Desde março, a GR Gusmão promove o programa Oficina do Vidro Insulado, visando a difundir conhecimentos técnicos e comerciais sobre o insulado. A iniciativa surgiu após a empresa perceber que muitos vidraceiros tinham interesse no trabalho com a solução, mas não contavam com o conhecimento para tal. Gratuito, o treinamento é ministrado uma vez por mês pelos especialistas Yveraldo Gusmão, João Beleli e Manoel Gomes nas instalações da GR Gusmão, em São Paulo.
Ano passado, a humanidade viveu um período de recorde mundial – mas não muito agradável: 2024 foi o ano mais quente registrado no planeta, com temperatura média global 1,6 ºC maior na comparação aos níveis pré-industriais. E se você acha essa notícia um tanto familiar, é porque ela é mesmo: 2023 já tinha quebrado essa marca, assim como acontecera em outros anos da última década.
E o problema não é o clima ficar apenas mais quente. Com uma temperatura média mais alta, o clima da Terra fica desregulado – e, hoje, estamos acima do limite de aumento de temperatura definido pelo Acordo de Paris, em 2015, como meta “segura” para que os efeitos das mudanças climáticas não sejam tão catastróficos. Dessa forma, condições extremas, que antes eram raras, tornam-se recorrentes. Basta lembrar que, no ano passado, o Rio Grande do Sul e parte da Espanha foram devastados por tempestades intensas; os Estados Unidos passaram por uma das piores temporadas de furacões de sua história; incêndios florestais se intensificaram por diversas regiões, atingindo fortemente também regiões urbanas; e até o deserto do Saara, na África, teve partes inundadas por conta de chuvas muito acima das médias anuais.
É por isso que a construção precisa se adaptar a essa nova realidade, para oferecer o conforto adequado a seus usuários – e o vidro tem tudo para se transformar em um elemento crucial das edificações futuras. O Vidroplano explica por que nas páginas a seguir.
Protagonismo transparente
Os projetos de arquitetura que ainda não se atentam ao conforto térmico de seus ocupantes não poderão mais deixar esse conceito de lado. Afinal, o impacto das mudanças climáticas vai além dos fenômenos extremos da natureza: altera a forma como os edifícios são pensados e construídos. “Hoje, os arquitetos têm o desafio de desenvolver estruturas que não apenas resistam ao estresse ambiental, mas também contribuam para a redução da pegada de carbono, tanto operacional como interna”, aponta Jonas Sales, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace.
O vidro pode ajudar na questão ambiental de duas formas, conforme esclarece Remy Neto, coordenador nacional de Especificação Técnica da AGC: “Na questão passiva, ele reduz o impacto energético nas construções com produtos que oferecem conforto térmico e luminoso; e na ativa, por meio de iniciativas das fabricantes, se diminui a emissão de carbono na produção de vidro”. Um exemplo disso é o projeto Volta, realizado pela AGC e Saint-Gobain Glass na Tchéquia (veja mais clicando aqui).
E não existe outro material capaz de atender todas essas necessidades. “Há vidros que chegam a 0,3 de valor U, que é a medida do coeficiente térmico – a quantidade de calor que atravessa um objeto. Ou seja, quase nada passa dependendo da chapa”, revela Edison Claro de Moraes, diretor da AtenuaSom. Portanto, devemos encarar estruturas envidraçadas, como fachadas, por exemplo, não somente como elementos estéticos, mas como capazes de exercer um papel funcional na construção do futuro.
“Com a evolução dos vidros de controle solar, é possível adaptar soluções para diferentes climas, regulando a entrada ou saída de calor, permitindo maior interação entre ambientes internos e externos”, comenta Marcelo Martins, diretor-comercial da GlassecViracon. Em outras palavras, o vidro continua sendo, e sempre será, um material moderno, totalmente alinhado às novas demandas climáticas. “Os de controle solar atuam sem comprometer a iluminação natural. Isso contribui, significativamente, para a diminuição do consumo de energia, tornando os edifícios mais adaptados às atuais exigências”, explica Betânia Danelon, gerente-comercial-técnica da Guardian.
Luiz Barbosa, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Vivix, reforça outra solução importante, mas pouco usada no Brasil: “Os insulados também contribuem para uma regulação mais eficiente da temperatura interna, proporcionando ambientes confortáveis e sustentáveis”. E o papel do vidro não se limita apenas à construção civil, como aponta Edison Moraes: “Recentemente, comprei um carro com teto solar e a temperatura dentro do carro fica desconfortável. O setor automotivo precisa produzir veículos que saiam de fábrica com vidros adequados ao nosso clima”. Fica o alerta: para-brisas, janelas e tetos solares também devem passar a oferecer conforto térmico aos usuários.
As torres Yachthouse, em Balneário Camboriú (SC), formam o edifício residencial mais alto da América Latina. O projeto exigiu soluções que combinassem alto desempenho térmico e acústico sem comprometer a estética. Para atingir o objetivo, a GlassecViracon forneceu insulados de laminados de controle solar na cor champanhe (Foto: Divulgação GlassecViracon)
Como o vidro atua
A máxima de que nosso material não trabalha sozinho sempre é válida – e, para o desempenho térmico, isso não é diferente. “Um bom projeto de abertura de vão em uma edificação deve contemplar três elementos em conjunto: especificação do vidro, proteção solar externa e proteção solar interna”, detalha o engenheiro e professor Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Climas frios
Em locais como regiões serranas e o Sul do Brasil, é fundamental o uso de elementos de sombreamento adequadamente desenhados, orienta Westphal. Assim, evita-se o sobreaquecimento durante o verão, ao mesmo tempo que se admite o aquecimento solar desejado no inverno. “Mesmo que seja utilizado um vidro com boa capacidade de bloquear o calor – ou seja, com baixo fator solar –, a incidência direta da insolação pode causar desconforto térmico localizado sobre as pessoas. Dependendo do uso do ambiente, em alguns momentos será necessário bloquear completamente a luz solar”, indica. Para isso, devem ser utilizados elementos de sombreamento, sejam externos (brises, varandas, beirais, toldos) ou internos (cortinas, persianas, rolôs). “Um bom projeto deve contemplar esses dispositivos não apenas para controle térmico, mas para garantir a privacidade e o conforto visual, evitando o ofuscamento e proporcionando boa distribuição de luz no ambiente interno.”
Climas quentes
Aqui, é necessário um vidro com alta reflexão energética – ou seja, alta capacidade de refletir o calor. Porém, não basta escolher uma chapa com baixo fator solar (como já explicado, a quantidade de calor que atravessa um objeto). O desempenho do vidro é variável, pois o ganho de calor do Sol depende do ângulo de incidência dos raios solares e de condições climáticas como temperatura e vento. “Tudo isso muda ao longo do dia e do ano. Por isso, o fator solar é apenas um indicador para a escolha inicial dos vidros a serem considerados para um projeto. A análise final deve ser sempre conduzida por simulação computacional anual”, afirma o professor.
A configuração do vidro é outro fator a influenciar toda essa conta. “Se o vidro de controle solar estiver laminado, há um bloqueio quase total dos raios UV, protegendo móveis e revestimentos internos contra o desbotamento. Quando o utilizamos na versão insulada, reduz ainda mais a troca térmica, oferecendo maior eficiência energética e conforto para os ocupantes”, comenta Marcelo Martins, da GlassecViracon.
Foto: Marina Gordejeva/stock.adobe.com
Hora de investir nos insulados
Mesmo sendo um produto agregado robusto, capaz de oferecer diversos benefícios simultâneos às edificações, o insulado segue como um vidro esquecido no Brasil: de acordo com a edição 2024 do Panorama Abravidro, ele representa 0,7% dos vidros processados não automotivos da cadeia de processamento nacional. “Eu sou fã do insulado. Ele permite trocas térmicas de 40%, 50%, e se paga após três ou quatro anos de utilização”, afirma Edison Moraes, da AtenuaSom. “É, sim, um custo inicial maior, mas que no fim se torna menor. Se você vai utilizar ar-condicionado ou aquecedor, você precisa de um insulado para trazer economia ao longo do tempo – especialmente em prédios modernos. O Brasil precisa aprender a utilizá-lo, até porque eu não entendo a prática de jogar um vidro contra o outro, como ‘o insulado versus o laminado’. Um complementa o outro, simples assim.”
A ideia de que o insulado só serve para climas frios, por ser muito utilizado na Europa e América do Norte, não passa de um mito, como aponta Edilene Kniess, da Rohden:
Em locais quentes, quando combinado com vidros de controle solar, o material bloqueia a entrada excessiva de calor, reduzindo a necessidade de uso do ar-condicionado e contribuindo para a eficiência energética;
Em regiões com grande variação térmica, ele atua como isolante, mantendo a temperatura interna mais estável, minimizando os picos de calor no verão e as perdas térmicas no inverno.
“O vidro interno da composição insulada tende a permanecer em temperatura mais próxima à do ar interno, evitando o desconforto das pessoas próximas ao vidro”, ensina Fernando Westphal. “Isso também permite reduzir a carga térmica máxima da edificação. Em geral, em climas brasileiros, edifícios com fachadas de insulado podem ter uma economia de, pelo menos, 20% na instalação do sistema de ar-condicionado.”
Como especificar
É preciso muito conhecimento técnico para ser capaz de especificar esses vidros. “Costumo falar que, na Internet, você encontra compêndios sobre o desempenho do vidro, mas é preciso saber o que se está fazendo. É aí onde mais se erra”, opina Edison Moraes, da AtenuaSom.
As variáveis para definir as estratégias mais eficazes em relação à proteção contra o calor, transmissão de luz e reflexão desejadas são as seguintes:
Localização geográfica da edificação
Incidência solar nas fachadas
Dimensões e proporção das áreas transparentes
Demanda energética do sistema de climatização interno
Tipo de atividade do edifício
Estética desejada
Somado a isso, a seleção de vidros deve considerar alguns aspectos técnicos. O fator solar, mencionado anteriormente, é um deles, mas não o único:
Espessura e composição: “A seleção da espessura e da combinação de vidros (monolítico, laminado, insulado) deve considerar não apenas a proteção térmica, mas também fatores como segurança, iluminação natural e isolamento acústico”, afirma Edilene Marchi Kniess, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Rohden Vidros. “Em edifícios comerciais, onde a eficiência energética é crítica, pode-se optar por insulados duplos ou até triplos para um desempenho superior”;
Câmara de ar e preenchimento com gás: Caso o insulado seja o escolhido, seu desempenho pode ser aprimorado com o uso de gases de baixa condutividade térmica, como o argônio, na câmara instalada entre as chapas de vidro. “Esse gás é menos condutivo que o ar comum e limita a transferência térmica por condução e convecção, otimizando o isolamento térmico. Quanto maior a câmara de ar – dentro de um limite técnico, geralmente entre 12 e 16 mm –, mais eficiente será o bloqueio da temperatura”, explica Edilene.
Curitiba, o empreendimento Mai Terraces está sendo avaliado para receber a certificação GBC Condomínio Platina, que reconhece empreendimentos alinhados a práticas ambientais, como a eficiência energética. A GlassecViracon forneceu insulados de laminados de controle solar prata para a obra (Foto: Marcelo Araujo/divulgação GlassecViracon)
Ar-condicionado e vidros: inimigos ou aliados?
As mudanças climáticas já são tão sentidas pelos usuários de edificações que o conforto térmico se tornou um fator primordial para suas escolhas no quesito moradia. Segundo pesquisa do QuintoAndar, startup brasileira focada no aluguel e na venda de imóveis, o sistema de ar-condicionado passou a ser o item mais buscado por interessados em comprar imóvel em São Paulo no ano passado – o equipamento ocupava a 7ª posição na pesquisa anterior, referente a 2023.
Esse dado precisa fazer nosso setor refletir: as pessoas conhecem a capacidade térmica do vidro? Por que pensam logo no ar-condicionado quando o tema é debatido? “Embora o vidro seja tratado muitas vezes como o vilão da carga térmica das edificações, na verdade, ele é o material que permite trazer luz natural e contato visual com o exterior, algo que nenhum outro material consegue. E, mesmo assim, ainda permite controlar os ganhos e perdas de calor com estratégias bem-aplicadas a cada projeto e clima”, frisa Westphal.
O ar-condicionado é mais lembrado pelo fato de que nenhum outro equipamento ou material faz o que ele consegue. “Mesmo a ventilação natural é insuficiente para garantir o conforto em 100% do tempo, pois existem horas no verão em que o ar exterior está quente e úmido ou não está ventando – ou o vento está com velocidade alta demais. Então, o ar-condicionado segue imprescindível para garantir o conforto em 100% das horas de ocupação de uma edificação”, pondera Westphal. “O que devemos fazer nesse cenário é promover projetos cada vez mais eficientes, para que o uso do ar-condicionado seja minimizado”. É nesse momento que o vidro precisa ser lembrado pelos profissionais da construção.
Durante décadas, esse segmento priorizou projetos pouco adaptados ao clima local, com uso excessivo de concreto, pouca ventilação cruzada e baixa eficiência térmica dos materiais, conta Betânia Danelon, da Guardian. “A falta de incentivos para alternativas mais sustentáveis reforçava a dependência disso. Para mudar, é essencial promover a conscientização sobre soluções passivas de conforto térmico, como fachadas ventiladas, uso de vidros especiais, isolamentos eficientes e materiais que ajudam a reduzir a troca de calor.”
Quem concorda com a ideia é Luiz Barbosa, da Vivix. Para ele, o uso do ar-condicionado como principal estratégia de conforto térmico no Brasil se deve a vários fatores:
Desconhecimento sobre o custo-benefício dos vidros especiais;
O custo inicial de tecnologias passivas de climatização é visto como alto;
Desconhecimento de tecnologias alternativas que reduzem significativamente a necessidade de climatização artificial;
Falta de regulamentação: apesar das normas que abordam o desempenho térmico (como a ABNT NBR 15.575 — Edificações habitacionais – Desempenho), por enquanto as exigências para eficiência térmica em edificações no Brasil são brandas, levando construtoras a priorizar soluções convencionais.
Em relação ao último ponto, a situação pode melhorar num futuro próximo: está em andamento, no Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002), da ABNT, um Grupo de Trabalho para desenvolver uma norma de desempenho para edificações não residenciais, visando a aplicações em edifícios comerciais e de serviços. Espera-se que, nesse trabalho, sejam traçados níveis mínimos de desempenho para os projetos arquitetônicos, evitando ao máximo a necessidade do ar-condicionado nos diferentes contextos climáticos brasileiros.
Foto: volha_r/stock.adobe.com
Mudança que passa por nosso setor
Já que existe uma parcela de profissionais da construção que ainda não conhece o que o vidro pode oferecer, é missão de nossas empresas reverter a situação. “Como indústria vidreira, temos o papel de disseminar conhecimento sobre novas tecnologias e suas aplicações, auxiliando especificadores e construtores a tomar decisões mais eficientes e inovadoras”, sugere Marcelo Martins, da GlassecViracon.
Edilene Kniess, da Rohden, lembra que a adoção de vidros especiais de alta performance auxilia projetos na obtenção de certificações ambientais reconhecidas internacionalmente, como a Leadership in Energy and Environmental Design (Leed). “Incentivos fiscais e certificações ambientais podem impulsionar o uso dos vidros eficientes, tornando a construção civil mais sustentável e econômica a longo prazo.”
Apostar na disseminação do conhecimento, portanto, mostra-se como a chave para um novo panorama. “Nosso setor desempenha um papel crucial na mudança cultural. Ao capacitar os profissionais sobre essas tecnologias e promover seu uso, podemos contribuir para uma construção mais eficiente, diminuindo a dependência do ar-condicionado e melhorando o conforto térmico de maneira ecológica”, aponta Jonas Sales, da Cebrace. “Nos dedicamos à capacitação de profissionais e empresas do setor de arquitetura e construção, oferecendo treinamentos e workshops que abordam não apenas as propriedades térmicas do vidro, mas também outros aspectos fundamentais, como transmissão de luz e reflexão. O objetivo é garantir que os clientes tomem decisões mais assertivas em seus projetos.”
Caminhos a seguir Educação do mercado: investir na divulgação técnica e em treinamentos para arquitetos e construtoras sobre os benefícios dos vidros eficientes. A Abravidro, por exemplo, conta com a plataforma de ensino a distância Educavidro, que contém cursos como “Economia de energia em edifícios novos e reformas”, “Especificação de fachadas”, “Introdução a eficiência energética” e “Certificação de edifícios – Impacto do vidro”;
Parcerias estratégicas: trabalhar com órgãos reguladores para a produção de mais normas que incluam referências à eficiência térmica;
Demonstração prática: divulgar estudos de caso e comparar edificações com e sem vidros de valor agregado, provando na prática a redução de temperatura interna e economia de energia;
Incentivos financeiros: demonstrar a economia com energia elétrica gerada e o retorno financeiro rápido, mesmo com o investimento inicial mais alto;
Elemento sustentável: promover o vidro como elemento com baixa pegada de carbono e 100% reciclável, que contribui para a redução das emissões de CO2.
A 54ª edição do Inter-Noise, International Congress & Exposition on Noise Control Engineering (Congresso e Exposição Internacional sobre Engenharia de Controle de Ruído) será realizada de 24 a 27 de agosto no WTC Events Center e Sheraton WTC Hotel, em São Paulo. Trata-se do principal evento de acústica do mundo, sendo um ponto de encontro para profissionais, pesquisadores e fabricantes dessa indústria.
A temporada 2025 do VidroCast começou: na retomada das atividades do podcast da Abravidro, Iara Bentes, superintendente da entidade e editora de O Vidroplano, conversou com Edison Claro de Moraes, diretor da Atenua Som e idealizador do VidroSom, evento que há anos discute o potencial de conforto acústico de janelas e portas.
Além de falar sobre o vidro e a esquadria como soluções para o conforto acústico, Moraes comentou a experiência da sucessão familiar na Atenua Som com sua filha Nicole Fischer, diretora operacional da empresa e vice-presidente de Economia e Estatística da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal), e ainda a chegada ao Brasil do evento Inter-Noise, um dos principais desse segmento no mundo. Leia a seguir alguns destaques da conversa – a íntegra do podcast pode ser conferida no canal da Abravidro no YouTube e nas plataformas Spotify, Deezer e SoundCloud.
O insulado é um vidro que atende muito bem tanto o conforto acústico como o térmico, mas é pouquíssimo utilizado no Brasil. Qual a importância de os arquitetos e engenheiros conhecerem mais sobre essa solução e se preocuparem mais com ela ao tratar com o cliente? Edison Claro de Moraes – O consumo nacional de insulado é uma vergonha para nosso segmento, e nós estamos perdendo um tempo enorme em relação a outros mercados. O Brasil vai ferver, a temperatura está aumentando em todo o País, o aumento do ar-condicionado já é uma realidade, e o uso do insulado na construção civil nesse sentido é fundamental. O Fernando Westphal tem um estudo maravilhoso que mostra que, se você colocar insulado nas obras do Minha Casa, Minha Vida numa região quente, por exemplo, a economia com ar-condicionado paga esse investimento em quatro a cinco anos.
Infelizmente, nosso setor foi por um caminho que coloca um tipo de vidro brigando com o outro, quando na realidade eles se complementam: se você usar um laminado dentro do conjunto do insulado, você tem ganhos ainda maiores de desempenho, e não faz nem cosquinha no custo total de uma obra.
Quando falamos de acústica, o vidro insulado é sempre a melhor solução? EM – Olha, já quase arrumei cada briga… Eu digo que sim, e não tenho medo de errar; pode chamar o pessoal do vidro, os consultores, quem for. As vantagens do insulado são tantas: na comparação, o laminado tem ganho na baixa frequência, mas na alta frequência o insulado acaba tendo uma certa vantagem. Se você pensar que o sistema insulado preenche melhor o perfil do que uma chapa de vidro só, pela sua espessura maior, você tem um ganho na hora em que faz as vedações no próprio perfil – e depois tem ainda a questão térmica e de combinação de vidros, trazendo uma série de vantagens. Então, eu não pensaria duas vezes se tivesse que escolher.
“Infelizmente, nosso setor foi por um caminho que coloca um tipo de vidro brigando com o outro, quando na realidade eles se complementam.” Edison Claro de Moraes
Em agosto do ano passado, você estava de malas prontas para participar de um evento no exterior sobre acústica e disse que voltaria com novidades. Que evento foi esse e quais as novidades que você trouxe? EM – Entre os eventos que participei no ano passado, o mais importante foi em Nantes [na França], o InterNoise. Trata-se do maior evento de acústica arquitetônica do mundo: em 2024, participaram pessoas de 62 países (mais que uma Copa do Mundo), com um total de 1.800 participantes. Nos quatro dias de InterNoise, discutiu-se tudo sobre desempenho – para se ter uma ideia, um dos dias da programação foi só para o vidro –, e foi possível ver tecnologias, pesquisas.
Este ano, o InterNoise será realizado aqui no Brasil, em agosto: depois de 21 anos, conseguimos trazer o evento.
Por favor, fale um pouco sobre a programação desse evento. EM – Ele vai reunir as maiores expertises sobre acústica. O Brasil forma muitos excelentes profissionais e PhDs nesse tema, mas infelizmente costumamos perdê-los. Em Nantes ano passado, devo ter visto no mínimo uns cinquenta brasileiros que estão trabalhando no exterior, alguns deles com soluções e tecnologias incríveis, e esse povo todo vai vir para cá. Será uma boa oportunidade para trocar informações, aprender e expor sua marca, tanto para o Brasil como para o exterior.
“Ter um negócio nesse segmento não é fácil, então a pessoa que tiver o privilégio de ter um sucessor não deve atrapalhá-lo.” Edison Claro de Moraes
Em relação à sucessão familiar, que é um assunto recorrente tanto no setor de vidro como no de esquadria, sua filha Nicole tem uma atuação muito forte no segmento. Foi você o responsável por colocá-la para atuar nesse mercado? EM – Há alguns anos, ela tinha acabado de voltar de um intercâmbio na Suécia. Sentei com ela e perguntei: “Você está aqui na empresa por mim ou por você?”. Ela respondeu: “50% por mim e 50% por você”. Isso doeu em mim. Depois de uma semana, falei que ela podia ir embora, que estava tudo bem, eu contrataria outra pessoa, mas pedi para dar uma pensada antes, porque eu não queria atrapalhar sua vida. Passou um tempo, e ela ficou.
Acho que hoje estou no negócio por causa dela, e não o contrário – não é minha filha que trabalha para mim; sou eu que trabalho para ela [risos]. E digo mais: ter um negócio nesse segmento não é fácil, então a pessoa que tiver o privilégio de ter um sucessor não deve atrapalhá-lo. É complicado falar dos próprios filhos, mas eu tenho muito orgulho dela, ela trabalha pra caramba, então espero que toque esse negócio e faça a diferença na vida das pessoas.
Você quer deixar algum recado para quem acompanhou nosso papo? EM – Eu tenho uma paixão grande pelo segmento, e gostaria que ele fosse melhor, que saísse da mesmice. Acho que está faltando um pouco mais de coragem e de amor, de não ficar pensando só em números e cifrões. O vidro é um dos materiais mais nobres da construção civil. Por que a gente vai pendurar qualquer coisa em volta dele?
Alta tímida
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), as vendas da indústria de materiais de construção cresceram 1,2% em junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. O melhor desempenho no mês foi o dos materiais de acabamento, com alta de 2,9%.
Maior otimismo
Além disso, há duas semanas a Abramat revisou para cima (de 2% a 3%) a projeção das vendas desse setor em 2024. “Esse otimismo é impulsionado pela retomada de investimentos em infraestrutura e construção civil, que visam a acelerar a geração de empregos e renda”, comentou o presidente da associação, Rodrigo Navarro.
Primeiro semestre
A entidade também revelou os números gerais do primeiro semestre: crescimento de 3% para a indústria de materiais de construção, com as vendas de itens de acabamento mais uma vez como destaque, alcançando aumento de 6,1%. Em relação ao acumulado dos últimos 12 meses, o segmento teve pequena alta de 0,7%.
Foto: Rawf8/stock.adobe.com
FIQUE POR DENTRO
Aumentando o portfólio
O grupo italiano Fenzi, especializado na produção de insumos para vidros insulados, adquiriu no começo do mês a fabricante de perfis Thermoseal. “A experiência da empresa com insulados, especialmente seu inovador espaçador flexível Thermoflex, complementa nossa estratégia de crescimento global”, afirma o CEO Alessandro Fenzi.
Foto: Reprodução
RETROVISOR
Brasil exportador
A interação do mercado vidreiro brasileiro com outros países vem de décadas. Na edição de julho de 1971, O Vidroplano comentava em nota sobre empresas nacionais exportando vidro para companhias dos Estados Unidos, como foi o caso da Providro e da Vidrobrás.
Dos mais de 55 milhões de m² de vidros processados no ano passado em nosso país, apenas 0,6% (cerca de 313 mil) foi de insulado, também conhecido como vidro duplo. Mas, afinal, por que esse item se mantém na lanterna da lista de nossos produtos mais consumidos no Brasil, sendo que é uma solução extremamente versátil para a construção civil, com benefícios que aumentam o conforto das edificações?
Se você é leitor assíduo de O Vidroplano, se lembrará de que já abordamos esse tema algum tempo atrás. Como o assunto continua atual, voltamos a ele para tentar encontrar novas respostas a essa pergunta que não quer calar. A seguir, confira a percepção de processadoras em relação ao mercado de insulados, o que são mito e verdade sobre a aplicação desse material e qual a importância dos insumos para a eficiência da solução.
Andando, mas quase parado
O mercado brasileiro de insulados, segundo as fontes consultadas para esta reportagem, é atualmente mais conhecido pelo público e profissionais do vidro e da construção que no passado. “Porém, sua principal aplicação ainda é o mercado de refrigeração, que inclui refrigeradores comerciais e balcões para comércios, padarias, supermercados, açougues etc.”, comenta Ricardo Aragon, diretor técnico e comercial para a América Latina da Sagertec, fornecedora de insumos e equipamentos para a produção desse tipo de vidro.
Duas processadoras relataram para a revista o tamanho de sua produção de insulados. No caso da Rohden Vidros, em virtude da forte atuação no segmento de refrigeração comercial, insulados representam em torno de 20% de seu portfólio. A empresa, inclusive, conta com duas linhas para a fabricação do material. Já a PV Beneficiadora, que não atende esse setor, produzindo apenas para a construção civil, vê os insulados representarem apenas 1% das vendas – isso num mês “bom” de negócios.
“O Brasil, aparentemente sem uma razão plausível, é o país da América Latina com o menor nível de produção de insulado, muito abaixo da média da região”, afirma Luiz Garcia, diretor da Lisec Sudamerica, braço regional da fabricante de maquinários austríaca Lisec. “Acreditamos que, por meio da disseminação dos benefícios do material, essa situação deva se alterar, pois não pode ser possível que todo o resto do mundo utilize esse vidro caso não fosse adequado.”
Com a crescente busca por eficiência energética, aliada ao conforto térmico e acústico de moradias e ambientes de trabalho, o material pode, enfim, tornar-se uma escolha mais popular. “Vemos grande potencial de expansão nesse mercado para os próximos anos”, aposta o gerente de Produção da processadora Divinal, César Augusto Pereira. Para isso acontecer, no entanto, o setor vidreiro como um todo precisa desvendar alguns mitos relacionados ao produto.
Só para climas frios?
Formados por duas peças de vidro separadas por uma câmara interna com ar ou gás, os insulados têm uma importante função termoacústica. “Na Europa, esse tipo de vidro é obrigatório em algumas aplicações, além de ser recomendado em edificações comerciais como hospitais, laboratórios, restaurantes, bares e hotéis”, explica a gerente de Desenvolvimento de Produtos da Rohden, Edilene Marchi Kniess.
Os insulados funcionam como isolante térmico. “Vejamos o exemplo da refrigeração: o vidro é aplicado para isolar os produtos perecíveis da temperatura exterior mais elevada”, analisa Ricardo Aragon, da Sagertec. O conceito é o mesmo quando aplicado em prédios ou residências, mantendo a temperatura interna.
Por estarem ligados a climas frios, criou-se no Brasil a ideia de que seriam indicados somente para essas regiões. Isso é totalmente errado. “Por incrível que pareça, os países que mais o utilizam são os quentes, como as nações árabes. Dubai, por exemplo, é inteiramente feita de insulado”, revela Edison Claro de Moraes, diretor da Atenua Som, fabricante de soluções acústicas para edificações. Outra prova de que a teoria não se sustenta, conforme alerta Luiz Garcia, da Lisec, é o fato de que existe alto consumo desses vidros em locais com clima similar ao brasileiro, incluindo Austrália, México, Colômbia e países da África.
“Vizinhos como Chile, Argentina e Uruguai estão na nossa frente. Utilizam há mais tempo e em escala maior. Mas chegou a hora de crescermos também. A questão térmica é a bola da vez, pois a energia elétrica segue caríssima no Brasil, e o insulado permite um retorno de investimento maravilhoso ao longo dos anos, graças à economia de eletricidade”, analisa Moraes, da Atenua Som.
Alguns motivos para o pouco uso
Custo: por contar com várias matérias-primas envolvidas na fabricação (mais de uma peça de vidro, perfis, dessecantes, silicones de vedação), o insulado é mais caro que outros tipos de vidro. E até mesmo as esquadrias necessárias para recebê-los devem ser mais robustas;
Informação: insulados ainda são deixados de lado por especificadores (arquitetos, engenheiros, construtoras) como opção válida para seus empreendimentos muito pelo fato de os benefícios do produto não terem sido comunicados adequadamente;
Mercado imobiliário: a maior parte dos lançamentos da construção civil é composta por edifícios residenciais, que não se enquadram nos tipos de edificação que necessitam de desempenhos térmicos ou acústicos acima da média – a não ser em empreendimentos de luxo. Isso reforça a ideia, por parte das construtoras e incorporadoras, de que não é necessário investir muito nessas questões;
Forte presença do laminado: o vidro laminado já virou sinônimo de controle solar e conforto acústico. Por isso, é o preferido em especificações para edificações que precisem de um nível superior de conforto nesses quesitos.
Como reverter a situação?
Primeiro, é preciso olhar para as soluções disponíveis no setor vidreiro como partes de um todo, não como concorrentes entre si, como aponta Edison Moraes. “Existe algo muito ruim no mercado que é colocar um vidro contra o outro. É comum perguntar ‘qual o melhor, laminado ou insulado?’. Não tem nada a ver isso: um complementa o outro. Paremos de pensar assim.”
Essa mudança de pensamento ajudará a encontrar respostas que solucionam os motivos listados para o pouco uso desses vidros. Cada especificação tem uma história própria – uma instalação que funcionou em determinado prédio pode não ser a ideal para outro. Colocar isso na cabeça dos profissionais do ecossistema da construção é tarefa de nossa cadeia. “Devemos levar informação e conhecimento para o especificador e principalmente o consumidor final”, indica o diretor-executivo da PV Beneficiadora, Vinicius Moreira Silveira.
Para isso, deve-se investir em estudos que utilizem ferramentas de simulação computacional. Assim, será possível observar os ganhos reais de cada aplicação, incluindo a viabilidade de um investimento desse porte a longo prazo, o que poderá ajudar o empreendedor a escolher os insulados.
Um estudo recente do engenheiro, consultor e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fernando Westphal, mostra como a composição insulada ajuda no controle térmico. “Em climas brasileiros, esse tipo de conjunto pode diminuir a temperatura do vidro em até 8 °C em comparação com um monolítico ou laminado durante o verão. No inverno, o material pode garantir 14 °C a mais na superfície do envidraçamento. Isso proporciona maior sensação de conforto das pessoas próximas ao vidro”, explica Westphal.
Vale ressaltar ainda outros tópicos interessantes revelados pelo estudo:
A transmitância térmica do insulado (quanto de calor é conduzido de um lado a outro) é equivalente à de uma parede de alvenaria;
No Brasil, há economia de energia em regiões predominantemente quentes;
A melhoria no conforto ocorre em todos os tipos de clima;
Insulados assimétricos (com chapas de espessuras diferentes) com laminado em uma das faces trazem excelente desempenho acústico, equivalente a uma parede de alvenaria.
Insumos: a qualidade é essencial para o bom desempenho
A importância dos insumos usados na produção dos insulados para o desempenho térmico e acústico não pode ser subestimada. O vidro é apenas um elemento do conjunto: todos precisam estar alinhados para entregar a eficiência esperada.
“Se os selantes não forem eficazes, pode haver vazamentos de ar ou infiltrações”, explica César Pereira, da Divinal. “Em um clima com baixa temperatura, o ar gelado de fora pode infiltrar-se no interior. Isso também ocorre com o calor em climas quentes.” E a aplicação malfeita dos selantes pode acarretar outros problemas, como aponta Edilene Kniess, da Rohden. “O uso não uniforme ou o uso de uma quantidade abaixo do especificado por norma podem causar condensação interna, sendo necessária a substituição da peça.”
Os perfis espaçadores, responsáveis por manter as peças de nosso material separadas, evitam a formação do efeito chamado “ponte térmica”, no qual o calor ou frio são transferidos diretamente entre os vidros. “Isso ajuda a manter a temperatura interna estável e confortável, independentemente das condições climáticas externas”, revela Pereira, da Divinal.
O material desses perfis influencia no desempenho da solução. Os feitos de PVC têm menor transmitância térmica que os de alumínio, por exemplo. Existem também os chamados warm edge, fabricados com aço inoxidável ou plástico e capazes de manter a borda do vidro mais quente em até 65%, reduzindo o risco de condensação do ar dentro do conjunto.
De olho nos maquinários
As máquinas para a fabricação de insulado são outro elemento indispensável para se obter um produto de qualidade. “Não é só o insumo, o equipamento também faz a diferença. Eu vejo muito maquinário manual que não traz a menor garantia, depõe contra o mercado. Afinal, insulado não é só juntar dois vidros com um separador”, comenta Edison Moraes.
O coordenador de Qualidade e Lean da processadora GlassecViracon, Renato Santana, concorda: “Eu não diria que não seria possível fabricar manualmente, mas, sim, que não seria recomendado, pois o insulado precisa de um cuidado especial na hora da montagem”. Nesse sentido, uma linha automática se torna imprescindível para garantir a qualidade e vida útil do produto. “Essas máquinas têm a precisão correta nas etapas de limpeza, primeira selagem e prensagem. Uma falha em uma dessas etapas pode resultar no colapso do produto pouco tempo após a instalação.”
Exatamente por isso, as linhas automáticas estão entre as soluções atuais mais modernas. Com carregamento e descarregamento feito por robôs, ajudam a otimizar a produção. A Lisec, por exemplo, já comercializou várias desse tipo no Brasil, tanto para o mercado da construção (fachadas) como para o de refrigeração e linha branca.
Enchendo as câmaras
As câmaras dos insulados podem ser preenchidas com gases (argônio, criptônio ou xenônio), de forma a oferecer ainda mais isolamento térmico. Em casos nos quais um desempenho superior não seja necessário, preencher o conjunto com ar basta.
“O gás argônio é responsável por aumentar significativamente a propriedade térmica, pois inibe o movimento molecular, de modo que a transferência de calor é reduzida”, esclarece Edilene Kniess, da Rohden. “Também age intensificando a vida útil do vidro, pois atua na retirada de quase toda a umidade presente no ar contido na câmara. Além disso, não é tóxico e seu uso não afeta o meio ambiente.”
E as normas técnicas?
O insulado conta com uma norma técnica, a ABNT NBR 16015, que estabelece as características, requisitos e métodos de ensaio para esse tipo de vidro, utilizado na construção civil e em unidades de condicionamento térmico e/ou acústico.
Não se esqueça! As empresas associadas à Abravidro têm acesso online a todas as normas técnicas vidreiras, e a outros documentos relacionados ao nosso setor, por meio do sistema ABNT Coleção. Ainda não é associado? Então, não perca tempo: junte-se à Abravidro e aproveite esse e outros inúmeros benefícios oferecidos pela entidade.
Caso tenha alguma dúvida sobre o conteúdo das normas vidreiras, fale com a associação.
Como você já deve ter visto, o vidro insulado, também conhecido como vidro duplo, é o tema da reportagem especial desta edição de O Vidroplano (leia mais clicando aqui). Embora essa solução ainda tenha um espaço pequeno no mercado nacional, ela oferece oportunidades interessantes a serem exploradas por diversos elos da cadeia vidreira – incluindo as vidraçarias.
Mas como apresentar esse produto aos clientes e convencê-los a comprá-lo em vez de opções menos eficientes por serem mais baratas? Que partes desse sistema precisam de cuidado especial durante o manuseio? Como a instalação é feita? A seguir, confira as respostas para essas e outras perguntas sobre o trabalho com insulados.
Apresentando os atrativos
A compra espontânea de insulados pelo consumidor final ainda é pequena. Em sua maioria, o produto é buscado por especificadores, como engenheiros ou arquitetos – e, infelizmente, em muitos casos nos quais essa solução seria a mais indicada, muitas vezes outros vidros menos eficientes acabam sendo escolhidos devido ao custo mais baixo.
Para ampliar a introdução do item no mercado, é preciso conscientizar cada vez mais os compradores sobre os benefícios que ele oferece. Nesse sentido, César Augusto Pereira, gerente de Produção da Divinal Vidros, afirma: “As vidraçarias desempenham um papel fundamental na divulgação e na adoção dos insulados pelo mercado brasileiro”.
Mas como apresentá-lo aos clientes? Pereira lista algumas possibilidades:
Oferecer informações detalhadas sobre os benefícios em termos de eficiência energética e conforto térmico e acústico;
Mostrar exemplos de projetos bem-sucedidos em climas diversos, destacando a versatilidade desse produto;
Colaborar com arquitetos e engenheiros na especificação em projetos;
Investir em treinamento para sua equipe de vendas, para que possam fornecer orientações precisas e detalhadas aos consumidores em potencial.
Daniel Estrela, sócio-diretor técnico da SEV Exclusivv, conta que a empresa costuma demonstrar o desempenho do vidro insulado em demandas para as quais eficiência térmica e acústica são necessárias: “Fazemos apresentação de amostras, materiais, dados técnicos comparativos entre insulados e vidros comuns e, em casos mais valiosos, realizamos até protótipos específicos para demonstração”, explica.
Agregando (ainda mais) valor
Um ponto interessante do insulado é que, como ele combina duas (ou mais) lâminas de vidro em sua composição, pode-se fazer combinações que tragam mais atrativos. “O vidro duplo pode reunir uma peça de controle solar na parte externa, e outra de segurança no lado interno”, sugere Edilene Marchi Kniess, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Rohden Vidros.
De acordo com Edilene, outra forma de agregar mais valor ao insulado é a inserção de uma persiana interna. “A diferença em relação à persiana externa convencional é que o acondicionamento dela entre os vidros evita o acúmulo de poeira, além de oferecer mais privacidade e controle da luminosidade ao ambiente.”
Segundo Roberto Papaiz, proprietário da ScreenLine, a combinação desse tipo de vidro com persianas é ideal para o mercado brasileiro. “Ela permite utilizar chapas mais transparentes, aproveitar integralmente a luz natural e ajustar o conforto lumínico adequado a cada atividade. Além disso, esse conjunto oferece uma proteção solar incrível, de 80% a 90%, reduzindo o custo com ar-condicionado e tornando o ambiente mais confortável, econômico e sustentável.”
Papaiz ressalta que é fundamental que a vidraçaria verifique junto à empresa fornecedora do insulado se o produto foi fabricado, ensaiado e aprovado de acordo com as orientações da norma ABNT NBR 16015 — Vidro insulado – Características, requisitos e métodos de ensaio. “O material precisa atender a ABNT NBR 16015 na sua integridade, especialmente se tiver insertos na câmara, como persianas, para garantir a confiabilidade e durabilidade do sistema”, afirma, enfatizando que já há diversos insuladores no Brasil que oferecem garantia de até dez anos.
Mostrando, e adquirindo, experiência
Por se tratar de um produto de valor agregado, a preparação do vidraceiro e da sua equipe é essencial: tanto a apresentação do insulado como a realização do serviço precisam acompanhar esse posicionamento. Por isso, se sua empresa pretende entrar no segmento, busque conhecer a fundo a solução, onde sua aplicação é mais recomendada e como evitar falhas no trabalho com ela.
“Não dá para vender valor agregado sem ter uma boa proposta comercial ou sem um bom atendimento. O profissionalismo é o item indispensável que determina ou não a venda desse tipo de produto”, afirma Daniel Estrela, da SEV Exclusivv, ressaltando que esse é o momento em que a vidraçaria pode se destacar da concorrência – ou perder o cliente. “Quem estiver disposto a pagar, justamente por estar com o dinheiro na mão, inevitavelmente vai preferir o estabelecimento que demonstrar mais preparo com preço condizente, e não somente decidir por quem oferece o valor mais baixo em uma ignorante guerra de preços”, alerta.
Preservando os painéis
“O insulado, como qualquer vidro especial, requer cuidados especiais. Qualquer avaria pode causar um alto prejuízo para o vidraceiro”, alerta Estrela. Por isso, ele orienta para que a atenção seja redobrada no manuseio desses sistemas, com embalagens apropriadas. No transporte, os vidros precisam ser bem calçados e devidamente cobertos para não haver risco de serem molhados.
Papaiz, da ScreenLine, salienta também a importância de equalizar a pressão da câmara do insulado no local da instalação. “Ao contrário do que muitos pensam, não há vácuo nessa câmara. Por isso, a pressão precisa ser a mesma do ambiente exterior do local em que será instalado”, explica. “Por exemplo, se o insulado foi produzido a 600 m de altitude e vai para a praia, a pressão no nível do mar é maior – portanto, comprime os vidros e, na instalação, a câmara precisará recuperar um pouco de ar para equalizar, ou pode haver deformação de reflexo. Caso haja persianas internas, essa operação é ainda mais necessária.” Assim que isso for feito na obra, o capilar de equalização deve ser lacrado.
Como instalar?
Conforme já comentado, a solução traz inúmeras vantagens para uma edificação, incluindo conforto térmico e acústico, além de economia em gastos com ar-condicionado. Porém, para garantir que ela de fato traga todos esses benefícios, é fundamental que a instalação seja feita corretamente. Uma aplicação malfeita comprometerá seu desempenho e resultará em desperdício de dinheiro por parte da vidraçaria e também do cliente.
A primeira orientação nesse sentido é que a instalação do insulado deve ser realizada por um profissional capacitado, capaz de identificar e corrigir problemas como frestas entre a esquadria e o vão a ser preenchido, por exemplo.
Isso posto, alguns cuidados essenciais nesse trabalho são:
Os vidros precisam ser aplicados em esquadrias projetadas para receber esse tipo de sistema – por isso, nada de improvisos na hora de escolhê-las, pois isso pode comprometer o desempenho térmico e/ou acústico do conjunto;
As esquadrias precisam ter um sistema de dreno muito eficaz, pois o interior do insulado não pode ter contato com umidade ou vapor d’água, que causam embaçamento;
Os painéis insulados devem conter um dispositivo ou válvula de equalização, que equilibra as pressões internas e externas do vidro – no momento da instalação do vidro em seu local definitivo, depois de equalizadas as pressões, é importante assegurar que o dispositivo seja adequadamente vedado;
Ao instalar o produto no vão, ele deve ser apoiado em calços para que suas bordas não entrem em contato com água da chuva, de lavagem do sistema ou de outras origens;
Para vedação, nunca utilize massa de vidraceiro, silicones ácidos ou com fungicidas que não sejam compatíveis com o composto do selante.
Assim como em outros tipos de vidro, deve-se evitar seu contato direto com metais, sempre calçando o conjunto com materiais apropriados e evitando o estresse da peça. O instalador precisa também fazer a proteção das bordas, da selagem e realizar uma vedação de qualidade para eliminação de frestas.
Para o vidraceiro que está disposto a trabalhar com a solução, o começo pode ser difícil – mas, quando o consumidor está ciente de tudo que ela oferece, fica fácil perceber que seu valor não é um custo, mas sim um investimento. “Prático, inovador, elegante, confortável e seguro, o insulado agrega em apenas um item todas as vantagens disponíveis no segmento vidreiro”, resume Edilene Kniess, da Rohden Vidros.
Amplie seus conhecimentos
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Fruto da parceria entre Abravidro e Abividro, o Educavidro tem o objetivo de ampliar a divulgação de conteúdo técnico atualizado e relevante sobre vidros.
Alta na construção
De acordo com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o setor da construção civil alcançou em julho o maior número de empregos formais desde setembro de 2015. Ao todo, são 2,615 milhões de trabalhadores registrados.
Bom momento nas contratações
O setor gerou 25.423 vagas com carteira assinada em julho – é o sétimo mês seguido com saldo positivo na abertura de postos de trabalho nesse segmento. “Mesmo diante das dificuldades de um cenário caracterizado por juros elevados, o mercado de trabalho da construção segue resistente”, comenta a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos.
Esperança…
A construção é responsável por 6% do total de trabalhadores formais no Brasil. Somente em julho, respondeu por 17,82% dos novos empregos. Isso significa um aumento nas atividades em canteiros de obras – uma boa notícia para o futuro a médio e longo prazo para o setor vidreiro, já que nosso material entra na fase final das edificações.
…com cautela
Mesmo com o bom resultado, vale conter a animação: o número de novos empregos na construção de janeiro a julho em 2023 segue menor que odo mesmo período em 2022 (194.471 contra 217.580, respectivamente). “Ajudam a justificar esse resultado a demora das novas condições do programa Minha Casa, Minha Vida 2023, as altas taxas de juros e as incertezas do início do ano”, explica a economista Ieda Vasconcelos.
FIQUE POR DENTRO
Celebração
Em julho, a fabricante finlandesa de maquinários para processamento Glaston comemorou os quarenta anos de sua divisão especializada em vidros insulados. O setor foi criado em 1983 com o objetivo de oferecer suporte para a produção do produto, cada vez mais popular na Europa de então por conta da capacidade de garantir conforto térmico durante os gelados invernos locais. Como você pode ver na matéria especial deste mês aqui em O Vidroplano, o insulado não é indicado apenas para climas frios – países quentes como o nosso são ainda mais beneficiados pela solução.
Crédito: Viktor/stock.adobe.com
RETROVISOR
Nova fábrica
Em setembro de 2004, O Vidroplano anunciava a inauguração oficial do novo forno de float da Cebrace, em Barra Velha, litoral de Santa Catarina. O C4 foi erguido estrategicamente perto dos portos de Itajaí, São Francisco do Sul e Paranaguá, para ajudar no escoamento de sua produção para os países do Mercosul – a exportação era uma das prioridades da planta à época. O forno passou por uma recente parada para manutenção a frio.
No final de 2022, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a ABNT NBR ISO 10077-1:2022 — Desempenho térmico de janelas, portas e persianas – Cálculo da transmitância térmica – Parte 1: Geral. Trata-se da tradução para o português da primeira parte da norma internacional ISO 10077:2017, cujo conteúdo contribuirá para a atualização de conhecimentos e padronização no segmento de eficiência energética no Brasil.
Marco para o mercado vidreiro
A tradução da ISO 10077 e sua adaptação como norma ABNT estão entre as atividades da Comissão de Estudo de Eficiência Energética e Desempenho Térmico nas Edificações (CE-002:135.007). Como o objetivo é desenvolver uma norma nacional de eficiência energética em edificações, o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) participou desse trabalho.
Para Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a publicação da Parte 1 da ABNT NBR ISO 10077 representa um marco importante para o mercado vidreiro e de esquadrias no Brasil. Diz ele: “Com ela [a norma], padronizamos a apresentação de propriedades térmicas das nossas esquadrias e vidros, o que permite a comparação de produtos por desempenho e coloca o setor na situação de importância que deve ter quando se fala em eficiência energética de edificações, pois são os componentes de maior relevância nas trocas de calor e consumo de energia”.
Conteúdo
A seção publicada traz as condições de contorno e equações para o cálculo de transmitância térmica de esquadrias em geral, podendo ser portas ou janelas. “O vidro entra nessa parte da norma, pois representa a maior área de uma esquadria completa”, destaca Westphal, que também é o coordenador do Grupo de Trabalho em Esquadrias e Vidros da CE-002:135.007.
A transmitância térmica é a propriedade que expressa o quanto de calor atravessa a composição de vidro por condução devido à diferença de temperatura entre o ambiente externo e interno. Nesse sentido, Westphal aponta que vidros insulados têm transmitância mais baixa, pois a câmara de ar atua como um isolamento térmico. “O fato de termos uma norma nacional para a determinação dessa propriedade uniformiza as informações no mercado, pois existem outras normas europeias e norte-americanas que tratam do mesmo tema, mas com condições de contorno diferentes, levando a variações nos resultados e dificuldade de comparação entre produtos.”
Vale observar que os dados de transmitância térmica do vidro são determinados de acordo com a ISO 10292, que é semelhante à europeia EN 673, norma já adotada pelos fabricantes de vidro plano no Brasil.
Próximos passos
A Parte 2 da norma – já traduzida e que deverá entrar em consulta nacional em breve – trata especificamente da determinação da transmitância térmica dos perfis das esquadrias. Outras normas ISO também estão sendo traduzidas, como a 15099 (que aborda o processo detalhado de cálculo numérico da transmitância térmica das esquadrias).
“Acredito que a adoção dessas normas acende as discussões sobre estratégias de eficiência ainda incipientes no Brasil, mas que têm grande potencial para melhorar o conforto térmico nas edificações, tais como o uso de vidros insulados e vidro de baixa emissividade [low-e], além das esquadrias com thermal break e elementos de proteção solar inovadores”, avalia Westphal. O professor ressalta ainda que isso pode contribuir para evitar o uso excessivo de climatização artificial em edificações e para aproveitar o vidro como elemento de contato visual com o exterior, sem comprometer a qualidade do ambiente interno.
Um dos principais atrativos do vidro insulado, como mostrado na reportagem especial deste mês de O Vidroplano (confira clicando aqui), é o isolamento acústico. Nosso material, quando devidamente especificado e instalado, é um elemento fundamental para bloquear a passagem de ruídos para dentro dos ambientes – algo cada vez mais imprescindível em grandes centros urbanos.
Você sabe a importância do controle da poluição sonora para a saúde humana? E como está a procura por soluções nessa área? As respostas para essas e outras questões são apresentadas a seguir por profissionais diretamente envolvidos na área de acústica.
Por que o isolamento acústico é importante?
“Hoje, a poluição sonora só perde para a poluição do ar e da água. Acredita-se que, no futuro, o silêncio será um dos itens mais desejados”, afirma Edison Claro de Moraes, diretor-proprietário da Atenua Som e vice-presidente de Relações com o Mercado da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica).
Marcos Holtz, sócio-diretor da Harmonia e vice-presidente de Atividades Técnicas da ProAcústica, alerta: “Diversos estudos científicos e da Organização Mundial da Saúde (OMS) já comprovaram a correlação entre a exposição excessiva à poluição sonora e o surgimento de problemas de saúde crônicos, como doenças vasculares e derrames. Por isso, a questão acústica precisa ser encarada com seriedade, como um problema de saúde pública que deve ser contemplado no planejamento urbano das cidades”.
Um artigo publicado no site da Atenua Som apresenta outros efeitos negativos causados pela poluição sonora:
– Perda de boa parte da capacidade de concentração dos funcionários no ambiente de trabalho;
– Aumento de peso, pois quanto mais o corpo é exposto a barulhos, maior a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que aumenta os níveis de açúcar no sangue e é associado à obesidade e ao acúmulo de gordura corporal;
– Alto nível de irritação e problemas psicológicos causados pela interrupção frequente do sono.
Fotos: Claudiomar Gonçalves
Segundo Holtz, normas como a NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho têm contribuído para tornar o bom desempenho acústico das fachadas de habitações algo fundamental. Moraes concorda, mas ressalta: “Podemos considerar essa norma como um divisor de águas, embora muitas construtoras ainda não tenham atentado para a seriedade do não cumprimento dela”. Apesar disso, o diretor da Atenua Som considera que esse documento trouxe avanços para a questão, como o aumento de ensaios e maior preocupação em usar produtos que atendam as suas determinações.
Vidros indicados
Moraes cita dois grandes grupos de produtos capazes de proporcionar conforto acústico: os insulados e os laminados. Cada um deles é mais indicado para uma situação específica. “Laminados proporcionam um bom desempenho contra ruídos de baixas frequências, além de serem mais baratos do que os insulados. Já estes têm melhor desempenho para bloquear ruídos de altas frequências, como buzinas ou sons estridentes como os de apitos, e também contam com desempenho térmico superior.”
Na hora de especificar o vidro, é importante avaliar qual o tipo de som a ser isolado para definir a melhor solução;. “Para ruídos de tráfego, que têm componentes de baixa frequência, o laminado teria um desempenho mais adequado do que os duplos, por exemplo”, opina Holtz, frisando: “O desempenho acústico sempre será do conjunto perfis + vidro. É um erro muito comum aumentar a espessura do vidro na expectativa de um aumento do isolamento acústico”.
Para o sócio-diretor da Harmonia, o maior problema no desempenho acústico de um sistema costuma estar nos caixilhos, os quais muitas vezes não oferecem a estanqueidade necessária. “Então, a atenção na seleção de perfis com desempenho acústico semelhante ao dos vidros é essencial, bem como a instalação e vedação correta deles.”
SEM RUÍDOS PARA ATRAPALHAR A MÚSICA A sede do programa governamental Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), criado para alcançar a excelência e a integração social por meio da prática coletiva da música, recebeu um tratamento acústico inédito na América Latina. De acordo com a Atenua Som, responsável pelo trabalho em parceria com a empresa Nagata Acoustics, ela é um dos poucos lugares do mundo em que é possível encontrar o silêncio absoluto – ruídos e barulhos externos não afetam as instalações. Os vidros usados nas áreas internas do local estão entre os elementos essenciais para esse resultado (foto): foram instalados insulados compostos de laminado de 16 mm, câmara de ar de 100 mm, com material absorvedor, e laminado de 12 mm.
Oportunidades de negócios
A demanda por produtos com melhor desempenho na atenuação da passagem de ruídos externos parece estar crescendo no Brasil. Mas qual seria o motivo?
“É difícil dizer somente uma causa. Além da necessidade de atendimento à NBR 15575, há também o fato de que a pandemia fez muita gente trabalhar em casa. Essa nova realidade fez com que o isolamento acústico fosse percebido como indispensável para permitir qualidade nas reuniões online e mesmo para oferecer maior conforto, concentração e produtividade”, avalia Marcos Holtz.
Fotos: divulgação Atenua Som
Em termos de oferta, o mercado também conta com novidades para os interessados. Um desses casos é o da linha minimalista SLIDLux Multi, da Atenua Som, montado com vidros laminados para proporcionar atenuação de ruídos de baixa frequência. “Além de permitir grande área de vidro, ela une desempenho acústico, controle térmico e luminoso”, explica Moraes. Por sua vez, Holtz aponta o grande crescimento na procura de caixilhos com duas folhas de vidro e caixa de persiana – esse sistema é hoje utilizado até mesmo em habitações populares.
BELEZA E ACÚSTICA EM UMA SÓ ESTRUTURA O Vitra (foto), edifício residencial na capital paulista projetado pelo renomado arquiteto Daniel Libeskind e construído pela JHSF, chama atenção visualmente por sua fachada envidraçada. Mas nosso material não está lá só por sua beleza. “A pele de vidro especificada é uma excelente solução acústica, permitindo uma estanqueidade muito boa, além de ter os perfis protegidos pelo próprio vidro”, conta Marcos Holtz, da Harmonia, responsável pelo projeto acústico da obra. A fachada é toda de laminados de 10 mm com peças SunGuard High Performance Royal Blue 40, da Guardian, com isolamento acústico de 35 dB.
Caixa Acústica
De março a maio de 2014, a Abravidro publicou o Caixa Acústica, uma série de três suplementos com o objetivo de apresentar ao nosso setor os conteúdos divulgados no 6º VidroSom, seminário técnico sobre acústica em vidro. A publicação foi resultado de uma parceria com a Atenua Som (organizadora do VidroSom) e Cebrace (patrocinadora desse evento).
Cada fascículo encartado em uma edição de O Vidroplano abordou um tema relacionado ao uso do vidro na área acústica:
– Março:Conceitos básicos e a evolução do uso do vidro
– Abril:Exemplos práticos do uso do vidro acústico
– Maio:Ensaios laboratoriais e normas técnicas
Para ler a série Caixa Acústica, basta clicar aqui.
A reportagem especial de O Vidroplano de maio comentou os motivos para os vidros insulados, produtos que oferecem diversos benefícios aos usuários, serem tão pouco usados no Brasil – representam apenas 0,5% de todo o material consumido por aqui, segundo o Panorama Abravidro 2021. Conforme prometido no mês passado, o material volta à pauta da revista para trazer um olhar mais técnico sobre suas propriedades. Como a especificação deve ser feita, considerando o clima do lugar em que serão instalados? Que tipos de perfil podem recebê-los? Quais os maquinários usados em sua fabricação? O manuseio e instalação dessas peças necessitam de cuidados especiais? Confira tudo isso e mais a seguir.
A relevância térmica
Como visto na edição de maio, o mito de que os insulados seriam indicados apenas para locais em que faz muito frio não se sustenta, já que eles conseguem tanto reter o calor no interior de uma edificação como impedir a entrada do calor nela – o que define sua função é exatamente a especificação.
O tipo de vidro usado em um edifício ajuda a determinar a intensidade do fluxo de calor que entrará no espaço Divulgação Crescêncio Consultoria
Um termo-chave para essa tarefa é “transmitância térmica”, um índice físico representado pela letra U. “Ele representa o quanto de calor um material conduz quando submetido a uma diferença de temperatura”, explica o engenheiro Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E o tipo de vidro usado em um edifício ajuda a determinar a intensidade do fluxo de calor que entrará no espaço. Como demonstra Giorgio Martorell, gerente de Vendas para a América do Sul da fabricante de maquinários para processamento Lisec, nosso material reage de diferentes formas:
– Um monolítico comum de 5 ou 6 mm de espessura tem U de 5,6 W/m².K. Para simplificar: ele transfere 5,6 W de calor para cada m² de área e para cada grau de diferença entre o ambiente externo e interno;
– Já em um insulado composto por duas peças separadas por câmara de ar de 12 mm, esse índice cai pela metade: 2,80 W/m².K, o que significa que o interior esquentará muito menos.
O cálculo para escolher o vidro não é simples e envolve diversas variáveis, afinal todos os elementos de um insulado (incluindo espaçadores, silicones para vedação etc.) devem oferecer desempenhos semelhantes. “É importante que o perfil da esquadria tenha transmitância térmica próxima ao do vidro utilizado”, alerta Westphal. Dessa forma, os materiais irão trabalhar em conjunto para se chegar ao objetivo definido no início do trabalho – barrar a entrada de calor ou impedi-lo de sair.
A relevância acústica
Quanto maior a massa de um material, melhor seu desempenho acústico. É por isso que, por ser mais pesado, o vidro deixa passar menos som do que o plástico ou a madeira, por exemplo. Isso significa que quanto maior a espessura da chapa, maior o isolamento. Então, basta instalar peças grossas em qualquer projeto, certo? Errado.
Todo vidro vibra ao receber uma frequência específica de som, diminuindo sua capacidade como isolante. Vidros grossos são excelentes para barulhos pesados e graves (como o de um caminhão), mas, para barrar sons agudos (como uma buzina), seu desempenho cai. Os vidros finos, por outro lado, funcionam de forma inversa: bons contra agudos, ruins contra graves. A solução mais eficaz é combinar materiais para compensar essas perdas inevitáveis.
Nesse sentido, o insulado surge como excelente opção, pois a câmara entre as lâminas de vidro faz com que boa parte das ondas sonoras fique “presa” ali, perdendo poder de transmissão para dentro da edificação. “Quanto maior o distanciamento dos vidros, maior o desempenho térmico e acústico, sem precisar aumentar o peso e o custo final”, define Edison Claro de Moraes, diretor-proprietário da Atenua Som, empresa especializada em soluções envidraçadas para isolamento.
Assim como na questão térmica, os demais elementos do conjunto também são fundamentais para os resultados obtidos, principalmente a vedação das esquadrias. “Para melhorar o desempenho acústico, é recomendável incorporar um ou dois vidros laminados ao sistema insulado, a fim de atenuar as tais vibrações produzidas na superfície dos vidros ao receber ondas sonoras”, indica Martorell, da Lisec.
De olho nas esquadrias
A matéria-prima dos perfis tem influência direta no desempenho térmico do insulado. “Nesse caso, o PVC leva vantagem. O alumínio, para ter o mesmo desempenho, precisa utilizar o thermal-break — ‘ponte térmica’ —, um isolamento térmico interno”, explica Moraes. De fato, o alumínio tem transmitância térmica em torno de 6 W/m².K – somente com o thermal-break chega ao redor de 3 W/m².K, mesmo valor do PVC.
Outra solução são os perfis chamados warm edge. “São de uma tecnologia cada vez mais utilizada na América Latina e podem ser de aço inoxidável e/ou plástico e, ao contrário dos de alumínio, ajudam a reduzir o coeficiente de transferência de calor, tornando as janelas mais eficientes”, comenta Sebastian Iachini, agente de Vendas e Suporte Técnico da fabricante de insumos para insulados Fenzi. Esses perfis mantêm a borda do vidro mais quente em até 65%, reduzindo o risco de condensação do ar dentro do conjunto.
A matéria-prima dos perfis tem influência direta no desempenho térmico do insulado
O diretor-comercial da processadora GlassecViracon, Marcelo Martins, relembra outra questão importante a ser levada em conta: “Como no Brasil a aplicação do insulado é mais comum em fachada unitizada, alertamos para o correto cálculo do ‘bite’ de silicone, o espaço para sua aplicação, de forma a garantir estabilidade e segurança dos conjuntos após instalados”.
Persianas: aliadas para o desempenho
Um dos grandes diferenciais do insulado é a possibilidade de se instalar persianas de lâminas ou de tecido (em rolo ou plissada, com dobras) dentro da câmara, de forma a se ter controle de entrada de luminosidade e também aumentar a eficiência térmica.
“A diferença na qualidade desse produto está na particularidade dos componentes utilizados e dos sistemas de movimentação, o que vai garantir sua durabilidade”, afirma Roberto Papaiz, diretor da fabricante de persianas Screenline. Matérias-primas com característica no fogging (que não permitem embaçamento) e movimentação magnética estão entre o que de mais moderno existe para essa solução.
As persianas podem oferecer:
– Proteção solar de até 90% quando usadas com vidros de controle solar neutros;
– Assepsia total, pois dispensam a limpeza;
– Manutenção zero, pelo fato de serem automatizadas;
O controle da luminosidade é outro ponto favorável. “As lâminas se comportam como ‘prateleira de luz’, refletindo a luz para o teto dos ambientes e ajudando a distribuí-la de forma difusa, sem gerar ofuscamento”, explica Papaiz.
Linhas automáticas integradas ajudam a diminuir o tempo de fabricação dos conjuntos insulados
Tecnologias em maquinários
A evolução do setor vidreiro mundial se reflete especialmente na fabricação dos insulados. “As máquinas estão mais automatizadas e mais rápidas, disponíveis para tamanhos de chapas maiores, e incluem equipamentos como scanners para a verificação da qualidade final”, aponta Yveraldo Gusmão, diretor da GR Gusmão. Os espaçadores flexíveis são exemplos desse desenvolvimento. O trabalho com eles garante ciclos de produção mais rápidos, devido à eliminação dos processos de serragem e dobra do perfil.
Outro fator que diminuiu o tempo da montagem dos conjuntos insulados é a criação de linhas automáticas integradas. Alguns modelos, como a Fastlane, da Lisec, permitem o trabalho em dois conjuntos ao mesmo tempo. “Com conceitos de sistemas de controle centralizado, esses equipamentos só precisam de um operador para supervisionar o processo”, explica Giorgio Martorell. A velocidade é tamanha que as máquinas podem concluir um insulado em até 16 segundos (como se vê na linha Velocity Plus).
Manuseio e instalação
Cuidados especiais são necessários na hora de manusear e instalar insulados. Conforme reforça Petrucci, durante o transporte, as peças devem sempre estar na posição vertical ou levemente inclinada. “Nunca se deve mantê-las na horizontal por longo período, pois isso pode acarretar flexão no vidro de forma permanente, impedindo-o de voltar para o estado plano.” Uma chapa assim, quando instalada nessas condições, poderá ocasionar distorção óptica, comprometendo a qualidade do empreendimento.
Luiz Jaison Lessa, gerente-geral da processadora Rohden Vidros, também chama atenção para o manuseio: “É preciso evitar posicionar as chapas em superfícies rígidas ou com faces pontiagudas, já que podem causar riscos ou mesmo quebras”. O armazenamento também conta com segredos: deve-se manter o produto em local abrigado, seco e bem ventilado. “É fundamental protegê-lo da umidade e da poeira, sempre usando intercalários entre as peças”, indica Lessa.
Mais um cuidado a se tomar: a equalização de pressão da câmara interna, procedimento necessário quando nosso material for produzido em uma região de determinada altitude e, depois, instalado em local de outra altitude. A diferença entre as pressões atmosféricas e a pressão interna do vidro também pode levar a distorções.
Gusmão aponta mais boas práticas:
– No momento do transporte, o selante secundário (que “fecha” o conjunto insulado como um todo) precisa ter alcançado dureza suficiente para não sofrer com a movimentação do veículo. Em geral, essa dureza chega após 24 e 48 horas, dependendo do selante utilizado;
– Deve-se verificar a compatibilidade entre os selantes utilizados;
– Sempre utilizar calços de apoio para a montagem correta.
Com os ensinamentos técnicos deste mês, e mais as percepções de mercado vistas no mês passado, ficamos com a esperança de, num futuro próximo, celebrar o aumento da utilização dos insulados em nosso país.
Câmaras: preenchê-las com o quê?
As câmaras dos insulados podem ser preenchidas com gases, cuja função está associada à melhoria no valor de isolamento térmico, contribuindo para reduzir ainda mais a taxa de transferência de calor. “Em países com clima mais quente ou moderado, a maior parcela da carga térmica nas edificações ocorre por radiação e não por condução; portanto, o uso desse tipo de recurso não é muito efetivo”, explica o engenheiro Crescêncio Petrucci, sócio-fundador da Crescêncio Consultoria. Assim, para a maioria dos empreendimentos nacionais, basta preencher o conjunto com ar.
Edificações em regiões mais frias podem usar três gases, conforme indica Crescêncio:
– Argônio: mais comum e acessível economicamente, pode melhorar a condução térmica do vidro em torno de 15%;
– Criptônio: oferece um nível acima de desempenho do vidro, entretanto seu custo é muito superior ao do argônio;
– Xenônio: é o mais eficiente de todos e também o mais caro. Sua utilização é recomendada para climas severos, preferencialmente em vidros triplos.
Para trabalhar com o produto com gás, o processador precisa ter os equipamentos corretos para o preenchimento da câmara, alerta Renato Santana, coordenador de Qualidade da GlassecViracon. “É importante exigir isso das beneficiadoras, pois, como os gases são invisíveis, não há como comprovar a concentração dele sem a medição correta. Mundialmente, é exigida uma concentração acima de 85%.”
Na edição 2021 do Panorama Abravidro (cujos dados você encontra clicando aqui ou aqui), os insulados, também conhecidos como vidros duplos, ficaram na lanterna entre os vidros processados mais utilizados no ano passado no País: representam apenas 0,5% de todo o material consumido por aqui, uma queda de mais de 20% em relação aos números de 2019. Essa é uma informação surpreendente, pois o produto oferece enorme desempenho no conforto térmico – o que ajuda, inclusive, na economia de energia elétrica e no resultado acústico. O que explica a solução ter qualidade, mas ser pouco utilizada?
Para tentar decifrar esse enigma, O Vidroplano consultou usinas, processadoras e engenheiros. Nossas fontes ajudam a esclarecer os motivos da pouca procura por insulados pelo setor da construção civil e apontam formas de levar informação sobre eles ao público consumidor. Esta reportagem é a primeira parte de um especial a respeito dos insulados – em junho, voltaremos ao tema abordando as questões técnicas da especificação, os cuidados no manuseio e instalação e os itens e maquinários usados na fabricação do material.
Para todas as temperaturas
Formados por duas peças de vidro separadas por uma câmara interna com ar ou gás, os insulados têm uma importante função termoacústica. Na Europa, são usados há décadas, principalmente para o isolamento térmico dos edifícios e casas. Talvez por isso, criou-se no Brasil o mito de que seriam indicados apenas para locais com temperaturas baixas. “Percebo que o produto é mais comentado e lembrado na Região Sul do País, mais fria, do que no restante”, comenta o engenheiro Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Porém, essa ideia não poderia ser mais errada. “O insulado também atua diminuindo o ganho de calor para dentro da edificação, especialmente em cidades em que a temperatura do ar exterior é frequentemente mais alta, como Rio de Janeiro, Salvador e Manaus”, explica o professor da UFSC. “Além disso, o material resulta em menor temperatura superficial interna do envidraçamento, o que diminui a sensação de desconforto próximo ao vidro, mesmo quando há incidência do Sol direta sobre a esquadria.”
Dependendo da região e das condições climáticas ali encontradas, o insulado pode garantir benefícios em escalas diferentes. “Sua principal característica é o controle de temperatura. Portanto, se em uma determinada localidade o objetivo é impedir a entrada de calor, ele poderá contribuir mais com a parcela de condução térmica quando comparado com um laminado, por exemplo”, analisa o engenheiro Crescêncio Petrucci, sócio-fundador da Crescêncio Consultoria. “Em uma região mais fria, o objetivo pode ser o de reter o calor no interior da edificação e, com isso, economizar energia elétrica para o aquecimento do ambiente.” Ao se utilizar um vidro de controle solar em uma unidade insulada, os benefícios são ainda maiores. “Essa condição se dá pelo fato de o revestimento de proteção solar trabalhar conjuntamente com a câmara de ar”, afirma Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix.
Marcelo Martins, diretor-comercial da GlassecViracon, indica que, em termos gerais, o insulado pode diminuir de 20% a 30% a entrada de calor, sendo que a troca térmica entre ambientes é reduzida de 55% a 70%. “O mundo todo, inclusive países tropicais, tem o insulado como principal produto para revestimento em fachadas”, revela.
Motivos para o pouco uso
Voltamos para a questão que abre o texto: o que explica a solução ter qualidade, mas ser pouco utilizada? É preciso enxergar a questão sob vários aspectos. Luiz Barbosa, da Vivix, aponta aqueles mais fáceis de serem identificados:
– O custo do insulado é maior. Isso se explica pelo fato de se utilizar mais matérias-primas de valor agregado em todo seu sistema – perfis, dissecantes e silicones de vedação e estrutural;
– As esquadrias necessárias para recebê-los devem ser mais robustas, portanto mais caras que as utilizadas com vidros monolíticos ou laminados;
– A composição do insulado quando aplicado em fachadas a partir do 1º pavimento (e abaixo de 1,10 m em relação ao piso) deve conter laminados ou aramados, tanto na face externa como na interna. Isso pode fazer a especificação levar ainda mais vidro.
É possível aliar transparência a um desempenho térmico compatível com a necessidade dos usuários de um edifício. Na foto, o prédio 80 Once, em Bogotá, na Colômbia, com vidros processados pela GlassecViracon
Então, a questão se limita ao preço? Longe disso. O funcionamento do mercado imobiliário também influencia, como esclarece Petrucci. “A maior parte dos lançamentos e das obras em construção é residencial. Nesses casos, geralmente há janelas e portas recuadas e sombreadas em largos terraços, feitas de laminados ou monolíticos e com persianas. Com isso, desempenhos térmicos acima da média não seriam necessários”, afirma. “A outra parcela dos projetos, bem menor que a primeira, é de edifícios comerciais, corporativos e alguns residenciais com fachada-cortina. Eles têm grandes áreas envidraçadas e potencial para a aplicação de vidro de controle solar insulado.”
Edifício Aqwa Corporate, no Rio de Janeiro: insulados aplicados nesse prédio comercial foram beneficiados pelo Grupo Galtier e fornecidos pela AGC
Mas por que o potencial não vira realidade? Segundo Petrucci, os interesses dos empreendedores entram em conflito com um investimento desse porte:
– Se o imóvel é destinado à venda e o custo dos equipamentos de ar-condicionado for do comprador do imóvel, é provável que não se escolha um vidro muito eficiente, como é o caso do insulado, já que isso traria benefício apenas para o comprador, que economizaria na aquisição do ar-condicionado;
– No entanto, em um imóvel preparado para locação ou construído para uso corporativo, o investimento em materiais com melhor desempenho pode ser justificado.
A cultura do uso de laminados como sinônimo de controle solar e acústico também está na base da “rejeição” ao insulado. “Esse costume é tão forte que até projetos de arquitetos internacionais especificados com insulados, na tropicalização, acabam sendo revisados e adaptados para o laminado”, aponta Renato Santana, coordenador de qualidade da GlassecViracon. Para Betânia Danelon, gerente-comercial da Guardian para o segmento de Arquitetura para a América do Sul, isso se liga a um aspecto mais científico. “Entendemos que a baixa procura pelo produto ocorre devido aos poucos estudos de eficiência energética para edificações residenciais.” A partir disso tudo, podemos avistar possíveis soluções para o impasse.
Como reverter a situação
“Temos de apresentar mais estudos ao consumidor final”, sugere Fernando Westphal. “E, quando se fala em consumidor final, isso inclui arquitetos, designers e fabricantes de esquadrias.” Para o professor, como o custo pode ser um impeditivo considerável, é importante mostrar com números a viabilidade desse investimento a longo prazo, calculando a economia de energia com climatização com o passar dos anos, e sempre levantar os benefícios já citados, como conforto térmico e acústico.
O uso de ferramentas de simulação computacional, com o objetivo de obter os ganhos reais de cada aplicação, poderá ajudar o investidor a tomar uma decisão a favor dos insulados. Betânia Danelon acredita que a revisão em curso da NBR 15575 — Desempenho de Edificações Habitacionais deve aumentar a procura por simulações energéticas. “É necessário um reforço da comunicação sobre a importância dos estudos de desempenho das edificações e suas envoltórias. Todo empreendimento — comercial ou residencial — deveria passar por esse tipo de análise para garantir que o vidro irá atender as expectativas.”
Como aponta Jonas Sales, coordenador de Engenharia de Aplicação da Cebrace, difundir o conhecimento técnico sobre o produto pode ser feito em diversas frentes, no caso das usinas:
– Palestras;
– Presença de equipe técnica especializada por todo o Brasil;
– Apoio a cursos para profissionais do segmento da construção e de arquitetura;
– Apoio a ações de educação do mercado encabeçadas por associações do segmento, como a Abravidro e suas afiliadas regionais.
“É uma jornada de descobrimento do vidro como solução. Isso acontece a longo prazo e exige constância e frequência. Estamos sempre focados nesse trabalho ‘de formiguinha’ junto a pontos de venda e ao cliente final”, explica Sales. Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC, concorda: “A educação técnica e informação às universidades, consultores e até processadores vidreiros pode ser parte de uma ação colaborativa para disseminar o entendimento acerca da solução e seus benefícios. Em paralelo, as construtoras poderiam iniciar um movimento baseado em legislações que orientem usos corretos para bons desempenhos das edificações”.
Um elemento que pode funcionar como chamariz de vendas para produtos com maior valor agregado é a etiqueta de conforto térmico para esquadrias, presente na Parte 4 da NBR 10821 — Esquadrias para edificações. Sua aplicação é de caráter facultativo aos fabricantes de esquadrias, mas, mesmo assim, desempenha a importante função de classificar o nível de desempenho térmico desses itens. São avaliados o conjunto como um todo, incluindo tipo de vidro, perfil e percentual de área envidraçada da esquadria. Por isso mesmo, como a metodologia de avaliação é feita com base no conforto, os insulados se destacam, elevando o nível de classificação em qualquer clima brasileiro.
Quem sabe, ao se seguir alguns desses passos, a utilização do material possa dar um salto em um futuro próximo. Não se esqueça: em junho, leia a sequência desta reportagem aqui em O Vidroplano.
Pelo mundo
A situação do mercado de insulados no Brasil pode ser comparada à encontrada nos países vizinhos? “O uso do produto na América do Sul está crescendo consideravelmente, mas ainda representa uma baixa porcentagem em geral”, analisa Sebastian Iachini, agente de Vendas e de Suporte Técnico da Fenzi South America. “Por aqui, as duas nações com maior consumo de insulado por habitante são Argentina e Chile, embora seus números não possam ser comparados com o resto do mundo.” Outros países da região, como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru, também passaram a se interessar por essa aplicação recentemente.
Segundo Iachini, houve um aumento de cerca de dez vezes no uso de insulados em todo o planeta nos últimos 15 anos. “Levando em consideração o crescimento que está ocorrendo e os volumes que existem na América Latina, podemos dizer que há grandes oportunidades.” O jeito é aguardar para saber se o Brasil seguirá essa tendência global.
A 32ª edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, teve que ser adiada por conta da pandemia do coronavírus. Mesmo sem o evento em 2020, O Vidroplano faz menção a ele ao trazer uma obra icônica: a Olympic House, nova sede do COI inaugurada no ano passado. O prédio pode ser considerado um dos mais sustentáveis do mundo, já que recebeu três certificações do tipo (Leed Platinum e duas concedidas por entidades suíças).
Ficha técnica Autor do projeto: 3XN Local: Lausanne, Suíça Conclusão: junho de 2019
Unidos pelo esporte
A inauguração da Olympic House ocorreu em 2019 durante as comemorações dos 125 anos da fundação do COI, em pleno Dia Olímpico (23 de junho), data na qual celebram-se os valores dos Jogos, como ética, responsabilidade e espírito esportivo. Criado pelos arquitetos dinamarqueses da 3XN, em parceria com o escritório suíço IttenBrechbühl, o prédio traduz esses princípios para uma construção sustentável, cheia de transparência, espaços colaborativos e formas com movimentos que remetem à fluidez dos corpos dos atletas. Esse projeto foi o vencedor de um concurso mundial realizado pelo comitê, com 114 participantes, cujo objetivo era justamente escolher o design de sua nova sede.
Localizada no Louis Bourget Park, às margens do lago Genebra, a obra inclui centro de conferência, salas de reunião, restaurante, academias, três andares de escritórios, terraço no telhado e um estacionamento subterrâneo — são mais de 22 mil m² de área construída. O tamanho tem explicação: antes espalhados por quatro locais diferentes na cidade de Lausanne, os quinhentos funcionários do COI agora estão reunidos sob o mesmo teto. “Nós priorizamos a transparência para facilitar e encorajar a interação e o compartilhamento de conhecimento, criando um espaço de trabalho altamente eficiente”, revela Kim Herforth Nielsen, cofundador da 3XN.
Pódio verde
Segundo os arquitetos, a eficiência energética do espaço está muito presente na fachada dupla envidraçada — a consultoria Frener & Reifer foi a responsável por seu desenvolvimento e instalação. Esse tipo de estrutura consiste em duas peles de vidro separadas por um espaço, o qual ajuda na ventilação, além de diminuir a incidência do calor gerado pela luz solar, garantindo menor uso de energia elétrica, por exemplo.
Com exceção dos parafusos e porcas, todos os elementos da fachada (incluindo cada peça de nosso material e as colunas de sustentação) têm formato único. No total, foram utilizados 194 painéis de vidro por andar. Entre as peles, existe ainda uma estrutura de brises de alumínio, semelhante a uma veneziana, garantindo maior sombreamento às áreas internas. Com a Olympic House, o esporte também se torna exemplo de uma arquitetura ecologicamente consciente.
Representante no Brasil de multinacionais ligadas ao setor vidreiro, a empresa fechou parceria com a Vidriocar, maior beneficiadora de vidros do Paraguai. A Support Glass passará a fornecer a ela diversos produtos, como selantes da Kömmerling, perfis da Profilglass, sílica molecular da Seily, lubrificantes da Sogelub e sistemas de tratamento de água da Idrotecnica. Segundo o diretor da empresa, Nilton Batista, o negócio fechado vai ao encontro da expansão pela qual ela vem passando desde o início de 2017, atendendo cada vez mais clientes do Norte ao Sul do Brasil e, agora, também na região do Mercosul.
Confortos térmico e acústico, iluminação natural, economia de energia nas construções. Tudo isso é fornecido pelos vidros insulados — e, ainda assim, pouco são usados no Brasil. Por quê? Em parte, pela existência de “mitos” sobre eles. Os insulados, conhecidos também como vidros duplos, são muito eficientes em qualquer lugar do País, do frio Sul ao quente Norte, seja em prédios ou residências. É hora de agirmos para mudar esse cenário e emplacar mais obras com esse material que possui alto valor agregado. Confira a seguir o que o setor precisa fazer para popularizar o produto, incluindo dicas sobre esquadrias e novas tendências em tecnologia.
Perfeito para os climas do Brasil
O maior mito referente aos insulados é que eles são apenas para locais com clima frio. Na Europa e América do Norte, duas regiões com invernos rigorosos, as janelas das residências, incluindo apartamentos, possuem o material como padrão. Mas a solução serve para várias situações.
O São Paulo Corporate Towers recebeu vidros da GlassecViracon nas fachadas. Ao todo são 41 mil m² de insulados de temperados laminados com tecnologia de controle solar
“O insulado deve ser usado quando há grande diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo”, explica o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fernando Westphal. “Também é indicado para projetos com grande área envidraçada sujeita à radiação solar intensa”, acrescenta Westphal, que também é engenheiro e sócio-fundador da ENE Consultores.
Como lembra o gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace, Remy Dufrayer, o insulado reduz o efeito de parede fria (quando se sente frio ao se aproximar de um vidro durante dias gelados) e também de parede quente (a sensação de calor sentida perto de vidros num dia quente). Em outras palavras, a troca de temperatura entre os ambientes é reduzida. Assim, cria-se conforto térmico, tema que será abordado com detalhes mais adiante.
“Estamos em um país tropical”, lembra Claudia Mitne, diretora de Marketing e Produtos da processadora GlassecViracon. “Nossa arquitetura gosta de grandes panos envidraçados. Por isso, são desafios para se trabalhar ao mesmo tempo: barrar a entrada de calor, filtrar a luz natural, baixar o reflexo indesejável no ambiente interno e ainda contar com cores ou aspectos originais dos vidros. Ao especificar um insulado, você opta pela solução mais ‘verde’ disponível no mercado brasileiro.”
Por dentro de um insulado
O material é formado por duas ou mais placas de vidro paralelas (daí ser chamado de vidro duplo, triplo etc.). Essas placas são separadas por um espaçador, com as bordas hermeticamente seladas. Com isso, forma-se uma câmara estanque no interior
– Vedação primária: feita com butil, tem função impermeabilizante, impedindo a transmissão de gases e vapores de umidade;
– Perfil: elemento estrutural que dá a espessura da câmara e garante a estabilidade mecânica do sistema;
– Peneira molecular: dessecante concentrado, absorve a umidade dentro da câmara. Garante que o ar ali fique sempre seco e não embace com a diferença de temperatura entre o exterior e o ambiente interno dos edifícios;
– Vedação secundária: feita com polissulfeto ou silicone estrutural, tem função impermeabilizante, impedindo a transmissão de gases e reforçando a estabilidade mecânica do sistema, além de melhorar o desempenho térmico.
Conforto térmico com economia Por si só, um vidro duplo já oferece conforto térmico. Afinal, todo o calor que passa do exterior para o interior perde energia ao encontrar a camada de ar do conjunto. Mas existem segredos para aumentar o desempenho e poupar dinheiro. “O uso de vidro de
O campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em Porto Alegre, é projeto da AT Arquitetura. As fachadas do edifício possuem insulados laminados NP50 da Guardian.
controle solar em unidades insuladas pode ter um impacto significativo também no consumo de energia”, explica Gustavo Calegari, coordenador de Marketing da Guardian. “O investimento em envidraçamento trará economia ano a ano, pela redução do uso de sistemas de refrigeração.” Essa é uma ótima solução, já que o preço da energia elétrica não para de aumentar — e no verão sempre se usa mais eletricidade, devido ao ar-condicionado e outros tipos de climatizador.
Para a fabricante de esquadrias Weiku, o investimento feito na aplicação de insulados, com perfis apropriados, paga-se em três a cinco anos (o cálculo exato depende de vários fatores, como a quantidade usada de vidro, a temperatura média do local etc.).
É preciso vender o peixe
Outro motivo da pouca aplicação dos insulados é a falta de conhecimento. O que fazer para mais pessoas conhecerem os benefícios do produto?
– Levar conhecimento técnico: “Precisamos fazer um trabalho de conscientização em toda a cadeia do vidro plano”, opina o professor Fernando Westphal. Matheus Oliveira, do Departamento de Marketing da AGC, concorda: “É necessário um trabalho técnico junto dos especificadores, trazendo informações sobre as possibilidades de aplicação, vantagens e potencial do produto”;
– Possibilidades financeiras: “O segredo é ganhar o cliente por meio de exemplos que demonstrem, em números, a economia na conta de energia elétrica quando utilizados insulados nas fachadas comerciais ou residenciais. Algumas empresas já fizeram isso e o payback, o pagamento do investimento, é surpreendente”, indica Viviane Moscoso, gerente de Produtos da Vivix;
– Normas técnicas: Elas também são relevantes para esse processo de popularização. A NBR 16.015 — Vidro insulado – Características, requisitos e métodos de ensaio trata da qualidade dos insumos e do produto final. Outra norma, a NBR 15.575 — Desempenho de edificações habitacionais, também ajudou a divulgar a importância de requisitos de desempenho. Mas o trabalho não pode parar. “Precisamos aumentar o nível do desempenho brasileiro, assim como já aconteceu na maioria dos países desenvolvidos e em alguns mais próximos como Argentina, Chile e México”, comenta Giorgio Martorell, do setor de vendas da Lisec. A consultora de Normalização da Abravidro, Clélia Bassetto, lembra que “a evolução das normas é algo comum e esperado no mercado. Com isso, os produtos se tornam cada vez mais bem-desenvolvidos”;
– Produtos de qualidade: Para Martorell, da Lisec, “quando o consumidor final entender que existem opções de diferentes níveis térmicos para janelas, por exemplo, eles começarão a exigir maior valor agregado, os custos de fabricação serão mais competitivos e todos os membros da cadeia produtiva se beneficiarão”.
Em Blumenau (SC), o Hotel Plaza ganhou insulados com esquadrias especiais da Weiku. O empreendimento está à beira de uma das principais e mais movimentadas ruas da cidade. Assim, a escolha pelo material conferiu conforto acústico aos hóspedes.
Conforto acústico e a importância das esquadrias Outro dos principais benefícios dos insulados é o conforto acústico. Porém, atenção: “Isso ocorre somente se o vidro for utilizado numa esquadria que seja feita para esse fim. Sozinho, o vidro não vai salvar o desempenho de uma peça com problemas”, reforça Nicole Fischer, da Atenua Som.
Não se compra o vidro sozinho, mas um conjunto completo. Nosso material sempre estará associado a um elemento de fixação. O diretor da Atenua Som, Edison Claro de Moraes, especialista na questão, apresenta alguns dados:
– Considerando uma porta de insulado com desempenho acústico de 35 dB: se a vedação do conjunto for malfeita e deixar uma fresta de 1 mm, o desempenho cai para 25 dB;
– Se no mesmo local for instalada uma porta de 25 dB de desempenho, também com a fresta de 1 mm, o desempenho passa a ser de 23 dB.
Ou seja, soluções mais caras (como a do primeiro exemplo) podem não oferecer o retorno esperado se um detalhe muitas vezes subestimado, como a vedação das esquadrias, não for benfeito. Lembre-se, insulados não são apenas o vidro, são o conjunto inteiro.
Por isso, a importância do selante também deve ser levada em conta. Afinal, como reforça Nilton Batista, diretor da Süpport Glass, empresa que representa os produtos químicos da Kömmerling em nosso país, ele é muito mais que aquele “material pegajoso e preto”. Explica Batista: “Ao usar um produto inferior ou silicone que não sejam compatíveis com o primeiro selante, a unidade muito provavelmente terá problemas, pois o silicone irá atacar esse selante. Uma falha como essa pode custar tempo e dinheiro, e o pior: vai danificar a sua marca e a reputação da indústria em geral.”
Por falar em esquadrias, fabricantes do produto desenvolvem projetos sob medida para atender as características necessárias de cada projeto, como é o caso da Weiku. “O cliente que, por exemplo, optou em um primeiro momento por um vidro simples, posteriormente pode realizar a troca por insulados, tendo apenas de realizar uma mudança nas baguetes das esquadrias”, comenta o membro do departamento de marketing da empresa, Tarso Marco Cardoso, fazendo referência aos elementos que fixam os vidros na esquadria.
“O conforto acústico fornecido pelos insulados cabe principalmente em obras residenciais, que sofrem de forma constante com o barulho indesejado do ambiente externo, incluindo trânsito, aviões, helicópteros, bares, restaurantes, construções, movimentação de caçambas etc.”, reforça Giorgio Martorell, da Lisec.
Com o maior uso de panos de vidros em casas (em janelas e sacadas), o produto vai não só garantir a maior integração visual com o ambiente ao redor, mas também a tranquilidade da atenuação sonora.
Residência no Guarujá, litoral de São Paulo, ganhou portas deslizantes na sacada com insulados. A instalação foi realizada pela Atenua Som.
Tendências nos insulados Com a maior opção da arquitetura pelo minimalismo, incluindo janelas e portas com pouco perfil aparente, os insulados se firmam como importante opção. Por isso, vamos entender melhor sobre o estado da atual tecnologia do produto.
– Perfis:“Nos perfis espaçadores, a tecnologia avançou dos de alumínio anodizado aos do tipo warm edge, de aço inoxidável e polímero plástico”, explica a assistente comercial da Fenzi, Ayelen Hampel. Por conta da matéria-prima, reduzem a transferência de calor por meio da esquadria, aumentando a eficácia energética;
– Especificações diferentes: Outra opção para a especificação do produto é usar vidros resistentes ao fogo. “É uma tendência que tem sido bastante requisitada pelos bombeiros ultimamente”, revela Fernanda Roveri, do Escritório de Vendas Internacionais da Schott. São classificados em dois tipos: para-chama, que isola fumaças, gases tóxicos e chamas, e corta-fogo, que também inibe a irradiação do calor;
– Entre os vidros: Micropersianas entre os vidros, instaladas nas câmaras de ar, são outra tendência cada vez mais usada, ajudando no controle de luminosidade e privacidade. Giovanni Quarti, da Forel, aponta o uso de gases nobres, como argônio e criptônio, no interior das câmaras, aumentando o desempenho dos conjuntos. “Vale citar ainda o desenvolvimento da qualidade dos selantes, principalmente na questão da resistência às mudanças climáticas”, afirma;
– Para a produção: Novidades também são encontradas nos maquinários para produção dos vidros. A Lisec, por exemplo, investe em uma linha compacta de baixo custo, desenvolvida para mercados emergentes, chamada base. Um diferencial da linha TPA é o fato de trabalhar com espaçadores termoplásticos e dispensar a necessidade de compra de perfis de várias larguras, pois a própria máquina define essa medida (até 20 mm). A Forel, outra fabricante de maquinários, possui uma linha completa instalada na fábrica da Divinal Vidros, em Jaguaré (SP).