A VPM anunciou o fim da sua parceria com a Blindex. A razão para o término do acordo foi devido a uma mudança de estratégia da processadora goiana, buscando ampliar a área de atuação para maior ganho de competitividade. Com a decisão, a VPM atenderá clientes por todo o território nacional e os produtos de vidro temperado da empresa passam a levar um selo próprio.
Monthly Archives: June 2023
Cinex inaugura Casa Cinex e Casa Cin Concept
A Cinex inaugurou dois projetos para demonstrar as soluções com vidro oferecidas pela empresa gaúcha. Trata-se da Casa Cinex e da Casa Cin Concept, construídas em meio ao verde do Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS). O lançamento dos projetos – assinados pela arquiteta Monica Rizzi e inspirados na arquitetura vernacular, um estilo que privilegia o uso de materiais e técnicas construtivas que valorizam a preservação do ambiente – coincide com os 25 anos da empresa, cujas raízes estão no Brasil e na Itália. Com investimentos na ordem de R$ 10 milhões, as casas contam com diversas áreas envidraçadas, incluindo até mesmo objetos como bicicleta ergométrica e mesa de pingue-pongue, ambas de vidro translúcido.
Crédito da foto de abertura: Divulgação Cinex
Sergipe tem alteração em ICMS
Na edição de abril da revista O Vidroplano, anunciamos que a alíquota interna geral do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Sergipe foi reduzida de 22% para 19%. Porém, houve um novo decreto, o 289/2023, que institui cobrança adicional de 1%, relativo ao Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Funpobreza). Apesar de a legislação estabelecer o início dessa mudança em 1º de maio deste ano, a cobrança será realizada somente a partir de 1º de janeiro de 2024.
Crédito da foto de abertura: M+Isolation+Photo/stock.adobe.com
Boas-vindas
Antes de comentar o conteúdo desta edição, uma mensagem para o novo presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro: será um prazer dividir as páginas iniciais de O Vidroplano com você pelos próximos três anos! No começo deste mês, fiz uma entrevista com Ribeiro para saber seus planos para a gestão da entidade – leia o bate-papo clicando aqui.
Além de um novo rosto assinando o editorial, temos diversas notícias quentes na revista de junho. Conversamos com empresas vidreiras para entender como foram os negócios neste primeiro semestre que se encerra – e quais as expectativas para o restante do ano. 2023 está cheio de instabilidade, por isso é importante analisar a quantas anda o mercado.
A matéria de capa traz um tema sempre inovador: o uso de vidros em móveis. Confira as tendências modernas em mobiliários envidraçados e descubra como as fabricantes desses produtos escolhem o vidro certo para suas soluções.
Tem ainda uma reportagem explicando o processo de laminação com espelhos, as incríveis obras vencedoras do prêmio Top Projects Guardian, os detalhes das mudanças no ensaio de classificação de segurança dos laminados, segundo a versão atualizada da ABNT NBR 14697, e muito mais.
Boa leitura!
Iara Bentes
Editora de O Vidroplano
Na mesma direção
Neste mês dou início à minha gestão à frente da Abravidro. É, sem dúvidas, um grande desafio que espero cumprir com excelência. O mercado vidreiro vive um momento difícil e 2023 tem sido um ano de resultados aquém do esperado.
E mesmo sob nova liderança, o legado das gestões anteriores e os objetivos do trabalho permanecem: a busca por uma representatividade cada vez maior, defesa dos interesses da cadeia de processamento, desenvolvimento do mercado e, claro, a evolução e o amadurecimento constantes de nossa entidade.
Ocuparei este espaço mensalmente pelos próximos três anos e espero utilizá-lo como uma plataforma de diálogo da Abravidro com o mercado. Para começar essa conversa, reproduzo aqui um compromisso assumido em meu discurso na cerimônia de posse da nova diretoria: para alcançar meus objetivos como presidente da Abravidro, prometo atuar com equilíbrio, ponderando todos os argumentos e agentes envolvidos em qualquer decisão, buscando sempre o desenvolvimento do mercado; respeito à entidade, aos associados, às demais entidades do setor e a todos os elos da cadeia vidreira; e comprometimento com essa responsabilidade assumida até o final do meu mandato.
Sou um entusiasta do movimento associativo e acredito que, em cenários como este que estamos vivendo, a atuação das entidades é ainda mais importante. Por isso, outro assunto do discurso de posse que quero trazer para cá é a mensagem de incentivo e de provocação aos sucessores que já estão em posição de gestão nos negócios familiares: participem do associativismo! Comecem a frequentar as reuniões das entidades da sua região e a se interessar pelo assunto. Colaborem com as discussões, não adianta ficar de fora só reclamando! É no âmbito associativo que devemos expor nossas opiniões e debater os assuntos para buscar soluções.
São vários os temas sob o guarda-chuva de atuação da Abravidro. Alguns deles requerem especial atenção e serão tratados por meio de grupos de trabalho compostos por diretores da entidade com mais familiaridade com esses assuntos. Nossa entidade vai continuar trabalhando de forma incansável e em diversas frentes pelo setor vidreiro nacional!
Rafael Ribeiro
Presidente da Abravidro
presidencia@abravidro.org.br
Crédito da foto de abertura: Marcos Santos
Conheça a 2ª etapa de ensaio de classificação de segurança para laminados
Conforme prometido na edição de abril de O Vidroplano, este mês a seção “Por dentro das normas” dá sequência à explicação sobre as atualizações no texto revisado da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, publicado no final de fevereiro pela ABNT.
Desta vez, abordaremos com detalhes as metodologias aplicadas na 2ª etapa de classificação de segurança do vidro laminado — uma novidade na nova versão da norma. Esse ensaio também utiliza dispositivos de impacto para avaliar as características de quebra dos vidros, buscando conferir se são seguros e capazes de reduzir lesões causadas por acidentes.
Diferença entre as etapas
A 1ª etapa dessa avaliação (Método A), explicada com detalhes nesta seção na edição de abril, refere-se ao ensaio de impacto de pêndulo — método empregado para comprovar que o vidro laminado atende a classificação de segurança necessária ao projeto.
A 2ª etapa (Método B) é um ensaio complementar, chamado de impacto por queda de esfera, utilizado quando nenhuma das lâminas da composição do laminado sofreu dano (quebra, trinca ou fissura) durante o ensaio de impacto por pêndulo, feito na 1ª etapa.
Requisitos
Ao serem ensaiados conforme a metodologia descrita na norma para a classe de segurança desejada, os corpos de prova devem atender a uma das seguintes condições após o impacto da esfera:
A) Não pode quebrar;
B) O vidro quebrou, mas não há ruptura da camada intermediária;
C) O vidro quebrou e ocorre ruptura da camada intermediária, mas a esfera (com 2,3 kg de massa e 83 mm de diâmetro) não passa livremente pela camada intermediária em até 10 segundos;
D) Caso ocorra o desprendimento de partículas do corpo de prova após 3 minutos, o volume total não pode ser superior à massa equivalente de uma área de 10.000 mm² — e o maior fragmento deve ter massa inferior ao equivalente de uma área de 4.400 mm² do corpo de prova.
Atenção: para determinar o peso total dos fragmentos desprendidos, deve-se pesar o corpo de prova antes e depois do ensaio e avaliar se a diferença de massa atende os requisitos citados acima.
Sobre os corpos de prova
Devem ser selecionados três corpos de prova quadrados, com dimensões de 300 mm. Eles devem ser representativos de uma produção normal do laminado submetido ao ensaio e da mesma produção dos corpos de prova do ensaio da 1ª etapa, além de identificados com as seguintes informações:
- Fabricante;
- Data de fabricação;
- Lote do vidro e da camada intermediária;
- Composição (tipo de vidro, tipo de camada intermediária e espessura nominal de cada componente).
Quantidade
O número de corpos de prova necessário para a realização dos ensaios deve ser definido de acordo com o especificado a seguir:
A) O ensaio deve ser conduzido para cada diferencial de altura em três estruturas idênticas e mesma espessura nominal:
- Para a classe A de segurança: diferencial de altura de 3.660 a 3.673 mm;
- Para a classe B de segurança: diferencial de altura de 750 a 763 mm.
B) Se os materiais forem laminados assimétricos, o número deve ser dobrado, a não ser que a aplicação prevista para o laminado seja em situação de risco de impacto em apenas um de seus lados. Nesse caso, o solicitante precisa indicar a face de impacto.
Preparação do ensaio
A preparação dos corpos de prova deve seguir alguns critérios:
A) Todo material destinado à proteção, identificação ou embalagem do laminado deve ser removido;
B) As peças devem ser acondicionadas à temperatura de 19 °C a 29 °C, durante um período mínimo de quatro horas.
Equipamento
O dispositivo principal (utilizado para acomodar o corpo de prova) é composto pelas seguintes partes:
- Esfera de aço maciço liso com 83 mm de diâmetro e massa de 2,3 kg;
- Mecanismo que, após liberação, permita que a esfera atinja o corpo de prova dentro de um raio de 25 mm do seu centro;
- Sistema de apoio da amostra (para a queda da esfera) construído em aço, capaz de suportar o corpo de prova pelas bordas, formando um quadro vazado.
Procedimento
Para garantir a legitimidade de todo o processo, o ensaio precisa ser realizado seguindo esta ordem:
A) Identificar o corpo de prova;
B) Registrar a composição do laminado, temperatura ambiente, data, altura da queda e superfície a ser impactada;
C) Pesar e registrar o peso do corpo de prova antes do impacto;
D) Colocar a amostra na estrutura de suporte com a face a ser impactada voltada para cima;
E) Elevar a esfera de aço até a altura selecionada, de acordo com o especificado para a classe de segurança (A ou B), e assegurar que, após a liberação, ocorra a queda de forma livre até o impacto com o centro da amostra. Detalhe: a medição da altura deve ser feita do fundo da esfera até a superfície do vidro;
F) Verificar as características de resistência do corpo de prova, em um intervalo de 10 segundos após o impacto;
G) Pesar e registrar o peso do corpo de prova após o impacto;
H) Registrar o resultado obtido pela amostra;
I) Repetir o ensaio nas duas amostras adicionais com a mesma configuração de impacto e lote de produção.
Avaliação dos resultados
Após ser submetido aos processos, o laminado é considerado aprovado na classificação de segurança se todos os corpos de prova ensaiados atenderem os requisitos do ensaio. É importante destacar que o parecer do ensaio determina exclusivamente a classificação da peça como vidro de segurança, não interferindo com os resultados e a avaliação de durabilidade do vidro.

Relatório de ensaio
Além das informações referentes ao corpo de prova, no relatório devem constar os resultados obtidos nos ensaios da 1ª etapa e, quando executados, os da 2ª etapa, declarando a classificação de segurança final dos corpos de prova. Exemplo: “O corpo de prova passou nos ensaios de impacto com pêndulo (Método A) na Classe 1 e passou no ensaio de queda de esfera (Método B) na Classe A”.
Saiba mais
Para outras informações relacionadas a esse ensaio, como especificação do equipamento para a realização do impacto de esfera, preparação dos corpos de prova e o procedimento, consulte a ABNT NBR 14697:2023. Importante: as empresas associadas à Abravidro têm acesso online a todas as normas técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Plano (ABNT/CB-37), além de outros documentos relacionados ao nosso material. Associe-se já!
Crédito da foto de abertura: Benjamin Salazar/stock.adobe.com
Todo relógio é feito de vidro?
Entre as invenções mais importantes da humanidade, o relógio talvez seja uma das menos lembradas: nossa relação com o objeto se tornou tão familiar ao longo dos tempos (está presente em computadores, celulares, televisores, fogões…) que mal nos lembramos de sua importância para nossa rotina. E o vidro tem total relação com o produto, afinal, sem visor, não dá pra saber as horas.
Relógios de parede antigos eram comumente feitos com o material – os atuais também, embora alguns modelos ganhem acrílico. Os de pulso são mais diversos, sendo fabricados com três matérias-primas diferentes:
- Plexiglass: um tipo de acrílico resistente a impacto, barato, porém muito suscetível a riscos, o que pode dificultar enxergar o visor;
- Cristal mineral: é o usado na maioria dos relógios fabricados no mundo. Consiste em uma espécie de vidro feito de sílica e que passa por um tratamento térmico. Bastante durável, reflete menos a luz que os materiais concorrentes;
- Cristal de safira: sintético, é produzido em laboratório – por isso mesmo é bem caro. Usado em marcas de luxo, é altamente resistente a riscos.
Quando for consultar as horas para saber se está atrasado ou não, lembre-se do histórico papel do vidro nessa tarefa.
Crédito da foto de abertura: Dr/stock.adobe.com
Caleidoscópio – junho 2023
DADOS & FATOS
PIB do 1º trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu no 1º trimestre deste ano: a alta foi de 1,9% na comparação com os três meses anteriores, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB nacional representou R$ 2,6 trilhões no período.
Agro comanda alta
O resultado foi impulsionado pelo bom momento da agropecuária, que marcou crescimento de 21,6%. Essa é a maior alta do segmento em mais de 26 anos. A indústria nacional alcançou estabilidade no período (-0,1%), enquanto o setor da indústria de transformação teve pequena queda de 0,6%.
Comparações
Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o crescimento foi de 4%. O acumulado dos últimos quatro trimestres também teve alta (3,3%) em relação aos quatro trimestres anteriores. O resultado representa ainda aceleração quando comparado ao número visto no último trimestre de 2022, quando o PIB apresentou baixa de 0,1%.
FIQUE POR DENTRO
Corrida pela sustentabilidade
Na busca por vidros mais amigáveis ao meio ambiente, a AGC Europa ampliou a produção de seu Planibel Clearlite para uma segunda planta, localizada em Seingbouse, na França. Até então, o produto (com pegada de carbono 40% menor que outras linhas da fabricante) era feito apenas na Bélgica. A iniciativa vai ao encontro dos objetivos do grupo em descarbonizar seus processos produtivos, reduzindo a emissão de CO2 tanto da cadeia de suprimentos como de fontes poluidoras indiretas.

RETROVISOR
Recorde de páginas
A edição de junho de 2010 de O Vidroplano foi histórica: com a cobertura completa da Glass South America daquele ano, a revista teve 136 páginas, recorde absoluto ao longo dos mais de 65 anos da publicação.
Rafael Ribeiro concede entrevista para O Vidroplano
Desde o dia 1º deste mês, a Abravidro está sob nova direção: Rafael Ribeiro assumiu oficialmente a presidência da entidade no lugar de José Domingos Seixas. Diretor da processadora gaúcha Vidrobox e atual presidente do Sindividros-RS, o novo dirigente vem de uma família com imensa tradição no associativismo vidreiro (seu pai, Gilberto Ribeiro, foi presidente da Abravidro de 1999 a 2002).
Poucos dias após começar a tarefa de liderar a entidade, Rafael foi entrevistado pela editora de O Vidroplano, Iara Bentes. Na conversa, ele detalha a responsabilidade do cargo, revela como enxerga a atual composição do mercado e reflete a respeito dos desafios que encontrará em sua gestão.
Qual o sentimento de assumir a presidência da Abravidro?
Rafael Ribeiro — O primeiro sentimento, realmente, é o de responsabilidade. No período de atuação do meu pai na Abravidro, ele sempre dividiu comigo suas opiniões relativas à política empresarial. Como acompanhei isso desde sempre, é natural seguir esse caminho que ele já trilhou.
E qual o tamanho da responsabilidade de gerir uma entidade do porte da Abravidro, uma associação nacional com mais de trinta anos de história?
RR — É enorme, do tamanho da entidade, pois representa um país inteiro. É a entidade com maior representatividade em nosso segmento, principalmente após a gestão vencedora do presidente [José] Domingos [Seixas]. Então, realmente é uma responsabilidade enorme — e vou me esforçar ao máximo para dar sequência ao trabalho que veio sendo realizado pelos presidentes anteriores.
Levando em conta que você já está há alguns anos à frente também do Sindividros-RS, como enxerga o associativismo no setor vidreiro nacional?
RR — Sim, presido o Sindividros-RS há três gestões, sete anos, e nas gestões anteriores já participei da composição da diretoria. Entendo que o associativismo é um processo indispensável. E a porta de entrada para uma participação associativa são as entidades regionais, sejam sindicatos ou associações. É nesse espaço que se discutem as diretrizes e o futuro do setor, pois você está debatendo com pessoas diretamente interessadas no desenvolvimento do seu mercado.
Mas ainda vejo como pequena essa participação. Existem alguns Estados mais expoentes, como o Paraná, mas há regiões como o Nordeste e Norte quase sem representatividade. Por isso, temos de evoluir muito nesse sentido.
O setor vem de tempos um tanto complicados. Tivemos a pandemia que, apesar da tragédia humana, trouxe resultados positivos para a construção civil, embora o bom momento já tenha passado. E os resultados do Panorama Abravidro referentes ao ano passado mostram uma performance fraca, com queda em todos os indicadores – produtividade, produção, faturamento. Como você vê o mercado vidreiro neste momento?
RR — Eu fico um pouco preocupado porque vejo os elos da nossa cadeia atuando de forma independente, no “salve-se quem puder”. Não enxergo um trabalho direcionado, e acho que isso não é saudável. Temos no Brasil, iniciando pela indústria de base, grandes multinacionais com investimentos altíssimos aqui e na América do Sul, mas o nosso país é o local de maior foco desses grupos em razão de seu tamanho e desenvolvimento. Isso é uma responsabilidade para nós, pois eles estão apostando no País e, de certa forma, não podemos deixar que percam esse interesse, até porque a nossa cadeia já está vinculada ao fornecimento desses entes.
Então, vejo que não há essa coordenação, essa ligação mais próxima entre os elos: usina, distribuidor, processador e revendedor. Tenho essa preocupação e entendo que deveríamos ter uma maior aproximação.
Você acha que a aproximação dos elos é um dos principais desafios da sua gestão?
RR — Com certeza. O primeiro seria essa instabilidade pós-pandemia. Como você apontou, num primeiro momento a pandemia trouxe bons frutos para o segmento, principalmente vinculados à arquitetura e construção, com grandes investimentos residenciais em 2020, 2021 e, de certo modo, em 2022. Mas do segundo semestre do ano passado para cá, a gente vem enfrentando uma ressaca que fragilizou bastante o segmento vidreiro, principalmente no primeiro semestre de 2023. Em razão disso, a aproximação dos elos da cadeia precisará de muita atenção da Abravidro, buscando sempre o desenvolvimento do setor vidreiro e o aumento do consumo do produto.
Quais outros desafios você imagina que haverá nesse período?
RR — Eu vejo a necessidade de um debate tributário em nosso setor, em que pese a definição tributária ser de competência dos entes formalmente constituídos para isso. Podemos realmente tentar interferir nesse processo com a experiência que nós temos. Com a mudança de governo, a gente vê aí uma certa janela. Acredito que atuação nesse sentido será indispensável para tentarmos equilibrar um pouquinho mais o mercado.
Você já tem em mente projetos que gostaria de realizar ao longo de sua gestão?
RR — O primeiro realmente seria o debate tributário. Isso eu venho trazendo já há algum tempo, avaliar se é possível avançarmos no sentido de ter uma tributação mais equilibrada. O segundo seria aproximar mais a Abravidro do mercado. Buscar um aumento no número de associados e promover o associativismo também no Nordeste do País.
Você tem alguma preocupação em relação a como a cadeia vidreira se organiza atualmente?
RR — Eu vejo surgirem operações de distribuição entre os elos. Como pode passar a existir um distribuidor em uma operação na qual a venda direta já estava com margens espremidas? Só a “flexibilidade tributária” permite tal situação. Essa é a minha grande preocupação nesse sentido, da organização da cadeia – e um debate sobre a questão tributária é indispensável nessa questão.
A divulgação de conteúdo técnico, principalmente relacionado às normas técnicas vidreiras, é uma das maiores bandeiras da Abravidro. Temos a conformidade técnica como um norte, afinal a entidade é sede do ABNT/CB-37 e atua fortemente na divulgação, atualização e desenvolvimento das normas. Isso vai continuar sendo um dos focos na sua gestão?
RR — Com certeza. A Abravidro tem protagonismo nesse processo, entendo que o segmento não pode perder o domínio na definição do direcionamento das normas de acordo com seus interesses. Temos as próprias usinas de base que trazem as experiências de fora do País, com seu pessoal técnico que contribui bastante para o processo. A Abravidro não pode perder esse protagonismo.
Outro desafio trilhado ao longo dos anos é a importância de estabelecer uma cultura de dados no setor vidreiro. A Abravidro tem duas contribuições importantes nesse sentido: o Panorama Abravidro, estudo com mais de uma década de existência, trazendo um retrato anual da performance do setor, e o Termômetro Abravidro, esse com periodicidade mensal e com o objetivo de medir a temperatura do mercado. Qual a importância desse tipo de dado para a gestão das empresas, para as entidades e para o setor como um todo?
RR — Qualquer administrador sabe que a gestão de dados é indispensável para o direcionamento estratégico do negócio. Penso que devemos continuar o trabalho realizado para a divulgação dos dois estudos, e entendo que as entidades regionais têm um papel fundamental no processo. A aproximação da Abravidro com o mercado pode vir a trazer bons benefícios nesse sentido. À medida que o mercado todo entender a importância dessas informações e a seriedade com a qual a Abravidro trata esses projetos, de forma sigilosa, acredito que os empresários irão participar cada vez mais, trazendo números mais robustos e seguros para a avaliação de como está indo o segmento vidreiro em nível nacional.
Você tem alguma mensagem para seus colegas do setor vidreiro?
RR — Em primeiro lugar, prudência é a palavra da vez. Estamos passando por um momento delicado de redução de consumo, então é preciso que o empresário tenha prudência tanto nas questões financeiras, de investimentos e de gastos, como nas tributárias. Em segundo lugar, gostaria de deixar uma mensagem de otimismo. O consumo do vidro sempre foi cíclico, teve seus altos e baixos em diversos momentos da história, mas nunca parou! É um material que, pelo menos até a época atual, jamais foi substituído. Portanto, devemos manter o otimismo em nossa atuação, pois em algum momento o mercado vai virar, a roda vai voltar a girar rápido novamente e precisamos “estar vivos” nos negócios para seguir produzindo e, se possível, crescendo.
Créditos das fotos: Marcos Santos
Empresas vidreiras avaliam primeiro semestre do ano
O ano de 2023 anda tão instável para o setor vidreiro que O Vidroplano resolveu voltar ao tema da tradicional reportagem sobre as expectativas do segmento para os negócios, publicada no início de cada ano. Com o primeiro semestre quase fechado, está na hora de fazer balanços, avaliações e se preparar para a sequência dos meses.
Conversamos com economistas e diretores de companhias vidreiras para entender quais foram os movimentos do mercado até aqui e como a atual situação pode afetar os próximos passos de nossa cadeia.
Construção em baixa…
A construção civil, principal consumidora de vidros do País, não vive um bom momento. Como se vê na seção “Caleidoscópio” (clique aqui), o PIB desse segmento caiu 0,8% no primeiro trimestre quando comparado com os três últimos meses do ano passado. Segundo o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, organizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em parceria com o Senai, houve queda de 44,4% no lançamento de unidades residenciais em janeiro, fevereiro e março em relação ao último trimestre de 2022. Na comparação com o início do ano passado, a baixa ficou em 30,2%.
Esses dados se refletem na indústria da construção: a edição mais recente dos Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que a parte dessa cadeia voltada para a transformação está perdendo dinamismo. Após seis meses sem registrar variação negativa, o faturamento real recuou 1,3% em abril, na comparação com março. E, embora o emprego e a utilização da capacidade instalada tenham permanecido estáveis, houve baixa nas horas trabalhadas na produção.
…mas com perspectivas de alta
Apesar do cenário, não há pessimismo. O Índice de Confiança do Empresário Industrial, outro estudo da CNI, avançou 1,2 ponto este mês, subindo de 49,2 para 50,4. Esse resultado demonstra otimismo por parte do setor, quebrando uma sequência de três meses abaixo dos 50 pontos (o que representa falta de confiança). O Índice de Expectativas, medindo o otimismo para o segundo semestre, também aumentou, chegando a 53,5 pontos.
A sensação de que as coisas podem melhorar vem de algumas movimentações do governo federal, como o reestabelecimento do programa Minha Casa, Minha Vida. “É mais um passo para elevarmos os investimentos na construção civil e a consequente geração de emprego e renda”, comenta o presidente da CBIC, José Carlos Martins. Além disso, o corte da taxa básica de juros da economia nacional, a taxa Selic, pelo Banco Central é muito aguardado: isso deve aumentar o poder de compra da população, ajudando na realização de pequenas reformas, e incentivar investimentos.
Automotivo com grandes esperanças
Dos segmentos consumidores de vidro, esse é um que não pode reclamar de 2023 até agora. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), maio teve produção 27% maior que em abril, alcançando 228 mil novos automóveis – e as vendas também aumentaram 13%. No consolidado dos cinco primeiros meses do ano, ambos os indicadores estão maiores na comparação com 2022. É importante citar também o programa federal para reduzir impostos e baratear o valor de automóveis no Brasil, o qual deve entrar em vigor em breve. Com ele, a expectativa de crescimento para o restante do ano deve aumentar consideravelmente – tanto que nove montadoras de carros, dez de caminhões e nove de ônibus aderiram ao projeto, colocando à disposição 233 versões de 31 modelos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Materiais de construção no aguardo
A pesquisa mais recente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) indica queda de 3,7% em abril no faturamento do segmento. No total, os quatro primeiros meses do ano tiveram queda de 6,9%.
Mesmo assim, a entidade prevê crescimento de 2% para 2023. “Continuamos acreditando no crescimento sustentável do setor, com o devido foco dado pelo poder público, como a retomada de obras paradas e de infraestrutura”, explica o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro.
Se virá mesmo uma melhora para esses setores, só o tempo dirá. Pelo menos, todos enxergam uma luz no fim do túnel.
E o que o vidro pode esperar?
Agora que vimos um panorama geral sobre outros segmentos, chegou a hora de entender o nosso setor. O Vidroplano pediu a opinião do economista Sergio Goldbaum, da GPM Consultoria, responsável pela apuração e sistematização dos dados do Panorama e pelo Termômetro Abravidro, a respeito dos resultados do primeiro semestre e das possibilidades para o segundo.
O Termômetro mostra um 2023 bastante instável, com recordes negativos e positivos na série histórica, e abaixo da média de 2022 no volume de vendas faturadas de vidros processados. O que é possível analisar desses números?
O primeiro semestre parece confirmar o ciclo de desaquecimento que já se anunciava no final de 2022. Tivemos abril com o pior resultado da série, certamente influenciado pela sequência de feriados naquele mês. Ainda que maio apresentasse o melhor resultado da série, não foi capaz de compensar os resultados negativos de novembro de 2022 e de fevereiro e abril deste ano.
Em relação aos segmentos que consomem vidro, qual a análise a ser feita?
Eles ainda se ressentem do longo ciclo de alta da taxa de juros. Os indicadores de produção do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] para materiais de construção, automóveis, móveis e eletrodomésticos até abril (o dado mais recente) estão todos andando de lado ou caindo.
Quais as expectativas para o segundo semestre, tanto na questão macroeconômica como para o segmento vidreiro especificamente?
O ciclo de alta da taxa de juros certamente começará a ser revertido em breve. A inflação oficial está convergindo para dentro da meta e a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) apresenta forte queda, influenciada pela valorização cambial das últimas semanas. Com isso, a atividade econômica começará a se recuperar, talvez lentamente no princípio. À medida que alguns programas de incentivo começam a sair do papel, a recuperação deve se acelerar.
A opinião de nossas empresas
Consultamos novamente as empresas ouvidas para a reportagem de janeiro sobre as expectativas para o ano. As perspectivas delas mudaram seis meses depois? A seguir, confira a opinião de quatro companhias de diversos elos da cadeia e, na sequência, a das usinas.
Daniel Domingos
Eastman
“O primeiro semestre está em linha com o que prevíamos, já que, ao final de 2022, certos desafios em relação ao consumo começavam a surgir, demandando cuidado com o planejamento para o ano que se iniciava. Dessa forma, nosso planejamento foi cauteloso em relação ao cenário macro que se apresentava, o que, de certa forma, acabou se confirmando. Historicamente para nós, o segundo semestre sempre se apresenta com maior demanda, e é com essa perspectiva que estamos trabalhando, principalmente com os produtos de maior valor agregado, como o PVB acústico e o PVB estrutural.”
Ricardo Costa
GlassParts
“Tivemos um primeiro semestre de bons negócios, apesar de menores em relação ao mesmo período de 2022. Mas não criamos muitas expectativas por sabermos que iria ser um período de muitas mudanças políticas, o que ocasionaria instabilidade. Já para o segundo semestre estamos otimistas, pois já se sinaliza uma melhora no mercado. Estamos sentindo uma retomada gradual dos investimentos, com maior número de consultas, inclusive por equipamentos de maior porte e também por equipamentos periféricos que agregam uma maior oferta de produtos aos clientes dos beneficiadores.”
Yveraldo Gusmão
GR Gusmão
“O primeiro semestre ocorreu sem grandes expectativas, com governo novo, muitas mudanças, insegurança, clientes apreensivos, administrando com cautela. Diria que nosso mercado está sofrendo com estas variações e indefinições. Para o segundo semestre, diante do quadro atual, tenho uma esperança de que possamos reagir. O mercado da construção tem negócios que caminharam no ano passado, antes das eleições, e deve dar continuidade a eles, pois os investidores não podem continuar segurando os projetos, isso é muito prejudicial. O mercado mundial como um todo está muito incerto, mas acredito que o governo vai se mexer para liberar investimentos, baixar juros. A máquina pública depende de faturamento para gerar arrecadação; se o comércio continua sem faturar, não há arrecadação.”
Sandro Eduardo Henriques
Sglass
“Obtivemos 40% a mais de vendas que o esperado nesse primeiro semestre, superando e muito nossas expectativas. Apesar da queda da venda de vidro, muitos empresários vêm acreditando e investindo em novos equipamentos com tecnologias mais avançadas. Acreditamos que nossas vendas deverão manter ou mesmo superar o primeiro semestre ao longo do restante do ano, tendo em vista a melhoria de nossos processos internos, com diminuição de custos e consequentemente melhores preços para os clientes. Além disso, historicamente o segundo semestre é sempre mais aquecido economicamente no ramo vidreiro.”
Isidoro Lopes
AGC
“Podemos definir o primeiro semestre como bastante desafiador. Com isso, aumenta a necessidade de sempre termos a melhor leitura a respeito das necessidades dos nossos clientes. Devido ao atual cenário um pouco mais conservador do que esperávamos, temos alguns resultados que não estão exatamente em linha com as expectativas projetadas, mas seguimos trabalhando para mitigar esses desalinhamentos e transformar os desafios em oportunidades.
Por enquanto, a performance no Brasil é um reflexo do que está ocorrendo nas outras regiões do mundo, assim como na América do Sul, com preços sendo pressionados e volumes com retração. Acreditamos que as maiores dificuldades para o setor hoje estejam relacionadas à insegurança político-econômica de um novo governo e à polarização que dificulta o diálogo, atrasando as mudanças necessárias para o desenvolvimento. Os desafios econômicos ao redor do mundo, assim como os juros altos, estão prejudicando a demanda na ponta. Além disso, o aumento da entrada de vidros importados na região deixa a situação ainda mais complexa. Os países asiáticos tentam encontrar mercado para sua enorme capacidade produtiva, e isso impacta todo o mercado vidreiro mundial.
Em linhas gerais, todos os setores consumidores de vidro apresentaram queda no consumo de nosso material, com exceção do mercado automotivo, que aumentou o consumo em relação a 2022 devido ao nosso posicionamento nesse segmento.
Acreditamos que o mercado vai reagir positivamente com a diminuição da insegurança e uma acomodação natural do novo governo, que deve conseguir articular as questões político-econômicas, o que vai gerar confiança, motivando o consumo de vidro e a retomada dos investimentos pelos empresários e investidores estrangeiros.”
Lucas Malfetano e Manuel Corrêa
Cebrace
“Chegamos ao fim do semestre com muita preocupação, porque havia uma expectativa de o mercado andar ‘de lado’, mas percebemos piora, com volumes abaixo do previsto e o preço em um patamar ainda mais baixo. A preocupação maior neste momento é com o volume de importados no País, pois contam com uma vantagem tributária advinda da histórica guerra fiscal, impactando de forma significativa nosso mercado.
Em geral, o semestre trouxe uma situação bem preocupante para a construção civil. Não só no vidro, mas também em outros materiais, observamos esse movimento que afeta o varejo e traz consequências para toda a cadeia vidreira. A América do Sul, como um todo, enfrenta os mesmos problemas, como vemos na Colômbia e em outros países (com exceção da Argentina, onde a construção civil parece ser um porto seguro contra a inflação).
Ao acompanhar o Termômetro Abravidro, fica evidente a queda na tendência dos volumes e uma consequente degradação das margens dos transformadores, o que, infelizmente, pode estimular descaminhos fiscais. Ainda assim, acreditamos que o pior já passou. A expectativa é de um segundo semestre melhor, conforme acompanhamos a sazonalidade do segmento. Lembrando que os vidros de valor agregado encontram oportunidades para conquistar mais espaço no mercado – e isso depende de nosso empenho e compromisso em disseminar informações e capacitar o setor a respeito do vidro certo.
Nosso planejamento, inclusive, antecipando essas oscilações, calhou de ser realizado no momento ideal em relação às paradas para reforma, a exemplo do que está sendo realizado no forno C4, em Barra Velha. Essa unidade terá no segundo semestre um novo forno totalmente preparado para produzir com redução das emissões de CO2. Isso servirá tanto para a capacidade produtiva do incolor, como para a produção da nova linha de texturizados. Por isso, é preciso manter os investimentos e pensar a longo prazo, enxergando que não podemos abandonar o que precisa e vem sendo feito para manter nosso compromisso com a excelência do nível de serviço e disponibilidade, independentemente das intempéries de mercado.”
Renato Poty
Guardian
“No começo do ano, o mercado enfrentou diversas incertezas tanto no âmbito macroeconômico como no político, com impacto significativo na decisão dos clientes de aumentar seus volumes. Como já esperávamos, a construção civil sofreu uma desaceleração nas atividades, devido à redução do poder de compra dos consumidores e ao aumento das taxas de juros, condições que resultaram ainda no adiamento dos lançamentos imobiliários.
Tivemos de continuar trabalhando estrategicamente o equilíbrio da produção e dos estoques para atender de forma responsável as demandas de mercado, sem destruição de valor para nossos clientes e parceiros de negócio. Nós imaginávamos um ano desafiador. Porém, por outro lado, tínhamos a expectativa de que a economia apresentasse algum crescimento, o que não se confirmou. De toda forma, sabemos que, tradicionalmente, o segundo semestre reserva números mais positivos para o setor.
Não temos visto grandes diferenças no desempenho no Brasil em relação ao restante da América do Sul, pois o mercado da região também está impactado por demanda retraída e juros altos. Esse é um contexto global. O que temos visto de maneira mais acentuada em nosso país é um impacto maior na entrada de vidros importados, o que gera desequilíbrio na oferta para uma demanda baixa. É fundamental que sigamos focados na criação de valor no longo prazo para atender a cadeia e manter a busca por competitividade de custos e soluções, de forma responsável e sustentável.
A Guardian tem uma expectativa positiva para o segundo semestre. Felizmente, vemos uma recente retomada de alguns indicadores econômicos que, somada a uma possível queda dos juros, deverão ajudar a alavancar importantes setores da economia que impactam nosso segmento.”
Henrique Lisboa
Vivix
“As decisões de longo prazo, como a compra de um imóvel ou até mesmo o início de uma reforma, necessitam de um ambiente em que o consumidor se sinta seguro, o que não vimos acontecer dentro da primeira metade do ano. Juros ainda em patamares elevados e a desaceleração da indústria já no último trimestre do ano passado, bem como incertezas no campo econômico, têm adiado a retomada da construção.
Em relação ao vidro, o primeiro semestre se comportou diferentemente de nossas projeções. Janeiro foi um mês no qual a retomada foi mais lenta que em anos anteriores, e o que vimos de fevereiro em diante foi um mercado em compasso de espera. O baixo nível de atividade da construção impacta todos os segmentos do mercado, não se restringindo apenas ao vidro plano: tintas, cerâmicos e vendas do varejo apresentaram resultados aquém do esperado. Como comparação, a indústria brasileira como um todo apresentou retração de 0,1% no primeiro trimestre, após uma retração de 0,3% no último trimestre de 2022. O mercado de vidro plano também se retraiu nesse período.
Por outro lado, o avanço no Congresso das votações sobre o novo teto de gastos deve estimular os agentes econômicos na retomada de investimentos, além de abrir espaço para uma gradual redução nos juros. Com uma nova perspectiva sobre investimentos, emprego e renda, acreditamos que o mercado da construção e o setor vidreiro possam experimentar um novo ciclo de recuperação.
Os desafios para o segundo semestre continuam relacionados a questões de confiança do consumidor, juros e grau de endividamento das famílias. Não obstante, acreditamos que, com as sinalizações do governo, teremos o ambiente necessário para a retomada. No segundo semestre, inclusive, iniciaremos a terraplenagem para nossa segunda planta.”
Crédito da foto de abertura: william87/stock.adobe.com
Conheça os vencedores do Top Projects Guardian 2023
No dia 1º de junho, a Guardian Glass realizou, no Palácio Tangará, em São Paulo, a cerimônia de entrega do Top Projects Guardian 2023, prêmio que visa a reconhecer os talentos responsáveis por projetos com vidros da fabricante. O evento contou com a presença de importantes personalidades dos mercados da construção, arquitetura, decoração e vidreiro.
Foram contemplados profissionais e empresas responsáveis pela execução de obras tanto no Brasil como na América do Sul. Em sua 2ª edição, foram laureados processadores de vidros e espelhos, construtoras, consultores, fabricantes de esquadrias, arquitetos, designers e vidraceiros.
Caminho para a vitória
Uma comissão composta por profissionais de associações, imprensa e entidades especializadas no segmento vidreiro, arquitetura e construção civil ficou encarregada de analisar os 174 projetos inscritos – a Abravidro participou da comissão. Para estar entre as finalistas, as obras precisaram se destacar em quesitos como design, tecnologia e inovação ao utilizar os produtos da usina. Após a seleção técnica, os classificados foram apresentados ao público para votação popular, fase que alcançou mais de 50 mil votos. Confira a seguir os trabalhos vencedores em cada uma das cinco categorias.
CASAS (esquadrias/fachadas)
Fazenda Santa Helena
- Local: Belmiro Braga (MG)
- Produto utilizado: SunLight
- Processador: Grupo Paris
- Arquiteto: Lourenço Sarmento Arquitetura e Aletheia Westermann Arquiteto
EDIFÍCIO COMERCIAL (esquadrias/fachadas)
World Trade Center Free Zone 2
- Local: Montevideo, Uruguai
- Produto utilizado: AG 43 On Clear e Chrome
- Processador: Vidrieria Bia
- Arquiteto: Ernesto Kimelman e David Ruben Flom
EDIFÍCIO MULTIUSO (hotel, hospital, shopping, escola, uso misto e institucional)
Primavera Office
- Local: Florianópolis (SC)
- Produto utilizado: Chrome On Clear
- Processador: Santa Rita Vidros
- Arquiteto: ARK 7 Arquitetos
EDIFÍCIO RESIDENCIAL (esquadrias e fachadas)
One Batel
- Local: Curitiba (PR)
- Produto utilizado: Neutral Plus 41 On Clear
- Processador: GlassecViracon
- Arquiteto: Bohrer Arquitetura
INTERIORES (aplicação de vidros e espelhos em decoração)
Galeria dos Restaurantes
- Local: São Paulo (SP)
- Produto utilizado: espelho Âmbar e Silver 20
- Processador: Bonneville | Tempermax
- Arquiteto: Daiane Antinolfi
- Vidraceiro: Europa Vision
Crédito das fotos: Divulgação Guardian
Vidro conquista o setor moveleiro
Pode reparar: em qualquer mostra de decoração e design, ou mesmo na residência de algum conhecido e no escritório de trabalho, os móveis que mais chamam a atenção em um ambiente são feitos de vidro. As razões para isso são variadas – e revelá-las é o objetivo desta reportagem especial de O Vidroplano. Seja pela versatilidade estética, pela imponência visual ou então pela durabilidade, o vidro sempre está na moda quando se falam em móveis.
Por isso, trazemos um panorama sobre esse segmento, importante cliente de nossa cadeia. Nas páginas a seguir, o leitor saberá como anda o mercado moveleiro em relação aos negócios, conhecerá as tendências atuais no uso de vidros e saberá a opinião de uma fabricante de móveis sobre os benefícios que o material traz.
Os números, sempre eles
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de móveis fechou 2022 com queda de 16,2% em relação a 2021. Apesar de ser uma baixa considerável, 2021 teve demanda mais aquecida do que o costume por conta da pandemia: a maior permanência das pessoas em casa as levou a fazer investimentos em reformas e trocas de mobiliários.
Este ano começou instável. Estudo da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) mostra que a produção de móveis e colchões em fevereiro caiu 3,6% em relação a janeiro. Porém, o acumulado do ano é positivo, com alta de 4,1%. As vendas no varejo também marcam recuo em 2023 (-10,6% sobre o ano passado).
Os motivos para uma demanda baixa são os mesmos que assolam a construção civil e o setor vidreiro: alta taxa de juros e inflação, entre outros, impactando a renda das famílias e os investimentos. Mesmo assim, há esperança de crescimento no segundo semestre graças à movimentação do governo para aquecer o consumo (como você pode ver clicando aqui).
A visão das empresas vidreiras
A processadora paulista Marcetex trabalha com o segmento moveleiro e confirma o encolhimento dos negócios. “Esse mercado diminuiu tanto quanto os outros setores da construção. Diria que uma média de 40% em relação aos outros anos”, explica o gerente-industrial Sidnei Alves.
Apesar das dificuldades, há muito espaço para trabalhar o vidro dentro desse cenário. “Desde 2017, vemos um crescimento expressivo de peças e de designers querendo usar o material, entregando lindos trabalhos”, afirma Matheus Primo, diretor-criativo e proprietário da Glass11, marca especializada em móveis envidraçados. “Descolar a peça de vidro da injusta fama de ‘frágil’ é uma tarefa que seguirá por anos. Por isso, temos mais responsabilidade em demonstrar que esses itens podem ser feitos com vidros de valor agregado, como os de segurança, refletindo na qualidade recebida e percebida pelo cliente.” Já que todos estão de olho na retomada econômica, essa responsabilidade se torna ainda maior.
Mas, afinal, por que vidro?
A principal tendência arquitetônica surgida com a pandemia foi a de transformar casas e apartamentos em espaços multiuso, com áreas verdes e locais voltados para o home office. Já os escritórios passaram a deixar de lado o confinamento em favor de espaços abertos. E o vidro se tornou ainda mais relevante na relação das pessoas com suas moradias e ambientes de trabalho. Na comparação com outras matérias-primas como madeira e acrílico, ele oferece:
- Menor necessidade de manutenção (com limpeza fácil e rápida);
- Maior vida útil (sem se preocupar com deterioração);
- Segurança;
- Aspecto visual duradouro (mais resistente a riscos e arranhões, sem amarelar com o tempo).

Mas ninguém melhor para explicar por que apostar em nosso material do que uma fabricante de móveis conhecida por seus produtos envidraçados. “A empresa valoriza o acabamento de alto padrão e a atenção aos detalhes, e os vidros utilizados em nossos produtos desempenham um papel fundamental nesse sentido”, comenta Luísa Moysés, gerente de Produtos da Breton. “O extra clear e os laqueados, por exemplo, contribuem para a criação de móveis sofisticados, modernos e visualmente atraentes, oferecendo aos clientes uma experiência de excelência em design de interiores.”
E como se dá a escolha do tipo de vidro para um determinado mobiliário? Segundo a marca, o processo envolve uma análise minuciosa das características do design, das necessidades funcionais e das preferências estéticas do produto. Em alguns casos, a intenção é enfatizar a base do móvel, criando uma sensação de leveza e transparência. Nesse caso, a Breton opta pelo uso do extra clear por ter baixo teor de ferro em sua composição, resultando em uma transparência mais cristalina e livre de tonalidades indesejadas.
Já para tampos de mesas de jantar, o vidro é pintado na mesma cor do móvel, de forma a garantir uma estética superior. “A busca está sempre em encontrar a combinação ideal entre todos os elementos de um móvel, a fim de oferecer produtos com visual atrativo aos clientes”, destaca Luísa.
Em busca do acabamento perfeito
Para serem escolhidos por marcas desse porte, os vidros precisam ser produzidos com alto grau de precisão. Aí entram os grandes desafios para as processadoras vidreiras. “Geralmente, os móveis possuem uma tolerância mínima de medida, fazendo com que cada peça seja quase única em relação à fabricação”, explica Sidnei Alves, da Marcetex. “Um cliente que utiliza o vidro num móvel de alto padrão é mais minucioso nos detalhes do que aquele que vai instalar o material na parte externa de um prédio.”
Matheus Primo, da Glass11, reforça a importância de uma lapidação perfeita: “Ela deve ser feita com precisão, para que a cola UV tenha a aderência necessária. Um vidro mal-lapidado não entrega um móvel envidraçado”.
Pela necessidade de perfeição estética, o manuseio das peças se torna um momento crítico da produção. O ideal é transportá-los com embalagens especiais, principalmente para proteger bordas e cantos: qualquer dano, por menor que seja, pode significar retrabalho. É importante, inclusive, educar o usuário final de móveis com vidro. “Entregamos um manual de manuseio e limpeza, indicando as melhores práticas para manter a colagem e as bordas em perfeito estado, mas nada disso resolve se não houver uma conscientização do cliente sobre os cuidados necessários”, salienta Primo.
As tendências atuais
De acordo com a Breton, o foco hoje em dia está em explorar o vidro como protagonista. Como os designers estão utilizando-o de diversas formas, com variações de espessuras, texturas e acabamentos, criando peças únicas e sofisticadas, Luísa Moysés indica alguns padrões em voga:
Minimalismo: uma abordagem comum está na utilização seguindo conceitos minimalistas, com formas simples. Assim, dá-se total destaque à transparência, criando um visual clean e contemporâneo, adequado para diferentes estilos de decoração;
Cores: vidros coloridos, como o bronze, estão em alta, pois adicionam um toque de personalidade e trazem uma paleta de tons diferenciada aos espaços. Cores vibrantes também criam pontos de destaque no ambiente;
Texturas: os diferentes padrões e relevos de vidros texturizados agregam um elemento tátil aos móveis, sendo aplicados em painéis, portas, tampos e outras superfícies;
Combinação com outros materiais: misturar vidro com madeira, metal ou mármore proporciona contrastes visualmente impactantes.
Outra tendência vista nos últimos tempos, principalmente em mostras como a Casa Cor, são os tampos de mesa com vidros trabalhados artisticamente. De técnicas como fusing a pinturas manuais, não há limites para a criatividade quando se utiliza um material versátil como o nosso.

Existe alguma norma para vidros usados em móveis?
Sim: a ABNT NBR 14488 — Tampos de vidro para móveis — Requisitos e métodos de ensaio especifica as exigências necessárias para garantir a segurança da aplicação do material em mesas, aparadores e similares. A área quadrada do tampo, o tipo de vidro (comum, temperado ou laminado), a altura em relação ao piso e a forma como é apoiado (completamente ou não) são informações requeridas por essa norma para determinar a espessura do tampo de vidro a ser aplicado.
Existe também a ABNT NBR 14564 — Vidros para sistemas de prateleiras – Requisitos e métodos de ensaio, que especifica os requisitos de desempenho e os ensaios necessários para garantir a segurança da aplicação do material na composição de prateleiras. Importante citar ainda a ABNT NBR 14033 — Móveis para cozinha, que padroniza as dimensões dos móveis para cozinha e estabelece os requisitos de segurança e os métodos de ensaio para determinar a estabilidade, resistência e durabilidade desses produtos.
Crédito da foto de abertura: Marcos Santos
Entidades regionais realizam eventos em MG, RS e SP
Em Minas Gerais
As duas entidades vidreiras do Estado, Amvid e Sinvidro, agora atuam unificadas com o nome Sistema Integrado Mineiro do Vidro Plano (Simvidro-MG). A mudança busca integrar e facilitar o trabalho do associativismo realizado em Minas Gerais – o presidente da nova entidade é Geraldo Vergilino de Freitas Júnior.
Uma das primeiras iniciativas pós-integração foi a Semana do Vidraceiro, organizada de 15 a 18 de maio em parceria com o programa Vidro Certo, para comemorar o Dia do Vidraceiro. A 3ª edição do evento, realizada na Fiemg, teve como tema principal o ESG. A programação reforçou a importância de propostas ambientais, sociais e de governança para a gestão das empresas, tendo como destaque o Encontro de Líderes do Setor Vidreiro e Construção Civil de Minas Gerais e as palestras de Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro, e do CEO e fundador da Alicerce Educação, Paulo Batista Senna.
A Semana do Vidraceiro 2023 contou com o apoio de AGC, Alicerce Educação, Bend Glass, Cebrace, Cristal Quality, Fantástico Vidros, Glassparts, Guardian, Minas Laminação, Perfil Aluminio, Reflex, Sistemas ECG, Sync Softwares, Tempervidros, Vivix e Wvetro.

No Rio Grande do Sul
O Sindividros-RS organizou, na sede da Fiergs, a palestra Responsabilidade civil e direito do consumidor na aplicação de vidros. Ministrada pela especialista em direito empresarial Cristina Tesser, o conteúdo teve como pauta a importância da rastreabilidade do vidro junto aos vidraceiros e a responsabilidade civil prevista no Código Civil Brasileiro. Essa palestra pertence à macroetapa 3 do Projeto Sindical A Rastreabilidade na Cadeia Produtiva do Vidro, iniciativa da Fiergs em parceria com o Sebrae-RS, que visa a fomentar a competitividade das indústrias do Estado e o fortalecimento das pequenas empresas.
O sindicato gaúcho, organizador do 11º Encontro Sul-Brasileiro de Vidreiros, também revelou a atração especial do segundo dia do evento, programado para os dias 16, 17 e 18 de novembro, no hotel Wish Serrano, em Gramado (RS). Os participantes desfrutarão de um coquetel na plataforma de vidro Skyglass Canela, que permite a observação de uma das mais belas regiões naturais brasileiras, a Serra Gaúcha. A bela obra foi capa de O Vidroplano em fevereiro de 2021.

Em São Paulo
O Sincomavi-SP realizou, no dia 24 de maio, o webinário Como impulsionar as vendas da sua loja, com palestra de Douglas Ferreira, gestor de Categorias da Sooper. O encontro teve o objetivo de dar aos participantes instruções sobre a aplicação de metodologias e técnicas eficientes para o impulsionamento de um negócio. O treinamento, gratuito, foi ministrado por live via Google Meet.

Edifício em SP tem fachada envidraçada colorida
Pensar em prédio comercial hoje em dia é imaginar um espigão em meio à cidade, metros e metros de altura chamando a atenção de qualquer pessoa que passe ao redor. Mas há exceções que trazem frescor a esse tipo de construção – e uma delas é o Rebouças 3535, localizado na capital paulista. Sua fachada envidraçada moderna e colorida é evidenciada pelo formato horizontal do edifício.
Ficha técnica
Obra: Rebouças 3535
Local: São Paulo
Arquitetura: Aflalo/Gasperini Arquitetos
Conclusão da obra: novembro de 2021
Fornecedores dos vidros: Cebrace e Guardian
Processador: Brazilglass
Esquadrias da fachada: Arqmate Consultoria
Esquadrias de alumínio: J. Marques
Amplitude
Segundo o renomado escritório de arquitetura Aflalo/Gasperini, responsável pelo Rebouças 3535, a horizontalidade do projeto surgiu de uma necessidade imposta pelo Plano Diretor da cidade de São Paulo, vigente à época da construção, que estipulava um limite de até 10 m de altura para novas obras. Por isso, o foco escolhido foi a amplitude e os grandes vãos livres gerados pela marquise central.
Localizado no bairro de Pinheiros, o edifício tem 3.447 m² de área construída, dividida em três pavimentos. A ausência de muros e gradis na parte frontal, permitindo o alargamento da calçada e a instalação de canteiros com jardins permeáveis, amplia a sensação de se estar em um local aberto e em constante contato com o exterior.
Envolto por tecnologia
Além do conceito diferenciado para seu uso, o Rebouças 3535 se destaca principalmente pela fachada de vidros de controle solar, com laminados 6 + 8 mm, processados pela Brazilglass em duas especificações: uma com Cool Lite KNT 155, da Cebrace, e outra com SunGuard AG 43, da Guardian. A estrutura foi pensada para garantir o conforto térmico e a vasta entrada de iluminação natural nos ambientes internos. Painéis serigrafados na cor branca também ajudam nessa tarefa, reduzindo a incidência solar e a carga térmica.
Por falar em bem-estar dos ocupantes, todos os pavimentos possuem terraços para pausas ao longo do expediente corporativo. A ampla laje de cobertura é cercada pelas copas das árvores (podendo ser utilizada para eventos ao ar livre) e o fundo do terreno também conta com área verde.
Essa obra é mais um exemplo da versatilidade do vidro: se quiser modernidade e tecnologia, pode confiar em nosso material.
Créditos das fotos: Daniel Ducci
Termômetro Abravidro – Maio 2023
MONITORAMENTO MENSAL DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE VIDROS BRASILEIRA
Desempenho – Maio 2023
A percepção sobre o desempenho da indústria nacional de processamento de vidros foi de aumento grande nas vendas faturadas em m² em maio de 2023 em relação a abril.
O indicador de desempenho da indústria de processamento de vidros registrou alta de 27,7% no volume de vendas faturadas de vidros processados no mês, na comparação com abril, sem ajustes sazonais. É o maior crescimento em um mês na série histórica. O desempenho de maio ficou 24,76% abaixo da média de 2022.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada nos cinco primeiros dias deste mês, por meio de formulário online. O estudo pode ser respondido por processadoras de todo o Brasil (82 delas participaram desta edição).
Abravidro palestra em congresso sobre guarda-corpos
No dia 26 de maio, foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Guarda-Corpo, no Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio de Janeiro (IAB-RJ). Dividido em cinco painéis, o encontro propôs uma discussão aprofundada sobre a função dos guarda-corpos. Entre os especialistas estava Clélia Basseto, analista de Normalização da Abravidro, como representante do setor vidreiro no painel destinado ao tema segurança.
Em sua apresentação, Clélia destacou a revisão da norma de laminados, a ABNT NBR 14697, publicada no início deste ano, e deu detalhes sobre a classificação de segurança desse vidro, além de tratar sobre a importância da ancoragem e da fixação correta para que o material cumpra eficientemente a sua função. Participaram do congresso fornecedores de perfil de alumínio e profissionais da indústria, além de arquitetos renomados, entre eles Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer.
Crédito da foto de abertura: Maurício Horta
Fiesp organiza Dia da Indústria
No dia 25 de maio, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) organizou em sua sede, na capital paulista, o Dia da Indústria. Com o lema “Indústria forte, País forte”, o evento promoveu a imersão em temas de interesse para o setor produtivo, com a presença de autoridades e palestrantes nacionais e internacionais. Iara Bentes, superintendente da Abravidro, representou a entidade no encontro.
Entre os pontos discutidos, Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou algumas das principais movimentações do banco, como a destinação de um fundo inicial de R$ 2 bilhões para ajudar a indústria nacional a exportar sua produção, além de citar ações para desonerar o setor na reforma tributária a ser aprovada.
Por falar em reforma tributária, o tema fez parte da programação: o secretário-extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e os deputados federais Reginaldo Lopes e Vitor Lippi, ambos membros do Grupo de Trabalho (GT) sobre o Sistema Tributário Nacional, discutiram suas visões e diretrizes a respeito do assunto, considerado fundamental para a retomada do crescimento desse setor no País.
O encerramento se deu com a presença e discursos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin; e do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Crédito da foto de abertura: Reprodução
Trabalho em altura tem mudanças na regulação
Atenção, profissionais vidreiros que trabalham com instalação de vidros: em julho, entrará em vigor a revisão da Norma Regulamentadora (NR) nº 35, documento que estabelece requisitos e medidas de segurança para trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com atividades em altura. O novo texto será publicado em três etapas, sendo a 1ª programada para o dia 3 do mês que vem; a 2ª para o dia 2 de janeiro de 2024; e a 3ª para o dia 2 de janeiro de 2025. Entre as mudanças, destacam-se a inclusão da exigência de inspeções iniciais, rotineiras e periódicas do Sistema de Proteção Individual contra Queda (SPIQ) e a permissão para que pontos de fixação temporários do sistema de ancoragem possam ser selecionados por um trabalhador capacitado, desde que de acordo com os procedimentos elaborados por um profissional habilitado.
Crédito da foto de abertura: Tricky Shark/stock.adobe.com
Setor vidreiro nacional ganha novos podcasts
Cada vez mais, os podcasts vêm ganhando o gosto do setor vidreiro. Após o pioneirismo da Abravidro com o lançamento do VidroCast em março de 2020, a empresa GR Gusmão, com o PodTransformar, e o consultor Daniel Estrela, com o Vidro na Obra, também lançaram programas do tipo em seus respectivos canais no YouTube. O objetivo é debater sobre negócios, tecnologia e curiosidades do nosso setor com a presença de convidados em conversas descontraídas e ao vivo.
Crédito da foto de abertura: Alex from the Rock/stock.adobe.com
PKO Vidros revela nova identidade visual
Para comemorar seus 25 anos de história, a PKO Vidros revelou ao mercado sua nova identidade visual. A mudança apresentada pela empresa de Mogi das Cruzes (SP) inclui alteração em seu nome (antes era conhecida como PKO do Brasil) e logomarca, visando a refletir os atuais valores e propósitos da companhia que vem investindo em soluções nos campos da inovação, conscientização, responsabilidade social e atendimento personalizado.
Crédito da foto de abertura: Divulgação PKO Vidros
Revista Contramarco realiza fórum em Goiânia
Em 18 de maio, a revista Contramarco realizou, em Goiânia, o Fórum Contramarco, evento direcionado às indústrias de esquadrias e vidro. A programação foi dividida em nove painéis com o objetivo de levar aos profissionais da Região Centro-Oeste conhecimento por meio de palestras e apresentações das novas tecnologias e sistemas para o setor. A próxima edição do fórum já foi confirmada para este ano: será nos dias 28 e 29 de setembro, em Fortaleza.
Crédito da foto de abertura: Divulgação Contramarco
Cebrace realiza 1º Fórum de Sustentabilidade
No dia 6 de junho, a Cebrace realizou o 1º Fórum de Sustentabilidade como parte de sua programação de eventos sobre ESG, cuja meta é discutir o alcance de uma produção mais limpa e com menor impacto ao meio ambiente até o ano de 2030, de acordo com as metas da usina. O encontro, já com novas edições previstas, visou a promover uma cultura de sustentabilidade com os clientes, além de propor direcionamentos para a adoção de práticas mais sustentáveis e em benefício do setor. A programação contou com palestras de Mônica Caparroz e Manuel Correa, respectivamente gerente de Marketing e diretor-executivo da usina.
Crédito da foto de abertura: Reprodução
Blindex promove 4º Fórum Transparência com Elas
Em 1º de junho, a Blindex realizou no São Paulo Airport Marriott Hotel, em Guarulhos (SP), o 4º Fórum Transparência com Elas, evento que tem como objetivo debater a presença feminina no empreendedorismo. Este ano, ele reuniu diversas clientes da empresa e convidados. A partir do tema “Tempo a nosso favor”, as apresentações discutiram a relação da mulher com o envelhecimento e como isso impacta a carreira delas.
A programação contou com a presença da empresária e terapeuta Valéria Sanseverino; da polonesa Jolanta Lessig, gerente de Marketing e Comunicação da Pilkington Europa; e de Ana Júlia Kachan, advogada especializada em direito previdenciário. Para fechar o evento, a apresentadora Ana Hickmann relembrou, em um bate-papo com Glória Cardoso, gerente-geral da Blindex, os diferentes momentos de sua vida profissional, passando de jovem modelo para empresária e estrela da TV. Houve espaço ainda para duas apresentações do grupo de sapateado Jovens de Coração, conjunto formado por mulheres a partir dos cinquenta anos.
Crédito da foto de abertura: Reprodução
Conheça mais sobre a laminação de espelhos
Como bem mostra o Panorama Abravidro 2023, a produção de laminados segue crescente nos últimos anos, o que revela o quanto esse vidro de valor agregado faz cada vez mais parte do dia a dia das pessoas. Por isso mesmo, é normal passar a ver outras soluções com esse tipo de material sendo utilizadas com maior frequência – e uma delas é o laminado com espelhos, item capaz de incrementar diferentes projetos. Não à toa, é solução buscada por arquitetos e designers de interiores para inovar com segurança e sofisticação.
A seguir, conheça mais detalhes sobre a utilização do produto e o que definem as normas para sua eficiente aplicação.
Material a ser explorado
Segundo as fontes consultadas por nossa reportagem, a versatilidade estética desse material explica a razão de seu uso crescer no País nos últimos tempos. Ao que tudo indica, tanto os profissionais da arquitetura como os especialistas do ramo do design de interiores têm tratado o laminado com espelho como peça importante não só para a modernização, como também para a sofisticação de ambientes cuja segurança é fator essencial para as pessoas que por ali circulam. “Receber pedidos para produzir laminados com espelhos vem se tornando cada vez mais comum, justamente por serem um recurso que vai além do mero apelo decorativo”, revela César Pereira, gerente de Produção da Divinal Vidros.
Para Vinicius Moreira Silveira, diretor-executivo e financeiro da PV Beneficiadora, essa é uma solução de segurança que não demorará para se consolidar. “Nossa empresa está recebendo várias consultas sobre espelho laminado, muitas delas vindas de profissionais do setor de esquadrias e de vidraceiros, a pedido dos próprios arquitetos”, salienta.
Reflexos no mercado
E a atenção a esse produto não surge por acaso: sua versatilidade garante a pluralidade em seu uso. Na prática, temos um item capaz de promover a integração de ambientes sem abrir mão da segurança em prol da estética. Isso porque um espelho monolítico comum quebra de forma semelhante ao float, em cacos grandes que podem gerar acidentes; no entanto, o espelho laminado se comporta exatamente igual ao laminado comum: seus estilhaços ficam presos ao interlayer, permitindo que a peça seja trocada sem perigo às pessoas ao redor.

Confira onde e como estão sendo feitas essas aplicações:
- Construção civil: o laminado com espelho é comumente usado para criar efeitos visuais diferenciados, graças à presença de uma superfície refletiva. Ele pode ser aplicado em revestimentos de paredes, portas ou divisórias de residências e ambientes comerciais, como lojas, restaurantes e hotéis;
- Elevadores: a norma da ABNT para elevadores (prepare-se para seu nome extenso: ABNT NBR NM 313 – Elevadores de passageiros – Requisitos de segurança para construção e instalação – Requisitos particulares para a acessibilidade das pessoas, incluindo pessoas com deficiência) exige a presença de laminados de segurança nessas estruturas. Por isso, em caso de uso de espelhos, ele deve ser instalado no formato laminado;
- Setor moveleiro: para esse segmento, o laminado com espelho é utilizado para criar móveis com apelo estético, proporcionando reflexão e segurança aos ambientes. Pode ser aplicado em portas de armários, tampos de mesa e em outros elementos do mobiliário. O uso desse item nos móveis, assim como na construção civil, ajuda a ampliar visualmente o espaço – além de adicionar elementos de brilho e reflexão (veja mais tendências no uso de vidros em móveis em nossa reportagem de capa, clicando aqui);
- Decoração de interiores: aqui o produto pode ser aplicado em painéis decorativos, revestimentos de colunas, molduras e até mesmo, dependendo da especificidade, em detalhes de objetos decorativos. A capacidade do espelho laminado de refletir a luz e oferecer segurança em caso de quebra é aproveitada para criar ambientes mais seguros, espaçosos e modernos.
Processo familiar
Segundo Pereira, da Divinal Vidros, o processo de laminação com espelhos é praticamente igual ao da laminação com qualquer float convencional. “Não há diferenças significativas no procedimento, pois ambos envolvem a montagem de camadas de vidro com interlayer, geralmente o polivinil butiral (PVB), seguido da aplicação de pressão e calor para unir as camadas”, explica. Em relação à pintura no verso dos espelhos, responsável por proteger a camada de prata dessas peças, também não é necessário nenhum cuidado especial – deve-se, sim, prestar atenção se não existem riscos ou defeitos de fábrica, o que pode interferir no aspecto visual.
Um espelho laminado normalmente é formado de:
- Espelho + interlayer + float;
- Porém, pode ser laminado com as duas faces espelhadas (espelho + interlayer + espelho). Nessa opção, é preciso se atentar ao alerta de Douglas Alves, representante técnico da Eastman: “Os interlayers são formulados de acordo com a composição química do vidro. Como a composição das tintas do verso do espelho varia dependendo da fabricante, pode ser que algumas não sejam compatíveis com o interlayer escolhido”. Por isso, testes devem ser realizados para avaliar a compatibilidade entre os materiais.
É possível ainda oferecer cores à solução, com uso de interlayers coloridos ou mesmo vidros coloridos na massa.
O que dizem as normas?
Veja algumas das normas técnicas relevantes para o tema:
- ABNT NBR 14697 — Vidro laminado: estabelece os requisitos de processamento de vidros laminados e laminados de segurança, independentemente dos materiais usados na sua composição, como espelhos ou outro tipo de vidro. Ela é responsável por definir os critérios de qualidade, resistência a impactos, segurança e outros aspectos relevantes para o produto, tendo sido recentemente revisada (veja mais informações na seção “Por dentro das normas”, clicando aqui);
- ABNT NBR 7199 — Projeto, execução e aplicação do vidro na construção civil: principal norma sobre vidros no País, determina os critérios para o uso do vidro e espelhos na construção civil, como especificações técnicas, requisitos de segurança e recomendações de instalação (folgas, calços etc.). Importante: a ABNT NBR 7199 não aborda a aplicação do espelho laminado de forma direta. O espelho laminado é uma opção para o especificador quando o vidro laminado de segurança é exigido para a aplicação e o cliente também deseja os efeitos estéticos que o espelho oferece.

Crédito da foto de abertura: Dariusz Jarzabek/stock.adobe.com
Caleidoscópio – maio 2023
DADOS & FATOS
Desaceleração industrial no mundo…
A edição da Carta Iedi publicada no final de abril pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) alerta que, segundo os dados recentemente divulgados pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a desaceleração da indústria de transformação no final do ano passado foi vista em quase todo o mundo. Na comparação com o período anterior, já descontados os efeitos sazonais, o resultado foi de -0,3% no quarto trimestre de 2022, anulando metade do crescimento visto no terceiro trimestre.
…e no Brasil
Segundo a publicação, nosso país pisou ainda mais forte o freio, registrando, no quarto trimestre do ano passado, um patamar de declínio industrial de 0,8% na comparação com o trimestre anterior – uma queda quase três vezes mais intensa do que a do total mundial. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, a indústria de transformação nacional cresceu apenas 0,8%, enquanto a global subiu 1,5%.
Causas e desafios
Além da guerra na Ucrânia, contribuíram para esse cenário a alta da inflação e a piora das condições de crédito, devido à alta das taxas de juros em muitos países. A indústria global ainda enfrenta desafios diversos, como preços crescentes de energia, elevação das taxas de juros globais e perturbações persistentes na cadeia de suprimentos de matérias-primas e bens intermediários, enfraquecendo a confiança e elevando a incerteza.
No sentido contrário
A indústria mundial de tecnologia foi exceção, pois, de acordo com os dados divulgados pela Unido, ela continuou evoluindo positivamente e acima do agregado do setor. Em comparação com o quarto trimestre de 2021, essa parcela da indústria de transformação (considerando o segmento de média-alta e alta intensidade tecnológica) cresceu 3,6%, ou seja, mais do que o dobro do total global (1,5%). A recuperação do setor automotivo e a expansão consistente de equipamentos elétricos contribuíram para esse desempenho.
FIQUE POR DENTRO
Vidro biodegradável
Em um estudo publicado em março na revista Science Advances, uma equipe de cientistas do Instituto de Engenharia de Processos da Academia Chinesa de Ciências descreve como eles projetaram o que chamam de vidro biodegradável, feito de aminoácidos ou peptídeos. A ideia é que esse material tenha um impacto menor no meio ambiente do que o vidro convencional – que, embora possa ser reciclado sem perdas no processo, não se decompõe no meio ambiente e pode permanecer em aterros sanitários por milhares de anos. Os pesquisadores testaram a exposição de pequenas contas desse vidro biodegradável a enzimas: aquelas feitas de aminoácidos se decompuseram depois de apenas dois dias, já as de peptídeos foram decompostas em cerca de cinco meses. Yan Xuehai, professor envolvido no estudo, disse em comunicado à imprensa que “o vidro biomolecular está atualmente em estágio de laboratório e longe da comercialização em larga escala”.

RETROVISOR
Crescimento nacional
Em 1986, a Cebrace anunciou sua decisão de construir a 2ª fábrica de float no Brasil, de modo a acompanhar a expectativa da crescente demanda pelo nosso material no País. A notícia foi publicada nas páginas da edição de maio daquele ano de O Vidroplano, apontando que a iniciativa da empresa contribuía para a constituição de um parque industrial nacional moderno e competitivo – a segunda unidade foi inaugurada em 1989 em Caçapava (SP). Hoje, a Cebrace conta com cinco plantas.