Este ano, a Casa Cor São Paulo foi realizada de 21 de maio a 28 de julho no Conjunto Nacional, em São Paulo. O tema da edição 2024 da principal mostra de arquitetura e design de interiores das Américas foi De Presente, o agora, procurando refletir e entender como o mundo vive o presente e enxerga o futuro. Embora o uso de vidros e espelhos não tenha sido tão grande como em edições anteriores – aliás, este é o segundo ano seguido no qual nossos materiais apareceram de forma tímida na mostra –, houve aplicações interessantes e diferenciadas. Nas páginas a seguir, O Vidroplano reúne os destaques da exposição em relação ao vidro.
Foto: MCA Estúdio
Multirreflexos
O Hall do Apartamento, do arquiteto Gustavo Scaramella, ganhou uma estética oitentista graças à parede revestida de espelhos Guardian Evolution, da Guardian, fornecidos pela vidraçaria Europa Vision. As peças do material, com largura de, aproximadamente, 20 cm, foram instaladas umas ao lado das outras, o que gerava um aspecto interessante: ao andar pelo espaço, os objetos eram refletidos de forma fragmentada, oferecendo uma sensação de movimento à estrutura.
Foto: Fernando Saker
Nas alturas
Ganhou mais visibilidade no ambiente Refúgio Ancestral, de Gabriela Prado, a estrutura do teto: segundo a arquiteta, a ideia foi reinterpretar os antigos vitrais da construção paulista. A vidraçaria Europa Vision foi responsável pelo fornecimento e pela instalação dos painéis, feitos com três tipos de vidro (canelados, martelados e incolores – estes últimos com a aplicação de uma película azul) instalados nas estruturas de alumínio preto, com fitas de LED para iluminar o espaço. As peças eram da AGC, beneficiadas pela Divinal Vidros.
Foto: Renato Navarro
Na temperatura certa para a hora do café
Entre as janelas do Conjunto Nacional e as mesas do Café Isabela Akkari, assinado pelas arquitetas Flávia Burin e Bruna Moretti, do Studio HA, a Europa Vision montou um grande fechamento com esquadrias de alumínio pintado com cor especial e painéis de Sunlux 60, vidro de controle solar da AGC, beneficiados pela Bonneville. Além de contribuir para a estética do ambiente, a estrutura permite a passagem da iluminação natural, mas barra a troca térmica com o lado externo, garantindo que os visitantes que decidissem parar para tomar um café pudessem sempre desfrutar de uma temperatura agradável em seu interior.
Foto: Thiago Borges
Privacidade e acessibilidade
O banheiro estrategicamente colocado no meio do Estúdio Refúgio de Memórias, projeto do escritório AD|VP Arquitetura, representou a intenção das arquitetas Andressa Danielli e Vanessa Pasqual de fugir do estereótipo de que a acessibilidade está associada à simplicidade ou falta de estilo. A estrutura chamou a atenção pelo seu fechamento com esquadrias de alumínio e vidros extra clear da AGC, beneficiados pela Bonneville, fornecidos e instalados pela Europa Vision, com aplicação de uma película especial que dava às peças um aspecto jateado, combinando as sensações de privacidade e integração dos espaços. Um espelho redondo prata 4 mm, com o trabalho das mesmas três empresas vidreiras, completava o ambiente com sofisticação.
Foto: Thiago Borges
Tamanho e formato que chamam a atenção
Mesas baixas de vidro sempre trazem sofisticação, mas já não são uma novidade ou tendência – isto é, a menos que sejam bastante diferenciadas, como as presentes no espaço Reflexos Banco BRB. O escritório Navarro Arquitetura, liderado pelo arquiteto José Carlos Navarro, projetou não só o ambiente, mas também as mesas de vidro, feitas pela Glass11: a mais baixa tinha um grande tampo orgânico de vidro fumê, enquanto a mais alta era feita com um vidro furta-cor, e seus formatos e disposição contribuíram para a composição do espaço. Vale destacar também os espelhos no fundo do ambiente realçando seu visual, fornecidos e instalados pela Casa Mansur.
Foto: Israel Gollino
Ristorantino Caffé
O Ristorantino Caffé, criado pela Guardini Stancati Arquitetura e Design, era cheio de luxo e pompa – como podia ser visto na grande adega para mais de quatrocentas garrafas de vinho, localizada próximo ao balcão do restaurante, que chamava a atenção de todos os visitantes no momento em que entravam no espaço. Produzido pela Alfa Adegas Climatizadas, o eletrodoméstico foi feito com vidros temperados insulados incolores 25 mm, fornecidos pela Refricomp, com câmara cheia de gás argônio energizado – tudo para garantir a temperatura ideal das bebidas. A moldura de aço da adega tinha pintura eletrostática dourada e iluminação de LED.
Foto: Thiago Borges
Transparência nos mobiliários
Os móveis da marca gaúcha Dell Anno foram os elementos essenciais do Global Living Dell Anno, assinado pelo arquiteto Léo Shehtman. O ambiente apresentou ao mercado a nova linha de closets da marca com soluções funcionais, design prático e minimalista; nesse sentido, o vidro foi elemento chave, como sua aplicação no tampo sobre as gavetas, facilitando a identificação do conteúdo no interior delas sem precisar abri-las. Nosso material desempenhou a mesma função na estrutura do armário de vidro no corredor de entrada, além de realizar a integração visual dela ao espaço da suíte.
Foto: Thiago Borges
Forma orgânica
Logo ao entrar no Banheiro Sincrético, assinado por Isadora Araújo, do Panapaná Estúdio, os visitantes já se deparavam com o espelho do ambiente – ou melhor, vários espelhos. Para obter o desenho orgânico específico que tinha em mente, a arquiteta usou uma série de peças redondas comuns colocadas próximas ou sobrepostas umas às outras, com fita dupla face, resultando em uma área espelhada em que pessoas das mais variadas alturas conseguem se enxergar, e contribuindo para o sincretismo (fusão de diferentes tradições, crenças, práticas e expressões) do espaço.
Foto: Thiago Borges
Fechamentos com classe
Grandes fechamentos de vidro, que pouco foram vistos na edição 2023 da Casa Cor, foram representados com classe no Living Piano Casa Cosentino de Laura Rocha. Portas pivotantes envidraçadas, com cerca de 2,5 m de altura, instaladas em ferragens na cor dourada, davam as boas-vindas aos visitantes. Aliás, essa tonalidade era encontrada em todo o espaço – incluindo nas ferragens das portas, também com vidro, do jantar de inverno, localizado nos fundos.
Em agosto, Manuel Corrêa (foto à esq.) deixou a diretoria-executiva da Cebrace, após três anos à frente da usina. O cargo foi assumido por Wiltson Varnier (foto à dir.), tornando-se o representante do grupo acionista Saint-Gobain na gestão da empresa – o também diretor-executivo Lucas Malfetano segue em sua função, representando a NSG/Pilkington. Varnier está há quase 25 anos na Saint-Gobain, tendo atuado nas divisões de vidros automotivos (Sekurit) e abrasivos, e passou os últimos três anos na França, na posição de Chief Financial Officer dos negócios de Mobilidade do grupo. “Buscaremos contribuir para o fortalecimento de nossas parcerias com os clientes, para a aceleração de nossa agenda de sustentabilidade e descarbonização do setor da construção e para o desenvolvimento de nossas equipes”, comentou em comunicado divulgado pela usina.
Também este mês, no dia 8, a Cebrace levou à sua sede, em Jacareí (SP), formadores de opinião do setor vidreiro para o Cebrace Experience, evento com o objetivo de estreitar laços com diferentes elos da cadeia. A superintendente da Abravidro, Iara Bentes, representou a entidade. Entre as atividades da programação, os convidados visitaram o forno C5, para entender como funciona o processo de fabricação do float; conheceram em detalhes o prédio da sede da empresa, reformulado em 2021; e viram o showroom móvel Glass Truck. Houve ainda um debate sobre a necessidade de levar informação técnica de qualidade aos vidraceiros, que formam a ponta final da cadeia vidreira, e aos especificadores, como arquitetos e engenheiros.
O Grupo Cornélio Brennand (GCB) lançou este mês a 4ª edição do seu Relatório de Sustentabilidade – os dados da publicação são referentes ao período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2023. Além de detalhar todas as ações da companhia na área de ESG (meio ambiente, social e governança), a publicação traz informações referentes às empresas que fazem parte do grupo, incluindo a Vivix. Entre as iniciativas realizadas pela usina vidreira, o documento inclui o contrato com a Atiaia Renováveis para a construção do parque solar Unidade Geradora Fotovoltaica Maravilhas I, permitindo que toda a operação fabril da Vivix funcione a partir do consumo de energia limpa. Outra ação apresentada é a reciclagem de cacos de vidro na produção de float, reduzindo a extração de matéria-prima da natureza. Em 2023, a Vivix evitou as emissões de, aproximadamente, 28.500 t de CO2 para a atmosfera.
O documento destaca ainda que a Vivix conquistou o selo Great Place to Work (GPTW) pelo quinto ano consecutivo. A chancela é concedida pela consultoria global de mesmo nome, que apoia organizações a obter melhores resultados por meio de uma cultura de confiança, alto desempenho e inovação, além de certificar e reconhecer os melhores ambientes de trabalho em 97 países ao redor do mundo.
A AGC está usando uma função de vinculação de dados ao “ChatAGC”, um ambiente generativo de inteligência artificial (IA) lançado em junho para uso interno em sua sede em Tóquio. De acordo com a multinacional, para criar um ambiente de trabalho que permita o uso mais conveniente do “ChatAGC”, uma tecnologia foi introduzida para vincular dados internos à IA, permitindo que os funcionários recebam respostas com base nos dados internos da ferramenta – por exemplo, na área de vendas, ela permite conhecer o desenvolvimento de serviços e produtos e ajuda a alcançar os clientes com agilidade.
No dia 3 de agosto, as processadoras paranaenses Temperbras, Temperlândia, Temperlog, V1 Vidros e World Glass realizaram em Londrina (PR) a Jornada da Produtividade Vidreira. O objetivo da iniciativa foi divulgar dois projetos de consultoria para vidraçarias: o primeiro consiste no fornecimento de uma consultoria de produtividade, aplicada in loco, gratuitamente; já o segundo projeto engloba uma consultoria administrativa, financeira e de marketing – com subsídio de 30% pelo Sebrae e 10% pelas processadoras organizadoras. O encontro reuniu mais de 110 participantes e contou com uma palestra de Juli Pereira, facilitadora com mais de vinte anos de experiência no nosso setor.
Boas notícias
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), as vendas da indústria de materiais de construção cresceram 1,2% em junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. O melhor desempenho no mês foi o dos materiais de acabamento, com alta de 2,9%.
Tendência de alta
Nos números consolidados de junho, a tendência de crescimento foi confirmada: ocorreu aumento de 3% em relação ao mesmo mês do ano anterior e, na comparação com ajuste sazonal com maio, houve alta de 2,6%.
Resiliência do setor
De acordo com o presidente da associação, Rodrigo Navarro, os números mostram a resiliência do setor, com expectativa promissora para os próximos meses: “A retomada de investimentos em infraestrutura e na construção civil podem acelerar ainda mais essa positividade. Temos muitos desafios pela frente, não só no nosso setor, mas para todos os segmentos da indústria brasileira e continuaremos a trabalhar em conjunto com nossos associados, outras entidades setoriais e os governos na busca do crescimento sustentável”.
Expectativa de bons negócios
As boas notícias também vieram da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que revisou de 2,3% para 3% a previsão de crescimento econômico desse setor para 2024. “Quanto maior for o mercado nacional, melhoram as expectativas para novas aquisições de casas próprias, porque o trabalhador precisa de estabilidade para fazer o seu financiamento imobiliário. Da mesma forma, a boa perspectiva econômica e a previsibilidade das condições de investimento permitem ao empresário planejar e assumir riscos”, explica o presidente da entidade, Renato Correia.
Foto: Reprodução
FIQUE POR DENTRO
Dados importantes para o setor
A National Glass Association (NGA), principal entidade vidreira dos Estados Unidos, relançou em seu site a ferramenta World of Glass Map, mapa interativo que mostra informações sobre as plantas de float instaladas em todo o mundo. É possível conferir a localização das usinas e a capacidade produtiva dos fornos, além de informações sobre as empresas.
Foto: Reprodução
RETROVISOR
Investimento de peso
Em agosto de 1996, a revista O Vidroplano informava a inauguração de duas linhas de produção da Cebrace. Em Jacareí, a terceira fábrica de vidros planos ampliaria a capacidade instalada da usina para 2 mil toneladas por dia. Já em Caçapava, a novidade era a primeira linha de vidros refletivos da empresa.
O Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248) começou em maio o desenvolvimento do texto-base do projeto de norma para molas e dispositivos de fechamento automático. O documento é baseado na norma europeia BS EN 1154:1996+A1:2002, que diz respeito a esses produtos fabricados com qualquer tipo de matéria-prima, montados externamente na folha ou batente de porta (aéreas), no piso (chão) ou internamente na folha de porta ou batente (embutida).
Demanda pela normalização
De acordo com os engenheiros Roney Honda Margutti e Robson Campos de Souza (gestor e chefe de Secretaria do ABNT/CB-248, respectivamente), o Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp), entidade mantenedora e de suporte à Secretaria do ABNT/CB-248, mapeou a necessidade do desenvolvimento de uma norma brasileira sobre esse tema durante o desenvolvimento do Plano de Negócios do comitê. A futura norma será um grande passo para o segmento de ferragens do País, pois as indústrias nacionais poderão submeter seus produtos aos ensaios de desempenho e Programas de Certificação de Produtos.
A BS EN 1154:1996+A1:2002 estabelece os requisitos de desempenho e de marcações para esses mecanismos, como durabilidade, torque de abertura e de fechamento, eficiência na abertura e fechamento, ciclos de abertura e fechamento, ângulo de operação da mola/dispositivo de fechamento, e sobrecarga do mecanismo em questão.
Orientações para nosso material
Assim como o documento estrangeiro, a norma nacional abordará molas e dispositivos de fechamento automático não apenas para portas de vidro, mas também para as fabricadas com alumínio, aço, madeira, PVC e outros materiais que possam vir a ser utilizados com essa função, incluindo as portas compostas por duas ou mais dessas matérias-primas.
No que diz respeito ao vidro, em relação ao sistema de fixação da mola ou dispositivo de fechamento, haverá a padronização do encaixe nas ferragens, abordada na recém-elaborada ABNT NBR 16835 — Ferragens para vidro temperado – Requisitos, classificação e métodos de ensaio, que atualmente se encontra em fase de avaliação interna da ABNT pelos analistas técnicos da associação.
Próximos passos
Após finalizar a tradução da BS EN 1154:1996+A1:2002, o comitê deverá iniciar a elaboração da minuta de texto-base, adequando o conteúdo às condições do Brasil. A expectativa é de que esse projeto de norma seja encaminhado ao processo de consulta nacional no segundo semestre de 2025.
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Projeto em consulta nacional
Outro projeto de norma, o Projeto ABNT NBR 17192 — Móveis para dormitório – Guarda-roupas – Requisitos e métodos de ensaio, foi colocado em consulta nacional. O vidro é contemplado no Anexo C do texto do Projeto ABNT NBR 17192, referente às peças aplicadas em portas de guarda-roupas. Interessados podem acessar o texto e enviar sugestões em relação ao seu conteúdo no site da ABNT até o dia 26 de agosto – é necessário ter cadastro e fazer login na página.
Recentemente, li o conteúdo da edição 2024 da pesquisa Como o brasileiro se informa?, conduzida pela consultoria Fundamento Análises, com apoio da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e do Instituto Palavra Aberta – e fiquei muito feliz com o que encontrei. Em uma era na qual a desinformação é encontrada nas mais diversas formas de comunicação, ainda há espaço para o jornalismo sério, como o que fazemos aqui em O Vidroplano e nos demais canais da Abravidro.
Quase um terço dos entrevistados afirmam que consomem notícias jornalísticas por meio de sites de jornais, revistas, rádios ou canais de TV. Além disso, 42% dos respondentes confiam “frequentemente” nesses tipos de veículo em relação à veracidade de seu conteúdo – o maior nível entre as opções citadas; as redes sociais, para efeito de comparação, alcançaram apenas 12% nesse quesito. Isso mostra que, por mais que as redes sociais e aplicativos de mensagem sejam importantes para a comunicação e a troca de ideias, é para as formas tradicionais de mídia que as pessoas se voltam quando de fato precisam de informação de qualidade.
E o trabalho feito nesta revista busca exatamente isto: que você confie em O Vidroplano como uma fonte segura de conteúdo vidreiro – seja em reportagens técnicas, panoramas sobre o mercado ou entrevistas com formadores de opinião e lideranças do setor.
O VidroCast segue recebendo convidados especiais para falar sobre o mercado vidreiro. Em julho, Renato Poty, diretor-executivo da Guardian, esteve no estúdio do podcast, em São Paulo, e conversou com Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano.
O bate-papo passou por diversos assuntos, incluindo a manutenção realizada pela empresa este ano no forno da cidade de Tatuí (SP), o desempenho negativo do setor nacional em 2023 e as perspectivas para a segunda metade de 2024. Confira parte dessa conversa a seguir – e assista à entrevista completa no canal da Abravidro no YouTube ou ouça nos principais tocadores de áudio.
A Guardian realizou recentemente uma manutenção programada no forno de Tatuí. Essa manutenção ocorreu conforme o esperado? Renato Poty – Esse investimento foi bastante importante. Fizemos um grande planejamento para essa manutenção nos últimos doze a quinze meses, por se tratar de uma parada muito grande, delicada, que exigia atenção especial com a segurança e procedimentos que precisariam ser seguidos. O forno parou por volta do final de abril e ficou assim ao longo do mês de maio. Foram praticamente trinta dias de reparo. A produção foi então retomada no final de maio, durante junho ficamos no processo de estabilização e ainda estamos fazendo alguns ajustes. Mas o saldo do reparo foi bastante positivo: não deixamos de atender nossos clientes e nem precisamos trazer vidro de fora do País.
A última edição do Panorama Abravidro mostrou queda no faturamento da cadeia de processamento e também na produção em 2023. Como a gente pode superar esses desafios e voltar aos bons índices do período da pandemia? RP – Quando a Guardian olha para 2023, não vemos nenhuma surpresa com base no que já esperávamos. Após a elevação da demanda durante a pandemia, começou uma desaceleração no final de 2022 e começo de 2023 já de certa forma esperada, embora talvez tenha sido um pouco abrupta no primeiro momento. Em seguida, veio esse período de acomodação do mercado. Lógico que 2023 não foi um ano bom: tínhamos muito mais capacidade do que demanda. Isso exige bastante disciplina de cada um de nós, nas usinas, para entender essa demanda e não produzir em excesso, porque isso gera um desbalanço e o nosso produto acaba perdendo o valor.
Outra questão que se somou ao excesso de oferta nesse período foi um aumento considerável no volume de importações de vidro plano. De que forma isso prejudica a indústria nacional? RP – O vidro importado funciona em ciclos, dependendo do que acontece globalmente. Quando há um desbalanço em países com produção maior que a nossa, eles buscam outros mercados para colocar esse volume excedente. Isso, obviamente, causa um dano, porque temos uma demanda hoje no Brasil que ainda não chegou aos níveis de antes da pandemia. O Brasil tem capacidade para atender as diversas aplicações dos clientes e do mercado, mas quando se traz essa variável do vidro importado, ocorre um desbalanço muito grande num nível de competitividade muito diferente do da nossa realidade. Quando você olha para países como os Estados Unidos e vários outros da Europa, eles têm proteções – não para impedir que o vidro importado entre, mas sim para que ele não entre de forma oportunista.
“É preciso agir para proteger o nosso mercado, não para impedir a entrada do vidro importado, mas sim para que haja uma competição de forma justa” (Renato Poty)
Diante desse volume tão grande de importados, a Abividro protocolou um pedido de um novo antidumping para três novas origens, e também um pedido de aumento da tarifa de importação de vidros planos. A Guardian é favorável a essas medidas? RP – Estamos abertos à competitividade. Esse é um mercado aberto, mas ele precisa funcionar dentro das regras e de forma justa. Quando você tem um movimento que acaba infringindo uma regulação, uma lei ou um modelo de operar num país, é preciso agir para proteger o nosso mercado, não para impedir a entrada do vidro importado, mas sim para que haja uma competição de forma justa.
Falando agora de oportunidades: como a gente pode desenvolver o mercado de vidro plano para alcançar em algum momento os patamares de consumo de vidro da Europa e dos Estados Unidos? RP – O vidro plano tem um potencial muito grande. Quando a gente olha outros países, a gente vê um uso muito maior do que temos no Brasil. Quando a gente coloca os produtos de valor agregado, então, o consumo é muito maior. Mais ou menos 70% do que é vendido no nosso país é vidro comum, o mais simples. Então, eu acho que treinar e qualificar o nosso setor nos ajudam a dar mais valor para o produto, trazendo esse conhecimento para o setor, e isso vai ajudar não só a aumentar o consumo, mas a aumentar com qualidade. A partir do momento em que conseguirmos que cada elo da cadeia passe a ver o vidro de valor agregado não como um custo, mas sim como investimento, ele passará a ser mais valorizado e mais bem aplicado, com soluções mais tecnológicas, melhor desempenho e mais conforto.
“Treinar e qualificar o nosso setor nos ajudam a dar mais valor para o produto de valor agregado” (Renato Poty)
Como a Guardian vê o papel do vidro no futuro das cidades e também no futuro da indústria? RP – O vidro tem uma série de benefícios que ele pode trazer futuro para cidades mais modernas. Ele amplia o ambiente, traz mais iluminação natural, economiza energia, traz mais conforto; enfim, tem um papel super importante. Acho que qualificar a cadeia vidreira é um trabalho cada vez mais essencial para o vidro ser mais reconhecido por tudo que ele pode oferecer – dessa forma, teremos uma evolução no mercado e veremos cada vez mais vidro aplicado nas obras e trazendo benefícios para cada elo do nosso setor.
Quais são as perspectivas da Guardian para o segundo semestre? RP – Historicamente, o segundo semestre é melhor; a gente imagina que ele trará uma demanda maior que na primeira metade do ano. Obviamente, há preocupações em relação ao valor da nossa moeda frente ao dólar e à taxa de juros, que ainda é bastante elevada no Brasil. Mas, dentro da dinâmica do cenário, a gente imagina que o segundo semestre ainda assim será positivo, o que poderia nos levar para um ano de 2025 melhor que 2024.
Em São Paulo
O Sincomavi realizou dois webinários no mês de julho. O primeiro teve o tema Diversidade e inclusão: motores de inovação no mercado atual. Ministrado por Vanessa Reis, diretora-executiva do Great People Diversity (Ecossistema Great People & GPTW), ele foi acompanhado por 85 participantes. A palestrante apresentou tópicos como as tendências atuais no mercado e a implementação de diversidade e inclusão dentro das organizações. Para Andréa Nista Richter, responsável pela área de treinamentos do Sincomavi e coordenadora do Grupo Informal de Profissionais de Recursos Humanos do Comércio de São Paulo (Grupo ConstRHuir), o evento trouxe importantes insights e reflexões para um mercado mais inclusivo e em busca de políticas específicas para a promoção e implementação de boas práticas de diversidade e inclusão, com o foco no potencial estratégico das empresas.
Já o webinário Gestão estratégica para atração e retenção de talentos, ministrado por Cristiane Andrade, fundadora da E-Criarh, levou ensinamentos para a identificação de talentos e engajamento dos colaboradores, apontando que as empresas precisam ter as pessoas como pilar estratégico na busca por seus objetivos e sempre procurar por inovação. A apresentação está disponível aos interessados na Sincomavi.Online, plataforma de ensino a distância da entidade paulista.
Foto: Divulgação Ascevi-SC
Em Santa Catarina
No dia 9 de julho, teve início a distribuição das caçambas exclusivas para a coleta de vidro plano de vidraçarias associadas à Ascevi e ao Sindicavidros-SC. A ação faz parte do projeto “Vidro Solidário”, que une sustentabilidade e responsabilidade social, viabilizado por meio de uma parceria entre as duas entidades catarinenses, a Verallia, a Catarina Vidros, a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e o Banco de Alimentos de Santa Catarina. A primeira caçamba foi instalada na Personal Glass, na cidade de Palhoça (foto acima) – outra delas será colocada na Vipel, em Tubarão.
O objetivo da iniciativa é aumentar a reciclagem de vidro plano no Estado (janelas, espelhos, boxes de banheiro, assim como os vidros utilizados na construção civil de fachadas, guarda-corpos, mirantes, piscinas etc.), além de converter os valores obtidos com a venda dessa sucata em doações direcionadas ao Banco de Alimentos de Santa Catarina para a compra de mantimentos a serem doados às entidades previamente cadastradas.
A Ascevi e o Sindicavidros-SC também organizaram o Vidro Certo Road Show (foto abaixo), uma turnê de palestras ministradas pelo especialista Ricardo Câmara, da Central do Vidraceiro. O projeto passou pelas cidades de Palhoça, no dia 11; em Balneário Camboriú, no dia 12; e em Timbó, no dia 13, somando mais de 180 profissionais inscritos. O Vidro Certo Road Show foi realizado em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) e o portal Vidro Certo, com apoio da empresa ECG Sistemas.
MONITORAMENTO MENSAL DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE VIDROS BRASILEIRA Desempenho – Julho 2024
O indicador de desempenho da indústria de processamento de vidros registrou alta de 1,2% no volume de vendas faturadas de vidros processados no mês, na comparação com junho, sem ajustes sazonais.
Mudanças
A partir da edição de maio, o Termômetro passou a contar com novidades: a variação mensal agora é apresentada livre de efeitos sazonais e com ajuste de dias úteis. Além disso, a base de dados do estudo (base 100) foi ajustada de dezembro de 2021 para abril de 2022, quando o estudo passou a considerar a participação de uma base expandida de respondentes – antes, no período piloto, apenas empresas ligadas à diretoria da Abravidro podiam participar.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada nos primeiros dias úteis deste mês, por meio de formulário online. O estudo pode ser respondido por processadoras de todo o Brasil (83 participaram desta edição).
Agora é a hora de comprar sua passagem aérea para o 16º Simpovidro! O evento será realizado de 31 de outubro a 3 de novembro, no resort Vila Galé Alagoas, em Barra de Santo Antônio – e você tem desconto exclusivo de 10% adquirindo sua passagem aérea por meio do banner inteligente da companhia aérea Gol no site oficial do simpósio. Importante: o banner apresenta como destino apenas o Aeroporto Internacional de Maceió – Zumbi dos Palmares; na hora de escolher o local de partida, irá aparecer apenas a sigla do aeroporto, não o nome completo – a lista com todas as siglas você também encontra no site do Simpovidro.
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Painéis fotovoltaicos já deixaram de ser novidade faz tempo – e até mesmo o conceito de aplicação de vidro capaz de gerar energia também não é algo novo. Anos atrás, os filmes OPV permitiram a laminação de células fotovoltaicas. O problema era que a solução alterava a estética transparente do vidro. Por isso mesmo, a indústria solar seguiu tentando encontrar novas ideias para esse tipo de produto. Hoje, por meio da aplicação de uma fina película com células fotovoltaicas transparentes, cada edifício poderia tornar-se sua própria estação geradora de energia – e sem sacrificar o aproveitamento da luz natural em seu interior.
Enquanto a aplicação de painéis fotovoltaicos nos telhados exige a instalação de sistemas de suporte para mantê-los no lugar, uma janela com células solares pode ser encomendada de fábrica, como qualquer outro elemento de construção, reduzindo custos. Além disso, de acordo com artigo publicado no CleanTechnica, portal da área de tecnologias para energia limpa, essa solução pode aproveitar as próprias estruturas da obra, como paredes externas e coberturas, em vez de exigir a perturbação do terreno para a construção de novas áreas.
Alguns desafios presentes ainda dificultam a adoção comercial em larga escala de janelas de energia solar, como sua adaptação ao aspecto visual buscado na arquitetura. Mas já há empresas pesquisando e encontrando soluções para esses obstáculos, como a startup estadunidense NEXT Energy Technologies: anos atrás, ela conseguiu adaptar um processo de slot-die (técnica de coating) usado no seu revestimento de película fina para janelas. Além de reduzir os custos de fabricação, o método permitiu implantar o filme fino em vidros arquitetônicos.
Resta saber se as janelas de energia solar da NEXT conseguirão firmar-se no mercado, mas a tendência da construção verde tem ganhado cada vez mais impulso. Nesse sentido, o avanço dessa tecnologia pode ajudar a tendência a alcançar um novo patamar.
O mercado vidreiro não é para amadores e o ano de 2024 tem deixado isso bem claro. Enquanto a demanda se mantém abaixo da expectativa, os preços dos vidros processados seguem em queda e agora o foco de preocupação está no volume crescente de importações de laminado e temperado. O laminado importado, que, em 2023, registrou um aumento expressivo em relação a 2022, segue crescendo em volume e já passou das 16 mil t este ano. O temperado ainda registra números baixos, mas, como principal produto da cadeia de processamento, deixa todos em alerta.
O cenário de câmbio desfavorável e frete caro fez cair o volume total de vidros importados no mês de julho ao menor nível do ano, mas já são quase 180 mil t nos sete primeiros meses de 2024. No fim de julho o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços publicou a circular que oficializa a abertura de investigação para um novo direito antidumping para a importação de float, dessa vez das origens Malásia, Paquistão e Turquia, medida solicitada pelas indústrias que atuam no Brasil. A Abravidro, já habilitada como parte interessada no processo, acompanha de perto o processo e está atenta aos movimentos e impactos que um novo direito antidumping pode trazer para toda a cadeia.
E por falar na atuação da Abravidro e sua preocupação com o ambiente de negócios, estivemos em Brasília este mês para uma reunião com o senador Izalci Lucas, em que tratamos dos desafios do nosso setor. A interlocução com o poder público é fundamental na busca por soluções eficientes.
Os desafios também estão em mente na hora de definir os temas e nomes dos palestrantes do 16º Simpovidro! Como sempre, a Abravidro tem feito uma seleção de profissionais que podem contribuir com seu conhecimento para o desenvolvimento de nossas empresas e, consequentemente, do nosso setor. Os nomes serão anunciados em breve! E você, já garantiu sua participação no principal evento de relacionamento e conteúdo da cadeia vidreira? Espero você lá!
Se você lê O Vidroplano, sabe do altíssimo nível tecnológico do setor vidreiro. Existem vidros dos mais diferentes tipos, oferecendo os mais diferentes benefícios – conforto térmico, acústico, segurança, estética etc. Mas não podemos nos esquecer de algo fundamental: só o vidro não faz milagre. Todos os elementos que compõem uma obra envidraçada precisam ter qualidade; do contrário, nosso material não alcançará o desempenho desejado. E dentre esses elementos, o melhor amigo do vidro são as esquadrias – afinal, qualquer fachada, janela ou porta precisa da união perfeita entre ambos.
A matéria especial deste mês traz um panorama sobre o mercado de esquadrias, as diferenças entre as principais matérias-primas desses produtos, quais seus componentes e a importância da normalização para aumentar o desempenho das edificações.
Qual o papel da esquadria?
É fundamental saber otimizar o desempenho do vidro junto à esquadria. Ambos precisam ser pensados em conjunto, para otimizar a performance individual de cada um. “Vou dar um exemplo, envolvendo isolamento acústico. A principal regra para o vidro é a chamada ‘lei das massas’: quanto mais peso, quanto mais espessura da chapa, melhor isolamento. Mas quando você aplica isso na esquadria, muda totalmente”, explica o diretor da Atenua Som, Edison Claro de Moraes. “Uma janela convencional de correr, de 1,6 m x 1,2 m, que é o padrão encontrado em apartamentos, não suporta mais de 15 ou 20 quilos por m². Então, como fica a ‘lei das massas’ nessa hora?”
De acordo com Moraes, para se chegar à solução ideal para determinado projeto, é preciso lembrar que o sistema como um todo sempre deve ser levado em conta. “Para as esquadrias, existe o que eu chamo de ‘lei das frestas’. Qualquer vão deixado entre o vidro e a esquadria, assim como entre a esquadria e o local onde será instalada, pode invalidar todo o isolamento proporcionado.”
Como são formadas
O trabalho com esquadrias, então, se torna essencial para a qualidade da instalação. Por isso, é importante conhecer em detalhes os componentes desses produtos:
Perfis: são as estruturas que formam os caixilhos (a parte fixada na parede) e as folhas (parte móvel) das esquadrias. “Eles conferem rigidez e sustentação, garantindo a estabilidade e durabilidade do produto”, aponta Michael Lochner, gestor de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Weiku do Brasil. Segundo ele, existem perfis com sistemas de multicâmaras internas, o que aumenta significativamente o isolamento termoacústico e a eficiência energética da solução;
Ferragens: incluem dobradiças, trincos, maçanetas, fechos. São os elementos responsáveis pela movimentação, travamento e fechamento das esquadrias;
Vedações: feitas de borracha ou materiais similares, garantem a estanqueidade contra água e vento. “Eu costumo dizer que as escovas são os elementos mais importantes porque elas criam memória. Se você deixar uma porta ou janela fechada por muito tempo, as escovas, se não forem de boa qualidade, não retornam, ficam amassadas. E isso, com o tempo, faz com que o desempenho vá embora”, revela Edison Moraes, da Atenua Som;
Alma de aço: reforços de aço que oferecem maior estabilidade e resistência estrutural. “São cruciais para suportar cargas estruturais e garantir que a esquadria mantenha sua forma e função ao longo do tempo, mesmo sob pressão ou uso intensivo”, esclarece Priscila Proença, coordenadora de Marketing da Bazze PVC. “Essa proteção é especialmente importante em ambientes úmidos ou salinos, onde a corrosão pode ser um problema significativo.”
Como lembra o engenheiro Antonio Duarte Ramos, CEO da Viametal Esquadrias e InfinitePerfis, existem inúmeros outros componentes, dependendo da tipologia da esquadria e do valor agregado a ela: “Entre esses, estão os sistemas multipontos de travamento das portas de correr, acionados com maçanetas com sistemas de segurança acoplados; roldanas para cargas elevadas; sistemas de fechamento dos cantos de perfis com conexões especiais etc.”
Vedações, borrachas, maçanetas: cada componente de uma esquadria tem papel importante para o desempenho da solução (Foto: Олександр Пшевлоцьки/stock.adobe.com)
Matérias-primas: diferenças e benefícios
O alumínio, o PVC e o aço são as matérias-primas que dominam o mercado de esquadrias nacional – a madeira também pode ser usada na fabricação, mas a vemos em uma escala bem menor nos produtos feitos no Brasil. Mais do que colocar os materiais um contra o outro, vale enaltecer as características próprias deles, como aponta Edison Moraes: “Cada um tem as suas vantagens. Se olharmos para a lei das massas, o peso do alumínio é superior; já o fator térmico do PVC é melhor. Porém, os dois tipos de perfis estão sujeitos aos aspectos construtivos. Quem vai fabricá-lo? Quem vai instalá-lo? Isso passa a ser mais importante que o material em si”.
Alumínio
De acordo com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal), Filipe Gattera, esse material é conhecido pela durabilidade e resistência à corrosão, garantindo longa vida útil aos produtos, mesmo em condições climáticas adversas. “Além disso, é um material leve, o que facilita a instalação e manuseio, sem comprometer a resistência estrutural”, comenta. Sua versatilidade é outro ponto relevante: “Ele permite a criação de esquadrias com designs modernos e sofisticados, atendendo às demandas estéticas dos arquitetos e consumidores mais exigentes”. O tratamento da superfície do alumínio pode ser feito por pintura eletrostática a pó ou anodização – com isso, diversas tonalidades de cores podem ser aplicadas. “O alumínio também é altamente reciclável, contribuindo para a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental na construção civil”, revela Gattera.
PVC
Como elucida Michael Lochner, da Weiku do Brasil, o PVC é altamente resistente à corrosão, ao desbotamento e às condições climáticas adversas. Dessa forma, uma de suas principais características é a longa durabilidade, além da pouca necessidade de manutenção. “Isso sem falar nas excelentes propriedades de isolamento térmico e acústico, contribuindo para a eficiência energética dos edifícios e proporcionando maior conforto aos ambientes internos”, afirma. Esse material também é reciclável, sendo uma opção sustentável em uma época na qual a construção busca soluções amigáveis ao meio ambiente. E não se pode deixar de comentar a versatilidade do PVC quando se fala em estética: “Permite uma ampla gama de designs e acabamentos, atendendo às mais variadas necessidades estéticas e funcionais”, indica Lochner.
Aço
De acordo com a fabricante de perfis Sasazaki, o aço é um elemento com grande resistência mecânica se comparado a outros materiais nas mesmas condições, oferecendo rigidez e robustez aos produtos – além disso, conta com proteção anticorrosão. No quesito acabamento, pode ter pintura personalizada, para maior versatilidade estética, combinando com diferentes tipos de ambientes.
Foto: Favaro JR/Viametal-Infinite
Quais as tipologias mais consumidas?
A resposta a essa pergunta muda conforme a evolução da arquitetura e da própria indústria de esquadrias. “Durante muitos anos, o mercado deu preferência para as esquadrias de correr de dois ou três planos, especialmente para dormitórios. Hoje, já se observa o crescimento das integradas, em edifícios residenciais de médio e alto padrão, pois oferecem iluminação quase total ao ambiente, o que não ocorre com as de três planos com veneziana, por exemplo”, analisa Filipe Gattera, da Afeal.
Atualmente, as preferidas pelos especificadores são:
Janelas de correr: indicadas para espaços reduzidos, pois não ocupam área interna ou externa ao serem abertas;
Portas de correr: usadas em áreas de passagem e integração de ambientes, proporcionando um visual clean. Cresce a tendência de utilizar folhas sequenciais, com até seis trilhos ou mais, para abrir os espaços completamente;
Janelas e portas oscilobatentes: permitem abertura lateral (de giro) e superior (basculante), combinando ventilação e segurança;
Janelas maxim-ar: indicadas para ventilação contínua e controle de fluxo de ar são utilizadas geralmente em banheiros e áreas de serviço;
Portas pivotantes: escolha popular para entradas principais.
Importante considerar que as tipologias de esquadrias devem ser escolhidas não apenas por suas funcionalidades, mas também pelo impacto estético proporcionado ao ambiente.
Foto: Victor Peiker/Weiku
Valor agregado
Assim como o setor vidreiro, o mercado das esquadrias tem como objetivo popularizar produtos de maior valor agregado. Segundo as empresas consultadas para esta reportagem, há uma demanda crescente por itens premium. “De maneira geral, vemos que há uma maior conscientização sobre a importância da qualidade e durabilidade dos materiais, especialmente em projetos de alto padrão e em construções sustentáveis”, revela Filipe Gattera, da Afeal. “Sem dúvida essas são medidas necessárias para a evolução do nosso mercado, mas ainda temos um longo caminho para a evolução com qualidade”, reflete Antonio Ramos, da Viametal Esquadrias e InfinitePerfis.
É possível apontar alguns tópicos relevantes nos quais as esquadrias de valor agregado precisam se encaixar, conforme aponta Priscila Proença, da Bazze PVC:
Práticas sustentáveis e éticas de fabricação: isso ressoa com consumidores que estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e sociais;
Personalização: fazer com que os consumidores possam adaptar o produto às suas preferências e necessidades individuais, aumentando a percepção de valor;
Uso de materiais de alta qualidade: aliado a processos de produção avançados, resulta em maior desempenho e satisfação do cliente.
Fazer com que esses consumidores, incluindo especificadores, conheçam todos esses benefícios é um dos grandes desafios para a cadeia vidreira e de esquadrias – e uma iniciativa que pode ajudar nesse sentido é o Educavidro. A plataforma de ensino a distância, criada por Abravidro e Abividro ano passado, conta com conteúdo técnico preparado pelos maiores especialistas no trabalho com nosso material. Levar conhecimento de qualidade a todos os públicos é uma ótima aposta para o aumento no uso de produtos de valor agregado.
A importância das normas
E foi justamente a normalização das esquadrias que permitiu a especificadores e consumidores conhecer mais de perto a eficiência desses produtos, por meio da ABNT NBR 10.821 – Esquadrias externas para edificações. “As Partes 2 e 4 dessa norma trazem modelos de etiquetas para demonstrar ao consumidor a classificação e o desempenho da esquadria que ele está adquirindo. Afinal, esquadria é um produto técnico e que precisa ser bem especificado, projetado e fabricado”, comenta Fabiola Rago, diretora do Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação (Ibelq). “A identificação força o consumidor final ou o projetista da edificação a escolher o produto adequado para cada projeto: as condições de desempenho necessárias são bem diferentes para uma janela numa casa térrea, uma porta para uma varanda ou uma janela para edifícios de trinta pavimentos, por exemplo.”
Para que a esquadria tenha um bom desempenho na edificação, alguns requisitos precisam ser seguidos, incluindo:
Ser projetada de acordo com a altura da edificação, região do País, tipo de cômodo e desempenho acústico e térmico apropriados;
O protótipo do produto deve ser ensaiado para avaliação de seu desempenho, de acordo com a Parte 3 da ABNT NBR 10.821;
A esquadria deve ser recebida em conjunto com seu projeto para conferência de que está em conformidade com o projeto ensaiado e aprovado.
Outro exemplo de documento técnico fundamental para o assunto é a ABNT NBR 15.575 — Edificações habitacionais – Desempenho, publicada em 2013. “Essa norma, considerando principalmente a Parte 4, sobre os requisitos para sistemas de vedação, contribuiu muito para a evolução do mercado de esquadrias”, explica Fabiola Rago. “Ela juntou em um só documento mais de trezentas normas aplicáveis na construção civil, que infelizmente não eram conhecidas por boa parte dos engenheiros e arquitetos. Hoje, os fabricantes de esquadrias recebem solicitações dos construtores solicitando o atendimento a essa norma.”
Filipe Gattera, da Afeal, concorda com o impacto positivo causado pelo documento: “A ABNT NBR 15.575 estabeleceu requisitos claros de desempenho térmico, acústico, resistência e durabilidade, incentivando os fabricantes a inovarem e aprimorarem seus produtos para atender a essas exigências”. Para Edison Claro, da Atenua Som, a norma é um pouco branda nas exigências quando comparada à regulação de outros países. “É uma norma relativamente nova, com apenas uma década, sendo que outras iguais pelo mundo existem há trinta anos. Ainda estamos aprendendo com ela. Mas, sim, considero um divisor de águas, com uma importância vital”, analisa.
Não se pode deixar de citar também a ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil — Projeto, execução e aplicações, responsável por indicar o vidro correto para cada tipo de instalação, ajudando a proporcionar segurança às edificações.
Vendo toda a variedade desse produto e a complexidade de seu mercado, é ótimo perceber que o vidro está muito bem acompanhado.
Há um ano, a Abravidro e a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) juntavam forças para aumentar o acesso a conteúdo técnico de qualidade sobre nosso setor. O resultado foi uma das mais completas iniciativas de qualificação para o trabalho com vidro: o Educavidro, uma plataforma gratuita de ensino a distância e com emissão de certificado. Desenvolvida para profissionais vidreiros e de todo o ecossistema da construção, a ação já formou mais de mil alunos por todo o Brasil – e segue com novidades para continuar desenvolvendo o segmento.
Números do Educavidro
Mais de 1.200 certificados emitidos
Quase 2 mil alunos inscritos
Profissionais de 25 Estados mais o Distrito Federal
Estados com mais inscrições: 1º: São Paulo 2º: Paraná 3º: Minas Gerais
Estados com mais certificados: 1º: São Paulo 2º: Paraná 3º: Rio Grande do Sul
Cursos com mais inscrições: 1º: Aplicações do vidro 2º: Tipos de vidro mais utilizados 3º: Vendendo vidro
Cursos com maior taxa de conclusão: 1º: Vidros de uso específico 2º:Prática Recomendada – PR 1010 3º: Certificação de edifício – Impacto do vidro
Longa jornada
Lançado em agosto de 2023, o Educavidro começou a ser pensado por ambas as entidades no início de 2021. “Era um consenso entre os atores do setor vidreiro que uma grande fragilidade do mercado sempre foi a qualificação. O Educavidro veio para suprir essa demanda e somar-se às outras diversas ações do tipo existentes pelo segmento”, comenta o presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro.
Os bastidores da criação da plataforma e a análise de seu 1º ano foram temas de um episódio do VidroCast, o podcast da Abravidro. Iara Bentes, editora de O Vidroplano, mediou um bate-papo entre Silvio Carvalho, gerente técnico da associação, e Maurício Fernandes, consultor da Abividro. “A maior parte dos nossos alunos está dentro da cadeia vidreira, incluindo profissionais de processadoras”, revela Carvalho. Para Fernandes, um desafio é ampliar o escopo do público: “Como chegar ao arquiteto, engenheiro, incorporador e à construtora? É preciso abrir esse leque. Temos de continuar desenvolvendo o programa, lançando mais cursos e adequando o que está lá de acordo com o feedback recebido”.
Segunda temporada
Ao completar um ano, o Educavidro entra em uma espécie de “segunda temporada”. Além dos treze cursos originais, que continuam disponíveis, a plataforma ganhou seis novos treinamentos:
Norma técnica ABNT NBR 14697 – Vidro laminado Instrutora: Vera Andrade (coordenadora técnica da Abravidro)
Economia de energia em edifícios e reformas Instrutor: Fernando Westphal (consultor e professor da UFSC)
Leitura de projetos arquitetônicos Instrutora: Flávia Baldini (arquiteta)
Benefícios do vidro Instrutor: Maurício Fernandes (consultor da Abividro)
Introdução às esquadrias Instrutor: Carlos Godoi (consultor da Afeal)
Vendendo vidro: introdução ao marketing para sua vidraçaria Instrutor: Thiago Malvezzi (gerente de Marketing e Mercado da AGC)
Aplicativo
E, se já era fácil acessar o Educavidro pelo computador, o processo ficou ainda mais simples com o aplicativo para celulares e tablets. Agora você pode consultar o conteúdo de forma ágil, e em qualquer local, em seu dispositivo móvel – basta seguir os passos abaixo:
Baixe em seu celular ou tablet o aplicativo do Moodle na Google Store ou App Store
Abra o aplicativo e digite “www.educavidro.com.br” no campo de pesquisa
Depois, é só inserir seu login da plataforma e pronto!
Conteúdo organizado e aprovado
Além dos cursos, outra forma de navegar pela plataforma são as trilhas. Elas são indicadas para perfis profissionais cujo interesse está em informações necessárias para atividades do dia a dia. São sete no total:
Mercado vidreiro (profissional que está começando a atuar nesse setor ou que quer se atualizar);
Vidraceiros (dividida em níveis introdutório e avançado);
Arquitetos, engenheiros civis e designers ou estudantes dessas áreas (dividida em níveis introdutório e avançado);
Bombeiros;
Síndicos.
“No passado, a gente tinha um problema sério na qualidade dos cursos oferecidos fora dos grandes centros, onde as entidades não conseguiam atuar. Às vezes um tema era abordado de forma errada ou de uma maneira não tão atraente. E, agora, o Educavidro está moldando esses outros treinamentos”, indica Fernandes. “A gente percebe que outros multiplicadores utilizam o material do Educavidro, que já está padronizado e é imparcial. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de São Paulo, aplica nosso conteúdo dentro do curso de vidraceiro da escola”, comenta Carvalho.
Conhecimento que faz a diferença no dia a dia
Várias processadoras passaram a treinar funcionários a partir do Educavidro. Algumas delas divulgam a plataforma para colaboradores, deixando-os livres para consultar esse material quando necessário, enquanto outras incorporam o conteúdo nas ações oficiais de qualificação da empresa. A Vidrolar, de Curitiba, é um exemplo disso. “Para nós, o Educavidro é um meio de alcançar conhecimento técnico atualizado para os trabalhadores de todos os níveis, desde o operacional até a gestão”, comenta Celi Peixer, responsável pelo setor de Recursos Humanos da empresa. “Cada gestor dentro da sua área indicou cursos específicos para desenvolver suas equipes, e também incluímos o conteúdo no nosso treinamento de integração para novos colaboradores, de acordo com o setor em que irão atuar.”
A possibilidade de o usuário aprender no seu próprio ritmo é uma das principais qualidades da ferramenta. “Além de ser uma plataforma gratuita, pode ser acessada de qualquer lugar, a qualquer hora, inclusive do celular, facilitando para o colaborador que não tem um computador em casa. A gestão do conhecimento é algo de extrema importância para todos os segmentos e o Educavidro trouxe essa facilidade para a Vidrolar, no sentido de centralizar o conhecimento em um único lugar”, destaca Celi.
Com atuação iniciada no fim do ano passado, a Visatta (joint-venture entre as processadoras Cristal Sete e Pestana Vidros) apostou na plataforma para a introdução de seus funcionários ao mundo vidreiro. “Essa plataforma educacional permite que nossos funcionários recebam diversas informações que os capacitem ao entendimento mais detalhado de como são os produtos do segmento de vidros”, explica Rodolfo Rocha, gerente de Operações/Logística. “Todos os funcionários operacionais e administrativos têm a meta de realizar todos os módulos. Dedicamos ainda um tempo da integração para absorver todo conteúdo disponível – e cobramos que todos passem nas provas.”
No dia 29 de julho, o Diário Oficial da União publicou a Circular nº 36, informando que o Departamento de Defesa Comercial (Decom), órgão da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), aprovou o início de investigação para averiguar a existência de dumping nas importações de float incolores (NCM 7005.29.00), com espessuras de 1,8 mm a 20 mm, oriundas de Malásia, Paquistão e Turquia. O processo vai conferir também a existência de possível dano à indústria nacional decorrente dessa prática.
Processo
A análise dos elementos de prova de dumping vai considerar o período de janeiro a dezembro de 2023 – já o período de análise de dano à indústria analisa o período de janeiro de 2019 a dezembro de 2023. O processo atende uma petição da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), protocolada em março deste ano. “É importante entender a tecnicidade de um processo como esse. Não é uma coisa qualquer. Segue regras internacionais e existe em vários outros países”, comenta o presidente-executivo da Abividro, Lucien Belmonte. “A competição justa é válida para todo mundo. Porém, no momento em que essa competição é destrutiva e se utiliza de subterfúgios, obviamente nós temos de reagir. Se não nos protegermos, podemos acabar deixando destruírem nosso mercado.”
Belmonte participou de um episódio do VidroCast, o podcast da Abravidro, para debater a importância do antidumping para o setor vidreiro nacional. O advogado e consultor jurídico da Abravidro, Rabih Nasser, também participou da conversa, conduzida pela editora de O Vidroplano, Iara Bentes. “É importante fazer a distinção entre as medidas relacionadas ao comércio exterior. Existem as de proteção, que incluem a elevação do imposto de importação, garantindo que determinada indústria se desenvolva melhor por conta da produção local de um produto”, explica Nasser. “Já as de defesa comercial visam a lidar com práticas desleais, como o dumping.”
Afinal, o que é dumping?
Sempre que o governo brasileiro recebe uma petição para a aplicação de medidas antidumping e a acata, inicia-se uma investigação na qual todas as partes interessadas (produtores/exportadores estrangeiros e importadores brasileiros do produto investigado, bem como os representantes dos governos dos países citados) têm ampla oportunidade de participação. Como revela Rabih Nasser, a investigação (que pode durar de 10 a 18 meses) tem por objetivo verificar a existência de três pontos:
Prática de dumping por parte das empresas exportadoras: “Muita gente acredita que o dumping significa vender abaixo do preço de custo, mas não é isso: é vender abaixo do preço que a empresa vende no seu mercado de origem. E muitas vezes isso é feito com o objetivo de ganhar mercado em outro país, tirando participação daquela indústria doméstica”;
Dano causado à indústria nacional: “É preciso comprovar que as indústrias atingidas estão sofrendo dano conferindo os indicadores de performance durante um período. São quatorze indicadores analisados – e olhando para o conjunto deles, deve se identificar uma deterioração da situação da indústria doméstica”;
Nexo de causalidade: “É a ligação entre os outros dois fatores: é preciso demonstrar que o dano foi causado pelas importações a preço de dumping e não por outros fatores, como concorrência interna ou importações de outras origens”.
Caso a investigação comprove a prática de dumping, dano e nexo causal, o governo pode aplicar medidas antidumping. Essa decisão é aplicada pelo prazo de cinco anos, havendo a possibilidade de pedido de revisão visando à prorrogação da medida.
De olho no assunto
Importante ressaltar que já existe um direito antidumping para float em vigor: a medida, inicialmente implementada em 2014, foi renovada em 2021 por um prazo de cinco anos e é aplicada às importações brasileiras de floats incolores, com espessuras de 2 a 19 mm (NCM 7005.29.00) originárias da China, Egito e Emirados Árabes Unidos. Vidros do México originalmente estavam inclusos na medida, mas houve a imediata suspensão de sua aplicação, em razão da existência de dúvidas quanto à provável evolução futura das importações originárias do país.
A Abravidro acompanha a nova investigação com atenção, sendo habilitada como parte interessada do caso. Por isso, não deixe de acompanhar os desdobramentos ao longo dos meses por meio de nossos canais, até a decisão final do governo brasileiro sobre o assunto.
Molas são dispositivos que agregam valor e praticidade às portas pivotantes de vidro: elas permitem controlar a velocidade de abertura e garantem seu fechamento de forma automática e suave. Hoje, o mercado conta com diversos fabricantes desse produto, e a aplicação dele já é um serviço comum para muitas vidraçarias.
O trabalho com molas é simples – mas, assim como todas as atividades realizadas pelos vidraceiros, exige atenção e cuidados tanto na escolha como na instalação para assegurar o bom funcionamento do sistema. Conheça mais sobre esses dispositivos e confira dicas para o uso deles nas páginas a seguir.
Como funcionam?
As molas para portas de vidro possuem válvulas de regulagem, as quais são usadas para controlar a velocidade de abertura e a suavidade de fechamento. “Ao acionarmos uma porta equipada com esse dispositivo, um êmbolo envolvido por uma mola é comprimido; a força da mola comprimida tentando retornar à posição inicial é que impele a porta a retornar à posição fechada”, explica Thiago Lodi Bonatto, supervisor de Desenvolvimento de Produto da Soprano.
Para permitir o controle do movimento, a câmara em que a mola está contida é preenchida com óleo hidráulico. “Para retornar, a mola precisa também forçar a passagem do óleo de um lado para o outro da câmara através de um orifício, cuja abertura é ajustada pela válvula de regulagem da velocidade – quanto maior a velocidade desejada para a mola, maior é a abertura da passagem do óleo”, aponta Bonatto.
Limites da mola
Segundo Willmerson Júnior, gerente de Marketing da WR Glass, o vidraceiro deve sempre estar atento ao peso, altura e largura da porta pivotante na hora de escolher a mola a ser instalada. “Cada mola tem medidas máximas de trabalho; caso as medidas sejam ultrapassadas, a mola ficará em estresse e poderá quebrar facilmente”, alerta.
Para garantir a escolha certa, é recomendável consultar a fabricante. A WR Glass, por exemplo, tem três modelos diferentes de molas de piso no portfólio, cada um desenvolvido para atender um tamanho e peso específicos de porta.
Principais modelos
Os dois tipos mais comuns de molas para porta são as de piso e as aéreas. Ambas desempenham a mesma função, mas têm suas particularidades:
Foto: Divulgação WR Glass
Molas de piso
Como o nome diz, são instaladas no piso – quase sempre, é necessário recortá-lo para embuti-las;
São acopladas a ferragens da porta, exigindo o recorte do vidro;
São mais duráveis e resistentes, ideais para portas mais largas e pesadas;
Permitem a abertura da porta em ambas as direções;
Não interferem na estética.
Foto: Divulgação Soprano
Molas aéreas
São instaladas na parte superior da porta;
Não precisam de recorte ou furação no vidro;
Podem ser aplicadas em portas já instaladas;
Precisam de suporte metálico para sua fixação sobre o vidro;
Permitem a abertura somente para um dos lados.
“Diria que o uso de molas de piso é mais comum do que o das aéreas no caso das portas de vidro, embora ambas funcionem nelas”, observa Miguel Kahn, gerente de Marketing Latam da dormakaba.
Embora não seja tão comum no mercado, é possível encontrar ainda mais um tipo de molas, o de dobradiça, indicado para estruturas mais leves, como boxes de banheiro. Vale destacar ainda que não há diferença entre os corpos das molas usadas em portas de vidro e aquelas aplicadas a portas de outros materiais, como madeira e aço – segundo Thiago Bonatto, da Soprano, a diferença no caso do nosso material está na ferragem utilizada na porta para fixá-la ao eixo da mola.
Como instalar
As fontes ouvidas por O Vidroplano ensinaram o passo a passo para a instalação dos dois tipos mais comuns de molas:
Molas de piso
O primeiro passo é o recorte no piso para encaixar a caixa da mola – Willmerson Júnior, da WR Glass, alerta que o vidraceiro deve sempre estar atento à mola que será usada, pois cada uma tem um tamanho de caixa diferente;
Após acomodar a caixa da mola dentro do recorte no piso, o mecanismo dela deve ser colocado e ajustado para que o sistema fique o mais alinhado possível dentro da caixa, mantendo assim o funcionamento dela em excelência;
O passo seguinte é o encaixe da porta sobre o sistema e a regulagem de sua velocidade de abertura e fechamento;
Por fim, coloca-se a capa da mola de piso.
Miguel Kahn, da dormakaba, recomenda também o uso de selante para a vedação da capa ou tampa da mola: “Essa aplicação aumenta a vida útil do produto, pois o selante protege a mola contra o contato com a água ou produtos de limpeza”.
Molas aéreas
Primeiro, deve-se separar o braço articulado do corpo da mola e encaixar o suporte de fixação na folha de vidro;
Em seguida, segundo Bonatto, da Soprano, basta fixar o corpo e o braço articulado – montando esse último novamente – e ajustar a velocidade por meio das válvulas.
Imagem: Reprodução/divulgação dormakaba
Evitando problemas na instalação
Segundo Miguel Kahn, o erro mais comum no trabalho com molas de piso é o alinhamento da mola dentro da caixa. “A caixa também precisa estar numa superfície plana – portanto, o recorte no piso precisa ser bem-feito, eliminando qualquer imperfeição e respeitando a altura da caixa da mola”, alerta.
Outro ponto importante para o perfeito funcionamento de uma mola de piso são as ferragens. “Se elas não estiverem perfeitamente encaixadas ao eixo, a porta fará um barulho ao abrir, causado pela falha no encaixe, e o som reverberará pelo vidro. A mola de piso não estala; o que estala é o conjunto do eixo mais a ferragem”, detalha Kahn. Por esse motivo, tanto a ferragem como o eixo precisam ser de boa qualidade.
Já no caso das molas aéreas, Bonatto, da Soprano, orienta que o vidraceiro deve estar atento para que a fixação do braço e do corpo dela aos suportes na porta fique dentro do recomendado pelo gabarito de instalação. “Caso contrário, não será possível ajustar a velocidade do sistema com precisão e isso também pode levar ao desgaste prematuro do produto”, aponta.
Tirando outras dúvidas sobre molas
Molas para portas de vidro precisam passar por manutenção periódica? Sim. “Além dos cuidados com a limpeza periódica para evitar o acúmulo de poeira, a mola deve ser testada e regulada periodicamente, conforme indicado no manual de cada produto, a fim de garantir o seu bom funcionamento”, orienta Thiago Bonatto, da Soprano.
Uma mola recondicionada (isto é, já usada anteriormente) tem o mesmo desempenho de um produto novo? Não. “Elas não têm as mesmas propriedades; todos os diferenciais e o controle de regulagem são alterados, comprometendo a segurança dos usuários. Mal comparando, é como se um carro usado tivesse sua quilometragem adulterada e fosse vendido como novo”, avalia Miguel Kahn, da dormakaba. Por isso, ele recomenda que o consumidor fique atento a preços muito abaixo do praticado no mercado e, sempre que possível, exija um documento que comprove que a mola é original para não ser enganado.
Existe alguma norma no Brasil referente a molas para portas de vidro? Ainda não. Porém, o Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248) começou, em maio deste ano, o desenvolvimento do texto-base de um projeto de norma para esses dispositivos (leia mais clicando aqui).
Soluções no mercado
Produtos: BTS 75 V e BTS 75 R Fabricante: dormakaba Tipo: de piso
Diferenciais:
Têm um óleo especial que garante a performance da mola em diferentes climas, seja no frio ou calor extremo;
Têm válvulas de regulagem com nylon especial, as quais mantêm a vazão do óleo constante, permitindo que elas não percam regulagem;
Possuem a função backcheck – um amortecimento que passa a agir na porta a partir de 70 graus de abertura, funcionando como uma medida de segurança, principalmente para crianças que podem abrir a porta com força e fazer o vidro se chocar contra uma parede;
Contam também com a função delayed action, que permite que o ciclo de fechamento seja realizado com retardo e suavidade dentro da faixa ajustável de 180 a 70 graus, facilitando o trabalho de passagem de mercadorias ou até mesmo de uma maca em caso de hospitais.
Produtos: A302 e A530 Fabricante: Soprano Tipo: aéreas
Diferenciais:
Indicadas para portas de, aproximadamente, 0,9 x 2,1 m e peso de 45 kg;
Regulagem de fechamento de 90 a 15 graus e de 15 a 0 graus por válvulas independentes;
Braço reforçado e ajustável conforme a necessidade de instalação;
Utilização reversível, podendo ser instaladas em portas com abertura direita ou esquerda;
Funcionamento mecânico-hidráulico.
Produto: WR 8200 Fabricante: WR Glass Tipo: de piso
Diferenciais:
Para portas de 1,1 x 2,1 m;
Suporta peso de até 110 kg;
Tem dois controles de velocidade para o fechamento, o primeiro, até os 15 graus, e, o segundo, para fechamento mais suave, para evitar batidas pesadas e grandes danos nos vidros.