Vidro por todos os lados

Com a maior presença das pessoas em casa, ainda mais neste período de piora da pandemia, as reformas e novas instalações em residências ajudam a movimentar nosso setor. E este mês, em O Vidroplano, falamos sobre uma das estruturas com vidro mais usadas em nosso país — e que pode trazer muito conforto e bem-estar aos usuários: o sistema de envidraçamento de sacadas. A reportagem mostra a evolução do produto, incluindo as mudanças na forma de especificá-lo e instalá-lo.

Aproveitando o tema, a seção “Para sua vidraçaria” também aborda as sacadas, revelando uma oportunidade de mercado bastante interessante para ser explorada junto aos consumidores: a venda dessa solução em conjunto com cortinas-rolo.

A inauguração da maior plataforma envidraçada sobre cânion do mundo – a Skyglass Canela, obra brasileira que foi capa da edição do mês passado da revista – serviu de inspiração para uma pergunta que fizemos a usinas, processadoras e instaladoras: além desse projeto histórico, quais seriam as grandes construções nacionais com vidro dos últimos anos? Veja as indicações nesta edição.

E por falar em obras envidraçadas, comentamos também, na seção “Arquitetura & Design”, o uso do material em saunas, uma tendência que oferece segurança e integração entre ambientes a um espaço caracterizado pelo isolamento.

Que todas as instalações apresentadas inspirem seus negócios este mês. Boa leitura!

Iara Bentes
Editora de O Vidroplano

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Caleidoscópio – março 2021

DADOS & FATOS

Resultado do PIB
No início de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Produto Interno Bruto (PIB) nacional de 2020. Houve recuo de 4,1%. Entre os principais destaques negativos estão os setores de serviços, com queda de 4,5%, e indústria — esta oscilou negativamente em 3,5%.

Melhor do que o esperado
O resultado não chegou a ser tão devastador quanto se previa nos meses iniciais do surto da Covid-19. O Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a prever em junho passado que o PIB brasileiro encolheria 9,1%. Na visão do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), tamanha amenização deveu-se ao conjunto de medidas emergenciais de combate aos efeitos econômicos da pandemia adotadas pelo Brasil, e também por outros importantes países, fazendo com que o PIB mundial e o comércio internacional também não diminuíssem tanto.

Pior desempenho da indústria em 5 anos
Os dados divulgados apontam que a queda interrompeu a trajetória de alta dos últimos dois anos. Além disso, desde 2016, o setor não apresentava recuo tão acentuado (-4,6% naquele ano). Os piores desempenhos dentro do segmento foram os da construção civil (-7%), que recuou após alta de 1,5% registrada em 2019, e da indústria de transformação (-4,3).

Bons resultados
Em janeiro, no entanto, os resultados alcançados foram positivos: houve aumento do emprego de mão de obra pelas fábricas, de acordo com a Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) — é o melhor para um mês de janeiro desde 2015. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) computou que as vendas da indústria brasileira de máquinas e equipamentos somaram R$ 12,5 bilhões nesse mês, resultado 38,5% superior ao registrado no mesmo mês de 2020, e também o melhor para o mesmo período desde 2015.

 

FIQUE POR DENTRO

Vidro aramado no Copan
O vidro aramado virou assunto no Instagram da arquiteta Patrícia Pomerantzeff. Dona do perfil @domaarquitetura e de um dos canais sobre decoração mais seguidos no YouTube (pesquise por “Doma Arquitetura”), a profissional assumiu um projeto de revitalização de uma kitnet no Copan, um dos mais emblemáticos prédios de São Paulo assinado por Oscar Niemeyer. A kitnet reformada por Patrícia, de fachada voltada para o lado de trás da construção, não tem os icônicos brises e é toda envidraçada. A parte de baixo do envelopamento é preenchida por vidro aramado. Não tão conhecido pelo público, o aramado, vidro de segurança impresso e translúcido, possui uma rede metálica de malha quadriculada incorporada à sua massa. Ela segura os estilhaços de vidro caso haja rompimento da placa, reduzindo os riscos de ferimentos no momento da quebra e deixando o vão indevassável até sua substituição. Esse vidro também oferece privacidade e estética aos projetos, ampliando o conceito de iluminação e requinte.

Empolgada com a solução original do prédio (e olha que estamos falando de um projeto finalizado na década de 1960), Patrícia revelou aos seus seguidores que pretende usar aramados também nas divisórias dos ambientes internos do apartamento, oferecendo luz natural aliada à segurança e, claro, à beleza.

 

RETROVISOR

Norma de desempenho
A construção civil brasileira viveu um momento histórico em 19 de fevereiro de 2013 com a publicação, por parte da ABNT, da revisão da norma NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho. O documento rege tecnicamente todas as edificações residenciais e mudou, para melhor, a forma de se projetar e construir habitações no País. O Vidroplano de março de 2013 trouxe uma reportagem de capa detalhando as mudanças, adaptações necessárias ao mercado e muito mais.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Andando em círculos

domingos_mar2021Há exatamente um ano eu escrevia neste espaço sobre o momento sem precedentes que atravessávamos com a deflagração da pandemia, as medidas anunciadas pelas diferentes esferas governamentais, bem como aquelas que vinham sendo adotadas pelas empresas, além das preocupações com a economia em meio a tanta incerteza.

Nesses 12 meses, vivemos diferentes momentos, tanto do ponto de vista da evolução da pandemia quanto do ritmo da economia. Se o segundo trimestre de 2020 foi assustador, já no mês de julho começávamos a ver uma recuperação da atividade, especialmente no setor da construção civil. Esta resultou principalmente do fato de as pessoas estarem passando mais tempo em suas casas devido ao distanciamento social e do aumento da poupança das famílias, o que permitiu investir em pequenas reformas residenciais.

Nesse período, no entanto, jamais imaginei que teríamos uma piora tão rápida e acentuada do cenário como a que estamos vivendo desde fevereiro. O agravamento da pandemia tem tido o sabor amargo de um número de mortes inimaginável e também de limitações ainda não experimentadas, como, por exemplo, a restrição de atividades do comércio varejista da construção civil anunciada em São Paulo, que afeta diretamente a atividade das vidraçarias. Apesar da pressão das entidades do setor, as autoridades regionais têm mantido algumas ações mais restritivas do que no primeiro momento, ainda nos meses de março e abril do ano passado.

E por mais estranho que o mundo tenha estado, algumas coisas permanecem as mesmas, como uma certa indisponibilidade de float em determinadas espessuras e cores. A renovação do antidumping do vidro incolor também dá o tom de mesmice, muito embora com uma redução nas origens impactadas pela medida, com a saída dos Estados Unidos e Arábia Saudita e suspensão da aplicação para o México.

E é para mensurar o impacto disso na indústria de transformação em 2020 que mais uma vez me dirijo aos meus colegas processadores para reforçar a importância de participação na pesquisa para a elaboração do Panorama Abravidro, o único estudo econômico e produtivo do setor. Para nós, o material é um retrato do desempenho da indústria e também uma importante ferramenta de apoio na gestão das empresas. Conto com você!

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

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PKO lança rede de credenciamento

A PKO do Brasil lançou uma rede de credenciamento com o objetivo de expandir as vendas de um de seus produtos de maior sucesso, o vidro privativo Privacy Glass (foto), cujo aspecto visual pode passar de branco translúcido para transparente pelo acionamento de interruptor, controle remoto ou até mesmo automação. Os parceiros credenciados serão treinados para garantir atendimento personalizado, contando com o suporte técnico e comercial da PKO. A iniciativa terá um espaço online em que serão disponibilizados materiais técnicos sobre o produto e simulações de valor. As empresas interessadas podem se cadastrar previamente no site www.privacyglass.com.br e aguardar o processo de validação.

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Novidades sobre o Encontro Sul-Brasileiro

Os pacotes de hospedagem para os interessados em participar do 10º Encontro Sul-Brasileiro de Vidreiros foram anunciados. Há duas opções disponíveis, a de pacote duplo (quarto para dois adultos) e triplo (quarto para três adultos). Ambos incluem todas as refeições e podem ser parcelados até a data do evento. Para garantir a hospedagem, basta acessar o site www.hoteismabu.com.br, escolher o período de 21-10-21 a 23-10-21 ou 21-10-21 a 24-10-21 e inserir o código ADIVIPAR2021.

O evento será realizado de 21 a 23 de outubro, no Mabu Thermas Grand Resort, em Foz do Iguaçu (PR). A Adivipar será a responsável pela organização, em parceria com a Ascevi e Sindividros-RS. A programação incluirá diversas palestras:

Como fazer a Sucessão Familiar?, com Loren D´Angelo (diretora da Dale Carnegie em Campinas e Região de SP e consultora da Dale Carnegie in-company para diversas empresas e segmentos no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo);

Você realmente sabe vender?, com Marcos Souza (diretor da Superação Treinamentos e Consultoria);

Planejamento Sucessório Tributário e Patrimonial, com Alexandre Dangui (sócio-fundador do Escritório Carminatti & Dangui Advogados Associados);

Inteligência Emocional e Inovação, com Allan Costa (diretor de Inovação e Alianças da ISH Tecnologia).

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Guardian traz anúncio e lançamentos para o mercado

A Guardian anunciou ao mercado que fará uma pausa para manutenção preventiva do forno de Tatuí, em São Paulo: a parada será em 30 de março, com expectativa de retomada da produção já no mês de abril, porém sem data confirmada para isso. De acordo com Renato Sivieri, diretor-comercial da usina, trata-se de uma manutenção regular realizada, em média, a cada três anos. Sivieri assegura que todas as medidas preventivas foram tomadas para evitar a disrupção na cadeia de fornecimento — a empresa irá garantir o atendimento aos clientes de sua carteira nesse período.

A usina também anunciou novos produtos. Um deles é a tonalidade off white para o vidro DecoCristal – o material, pintado em um dos lados e com alto brilho, já estava disponível nas opções preta e branca-clara. Segundo a Guardian, a nova cor bege neutra se adapta aos mais diversos ambientes e confere um toque especial em superfícies decorativas aplicadas na decoração de interiores e indústria moveleira.

Já o vidro de controle solar SunGuard Âmbar, revelado à imprensa em encontro online, pode ser usado em fachadas, decoração, interiores e móveis. A empresa destaca que a cor âmbar do produto está em linha com as tendências atuais buscadas pelo mercado da construção civil, tendo surgido da demanda de arquitetos e construtoras.

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Cebrace anuncia novidades dentro e fora do Brasil

A Cebrace informou que a reparação da planta de Caçapava (SP), conhecida como C2 terá início em julho, quando ocorrerá a parada do forno. A empresa já havia anunciado em janeiro que realizaria essa reforma a frio, com previsão de parada por três meses. A empresa informou também que já começou a movimentar a terra em preparação à futura ampliação de capacidade dessa unidade.

A Cebrace comunicou ainda que, na Argentina, as obras do segundo forno da Vasa (foram retomadas em outubro de 2020, após terem sido interrompidas por alguns meses por conta da pandemia. Espera-se que a planta entre em operação no começo de 2022, para colaborar com a otimização do serviço de abastecimento aos consumidores da região.

Outra novidade da Cebrace é o lançamento, este mês, da campanha Conforto que Transforma. A iniciativa visa a posicionar a marca perante todo o mercado, além de colaborar com a valorização do vidro como elemento fundamental e transformador na construção e arquitetura. Os materiais da campanha, elaborada pela agência LVL, foram pensados para serem aplicados nas vidraçarias, pontos de venda de todo o Brasil, redes sociais da marca e e-mails marketing. Um vídeo-manifesto, colocado no ar no YouTube, mostra os produtos da usina em aplicações diversas, como edificações, interiores de ambientes, móveis, eletrodomésticos e automóveis.

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Simpovidro é adiado para 2022

A 15ª edição do maior encontro vidreiro da América Latina, organizado bienalmente pela Abravidro, estava prevista para o último trimestre de 2021, mas foi remanejada para o mesmo período do ano que vem. A decisão foi tomada devido às dúvidas em relação às condições e protocolos para a realização de eventos presenciais, somada à imprecisão dos prazos para a continuidade do Plano Nacional de Vacinação. Além disso, o Simpovidro é um evento de relacionamento e contato próximo entre os participantes; por isso mesmo, vale a cautela com a atual situação. “O Simpovidro reúne conteúdo e networking de toda a cadeia. Diante de tantas incertezas que podem comprometer a efetiva realização e qualidade do nosso evento, entendemos que a medida mais segura é o adiamento”, afirma o presidente da entidade, José Domingos Seixas. “Esperamos muito em breve poder anunciar novidades.”

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Glasstec 2021 é cancelada

A Messe Düsseldorf, organizadora da Glasstec, a mais importante do setor vidreiro mundial, decidiu, em conjunto com os parceiros do evento, cancelar a edição deste ano. O motivo é a continuidade da pandemia da Covid-19 pelo mundo todo, bem como as restrições decorrentes para viagens internacionais. A próxima edição da feira volta aos anos pares — 20 a 23 de setembro de 2022 — e espera-se que ela proporcione uma experiência híbrida, permitindo a presença física e também a participação digital, a distância, nas conferências e em mostras especiais, como o Glass Technology Live. As inscrições para a Glasstec 2022 começarão em junho deste ano.

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ABNT prepara nova ferramenta técnica

A Abravidro e a Abividro elaboraram em conjunto o texto base para a Prática Recomendada ABNT PR 1010 — Aplicação e manutenção de vidros na construção civil. Esse novo tipo de documento técnico da ABNT é desenvolvido com mais agilidade que as normas e busca apresentar o conteúdo de forma didática, com linguagem menos técnica e mais acessível. A PR 1010, que estava em consulta nacional até o fechamento desta edição de O Vidroplano, contou com a participação de representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Portas e Janelas Padronizadas (ABRAEsP), do Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp), do Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação (IBELQ) e dos comitês da ABNT responsáveis pelas áreas de esquadrias (CB-248) e da construção civil (CB-02) em seu desenvolvimento.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Setor vidreiro fica de luto

Nosso segmento se despediu de três profissionais nas últimas semanas. No dia 17 de fevereiro, faleceu Marcos Espíndula, diretor da Vix Temper Indústria e Comércio de Vidros. Também no Espírito Santo, Nilson Francisco Sanson, sócio da Temper Glass, morreu no dia 21 de fevereiro em decorrência de um câncer. Em Guarulhos (SP), no dia 3 de março, registramos o falecimento de Felipe Ramalho, sócio-proprietário da Palácio dos Cristais Vidros, em decorrência do agravamento de seu quadro da Covid-19.

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Evento da Blindex discute papel da mulher no mercado de trabalho

No dia 9 de março, a Blindex realizou o 2º Fórum Transparência com Elas. 100% online, o evento contou com a condução de Ana Fontes, presidente e fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), entidade que busca apoiar o empreendedorismo feminino do Brasil.

Em sua palestra, Ana informou que metade das pequenas e médias empresas no Brasil já é liderada por mulheres. Apesar disso, destacou que o mercado ainda apresenta desafios para essas empreendedoras, como o acesso a crédito e oportunidades de capacitação. A palestrante também apontou que as mulheres, mesmo sendo mais da metade da população do planeta, ainda têm pouca representatividade em posições de alta liderança nos ambientes corporativos, cargos políticos ou esfera jurídica. Sobre a luta por representatividade, aliás, a fundadora da RME destacou que não se trata de um embate entre mulheres e homens, mas da busca para garantir oportunidades e espaços iguais.

Após a preleção de Ana, houve um debate com a participação de profissionais que são referência em diferentes áreas do setor vidreiro nacional. Kilze Krauss, proprietária da processadora manauara Casa dos Espelhos, disse que é muito importante que as mulheres em cargos de liderança deem oportunidade para outras mulheres ingressarem e crescerem nesse universo. Gabriela Gama, engenheira de processos da Pilkington, ressaltou que um ambiente menos machista também favorece os homens, como na percepção de suas necessidades como pais, por exemplo.

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Ética empresarial: o exemplo vem de cima

Escrito por Barry M. Wolfe

A gestão pelo exemplo faz toda a diferença para consolidar uma cultura organizacional que garanta um ambiente ético e saudável. Esse movimento torna-se, portanto, uma força vital para a disseminação desse jeito de ser, pensar e agir.

Aspectos essenciais da ética empresarial, respeito e lealdade devem fluir de cima para baixo, permeando toda a estrutura corporativa. O desrespeito é uma das grandes causas de males corporativos. Daí resta só um pulo para o surgimento de corrupção, fraude ou roubo. Não há exagero nisso: a experiência tem me mostrado como pequenos descontentamentos podem se transformar em problemas.

As lideranças têm papel fundamental nesse processo. Um ponto de atenção é não concentrar poder nas mãos de personalidades dominantes, que tendem a ter certa liberdade abusiva nas relações. Em casos extremos, essas pessoas podem até exercer a intolerância e a intimidação, situações incompatíveis com a ética empresarial.

Mecanismos de controle e de denúncia são fundamentais, assim como canais de comunicação claros e formais. Isso evita a zona do limbo, o buraco negro dentro do qual informações sobre ameaças potenciais podem desaparecer. É preciso criar processos simples e fluidos para a ágil resolução de dilemas éticos, conflitos de interesse e resolução de disputas. O sigilo e a proteção devem ser garantidos, valendo até incentivos e recompensas para encorajar a comunicação.

As boas práticas em ética empresarial passam por políticas e mecanismos que atuem na prevenção. A construção de um ambiente capaz de minimizar riscos é o melhor caminho. Não há empresa imune a riscos, mas existem formas de mantê-los a distância.

Barry M. Wolfe é advogado internacional, criminologista e mestre em direito internacional pela Universidade de Cambridge. Nascido em Glasgow, Escócia, atua no Brasil desde 1986

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Entenda como é feito o ensaio de resistência ao impacto em boxes de banheiro

Boxes de banheiro devem receber apenas vidros de segurança (temperados com ou sem película de proteção e laminados). Por isso mesmo, o bem-estar do usuário é um fator essencial desse produto. Mas não basta especificar as peças corretas: antes de qualquer empresa poder comercializá-lo, é preciso que o produto seja aprovado nos ensaios estabelecidos na norma NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança. Um desses é o de resistência ao impacto – a seguir, saiba como ele é feito.

 

Aparelhos necessários
Saco cilíndrico de couro, com diâmetro de aproximadamente 250 mm e altura de 600 mm contendo no seu interior areia seca, pesando 40 kg;

– Sistema para sustentação do saco de couro, constituído por um suporte (com dimensão superior à altura do boxe) e um cabo de aço;

– Haste para verificação de diferença de cota, com, no mínimo, 1,5 m.

 

Preparação do ensaio
O primeiro passo é a instalação do boxe de banheiro em uma estrutura rígida, seguindo as instruções fornecidas pelo fabricante do sistema. Atenção: o ensaio só deve ser realizado após passadas mais de 24 horas da instalação.

O saco cilíndrico de couro deve ser posicionado para colidir com o centro da folha de vidro, estando em sua posição de repouso, a uma distância de 5 a 15 cm dela. O ensaio é realizado na porta do boxe (fechada) e no painel fixo de maior dimensão – no caso de boxes de canto com porta pivotante, a folha adjacente à folha móvel também deve ser ensaiada.

 

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Ensaiando o sistema
O saco cilíndrico de couro é suspenso do centro geométrico da folha de vidro do boxe até a altura prevista para a produção da energia necessária (veja quais a seguir). Depois, ele é solto para fazer um movimento pendular, de forma a atingir o boxe com as energias predeterminadas.

Os impactos devem ser aplicados no centro geométrico das folhas de vidro, sem repique, na seguinte ordem:

– Um impacto de 40 J (diferença de altura de 100 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de dentro para fora do boxe;

– Um impacto de 80 J (diferença de altura de 200 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de dentro para fora do boxe;

– Um impacto de 40 J (diferença de altura de 100 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de fora para dentro do boxe;

– Um impacto de 80 J (diferença de altura de 200 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de fora para dentro do boxe.

 

Requisitos para aprovação do boxe
Após cada impacto de 40 ou 80 J, o boxe precisa ser inspecionado visualmente. Devem ser verificados os esforços necessários para abertura e fechamento da porta. Utilizando-se um dinamômetro, aplicam-se três esforços de abertura e três de fechamento no puxador ou na posição equivalente. A média dos valores das três medições é o esforço necessário para movimentar a porta do boxe — isso não pode exceder a 50 N.

Após cada impacto:

– É proibido
1. Quebrar, soltar ou cair uma ou mais peças de vidro;
2. Quebrar ou soltar qualquer perfil estrutural;
3. Desprender um ou ambos os lados dos perfis superiores;
4. Quebrar ou soltar a roldana dos trilhos superiores, no caso de portas deslizantes;
5. Quebrar ou soltar a dobradiça da porta, no caso de portas pivotantes.

– É permitido
1. Quebrar ou soltar a guia inferior;
2. Soltar o perfil mata-junta.

Vale destacar que, mesmo sendo aprovado no ensaio, o boxe ainda está sujeito a desgastes e avarias que surgem com o tempo – por isso, é fundamental que o vidraceiro sempre entregue o manual ao consumidor no ato da instalação, para que ele tenha as informações sobre os cuidados que deve tomar com o produto e, principalmente, para conscientizá-lo sobre a importância da manutenção preventiva do sistema a cada 12 meses.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fique por dentro sobre as saunas envidraçadas

Em fevereiro, O Vidroplano explicou detalhadamente o trabalho com piscinas de borda infinita feitas de vidro. Agora chegou a hora de abordar outra instalação não tão comum, mas que vem ganhando espaço na construção: saunas envidraçadas.

Para isso, conversamos com empresas que atuam nesse mercado e com processadoras para saber quais tipos de nosso material são recomendados para a aplicação e os detalhes de sua especificação.

 

Mil e uma vantagens
Uma das principais características das saunas é o confinamento dos usuários, isolados do mundo em um lugar totalmente fechado. Porém, isso não ocorre se a instalação for envidraçada. “Os vidros conferem maior modernidade ao projeto, tirando a sensação de claustrofobia”, explica Kefren Rocha, diretor da Sol e Ar Mundo Água, especializada em obras de áreas molhadas como piscinas e banheiras.

Existem modelos de sauna inteiramente envidraçados, enquanto outros levam o material apenas em portas ou algumas das paredes. Independentemente da configuração, a importância da integração entre os ambientes internos e externos, mesmo que apenas visualmente, não deve ser deixada de lado, segundo o consultor técnico da Viminas, Luiz Cláudio Rezende – mais conhecido no setor como Juca: “Isso favorece o relaxamento corporal, reduz a ansiedade, diminui a sensação de cansaço e promove sensação de bem-estar”.

Com o olhar voltado para o maior conforto das residências nesta época de quarentena, o que seguirá como tendência da arquitetura e decoração após superarmos a Covid-19, essa solução pode ser interessante para condomínios e casas de alto padrão. “Com a pandemia, estamos vendendo bem mais, até pelo fato de nossa sauna ser pré-moldada antes de chegar à obra”, comenta Helio Nassaralla, sócio da Ecosauna e dono da patente da estrutura comercializada pela empresa.

 

Qual vidro usar?
Apesar de essas instalações poderem receber peças temperadas, vale reforçar a importância de se avaliar cada projeto em relação aos riscos de quebra e ao tipo de uso, escolhendo assim a melhor opção para a segurança de quem vai usufruir o espaço – por isso mesmo, vidros de segurança (temperados e laminados de temperados) surgem como as melhores opções.

Outro material que pode ser aplicado é o insulado, especialmente em saunas secas – aquelas que trabalham sem vapor (as com vapor são chamadas de úmidas). “O insulado funciona como excelente isolante térmico”, afirma Vagner Martins, especificador técnico da PKO do Brasil. “Quando composto de temperados ou laminados de temperado, suportam altos índices de diferencial de temperatura entre o espaço interno e externo.” O low-e, vidro de baixa emissão, também é recomendado para conjuntos insulados.

 

O vidro temperado suporta diferenças na temperatura em torno de 200 °C. Por isso, caso seja bem instalado e especificado, ele não corre risco de quebrar por esse motivo
O vidro temperado suporta diferenças na temperatura em torno de 200 °C.
Por isso, caso seja bem instalado e especificado, ele não corre risco de quebrar por esse motivo

 

De olho nos graus
Uma dúvida que pode surgir em um potencial cliente: a sauna envidraçada pode quebrar com a diferença de temperatura encontrada dentro e fora dela? “Não precisa haver essa preocupação, pois a temperatura está longe do limite de resistência térmica do vidro”, explica Nassaralla, da Ecosauna. “Nem mesmo a incidência do Sol ou uma chuva resfriando o lado externo de uma construção a céu aberto causam problemas.” Como lembra Vagner Martins, o vidro sempre sofre tensões internas e dilatações quando exposto a temperaturas que oscilam – em casos extremos, pode causar a chamada “quebra térmica”. “Porém, o temperado suporta diferenças em torno de 200 °C, enquanto o float comum, de 50 a 60 °C.”

 

Modernidade e integração: vidros tiram a sensação de claustrofobia encontrada em saunas tradicionais
Modernidade e integração: vidros tiram a sensação de claustrofobia encontrada em saunas tradicionais

 

Atenção à instalação
Alguns pontos a serem considerados:

– Assim como em boxes de banheiro, o nivelamento da estrutura é de extrema importância. Deve-se evitar que o vidro entre em contato direto com ferragens e perfis – e a colocação de batedores em portas e partes móveis jamais deve ser esquecida;

– Em relação às dilatações das chapas, é preciso deixar o devido espaçamento nos perfis para esse fenômeno. Do contrário, a instalação estará sujeita à tal quebra térmica, algo pelo qual uma estrutura bem especificada jamais passará;

– E Juca, da Viminas, complementa: “Outro ponto relevante é uma boa vedação”, pois não pode haver troca de ar entre os ambientes interno e externo.

 

É possível evitar o embaçamento?
O vidro é um material resistente à umidade do ar, por isso não será prejudicado pelo contato com o vapor em saunas úmidas. O embaçamento das paredes nessas instalações é inevitável, embora existam soluções para garantir a integração total com o lado de fora durante a utilização. “Geralmente, usa-se um sistema com tubo de aço inox instalado no topo e que, mediante acionamento, molha o vidro de cima para baixo”, indica Kefren Rocha, da Sol e Ar Mundo Água.

Em saunas secas, o próprio insulado pode ajudar na tarefa. “Um grande fator é o preenchimento do perfil de alumínio do sistema insulado com dessecante, para absorção dos vapores de água que possam penetrar durante o tempo de vida útil do produto”, comenta Vagner Martins, da PKO. “Quando associamos vidros low-e em sua composição, potencializamos a redução da transmissão térmica por condução do conjunto, diminuindo assim o chamado “ponto de orvalho”, que causa o embaçamento nos vidros.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça mais sobre as cortinas-rolo

Como apontamos na reportagem de capa desta edição, o envidraçamento de sacadas é um dos sistemas mais instalados no Brasil envolvendo nosso material – talvez sua vidraçaria até já trabalhe com ele. Nesse caso, a venda e instalação desse produto em conjunto com as cortinas-rolo podem ser uma oportunidade de mercado bastante interessante para explorar.

Conheça a seguir um pouco mais sobre essas peças, saiba como escolher a melhor opção para atender a necessidade do seu cliente e os pontos que precisam ser observados antes de decidir se elas podem ser usadas com o seu envidraçamento de sacada ou não.

 

Um produto, várias funções
A cortina-rolo é um modelo que sobe e desce em um sistema tubular, na horizontal. Ela pode ser instalada em áreas como janelas ou envidraçamentos de ambientes e tem em sua base uma barra de alumínio que possibilita que o tecido se mantenha esticado. Gisele Muniz, proprietária e CEO da Everart, acrescenta que a movimentação do sistema pode ser feita por meio de um mecanismo de acionamento manual ou motorizado, ou mesmo ser conectada a sistemas de automatização.

 

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A forma como a cortina é acionada não é o único aspecto em que o produto oferece diferentes possibilidades. “O que diferencia uma da outra é o tipo de tecido escolhido e a trama que compõe esse tecido — é essa trama que define a quantidade de luz que entra ou não no ambiente”, explica Claudio Mansur, diretor-comercial da Divisão América Latina da Casa Mansur. “As opções de tecido podem variar entre blackout ou translúcidos [isto é, bloqueando ou permitindo a passagem de luz para dentro do local], conforme a necessidade do espaço, seja para proteger, seja para decorar.”

 

Atenção na escolha da cortina-rolo: dependendo do tecido do sistema, o produto pode permitir ou barrar a entrada de luz no ambiente
Atenção na escolha da cortina-rolo: dependendo do tecido do sistema,
o produto pode permitir ou barrar a entrada de luz no ambiente

 

“Com os diferentes tecidos que pode ter, a cortina-rolo é um produto que oferece muitas possibilidades para decorar os mais diversos ambientes”, destaca Gisele. “Além disso, ela é eficiente no controle de luz e contribui para a climatização do local, sem contar que dá privacidade para o usuário”. Outra vantagem é indicada por Mansur: “Ela bloqueia os raios solares, protegendo os móveis e a pele de quem está presente no espaço”.

O mercado já conta com opções desenvolvidas especificamente para esse último benefício: trata-se da cortina-rolo tela solar. “Atualmente, é o modelo mais usado para proteção dos ambientes, pois, além de ser muito funcional e eficiente no bloqueio dos raios ultravioleta, também contribui para a diminuição da temperatura interna no local”, comenta Fabiana Ferraz Albornoz, gerente-administrativa da Fênix Envidraçamento.

Segundo Fabiana, as telas solares podem ter três fatores de abertura:

– 1%: tem a trama do tecido mais fechada, ou seja, é maior a proteção solar e pouca a visibilidade para a área externa;

– 3%: a trama fica em estado intermediário, com visibilidade parcial;

– 5%: tem a trama mais aberta, com mais visibilidade para o exterior.

 

Venda conjunta
O uso do envidraçamento de sacada em conjunto com a cortina-rolo é bastante interessante. Cláudio Mansur explica: “O envidraçamento vem para proteger a área e garantir que ela seja bem aproveitada em todas as estações do ano. As cortinas complementam esse bom aproveitamento do espaço, visto que protegem tudo e trazem mais elegância ao projeto”. Assim, a venda conjunta dos dois sistemas acaba agregando valor – tanto para o vidraceiro como para o usuário final. Gisele Muniz, da Everart, observa que a margem de lucro do produto é maior do que as praticadas no ramo vidreiro. Mansur incentiva ainda mais a aquisição do conjunto: “As cortinas complementam a boa funcionalidade do envidraçamento; ter os dois à mão na mesma empresa faz com que o cliente não precise procurar por fornecedores diferentes”. Ou seja, todos saem ganhando.

 

Combinação do envidraçamento de sacada com a cortina-rolo pode contribuir para aproveitamento do espaço e deixá-lo mais elegante
Combinação do envidraçamento de sacada com a cortina-rolo pode contribuir
para aproveitamento do espaço e deixá-lo mais elegante

 

Antecipando e prevenindo problemas
Antes de fechar a venda dos dois produtos para o consumidor, o vidraceiro precisa estar por dentro do projeto – em certos casos, ajustes devem ser feitos na obra para que ambos possam ser instalados. Sobre isso, Gisele recomenda: “Como há ocasiões em que não temos espaços entre a fixação do sistema de envidraçamento de sacada na alvenaria, é necessário instalar o sistema de cortinas de forma que ela enrole e desenrole e transite para o lado, de modo a propiciar a abertura da sacada”.

Há pontos que devem ser levados em consideração antes de se fechar o projeto final. Por exemplo, é necessário avaliar no local se o vão tem altura suficiente para receber as cortinas. “Caso não tenha, resolvemos isso com a adição de um tubo no mesmo acabamento do envidraçamento, possibilitando assim que as cortinas funcionem corretamente”, explica Mansur. Outros itens importantes e necessários citados por ele são o pino-guia, caso a sacada seja curva, e a motorização ou automação do sistema.

 

Conhecer o espaço em que o envidraçamento de sacada e a cortina-rolo serão instalados é fundamental para identificar se serão necessários ajustes
Conhecer o espaço em que o envidraçamento de sacada e a cortina-rolo serão instalados é fundamental para identificar se serão necessários ajustes

 

Como se instala uma cortina-rolo?
Fabiana Albornoz, da Fênix Envidraçamento, explica. “A primeira coisa a fazer é conferir se todos os componentes do produto estão de acordo. Ao abrir a embalagem, o instalador deve separar peças e acessórios, testar o encaixe e ler as instruções.”

Isso feito, siga passo a passo estas instruções:

1. Marque os locais de furação após a medição com a cortina;

2. Perfure a superfície;

3. Fixe as presilhas;

4. Encaixe a cortina-rolo.

Mansur ressalta o que o vidraceiro deve sempre avaliar:

– Se a alvenaria ou o gesso estão reforçados para receber as cortinas;

– Se os pontos de fixação serão no teto ou na parede;

– Se esses mesmos pontos estarão dentro de um cortineiro ou não;

– Qual a quantidade de painéis a serem cobertos pelas cortinas-rolo;

– Se a configuração de instalação é transpassada ou lado a lado.

 

Conservando o produto
O trabalho da sua equipe no fornecimento da cortina-rolo ao cliente pode terminar na instalação, mas uma boa empresa não pode deixar de ensinar a ele os cuidados no uso do sistema, certo? Por isso, Fabiana Albornoz orienta: “é sempre importante inteirar-se sobre as orientações do fabricante em relação a manuseio, higienização e cuidados específicos a fim de aumentar a vida útil da cortina”.

 

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Gisele Muniz tem um conselho essencial para o instalador compartilhar com seu cliente. “Quando a cortina-rolo estiver abaixada, o ideal é que as janelas estejam fechadas, pois, com o vento e devido à leveza do tecido, a peça tende a desequalizar – ou seja, pode movimentar na base de estrutura tubular e começar a subir torta”. Isso danifica as laterais dos tecidos, ocasionando o cancelamento da garantia e até a classificação de mau uso. “Mas poucos alertam o consumidor sobre essa característica e possibilidade”, lamenta Gisele.

Em relação à limpeza dos tecidos, Mansur alerta que não se deve usar objetos ásperos, abrasivos ou cortantes para essa tarefa. Os usuários da cortina-rolo também precisam ter cuidado para não manuseá-la com força ou puxar o cordão de acionamento para os lados. Fabiana chama atenção para a necessidade de higienização do produto a cada dois anos. Mansur, por sua vez, recomenda que as cortinas passem por uma vistoria preventiva ao menos uma vez por ano.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Envidraçamento de sacada passa por evolução constante

Uma das estruturas com vidro mais instaladas no País, o envidraçamento de sacadas é cada vez mais tendência em edifícios residenciais. Entre os fatores do crescimento dessa popularidade destaca-se, sem dúvida, sua própria evolução. O conjunto como um todo, incluindo o vidro e demais componentes, está mais seguro e tecnológico.

Para analisar os motivos que têm levado a aprimoramento constante, O Vidroplano conversou com fabricantes dos sistemas e instaladores. Confira a seguir as principais mudanças ocorridas ao longo das últimas décadas na forma de especificar e instalar o produto, quais os tipos mais procurados pelos consumidores atualmente e a importância da norma sobre o assunto para o salto na qualidade dos materiais.

 

Além de proteger o ambiente contra sujeira, barulho e chuva, o envidraçamento de sacadas permite a integração com o exterior
Além de proteger o ambiente contra sujeira, barulho e chuva, o envidraçamento de sacadas permite a integração com o exterior

 

NBR 16259, um paradigma do mercado
A publicação pela ABNT da NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, em fevereiro de 2014, é o maior marco desse segmento. Desenvolvida ao longo de quase seis anos, a norma indica os tipos de vidro permitidos (apenas temperados ou laminados), as formas de fixação das chapas, os ensaios e os padrões gerais de qualidade da estrutura.

Antes desse documento, não existiam parâmetros de fabricação ou instalação das sacadas. “Com a ausência de uma métrica rígida, havia uma variedade de práticas ruins”, conta Gabriel Zanatta, gerente de Produto da Tec-Vidro. É consenso entre as fontes desta reportagem a existência de diferentes “verdades” nesse trabalho anos atrás. As empresas atuavam conforme seu conhecimento, adaptando os sistemas de acordo com a necessidade do projeto. “Hoje está fácil comprovar uma tese técnica diante do cliente; as especificações passaram a ser as corretas para cada aplicação”, afirma Claudio Mansur, diretor-comercial da Divisão América Latina da Casa Mansur.

 

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É possível afirmar ainda que a norma ajudou a aumentar a qualidade do produto em si, já que, por exemplo, os perfis comercializados se tornaram mais robustos com o passar do tempo. “Todos foram obrigados a se adaptar a uma nova realidade e a buscar melhorias na produção e também na execução das obras”, relata Alberto Ferrari Pinto, sócio-diretor da Sacada Brasil. “Agora, podemos garantir um padrão de alto nível devidamente testado em institutos homologados.”

 

 

Mudanças
O fechamento de sacada surgiu a partir da necessidade de proteger um espaço exposto da residência – basta lembrar como nos arredores do Elevado Presidente João Goulart, o famoso Minhocão, em São Paulo, boa parte dos edifícios na altura do viaduto tem varandas fechadas, nem sempre com vidro. Nosso material não só garante a proteção do ambiente contra sujeira, barulho e chuva, mas também permite a interação com o exterior.

 

Pouca interferência visual: os sistemas garantem fidelidade ao design original dos edifícios, já que se caracterizam pela neutralidade
Pouca interferência visual: os sistemas garantem fidelidade ao design original dos edifícios, já que se caracterizam pela neutralidade

 

Um momento definidor dessa solução foi a chegada ao Brasil do chamado “sistema europeu”, método de instalação em que as chapas de vidros ficam sobre trilhos de correr e podem ser totalmente abertas e fechadas de acordo com a preferência do morador. Esse sistema, por causar pouca interferência visual, ofereceu aos condomínios mais neutralidade nas fachadas, garantindo fidelidade ao design original dos edifícios.

As mudanças em diversos elementos do sistema ocorreriam por vários fatores: expansão do mercado, aumento do volume de obras e, principalmente, maior exigência do consumidor. “Inicialmente, utilizavam-se apenas temperados, e nem todos os componentes eram de aço inox”, recorda Alberto Pinto, da Sacada Brasil. “Depois, laminados começaram a ser aplicados, assim como películas de retenção térmica, antes da chegada dos vidros de controle solar.” As peças que compõem os perfis deixaram a simplicidade de lado, como analisa Rodrigo Belarmino, diretor da Solid Systems. “Elas agora são injetadas, com a tecnologia de tornos automáticos, melhorando muito seu acabamento.”

Guias e roldanas: componentes dos sistemas de sacada ficaram mais fortes e robustos ao longo dos anos, principalmente após a publicação da norma NBR 16259
Guias e roldanas: componentes dos sistemas de sacada ficaram mais fortes e robustos ao longo dos anos, principalmente após a publicação da norma NBR 16259

 

Enquanto alguns componentes ficaram mais fortes, como certos tipos de roldanas, próprias para receber chapas de maior dimensão, outros deixaram de ser usados. “Havia uma capa no “U” de regulagem externo que obrigava os instaladores a trabalhar do lado de fora do sistema, a grandes alturas”, explica Zanatta, da Tec-Vidro. “Isso em determinado momento foi eliminado, reduzindo o risco de acidentes com os profissionais.”

Surgiram também os sistemas sem rolamento, nos quais os vidros correm apoiados diretamente nos perfis – e esse foi outro fator que permitiu o uso de chapas maiores, aumentando ainda mais a transparência da estrutura. Esses modelos, além de não utilizarem chapas-guia para a abertura, têm como característica a praticidade na montagem. Atualmente, é possível encontrar ainda envidraçamentos automáticos, acionados por controle remoto, aplicativos em celular ou até comando de voz.

 

Sacadas automáticas, acionadas por controle remoto ou de voz, mostram a evolução tecnológica desse segmento
Sacadas automáticas, acionadas por controle remoto ou de voz, mostram a
evolução tecnológica desse segmento

 

Apesar do desenvolvimento acelerado, as fabricantes desses produtos devem se manter atentas em relação aos padrões de qualidade. “Têm surgido mais empresas tentando inovar para se diferenciar e gerar mais oferta”, alerta Gisele Muniz, proprietária e CEO da Everart. “Mas elas precisam colocar no mercado itens que de fato entreguem funcionalidade. Muitas coisas ainda podem ser melhoradas”, complementa.

 

Situação do mercado
Segundo Sandro Herique Rensi, diretor da Steinglass, o segmento de envidraçamento de sacadas consegue se sair bem independentemente da situação da construção civil. “O produto tem grande saída, sejam quais forem os fatores econômicos do momento, pois supre a necessidade do morador, não depende de reformas ou ampliações e sempre apresenta novidades aos consumidores”, define o empresário. A otimização dos apartamentos, cada vez menores, de forma a transformar varandas em áreas gourmet é um dos motivos para a alta demanda. E já que o cuidado com as residências aumentou graças ao maior tempo passado nelas durante a pandemia, vivemos um período interessante para se fazer negócios.

As empresas consultadas para esta matéria indicam uma tendência de migração para sistemas sem rolamento, devido à menor necessidade de manutenção e rapidez na instalação. “Sem dúvida, sistemas que permitam abertura total do vão, bem como maior facilidade de limpeza do vidro nas duas faces, também são bem aceitos”, indica Fernando Baumann, diretor da BBa, fabricante da marca Reiki no Sul do Brasil. Para ele, as recentes alterações climáticas, envolvendo maior intensidade de chuvas e ventos, fizeram o setor evoluir e levaram o consumidor a buscar mais soluções do tipo.

Apesar disso, os sistemas com roldanas seguem com espaço. “Em nossa experiência de mais de oito anos no setor, esse produto apresenta ótimo desempenho e durabilidade, principalmente as linhas de alumínio de maior qualidade, mais robustas”, comenta Gisele Muniz, da Everart. O mercado de manutenção desses modelos tem crescido ultimamente por conta do cuidado maior dos usuários com instalações antigas, o que aumentou a busca por acessórios de reposição.

 

A chegada ao Brasil do chamado “sistema europeu” ajudou a popularizar o produto: nele, as chapas de vidros ficam sobre trilhos de correr e podem ser totalmente abertas e fechadas
A chegada ao Brasil do chamado “sistema europeu” ajudou a popularizar o produto: nele, as chapas de vidros ficam sobre trilhos de correr e podem ser totalmente abertas e fechadas

 

Valor agregado
O uso de vidros de controle solar pode ser um aliado das sacadas envidraçadas: por diminuir a incidência do calor solar, resulta em menor uso do ar-condicionado, além de filtrar os raios UV, o que aumenta a conservação de móveis e outros objetos colocados nas varandas. Como O Vidroplano mostrou em reportagem da edição de fevereiro, os vidros de valor agregado estão ganhando espaço no mercado, mas há muito para crescer. “O preço ainda é o primeiro fator mencionado pelo cliente. Mas devemos falar mais sobre controle térmico e também acústico”, destaca Baumann, da BBa.

Rensi, da Steinglass, aposta em levar a informação aos envolvidos. Diz ele: “Quando participamos de assembleias de condomínios para apresentar soluções, sempre batemos nessa tecla, mas é difícil mudar o coletivo. Já se a instalação é individual, em casas, normalmente conseguimos convencer a utilizar outros materiais”.

A questão sobre os condomínios é relevante. Esses espaços se preocupam com a continuidade dos serviços a longo prazo, afinal nem todos os apartamentos podem envidraçar suas sacadas ao mesmo tempo. “Por isso, precisam sentir o benefício na pele. Impulsionar cada vez mais guarda-corpos com vidros desse tipo é uma saída, pois a chance de manter o mesmo material nas sacadas aumenta”, destaca Claudio Mansur.

E o valor agregado não deve ficar restrito ao vidro. “Os sistemas também podem ser mais sofisticados, com soluções completas em estanqueidade e acústica”, afirma Belarmino, da Solid Systems, apontando outras tecnologias já existentes e que podem ser exploradas, como travas magnéticas, trincos nos painéis e calhas de bloqueio para proteção contra chuvas. Com toda a evolução já vivida pelo setor de envidraçamento de sacadas, o futuro parece promissor para essa solução.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Parte 7 da NBR 10821 está próxima da conclusão

Há exatamente um ano, O Vidroplano apresentou nesta seção o desenvolvimento da Parte 7 da norma NBR 10821 — Esquadrias para edificações, que tem como foco os métodos de ensaio para esses produtos. Ao longo dos 12 meses entre aquela reportagem e esta, os trabalhos de elaboração do texto continuaram mesmo com as dificuldades vividas no mundo inteiro em 2020. Veja a seguir os aprimoramentos feitos no documento e saiba quando ele deve entrar em consulta nacional.

 

Sob nova direção
Segundo a engenheira Fabíola Rago Beltrame, coordenadora da antiga Comissão de Estudos Especiais de Esquadrias (ABNT/CEE-191) e diretora do Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação (Ibelq), uma das maiores mudanças nos trabalhos para a elaboração da Parte 7 da NBR 10821 é que ela agora está sob os cuidados da Comissão de Estudo de Esquadrias e Fachadas-cortina (ABNT/CE248:001.001), instalada em novembro de 2020 no novo Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248).

Sediado no Sindicato das Indústrias de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp), o ABNT/CB-248 foi formado a partir da fusão entre a ABNT/CEE-191 e a Comissão de Estudo Especial de Ferragens (ABNT/CEE-188). Para Fabíola, a mudança foi positiva no desenvolvimento dos trabalhos: “A pandemia do novo coronavírus trouxe dificuldades no início para que todos se organizassem, mas, após a instalação da comissão de estudos no novo comitê, temos agora a oportunidade de contar com participantes de todo o País com maior frequência”. As reuniões vêm sendo realizadas de forma remota, por meio da plataforma Zoom, e, segundo a diretora do Ibelq, esse método está sendo bastante produtivo.

 

Direto ao ponto
Outra mudança significativa está no próprio título do projeto – ele agora é Parte 7: Métodos de ensaio para avaliação de esquadrias externas instaladas. “O nome está mais direto, deixando claro o objetivo do documento que é especificar métodos de ensaio diferentes para cada aplicação e tipologia de esquadria instalada”, explica Fabiola.

A Parte 7 da NBR 10821 incluirá:

– Método de ensaio de estanqueidade à água por diferença de pressão estática, com câmara instalada em obra, para avaliação de janelas, portas, fachadas cortina e claraboias;

– Método de verificação de infiltração de água, para avaliação de esquadrias (ou fachadas-cortinas) considerando apenas folhas fixas.

 

Modelo de câmara de ensaio, presente na Parte 7 da NBR 10821
Modelo de câmara de ensaio, presente na Parte 7 da NBR 10821

 

Perto do fim
Segundo a dirigente do Ibelq, o texto encontra-se em fase final de ajustes. “Na última reunião da ABNT/CE-248:001.001, realizada em 25 de fevereiro, lemos o texto e concluímos que ele está bem desenvolvido. Os laboratórios estão em busca da especificação de alguns equipamentos, para que a metodologia de ensaio fique bem precisa e todos possam realizar os testes dentro dos mesmos padrões”, comenta Fabíola, acrescentando que os avanços realizados nos últimos 12 meses também tornaram claro o escopo do documento. O texto especifica métodos de ensaio de estanqueidade à água para avaliar o desempenho no caso específico das esquadrias externas instaladas em local definitivo na edificação, também denominado de desempenho em campo, não se aplicando às avaliações estrutural de manuseio e de fixação delas.

A comissão de estudo prevê a realização de ajustes no texto-base nas próximas duas reuniões. A intenção é que ele seja enviado para consulta nacional ainda no primeiro semestre de 2021.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça algumas das maiores obras envidraçadas do Brasil

A capa de O Vidroplano de fevereiro trouxe um marco da arquitetura com nosso material no País: o Skyglass Canela, instalado no Rio Grande do Sul, complexo inaugurado em dezembro que abriga a maior plataforma envidraçada sobre cânion do mundo. O projeto é mais uma confirmação da capacidade do setor vidreiro brasileiro de estar presente em obras de nível internacional.

Por isso mesmo, vale uma pergunta: além do Skyglass, quais seriam as grandes construções brasileiras com vidro dos últimos anos? Para saber quais poderiam se encaixar nesse quesito, nossa reportagem consultou usinas, processadoras e instaladoras. As empresas indicaram projetos de grande porte, com milhares de m² do material instalados, mas também outros menores, porém não menos icônicos. Aprecie!

 

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VITRA
Local: São Paulo
Projeto: Daniel Libeskind
Conclusão da obra: 2015
Fornecedor do vidro: Guardian
Processador: GlassecViracon

Um dos arquitetos mais reconhecidos mundialmente pelo uso de nosso material, o polonês naturalizado americano Daniel Libeskind criou um ícone residencial contemporâneo: o Vitra, construído no bairro paulistano do Itaim Bibi. Antes mesmo de ficar pronta, a obra já tinha sido considerada, pela revista Worth, um dos dez melhores edifícios residenciais do mundo. São 14 apartamentos, um por andar, com cada um tendo uma planta exclusiva. A fachada, de 10 mil m² de laminados de controle solar SunGuard RB40 on clear, possui certa transparência para permitir a interação dos interiores com a cidade.

 

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SOBRALNET – ICETEL
Local: Sobral (CE)
Projeto: Liliane Cristina
Conclusão da obra: 2019
Fornecedor do vidro: Vivix
Processador: Amazon Temper

A sede da Sobralnet e do Instituto Cearense de Tecnologia, Empreendedorismo e Liderança Vidro recebeu peças laminadas (4 + 4 mm) do Vivix Performa Duo, material de controle solar recomendado para as características climáticas brasileiras. Seu aspecto refletivo na cor cinza faz com que, durante o dia, não seja possível enxergar a parte interna da construção. No entanto, à noite, os interiores interagem com o exterior.

 

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ÓRION BUSINESS & HEALTH COMPLEX
Local: Goiânia
Projeto: MKZ Arquitetura
Conclusão da obra: 2018
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: Vitral

O maior complexo de negócios e saúde do Centro-Oeste brasileiro reúne um misto comercial diverso: salas para consultórios e escritórios, hospital, hotel e shopping center. Sua grandiosidade se reflete também no heliponto exclusivo e nas 1.400 vagas de estacionamento disponíveis aos usuários. A fachada da torre principal tem 25 mil m² de vidros de controle solar Cool Lite STB 120 na cor azul – uma forma de diminuir a incidência do calor da região nos interiores.

 

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SÃO PAULO CORPORATE TOWERS
Local: São Paulo
Projeto: Pelli Clarke Pelli Architects e Aflalo/Gasperini Arquitetos
Conclusão da obra: 2016
Fornecedor do vidro: Guardian
Processador: GlassecViracon

Cerca de 60 mil m² de SunGuard AG43 on clear formam as fachadas desse paradigma dos novos prédios comerciais da capital paulista. Localizado na região da Vila Olímpia, aposta nesses vidros de controle solar, instalados em unidades insuladas com espessura total de 26 mm, para garantir o conforto térmico de seus ocupantes. Foi o primeiro edifício brasileiro a obter a certificação Leed Platinum 3.0, por conta da gestão eficiente de energia e água e do bem-estar dos usuários.

 

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ESTAÇÃO MORUMBI DO MONOTRILHO – LINHA 17 OURO
Local: São Paulo
Projeto: Borelli & Merigo Arquitetura
Conclusão da obra: 2021
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: GlassecViracon

A mais nova estação do monotrilho paulistano recebeu vidros em diversos espaços, tudo supervisionado pela Avec Design, processadora que utilizou seu sistema patenteado Ecoglazing para encapsular as placas. As fachadas ganharam laminados do vidro de controle solar Cool Lite KNT 155 (8 mm) com PVB estrutural. Essas peças foram aplicadas sobre uma estrutura de alumínio com perfis tubulares, de forma a garantir um design diferenciado. A especificação da cobertura é mais robusta: insulados de 30 mm, formados por laminado de Cool Lite KNT 155 (10 mm) + espaçador de 12 mm + laminado incolor (8 mm).

 

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CANAL OFFICE TOWER
Local: Vila Velha (ES)
Projeto: Pretti Arquitetos Associados
Conclusão da obra: 2019
Fornecedor do vidro: Cebrace
Processador: Viminas

Marco da região que se tornou o novo centro econômico de Vila Velha, o Canal Office Tower tem inspirações no design dos grandes empreendimentos imobiliários de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O prédio possui 280 salas comerciais, todas com vista panorâmica da cidade, e 14 lojas. Ao todo, mais de 6 mil m² de laminados refletivos 4 + 4 mm (nas cores verde e verde-escuro) foram aplicados à fachada.

 

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HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – UNIDADE MORUMBI
Local: São Paulo
Projeto: Zanettini Arquitetura e Kahn do Brasil
Conclusão da obra: 2020
Processador: GlassecViracon

A unidade Morumbi do renomado hospital da capital paulista passou recentemente por uma enorme reforma em suas instalações. O retrofit das fachadas, coordenado pela equipe da GlassecViracon, ocorreu em dois momentos. A mais recente, finalizada no final do ano passado, renovou três blocos do complexo hospitalar, além do átrio e cobertura do espaço. A fachada recebeu quase 10 mil m² de laminados de vidros de controle solar, nas cores neutra e cinza. Aberturas do tipo maxim-ar ao longo da estrutura garantem ventilação natural, ajudando ainda mais no controle do conforto térmico interno. O outro retrofit trocou os vidros das fachadas do prédio ao lado (laminados de controle solar 10 mm, nas cores prata e branca).

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Direito antidumping é renovado para importações de float

No dia 19 de fevereiro, o Governo Federal anunciou, em publicação no Diário Oficial, a renovação do direito antidumping definitivo, por um prazo de cinco anos. A decisão contempla as importações de vidros float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm (classificados no subitem 7005.29.00 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM), originárias da China, Egito, Emirados Árabes Unidos e México.

No caso do México, houve a renovação do direito antidumping com a imediata suspensão de sua aplicação, por haver dúvidas quanto à evolução futura das importações originárias deste país. Não houve reedição da medida para as compras realizadas nos Estados Unidos e Arábia Saudita.

Saiba como se chegou a essa prorrogação e como foi o processo de análise e deliberação que levou à resolução do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), da Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

 

O primeiro antidumping
Antes de tudo, vale recapitular todo esse pleito do setor vidreiro nacional. Em 19 de dezembro de 2014, com a publicação da Resolução Camex nº 121/2014, foi aplicado pela primeira vez o direito antidumping sobre as importações float incolores originárias da Arábia Saudita, China, Emirados Árabes Unidos, Egito, Estados Unidos da América e México.

A medida, que permaneceu vigente pelo prazo de cinco anos, foi fruto de petição apresentada pela Abividro, em nome da Cebrace e Guardian, diante da existência de indícios da prática de dumping nas exportações, o que estaria causando dano à indústria doméstica.

“O motivo para o pleito da indústria de base, originalmente, eram os preços predatórios verificados principalmente nas importações vindas da China. Esses valores descolados dos praticados no mercado internacional, além de provocar distorções em toda a cadeia, inibiriam qualquer investimento do setor”, justifica Lucien Belmonte, superintendente da Abividro, para quem os cinco anos nos quais o direito antidumping definitivo esteve em vigor foram benéficos para a cadeia, considerando que essas distorções acabaram minimizadas, permitindo até que três novos fornos entrassem em operação no Brasil no período (um da Vivix, inaugurado em 2014, e dois da AGC, um deles inaugurado em 2013 e o outro, em 2019).

Com o final dos cinco anos, tem-se um processo para avaliar a possibilidade de sua renovação. “A revisão é iniciada a pedido da indústria doméstica — no caso, representada pela Abividro — e conduzida no âmbito da Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público (SDCOM), que dá ampla oportunidade de participação a todas as partes interessadas antes de recomendar a renovação ou extinção do direito antidumping”, explica Marina Yoshimi Takitani, advogada integrante da equipe de comércio internacional da Nasser Sociedade de Advogados, escritório que presta assessoria jurídica para a Abravidro.

 

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Interrupção e retomada
Segundo Marina, o andamento do processo acabou demorando mais que o previsto no cronograma de prazos oficial devido à Covid-19. A pandemia acabou inviabilizando as verificações in loco nas instalações das partes interessadas – feitas a fim de verificar a consistência das informações enviadas por elas – e, por esse motivo, os prazos para o encerramento do período foram suspensos por dois meses. Em outubro de 2020, com a contagem retomada, a SDCOM solicitou informações complementares às partes para verificar os dados reportados.

Ao final do processo, a subsecretaria concluiu que a aplicação dos direitos antidumping não impactou significativamente a oferta do produto no mercado brasileiro, uma vez que a entrada da AGC e Vivix no mercado veio a oferecer aumento da competitividade interna. Além disso, não foram encontradas evidências indicando possíveis restrições de oferta nacional em termos de preços, tendo em vista que seguiram a tendência dos principais índices e valores internacionais no período avaliado.

Por outro lado, constatou-se que, caso o direito antidumping para as importações da China, Egito e Emirados Árabes Unidos fosse extinto, as importações provenientes desses países provavelmente ingressariam no mercado brasileiro com dumping, retomando assim o dano à indústria doméstica.

Por isso, o órgão recomendou o encerramento da avaliação de interesse público, não identificando justificativas para que os direitos antidumping fossem suspensos em razão de interesse público. Eles foram extintos apenas para os Estados Unidos e Arábia Saudita. “Para essas origens, muito embora a SDCOM tenha constatado a probabilidade de retomada da prática de dumping, não ficou comprovada a probabilidade de retomada do dano à indústria doméstica decorrente de tal prática”, observa Marina.

 

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Entidades atuantes
Belmonte destaca que o processo para a solicitação dessa renovação foi árduo, exigindo um grande envolvimento por parte das empresas. “A Abividro, seguindo as regras de compliance, não recebe nenhuma informação nem mantém documentos em seu poder”, declara. “Mesmo assim, sem envolvimento burocrático, nossa associação organizou e participou de diversas reuniões com órgãos governamentais.”

A Abravidro participou tanto do processo de revisão como do de avaliação de interesse público, além de se manifestar favoravelmente à renovação dos direitos antidumping nos casos em que houvesse risco fundado de retomada do dano à indústria doméstica. A posição da associação foi definida em assembleia, com votação de diretores e representantes das entidades regionais afiliadas à Abravidro. “O apoio, no entanto, não é uma carta branca às usinas de base. É nosso papel fiscalizar eventuais distorções e práticas que possam ser prejudiciais ao funcionamento do setor vidreiro nacional”, afirma José Domingos Seixas, presidente da entidade.

 

O que é dumping?
O dumping é uma prática comercial que consiste na introdução de um produto no mercado de um país com valor de exportação inferior ao seu preço normal. Medidas antidumping podem ser aplicadas quando a importação dos itens objetos de dumping estejam causando dano à indústria doméstica.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.