Cada vez mais transparente

O Brasil está se tornando um ponto turístico vidreiro: este mês, pela segunda vez no ano, temos como capa de O Vidroplano uma obra envidraçada de porte internacional recém-inaugurada no País. Em fevereiro, foi a vez do Skyglass Canela, passarela com nosso material erguida no RS. Agora, apresentamos o Sampa Sky, mirante localizado no centro da capital paulista. O projeto permite aos visitantes “flutuarem” pelos céus da cidade, enquanto apreciam as belas vistas dos arredores. No fim de julho, visitei a atração junto de nossa equipe responsável por fazer as fotos que você encontra nesta edição e também os vídeos presentes em nosso canal no YouTube. As imagens encantam, e estar lá pessoalmente é ainda mais único – recomendo a todos que visitarem São Paulo. Confira todos os detalhes da estrutura clicando aqui.

Outro assunto que volta à revista é a produtividade industrial. Você sabe qual a importância de medir esse indicador para o trabalho das processadoras vidreiras? Conversamos com o instrutor técnico da Abravidro, Cláudio Lúcio da Silva, para entender o que faz uma beneficiadora ter eficácia nesse quesito, além de mostrar o que pode ser feito para produzir mais com menos.

Leia também a entrevista que fiz com os executivos da Cebrace, incluindo o novo diretor da usina, Manuel Corrêa. Conversamos sobre os investimentos futuros da companhia, assim como as movimentações que a empresa fez recentemente em seus negócios.

Que esta edição lhe encontre com muita saúde. Boa leitura!

Iara Bentes
Editora de O Vidroplano

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Caleidoscópio – agosto 2021

DADOS & FATOS

Instabilidade no setor produtivo
Os dados regionais da indústria brasileira em junho, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram comportamento negativo da atividade. De maio a junho houve queda em 10 dos 15 locais pesquisados. Principal parque industrial do País, São Paulo teve recuo de 0,9%, influenciado pelo setor automobilístico e por máquinas, aparelhos e materiais elétricos. “Os dados mostram que há certa instabilidade em relação à compensação das perdas da pandemia e se observa um ambiente ainda muito cauteloso na indústria nacional”, diz Bernardo Almeida, gerente da Pesquisa Industrial Mensal Regional.

Industriais otimistas
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), pesquisa mensal que revela o ânimo dos industriais brasileiros ligados aos mais diversos setores. De acordo com o levantamento, agosto registrou aumento de 1,2 ponto em relação a julho, alcançando assim, 63,2 pontos. O resultado representa o 4º mês consecutivo de avanço do indicador. O índice varia de 0 a 100 pontos e valores acima de 50 indicam confiança do empresário. Os números de agosto são os maiores do ano, estão acima da média histórica (54) e representam o 13º mês consecutivo em que os empresários se mostram confiantes.

O fantasma da inflação
Não é apenas no bolso do consumidor que um velho problema nacional, a inflação, é sentido. Os preços da indústria subiram 1,31% em junho, o que representa aceleração frente a maio, mês em que o índice alcançou 0,99%. Com o resultado, o acumulado no ano atingiu 19,11%, maior patamar para o período de toda a série histórica iniciada em 2014. A alta acumulada em 12 meses também é recorde: 36,81%. Na comparação mensal, essa é a 23ª taxa positiva consecutiva.

Projeção do PIB da construção melhora
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou estudo sobre o desempenho econômico do mercado no segundo trimestre de 2021. Os dados apontam para crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do setor em 2021, retornando ao patamar previsto no início do ano. Se confirmado, será o maior aumento desde 2013. Em março, a CBIC tinha reduzido a projeção para 2,5% em função dos desafios decorrentes da pandemia da Covid-19 e continuidade dos aumentos nos custos dos materiais.

 

FIQUE POR DENTRO

Chineses criam o “vidro mais resistente do mundo”
Cientistas da Universidade Yanshan, na China, criaram o que a comunidade cientifica tem classificado como o vidro mais resistente do mundo, de dureza similar à do diamante, por exemplo. Análise publicada na revista National Science Review demonstrou que o material alcança 113 gigapascals em um teste de dureza. Pedras de diamante pontuam, em média, 50 a 70 gigapascals nesse mesmo teste. O fato é possível porque os pesquisadores descobriram a proporção crítica de carbono cristalizado e amorfo necessária para tornar o vidro mais forte.

 

RETROVISOR

Energia solar no horizonte
Atenta às tendências, em agosto de 2009 O Vidroplano publicou uma reportagem especial sobre energia solar e a aplicação do vidro nos painéis fotovoltaicos. À época algo ainda distante, hoje, 12 anos depois, essa fonte energética está em plena evolução no Brasil — cresceu 70% em 2020.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça equipamentos para o manuseio de vidros

Uma das etapas mais delicadas no dia a dia de qualquer vidraçaria é o manuseio dos vidros: por mais resistente que o nosso material possa ser, é preciso muita atenção para levá-lo de um canto ao outro, tanto para garantir a preservação das peças como para a proteção dos profissionais ao carregá-las.

Ter equipamentos adequados ajuda não só a manusear o vidro com segurança, mas também a proporcionar mais agilidade e conforto nessa atividade. A seguir, conheça as principais dificuldades nesse tipo de trabalho apontadas por profissionais do setor e saiba quais soluções as empresas da área apresentam para ajudar a superá-las.

Manuais ou automáticos?
Os equipamentos voltados para o manuseio de vidros em vidraçarias são iguais aos utilizados dentro de processadoras? “Eles são os mesmos em qualquer empresa. O que difere é a capacidade de carga de cada equipamento”, explica Gabriel Alves de Andrade, diretor da Agmaq. “Geralmente, as vidraçarias utilizam os de menor capacidade, enquanto as processadoras e distribuidoras empregam versões para cargas maiores.”

Vidraçarias que comercializam vidros de grandes dimensões costumam usar principalmente equipamentos manuais. Esse é o caso, por exemplo, da Everart, de São Paulo. “Fazemos mais uso de ventosas e carrinhos, pois não trabalhamos com peças ‘jumbo’”, comenta Gisele Muniz, proprietária e CEO da empresa.

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Apesar disso, mesmo essas vidraçarias podem precisar em algum momento de equipamentos automáticos. “Nos casos em que o projeto não permite paginação das peças, fazemos o uso de içamento respeitando as normas técnicas e do condomínio”, aponta André Alves, sócio-diretor da Alto da Lapa Vidros, também na capital paulista. Já nas vidraçarias focadas no trabalho de grandes dimensões, soluções automatizadas são indispensáveis para lidar com o tamanho e o peso das cargas.

Obstáculos
Para Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro, uma das principais dificuldades diz respeito exatamente ao espaço físico. “A maioria das vidraçarias tem um espaço reduzido e, devido a isso, outros problemas acabam ocorrendo com frequência, como obstáculos no percurso de deslocamento dos vidros, por exemplo”, diz ele.

Nas obras, há o desafio adicional de definir como os vidros poderão ser levados até o vão em que a instalação será feita. “Com a verticalização dos imóveis, a principal dificuldade que enfrentamos é o acesso às garagens e aos elevadores, bem como a movimentação desde as áreas de serviço do apartamento até as sociais”, aponta André, da Alto da Lapa. Gisele, da Everart, acrescenta que muitas vezes os clientes solicitam peças com dimensões maiores do que o espaço do elevador, o que exige o uso de alternativas como o içamento delas pelo lado externo.

Nesse sentido, a atenção com os equipamentos utilizados é fundamental. “Vejo que muitos profissionais ainda manuseiam vidros pesados para fachadas, guarda-corpos ou painéis fixos com ventosas abaixo da especificação técnica necessária. Isso coloca em risco a qualidade final do trabalho e até mesmo expõe os transportadores a acidentes”, alerta Ricardo Câmara. A opinião é compartilhada por Ricardo Costa, diretor-comercial da GlassParts. Diz ele: “Respeitar a capacidade e as indicações de cada modelo de ventosas e demais equipamentos é importante, principalmente para a segurança dos trabalhadores, além de ajudar a reduzir o esforço físico e, com isso, o tempo de manuseio e de instalação dos vidros”.

Comprando e mantendo os equipamentos
Para Yveraldo Gusmão, diretor da GR Gusmão, o vidraceiro deve procurar as fabricantes de equipamentos e pesquisar junto a elas todas as informações técnicas necessárias sobre os produtos. Ronaldo Gomes, vendedor-sênior da Italotec, destaca que os principais fatores a levar em conta na hora de escolher a solução certa são a segurança e a qualidade que ela oferece, além da assistência técnica disponibilizada pela empresa.

Gabriel Andrade, da Agmaq, destaca que o custo aproximado dos equipamentos de armazenagem e movimentação é de 5% a 10% do valor do material que será manuseado. “O investimento em produtos adequados e de qualidade para qualquer processo que envolva o vidro plano sempre será viável e evitará quebras e acidentes.”

Mas a atenção com essas soluções não acaba na compra: o vidraceiro deve verificar periodicamente a fixação e a vida útil delas para evitar prejuízos durante a tarefa. “Sempre aconselhamos que sejam guardadas em locais secos. Também é importante que o cliente realize a manutenção periódica, conforme indicado nos manuais”, aconselha Gomes, da Italotec.

Firmeza na condução dos vidros
Um dos equipamentos mais usados, principalmente no caso de peças menores, é a ventosa manual, que dá mais estabilidade ao levar as peças de um lugar para outro. “Temos diversos tipos e modelos de ventosa. As mais comuns para essa atividade são as duplas e triplas (foto 1), as quais podem ser de corpo de alumínio ou de ABS. Esse último, por ser mais leve, muitas vezes facilita o manuseio e proporciona maior conforto ao instalador”, informa Ricardo Costa, da GlassParts. A empresa também fornece ventosas a vácuo – capazes de suportar pesos maiores – e outras específicas para colagem UV de vidros (foto 2), com regulagem de ângulos que facilitam o alinhamento correto deles para a aplicação da cola.

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Outros equipamentos comercializados pela GlassParts incluem carrinhos compactos, que reduzem o esforço físico e facilitam a movimentação mesmo em espaços menores e com obstáculos, além de equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas e mangotes que podem ser feitos de raspa (couro) ou fio de aço.

Circulação fácil e segura
Carrinhos também são bastante utilizados para a movimentação das peças dentro da vidraçaria. A Agmaq conta com uma linha desses produtos com opções tanto para peças pequenas como grandes, bem como opções desenvolvidas especialmente para movimentação de espelhos. “Todas são projetadas com grau de inclinação correto, nível de empenamento baixíssimo e áreas de contato revestidas com borrachas, evitando a formação de arranhões na superfície do vidro apoiado neles”, explica Gabriel de Andrade.

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A Agmaq também oferece cavaletes para armazenagem dos vidros processados que atendem diversas medidas, com os mesmos cuidados presentes nos carrinhos. Segundo Andrade, apesar de esses produtos serem simples na sua forma construtiva, é necessário know-how e um departamento de engenharia para projetá-los, pois, se o vidro não for bem acondicionado, ele pode ser danificado.

Armazenamento com segurança
A GR Gusmão, em parceria com a Loch, fabrica e comercializa soluções para o acondicionamento de peças, como classificadores (foto 1) que proporcionam melhor organização e controle do espaço no armazenamento e facilidade para localização de chapas no momento de uso delas, e cavaletes para vidros de várias dimensões, incluindo peças jumbo (foto 2). “Temos um departamento técnico específico para desenvolver e projetar produtos que possam ser fabricados no Brasil com a mesma qualidade de equipamentos estrangeiros a preços competitivos”, declara Yveraldo.

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A empresa também fornece máquinas e equipamentos para a movimentação de cargas, como balancins e ventosas automáticas. “Nos estudos que realizamos para desenvolver esses produtos, buscamos aliar praticidade e segurança para os operários, trazendo equipamentos que facilitem o manuseio do vidro em qualquer dimensão e peso”, complementa o diretor da GR Gusmão.

Ventosas automáticas
Há casos em que são necessários sistemas automáticos com ventosas para erguer vidros maiores e mais pesados. Empresa que oferece soluções nesse sentido, a Italotec conta com diferentes modelos:

ventosas-automáticas-vidros– Ventosas modelos V4 (foto 1): capacidade de carga de até 600 kg, com diferenciais de acionamentos automático ou manual;

– Ventosas modelos V6: capacidade de carga de até 900 kg, também com diferenciais de acionamentos automático ou manual;

– Ventosa modelo V8: desenvolvidas para vidros curvos, tem capacidade de carga de até 400 kg, raio mínimo externo de 250 mm e raio interno de 400 mm;

– Ventosa modelo V12 (foto 2): indicada para chapas grandes ou “jumbo”, com acionamento manual e capacidade de carga de até 1.200 kg.

“Esses produtos trazem uma série de benefícios, a começar pela segurança, pois o operador tem o menor contato possível com o vidro”, explica Ronaldo Gomes. “Trazem também qualidade ao colaborador na questão da eliminação do esforço físico, além de aumento na produção por ser um equipamento mais ágil e moderno para movimentação principalmente de chapas grandes.”

Outras soluções da Italotec para vidraçarias são os classificadores, fabricados sob medida para os clientes, e os cavaletes em formato de “A” ou “L”, tanto para armazenamento como para estocagem de peças.

Guindastes em vidraçarias?
Considerando o que já foi comentado sobre as limitações de espaço de muitas vidraçarias, não é estranho dizer que essas empresas podem precisar adquirir guindastes. O mercado já conta com soluções para esses casos. “Temos hoje em nossa linha uma variedade enorme de opções, como miniguindastes ou gruas elétricas movidas a bateria, os quais ajudam justamente no transporte e logística em locais confinados e no momento de carga e descarga”, afirma o engenheiro Jefferson Candeo, CEO da Guindaste Aranha.

guindantes

 

Um dos atrativos de vários desses equipamentos é a portabilidade. Candeo explica que eles podem ser facilmente rebatidos, dobrados e desmontados para ser transportados em porta-malas de carros de passeio, veículos utilitários pequenos. Também entram facilmente em elevadores de passageiros ou são transportados por escadas em caso de instalações em pisos superiores ou lajes. Além disso, eles contribuem para a redução de esforço por parte dos profissionais e para a segurança do trabalho, garantindo o içamento de peças a alturas de até 18 m, sem riscos de quebra e acidentes.

Não se esqueça dos EPIs!
Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são fundamentais para os diversos trabalhos executados pelos vidraceiros – incluindo a movimentação dos vidros. “Infelizmente, ainda é muito comum encontrar vidraceiros fazendo o manuseio e transporte das peças sem qualquer tipo de EPI. Isso é grave, pois aumenta o risco de acidentes que podem causar ferimentos sérios e até fatais”, ressalta Ricardo Câmara, da Central do Vidraceiro.

epis

 

Para o manuseio de vidros, Câmara recomenda os seguintes EPIs:
– Luvas anticorte;
– Mangotes anticorte;
– Botas;
– Capacete;
– Óculos de proteção.

Atenção ao amarrar as cargas
A Resolução Nº 552, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em vigor desde 2018, estabeleceu novas regras para o transporte de carregamentos – incluindo vidros, seja das chapas do fabricante ou distribuidor para os processadores – em veículos rodoviários de carga. Vale sempre a pena repassar o que ela determina:

A carga deve ser amarrada à carroceria do veículo com cintas têxteis, e não com cordas;

– As cintas têxteis precisam apresentar resistência total à ruptura por tração de, no mínimo, duas vezes o peso da carga. Além disso, seu mecanismo de tensionamento (que mantém a cinta presa e esticada) precisa ser verificado periodicamente durante o trajeto, e reapertado quando necessário;

– Os pontos de amarração devem estar fixados na parte metálica da carroceria ou no próprio chassi, nunca nas partes de madeira da carroceria ou em pontos metálicos na estrutura em questão;

– Se a carroceria do veículo for aberta e houver espaço entre a carga e as guardas laterais, as cintas só podem ser presas a pontos de fixação que estejam do lado interno da carroceria.

Na hora de amarrar os vidros nos cavaletes, ou prender lonas de proteção sobre a carga, o uso das cordas está liberado! Só não deixe de verificar se elas estão bem-conservadas.

cargas-vidrosEste texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Copo meio vazio e meio cheio

domingos-ago2021O segundo semestre de 2021 começou mais devagar do que o de 2020, mas há algo em comum entre ambos: a oferta de float segue restrita, e as usinas têm comercializado até mesmo vidros com bolhas e zebrados, enquanto seguimos sem perspectiva de melhora no fornecimento de nossa principal matéria-prima. Há também uma semelhança com o primeiro semestre deste ano: a queda no preço de venda dos processados em várias beneficiadoras, mesmo com a inflação crescente nos preços de insumos e na indústria em geral, o que gera grande preocupação na cadeia vidreira.

Apesar disso tudo, nem só de problemas vive o setor. A ABNT publicou este mês a ABNT PR 1010 — Aplicação e manutenção de vidros na construção civil. Esse novo tipo de documento normativo, chamado de prática recomendada, busca trazer informações técnicas de forma mais acessível e didática, de forma a alcançar públicos menos familiarizados com as normas técnicas. A ABNT PR 1010 é resultado do trabalho conjunto da Abravidro e Abividro. Contando também com a contribuição de diversas entidades ligadas ao setor, ele é pioneiro na área da construção civil. A publicação, disponível para compra no site da ABNT, será distribuída aos associados da Abravidro nos próximos dias.

Outra notícia positiva é a publicação das novas MVAs da substituição tributária para o Estado de São Paulo, depois de meses de trabalho para se chegar às novas alíquotas. Os índices vigentes para os produtos vidreiros, embora um pouco mais altos do que os da edição anterior, estão entre os mais baixos apurados na nova rodada da pesquisa realizada para cerca de 20 setores ligados à construção civil.

Ainda entre os trabalhos realizados pela Abravidro para apoiar o mercado, a entidade realizou este mês a 2ª edição do ano do PPCPE, treinamento de PCP para o segmento de vidros – e, mais uma vez, tivemos turma cheia. Se você se interessa pelo tema, aproveite: em outubro teremos nova rodada do curso. A demanda por esse tipo de conteúdo é um bom sinal de que as empresas vidreiras estão buscando qualificar cada vez mais seus profissionais e processos produtivos, com o objetivo de garantir melhores desempenhos e resultados. Isso é sempre uma boa notícia!

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Recrutamento e seleção: o que há de novo?

Escrito por Lilian Sanches
(versão completa do texto no link bit.ly/artigoLilian)

Para se manter competitivo no mercado, é essencial estar atento às novidades. E quando se fala em recrutamento e seleção, quais as tendências para os próximos anos? Uma delas está no próprio nome da tarefa. “Recrutamento” tem sido cada vez menos utilizado. As empresas têm preferido o termo “atração” para se referir ao processo de “atrair” os candidatos. Existem várias ferramentas que surgiram com o objetivo de otimizar esse processo e humanizá-lo. Conheça algumas a seguir.

Digitalização e virtualização
Os processos seletivos online ganham espaço: as entrevistas podem ser realizadas por videochamada e as dinâmicas de grupo, em plataformas gamificadas (com aspectos encontrados em jogos), nas quais é possível propor desafios para os candidatos. Dessa forma, você promove o compartilhamento de ideias e resolução de problemas, além de analisar comportamento, competências e valores dos candidatos.

Humanização do processo
Erra quem pensa que digitalização é o contrário de humanização. Isso porque a questão humana está relacionada à empatia e respeito aos candidatos. Portanto, reduza os níveis de estresse e tensão que a avaliação pode gerar e disponibilize horários flexíveis para entrevistas e dinâmicas, assim como um espaço para que os candidatos deem feedback sobre pontos positivos e negativos do processo.

Capacitações para os candidatos
Outra tendência é criar um momento de troca com os candidatos, permitindo que, mesmo quando não aprovadas, eles aprendam algo novo. Se a empresa valoriza a inovação, que tal oferecer um treinamento sobre pensamento crítico e criativo? Essa relação também pode ser um momento de adaptação do novo colaborador à empresa. Além disso, você melhora a reputação da sua marca como empregadora e cria uma relação de confiança com talentos que podem fazer parte do seu time no futuro.

Parceria entre líder e RH
RH (Recursos Humanos) e líderes de setores devem atuar juntos para encontrar o profissional perfeito para a vaga. Para isso, são necessários comunicação fluida, alinhamento das expectativas e entendimento das possibilidades e necessidades de cada um.

Lilian Sanches é administradora e consultora em desenvolvimento humano e liderança, além de sócia da empresa Intentus

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Iretemper conquista chancela do Inmetro para temperados

Os clientes sabem a importância de um produto com segurança comprovada. No caso da Iretemper, de Irecê, cidade distante cerca de 500 km de Salvador, essa certeza vem desde quando a empresa era distribuidora de vidros: vários consumidores da época perguntavam a procedência do material que iriam adquirir e se ele levava o selo Inmetro ou não. Hoje, atuando como processadora, chegou a hora de a própria Iretemper estampar a chancela para vidros temperados, oferecida pelo instituto, em suas chapas nas espessuras de 6, 8 e 10 mm.

Diferencial
Com quase 30 anos de experiência no setor vidreiro atendendo o interior baiano, a empresa começou a considerar o processo ainda em 2018, quando sua gerência visitou a feira Glass South America, em São Paulo. Na mostra, conheceram Edweiss Silva, consultor da Abravidro para certificação do vidro temperado pelo Inmetro e responsável por apresentar os detalhes do que seria necessário fazer. “Tínhamos um forno vertical e colocamos como meta investir na certificação assim que trocássemos o equipamento para um modelo horizontal”, conta o diretor Lourisvaldo de Araújo Borges. O objetivo era começar em 2020, mas a pandemia acabou adiando o projeto para este ano. Ao todo, as adequações à produção duraram de fevereiro a julho – um bom prazo, considerando todas as limitações ocasionadas pela pandemia.

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Conhecimento renovado
Segundo Borges, é possível aprender a como deixar a rotina de produção melhor, a partir de mudanças estruturais cujos efeitos são imvediatos. A Iretemper, por exemplo, optou por trocar o sistema de gestão, já que o antigo não permitiria a implementação de certas melhorias. “Aprendemos a dar mais atenção à rastreabilidade das chapas. Isso oferece segurança para todo o sistema produtivo, pois, se ocorrer algum problema em uma peça, conseguiremos identificá-la, saber quando foi feita, por quem passou etc.”, explica o diretor. O ensaio de fragmentação foi outro processo melhorado, principalmente em relação à precisão dos resultados e das medidas das chapas testadas.

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Resultado imediato
A divulgação da conquista se deu pelas redes sociais, inserções em rádios locais e até na instalação de outdoors pela cidade. E mesmo com a recente conclusão da certificação, a empresa já pôde perceber mudanças no comportamento dos consumidores: “Ao saberem da chancela, eles ficam mais abertos durante o atendimento”, revela Borges. Isso significa que melhores negócios, para ambos os lados, podem ser realizados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

ABNT publica primeira prática recomendada para vidros

A ABNT PR 1010 — Aplicação e manutenção de vidros na construção civil, primeira prática recomendada da ABNT voltada para a construção civil, foi publicada no dia 17 de agosto. O novo documento apresenta orientações para o uso do nosso material nesse segmento de forma mais didática e acessível. A seguir, O Vidroplano explica os objetivos da ABNT PR 1010 e como se deu seu processo de elaboração. Confira!

Completa e fácil de entender
O principal objetivo da ABNT PR 1010 é consolidar e promover a orientação sobre as regras de aplicação do vidro na construção civil, buscando facilitar o entendimento das normas vidreiras existentes, tais como a ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações. O documento enfatiza a necessidade do uso de vidros de segurança nas aplicações, como indicado pela própria ABNT NBR 7199, além de abordar o desempenho térmico e acústico que nosso material pode proporcionar às obras. Vale destacar ainda que seu texto faz referências também a normas de áreas relacionadas ao nosso material, como a ABNT NBR 10821 — Esquadrias para edificações e a ABNT NBR 15575 — Desempenho de edificações habitacionais.

Um dos diferenciais da prática recomendada em relação às tradicionais normas técnicas está na sua linguagem. Segundo Nelson Al Assal Filho, diretor de Normalização da ABNT, o texto dela é menos técnico — portanto, simplifica a compreensão do leitor leigo. Isso foi determinante para a decisão pela elaboração da ABNT PR 1010. “Vimos na PR a possibilidade de levar conteúdo sobre a aplicação e a manutenção do vidro a um público mais amplo, de forma mais acessível”, comenta Iara Bentes, superintendente da Abravidro. Para a associação, o novo formato contribui para levar informações sobre o nosso material a todos os públicos, destacando o benefício que ele agrega às edificações.

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Trabalho pioneiro
Como dito no começo desta reportagem, a ABNT PR 1010 não só é a primeira prática recomendada para o setor vidreiro nacional. Ela é também para a área da construção civil como um todo. A elaboração do texto base foi feita em conjunto pelas equipes da Abravidro e da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), colocando nele aquilo que acreditam ser essencial sobre a aplicação de vidros planos, seus atributos e suas regras. O processo de elaboração contou ainda com a contribuição de diversas entidades vinculadas à construção civil.

Lucien Belmonte, superintendente da Abividro, considera que a PR será uma referência para o consumidor e profissionais utilizarem quando estiverem especificando vidros para uma obra. Mas ele reforça: “Essa prática recomendada não substitui as normas — estas tratam cada um dos temas com mais profundidade e são a referência para a defesa do consumidor”. Assim como acontece com as normas técnicas, os associados da Abravidro também receberão a ABNT PR 1010.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Sampa Sky é nova atração internacional de São Paulo

A maior metrópole do Hemisfério Sul pode não ser uma “cidade maravilhosa” em relação às belezas naturais, mas tem vários encantos: Masp, Parque do Ibirapuera, Catedral da Sé, Mercado Municipal, Pinacoteca do Estado, bairro da Liberdade, Avenida Paulista… A lista é bem longa. E agora precisa incluir mais um espaço, o recém-inaugurado Sampa Sky. Localizada no 42º andar do edifício Mirante do Vale, no chamado Centro Velho de São Paulo, a atração conta com dois decks retráteis feitos inteiramente de multilaminados – ali, os visitantes têm a sensação de flutuar pelos céus da cidade.

Depois da construção da plataforma Skyglass Canela, no Rio Grande do Sul (obra presente na capa da edição de fevereiro de O Vidroplano), e agora, com a abertura do Sampa Sky ao público no dia 8 de agosto, o Brasil se torna de vez um ponto turístico vidreiro de nível internacional. Nas próximas páginas, conheça os detalhes dessa obra já icônica.

 

Ficha técnica
Autor do projeto: Aron Kogan

Local: São Paulo

Conclusão: julho de 2021

Vidros dos decks envidraçados: multilaminados formados por ClimaGuard SunLight 10 mm + três peças de float incolor 10 mm cada + três PVBs estruturais

Quantidade de vidro aplicada: 220 m² de ClimaGuard SunLight; 360 m² de float incolor; 65 m² de Espelho Guardian Evolution

Fabricante do vidro: Guardian

Processadora: GlassecViracon

Fornecedora do PVB: Eastman

 

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Vistas inigualáveis
O Mirante do Vale foi a escolha perfeita para a instalação da estrutura. Afinal, o edifício é um símbolo de São Paulo. Construído na década de 1960, é formado por mais de mil salas comerciais distribuídas por 170 m de altura, tendo sido o mais alto edifício do País ao longo de décadas. Para aproveitar a vista do local, cada deck do Sampa Sky foi instalado em um lado do prédio: um deles está na face Sul, sobre o Vale do Anhangabaú e o Viaduto Santa Efigênia; o outro, em cima da Avenida Prestes Maia, está voltado para a Zona Leste da cidade. Ao todo, são 700 m² de área, incluindo um café – e o local também poderá receber eventos corporativos e sociais.

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A inspiração para o projeto veio de fora: o chef de cozinha André Berti, em visita aos Estados Unidos, adorou o conceito do Sky Deck, um “aquário” de vidro pendurado no 103º andar da Willis Tower, em Chicago. No Brasil, para fazer a ideia virar realidade, uniu-se ao advogado Antônio Carlos da Relva Caldeira, proprietário do 42º andar do Mirante, e ao publicitário Alessandro Martinelli.

Robustez transparente
A grande jogada da obra está em sua estrutura retrátil: os decks envidraçados são recolhidos para dentro do prédio todos os dias, pois a fachada não pode ser alterada permanentemente. Hoje isso é feito de forma manual por quatro pessoas – e, apesar de o processo ser rápido, há planos para automatizá-lo. Encontrar um engenheiro disposto a trabalhar em um conceito tão complexo não foi simples, mas Waldomiro Zarzur topou a empreitada, ao lado do arquiteto Aron Kogan.

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Multilaminados temperados garantem a segurança de quem entra nas caixas de vidro: a resistência da estrutura chega a mais de 30 t. Como não poderia deixar de ser, a especificação é robusta: quatro peças com 10 mm cada (sendo a externa de ClimaGuard SunLight e as internas de float incolor), unidas por PVBs estruturais DG41, da Eastman. O uso de vidros de controle solar ajuda a reduzir a necessidade de iluminação artificial, assim como o uso de ar-condicionado, já que mesmo em dias de calor intenso o material manterá o ambiente mais fresco (o produto escolhido bloqueia duas vezes mais o calor do que o vidro comum). “Estamos muito satisfeitos com a repercussão que o Sampa Sky alcançou, mesmo antes da inauguração. Em especial, sobre o visual lindo e sem distorção para apreciar o horizonte de São Paulo, para as muitas fotos, vídeos e posts que as pessoas vão fazer no local”, afirma o diretor-comercial da Guardian, Renato Sivieri, empresa responsável pela fabricação dos vidros aplicados – a GlassecViracon foi quem os beneficiou.

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Por serem multilaminados temperados com muitos furos, as dimensões das peças e o perfeito alinhamento entre elas seriam alguns dos itens críticos durante o processamento”, explica Márcio Caraça, coordenador de Produção da GlassecViracon. “Durante a têmpera, todos os vidros foram avaliados por um scanner de monitoramento online, de forma a assegurar a qualidade planimétrica desejada e eliminar as distorções características dos vidros temperados”. Com isso, foi possível garantir a excelência na visualização da paisagem sem perder a segurança oferecida pelo material.

 

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Sampa Sky: mais informações
Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10 às 20 horas;

Ingressos: são vendidos no site sympla.com.br. Ao comprá-los, o visitante deve escolher a data e horário da visita. As sessões são abertas a cada meia hora. Há limite de tempo para permanecer nos decks, porém não no restante do espaço;

Valores: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Crianças com até cinco anos não pagam;

Capacidade: o espaço pode receber 400 pessoas simultaneamente. No entanto, por conta da atual situação da pandemia, esse número será reduzido a 60% nos meses de inauguração.

 

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Desafios na instalação
A especificação, instalação e acompanhamento técnico da montagem dos vidros ficaram a cargo da empresa paulistana HolyGlass. A pandemia prejudicou a locomoção de pessoas e materiais envolvidos na obra, incluindo a execução dos serviços: as peças tiveram de subir até o 42º andar via elevador, ao invés de serem içadas por guindastes, um processo que seria muito mais custoso.

Ferragens de aço inox garantem a resistência mecânica necessária. “Como o cubo de vidro precisava estar estruturado em si mesmo, as ligações das partes laterais e do piso se ‘amarram’ junto da estrutura metálica que faz a sustentação de todo o conjunto”, explica o engenheiro civil Charlston Thiago Stringhini, proprietário da HolyGlass. “Não havia parâmetros no Brasil de uma obra com essa magnitude. Uma semelhante era mesmo o mirante de Chicago, mas nosso conceito é maior, pois a plataforma tem praticamente 2 m para fora do prédio”. De fato, a obra estadunidense é menor, tem 1,31 m.

O Espelho Guardian Evolution também foi instalado no local, nas partes internas do Sampa Sky, com o objetivo de refletir os céus de São Paulo, trazendo um jogo de luzes ao espaço. Segundo André Berti, sua sociedade tem planos para ampliar a atração – e, quem sabe, até outras obras ambiciosas envolvendo nosso material. Os aficionados por vidro torcem. E agradecem.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vivix traz novidades em mostras e iniciativas

Diversos produtos da Vivix estão aplicados com destaque em ambientes da edição 2021 da Casa Cor Santa Catarina. Instalada em Florianópolis, a mostra, iniciada em 18 de julho, tem seu término agendado para 29 de agosto. O vidro pintado Vivix Decora Nude, por exemplo, foi utilizado em diversas partes do Hall de Entrada (foto 1), das arquitetas Iara Rosas e Ana Konrad, como no balcão de bilheteria, nas lousas, nas lixeiras do lavabo e no painel de pedra do elevador do ambiente. A loja de fragrâncias Mels Brushes (foto 2), assinada pelo arquiteto Leandro Ribeiro Sumar, da Sumar Arquitetura, teve seu balcão revestido com o espelho Vivix Spelia, bem como peças do vidro de controle solar Vivix Performa Cinza utilizadas na vitrine e no balcão luminoso que acomoda os produtos. O Vivix Spelia também foi aplicado em diferentes locais da Casa Pomarde (foto 3), idealizada pelos escritórios Fábio Vitorino Arquitetura e Vitorino Kokowise Arquitetos, como no aparador e na adega. O ambiente traz ainda vidros incolores na parede divisória, no tampo do aparador e nas prateleiras da adega.

Fora da Casa Cor SC, peças da linha Vivix Spelia também foram utilizadas como base para itens especiais de decoração. Um deles é o Espelho Eclipse (foto 4), do designer cearense Valter Costa Lima, membro do escritório Tetu Design, o qual recebeu o prêmio na categoria mobiliário da edição 2020 do Novos Talentos do Design Brasileiro. Com 80 cm de diâmetro, de madeira maciça cedro, confere ao ambiente uma atmosfera aconchegante, graças à sua iluminação indireta que remete a uma coroa. Já o Espelho Clara (foto 5), do Estúdio ITA, escritório do arquiteto pernambucano Itamar J L Siqueira, destaca-se por sua forma orgânica e livre, com o molde artesanal dos arcos fazendo com que cada peça seja exclusiva.

Apoio na vacinação
Outra iniciativa da Vivix tem sido a contribuição da empresa com a doação de materiais para o hospital de campanha de Goiana (PE), município onde a fábrica está inserida, através do apoio ao Movimento Unidos pela Vacina (foto 6). A empresa vem doando materiais solicitados pela Secretaria Municipal de Saúde, como aparelhos de pressão, aspiradores cirúrgicos, autoclave, balanças digitais e eletrocardiógrafos, entre outros, além de câmara fria, caixas coletoras de material perfurocortante, caixas térmicas para acondicionamento das vacinas, termômetros para geladeira, máscaras ambulatoriais para os profissionais da saúde e álcool 70% para desinfecção das mãos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Punições para descumprimento da LGPD entram em vigor

A partir de 1º de agosto, as multas e demais sanções previstas pela Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n° 13.709/18) entraram em vigor. A LGPD é baseada em legislações internacionais e visa a atualizar e a tornar mais robustas as regras de coleta e uso de dados de pessoas, estabelecendo padrões para o tratamento dessas informações inseridas na rede. O intuito é proteger a privacidade e resguardar os titulares dos dados de vazamento e/ou uso indevido. “A LGPD impacta todas as relações comerciais que coletam dados e, além da criação de entidades fiscalizadoras, ela estabelece punições que vão desde advertências simples até multas em espécie, dependendo de fatores como a gravidade e a natureza de tais infrações. Por isso, é imprescindível a devida adequação a todos os seus termos”, informa Roberto de Campos, diretor da Keysystems Informática e consultor da Abravidro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Curso do Sindividros-RS aborda inteligência emocional

O Sindividros-RS realizou, nos dias 2 e 4 de agosto, o curso online “Inteligência Emocional no Trabalho”. O treinamento, parte do programa de qualificação profissional Qualividros, foi ministrado na plataforma Zoom pela administradora e coach Cíntia Huff. O treinamento abordou questões como as emoções e os fundamentos e pilares desse tipo de inteligência; entre os tópicos abordados, Cíntia abordou as principais emoções e apontou que é possível controlar o que se faz, mas não o que se sente. De acordo com a docente, somos educados para olhar para o racional, sem considerar a sensibilidade como importante, destacando que sentimentos negativos devem ser acolhidos para que possamos ser seres integrais.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entidades mineiras promovem curso sobre vendas

Nos meses de junho e julho, o Sinvidro-MG e a Amvid realizaram o treinamento “Especialização em Vendas para o Setor Vidreiro”. A iniciativa fez parte do Programa Fiemg Competitiva, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O curso começou com um encontro de gestores das empresas inscritas, seguido de uma visita de um “cliente oculto” com o objetivo de identificar pontos a serem melhorados no processo de vendas. A última etapa foi uma capacitação online, focada nos principais pontos de dificuldade identificados pelo cliente oculto. Entre as dicas apresentadas, estava a necessidade de que o profissional de vendas se capacite e se atualize o tempo todo, inclusive sobre temas que antecedem o contato com o consumidor.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

AGC tem novo gerente-comercial

Desde julho deste ano, Rafael Klein Nunes ocupa o posto de gerente-comercial da Divisão de Construção Civil e Indústria para América do Sul da AGC. O profissional, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com especialização em Marketing pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Universidade Federal do Paraná (ISAE/UFPR) e MBA Executivo pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP), junta-se à multinacional nipônica com o desafio de consolidar a sua atuação comercial colaborando para o desenvolvimento de novos serviços e produtos que sigam no caminho da diferenciação e transformação do mercado de vidro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Novas MVAs entram em vigor em São Paulo

No dia 31 de julho, a Portaria CAT 55, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, estabeleceu novas Margens de Valor Agregado (MVAs) para materiais de construção – entre eles, os diferentes tipos de vidro plano. As MVAs passaram a valer em São Paulo em 1º de agosto e estarão em vigor até 30 de novembro de 2022 (confira as alíquotas na tabela). A portaria também prevê o cronograma para a próxima pesquisa de MVAs: o limite para a entrega do levantamento de preços é 30 de setembro de 2022.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Alíquota de importação para temperados para painéis fotovoltaicos é zerada

A Resolução Gecex Nº 217, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 20 de julho, zerou a alíquota do Imposto de Importação para vidros temperados com espessuras de 2 a 4 mm direcionados a módulos solares fotovoltaicos. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) é a responsável por esse pleito junto ao governo federal. A decisão por essa redução tarifária considera a indisponibilidade do vidro com as características necessárias para a produção dos painéis no Brasil. A Abravidro e a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) atuaram junto ao governo para mostrar que o setor vidreiro nacional é capaz de processar o material conforme as especificações necessárias e conseguiu reduzir a quantidade de vidro que será beneficiada pela medida à metade. Vale destacar que a medida é temporária, com vigência de 12 meses contados a partir de 27 de julho deste ano e limitada à importação de 70 mil toneladas dos referidos vidros.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Produtividade nas processadoras é importante

Como bem mostrou a edição 2021 do Panorama Abravidro, único estudo econômico do setor vidreiro nacional, o nível de produtividade das processadoras brasileiras cresceu 8,7% em 2020, alcançando o segundo melhor nível da série histórica desse índice. Mesmo com a pandemia, o segmento trabalhou de forma mais eficiente, principalmente por conta do aquecimento da construção civil no segundo semestre do ano passado. Porém, a situação desse indicador na cadeia de processamento está longe de ser a ideal. Como comentou Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, em reportagem de O Vidroplano de junho, ainda falta uma ação consciente para a melhoria da gestão do sistema produtivo de forma que esse crescimento atinja o mercado inteiro.

Por ser um tema tão relevante na indústria brasileira, ainda abalada pelos impactos da pandemia, a revista volta a falar sobre o assunto. A seguir, confira a importância de as empresas do vidro estarem atentas à questão e saiba como ferramentas digitais podem ajudar a tornar a produção mais efetiva.

Conceitos e comparações
Primeiro, vale analisar o assunto de forma mais ampla. O conceito não se limita a afirmar se uma empresa faz mais com menos recursos. Para o economista norte-americano Paul Krugman, é um indicador essencial no longo prazo para as economias, pois “a capacidade de um país elevar a qualidade de vida ao longo do tempo depende quase inteiramente da sua capacidade de aumentar a sua produção por trabalhador”.

Infelizmente, o Brasil não está nem perto dos líderes mundiais nesse quesito. De acordo com dados de 2019 da The Conference Board, entidade internacional de estudos econômicos, nosso nível de produtividade ocupa apenas o 78º lugar no ranking global – e o crescimento desse nível, desde a década de 1980, foi de somente 0,2% ao ano. Na média, quatro trabalhadores brasileiros produzem o mesmo valor que um trabalhador americano.

Para o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a questão passa pelo aumento da eficiência dos pequenos negócios, já que esses constituem mais de 90% das empresas nacionais. E como o mercado vidreiro é formado, em sua maioria, por companhias justamente desse porte, o assunto se torna ainda mais relevante.

Cálculo e desafios
Para o nosso setor, o indicador é medido de forma simples: divide-se o volume da produção em m² ao longo de um determinado período (dia, semana, mês, ano etc.) pelo número de colaboradores da empresa. Voltando ao Panorama, vê-se que, no ano passado, o número chegou a 174,6 m² por mês/funcionário, um aumento de quase 15 m² em relação a 2019 – o que foi na contramão do movimento geral da indústria de transformação brasileira como um todo, que apresentou queda durante a pandemia.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que esse índice recuou 0,6% na comparação de 2020 com 2019. E 2021 também não começou com boas notícias: o estudo Produtividade na indústria revela que o primeiro trimestre registrou queda de 2,5% na comparação com o último trimestre do ano passado. Além disso, as empresas tiveram mais horas trabalhadas (aumento de 1,9%) para produzir menos. Entre os fatores que contribuíram para esse mau resultado estão a elevada incerteza gerada pela economia, os estoques ainda baixos, a alta dos custos e o aumento da escassez de insumos e matérias-primas. “São dificuldades que afetam a capacidade de planejamento das empresas de estabelecer o ritmo de produção”, afirma o documento da entidade.

No Blog do desenvolvimento, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o artigo “Produtividade em questão: reflexões para a economia brasileira” comenta dois fatores que influenciam negativamente essa questão no País. O primeiro é a falta de abertura de nossa economia, fato que limita a possibilidade de obter novas técnicas e insumos de melhor qualidade do exterior. Na sequência, vem a falta da capacidade, por parte da maioria das empresas brasileiras, de realizar investimentos para permitir a implementação de novas técnicas e processos. A consequência disso é uma economia pouco dinâmica na qual as companhias mais produtivas têm dificuldade em se expandir.

Na prática
E o que muda no dia a dia da processadora vidreira quando se mede a produtividade? Para Cláudio Lúcio, o conhecimento certo sobre a produção permite a aplicação de adequadas ações de correção, resultando em:

– Forte redução dos custos;

– Capacidade de determinar a competitividade da empresa;

– Aumento da entrega de valor ao cliente;

– Capacidade de correlacionar vários indicadores gerenciais para a melhora de processos.

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“Uma empresa pode ocupar toda a sua disponibilidade de tempo e recursos humanos e materiais e, mesmo assim, ter uma eficiência ruim”, explica o instrutor técnico da Abravidro. Por isso, é importante esclarecer que produtividade é diferente de ociosidade – esta última diz respeito somente aos recursos não empregados. “Pode parecer óbvio, mas é pouco provável que uma empresa com baixa produtividade esteja bem. Por outro lado, é muito provável que uma com alta produtividade esteja em uma boa situação.”

O caminho mais adequado para que a empresa seja mais eficiente passa por entender a própria atuação. Assim, é preciso definir três situações:

O que produzir: para isso, deve-se realizar um planejamento estratégico, visando a conhecer as características dos mercados aos quais se atende. Uma ferramenta a ser usada nesse momento é o Key Performance Indicator (KPI), ou indicador-chave de performance, uma maneira de medir se um conjunto de iniciativas permitirá que a organização alcance os objetivos propostos;

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Quanto produzir: analisar e definir o portfólio de produtos adequado às demandas do mercado. Precisam ser levados em conta tópicos como mix de vendas, responsável pela proporção de cada produto vendido em relação ao faturamento total; budget, um orçamento estático relacionado às despesas da empresa; e forecast, um orçamento ajustado que acompanha as variações dos negócios;

Como produzir: envolve definições a respeito dos diferentes aspectos do processo produtivo, incluindo: layout de equipamentos; tecnologias e maquinários que estejam adequados ao tipo de produção da empresa; sistema de gestão profissional que integre todas as dimensões do negócio; tempo de atendimento ao cliente; e capacitação de toda a mão de obra – afinal, quem irá operacionalizar todos os itens citados serão pessoas — e elas precisam saber efetivamente o que estão fazendo.

Números para levar em conta
Como aponta Cláudio Lúcio, a produtividade ideal – que revela uma empresa saudável em relação à própria demanda e capacidade de produzir – varia de acordo com o tipo de cliente de cada companhia. Ao longo de sua carreira atuando em empresas vidreiras e como consultor, chegou a números que considera boas referências para o mercado.

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– O que seria uma boa produtividade?
Para empresas que atendem o mercado de engenharia e arquitetura, um bom indicador seria igual a ou acima de 310 m²/colaborador. Caso também tenham linha de fabricação de laminados, o nível deve ser igual a ou acima de 410 m², somadas as duas especialidades.

– O que seria uma má produtividade?
Para empresas que atendem o mercado de engenharia e arquitetura, o indicador igual a ou abaixo de 200 m²/colaborador pode indicar grande potencial de melhoria. Caso também tenham linha de fabricação de laminados, o nível seria igual a ou abaixo de 310 m², somadas as duas especialidades.

Como se vê, os 174,6 m²/colaborador que o Panorama Abravidro indicou como sendo o nível da indústria de transformação vidreira em 2020 mostram que, apesar de o índice estar em alta, ainda há muito a ser feito para subirmos no ranking internacional mencionado anteriormente.

O papel dos softwares
A melhor forma de medir o indicador é usando as informações geradas pelos sistemas de gestão informatizados e integrados – os chamados ERPs. “Como as processadoras lidam com muitas demandas específicas a cada pedido, de forma a atender a construção civil, indústria automotiva, linha branca ou moveleira, é praticamente impossível ter uma boa gestão sem um bom software”, comenta Carlos Santos, sócio-diretor da SF Informática, criadora do sistema Glasscontrol. “Seu uso permitirá identificar quando for alcançada a capacidade máxima em algum processo, além de oferecer a oportunidade de a gestão da empresa tomar decisões assertivas na hora certa para realizar novos investimentos”.

Como detalha Alexandre Gomes Nascimento, gerente-comercial da Softsystem, desenvolvedora do sistema Pegasus Corporate, os dados de produção são coletados nos diferentes pontos da fábrica e o custo de cada um deles é distribuído pela contabilidade. “Com o cruzamento dessas informações, é possível saber quanto do valor do material acabado é mão de obra, quanto é matéria-prima e quanto cada peça produzida absorveu de custo em cada etapa produtiva.” Assim, a processadora poderá identificar gastos excessivos e realizar melhorias nos processos, gastando cada vez menos recursos para produzir mais.

E vale a dica deixada por Cláudio Lúcio: os sistemas precisam integrar todos os setores da processadora. “Caso seja necessário utilizar um ERP paralelamente a um controle simples, por planilhas de Excel, para administrar seu negócio, a empresa não terá os benefícios de uma gestão eficaz e eficiente.”

A função dos maquinários
A eficiência produtiva está diretamente ligada às condições das máquinas usadas. Como reforça Luiz Garcia, diretor da Lisec Sudamérica, não se deve pensar apenas na velocidade de processamento: “Devemos tratar de um conceito mais amplo, cuidando de todas as variáveis que impactam essa questão. Por exemplo, a confiabilidade do equipamento, ou seja, sua condição para trabalhar sem apresentar problemas, evitando indesejáveis e intermináveis paradas para manutenção”, analisa. “A qualidade da peça produzida também conta, pois, quanto mais alta, menos irá gerar retrabalhos ou mesmo descartes. Em resumo, deve-se pensar sempre no tripé: velocidade, confiabilidade e qualidade.”

No artigo “Como o maquinário afeta a produtividade”, publicado no blog da Metso Outotec, empresa especializada em tecnologias sustentáveis para indústrias, é apontado que o grande vilão industrial é a baixa capacidade de entrega de resultados das máquinas. “Um equipamento muito antigo, desgastado ou que não passa pela manutenção preditiva e preventiva corretamente pode encontrar dificuldades de funcionamento. (…) O problema também pode ser fruto da tecnologia ultrapassada e inadequada aos parâmetros. Nessas situações, a substituição completa costuma ser a opção mais viável.”

Caminho para o crescimento
A melhora da produtividade vidreira é a rota ideal para o aumento da competitividade de nossas empresas, inclusive frente àquelas de outros países. O caminho é a profissionalização, com as companhias se capacitando para desenvolver uma gestão adequada e mais assertiva do sistema de entrega de valor. “Com empresas preparadas, é possível crescer exponencialmente em momentos como os em que vivemos”, opina Cláudio Lúcio. Por isso mesmo, o monitoramento desse indicador deve ser constante – isso irá ajudar as companhias a entender movimentos de mercado, sazonalidades e a própria capacidade de atender demandas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

O Vidroplano entrevista executivos da Cebrace

A Cebrace anunciou diversas movimentações em seus negócios recentemente. Uma delas envolve sua diretoria-executiva: Manuel Corrêa assumiu o cargo ocupado há sete anos por Reinaldo Valu, que deixou a empresa para novos desafios dentro do Grupo Saint-Gobain. Corrêa agora representa a usina vidreira ao lado de Leopoldo Castiella. A outra mudança altera de forma significativa o setor de vidros impressos: a marca Saint-Gobain Glass, única fabricante do material em nosso país, deixa de ser usada e os produtos passam a integrar o portfólio da Cebrace.

Para entender esses movimentos, O Vidroplano entrevistou com exclusividade Corrêa e Castiella. Ambos comentam a situação de futuros investimentos, como a construção do forno C6, e a situação do mercado em meio à pandemia.

Conte-nos sobre sua jornada dentro do Grupo Saint-Gobain até chegar ao atual cargo na Cebrace.

Manuel Corrêa — Vou completar 37 anos de carreira profissional e já fiz diversas coisas no grupo. Comecei na divisão de refratários, assumindo a gerência do negócio aqui na América do Sul muito jovem. O início foi na área comercial — essa área e a de produto sempre me acompanharam. Migrei para a divisão de abrasivos e, posteriormente, para o setor de negócios e manufatura, onde comecei a ter proximidade com produção e desenvolvimento de produtos. Depois, fui para a China tomar conta de uma unidade de negócios para a Ásia, uma joint-venture que ficava no Japão. Estava com certa frequência nessa empresa e isso vai me ajudar bastante na relação com o sócio japonês, a NSG. Fiquei no continente por três anos e meio e aí retornei ao Brasil para liderar a Sekurit, divisão de vidros automotivos da Saint-Gobain. Então, eu já tive uma visão de cliente da Cebrace, do entendimento do mercado, sei no que a gente pode avançar, quais os desafios presentes e futuros. Estive também em outra jornada dentro do grupo, como líder da Telhanorte Tumelero. Um negócio completamente diferente de tudo que eu tinha feito na vida, saindo de atividades industriais para uma experiência de varejo e lidando, sobretudo, com o consumidor final, vendedores em lojas, entrega em domicílio. Tudo bastante intenso. Em 2018, fui para os Estados Unidos liderar a divisão de abrasivos e reorganizar as operações na América do Norte. Completei três anos lá no final de junho e aí recebi esse convite para a Cebrace. Conheço a região, sou natural do Vale do Paraíba [região em que a Cebrace está instalada em São Paulo]. Assim, para mim é uma volta para casa dupla – não somente do ponto de vista profissional, mas pessoal. A Cebrace é uma empresa de administração excelente, tem-se aqui um nível de gestão exemplar. E um dos meus desafios é procurar melhorar algo que já é muito bom, usando o que eu aprendi no Japão, o conceito de kaizen, de melhoria contínua, com muita humildade e respeito.

Em 2016, a Cebrace tinha se tornado distribuidora exclusiva dos vidros impressos da Saint-Gobain Glass para os Estados do Sul e de São Paulo. Agora, todos esses produtos passam a fazer parte do portfólio da Cebrace de forma definitiva. Quais foram os motivos para essa grande reestruturação que culminou com o término do uso da marca da SGG no Brasil?

Corrêa — A razão é bastante simples. A gente vê o vidro impresso – ou o vidro texturizado, que é a nossa nova forma de comunicação para esse produto – como um material que preenche muitos espaços também destinados ao float. Comercialmente, o canal é o mesmo, com algumas exceções. A maioria dos clientes é comum e os preços são mais ou menos relativos. A empresa viu no passado essa oportunidade de buscar sinergia entre as áreas comerciais, de unificar isso. Por isso, hoje, a unidade comercial do vidro texturizado é da Cebrace. Todos os produtos são vendidos por ela. Isso nos pareceu uma estratégia vencedora, uma vez que você ganha integração. Estamos muito satisfeitos e os resultados têm evoluído.

Então, não devemos fazer uma leitura desse movimento como redução do mercado de texturizado?

Leopoldo Castiella — Sobre isso eu queria pontuar algumas coisas. Primeiro, o maior uso do float em aplicações que seriam de texturizados é um caminho mundial. Por esse motivo, quando se olha para o mundo inteiro, muitas operações desse produto não tiveram continuidade nos últimos cinco anos, fundamentalmente por essa migração para aplicações mais sofisticadas com o float, que requerem outro tipo de processamento, acabamento. Outro ponto é a otimização dos processos. Nós vimos durante a pandemia que temos uma estrutura de custo competitivo. Então, a combinação do forno da SGG, em São Vicente [SP], fabricando com a Cebrace comercializando otimiza o processo todo.

Estamos em um momento cheio de desafios para a realização de novos investimentos. Por isso mesmo, poderiam comentar qual o andamento do projeto para a construção do forno C6? Em 2019, foram conseguidas as licenças ambientais para a obra em Caçapava (SP). Alguma novidade de lá para cá?

Castiella — A situação é a mesma. A pandemia atrasou um pouco todas as coisas, como o timing de recuperação do mercado e a possibilidade física de dar andamento aos projetos. A gente precisa completar o forno da Vasa, na Argentina, reparar o C2, fazer uma reparação a quente também aqui em Jacareí [SP]… Temos uma quantidade de projetos que se afunilaram e agora a gente precisa andar com eles. Para isso, existem desafios desde trazer os técnicos do exterior, levando em conta as várias restrições dos países em relação à pandemia, e até muitos dos materiais, os quais vêm da Ásia, da China. O C6 está na pauta, sim, dentro de nossas prioridades, e vai ser feito. Mas pra isso precisamos fazer andar a fila e desafogar o resto.

Em relação ao forno da Vasa, a planta continua prevista para ser inaugurada em abril de 2022? E a reforma do C2 segue com a data de janeiro?

Castiella — Sobre a Vasa, estamos trabalhando pra isso. Hoje, há 250 operários trabalhando no canteiro de obra na Argentina e todos os fornecedores são locais, com alguma exceção de pessoas que levamos pra lá. Agora, o timing definitivo só vamos saber quando chegar a hora, dependendo da velocidade com que consigamos mobilizar os times do exterior e o abastecimento de materiais. E sobre a reforma do C2, por enquanto, segue na data. Se em algum momento tiver alguma modificação, a gente vai comunicar.

No ano passado, por conta dos impactos da pandemia, tivemos alguma indisponibilidade no abastecimento de float no segundo semestre. Este ano a situação melhorou, mas a oferta ainda não está plena, não é? Como a Cebrace está se preparando para a parada do C2?

Castiella — Eu diria que não temos, pois não estamos fabricando permanentemente toda a linha de produtos. Para dar um exemplo concreto: eu já esqueci quando foi a última campanha de vidro bronze. Para ter abundância ainda faltam alguns passos a mais. Mas existem várias frentes que não estão 100% claras e que não são fáceis de serem previstas. A indústria automotiva, o principal cliente do forno de Caçapava, ainda está com muita dificuldade pela extensão dessa parada, por causa da falta de semicondutores. Isso, por um lado ajuda, pois facilita na constituição dos nossos estoques; mas, por outro, a gente deixa de vender. Precisa ir acompanhando no dia a dia, semana a semana, o que acontece. Mas já estávamos organizados para passar por esse reparo no forno e vamos começar a constituir os estoques um pouco mais perto do final do ano.

Como vocês veem o atual momento de outros setores clientes do vidro, como o moveleiro e o de linha branca? Como está a demanda?

Corrêa — A origem dessa crise foi muito diferente. Não foi um problema econômico, mas de saúde, que teve impacto enorme na vida das pessoas. Isso forçou todo mundo a apertar o cinto — e na Cebrace não foi diferente. Aconteceu uma coisa impensável numa atividade como a nossa, fato único na história da companhia: paramos todas as linhas de produção, assim como nossos clientes fizeram. Todo mundo acabou preservando caixa e deixou o estoque num nível muito baixo. Essa demanda dos últimos meses, uma parte dela, foi naturalmente para a recomposição desses estoques. Acho que agora, com a vacinação e a melhoria das condições sanitárias, a demanda vai crescer. E a indústria da construção viveu esse boom no segundo semestre do ano passado também por causa das pequenas reformas. Toda a pandemia impactou o jeito com que as pessoas se relacionam com sua casa. Querem um espaço maior para trabalhar, lidar com o estresse do home office, brincar com filho, cachorro… e isso nos favorece. É uma coisa meio que permanente, ninguém imagina voltar tudo como era antes. Aprendemos coisas novas nesse período.

Castiella — Cada setor está em uma realidade diferente, com sazonalidades e situações distintas. A falta de componentes complica alguns ramos, talvez a construção civil em menor escala. Porém, quando vamos para a refrigeração industrial, para alguns casos de eletrodomésticos, e até na indústria moveleira, no caso do MDF e algumas peças de plástico, isso tem impacto. Mesmo dentro do vidro a gente conta com um ciclo sazonal. Nossa visão é de que, a partir da segunda quinzena de agosto, a coisa começa a andar de novo; e setembro, outubro e novembro serão meses acelerados. A visão é ter um fechamento de ano positivo. Agora, por exemplo, se faltar MDF vai ser um problema para todos, pois não vai dar para completar os móveis e o vidro acaba afetado.

Sobre a questão da sazonalidade, apesar do bom segundo semestre de 2020 para a construção, a linha branca não teve a mesma sorte e acabou sofrendo no período.

Castiella — Sim, mas com considerações. Está tendo uma acumulação de preço nas cadeias. Hoje existe uma briga de repasse no valor das matérias-primas. Os clientes da linha branca, por exemplo, antes dos consumidores finais, são os grandes magazines, as lojas. E entre a indústria e os lojistas ocorre uma discussão sobre o repasse de parte desses custos. Essas pequenas brigas acabam influenciando, mas todo mundo sabe que no fim do ano as coisas melhoram. Acho que tem, sim, um efeito estacionado de consumo; junho e julho geralmente são meses mais fracos, pessoal em férias. Isso é uma realidade. Mas, por outro lado, tem esse efeito inflacionário que eu comentei. E os aumentos de custo vão chegar ao consumidor final de alguma maneira, podendo impactar um pouco a demanda, inclusive na construção civil. Algumas obras começaram com uma estrutura de custos e agora isso precisa ser mudado.

Corrêa — Nos meus últimos meses nos Estados Unidos, via-se uma inflação enorme em dólar atingindo insumos como aço e derivados do petróleo. No Brasil, isso se amplifica pela desvalorização do real. Há um efeito cascata do câmbio somado à alta das commodities em nível mundial.

Uma demanda que parece crescer é a da indústria de módulos de painéis solares. Recentemente, fomos surpreendidos com um pedido da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) para isenção da tarifa de importação de vidros temperados destinados a esses módulos (veja mais clicando aqui). O pleito original era zerar o imposto para 140 mil t do nosso material, mas a Abravidro, em conjunto com a Abividro, conseguiu reduzir essa quantidade à metade. Ao mesmo tempo, a NSG inaugurou uma planta na América do Norte voltada para esse mercado. Há algum movimento para o setor vidreiro nacional conseguir atender um volume grande de vidro para painéis fotovoltaicos? Além disso, a Cebrace teria condições de produzir hoje o vidro para esse uso?

Castiella — Ocorre uma mudança importante na composição desses painéis, fundamentalmente na China. O substrato desses produtos era um vidro texturizado baixo emissivo e temperado. Várias dessas aplicações estão usando float, um motivo pelo qual o mercado chinês está com grande demanda de vidro. O resultado é que o preço da tonelada na China está acima dos US$ 450. E essa é uma mudança estrutural do mercado mundial, pois esse país sempre foi referência do piso do valor do vidro, e por muito tempo ficou em US$ 200/220 por t. Então, eu sinto essa mudança estrutural na nação que detém mais de 50% da capacidade instalada de fabricação de float no planeta. Voltando para o Brasil, a gente consegue atingir o nível óptico do float necessário, mas o problema é que muitas das fábricas de painéis estão trazendo o produto acabado. Então, a estrutura de custos do conjunto todo precisa ser competitiva. Um melhor cenário depende da avaliação dessas empresas em relação ao custo da mão de obra para montar aqui, para trazer os componentes separados. Inclusive, isso foi uma coisa que durante um período avançou, pois tivemos duas montadoras trabalhando aqui em São Paulo com bastante dedicação. Mas, depois, os leilões do governo foram interrompidos, elas perderam a continuidade e decidiram ir pelo caminho de importação. Concordo que o volume inicial do pleito estava completamente fora da realidade, e isso também não dá nenhuma chance para que a gente possa dar um passo e avançar. Eu diria que não existe um problema no float brasileiro, mas nesse processo como um todo.

O Panorama Abravidro 2021 mostrou crescimento no faturamento e produção das empresas vidreiras no ano passado, mesmo com a pandemia. Porém, uma questão ainda aflige as processadoras: a ociosidade no elo de processamento. Como a Cebrace encara a questão?

Castiella — Aproveito a deixa para comentar que os números do Panorama este ano mostram um crescimento um pouco acima do que a Cebrace enxerga. De qualquer maneira, a ociosidade existe, é histórica e não está diminuindo. É uma preocupação, pois a consequência principal da ociosidade é vista nos preços. O aumento do uso de vidros de segurança, apoiado pelas normas, em cada vez mais áreas na construção vai permitir que a ociosidade comece a reduzir. E se a gente tiver uma reforma tributária séria, colocando todos no mesmo patamar de competição, isso pode ajudar também a ordenar um pouco o mercado. Somado a isso, vale a pena destacar o tema da energia elétrica. No segundo semestre deste ano e no primeiro do ano que vem os custos vão crescer. E se tiver racionamento como já aconteceu em 2001, aí a situação será supercrítica. A gente precisa acompanhar isso de perto, pois energia elétrica é um insumo fundamental na equação dos custos.

Como estão as atividades dos colaboradores da Cebrace após um ano e meio de pandemia? Uma parte da empresa ainda atua em home office?

Corrêa — Esse é um assunto mundial nas nossas organizações. Todos tentando encontrar a melhor solução. Somos bastante cautelosos, não podemos baixar a guarda. Do ponto de vista do retorno ao escritório, nós estamos acompanhando quase que semana a semana a situação. Agora em agosto, por exemplo, no Estado de São Paulo, onde estão duas de nossas unidades produtivas mais a nossa sede, começa o retorno às aulas. Monitoramos também o número de vacinados em cada uma de nossas plantas, tentando incentivar a vacinação ao doar uma cesta básica para entidades de amparo a pessoas carentes a cada funcionário que nos mostra o certificado de vacinação. Então, é uma campanha para sensibilizar, estimular e motivar as pessoas a se vacinar. Estamos funcionando relativamente bem com ferramentas virtuais – claro que não é a mesma coisa do presencial, principalmente na cultura das organizações. Ao mesmo tempo, temos o desafio de preservar a saúde de nossas equipes, o que é sem sombra de dúvida a prioridade número um da gestão.

Para finalizar, gostariam de deixar uma mensagem ao mercado?

Castiella — A expectativa para o resto do ano é boa. Eu pediria a todos um pouco de sabedoria e paciência para passarmos essa última etapa dos meses de baixa sazonalidade. A gente tem de levar assim até o final de agosto e depois tentar surfar a onda do final do ano, que sempre tem sido positiva.

Corrêa — Nós acreditamos muito no Brasil e vamos continuar investindo no País. As dificuldades são passageiras — e acho que somos maiores que as dificuldades enfrentadas. Esse é o nosso caminho e continuaremos nessa jornada de crescimento, melhoria, novos produtos e sustentabilidade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 584 (agosto de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.