensaios desse tipo de vidro.

 

Conteúdo adicional
Uma das mudanças na versão revisada da NBR 14697 é que ela conterá um novo item, dedicado aos cuidados em relação às bordas expostas dos laminados. Nele serão considerados tópicos como a forma correta para a vedação das bordas, os motivos relacionados à delaminação de laminados compostos de vidros temperados e a compatibilidade ou não do interlayer com selantes e/ ou produtos utilizados em colagem estrutural, evitando, com isso, que ocorra a delaminação da peça.

Outra novidade é a inclusão dos requisitos de tolerância para o empenamento (alteração da planicidade do vidro) dos laminados. Antes, essas distorções só eram tratadas em relação ao temperado, na norma destinada a esse produto (NBR 14698 — Vidro temperado).

 

Novas possibilidades para ensaios
O texto do documento também trará alterações nos procedimentos de ensaios para laminados. Um deles é o de resistência a altas temperaturas, o qual passará a considerar a possibilidade de dois métodos alternativos (ensaio em forno ou com água fervente), deixando mais claros os critérios de realização e os requisitos para aprovação dos corpos de prova.

Da mesma forma, o ensaio de radiação considerará a escolha entre duas metodologias diferentes e as fontes alternativas de radiação às quais o laminado pode ser submetido.

 

Como participar da revisão da norma:
• Envie um e-mail para cb37@abnt.org.br dizendo que tem interesse em participar de forma remota das reuniões;
• Você receberá um convite com um link para acesso à ferramenta;
• Faça o download da ferramenta;
• Certifique-se de que seu computador tenha câmara, microfone, caixas de som e Internet de qualidade.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda como funciona o ensaio de ciclos

Um dos principais atrativos do envidraçamento de sacadas é a sua possibilidade de abertura ou fechamento, por meio do deslizamento e recolhimento de suas folhas móveis. Assim, o bom funcionamento desse ciclo de movimentos é essencial para assegurar a qualidade do produto a ser instalado.

Um dos testes estabelecidos na norma ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, publicada em 2014, é o ensaio de ciclos.  A seguir, explicamos como ele é feito e qual o desempenho esperado para a aprovação do produto.

 

Preparando o corpo de prova
O objetivo do ensaio de ciclos é verificar o comportamento do envidraçamento de sacadas em relação a ações repetidas
de abertura e fechamento. O teste é feito com um protótipo chamado no laboratório de corpo de prova. Ele deve ser instalado com os mesmos detalhes de projeto (ou do manual de instalação do fabricante), componentes, selantes e outros dispositivos de vedação do produto que é entregue ao consumidor.

O corpo de prova é providenciado e montado no laboratório em que o ensaio será realizado e deve medir 1.150 mm de
largura e 2.300 mm de altura, com apenas uma folha móvel de, aproximadamente, 575 mm de largura.

 

Como o ensaio é executado?
A primeira etapa, logo após a instalação do corpo de prova em um suporte rígido e na posição vertical, consiste na realização de cinco ciclos completos de abertura e fechamento de todos os painéis do envidraçamento.

Em seguida, um dispositivo é instalado na folha móvel do sistema para abri-la e fechá-la, com regulagem que gera
uma frequência constante de abertura e fechamento. Isso é feito tanto para os movimentos deslizantes como para os movimentos pivotantes da folha. Também é usado um aparelho na contagem  dos ciclos.

O protótipo é então submetido a 10 mil ciclos de abertura e fechamento nos dois tipos de movimento em uma frequência de 140 a 150 ciclos por hora. Cada ciclo consiste em um movimento de pivotamento, seguido por outro de deslizamento de saída e retorno ao ponto de estacionamento do sistema.

 

Requisito para aprovação
Para ser aprovado no ensaio de verificação do comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento, o corpo de prova deve suportar os 10 mil ciclos sem que haja:
• Ruptura dos vidros;
• Deterioração ou ruptura de qualquer componente;
• Comprometimento das suas funções de abertura e fechamento.

Vale destacar que o modelo ou tipo de envidraçamento só é aprovado se também atender os demais ensaios e requisitos da norma ABNT NBR 16259.

 

Outros ensaios previstos na NBR 16259:
• Resistência à corrosão;
• Resistência às cargas uniformemente distribuídas;
• Resistência ao impacto de corpo mole;
• Avaliação dos perfis de alumínio anodizados ou pintados.

 

Foto: Divulgação Tec-Vidro

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Panorama Abravidro 2019

A Abravidro criou, em 2012, o Panorama Abravidro. O documento é publicado anualmente e traz dados atualizados do mercado brasileiro, incluindo informações sobre as indústrias de base e de transformação, assim como os números da produção de vidro no País, faturamento, balança comercial internacional, entre outras. Para se chegar aos dados divulgados no documento, a Abravidro convida empresas a participarem de uma pesquisa. Os resultados são consolidados pela GPM Consultoria Econômica, contratada para apurar as informações do setor e relacioná-las com a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, números oficiais de importação e exportação do governo, além de declarações da indústria de base à revista O Vidroplano.

Conheça as características do PVB

Como se vê na edição 2020 do Panorama Abravidro, os vidros laminados estão sendo mais usados no Brasil: sua produção aumentou 5,1% em 2019 (em relação a 2018), assim como sua participação no mercado cresceu para 11,8% (contra 10,9% no ano retrasado). Porém, os níveis ainda estão bem abaixo daqueles vistos de 2012 a 2016.

Para tornar esse produto mais popular, vale entender melhor suas propriedades, principalmente um elemento de extrema importância para a segurança das peças: os interlayers, as camadas que unem as chapas de vidro. Este mês, saiba como os de PVB são produzidos, quais os cuidados que se devem ter em seu armazenamento e como é a linha de produção para esse tipo de laminado — e não se esqueça: em julho, a revista vai explicar os segredos do EVA, outro tipo de interlayer usado pelo mercado.

 

Como é produzido
Três empresas fabricantes de PVB que atuam no Brasil foram consultadas pela nossa reportagem. Eastman, Everlam e Kuraray detalham a produção:
• O PVB é obtido por meio da extrusão da resina de polivinil butiral — processo mecânico em que a matéria-prima é forçada através de um orifício, adquirindo uma forma predeterminada. Isso se dá com a combinação de álcool polivinílico com butiradeído em um meio ácido;
• Essa resina é um pó branco que fica rígido na forma de filme, não possuindo suficiente elasticidade para ser usada em vidros;
• Por isso, são adicionados a ela outros elementos, como plastificantes (tornando-a mais flexível) e aditivos, para dar forma e garantir o desempenho desejado, dependendo da aplicação para a qual se destina. Todos os elementos precisam ser misturados corretamente,para não ocorrerem alterações na mecânica e na óptica do produto. A mistura também é filtrada, com o objetivo de eliminar possíveis contaminantes;
• Após a extrusão, o filme é cortado na largura desejada, refilando-se as duas bordas. Mais abaixo, na linha de produção, é permitido ao filme “relaxar”, ou seja, aliviar tensões internas que poderiam resultar em encolhimento durante o processo de montagem dos vidros;
• Na sequência, o teor de umidade do filme é ajustado, sendo, depois, resfriado a 8 °C e intercalado com uma película de polietileno, caso necessário, para melhor conservação;
• Por fim, o PVB é “embobinado” numa sala climatizada — de forma a garantir que o ambiente seja igual ao da empresa que irá processar o laminado.
Os rolos são embalados com bolsas de alumínio à prova de gás e umidade, e, finalmente, encaminhados para a expedição.

PVBs coloridos oferecem diversas estéticas diferentes para projetos arquitetônicos. Essas películas podem ser combinadas para a formação de novas cores

 

Características uniformes
Os PVBs podem ter espessuras que variam de 0,38 a 2,28 mm — dependendo do fabricante. Com tamanhos tão precisos, centésimos de milímetro fazem uma enorme diferença. “Um sistema rigoroso de controle de qualidade assegura que os filmes sejam fornecidos dentro das especificações do produto para atender os requisitos exigidos pelo mercado”, explica Sérgio Paes de Andrade, vice-presidente para América do Sul da Everlam. Daniel Domingos, gerente de Contas do setor de Interlayers–Arquitetura da Eastman, dona da marca Saflex, afirma que, entre os parâmetros levados em conta, estão a espessura, a rugosidade e o nível de umidade,entre muitos outros.

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O PVB é obtido por meio da extrusão da resina de polivinil butiral: ao ser misturada com outros elementos, cria-se os diferentes tipos do interlayer

Por isso mesmo, uniformidade é absolutamente necessária, como confirma Pepe Alcon, consultor técnico e gerente de Desenvolvimento de Mercado da Kuraray, cuja marca de películas é a Trosifol. “Um exemplo disso é que, se os filmes fossem totalmente lisos, seria muito difícil reposicioná-los sobre o vidro durante a montagem. Assim, é preciso criar uma rugosidade muito bem controlada nos dois lados deles.”

 

Tipos de PVB e seus benefícios
A partir da resina base e dos aditivos utilizados, são criados diversos tipos de filme, cada um com uma característica diferente.

Como armazenar os PVBs
De nada adianta um processo de fabricação correto se o armazenamento das películas não for adequado. “Como o PVB é um material hidroscópico, que absorve água, ele precisa ser guardado em local seco e arejado, senão pode resultar em baixa adesão entre o vidro e o interlayer”, explica César Pereira, gerente de Produção da beneficiadora Divinal Vidros. “A absorção de umidade também provoca delaminação das peças e alteração de cor, gerando uma aparência embaçada, com tom esbranquiçado. Isso tudo afeta diretamente a segurança e durabilidade do produto”, complementa Rodrigo Seixas Guerrero, diretor-comercial da Cyberglass.

“Existe uma tendência natural de as camadas do filme aderirem entre si, um fenômeno conhecido como blocking”, comenta Domingos, da Eastman. Para evitar que isso ocorra, existem duas alternativas: armazenamento refrigerado ou utilização de um intercalante (filme plástico) entre as películas — nesse caso, pode ser armazenado em temperatura ambiente. “Para os refrigerados, um parâmetro fundamental é o controle da temperatura: os PVBs não devem ficar expostos a mais de 10 ºC”, afirma Pepe Alcon, da Kuraray. Rafael Nandi da Motta, diretor da processadora Vipel, lista mais um detalhe relevante: “Todo o pessoal envolvido no manuseio deve estar com vestimentas adequadas, as quais funcionam como EPIs e incluem máscaras e toucas, para que não haja nenhuma contaminação do produto”.

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Durante o processamento, não existem temperaturas e pressões únicas para serem aplicadas ao vidro: variam de acordo com o PVB, espessura do vidro e tipo de maquinários

 

Maquinários usados
Como explica Wender Cotrim, gerente-industrial e engenheiro da mineira Vitral Uberlândia, os laminados com PVB podem ser fabricados por meio de dois tipos de processos distintos: a vácuo ou por calandragem. “O mais utilizado é o por calandragem, que emprega fornos especiais equipados com sistemas de radiação infravermelha para aquecer o interlayer”, esclarece.

Alexandre Luiz Bonato, gerente de Obras da PKO, enumera a sequência dos maquinários usados na laminação por calandragem com esse tipo de interlayer:

• Lavadora/secadora;
• Sala limpa refrigerada com pressão positiva, local em que é depositado o interlayer no vidro;
• Calandra, onde é feito o sanduíche dos vidros com o interlayer por meio da aplicação de temperatura e pressão;
• Autoclave, uma espécie de “panela de pressão gigante”, em que, por meio de temperatura elevada e pressão
controlada, todo o ar é retirado desse sanduíche, promovendo a adesão final entre os elementos que compõem
o laminado.

Importante: não existem temperaturas e pressões únicas para serem aplicadas ao vidro durante a laminação. “Tenho observado que a maior parte das patologias relacionadas a laminados se relaciona diretamente com a adesão do interlayer às peças”, revela Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. “A temperatura na saída da calandra pode variar em função do tipo de revestimento da chapa e da espessura do vidro e do PVB, sendo necessário seguir as orientações dos fabricantes para obter o resultado adequado, sem a existência de bolhas e manchas causadas
pela queima do interlayer”, explica. Da mesma forma, a regulagem da temperatura e pressão na autoclave varia em função da carga a ser processada. Por isso, deve-se sempre buscar essas informações com os fabricantes dos maquinários.

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Objetivo do PVB é garantir a integridade do vidro, segurando seus fragmentos em caso de quebra. Existem ainda os PVBs estruturais, com maior desempenho e resistência

 

Cuidados no processamento
O trabalho com laminados que utilizam PVB deve ter algum cuidado especial? “A procedência da película já é importante, para que não chegue com problemas de acondicionamento e sujidades”, destaca Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da processadora Viminas. “Depois disso, procuramos preservar a integridade do produto, evitando manuseá-lo durante os processos.

Daniel Thiago Scarpato, diretor-industrial da Glassec Viracon, aponta detalhes que devem ser levados em conta pelas empresas:

• Limpeza dos vidros: a lavadora precisa remover todas as impurezas nas superfícies das peças a serem laminadas. Além disso, a água de enxágue deve ser desmineralizada;
• Controle da temperatura, umidade e pressão: fatores essenciais para o funcionamento da sala de laminação, impedem a contaminação do vidro com água, poeira e outros materiais;
• Retirada do ar: a remoção do ar do sanduíche de vidro e interlayer é fundamental para a adesão das películas. Se não
for feita corretamente, a finalização na autoclave terá problemas.

 

Existem testes de qualidade para o laminado com PVB?
Três ensaios se aplicam ao vidro laminado, independentemente do tipo de interlayer usado, conforme determina a norma NBR 14697 — Vidro laminado:

• Resistência a alta temperatura;
• Umidade;
• Radiação.

A norma também estabelece tolerâncias para as dimensões, esquadro, espessura, deslocamento de borda, defeitos visuais e o teste de impacto para a classificação de segurança (veja mais informações a respeito na seção “Por dentro
das normas” da edição de maio deste ano). O laboratório independente Falcão Bauer é acreditado pelo Inmetro para a realização desses ensaios.

O chamado “teste de Pummel” é indicado pelos fabricantes de interlayers. “Uma adesão muito alta do PVB terá um efeito negativo na resistência ao impacto, enquanto uma adesão muito baixa irá prejudicar sua durabilidade”,
esclarece Sérgio de Andrade, da Everlam. “O teste de Pummel é uma maneira simples e eficaz de controlar esse parâmetro.” O procedimento consiste em martelar uma amostra de laminado, previamente resfriada a 18° C negativos, para ser comparada e classificada com níveis de aderência que variam de 1 a 9. “Essa classificação é feita com base na quantidade de fragmentos de vidro que permanecem na superfície do PVB após as marteladas. Os valores recomendados de aderência estão entre 4 e 7”, revela Andrade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 570 (junho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Tempos estranhos

Um mês em isolamento, período de adaptação a uma nova realidade na vida profissional e também na vida privada. Esta edição de O Vidroplano foi toda produzida de nossas casas, depois de muitas reuniões remotas.

Mas essas mudanças não interferiram no compromisso da Abravidro: trazer o melhor conteúdo sobre o setor para você. E em tempos de coronavírus, não há como deixar esse assunto fora da pauta. Por isso, fomos buscar fontes no Brasil e no mundo que pudessem nos ajudar a traçar um panorama de como o mercado, em âmbito global, vem sendo impactado pela pandemia.

Paralelamente, seguimos monitorando as medidas do governo para auxiliar indústrias e outros setores da economia a tentar enfrentar os atuais desafios. Os diversos canais da Abravidro vêm sendo atualizados com essas informações, com o objetivo de ajudar na tomada de decisão das empresas.

Porém, nem só de pandemia trata esta edição. A reportagem especial mostra como o vidro pode contribuir com a saúde das pessoas, uma reflexão ainda mais interessante no atual cenário. Outra matéria fala sobre vidro acústico e dá dicas de como os vidraceiros podem incluir esse produto, ainda pouco explorado no País, em seu portfólio.

E, assim, nos preparando para o futuro, o qual esperamos que chegue logo, vamos atravessando esses tempos estranhos em que vivemos.

Cuide-se e fique bem!

Iara Bentes
Editora de O Vidroplano

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 568 (abril de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Mudanças na direção da Guardian

A usina vidreira anunciou, no começo de abril, que Renato Poty (foto) assumiu a posição de Country Manager (gerente do País), tornando-se responsável pela gestão administrativa do Brasil. A liderança das áreas de interface com clientes, incluindo marketing e vendas, permanece sob a direção de Renato Sivieri. Assim, tanto Poty como Sivieri passam a reportar-se diretamente a Rick Zoulek, vice-presidente da Guardian para as Américas. Segundo a usina vidreira, o novo modelo de gestão trará mais agilidade nas tomadas de decisão, fortalecendo sua presença em toda a região. O executivo Ricardo Knecht deixou a companhia.

Este texto foi originalmente publicado na edição 568 (abril de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Ferramenta ajuda processadores a demonstrar o resultado final de tintas

O Spectrum R CMiX Color Guide — lançamento Dip-Tech — é ferramenta online para ajudar os processadores vidreiros a demonstrar para arquitetos e designers o resultado final das tintas Spectrum R para impressão digital em vidro. O guia inclui mais de 140 das cores mais usadas, além de fornecer receitas e instruções detalhadas para medição e mistura dos produtos.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 568 (abril de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Eventos do setor têm datas alteradas

Atividades por todo o mundo têm sido adiadas desde o mês passado. A intenção é evitar a disseminação da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus cujo número de casos teve aumento expressivo a partir de março em todo o planeta.

Os eventos voltados para o setor vidreiro não foram exceção. No Brasil, conforme já noticiado na última edição de O Vidroplano, a Glass South America, maior feira vidreira na América Latina, teve sua data mudada de junho para novembro. Fora do País, a China Glass, cuja 31ª edição seria promovida de 14 a 17 de abril, também foi postergada – sua nova data ainda não foi anunciada.

A seguir, confira as novas datas das principais feiras e encontros nacionais e internacionais para nosso segmento. Vale ressaltar que todas elas estão sujeitas a alterações, devido às incertezas em relação ao fim da quarentena pelo Brasil e em outros países.

glass-south-americaGlass South America
DATA: 5 a 8 de novembro
LOCAL: São Paulo Expo, São Paulo
MAIS INFORMAÇÕES:
www.glassexpo.com.br

 

 

 

feicon-revista

Feicon Batimat
DATA: 15 a 18 de setembro
LOCAL: São Paulo Expo, São Paulo
MAIS INFORMAÇÕES: www.feicon.com.br

 

 

 

glass-performance-daysGlass Performance Days South America (GPD Same)
DATA: 5 e 6 de novembro
LOCAL: São Paulo Expo, São Paulo
MAIS INFORMAÇÕES: www.gpd.fi/events/gpd-south-america-2020

 

 

ENTIDADES REGIONAIS
Work Glass 2020 – Adivipar-PR
DATA: 8 e 9 de julho
LOCAL: Küster Hotel, Guarapuava (PR)
MAIS INFORMAÇÕES: www.adivipar.com.br

Curso “Envidraçamento de Sacadas” – Sindividros-RS
DATA: 11 de julho
LOCAL: Fatec/Senai Porto Alegre, Porto Alegre
MAIS INFORMAÇÕES: www.sindividrosrs.com.br
3º Seminário de Vidros e Esquadrias – Sinvidro-MG e Amvid-MG
DATA: 14 de julho
LOCAL: sede da Fiemg, Belo Horizonte
MAIS INFORMAÇÕES: www.sinvidromg.org.br
Casa Cor: datas já confirmadas
Até o fechamento desta edição, a nova data da Casa Cor São Paulo ainda não havia sido anunciada. As dos demais eventos seguem abaixo:

GOIÁS: 1º de agosto a 9 de setembro
PARANÁ: 2 de agosto a 13 de setembro
PARAÍBA: 14 de agosto a 27 de setembro
SANTA CATARINA – ITAPEMA: 16 de agosto a 27 de setembro
MATO GROSSO DO SUL: 3 de setembro a 18 de outubro
RIO GRANDE DO SUL: 4 de setembro a 25 de outubro
MINAS GERAIS: 15 de setembro a 8 de novembro
ESPÍRITO SANTO: 23 de setembro a 8 de novembro
RIBEIRÃO PRETO: 24 de setembro a 8 de novembro
RIO DE JANEIRO: 29 de setembro a 15 de novembro
BAHIA: 1º de outubro a 15 de novembro
BRASÍLIA: 2 de outubro a 16 de novembro
SANTA CATARINA – FLORIANÓPOLIS: 11 de outubro a 22 de novembro
CEARÁ: 24 de outubro a 8 de dezembro

MAIS INFORMAÇÕES: www.casacor.abril.com.br

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 568 (abril de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.