Saiba qual o momento ideal para trocar sua lapidadora

A importância da lapidação para uma peça de vidro só é percebida quando ela está instalada. Seja em tampos de mesa, portas de boxes ou guarda-corpos, o acabamento das bordas ajuda na percepção de valor agregado ao nosso material. Mas isso só será possível se as lapidadoras estiverem em boas condições de uso.

O Vidroplano iniciou no mês passado uma série especial que ajudará as beneficiadoras em um dilema: quais são os sinais de que seus maquinários precisam ser trocados? Nossa redação contatou fabricantes para entender melhor o funcionamento desses equipamentos, além de conversar com um especialista no assunto. Este mês o tema é lapidadora – na sequência, passaremos pelos demais processos até chegar à têmpera, em maio.

Imagem: Amorim Leite
Imagem: Amorim Leite

Os temas da SÉRIE ESPECIAL
– Fevereiro: Mesas de corte
MARÇO: LAPIDADORAS
– Abril: Lavadoras
– Maio: Fornos de têmpera

Boas práticas garantem bom desempenho
Assim como apontado no mês passado, na 1ª parte do especial, vale sempre reforçar a principal orientação de Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, para as processadoras interessadas em adquirir maquinários: características como tipo, tamanho, capacidade e acessórios dos equipamentos não devem estar de acordo com o porte da empresa, mas sim com o tipo de produção dela – ou seja, quais mercados ela atende, quais vidros produz.

Imagem: Amorim Leite
Imagem: Amorim Leite

Voltando às lapidadoras, a correta definição dos parâmetros técnicos do processo de lapidação está entre as principais questões em relação à conservação dessas máquinas. “A falta de calibragem e regulagens pode levar a desgastes, assim como a falta de um sistema de manutenção prescritiva (que analisa as condições de funcionamento da máquina) e preventiva (que busca estar próximo das condições de fábrica), sendo realizada apenas a chamada manutenção corretiva (consertar algo já quebrado), geralmente feita de forma emergencial e onerosa para a empresa”, explica Cláudio, reconhecido como uma das maiores autoridades em transformação de vidro em nosso país.

Uma ação muito danosa é acelerar o trabalho das lapidadoras sem atender os pressupostos acima, como se isso pudesse resolver problemas no desempenho causados por mau uso. Cláudio alerta: “Aumentar a velocidade, sem atuar primeiro nos demais problemas, apenas faz aumentar as perdas, o retrabalho e as quebras, além, claro, da degradação dos componentes”.

Para evitar tudo isso, a processadora precisa investir tempo para a criação de procedimentos operacionais padrão – a serem seguidos durante todas as etapas do beneficiamento – e também de um sistema profissional de gestão industrial. Somente assim será possível atingir boa performance e preservar os bens ao mesmo tempo.

Comprar nova ou reformar a antiga?
A obsolescência dos componentes é um dos primeiros fatores a serem levados em conta – apesar de lapidadoras serem equipamentos robustos, como afirma Ricardo Costa, diretor-comercial da GlassParts: “Geralmente essas máquinas têm vida útil muito boa, mesmo sendo muito exigidas na produção. Mas, para isso se tornar realidade, é necessário realizar as devidas manutenções e ter os devidos cuidados”.

E mesmo se alguma peça estiver avariada, a reforma surge como opção válida. “Quando a máquina tem poucos anos de existência, o upgrade deve ser suficiente. Porém, equipamentos mais antigos podem não ser compatíveis com tecnologias recentes”, aponta Mauro Faccio, gerente-regional de Vendas da Bottero. Os componentes mecânicos de uma lapidadora duram mais tempo do que os eletrônicos. Sistemas operacionais e softwares, por exemplo, têm ciclo de vida menor e precisam ser atualizados mais vezes.

Na prática, as máquinas duram bastante tempo. “Em se tratando da obsolescência tecnológica no mercado vidreiro, ela ocorre em um período relativamente maior do que em outros setores”, explica Cláudio Lúcio. O problema, como já mostrado, está nas boas práticas de uso. “A conservação tem papel importante: como mencionado, a ausência de preservação obriga o empresário a trocar seus equipamentos em curto prazo, de três a cinco anos”. Caso sejam cuidados corretamente, podem passar bastante desse tempo.

Imagem: Thiago Borges
Imagem: Thiago Borges

Avaliando a lapidadora
Reformar a lapidadora é muito melhor do que perder pedidos e dinheiro. Ricardo Costa, da GlassParts, reforça: “Observamos por diversas vezes clientes com equipamento parado justamente por falta de peças ou devido ao custo alto de manutenção”.

Alguns tópicos devem ser analisados para se saber a real necessidade de reforma ou troca da lapidadora, incluindo a disponibilidade de peças sobressalentes e de atualizações para softwares por parte das fabricantes dos equipamentos, além de outros aspectos, como a otimização das interfaces de controle. “Caso não se possa garantir isso, as processadoras deveriam considerar a aquisição de um equipamento novo”, indica Giorgio Martorell, gerente de Vendas da Lisec para a América Latina.

Imagem: Amorim Leite
Imagem: Amorim Leite

São vários os cenários nos quais trocar peças não basta, sendo preciso adquirir um maquinário novo em folha. “A maior necessidade de compra está ligada ao aumento de produção”, comenta Mauro Faccio, da Bottero. Para Silvia Villa, do Departamento de Marketing da Schiatti Angelo, empresa representada no Brasil pela GR Gusmão, a processadora deve se questionar a respeito do modelo ideal. “Uma pergunta a ser feita é: ‘quero uma máquina com a mesma performance da atual ou uma que entregue mais produtividade?’” Tudo vai depender do tipo de produção, como já comentado anteriormente. No fim, é importante ouvir uma dica preciosa de Silvia: “É tempo de pensar em uma nova máquina quando a sua não é mais uma fonte de renda, mas sim um custo”.

Critérios para escolher um modelo
De acordo com as fontes consultadas para esta reportagem, aqui estão alguns pontos de relevância no momento de pesquisar as opções oferecidas no mercado:

– Capacidade de integração com os demais processos;

– Flexibilidade do setup entre as peças. “As novas lapidadoras podem trabalhar com vidros de espessuras e formatos diferentes, realizando setups individuais automáticos entre cada peça, sem precisar de trocas de ferramentas nem ajustes manuais”, aponta Giorgio Martorell, da Lisec;

– Necessidade de trabalhar com vidros modelados – nesse caso, uma lapidadora vertical seria uma boa escolha;

– O tamanho dos vidros a serem produzidos;

– A economia de mão de obra gerada com a máquina nova;

– Tipo de acabamento de borda – isso irá variar de acordo com o cliente, pois vidros aparentes precisam de polimento, já os encaixilhados necessitam da chamada “lapidação industrial”;

– Como é o serviço técnico e o suporte remoto oferecido pela fabricante.

Tecnologias imprescindíveis
Atualmente, encontram-se linhas enormes de lapidação, equipadas com robôs para a movimentação do vidro – o que praticamente dispensa o contato humano com nosso material durante o beneficiamento. Embora nem todas as processadoras precisem de soluções de grande porte como essa, existem tecnologias imprescindíveis para uma lapidadora moderna. Confira as principais:

– Carregamento e descarregamento automático;

– Identificação, separação e transferência para linhas dedicadas com ou sem furação/recorte (como linhas para peças de boxes de banheiros, por exemplo);

– Integração com sistemas de gestão (ERP);

– Sistema de compensação para administrar o desgaste dos rebolos;

– Ajuste automático da velocidade de trabalho de acordo com a espessura dos vidros, entre outras.

Retilínea ou bilateral?
As lapidadoras retilíneas verticais (que trabalham em um lado da peça por vez) e as bilaterais (dois lados simultaneamente) são os modelos mais comuns encontrados em processadoras brasileiras. Como escolher?

“Para a produção de vidros com formatos diferentes, e em pequenas quantidades, as linhas retilíneas verticais são as recomendadas”, opina Silvia Villa, da Schiatti Angelo. Já para a produção em série de peças com as mesmas dimensões, as bilaterais são a melhor escolha, sendo indicadas para vidros destinados ao setor moveleiro ou a grandes obras da construção civil. A produtividade é um fator essencial para os maquinários desse tipo.

Soluções do mercado
A seguir, conheça modelos oferecidos por alguns fabricantes de lapidadoras com atuação no Brasil. Todas as empresas citadas contam com soluções para diferentes tipos de produtividade (pequeno e grande porte). Abaixo estão apenas alguns dos equipamentos comercializados por elas.

 

Victralux (Bottero)
– Linha de retilíneas verticais composta por cinco modelos.

Display digital e monitor touch screen permitem regular com precisão a abertura das pinças e controlar constantemente a velocidade de lapidação;

– Guias e rolamentos das pinças protegidos por sistema de guarnições, que evita a infiltração da água de lapidação.

 

GP09/ZM9 (Enkong, distribuída pela GlassParts no Brasil)
– Retilínea vertical para nove rebolos do tipo copo;

– Trabalha vidros de 3 a 25 mm;

Design especial da seção de alimentação controla a quantidade desejada de remoção do vidro sem necessidade de ajustar cada rebolo individualmente.

 

KSD-A (Lisec)
– Linha vertical para trabalho em vidros jumbo (filete e lapidação industrial);

– Configuração flexível permite processar vidros de diferente espessura sem troca nem ajuste das ferramentas;

– Tecnologia LiTEC Slider reconhece e corrige quaisquer imperfeições na borda do vidro.

 

BFP 35 (Schiatti Angelo)
– Bilateral indicada para empresas de produção de tamanho médio a grande;

– Conta com sistema de ajuste independente dos rebolos diamantados e ajuste automático dos de polimento;

– Sistema de refrigeração a água em circuito fechado.

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Parceria com especificadores é essencial para vidraçarias

Esta seção sempre traz dicas para o vidraceiro conquistar novos clientes e fidelizar aqueles que já tem. Só que nem sempre os compradores são os usuários finais dos produtos: muitas vezes, as oportunidades de negócios estão nos especificadores do material, como arquitetos, designers de interiores e engenheiros.

Sua vidraçaria já é parceira de algum desses profissionais? Entenda por que essa aproximação é extremamente vantajosa para ambas as partes e como procurá-los para estreitar o relacionamento com eles.

Troca de conhecimentos
Segundo Fernanda Lisot Krentkowski, administradora da Pádua Vidraçaria e Esquadrias de Alumínio, localizada em Lucas do Rio Verde (MT), município distante cerca de 300 km de Cuiabá, a aproximação dos vidraceiros com os especificadores é de fundamental importância para o correto uso desses produtos em um projeto. “Podemos afirmar que arquitetos, designers e engenheiros têm conhecimento abrangente sobre todos os aspectos que envolvem a construção civil, enquanto vidraceiros contam com conhecimento focalizado e profundo em vidros – sendo assim, essa parceria resulta na assertividade da especificação”, afirma Fernanda.

Palestrante sobre o tema Gestão de relacionamento: estratégias que utilizo com os arquitetos que ajudam minha empresa a vender mais no 4º Simpósio Brasileiro da Indústria de Esquadrias (Simbrie), em 2021, Fernanda destaca ainda o alinhamento em relação à definição correta dos produtos escolhidos para uma obra. Isso permite ganhos como:

– Fidelidade de execução do projeto;

– Prevenção de retrabalho;

– Redução de riscos para o cliente ao evitar o uso incorreto do vidro;

– Igualdade na concorrência dos orçamentos entre vidraçarias, já que todos os fornecedores orçam o mesmo produto.

Essa convergência também é percebida pelos especificadores. “O relacionamento próximo com a vidraçaria ajuda tanto na especificação como na medição e até na negociação do prazo de entrega quando temos um projeto mais urgente”, declara a designer de interiores Patricia Pasquini. Monise Carvalho, arquiteta especializada em vídeos e mídias sociais para vidraçarias, acrescenta: “Não há ninguém melhor do que uma vidraçaria de confiança para nos dizer tudo que é necessário para o resultado desejado. Conversar com o vidraceiro durante o projeto facilita a escolha das soluções e, principalmente, abre a cabeça para se conhecer o que há de mais atual no mercado”, frisa Monise, também responsável pelo blog All About That Glass.

Os dois caminhos rumo ao especificador
Fernanda Krentkowski destaca que faz parte da nossa essência como pessoa nos relacionarmos uns com os outros buscando algum objetivo ou benefício. E as relações de venda não são exceção. Assim, para que a vidraçaria traga o especificador para perto de si, é preciso que ele perceba algum ganho ou solução de problema. Para isso, há duas maneiras:

1- Agregando conhecimento, informação e novidades ao especificador: pode-se fazer isso por meio de ações como workshops, envio de amostras de lançamento, abertura de um canal direto e facilitado na empresa para tirar dúvidas, prioridade no atendimento dos clientes desse profissional e postagens de divulgação nas redes sociais que incluam o seu nome, entre outras;

Imagem: Carlos Piratininga
Imagem: Carlos Piratininga

2- Por meio de programas de pontuação para especificadores: a vidraçaria paga a esses programas um valor mensal ou de acordo com seu faturamento e, ao final de um período predeterminado, os profissionais que mais especificaram ganham prêmios como viagens, troféus, carros etc.

Algumas empresas seguem outra prática, a de Reserva Técnica, uma comissão financeira paga por fornecedores de produtos e lojistas aos especificadores para que indiquem a empresa junto a seus clientes da área da construção. Contudo, Fernanda alerta que se trata de uma prática ilegal: “A Lei 12.378/2010, que regula o exercício da arquitetura e urbanismo no Brasil, caracteriza, no Artigo 18, como infração disciplinar o ato de ‘locupletar-se ilicitamente, por qualquer meio, às custas de cliente, diretamente ou por intermédio de terceiros’”.

Imagem: Rafael Renzo
Imagem: Rafael Renzo

O que um especificador quer?
A arquiteta Cristiane Schiavoni, de São Paulo, considera que cada especificador tem um grau de exigência. “No meu caso, o primordial é a qualidade técnica: não temos como trabalhar com um fornecedor cujo produto depois vai causar problemas.” Outra questão importantíssima de acordo com a arquiteta é o cumprimento de prazos, desde o envio de orçamento, passando pela entrega do produto, e depois no pós-venda.

É essencial estar sempre em contato com os especificadores e mostrar as novidades de produtos, soluções e acabamentos, explicando o que é e o que não é possível realizar. “Para se tornar uma referência, você precisa trazer informações relevantes para os projetos que esse profissional idealiza e executa. Busque novidades e tendências de mercado para ter assuntos novos e despertar o interesse dele”, aconselha Monise Carvalho.

Um ponto essencial para o trabalho é a atenção dedicada ao atendimento. Isso inclui o pós-venda: é importante saber que a vidraçaria dedicará a mesma qualidade no contato com o usuário final. “Assim, ele deixa de ser um cliente apenas meu e passa a ser também da vidraçaria”, destaca Cristiane.

Dicas para se aproximar dos especificadores:
– Desenvolva suas habilidades de relacionamento interpessoal (comunicação, objetividade etc.);

– Trabalhe sua imagem ou a de quem for fazer o contato – arquitetos e designers são profissionais extremamente visuais;

– Seja agradável, sorria e seja simpático sem ser inconveniente;

– Leve amostras: os especificadores gostam muito de apresentá-las aos clientes;

– Se for visitar o profissional em seu escritório, tente, primeiro, agendar por telefone, e-mail ou WhatsApp;

– Se tiver abertura e perceber que existe interesse, ofereça um workshop sobre vidros.

“Ao perceber que o profissional não está interessado, saiba que não será por meio da insistência que ele se tornará parceiro de sua empresa. Respeite, mas não deixe de enviar de vez em quando alguma amostra ou catálogo da empresa”, aconselha Fernanda Krentkowski, da Pádua Vidraçaria.

Ter uma rede social ativa também faz toda a diferença, pois permite que o especificador veja seu trabalho. “Hoje, o Instagram é uma ferramenta importante para a prospecção, permitindo mostrar trabalhos realizados e lançamento de produtos. Isso faz com que os arquitetos se identifiquem com o nosso trabalho”, explica André Alves, sócio-diretor da vidraçaria paulistana Alto da Lapa Vidros.

Importante: ao publicar fotos de uma obra realizada, não deixe de marcar o especificador, pois “quem vir o post perceberá que aquela vidraçaria sabe trabalhar com arquitetos, ler um projeto e fazer coisas diferentes”, salienta Cristiane Schiavoni.

Imagem: JP Image
Imagem: JP Image

Parcerias de sucesso
Conquistar um especificador pode não ser uma tarefa fácil – mas, quando isso acontece, o relacionamento tende a ser bastante duradouro e proveitoso para ambas as partes.

“Trabalho há 15 anos com a mesma vidraçaria, a Silvestre Vidros. Como a conheci por meio de um condomínio no qual já estava fazendo vários trabalhos, achei mais conveniente naquele momento contratá-la. No final, gostei tanto do atendimento que estou com ela até hoje”, conta Patricia Pasquini. Por sua vez, Monise Carvalho afirma ter uma excelente parceria com a vidraçaria Casa Glass Brasília.

Outro case de sucesso é o da Alto da Lapa Vidros e arquiteta Cristiane Schiavoni. “Há cerca de 12 anos, a Cristiane estava com uma grande obra em Arujá (SP). Nós havíamos vendido anteriormente um tampo simples para um projeto dela bem específico, com o Ebony Diamond da Guardian, material que não tinha sido encontrado na vidraçaria que a atendia”, conta André Alves. “Foi então que assumimos a obra e fizemos um cronograma definindo os itens mais importantes que precisavam ser entregues com urgência. Tudo se encaixando e acabamos nos responsabilizando por todo o fornecimento dos vidros da obra. Foi o início de uma grande amizade e parceria pautadas no respeito e trabalho que se estendem até hoje.”

Cristiane também é parceira da Casa Mansur, de São Paulo, cujo trabalho conheceu por meio de um cliente. “Tenho uma parceria muito firme e forte com essas duas empresas, primeiramente pela qualidade do trabalho, mas também por uma abertura que existe com ambas, desde a área comercial, passando pela parte técnica e pessoal de instalação.”

Fernanda Krentkowski, da Pádua Vidraçaria e Esquadrias de Alumínio, aponta que uma boa sinergia entre os dois lados sempre rende bons resultados. “Um dos nossos projetos que mais fizeram sucesso até hoje é um janelão muxarabi, com sistema de abertura camarão e esquadrias de alumínio com aparência amadeirada. A instalação foi concebida pela arquiteta Janine Girotto que, desde o início, entrou em contato para que a orientássemos sobre a possível execução para aquela ideia. O resultado final ficou exatamente como o esperado”, testemunha Fernanda.

Aproximando os dois elos
Cientes da importância da relação próxima que o nosso setor precisa ter com os especificadores, as entidades vidreiras regionais frequentemente promovem iniciativas em seus respectivos Estados:

Adevibase-BA/SE: durante anos a associação realizou treinamentos técnicos e workshops com palestras sobre especificações. “Consideramos importante a profissionalização técnica do vidraceiro, de modo que eles valorizem o mercado, conhecendo e aplicando o conteúdo das normas técnicas nas obras executadas”, afirma Antônio Carlos de Almeida, presidente da entidade;

Adivipar-PR: conta com eventos itinerantes que buscam unir esses profissionais para que, juntos, possam oferecer a mais correta solução ao usuário final. “Talvez a melhor forma de entender o resultado desse trabalho é perceber o consumo crescente de produtos com valores agregados. Há um longo caminho pela frente, mas os primeiros passos já foram dados”, avalia Lucas Bremm Oliveira, dirigente da Adivipar.

Amvid-MG: juntamente com o Sinvidro-MG e em parceria com outros órgãos, a associação mineira desenvolve o Tecnovidro e o Seminário de Vidros e Esquadrias. “Em ambas, além do conhecimento, são promovidos coffee-breaks e happy hours a fim de estimular a aproximação entre os públicos. Ao final de cada ação, sempre recebemos retorno positivo quanto à ampliação dos contatos”, relata Geraldo Vergilino de Freitas Júnior, presidente da Amvid e vice-presidente do Sinvidro-MG.

Ascevi-SC: em outubro de 2021, a entidade catarinense organizou o evento Vidro de Cinema, em Chapecó, reunindo os dois segmentos – e o tema escolhido foi Especificação dos Vidros Conforme as Normas da ABNT. “Precisamos elaborar mais ações como essa, dando continuidade ao trabalho da Ascevi na aproximação entre o especificador e o vidraceiro”, aponta Samir Cardoso, diretor da entidade e presidente do Sindicavidros-SC.

Sinbevidros-SP: o sindicato paulista está em tratativas com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para desenvolver ações que possam levar mais conhecimento para todo o segmento. Para a diretoria do Sinbevidros, só teremos um mercado vidreiro maduro se as entidades de classe despertarem o interesse do consumidor final por meio das informações técnicas.

Sindividros-ES: o Encontro de Capacitação em Vidro (Comvidro) reúne especificadores, profissionais vidreiros e consumidores finais para conhecer mais sobre o potencial e as possibilidades do material na arquitetura e na construção civil. “Percebemos com isso maior aproximação do sindicato aos especificadores, o que nos permite mostrar o quão nobre e versátil é o vidro e aumentar seu uso na arquitetura”, considera Gilney Calzavara Júnior, presidente do sindicato.

Sindividros-RS: o sindicato gaúcho conta, desde 2017, com uma série de ações de treinamento e desenvolvimento de mercado direcionadas para esses dois segmentos. Os resultados desses eventos são percebidos no setor: “Notamos os especificadores mais interessados em conhecer e se aprimorar a respeito do vidro, e também o aumento de interesse dos vidraceiros em se especializar e treinar suas equipes”, observa o presidente Rafael Ribeiro.

Crédito da imagem de abertura: BortN66/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Antidumping de espelhos é renovado

O Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) renovou o direito antidumping definitivo aplicado às importações de espelhos não emoldurados originárias da China e do México pelo prazo de até cinco anos. A decisão está em vigor desde 17 de fevereiro, quando foi publicada a Resolução Gecex Nº 302 no Diário Oficial da União.

Os espelhos não emoldurados são classificados no subitem 7009.91.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Vale observar que esse direito antidumping não se aplica a alguns tipos de espelho, como os bisotados (bisotê), chanfrados, redondos e ovalados, além dos processados e acabados.

Situação do México
Com relação às importações oriundas do México, houve a prorrogação do direito antidumping, porém com imediata suspensão, em razão da existência de dúvidas quanto à provável evolução das importações vindas desse país. Por ora, a cobrança do direito antidumping aplicado ao México ficará suspensa, mas poderá ser retomada caso haja aumento das importações oriundas de lá, em volume que possa levar à retomada do dano à indústria brasileira, explicam Marina Takitani e Leonardo Gioachini de Paula, membros da equipe de comércio internacional do escritório Nasser Advogados.

Entenda o caso
Em março de 2015, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) decidiu iniciar a investigação para apuração da prática de dumping e dano dela decorrente nas exportações para o Brasil de espelhos não emoldurados da China e do México, a pedido da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro).

No dia 17 de julho daquele ano, o MDIC anunciou determinação preliminar de que houve tal prática. Apesar disso, optou-se por não aplicar o direito antidumping provisório até o final das investigações. Em 19 de fevereiro de 2016, o processo foi encerrado, com a conclusão de que houve dumping causador de dano à indústria nacional. Decidiu-se então pela aplicação do direito antidumping definitivo a essas importações. “Graças a isso, a indústria brasileira pôde se estruturar, sem deixar de oferecer produtos de qualidade ao consumidor”, comenta Lucien Belmonte, presidente executivo da Abividro.

Alíquotas
O direito será recolhido sob a forma de uma alíquota específica, nos valores abaixo:

 

*Prorrogação com imediata suspensão, nos termos do art. 109 do Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013

Vidros automotivos
Foi iniciado também o procedimento de revisão do direito antidumping de vidros automotivos, em vigor desde 2017. O processo de análise vai durar dez meses, com possibilidade de prorrogação para mais dois meses. Durante a revisão, o direito antidumping continua valendo.

O que é dumping?
O dumping é uma prática comercial que consiste na exportação de um produto a um preço inferior àquele que é cobrado no mercado doméstico do exportador, o que pode causar danos à indústria do país importador. Quando há comprovação da prática de dumping e do dano dela decorrente, é possível aplicar medidas antidumping, com o objetivo de neutralizar os efeitos danosos à indústria nacional causados pelas importações.

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Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

ABNT/CB-37 inicia análise para convergência regulatória

Com o objetivo de facilitar o comércio de componentes para automóveis entre o Brasil e a Argentina, está sendo desenvolvido um trabalho de convergência regulatória envolvendo os dois países. Como o vidro é um dos elementos contemplados por esse trabalho, o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT CB-37), responsável pela elaboração e revisão das normas do nosso setor, foi convidado a integrar o grupo que trabalha na avaliação da normalização e regulamentação desses componentes.

Consulta ampla às normas…
Dentro das atividades de convergência regulatória, o ABNT/CB-37 fará uma análise das normas para vidros automotivos do Brasil e da Argentina, buscando as diferenças entre elas em relação aos requisitos e métodos de ensaio. A partir disso, será iniciada a avaliação conjunta dos países em busca da possível harmonização dessas normas. A primeira reunião da comissão de estudos, no início de março, contou com a participação dos fabricantes de vidros automotivos e de organismos de certificação.

Diversos documentos técnicos estão sendo utilizados como base para os trabalhos. Além da norma ABNT NBR 9491 — Vidros Automotivos – Requisitos, também estão sendo considerados os ensaios das seguintes:

ABNT NBR 9504 — Vidros de segurança – Determinação da distorção óptica;

ABNT NBR 9503 — Vidros de segurança – Determinação da transmissão luminosa;

ABNT NBR 9502 — Vidros de segurança – Determinação da resistência à umidade;

ABNT NBR 9501 — Vidros de segurança – Ensaio de radiação;

ABNT NBR 9499 — Vidros de segurança – Ensaio de resistência à alta temperatura;

ABNT NBR 9498 — Vidros de segurança – Método de ensaio de abrasão;

ABNT NBR 9497 — Vidros de segurança – Determinação da separação da imagem secundária;

ABNT NBR 7334 — Vidros de segurança – Determinação dos afastamentos quando submetidos à verificação dimensional e suas tolerâncias – Método de ensaio;

ABNT NBR 9494 — Vidros de segurança – Determinação da resistência ao impacto com esfera;

ABNT NBR 9492 — Vidros de segurança – Ensaio de ruptura – Segurança contra estilhaços;

ABNT NBR 9493 — Vidros de segurança – Determinação da resistência ao impacto com phanton

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Imagem: Vershinin89 – Freepik.com

 

…e a regulamentos e leis nacionais e internacionais
“Além dessas normas, temos também a Resolução Nº 254/07 do Contran [Conselho Nacional de Trânsito], que estabelece requisitos para os vidros de segurança e critérios para aplicação de inscrições, pictogramas e películas nas áreas envidraçadas dos veículos automotores; e ainda o Regulamento n° 34 do Inmetro, de 2021, que estabelece a certificação compulsória para os vidros e o seu processo”, explica Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro.

Clélia reforça que, como se trata de uma convergência regulatória com outro país, os documentos análogos da Argentina, como seus regulamentos e leis, também serão consultados para avaliação das diferenças existentes entre eles, bem como se essas diferenças podem ser harmonizadas. Vale destacar que, assim como outros trabalhos desenvolvidos pelo ABNT/CB-37, as reuniões para essa iniciativa também são abertas e, portanto, todos os interessados podem participar.

Crédito da imagem de abertura: Navintar – Freepik.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Uma relação de milênios

Desde a descoberta do vidro há cerca de 4 mil anos, a humanidade construiu uma relação bem próxima a esse material – até mesmo mística. Confira alguns momentos especiais nesse sentido.

– Na Mesopotâmia, por volta de 1400 a 1200 a.C, as “receitas” de vidro eram escritas em pedras. Quando um forno para essa tarefa (uma estrutura bem rudimentar, na verdade) ficava pronto, faziam-se rituais para celebrar a conquista, incluindo sacrifícios de animais. Atualmente, o acendimento de fornos em planta pelo mundo mantém uma simbologia de festividade – muito mais ordeira e sem sangue. Fabricar vidro continua sendo mágico;

– No Egito antigo, o vidro era encarado não apenas como uma inovação tecnológica, mas também, conforme indicam inúmeras descobertas arqueológicas, um testemunho da capacidade de criação dos faraós e uma prova de sua natureza divina. A tumba de Amenhotep II, encontrada no Cairo, por exemplo, continha mais de 70 vasos feitos do material;

– Na China, a escolha de cores para itens de vidro não era arbitrária: seguia regras específicas e representava significados profundos, sendo baseada na teoria dos cinco elementos (fogo, água, madeira, metal e terra);

– Já na Idade Média até o Iluminismo, o processo de fabricação de vidro se tornou interesse de alquimistas europeus (espécie de cientistas ancestrais, antes do surgimento da química moderna). Eles misturavam metais a peças envidraçadas, como taças, copos e outros utensílios, a fim de colori-las.

* Texto baseado na apresentação de Dedo von Kerssenbrock-Krosigk, diretor do Museu do Vidro, parte do Museum Kunstpalast, na Alemanha, durante a cerimônia oficial de abertura para o Ano Internacional do Vidro, na ONU

A presente seção, “Ano Internacional do Vidro”, celebrando a trajetória de nosso material e sua importância para a história humana, é uma contribuição de O Vidroplano ao Ano Internacional do Vidro, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2022.

Crédito da imagem de abertura: monkographic/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Norma determina marcação de termoendurecidos

A norma ABNT NBR 16918 — Vidro termoendurecido, publicada em novembro de 2020, apresenta os requisitos para o processo de fabricação desse tipo de vidro. Um deles, bastante relevante, diz respeito à marcação do produto. Saiba a seguir como ela deve ser feita e entenda sua importância para garantir a segurança do material.

Características
A ABNT NBR 16918 estabelece que toda peça de termoendurecido deve ser marcada com a identificação do fabricante de forma indelével – isto é, ela não pode se soltar do vidro – e permanente.

A marcação deve conter:

– A identificação do fabricante, podendo ser a logomarca, o nome ou ambos;

– A identificação do tipo de vidro com o texto “Vidro Termoendurecido” ou a sua abreviação “VTE”. Também é permitido utilizar “HS”, abreviação do nome do produto em inglês (heat strengthened glass).

Outras informações podem ser acrescentadas, caso haja um acordo entre o fornecedor e o cliente. A norma orienta que a marcação de identificação permanente deve ser aplicada próximo a um dos cantos da peça, de forma que fique visível quando for instalada. Apesar disso, a ABNT NBR 16918 permite que seja em outro local do vidro, sendo visível ou não, desde que isso seja acordado entre as partes (caso o cliente solicite ao processador que a aplicação seja em local não visível, por exemplo).

Vale destacar que é essa marcação que permite identificar o vidro como termoendurecido, ajudando a diferenciá-lo de uma peça comum ou temperada. Assim, ela indica se o material correto foi utilizado na aplicação pretendida.

A marcação em outros tipos de vidro
O termoendurecido não é o único material cuja marcação é obrigatória. A ABNT NBR 14698 — Vidro temperado determina que toda peça de temperado deve ser marcada com a identificação do fabricante de forma indelével. O objetivo, de igual modo, é ajudar a identificar o produto.

Em relação aos automotivos, eles não podem sair da fábrica sem a identificação regulamentada pelo Inmetro. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), por meio da Resolução Nº 254/07, estabelece os critérios para a aplicação de pictogramas nas peças contendo informações como índice de transmitância luminosa, marca do fabricante e o símbolo de conformidade do Inmetro. Além disso, a norma ABNT NBR 9491 — Vidros de segurança para veículos rodoviários – Requisitos determina que essa identificação deve ser colocada em local de fácil visualização no produto.

Por que marcar?
Além de ajudar na identificação de seu tipo, a marcação permite sua rastreabilidade – ou seja, identificar qual processadora o produziu.

Vale observar que isso contribui para a divulgação da empresa junto aos consumidores, mostrando que o processador confia na qualidade do seu material. Por isso, nunca deixe de aplicá-las em suas peças.

Crédito da imagem de abertura: Aleksei/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Mercado retraído preocupa

O primeiro trimestre do ano está chegando ao fim e o mercado vidreiro acompanha com preocupação o enfraquecimento da demanda por nosso material em 2022. A expectativa de que depois do carnaval a situação poderia melhorar não se verificou. A segunda rodada do novo indicador da Abravidro, o Termômetro, mostrou queda de 15,9% nas vendas (em m²) em fevereiro na comparação com o mês anterior. Pelo andar da carruagem, março não será diferente.

Os números são fundamentais para que possamos entender o momento pelo qual atravessamos, além de servirem de base para a tomada de decisão no dia a dia de nossas empresas. Por isso volto a falar da importância da participação dos processadores na pesquisa para o Panorama Abravidro. O estudo, em sua 11ª edição, é o único panorama econômico do setor vidreiro nacional. Nele estão disponíveis informações como o volume de vidros processados comercializado durante o ano (em m²); a mão de obra empregada na cadeia de processamento; a produtividade média do setor; e uma série de outros dados que, juntos, formam uma fotografia da cadeia. Por isso, participe, respondendo à pesquisa. Quanto mais empresas responderem, melhor a qualidade dos números obtidos. É bom para você, para a sua empresa e para o mercado em que todos nós atuamos.

E já que estamos falando sobre espírito coletivo e o que é bom para o segmento, são preocupantes os estragos que o excedente de matéria-prima está causando. Isso deixa um alerta em relação ao que esperar neste ano que promete muita instabilidade, com economia patinando e eleições no segundo semestre.

Vale lembrar ainda que em abril passa a valer a equiparação das alíquotas de IPI dos vidros planos, medida importante para minimizar os descaminhos do material. As dúvidas sobre a redução de 25% desse mesmo imposto, anunciada pelo governo federal no final de fevereiro, devem ser sanadas até lá, mas o tema gerou bastante debate nos últimos dias. Seguiremos acompanhando o assunto.

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Crédito da imagem: Cris Martins

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vidros à prova de bala protegem o quadro Mona Lisa

Uma das obras de arte mais populares feitas na história, Mona Lisa (também conhecida como La Gioconda) passou por diversas mãos ao longo dos séculos. Pintada pelo multiartista italiano Leonardo da Vinci por vários anos a partir de 1503, e considerada inacabada por ele próprio, já esteve no banheiro de Francisco X, rei da França, e nos aposentos do imperador Napoleão Bonaparte antes de ser incorporada ao acervo do Museu do Louvre, em Paris, no século 19.

Mas isso não a impediu de ser roubada em 1911 – e a cobertura da mídia em torno do caso teve grande influência para que a pintura se tornasse uma das mais famosas do mundo. Atualmente, um furto desse porte é impossível, pois nem dá para tocá-la: Mona Lisa fica atrás de vidros à prova de bala, livre de qualquer perigo, incluindo ataques de visitantes malucos (acredite, isso aconteceu mais de uma vez…). A seguir, confira detalhes sobre a estrutura que protege essa obra-prima da humanidade.

Renovação
Em 2019, a Sala dos Estados, local no Louvre em que o quadro está exposto, passou por uma reforma total. O objetivo era deixar o espaço ainda mais tecnológico, ressaltando a beleza da tela sem prejudicar sua conservação – afinal, um objeto com mais de 500 anos precisa ser armazenado sob condições específicas. Trocaram-se os vidros, os painéis que ficam atrás da estrutura e também sua base, feita de madeira.

A empresa responsável pelo serviço é a italiana Goppion, especialista em vitrines e soluções para exibições artísticas. Ela própria fabricara o envidraçamento antigo, instalado em 2005.

A nova estrutura foi desenvolvida após intensa pesquisa em relação a materiais que poderiam ser usados. “Trabalhamos com base em um complexo processo de horas e horas de planejamento, procedimentos e verificações intensas. Fizemos tudo que pudemos para garantir que a vitrine seja o lar ideal para Mona Lisa, um espaço seguro que pode protegê-la enquanto ainda a mantém visível para os milhões de visitantes que a visitam”, comenta Alessandro Goppion, CEO da empresa. Estima-se que, em média, cerca de 15 mil pessoas passem pela Sala dos Estados por dia.

Imagem: aylerein/stock.adobe.com
Imagem: aylerein/stock.adobe.com

 

Força bruta
O novo painel de vidro é um multilaminado imenso: tem 2,2 m de largura por 3,5 m de altura e pesa 600 kg. Como permitir a total visibilidade do quadro seria fundamental para o projeto, nosso material conta com um revestimento antirreflexo de última geração. E, apesar de ser da mesma espessura que a peça antiga, o vidro atual é mais resistente – mais uma prova do avanço da tecnologia vidreira nas últimas décadas.

Outra questão que precisava ser levada em conta era o controle climático no espaço da vitrine – excesso de umidade ou calor poderia deteriorar a pintura e sua moldura. Para resolver isso, a Goppion trabalhou em parceria com a Universidade Politécnica de Milão para a construção de um sistema com a função de estabilizar a umidade relativa e filtrar o ar dentro da estrutura. Ele é formado por duas unidades independentes e redundantes: em caso de falha de uma, a outra assume a tarefa automaticamente. Existe ainda mais um sistema, de compressão, que veda o perímetro da vitrine em vários pontos, alcançando alto nível de estanquidade.

Portanto, quer proteger algum objeto de valor inestimável ao planeta? Pode contar com o vidro.

Quadro já foi alvo de ataques
Além do histórico roubo mencionado no início desta reportagem – realizado por um italiano que, num ato considerado por ele mesmo como “patriótico”, queria devolver a obra ao país de origem –, Mona Lisa também sofreu com outros visitantes em seu lar na França.

Em 1956, uma pessoa não identificada jogou ácido nela, danificando a parte interior da tela. Nesse mesmo ano, outro ato de vandalismo: um boliviano arremessou uma pedra que descascou parte da tinta. Em ambos os casos, a obra teve de passar por um processo de restauração.

O caso mais recente é de 2009: uma turista russa jogou uma caneca na direção do quadro. Como já existia a vitrine de vidro, nada aconteceu – a não ser para a mulher, encaminhada à polícia após o incidente.

Crédito da imagem de abertura: aylerein/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Decreto traz mudanças no IPI para vidros

No dia 25 de fevereiro, o governo federal publicou o Decreto nº 10.979/2022 determinando a diminuição em 25% das alíquotas vigentes do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a maioria dos produtos da indústria nacional, incluindo vidros e espelhos. Segundo a Secretaria Especial da Receita Federal, a redução das alíquotas, já em vigor, possibilitará o aumento da produtividade industrial e maior eficiência na utilização dos recursos produtivos.

Essa mudança trouxe uma série de dúvidas para o nosso setor. A seguir, O Vidroplano apresenta as principais questões envolvendo o assunto.

Imagem: brianwhittaker/stock.adobe.com
Imagem: brianwhittaker/stock.adobe.com

 

Como ficam as alíquotas do vidro?
De acordo com o advogado Halim José Abud Neto, assessor-jurídico da Abravidro, no caso dos temperados e laminados, a alíquota passa de 10% para 7,5%. Já a do float cai de 5% para 3,75%.

Até quando essa mudança estará em vigor?
A princípio, será válida de 25 de fevereiro até 31 de março. “Essa redução diz respeito à Tabela do IPI (Tipi) atual, com vigência até o fim deste mês. A partir de 1º de abril, uma nova Tipi entrará em vigor em seu lugar”, explica Halim.

Apesar da mudança, sabe-se que a redução será mantida: a Receita Federal já informou, em comunicado no dia 7 de março, que está preparando a minuta de um novo decreto, o qual manterá a redução de 25% para as alíquotas presentes na próxima Tipi.

Como ficam as alíquotas do float e impresso?
Em 23 de dezembro do ano passado, foi publicado o Decreto nº 10.910/2021, que determinava a alteração da alíquota do IPI dos vidros float e impresso de 5% para 10%, a partir do início de abril deste ano.

Imagem: patpitchaya/stock.adobe.com
Imagem: patpitchaya/stock.adobe.com

 

“É importante deixar claro que, hoje, a alíquota desses vidros ainda é de 5%. A nova alíquota de 10% para esses produtos só entrará em vigor em abril. Então, por ora, a aplicação da redução de 25% deve ser feita sobre a alíquota atual, passando a ser de 3,75%, mas isso somente até 31 de março”, orienta Halim. A partir de primeiro de abril, a redução deverá ser aplicada sobre essa nova alíquota de 10% para float e impresso. Com isso, ela passará a ser de 7,5%, assim como no caso dos temperados e laminados.

Por dentro dos decretos
Decreto nº 8.950/2016: define a atual Tipi, com vigência até 31-3-2022;

Decreto nº 10.923/2021: estabelece a revogação da atual Tipi e a criação da nova, com efeitos a partir de 1º-4-2022;

Decreto nº 10.910/2021: equaliza as alíquotas de IPI do setor vidreiro em 10%, com efeitos a partir de 1º-4-2022;

Decreto nº 10.979/2022: reduz as alíquotas da atual Tipi em 25% para a grande maioria dos produtos da indústria nacional, incluindo vidros e espelhos.

O quinto decreto, cuja minuta está sendo preparada pela Receita Federal, deverá estender a redução de 25% para as alíquotas da próxima Tipi que entrará em vigor a partir de 1º-4-2022.

Crédito da imagem de abertura: Elnur/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Diretoria da Cebrace comenta a parada do C2

Na última semana de fevereiro, a editora de O Vidroplano, Iara Bentes, conversou com a diretoria da Cebrace sobre a reforma do forno C2, de Caçapava (SP), a ser iniciada em março. Participaram do bate-papo os diretores-executivos Leopoldo Castiella e Manuel Corrêa e também o diretor-comercial Flávio Vanderlei. Além dos preparativos para a parada da planta, a pauta incluiu a atual situação dos principais mercados consumidores de vidro, os investimentos em sustentabilidade nas fábricas do grupo e as expectativas para o Ano Internacional do Vidro.

A reforma do C2 está marcada para março. Essa data está mantida ou é possível ter algum adiamento?
Leopoldo Castiella — Está mantida. Em teoria, começa dia 8. A única preocupação, para ser sincero, é que depois do carnaval acabe tendo outro pico da Covid-19. E isso poderia trazer algum ruído para o início. Mas seria pouca coisa, algo de dias. Tudo está encaminhado. [Nota da redação: de fato, não houve imprevistos e a reforma foi iniciada no início de março.]

E quando o forno voltará a operar?
LC — São 90 dias de parada.

O que podemos esperar de impacto no abastecimento do mercado interno nesse período? Tivemos uma experiência traumática em 2017 com uma reforma parecida em outro player, o que causou desarranjo no setor.
LC — A gente se organizou para aumentar os estoques. Inclusive, dada a situação do mercado, o estoque está um pouco mais alto do que gostaríamos. Mas temos vidro para fazer frente a essa parada. E também estamos trabalhando para o início das operações do segundo forno da Vasa, na Argentina, em maio. Então, se tiver uma emergência mais para frente, a Vasa também pode ajudar. Estamos bem preparados.

Manuel Corrêa — Essa preparação é feita a muitas mãos. Inclui a área de logística, cadeia de suprimentos e direção industrial e comercial. A gente tem reuniões regulares e, desde novembro, é preparada essa transição. Temos cinco linhas, vamos parar uma e, com os estoques devidamente planejados desde o final do ano, não esperamos ter impacto em nossos clientes.

Flávio Vanderlei — Esse trabalho alinha toda a estrutura da empresa para que se possa passar por ele da melhor forma possível. Lógico que também tem fatores externos — e as movimentações do mercado nesse ponto podem ajudar ou atrapalhar. O mês de janeiro foi bem de acordo com o que tínhamos planejado, já fevereiro ficou aquém. Infelizmente, foi uma situação bastante crítica, com quedas muito robustas de 40% a 50%. Como existe aquela ideia de que o Brasil só começa o ano depois do carnaval, a gente espera que a partir da outra semana possamos ter uma situação de mercado mais equilibrada.

LC — Quando você tem uma queda rápida e inesperada do mercado, a primeira alternativa é baixar o preço, mas isso dura, aproximadamente, cinco minutos (risos), pois o concorrente reage e acabou. Agora, as verdadeiras soluções são dolorosas nesses casos. Conferir as exportações, reduzir as cargas, começar um planejamento diferente, recuperar o mix de produtos em itens que não estamos fabricando… E, como líder de mercado, a Cebrace tem responsabilidade. Seguimos trabalhando com essas alternativas. Lembrando que a Cebrace não exporta apenas para a Argentina. Independentemente do forno da Vasa, temos um caminho para seguir nos outros países da América do Sul.

FV — Tivemos várias discussões sobre o momento da parada, se dava para postergar novamente, antecipar. Depois desse histórico todo, o melhor momento é mesmo agora.

Com o novo forno da Vasa pronto, veremos uma redução do volume exportado para a Argentina?
LC — Nas três primeiras semanas de janeiro, a situação da Covid-19 na Argentina foi um desastre. Um impacto gigantesco, times de fornecedores ficaram sem 50% de seu pessoal por conta de infecções. A partir daí, traçamos um plano detalhado com os três fornecedores mais importantes dessa obra e voltamos a empurrar a data de entrega pra frente. Mas agora, por exemplo, os profissionais colocando os tijolos refratários nas chaminés estão trabalhando praticamente 24 horas.

Com a reforma, a capacidade do forno será aumentada?
LC — Esse forno tem capacidade nominal de 750 t. Mas como é um forno especializado para automotivo, trabalha numa carga inferior, pelo fato de fazer espessuras menores. Então, não vai ter aumento da capacidade.

MC — Tem ainda a questão de a planta ser preparada para reduzir as emissões de poluentes. Ou seja, estamos fazendo um esforço grande para transformar esse forno no estado da arte em termos desse assunto.

A Cebrace vai assumir algum compromisso de redução de emissões, como tem sido feito em outras plantas da Saint-Gobain pelo mundo, por exemplo?
MC — Tanto a Saint-Gobain como a NSG têm declarado seus compromissos com a redução de poluentes. Estamos dentro dessa agenda global. E isso a gente vê que é um bom negócio. Vamos aproveitar a reforma para investir nisso.

LC — Esse conceito também estará no C6 quando ele for construído. Mas não podemos revelar números de redução, por questão de confidencialidade.

E em termos de investimento para a reforma do C2, quais os valores envolvidos?
LC — A reforma custará, aproximadamente, US$ 45 milhões. São valores que incluem o reparo do forno e toda a adaptação da fábrica em relação à diminuição de emissões.

Já que o assunto foi mencionado anteriormente, alguma novidade sobre o C6?
LC — A gente está trabalhando no projeto, tendo discussões entre acionistas sobre o perfil da planta. Estamos avançando. Em relação a quando faremos o anúncio, neste momento é impossível precisar, ainda mais com as incertezas que podem aparecer no horizonte.

A indústria automotiva vem apresentando resultados ruins. Como a Cebrace vê a recuperação desse mercado para os próximos anos, ainda mais levando em consideração que o C2 atende esse segmento?
MC — O automotivo é um mercado cíclico. E este momento ruim do ciclo nem é tanto causado pela demanda, pois ela existe, tem filas enormes de gente querendo comprar automóveis. É mais uma questão de ajuste da cadeia de suprimentos, muito afetada pela pandemia – notadamente, a questão dos chips, mas não só isso. Conta também a grande crise da Covid-19 em janeiro, um mês brutal no pico de casos nas empresas automotivas. Mas acredito que seja mais uma situação de curto prazo, todo mundo está trabalhando para voltar a produzir como no passado. Sou otimista nesse sentido.

Quando vocês acreditam que se dará a retomada de crescimento do automotivo?
MC — Muito difícil dizer ainda. Inclusive no próprio planejamento para a reforma do C2 estavam essas discussões. Não vejo nada acontecendo no curtíssimo prazo. Ainda serão dois ou três meses num nível não tão baixo como em janeiro, mas nada explosivo.

E quais são as expectativas para os demais segmentos consumidores de vidro?
FV — Começando pelos mais difíceis primeiro, o varejo tem sido afetado pela queda do poder de compra, e isso atinge diretamente o setor de linha branca e moveleiro. A previsão do segmento de eletrodomésticos é de -12%, segundo o IBGE.

Em relação à construção civil, nosso maior consumidor, representando cerca de 80% de nossas vendas, começamos com uma expectativa maior para este ano. O PIB dela tinha estimativa de 4%, agora está em 2%. Em 2022, acho que não teremos o efeito positivo das pequenas reformas, como aconteceu nos anos passado e retrasado. Mas com os investimentos em construções novas, pela quantidade de dinheiro captada para a construção, a gente deve ter algum incremento na atividade já este ano e talvez nos próximos.

LC — Vale a pena acrescentar que, em relação à queda do moveleiro e linha branca, o que a gente observa nos últimos meses é algo brutal, mais de 50% de baixa.

FV — A gente vê vários clientes desses dois setores dando férias coletivas nesta época de carnaval. A distribuição desse desempenho ruim não é linear. Algumas regiões do País mostram baixa maior do que em outras regiões, mas o resultado médio é de queda importante.

Não se pode achar de forma intempestiva que tudo vai se resolver com o preço, pois o momento é bastante complicado. O volume caiu. E se o preço cair só vai agravar mais a situação.

MC — A questão é manter o equilíbrio comercial, evitar uma guerra de preços. O mercado é o mercado, a gente não consegue agir sobre ele.

FV — E os custos estão aí. Energia, commodities aumentando de valor. Não dá pra brincar com isso. É preciso muita resiliência neste momento para que possamos todos passar bem pela situação.

A Cebrace já tem ideia de quando fará movimentações em outras plantas?
MC — Temos uma parada a quente na linha de Jacareí (SP), mas é uma parada rápida, de duas a três a semanas. E o planejamento para a parada de Barra Velha (RJ), no forno C4, que será uma reforma a frio, já começou há tempos.

Há alguma data para isso?
LC — Vai ser no primeiro semestre do ano que vem, mas não temos a data definitiva.

2022 ainda é um período especial para nosso setor, por conta do Ano Internacional do Vidro. O que a Cebrace tem a comentar sobre a data?
LC — Acho que o tema mais importante sobre o Ano Internacional do Vidro é o que o Manuel comentou antes: a Cebrace tem a sustentabilidade como prioridade em nossa agenda. A mensagem para o consumidor final e para o público em geral é que o vidro, seja plano ou oco, é um material 100% reciclável. É preciso potencializar essa mensagem o máximo possível.

Uma das ações é tentar aumentar o uso de cacos nas nossas fábricas. Nesse sentido, estamos investindo em nossas plantas. Essa campanha começa primeiro com investimentos internos. Depois, a responsabilidade vai para o nosso time comercial engajar e educar os clientes para que isso se torne uma realidade. Existe pouca consciência de como deve ser feita a destinação dos resíduos, o que pode ser reciclado e como separá-los. Há ainda a contaminação disso.

Outra coisa que estamos pesquisando: encontrar uma destinação para a borra de vidro no processo de lapidação. É um pó contaminado com óleo de refrigeração, água e tudo mais. Temos uma parceria com especialistas em materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), para encontrar uma solução para isso.

Crédito da imagem de abertura: Reprodução

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Caleidoscópio – março 2022

DADOS & FATOS

Desempenho do PIB
O Produto Interno Bruto (PIB), resultado da soma dos bens e serviços finais produzidos no País, avançou 0,5% no quarto trimestre de 2021 e fechou o ano com crescimento de 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões. Esse montante faz com que fossem superadas as perdas de 2020, quando, sob o impacto da pandemia da Covid-19, a economia nacional encolheu 3,9%.

Construção e transformação
O setor da construção civil apresentou avanço de 9,7% no PIB em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual representa o maior crescimento em 10 anos. Já a indústria de transformação, apesar de ter acumulado crescimento de 4,5% no ano, perdeu tração ao longo dos meses e encerrou 2021 com queda de 6,9% no quarto trimestre ante o mesmo período de 2020.

Efeitos da guerra
Estudo elaborado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aponta para a maior pressão inflacionária no País diante do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia. O aumento das commodities, além do possível encarecimento dos fretes, pode elevar ainda mais os preços dos insumos utilizados. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também manifestou preocupação: para a entidade, a duração mais longa do conflito pode agravar alta de preços e afetar a saúde financeira de indústrias brasileiras.

Produção e confiança
De acordo com o IBGE, houve queda de 2,4% na produção industrial em janeiro deste ano em relação a dezembro de 2021. Na comparação com janeiro de 2021, a queda é ainda maior: de 7,2%. Os empresários também não estão muito otimistas: o Índice de Confiança Empresarial (ICE), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 0,5 ponto de janeiro para fevereiro deste ano. Com isso, chegou a 91,1 pontos em uma escala de 0 a 200 pontos, o menor nível desde abril de 2021.

 

FIQUE POR DENTRO

Em teste, forno da Pilkington funciona usando apenas biocombustível
A unidade da Pilkington — empresa do grupo NSG — em St Helens, cidade próxima a Liverpool, na Inglaterra, foi a primeira planta de vidros planos do mundo a acionar seu forno a partir do uso de 100% de biocombustível. A ação realizada recentemente é parte de um teste, em conjunto com a empresa de pesquisa e tecnologia Glass Futures, para encontrar alternativas sustentáveis ao tradicional gás natural. Foi utilizado por quatro dias um biocombustível feito a partir de resíduos orgânicos e que emite cerca de 80% menos dióxido de carbono do que o gás. No experimento, o forno funcionou com segurança e em plena produção, fabricando um pouco mais de 15 mil m² de vidros. Em 2021, também em um teste, a unidade de St Helens foi pioneira ao produzir nosso material usando hidrogênio como fonte de energia.

 

RETROVISOR

Mulheres no chão de fábrica
Em março de 2011, em razão do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, O Vidroplano produziu uma extensa reportagem de capa mostrando que mulheres começavam a ganhar espaço no chão de fábrica das empresas vidreiras — a presença feminina é historicamente mais comum nos escritórios.

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Setor vidreiro tem movimentações na Europa

A AGC Europa anunciou, em fevereiro, que planeja fechar duas de suas plantas de vidros automotivos: a unidade de Fleurus, na Bélgica, e a de Wegberg, na Alemanha. A multinacional alega que a situação de seus negócios nesse setor na região se deteriorou nos últimos meses devido a fatores como a pandemia e as crises nos preços de energia e matéria-prima. Segundo a empresa, soluções serão estudadas para minimizar o impacto social do fechamento das fábricas. No mesmo mês, o jornal Crónica Global, da Catalunha, noticiou que a empresa espanhola Tvitec está entre as interessadas em adquirir a Cricursa, tradicional processadora do país. De acordo com o jornal espanhol El Nacional, a Cricursa está em processo de falência desde dezembro de 2021.

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Compromisso com a informação

Quando o mercado se agita, a Abravidro sempre está presente para informar o setor da melhor maneira possível. O fim de fevereiro, por exemplo, foi bastante movimentado: o antidumping para espelhos foi renovado e a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) teve um corte de 25% para a maioria dos produtos da indústria nacional, incluindo vidros e espelhos.

Por isso mesmo, nossa equipe de comunicação trabalhou bastante: contato com especialistas para explicar as mudanças, rapidez para postar o conteúdo (devidamente conferido para não sair nenhuma informação errada) nas redes sociais e no site, e até mesmo gravação de vídeo esclarecendo possíveis dúvidas dos profissionais vidreiros. E é claro que esse material também entraria aqui em O Vidroplano: nas reportagens desta edição, você confere os detalhes desses dois assuntos muito relevantes para os negócios das empresas.

Além disso, a revista está cheia de matérias interessantes. A começar pela que ilustra a capa desta edição: a seção “Para sua vidraçaria” explica como desenvolver um bom relacionamento com especificadores de vidro (como arquitetos, designers de interiores e engenheiros) pode fazer toda a diferença para o trabalho, ajudando a conquistar novos clientes. Não deixe de ler ainda a entrevista com os executivos da Cebrace sobre a reforma do forno C2, em Caçapava (SP), e conheça de que forma vidros laminados protegem a Mona Lisa, uma das pinturas mais famosas do mundo.

Boa leitura!

Iara Bentes
Editora de O Vidroplano

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Passarela envidraçada é destaque em hotel em Madri

O Edificio España é um marco de Madri. Com 27 andares, é considerado o primeiro arranha-céu da capital espanhola, tendo sido construído há quase setenta anos. Ali está o luxuoso hotel Riu Plaza España, inaugurado em 2019 com uma atração imperdível aos amantes de turismo e vidro: uma passarela toda feita com nosso material, instalada a 117 m de altura.

Alta classe
O Riu Plaza España impressiona pela suntuosidade: são mais de 550 quartos para hóspedes e 17 salas de conferência – elas têm capacidade para até 1500 pessoas, num total de 3 mil m² de área voltada para reuniões e encontros profissionais.

Mas a curtição e o relaxamento também são o foco do hotel. Na época do verão, uma piscina externa, no 21º andar, é aberta aos clientes. Um pouco mais acima, no 26º andar, está o Gastrobar El Edén, restaurante com menu de comidas leves. Ao lado, fica o Sky Bar, com ambiente mais moderno.

Encontros
Desde a inauguração do estabelecimento, seu terraço virou ponto de passagem para quem visita a cidade e quer enxergá-la sob um ponto de vista diferente. No local, existe o Rooftop Bar 360º, que permite aos visitantes curtirem drinks exóticos enquanto apreciam a vista imbatível de Madri que se tem de lá. O destaque, no entanto, fica para a passarela totalmente envidraçada, responsável por ligar as duas partes do terraço. É curioso notar como instalações que fazem os visitantes “flutuarem” pelos céus de grandes metrópoles se tornaram comuns ao redor do mundo nos últimos anos – basta se lembrar do Sampa Sky, em São Paulo, capa de O Vidroplano de agosto do ano passado.

Imagem:  RIU Hotels/Luxglass Technology
Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology

 

Resistência
A estrutura espanhola tem 7 m de comprimento por 1,8 m de largura. Para resistir ao peso de pessoas andando por ela, recebeu multilaminados reforçados com o interlayer estrutural AB-AR, feito de EVA, da espanhola Evalam.

Tem laminado também nos guarda-corpos que circundam o local. Além de serem feitos com o interlayer Evalam Visual, indicado para aplicações de borda aberta nas quais a questão óptica e a durabilidade são requisitos especiais, contam com um sistema de iluminação de LED. À noite, oferecem um espetáculo de cores variadas.

Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology
Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology

 

Aos interessados em visitar o terraço e na passarela, a entrada custa 5 euros de segunda à sexta-feira; aos sábados, domingos e feriados, 10 euros.

Ficha técnica
Obra: Hotel Riu Plaza España
Autor do projeto: Paco Hernanz
Local: Madri, Espanha
Conclusão da obra: 2019
Processadora dos vidros da passarela: Luxglass Technology
Fornecedora dos interlayers: Evalam Visual

Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology
Imagem: RIU Hotels/Luxglass Technology

 

Crédito da imagem de abertura:  RIU Hotels/Luxglass Technology

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Glasstec identifica temas para desenvolvimento do setor

A organização da Glasstec já vem trabalhando nos preparativos para a edição deste ano da principal feira vidreira do mundo. Uma dessas atividades foi identificar cinco temas globais considerados essenciais para o desenvolvimento do setor: clima (busca pela redução de emissões e por energias renováveis); urbanização (vidro na arquitetura do futuro); busca de uma cadeia sustentável de valor; uso eficiente e sustentável de recursos; e bem-estar (melhoria na qualidade de vida por meio do vidro). Segundo a diretora de Projetos da Glasstec, Birgit Horn, essas tendências estarão em foco nas palestras, áreas de exposição especiais e até nos estandes das empresas no evento.

Crédito da imagem de abertura: Messe Düsseldorf/ctillmann

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

GlassParts lança nova furadeira para vidros

A GlassParts anunciou o lançamento da Furadeira Triplo Cabeçote Duplo F3/3. Segundo a empresa, os cabeçotes duplos possibilitam furos com três diâmetros diferentes com muito mais perfeição e rapidez sem necessidade de troca de ferramentas. Com isso, a novidade proporciona agilidade e praticidade na produção, otimizando o tempo e aumentando a produtividade. Outros diferenciais são a facilidade na manutenção, alta estabilidade e baixo ruído, podendo ser usada em vidros com espessuras de 3 a 40 mm para furos com diâmetro de 5 a 110 mm.

Crédito da imagem de abertura: Divulgação GlassPart

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Premiação da Eastman ganha nova categoria

A Eastman anunciou que a edição deste ano do Vanceva World of Color Awards terá uma honraria especial: trata-se do Prêmio Bernard Bühler, batizado em homenagem ao renomado arquiteto francês que desenvolveu vários projetos por toda a França utilizando as películas de PVB coloridas da linha Vanceva – ele foi premiado na categoria Exterior da edição 2012 do concurso pela obra 29 logements îlot V3A ZAC Seguin (foto). O próprio Bühler escolherá o vencedor entre os projetos inscritos na categoria Exterior. O período de inscrição para o Vanceva World of Color Awards vai até 31 de março.

Crédito da imagem de abertura: Agence Bernard Bühle

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Kuraray renomeia divisão de PVB

O grupo japonês, fabricante de interlayers para vidros laminados, renomeou sua divisão de PVB como Divisão de “Soluções Avançadas em Interlayer”. Segundo a empresa, o novo nome reflete uma paixão por inovação e melhorias contínuas. Com isso, a Kuraray busca se posicionar de forma mais forte como uma fornecedora de soluções inovadoras com tecnologia pioneira, que cria e inspira novas funcionalidades para nosso material. O grupo destaca que esse realinhamento é reforçado por um novo departamento adicional, o “Centro de Networking de Inovação” global, que entrou em operação no início do ano e está ativo em todas as unidades de negócios, tendo equipes globais interfuncionais e próximas aos clientes e às necessidades do mercado.

Crédito da imagem de abertura: Divulgação Kuraray

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Expo Revestir 2022 traz novidades com vidro

A Expo Revestir 2022 foi realizada de 8 a 11 de março. Para comemorar sua edição histórica de 20 anos, a maior feira de revestimentos e acabamentos da América Latina teve formato híbrido: a versão física recebeu mais de 52 mil visitantes, que conferiram os estandes de cerca de 200 expositores no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Já a versão digital concentrou ações voltadas para o conhecimento técnico, como o Fórum Internacional de Arquitetura, Design e Construção (Fiac) e a Maratona de Conteúdos.

O Vidroplano conferiu in loco as novidades do mercado envolvendo o nosso material. Acompanhe!

 

Imagem: Fernando Saker
Foto 1: Fernando Saker

Para celebrar a escolha de 2022 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional do Vidro, o estande da Cebrace foi planejado para inspirar novos usos do material – a começar pelo seu próprio revestimento com peças coloridas, incluindo vidros pintados pela Color Vidros no tom laranja da logomarca da usina de base (foto 1).

 

 

Imagem 2: Fernando Saker

Um espaço especial foi dedicado aos vidros texturizados (foto 2), antes comercializados pela Saint-Gobain Glass e agora incorporados à linha de interiores da empresa, para mostrar a capacidade de esses produtos conciliar o aproveitamento de luz natural com a privacidade nos ambientes, ressaltando que também podem ser aplicados em tamanhos grandes. Também era possível observar as diferenças entre as faces interna e externa das peças de controle solar da família Cool Lite para fachadas, além de aplicações chamativas, como bancos de Cebrace Extragrosso temperado e um bar com revestimento de Cebrace Laqueado branco e balcão de Cebrace Aramado com iluminação LED, entre outras.

 

Imagem: Fernando Saker
Imagem: Fernando Saker

Um dos destaques da Weiku do Brasil foi seu novo sistema para guarda-corpos (foto), com base de alumínio reforçado que pode ser embutida, em conjunto com laminados, feitos de interlayer estrutural. A linha VistaMax de esquadrias minimalistas estava em diversos espaços do estande: além de portas de correr – com roldanas no trilho, facilitando a movimentação da folha mesmo com o uso de vidros jumbo –, também traz opções nas tipologias oscilobatente e maxim-ar. Houve ainda o lançamento da Corstone Satin, nova opção da linha Corstone de peças com imagens impressas para revestimentos, e a demonstração do Switch Glass, vidro polarizado da empresa.

 

Imagem: Fernando Saker
Imagem: Fernando Saker

A Pado mostrou em primeira mão suas próximas fechaduras digitais para portas de vidro, a FDV-300 e a FDV-400 (fotos) – ambas chegarão ao mercado no segundo semestre deste ano. O projeto dessas fechaduras é 100% criado pela empresa e possui acabamento diferenciado: a FDV-300 permite abertura por senhas, cartão e aplicativo; já a FDV-400 traz todas essas opções e também a possibilidade de acionamento por biometria. A solução mais recente da empresa, a FDV200, tem capacidade de registrar até 196 biometrias diferentes em seu sistema.

 

Imagem: Fernando Saker
Imagem: Fernando Saker

A novidade da Claris, fabricante de esquadrias de PVC, foi a organização de seu portfólio por meio do lançamento das linhas complementares Arch & Build (foto). A Arch foi desenvolvida exclusivamente para revendas especializadas, com foco na arquitetura, trazendo ampla gama de tipologias, cores e possibilidades de personalização. A família Build, voltada para construtoras e uso em edifícios, traz soluções padronizadas e já sai de fábrica com o vidro aplicado no sistema. Segundo a empresa, ambas trazem benefícios como conforto térmico e atenuação acústica.

 

Imagem: Fernando Saker
Imagem: Fernando Saker

A Astra exibiu em seu estande o novo espelho Íris (foto): contendo iluminação frontal com LED (acionamento por toque) e possibilidade de regulagem de luminosidade, o produto chama a atenção por seu design diferenciado que conta com detalhes jateados em seu acabamento, formando linhas em espiral na extremidade do espelho. Segundo a empresa, o Íris pode ser utilizado em banheiros (por ter regulagem à prova d’água), bancadas de maquiagem e e como peça de decoração em halls de entrada de casas.

Crédito da imagem de abertura: Divulgação/Expo Revestir

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.