Tag Archives: Mercado

O que podemos esperar para o setor em 2023?

Talvez nem mesmo com uma bola de cristal seja possível enxergar o futuro da economia nacional com precisão – ainda mais em um ano que marca o início de um novo governo e com o País continuamente mergulhado num processo de instabilidade política. Mesmo assim, refletir sobre o que pode acontecer no setor é fundamental para o mercado se organizar. De olho nisso, O Vidroplano começa 2023 com a tradicional reportagem a respeito das expectativas de nossas empresas em relação ao novo ano.

Conversamos com economistas e diretores de companhias vidreiras para entender os movimentos do mercado em 2022 e como isso deve afetar os próximos meses. Além disso, analisamos diversos indicadores econômicos para descobrir o que eles revelam para o futuro.

Visão geral
A estimativa de crescimento da construção civil, o maior mercado consumidor de vidro no Brasil, é de 6% em 2022, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Contudo, esse dado isolado não justifica o atual cenário no segmento, explica Ana Maria Castelo, mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Projetos da Construção da Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre). “A construção é um todo heterogêneo. A grande questão é saber como esse crescimento repercutiu na indústria, afinal, estima-se queda de 7% na produção da indústria de materiais. Então, houve um descompasso entre os dois setores.”

Essa diferença pode ser explicada por diversos fatores. Ao contrário do período inicial da pandemia, no qual as reformas feitas pelas famílias lideraram as atividades da construção, o ano passado contou com as grandes construtoras como o foco do crescimento. Diversos prédios vendidos em 2020 e 2021 estão sendo erguidos – portanto, vários materiais aplicados na fase final das obras, incluindo o vidro, ainda nem foram fabricados ou comercializados. “Isso traz perspectivas melhores para 2023 no quesito consumo de vidro”, aponta Ana.

Em relação a questões macroeconômicas, há dois grandes problemas. “As taxas de juros subiram e endividaram as famílias, fazendo com que gastassem bem menos com materiais de construção. O final do ano passado revela bem esse resultado, com o PIB tendo desacelerado no último trimestre”, comenta a economista. Há ainda a chance de uma recessão mundial eclodir. Ou seja, 2023 pode reservar bons resultados, mas muita coisa dependerá de fatores externos ao nosso setor.

De olho na construção
De acordo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria está menos confiante em relação às condições atuais e expectativas. O medidor caiu 2,2 pontos este mês na comparação com dezembro, ficando abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica desconfiança por parte desse segmento.

Segundo a Sondagem Industrial, também da CNI, a produção industrial teve baixa de 5,9 pontos na passagem de novembro para dezembro. Embora tal queda seja expressiva, a entidade afirma que dezembro é marcado pela desaceleração da produção. Com 42,8 pontos, o resultado ficou acima da média para dezembro.

Outro indicador que caiu na comparação com novembro foi o de utilização da capacidade instalada: -4 pontos, chegando a 67%. Mais uma vez, a queda não significa nada de anormal para o período.

Apesar desse resultado negativo, há fatores para se comemorar: a falta ou alto custo de matérias-primas deixaram de ocupar a 1ª posição no ranking dos principais problemas da indústria. O tópico atingiu o menor patamar de assinalação das empresas participantes da pesquisa desde o terceiro trimestre de 2020. Quem passou a liderar a lista de problemas foi a elevada carga tributária – demonstrando mais uma vez a importância de uma reforma nesse sentido. Em 3º lugar ficou a demanda interna insuficiente.

De olho nos materiais
Este mês, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou uma pesquisa com os números para esse segmento em 2022. O resultado foi de baixa de 7% no faturamento, um grande contraste com o crescimento de 8,1% visto em 2021.

“São inúmeros os fatores que levaram nosso setor a sofrer com quedas constantes e significativas”, explica o presidente da entidade, Rodrigo Navarro. “Podemos citar o elevado endividamento das famílias em um contexto de orçamento doméstico mais disputado com gastos com alimentação, o que tem deprimido a demanda por materiais. Outros fatores são a taxa de juros em patamar ainda elevado e a inflação de 2022, que fechou em 5,79%.”

De olho nos automóveis
O mercado automotivo mostrou bons resultados em 2022. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção cresceu 5,4% sobre 2021, número acima da projeção da entidade. Ao todo, foram 2,37 milhões de unidades fabricadas. Em relação às vendas, viu-se estabilidade: 2,1 milhões, representando pequena queda de 0,7%, número dentro do previsto desde a metade do ano.

Para 2023, espera-se aumento de 2,2% na produção de veículos e de 3% nas vendas. “A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada”, analisa o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. “Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades.”

Foto: Anton Gepolov/stock.adobe.com

Foto: Anton Gepolov/stock.adobe.com

Otimismo com boa dose de precaução

O Vidroplano ouviu a opinião do economista Sergio Goldbaum, da GPM Consultoria, responsável pelo Panorama Abravidro, a respeito das possibilidades do setor para 2023.

Com os dados já divulgados por entidades e associações no final do ano e agora nas primeiras semanas de janeiro, como foi o 2022 da construção civil, o principal cliente do mercado de vidro?
Sergio Goldbaum — Nas sondagens da indústria da CNI, capta-se o humor do mercado, a sensação dos operadores do mercado, mês a mês, e não a atividade propriamente dita. A análise dos números mostra que 2022 ainda foi um ano aquecido para o setor, especialmente entre os meses de junho a outubro, mas também sugere que o desaquecimento sazonal de final de ano pode ter sido um pouco mais intenso do que nos últimos anos – talvez refletindo os eventos extraordinários de novembro e dezembro, como as eleições e a Copa do Mundo, ou eventualmente antecipando um 2023 de maior cautela do setor. Outra série que acompanha o nível de atividades da indústria da construção civil é a série de volume de vendas de materiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa série foi revisada em fevereiro de 2022, o que destacou com muito mais intensidade o aquecimento das vendas de materiais de construção no período da pandemia após maio de 2020. Na nova série revisada, o volume de vendas no ano passado permaneceu, em média, no nível relativamente aquecido que já tinha sido observado em 2021.

O que as empresas vidreiras podem esperar de 2023 em relação à economia do País?
SG — O ano de 2023 será muito desafiador por muitos motivos. No âmbito doméstico, espera-se que os lamentáveis acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília possam ser superados. No âmbito internacional, ainda há muita incerteza em relação à política econômica, incluindo a política industrial, nos EUA, e aos desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Mas a série de expectativas de vendas de insumos da construção civil oferece uma resposta objetiva: novamente se observa relativo otimismo dos empresários da construção civil ao longo de todo o ano de 2022, com súbita reversão das expectativas no final do ano.

E o que se pode analisar em relação a outros mercados consumidores, como o automotivo e o de linha branca, para este ano?
SG — Em relação à indústria automotiva, 2022 marcou a recuperação após dois anos muito ruins, mas ainda está muito abaixo dos picos de produção observados em 2012 e 2013. Automóveis são bens de consumo duráveis, e o forte choque negativo da pandemia vai continuar a ser compensado nos próximos anos. Numa perspectiva de longo prazo, a indústria automotiva no mundo passa por transição e a nacional está tentando encontrar seu lugar nesse novo ambiente. A indústria de eletrodomésticos, ao contrário, viveu um momento de muito aquecimento durante a pandemia. Eletrodomésticos também são bens de consumo duráveis, mas, ao contrário da indústria automotiva, o choque positivo da pandemia vai ser compensado negativamente por um tempo.

É possível para o setor vidreiro sonhar com crescimento este ano?
SG — No início do ano passado sugerimos precaução ao segmento, especialmente por conta do aumento importante da taxa de juros e de seu impacto na indústria da construção civil. Entretanto, ao longo do ano, as expectativas na sondagem da CNI quanto ao lançamento de novos empreendimentos permaneceram otimistas, com súbita reversão no final do ano. O insumo vidro processado entra nas últimas etapas do processo construtivo. Assim, mesmo que o pessimismo do final do ano passado se revele justificado, o setor ainda teria alguns meses antes de ser afetado. E, por isso, a sugestão de algum otimismo com uma boa dose de precaução permanece para este ano.

 

A opinião vidreira
A seguir, confira o que nosso segmento tem a dizer sobre suas perspectivas e expectativas para 2023. Primeiro, confira as empresas de diversos elos da cadeia; na sequência, as usinas.

 

Daniel Domingos
Eastman
“Apesar de desafiador, 2022 se revelou um ano em que conseguimos crescer em vários segmentos, principalmente com os interlayers estruturais e cores, o que foi muito positivo e revela um amadurecimento do nosso setor, no sentido de oferecer produtos de maior valor agregado. Nós acreditamos que 2023 será bem similar a 2022, com algumas oportunidades em segmentos específicos com chance de crescimento e consolidação de nossa parte, o que apoiará o crescimento do consumo do vidro laminado, algo que vem se consolidando nos últimos três anos.”

 

Ricardo Costa
GlassParts
“Em relação ao ano passado, posso afirmar que tivemos um período de negócios muito bom, com crescimento. Para 2023, a GlassParts está bastante otimista, pois esperamos que, passadas as incertezas políticas e econômicas, retornaremos a ter um mercado ativo.”

 

Yveraldo Gusmão
GR Gusmão
“Eu diria que, apesar de um ano com tantos acontecimentos (feiras, eventos, Copa do Mundo), analiso 2022 como um período bom. Com as expectativas de negócios, os investidores estarão mais seguros quando o novo governo se organizar. O nosso setor terá muito trabalho, pois a construção está na fase final de várias obras. Passamos um ano de 2022 com grandes expectativas, mas nem todas se tornaram realidade. Para 2023, apesar das mudanças políticas, no final tudo se reverte; trabalharemos bastante para isso.”

 

Sandro Eduardo Henriques
Sglass
“Podemos afirmar com satisfação que superamos nossas expectativas: 2022 foi o segundo melhor em termos de vendas desde 2014. E também alcançamos uma marca significativa, ao chegar ao número de 250 fornos de têmpera produzidos. Esperamos que 2023 seja um ano promissor. No entanto, é importante lembrar que a indústria vidreira é altamente dependente das condições políticas e econômicas e pode ser afetada por fatores imprevisíveis. Os governantes eleitos fizeram grandes promessas de avanços sociais e econômicos, o que pode impulsionar a demanda por vidro em diversos setores, como os de construção, linha branca e de geração de energia. Vamos acompanhar a evolução dos acontecimentos e estaremos preparados para adaptar nossas estratégias de negócios. Para isso, é fundamental investir em novas tecnologias, como a automatização de processos, para tornar a produção mais eficiente e reduzir custos.”

 

Isidoro Lopes
AGC
“2022 foi um ano conservador quando comparado a 2021. Tivemos um primeiro trimestre forte, porém a sequência foi instável, já sendo impactada pela turbulência política no País. As adaptações da forma de trabalho e a recuperação do setor de serviços fizeram com que o nível de desemprego diminuísse, mas a renda da população brasileira não melhorou. A inflação subindo, juros altos e câmbio oscilante levaram os índices de confiança do consumidor e da indústria a cair. Com isso, caiu o consumo, o que prejudicou a demanda. Sendo assim, fechamos o ano com um saldo negativo em relação a 2021.

O controle dos custos dos materiais importados e o custo do frete internacional impactaram no valor das matérias-primas e dos sobressalentes para manutenção de equipamentos. O menor fornecimento de alguns componentes importantes para nossa indústria – causado por ações que estão fora do nosso controle, como as restrições e lockdowns chineses, interrupção de produção de algumas matérias-primas ao redor do mundo devido às limitações de emissões de carbono (era melhor parar de produzir do que pagar as taxas de carbono) – acabou criando um desequilíbrio na oferta, o que atinge os custos até hoje.

Para 2023, prevemos uma estagnação no primeiro semestre e uma recuperação moderada da demanda para o segundo. Estimamos um leve crescimento de 2,5% a 3% para nosso setor. A construção civil continua crescendo, mas perdeu um pouco da intensidade quando comparada a 2021. Já sobre o setor automotivo, temos excelentes expectativas, com crescimento tanto da produção como do mercado de reposição. O moveleiro e a linha branca possuem fatores para acreditarmos no crescimento, pois estão diretamente ligados às políticas sociais e ao maior foco do novo governo para o fomento do consumo e distribuição de renda. Se isso for efetivado, pode ser uma grata surpresa.

Para o mercado local, tivemos a oportunidade de aprender com a pandemia de que ter fontes nacionalizadas de produtos e serviços com qualidade e agilidade é vital – principalmente para as usinas, que dependem da longevidade de seus equipamentos e estabilidade dos processos. Nossas empresas, portanto, precisam estar preparadas para o caso de outra retomada repentina, assim como foi em 2020 e 2021, pois quando a demanda sobe de forma inesperada é crucial termos parcerias sólidas que gerem a oportunidade do cumprimento dos compromissos assumidos.”

 

Lucas Malfetano e Manuel Corrêa
Cebrace
“Em 2022, é importante destacar a retomada dos encontros presenciais, nos quais tivemos a oportunidade de estar em meio a excelentes momentos de confraternização. Contudo, observamos um comportamento de mercado diferente, com a não prioridade dos investimentos em reforma. Experimentamos um ano atípico, com uma redução do volume de vendas maior do que o esperado, resultando em uma queda superior a 20%, como tem apontado o Termômetro Abravidro. Isso nos motivou a manter ainda mais os esforços voltados para o que é a essência da Cebrace: aprimorar de forma contínua e robusta a qualidade dos produtos e serviços, priorizando a inovação e a sustentabilidade. Realizamos a reforma dos fornos C1 e C2, garantindo o fornecimento contínuo para os clientes – e podemos dizer que mantivemos o fornecimento sem rupturas durante o período de reforma. Encerramos o ano com esses fornos preparados para produzir cada vez melhor e com o C2 com uma estrutura adequada para reduzir as emissões de CO2.

Nossa expectativa para 2023 é de crescimento modesto quando comparado a 2022. Compreendemos que se faz necessário mais tempo para que as mudanças de governo e cenário econômico se estabeleçam. No geral, os números mostram que os mercados consumidores apresentarão crescimentos tímidos, mas ainda será necessário entender com clareza como será o ano em cada segmento. A expectativa é de que os custos de produção sejam estabilizados, sem aumentos de insumos expressivos. E outra das prioridades da Cebrace este ano é apoiar no trabalho das associações, visando a combater os descaminhos fiscais e reforçar a busca pela simplificação tributária.

Estamos vivenciando um importante período de transformação. Falamos nos últimos eventos sobre a aceleração da transformação digital, que exige de todos nós um olhar para a frente, adequando processos a essa mudança. É possível perceber uma nova geração entrando para o mercado do vidro, trazendo novas ideias e oxigenando os negócios. Isso exige que os líderes estejam preparados para planejar, educar e facilitar a transição sem perder o foco da sustentabilidade: como podemos inovar mais, melhor, com menor impacto e mais eficiência? Mais que um ponto de atenção, são reflexões que todas as empresas vidreiras devem experimentar.

Os vidros de valor agregado têm margem para conquistar mais espaço no mercado e isso depende da disseminação de informações. Que todo o setor possa abraçar essas oportunidades, investindo em profissionalização, divulgação e na melhor estratégia para cada um.”

 

Renato Poty
Guardian
“Com o cenário macroeconômico mais complexo em 2022 em comparação com 2021, ano passado foi um período de aprendizados para a Guardian. Tivemos de trabalhar estrategicamente o equilíbrio da produção e estoques para atender de forma responsável as demandas de mercado, sem destruição de valor para nossos clientes e parceiros de negócio, contribuindo para criação de valor em toda a cadeia de vidros planos através de iniciativas focadas no setor consumidor de tais produtos. Os principais desafios foram relacionados à demanda mais retraída de alguns segmentos e à inflação dos principais insumos do processo produtivo de vidros planos. A crescente escalada dos custos da barrilha, gás natural e logística ao longo do ano aumentou de forma significativa o custo de produção.

Acreditamos que 2023 será um ano de crescimento do mercado, mas ainda com uma pressão de custos importante no valor final do vidro plano. Os mercados de float fora do Brasil estão com previsão de desbalanço entre oferta e procura em algumas partes do ano, segundo nossas estimativas, o que poderia atrair mais importações. De maneira geral, a Guardian tem uma visão positiva para este ano com base nas obras já lançadas e novos investimentos da iniciativa pública e privada, representando um cenário favorável para a construção civil, principalmente no segundo semestre. Já a previsão para os demais segmentos é menos otimista.

Acreditamos que temos melhores perspectivas para 2023 devido à menor pressão inflacionária, porém a economia global está demonstrando tendência de desaceleração, o que pode afetar o equilíbrio de oferta e demanda de vidros no Brasil. Por isso, as indústrias vidreiras têm de continuar focadas em iniciativas para o desenvolvimento do setor, trabalhando para a educação de toda a cadeia e criação de valor com foco no longo prazo. Equilíbrio de inventário é fundamental para atender as crescentes demandas dos nossos clientes.

A Guardian está comprometida com o crescimento do setor de forma sustentável, por isso investimos constantemente em inovação de produtos e serviços, visando a melhorar a experiência dos nossos clientes e parceiros, com foco no benefício mútuo.”

 

Henrique Lisboa
Vivix
“Mesmo com todas as dificuldades, navegando em um cenário bastante diferente do que havíamos projetado e incluindo todo o impacto externo que ocorreu dentro dos negócios em geral, consideramos que tivemos um saldo positivo em 2022. Acreditamos que cada vez mais essa imprevisibilidade fará parte dos negócios, e precisaremos estruturar as nossas empresas para operarmos de forma cada vez mais ágil, inovadora e responsiva a novas situações. Certamente a principal dificuldade enfrentada no ano passado foi a forte inflação dos insumos, gerada por acontecimentos geopolíticos externos que nos forçaram a implementar aumentos de preços ao longo do ano, e que também provocaram impactos no mercado em 2022.

Após uma retração em 2022, estamos projetando para 2023 um leve crescimento de nosso setor, recuperando parte do que foi perdido no ano passado. Com relação à construção civil, linha branca e movelaria, esperamos também um leve crescimento. Já para o setor automotivo, acreditamos em uma recuperação significativa, o que ajudará no equilíbrio do segmento de vidros planos.

Embora haja um carregamento muito forte dos custos que incorreram sobre as empresas no ano passado, não estamos esperando aumentos significativos em relação aos insumos ao longo deste ano. Portanto, sob o ponto de vista de inflação do setor de vidros planos, acreditamos que teremos um ano estável, apesar de que com um impacto relevante nos custos, decorrente de 2022.

Eu diria que as empresas vidreiras deverão cada vez mais buscar caminhos para agregar valor aos seus negócios, entender e atuar de forma integrada na sua cadeia e dedicar esforços para que o consumidor final valorize o produto e o serviço que recebe dos agentes que fazem parte do nosso segmento. Além disso, é preciso gerenciar os custos e preços de vendas com bastante equilíbrio e cuidado. Nosso mercado é dinâmico, sendo impactado externamente de muitas formas. Precisamos estar atentos às necessidades da cadeia e às mudanças que o mercado está nos sinalizando, para ajustarmos as nossas empresas e, assim, podermos evoluir juntamente com todo o mercado.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: evannovostro/stock.adobe.com

GlassParts firma parceria de sucesso

A GlassParts e a empresa chinesa Yinrui Group fecharam, com exclusividade, uma parceria para o mercado nacional. Com a nova aliança, a companhia brasileira fortalece sua marca com a oferta dos maquinários da fabricante asiática. Considerada especialista em mesas de corte, o Yinrui Group é reconhecido por sua precisão e pelo desenvolvimento de soluções criativas e flexíveis para a indústria do vidro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 599 (novembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da imagem de abertura: Divulgação

Sisecam prepara construção de nova planta

A Sisecam anunciou o investimento de 185 milhões de euros para a construção de uma nova planta na cidade de Mersin, na Turquia. A unidade contará com linhas de processamento de vidros para energia solar com capacidade de 20 milhões de m² por ano, além de um forno para fabricação de vidros texturizados, de olho no mercado arquitetônico, com capacidade de 600 t por dia. O objetivo do investimento é consolidar a empresa como um dos principais fornecedores globais de peças para o setor de energias renováveis. Segundo Ahmet Kırman, presidente da Sisecam, a demanda por vidros para o setor energético na Turquia está prevista para atingir 23 milhões de m² em 2022, crescimento de quase três vezes em relação aos 8 milhões de m² de 2018.

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: Cristi/stock.adobe.com

IPI para vidros sofre idas e vindas

O governo federal publicou, no dia 27 de julho, o Decreto Presidencial 11.158/2022, que alterou novamente a nova Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi), oficializando a redução de 35% do IPI cobrado sobre uma série de produtos. A redução entrou em vigor a partir de 1º de agosto. Porém, no dia 8, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos do decreto referentes às alíquotas do IPI sobre itens produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM) e que possuem Processo Produtivo Básico (PPB), caso dos vidros temperados e insulados. Dessa forma, o consultor jurídico da Abravidro, Halim José Abud Neto, orienta que nosso setor volte a comercializar esses produtos com suas alíquotas originais, de 10%, até que haja uma decisão definitiva sobre o tema. Os vidros float, impresso e laminado, em geral, se mantêm com a alíquota de 6,5%; já para espelhos (emoldurados e não emoldurados), em geral, a alíquota vigente é de 9,75%.

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: pch.vector/Freepik.com

Entidades preparam pautas para os presidenciáveis

A Abravidro faz parte de um grupo de entidades setoriais que levará aos candidatos à presidência da República os temas fundamentais para o desenvolvimento do setor da construção no Brasil – como energia, industrialização, déficit habitacional, certificação e qualidade, financiamento, inovação e sustentabilidade. “Neste momento, o foco é definir com as equipes de planejamento e com os candidatos uma agenda de encontros de agosto a setembro”, explica Waldir Abreu, consultor para projetos especiais da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). “Em dezembro, o grupo buscará consolidar encontros com o presidente eleito.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: Divulgação Anfacer

Vivix anuncia construção de 2ª planta em Pernambuco

Em evento realizado no dia 27 de junho, no Palácio do Governo do Estado de Pernambuco, a Vivix anunciou a construção de sua 2ª linha de produção, a ser construída no município de Goiana (PE) ao lado de sua atual planta. Com investimento de R$ 1,3 bilhão, o novo forno da usina terá capacidade de produção de mil t por dia – isso fará dele o maior em operação no Brasil.

São estimados cerca de 4 mil empregos criados durante as obras. Juntas, as duas plantas da Vivix devem gerar cerca de 600 vagas diretas e 2.400 indiretas. A expectativa é de que a nova unidade esteja em plena operação no segundo semestre de 2025.

Momento certo…
Henrique Lisboa, presidente da Vivix, conta que a empresa já planejava o 2º forno desde a inauguração do 1º – por isso mesmo, a área em que a usina está instalada em Goiana já tinha um espaço reservado para a futura construção. O projeto deveria ter começado em 2015/2017. Porém, foi adiado devido a fatores como a crise vivenciada pelo setor da construção civil no País naquele período, o anúncio da construção do forno da AGC e, mais recentemente, a pandemia da Covid-19.

“Essa planta sempre foi o plano da Vivix, mas era preciso esperar o momento certo. Todo esse processo foi muito bem planejado”, destacou Lisboa em entrevista para Iara Bentes, editora de O Vidroplano. O executivo relembra que a empresa faz parte do Grupo Cornélio Brennand, uma companhia que pensa a longo prazo, e isso se reflete na responsabilidade e segurança do planejamento para a nova fábrica.

…no lugar certo
Embora a Vivix já contasse com um espaço reservado em Goiana para a construção de seu segundo forno, havia a expectativa de que a nova unidade da empresa pudesse ser instalada na Região Sudeste – afinal, segundo Lisboa, cerca de metade das vendas da usina vai para fora das regiões Norte e Nordeste.

A escolha por Goiana, de acordo com o dirigente da Vivix, se deu por um conjunto de fatores. “A sinergia entre as duas plantas é muito poderosa, em termos de estrutura, conhecimentos técnicos e reduções que se podem ter em relação a despesas e gastos – não é à toa que na maior parte do mundo se faz esse tipo de investimento conjuntamente”, explica. “O apoio do governo do Estado de Pernambuco também é importante, e há ainda a proximidade de uma mina a cerca de 8 km que fornece parte dos principais minérios para produzir vidro plano, o que acaba sendo uma das vantagens competitivas da Vivix em relação aos nossos concorrentes.”

Assim, considerou-se que a combinação de todos esses fatores torna a presença do novo forno em Pernambuco mais atrativa do que seria no Sudeste. Apesar disso, como espera-se que a maior parte da produção dessa futura unidade será vendida para fora do Nordeste, a Vivix adotará um centro de distribuição permanente, possivelmente em São Paulo, para atender outras regiões do Brasil.

Foto: Felipe Feca
Foto: Felipe Feca

 

Crescimento no mercado brasileiro
Com o novo forno, a Vivix eventualmente ampliará sua capacidade para 1.900 t/dia – embora estime-se que a produção do novo forno será de 850 a 900 t num primeiro momento – e se transformará na 2ª maior fabricante de float do mercado nacional. Para Lisboa, isso consolida o caminho da empresa para ser um player cada vez mais relevante para toda a cadeia vidreira do Brasil. “Nós trabalhamos e nos preparamos para esse crescimento. A estratégia é trabalhar cada vez mais conjuntamente integrados com os demais elos. Para a Vivix ter sucesso, é preciso que processadores e vidraceiros também tenham.”

De olho no fotovoltaico…
Além do float incolor, o novo forno produzirá também chapas extra clear, pois, segundo a usina, a demanda por esse produto deve crescer nos próximos anos. Ainda sobre o extra clear, Lisboa destaca que o novo forno foi projetado para que a qualidade desse vidro atenda os padrões necessários para uso em módulos fotovoltaicos. “Acreditamos que esse é um mercado em desenvolvimento no Brasil pelos próximos anos. As indústrias de energia solar e eólica estão em crescimento na Região Nordeste, e já há empresas pensando em se instalar aqui para a produção de painéis solares. Então, esse é um mercado que vai entrar na mira dos produtores de vidros planos.”

…na sustentabilidade…
Com relação à tendência mundial de redução da emissão de gases de efeito estufa pelas indústrias na atmosfera, rumo ao “carbono zero”, Lisboa afirma que a Vivix planeja adotar energias mais limpas ou renováveis conforme a possibilidade de aplicação delas for avançando. Nesse sentido, o novo forno já está sendo preparado para uso parcial de biogás e hidrogênio. “Acho que todas as empresas, não apenas a nossa, devem evoluir para essas fontes nos próximos anos”, avalia Lisboa.

…e no futuro
O Panorama Abravidro 2022 mostrou que houve pequena queda na produção de float em 2021, embora o faturamento das empresas tenha aumentado. Este ano, as edições mensais do Termômetro Abravidro indicam que o volume de vendas faturadas em m² de vidros processados em 2022 ficou abaixo do nível de dezembro de 2021.

Os números poderiam indicar um momento ruim para o anúncio de uma nova planta – contudo, a Vivix estima um crescimento de 5% a 6% para o setor nos próximos anos. “De fato, este ano de 2022 está menos aquecido do que todos nós esperávamos, mas precisamos olhar para o médio e longo prazos, visando a equilibrar a oferta e a demanda”, justifica Lisboa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 595 (julho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: Felipe Feca

Schott anuncia investimento no Brasil

A Schott Flat Glass do Brasil anunciou em maio um investimento de R$ 10,5 milhões na ampliação da capacidade produtiva e na automação de seus processos da fábrica localizada na cidade de Indaiatuba (SP). A decisão foi tomada com base nos dados do Índice de Confiança do Comércio (Icom) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), que avalia as projeções de varejo no País: ele mostrou que, em médias móveis trimestrais, o indicador subiu 0,5 ponto em março deste ano, sendo a primeira alta depois de seis meses de quedas consecutivas. “Esse cenário refletiu no aumento da confecção de produtos como gabinetes refrigerados e a produção de portas de vidro para gabinetes, atendendo a demanda por economizar energia elétrica que muitos varejistas têm demandado”, destaca Maria Cristina Cardoso, diretora de Vendas e Marketing para a América do Sul na Schott Flat Glass.

Este texto foi originalmente publicado na edição 594 (junho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da imagem de abertura: Divulgação Schott Flat Glass do Brasil

Biesse abre filiais no Brasil e em outros países

O Grupo Biesse está abrindo novas filiais no Brasil, Israel e Japão. No que diz respeito ao nosso país, a multinacional – que já estava aqui com a comercialização de equipamentos para processamento de vidro e pedra – irá agora ampliar essa presença com a entrada no mercado moveleiro. De acordo com a Biesse, a atuação no Brasil também permitirá que oportunidades em outros países da América do Sul sejam avaliadas mais de perto. “A globalização é um dos fatores-chave que sempre impulsionou o desenvolvimento do nosso grupo e hoje, com cerca de 85% do nosso volume de negócios consolidado gerado no exterior, simplesmente não poderia ser de outra forma”, explica Roberto Selci, CEO do grupo.

Este texto foi originalmente publicado na edição 594 (junho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da imagem de abertura: Divulgação Grupo Biesse

Panorama Abravidro 2020

Em um inédito esforço para mapear as ações do setor vidreiro nacional, a Abravidro criou em 2012 o Panorama vidreiro. O documento, editado pela entidade, é publicado anualmente no mês de maio e está em sua terceira edição. O Panorama vidreiro traz dados atualizados do mercado brasileiro, incluindo informações sobre as indústrias de base e de transformação, assim como os números do consumo aparente de vidro no País, capacidade nominal de produção de vidros planos das fábricas, balança comercial internacional, entre outras.

Para se chegar aos dados divulgados no documento, a Abravidro convida empresas a participarem de uma pesquisa. Os resultados são consolidados pela GPM Consultoria Econômica, contratada para apurar as informações do setor e relacioná-las com a Pesquisa Industrial Anual (PIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), números oficiais de importação e exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), além de declarações da indústria de base à revista O Vidroplano.

O que nosso setor pode esperar para 2022?

Apesar da variante Ômicron, parece que enfim dá para enxergar o fim da pandemia – ou algo próximo à vida antes dela – graças à vacinação contra a Covid-19, cada vez mais abrangente no País. E a grande pergunta que paira no ar é: quando o mercado de vidro conseguirá retomar o crescimento?

A resposta depende de vários fatores, e é isso que esta reportagem especial de O Vidroplano mostra. Como já é tradição há vários anos, conversamos com as usinas nacionais e empresas fornecedoras para a indústria de transformação (maquinários, acessórios e insumos) para saber como foi o 2021 de cada uma e suas perspectivas para 2022. Além disso, mostramos o desempenho do ano passado de alguns dos principais segmentos consumidores de vidro.

Gargalos atrapalham indústria
Segundo o estudo Economia brasileira 2021-2022, publicado em dezembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a produção industrial brasileira no ano passado deve fechar com desempenho negativo, causado principalmente pelos gargalos nos processos produtivos em diversos setores. O reflexo disso está na escassez ou no aumento acentuado do preço de insumos essenciais. O alto custo da energia elétrica e dos derivados do petróleo também é um dos fatores relevantes para esse resultado – o barril de petróleo, por exemplo, está 30% mais caro do que antes da pandemia. E tudo leva a crer que tais gargalos também ocorrerão em 2022.

Olhando de forma específica para a indústria de transformação, onde se encaixam as processadoras vidreiras, a entidade espera um crescimento de 5,2% para o ano passado, o que representa uma revisão para baixo da previsão de crescimento de 7,9% divulgada anteriormente. A queda se deveu exatamente pela falta de resolução desses gargalos produtivos. Para 2022, a expectativa é de um ritmo fraco, com crescimento de apenas 0,5%. Vale ressaltar que, enquanto a atividade econômica como um todo teve pico de atividade no primeiro trimestre de 2021, o da indústria de transformação se deu mais pra trás, no final de 2020.

Outros dados importantes
Na edição mais recente do estudo Indicadores Industriais, publicada em outubro pela CNI, revela-se que o faturamento da indústria de transformação está numa tendência de baixa desde o começo do segundo semestre do ano passado: caiu 2% em relação a setembro, terceira queda mensal consecutiva.

faturamento-real
Deflator: IPA/OG-FGV

 

Apesar de menor que nos meses de maio a agosto, a produção industrial se manteve estável de setembro a novembro, chegando a 50,4 pontos na última medição da Sondagem Industrial (edição de novembro).

De olho no futuro, a indústria inicia 2022 com confiança menor do que em anos anteriores. O Índice de Confiança do Empresário Industrial, mais um estudo da CNI, recuou 0,7 ponto em janeiro, chegando a 56 pontos. Acima dos 50 significa confiança positiva – mas na comparação com dezembro, os empresários parecem confiar menos nos negócios a serem feitos.

 

gráfico-evolução

 

Como o vidro pode encarar 2022
O que nosso setor pode extrair desses números? Para Sérgio Goldbaum, economista da GPM Consultoria Econômica, empresa responsável pelo Panorama Abravidro, existem dois fatores a serem levados em conta. “De um lado, as expectativas para a indústria e para a demanda de insumos nos próximos seis meses continuam positivas. Mas, de outro, o forte aumento da Selic, a taxa básica de juros da economia, promovido pelo Banco Central ao longo do segundo semestre de 2021, sugere que o ciclo de obras da construção civil esteja se aproximando do fim.” Como uma Selic alta afeta diretamente também a indústria automotiva, outra importante consumidora de vidro processado, vale acender um sinal de alerta: “Acho que há motivos para o mercado iniciar 2022 com alguma cautela”, justifica Goldbaum.

 

vidros-planos-revista
Imagem: Aleksei/stock.adobe.com

 

Por isso, a retomada de um crescimento no nível do começo da década passada talvez não esteja tão perto – mas é impossível cravar qualquer prognóstico, até pelas incertezas que a pandemia ainda gera. “Não sei se podemos falar em ‘retomada’, pois, retrospectivamente, o desempenho do setor não foi tão negativo nos últimos dois anos, ainda que tenha sido heterogêneo do ponto de vista regional”, analisa o economista. “Além disso, os dados da CNI mostram que ainda há tração na atividade, apesar de o aumento da taxa de juros sugerir um desaquecimento da economia no médio prazo. No curtíssimo prazo, imagino que a variante Ômicron deva afetar a mão de obra em vários segmentos, desfalcando equipes, mas se tudo der certo será um efeito passageiro e transitório.”

gráfico-confiança

O presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, também enxerga com cautela as possibilidades para este ano. “O bom desempenho do setor no final de 2020 não se repetiu da forma que esperávamos em 2021. Esperamos que, com a vacinação bem adiantada, a vida possa voltar ao normal em 2022, retomando assim o ciclo normal de consumo de nosso produto”, afirma.

Números da construção
O constante aumento no valor dos materiais de construção foi a principal marca desse segmento em 2021, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) subiu 13,46% de janeiro a novembro do ano passado – é o maior patamar desde 2003. Apesar de o vidro não estar presente na lista dos insumos mais caros, as esquadrias de alumínio estão, apresentando aumento de mais de 44%. “Essa situação gera um descasamento da renda da população com o preço dos imóveis, o que é preocupante”, comenta o presidente da entidade, José Carlos Martins.

Mesmo assim, o bom momento desse setor no final de 2020 continuou em 2021: os cálculos devem indicar que a construção cresceu 7,6%, melhor desempenho dos últimos dez anos. No entanto, esse resultado positivo esconde que esse ramo está 27,44% inferior ao do pico de atividades alcançado em 2014. “Podemos dizer que 2021 foi o ano do mercado imobiliário como reflexo do que aconteceu em 2020. O crescimento foi sustentado pelo que já estava contratado e não será possível manter o atual nível de desempenho se não forem tomadas medidas urgentes para repor a capacidade de compra das famílias de baixa renda”, enfatiza Martins.

Para 2022, a CBIC projeta crescimento de 2%, inferior ao do ano passado. Isso se deve justamente pela alta das taxas de juros, comentada por Sérgio Goldbaum, e também pela queda do poder de compra da população.

 

máquinas-revista
Imagem: phonlamaiphoto/stock.adobe.com

 

Números do automotivo
Na medição da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o desempenho desse segmento em 2021 teve ligeira melhora na comparação com 2020. Ainda assim, ficou abaixo do potencial de demanda interna e externa por automóveis. “A crise global de semicondutores provocou paralisações de fábricas ao longo do ano por falta de componentes eletrônicos, levando a uma perda estimada em 300 mil veículos”, explica o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.

Em relação à produção, dezembro fechou como o melhor mês do ano, com 210.900 veículos. O total anual foi de 2,24 milhões de unidades, o que representa alta de 11,6% sobre 2020. Isso fez o Brasil retomar a 8ª colocação no ranking mundial de fabricação. Dezembro também teve o maior volume de vendas do ano passado (207.100 unidades licenciadas). Apesar disso, o número coloca esse mês como o pior dezembro dos últimos cinco anos.

Para 2022, o prognóstico é de 2,3 milhões de veículos vendidos (alta de 8,5% sobre 2021) e 2,46 milhões de unidades produzidas. “Apesar das turbulências econômicas e do ano eleitoral, apostamos numa recuperação de todos os indicadores da indústria, os quais poderiam ser ainda melhores se houvesse um ambiente de negócios mais favorável e uma reestruturação tributária sobre os produtos industrializados”, reflete Moraes.

Visão vidreira
A seguir, veja o que disseram as empresas de maquinários, ferramentas e insumos que retornaram o contato de O Vidroplano a respeito do mercado e seus prognósticos para 2022. Na sequência temos a opinião das usinas nacionais sobre esses tópicos.

 

Bottero
Registramos um saldo positivo relativo às vendas entre agosto de 2020 e agosto 2021, o que superou nossas expectativas. O cenário do ano passado em relação ao retrasado foi favorável devido à reposição da força de trabalho e ao avanço da vacinação, combinados com a retomada mais forte da atividade econômica, graças à expansão da construção civil em 2021. Este ano ainda será complexo, com a manutenção do vírus voltando a ameaçar a economia e trazer incertezas. No entanto, devemos sempre aceitar obstáculos como necessários e abraçar o novo, além de não deixar de investir para que se alcancem resultados diferentes.
Mauro Faccio, gerente de Vendas Regional

 

Diamanfer
O ano de 2021 foi um de altos e baixos, com muita dificuldade na administração em relação à elevação de custos. No entanto, seguindo a evolução positiva do setor, foi um período de crescimento e bons resultados. Temos boas perspectivas de negócios para 2022. Acreditamos na continuidade dos negócios, principalmente na área da construção civil, arquitetura e decoração de interiores. Porém, sugerimos atenção e cautela quanto à evolução da pandemia, situação política do País e até área esportiva, pois teremos Copa do Mundo – associada a tudo, ela também pode influenciar a economia.
José Pedro Ruiz, diretor comercial

 

Eastman
O ano passado foi positivo para a Eastman, principalmente se levarmos em conta que os desafios nas mais diversas áreas ainda permanecem ativos e seguem impondo o ritmo da economia global. A questão logística, o grande tema de 2021, seguirá apresentando papel importante à medida que os novos desafios se apresentam. Do lado positivo, destaco a dedicação e resiliência de nossa equipe em fazer as coisas acontecerem dentro de um ambiente de incertezas e desafios nunca antes enfrentados. Estamos otimistas com as oportunidades que se apresentam para 2022.
Daniel Domingos, gerente-comercial para América Latina

 

GlassParts
Tivemos resultados satisfatórios em 2021 e notamos que, apesar da falta de muitos insumos e os constantes aumentos de matérias-primas, o mercado se manteve comprador com um saldo muito positivo. A demanda aumentou como um todo, o que contribuiu para que as empresas fizessem investimentos e aumentassem seu consumo de insumos. Isso acabou gerando um prazo maior para atender as demandas, fora questões como o dólar muito instável e o preço dos fretes internacionais disparando. Vários fatores contribuem para que o ano de 2022 seja de incertezas. Apesar desses fatores, o mercado tem de se descolar desse cenário, pois temos diversos eventos este ano que contribuirão para fomentar o setor.
Ricardo Costa, diretor-comercial

 

AGC
2021 confirmou o fato de que as famílias passaram a valorizar mais o ambiente em que vivem. Apesar das dificuldades, agravadas pela instabilidade política e econômica, o saldo foi muito positivo, principalmente para a construção civil, mas também em menor nível para a movelaria e linha branca. Nossas linhas ficaram com percentual acima dos 100% de utilização no período.

Podemos acrescentar que o saldo do balanço entre oferta e demanda foi de significativa falta no primeiro semestre, para uma pequena sobra na parte final, reflexo da inflação e subida de juros, além da redução da confiança do consumidor e indústria. O setor conseguiu recuperar os estoques mais para o fim, e isso nos dá um certo conforto para entregar melhores serviços aos clientes. Mas, ao mesmo tempo, acende um alerta, pois as incertezas podem levar o mercado a atitudes precipitadas. A rentabilidade de todos poderá ser impactada por ações de poucos. Então, coerência e cautela são necessárias.

O aprendizado da companhia em uma situação tão extrema e inédita contribuiu para passarmos por uma otimização brutal de recursos. Essa foi a forma de superar a inflação dos insumos básicos essenciais ao nosso setor, a qual afetou e continua afetando severamente os custos de produção e logística. Antes da crise, um planejamento do forno float era feito para seis meses, com pequenas alterações de uns dias a mais ou menos daquela cor ou espessura. Agora, descobrimos que é possível melhorar o atendimento, reduzir tempos de troca e desafiar todo o time.

Em 2022, podemos esperar um crescimento moderado ou estagnação de alguns setores, como o moveleiro e de linha branca. Esperamos um crescimento significativo do automotivo, pois esse setor está ávido disso: tem capacidade instalada, pedidos e filas de espera, sendo uma fórmula perfeita para crescer. Em relação à construção, esperamos uma guinada do segmento de reformas e melhorias para a conclusão e avanço dos lançamentos, além dos investimentos em infraestrutura de que o País sempre carece.

E neste Ano do Vidro, precisamos evoluir na comunicação e na normalização para podermos gerar mais valor percebido. O consumidor ainda não compreende todos os benefícios do vidro e todo o potencial que ainda podemos ofertar, e essa tarefa é nossa!
Isidoro Lopes, diretor-geral da Divisão de Vidros Arquitetônicos América do Sul

 

Cebrace
Os segmentos industriais, além de sofrer com a escassez de alguns insumos, como acompanhamos no segmento automotivo, ainda sentiram oscilações negativas em seus mercados, principalmente aqueles ligados ao varejo, moveleiro e de linha branca. Por outro lado, a construção civil alcançou, na maior parte do ano, bons números de vendas e lançamentos, ainda que também impactada no último trimestre. Independentemente das oscilações desses segmentos, conseguimos atender nossos parceiros de forma plena, procurando otimizar as produções para suprir as necessidades do mercado e contando com um ótimo desempenho de nosso parque industrial. Em 2021, o comportamento foi mais linear em boa parte do tempo, permitindo sermos mais assertivos com relação ao planejado.

O impacto negativo está alinhado com os grandes aumentos de insumos para todos os setores. Tivemos também efeitos negativos relacionados a alguns dos principais indicadores que influenciam a economia, como alta taxa de desemprego, principalmente nas classes mais baixas, além de alta da inflação, reduzindo o poder de compra. Tivemos o maior choque de juros dos últimos 20 anos. Esperamos que para 2022 haja melhor equilíbrio desses indicadores, para que assim o mercado se desenvolva.

Para o mercado da construção civil, que representa 80% do mercado do vidro, tivemos ainda a divulgação recente da Fundação Getúlio Vargas de que o PIB para esse ramo recuou para a previsão de 2% de crescimento. Podemos dizer que, nesse segmento, ainda teremos reflexos do boom nas vendas e lançamentos dos últimos dois anos, sabendo que a entrada do vidro acontece no final da obra. Por isso, ainda será necessário entender o quanto de impacto será sofrido com a acomodação do mercado da reforma, coadjuvante do crescimento do vidro recentemente.

Entendemos que, para enfrentar os desafios que estão por vir, devemos continuar investindo em inovação e agregar valor aos nossos produtos e serviços, assim como estar atentos às oportunidades da evolução digital. Também é preciso cautela com a pandemia. No último ano, perdemos amigos no setor e será essencial continuarmos atentos aos protocolos de prevenção.

Com isso, nossa mensagem para o mercado vidreiro é a de que, com desenvolvimento e sustentabilidade, a categoria deverá se fortalecer na economia nacional.
Leopoldo Castiella e Manuel Corrêa, diretores-executivos

 

Guardian
Acredito que foi um ano positivo e de restabelecimento de negócios, após um 2020 tão adverso e afetado pela pandemia. Mantivemos um bom equilíbrio entre suprimento e demanda por vidros até o terceiro trimestre, mesmo com os desafios impostos na cadeia de suprimento, os quais não nos permitiram restabelecer os níveis ideais de estoque ao longo desse período. Já no quarto trimestre, houve retração da demanda, o que possibilitou melhorar a recomposição do estoque.

Sobre o mercado de vidros planos, sem dúvida ele passou por uma transformação muito grande. Foram fundamentais para o progresso do setor os modelos de gestão aplicados na melhoria de processos para atender as necessidades dos clientes. Por outro lado, a situação econômica do Brasil deteriorou-se ao longo do ano passado e reduziu o poder de compra dos consumidores. O preço dos vidros considerados commodities estava pressionado em 2019 por uma oferta maior do que a demanda, o que reduziu o valor do produto. Com o início da pandemia, existe uma preocupação maior em trabalhar com estoques mais equilibrados.

Com certeza, a queda no poder de compra teve papel significativo nos resultados de 2021, especialmente no segundo semestre. Isso, somado a outros fatores, como os desafios políticos e econômicos e a inflação pressionando os custos das principais matérias-primas para a produção de vidro, nos coloca em posição de alerta no início deste ano. Contudo, o potencial de melhora do mercado de vidros planos é muito grande.

Com base no atual cenário macroeconômico e de incertezas políticas, esperamos um ano com menor crescimento em comparação ao anterior, mas ainda positivo para todos os mercados consumidores. A construção civil, por exemplo, deverá sofrer redução no ritmo de atividade, em função da queda do poder de compra e da elevação dos juros. Por outro lado, a demanda deve continuar positiva graças aos lançamentos imobiliários realizados nos últimos anos.

Por isso, o setor precisa continuar se transformando e investindo em novas tecnologias para produtos e soluções de alto valor agregado. Somado a isso, o avanço da profissionalização da cadeia vidreira é fundamental para trazer soluções inovadoras para os consumidores e, consequentemente, valorizar os negócios.
Renato Poty, diretor-executivo

 

Vivix
No primeiro semestre de 2021, nós tivemos uma demanda de mercado bastante expressiva, com excelentes resultados. No segundo semestre, o saldo também foi positivo, porém menor em comparação ao período inicial do ano.

Em 2020, todos nós fomos pegos de surpresa com a rápida necessidade de isolamento social e os novos formatos de comunicação e de trabalho. Hoje, operamos nesse cenário de pandemia de forma planejada e estruturada. Isso nos permitiu voltar a pensar nas estratégias de longo prazo e nas suas adaptações ao mundo atual, que, com continuidade ou não da pandemia, mudará de forma mais acelerada e intensa.

O fator mais importante para o setor não crescer mais foi a forte alta da inflação de insumos e serviços. Isso afetou não apenas o nosso setor, mas todo o segmento industrial no Brasil e no mundo. Para reverter esse cenário, investimos continuamente em produtividade, eficiência e soluções alternativas para esses insumos. Em 2022, esperamos um crescimento do mercado de vidro plano moderado, na ordem de 3% no total da demanda. Os setores da construção civil, moveleiro e de linha branca devem continuar basicamente em linha com o que aconteceu em 2021. E acreditamos também que haverá um crescimento na indústria automotiva.

Em relação às empresas vidreiras, a busca por eficiência e produtividade, o foco em produtos de maior valor agregado e a capacitação dos agentes da cadeia em contato com consumidor final são, sem dúvida, importantes medidas a serem implementadas. Para que o vidro seja reconhecido como um material nobre, alcançando níveis mais altos de crescimento, é preciso expandir o acesso aos seus mais variados tipos de aplicação, além de divulgar mais amplamente o diversificado portfólio de produtos oferecidos ao consumidor.

É de extrema importância nos adaptarmos às tendências que vieram junto com a pandemia, provocadas por novos estilos de vida, novos olhares para dentro das residências e também para os espaços corporativos que estão sendo adaptados aos novos formatos de trabalho. São muitas as oportunidades para o momento. O vidro pode ser um elemento que proporciona integração com ambientes externos e internos, conforto, iluminação natural, versatilidade, amplitude e fácil limpeza.
Henrique Lisboa, presidente

Crédito da imagem: william87/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 589 (janeiro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Eastman expande seu catálogo

A Eastman comunicou em outubro que irá adquirir os negócios e ativos da Matrix Films, comerciante das películas de proteção de pintura PremiumShield. Segundo a empresa, isso expandirá sua capacidade de desenvolvimento de moldes para esses produtos, trazendo um banco de dados padronizado e também maior experiência em treinamento de instalação para seus negócios. O investimento tem como objetivo complementar a base de revendedores automotivos da Eastman na América do Norte, Europa e Oriente Médio de forma a impulsionar o crescimento em películas de proteção de pintura e películas para janelas. Os termos do acordo não foram divulgados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 587 (novembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Grupo Biesse realiza Inside 2021

O Grupo Biesse organizou mais uma edição do Inside 2021, de 11 de outubro a 5 de novembro. O evento, realizado em formato híbrido em Pesaro, Itália, teve visitas presenciais aos showrooms da Biesse e Intermac e também webinars e demonstrações em tempo real de soluções para os participantes online, incluindo sistemas de corte a jato d’água e centros de trabalho verticais. Também em outubro, o grupo assinou contrato para a aquisição de 100% da Forvet, fabricante de máquinas automatizadas para o beneficiamento do vidro. O CEO da Biesse, Roberto Selci, considera que o investimento permitirá o trabalho com soluções industriais complementares, perfeitamente integradas às tecnologias das demais empresas do conglomerado.

Este texto foi originalmente publicado na edição 587 (novembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Panorama Abravidro 2020

Em um inédito esforço para mapear as ações do setor vidreiro nacional, a Abravidro criou em 2012 o Panorama vidreiro. O documento, editado pela entidade, é publicado anualmente no mês de maio e está em sua terceira edição. O Panorama vidreiro traz dados atualizados do mercado brasileiro, incluindo informações sobre as indústrias de base e de transformação, assim como os números do consumo aparente de vidro no País, capacidade nominal de produção de vidros planos das fábricas, balança comercial internacional, entre outras.

Para se chegar aos dados divulgados no documento, a Abravidro convida empresas a participarem de uma pesquisa. Os resultados são consolidados pela GPM Consultoria Econômica, contratada para apurar as informações do setor e relacioná-las com a Pesquisa Industrial Anual (PIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), números oficiais de importação e exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), além de declarações da indústria de base à revista O Vidroplano.

Grupo Satinal coloca novo site no ar

O novo site do Grupo Satinal (www.satinal.it) já está no ar. O espaço foi elaborado para ser uma plataforma completa para a indústria de vidros de segurança, apresentando as três áreas de atuação do grupo nesse segmento: as máquinas fabricadas pela TK para laminação e têmpera química; a linha de filmes de EVA da Strato; e os produtos químicos da Satinal. A página inclui seções para e-commerce, atendimento ao consumidor e apresentação de novidades, como os equipamentos voltados para os conceitos da Indústria 4.0 e as películas próprias para a produção de painéis fotovoltaicos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Diamut ativa canal em plataforma de vendas

A Diamut, divisão de ferramentas do Grupo Biesse, ativou, no dia 18 de dezembro, um canal digital de vendas online na plataforma Amastone, tradicional portal do mercado de pedra. Agora, toda a gama de ferramentas e acessórios fabricados pela empresa para processamento de vidro pode ser comprada por lá. Até o fechamento desta edição de O Vidroplano, a Diamut era encontrada apenas na versão da Amastone para a Itália, mas em breve também estará na versão para o mercado mundial.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Multifilmes traz filme antimicrobiano para o Brasil

A Multifilmes, empresa especializada em películas para vidros automotivos e outras superfícies, trouxe para o Brasil a tecnologia AIS Films (Automotive Immune System – Sistema Imune Automotivo), que fornece proteção contra a contaminação por bactérias e vírus (incluindo a Covid-19): os filmes são feitos com agentes antimicrobianos em sua superfície, usando partículas metálicas carregadas positivamente para atrair vírus e bactérias. Ao entrar em contato com eles, as partículas geram oxigênio ativo, que destrói as camadas protetoras desses organismos, tornando-os vulneráveis e inativos – segundo a empresa, isso neutraliza 99,99% do risco de contaminação, tornando a superfície do filme segura ao toque. O produto foi testado e regulamentado pela SGS (Société Générale de Surveillance – Sociedade Geral de Fiscalização) nos Estados Unidos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Bavelloni abrirá nova filial no Brasil

A Bavelloni, fabricante e fornecedora de equipamentos para o processamento de vidros planos, anunciou a abertura de uma nova filial no País. A unidade será responsável por consolidar e expandir a atividade de vendas de novas máquinas e ferramentas no mercado brasileiro, além de prestar suporte e fazer o atendimento in loco. Teodoro Baldassarre, profissional com vasta experiência no setor vidreiro e ex-gerente regional na América do Sul da Glaston, ocupará o cargo de diretor da filial brasileira – antes, a Bavelloni tinha a Glaston como sua distribuidora no Brasil, mas a multinacional finlandesa anunciou, no início deste ano, o encerramento de sua unidade brasileira.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Empresas vidreiras contam suas expectativas para 2021

De quedas históricas na produção e faturamento ao aquecimento das atividades no segundo semestre, passando ainda pela apreensão de alguma dificuldade na oferta de vidros planos e outros insumos usados pela cadeia. 2020 foi um teste duro para a economia global e para o nosso mercado não foi diferente. O próximo passo é planejar 2021 com base nas lições aprendidas. Para saber qual a expectativa das empresas vidreiras para este ano, O Vidroplano conversou com diversos segmentos do setor, incluindo usinas, fabricantes de maquinários e de acessórios. Veja também alguns dos principais indicadores da indústria e construção civil e o que eles podem revelar para o futuro próximo.

 

Confiança em alta…
Medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial vem em alta há alguns meses, mostrando que esse setor superou as principais dificuldades encontradas no início da pandemia: houve forte queda em abril, chegando a 34,5 pontos, o menor patamar da série histórica. De junho a setembro, no entanto, apresentou significativa recuperação, ficando estável em outubro. Já em dezembro, marcou 63,1 pontos, crescimento de 0,2 ponto em relação a novembro – valores acima de 50 indicam confiança do empresariado.

 

…produção também
Segundo a CNI, a indústria, de forma geral, já ultrapassou os níveis de produção pré-pandemia e deve retomar a trajetória anterior de crescimento, com aumentos graduais da produção, investimento e emprego. Outro indicador medido pela entidade, a Utilização da Capacidade Instalada permaneceu elevada, chegando a 73% em novembro, reforçando esse aquecimento.

Na comparação com outubro, o número representa baixa de 1%, mas essa foi a primeira queda após seis meses seguidos de alta – e, apesar disso, é superior a todos os novembros desde 2014. Vale levar em conta ainda que esse mês costuma ter atividade industrial reduzida. Por isso mesmo, o número alcançado pode ser comemorado.

gráfico-capacidade-instalada

 

Construção civil
Mais uma vez de acordo com a CNI, a Utilização da Capacidade Operacional desse setor cresceu em novembro: de 61% para 63%, comparando-se com os dados de outubro. O valor é o maior desde dezembro de 2014 e indica que as construtoras estão trabalhando acima do normal para concluir obras paradas desde o início da pandemia – e esse é um bom sinal também para o mercado vidreiro, já que o nosso material entra apenas na fase final das construções.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial da Indústria da Construção também segue em alta, tendo saltado 1,2 ponto em dezembro, alcançado o total de 60,1 pontos (novamente, um número acima de 50 significa que as empresas estão confiantes para fazer negócios).

O economista Fernando Garcia, fundador da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, foi entrevistado para a edição especial do VidroCast, o podcast da Abravidro. Em sua análise, a construção civil foi um dos poucos segmentos, ao lado da agropecuária e da extração mineral, a ter reação positiva, principalmente por ser incluída entre as atividades essenciais que não precisaram parar durante o período de quarentena. “O setor já vinha numa recuperação importante da crise de 2015 e estava sendo beneficiado pela redução das taxas de juro, o que favoreceu o investimento imobiliário”, comenta.

E o que ocorrerá em 2021? “Acredito que será marcado por um crescimento muito focado na área residencial”, analisa Garcia. Sua justificativa: “Como as pessoas não estão viajando e não estão comprando automóveis, isso as faz terem mais recursos para investir em imóveis”. Por outro lado, edificações comerciais tendem a ficar paradas, “principalmente pelo fato de o comércio varejista ter sofrido perdas gigantescas de faturamento”. Para o economista, os shopping centers se esvaziaram levando à falência de lojas e, por isso, esse setor vai demorar uns dois ou três anos para voltar ao patamar bom de 2019. A construção de prédios de escritórios também deverá diminuir, já que a tendência é as empresas investirem em um modelo híbrido, com espaços menores e envolvendo o home office.

especial2

 

Setor automotivo
O ano passado reservou pouca coisa boa para o mercado de veículos. O destaque está em dezembro, pico de vendas dos últimos 12 meses, atingindo volume maior que o previsto pelas montadoras, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em relação a novembro, até então o melhor mês do ano, teve alta de 8,4%.

No entanto, 2020 representou a maior queda do setor nos últimos cinco anos. Foram 2,06 milhões de unidades vendidas de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, uma baixa de 26,2% ao se levar em conta os números de 2019. A produção também caiu bastante: 31,6% na comparação anual.

setor-automotivo

 

No início de janeiro, a Anfavea apresentou as expectativas para 2021: aumento de 25% na produção e de 15% no licenciamento de veículos. Apesar de números bons, não serão suficientes para se igualar aos patamares de antes de pandemia – estes devem ser atingidos somente em 2023. E o cenário fica mais incerto com o fechamento de fábricas brasileiras de empresas multinacionais, como a Ford e a Mercedes-Benz. “Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano”, explica o presidente da associação, Luiz Carlos Moraes. “Está chegando a segunda onda da Covid-19 e sabemos que a imunização pela vacina será um processo demorado. Somem-se a isso a pressão de custos, a necessidade de reformas e as surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista. Temos diante de nós um quadro que ainda inspira cautela nas previsões.”

 

Setor moveleiro
A produção de móveis em outubro (último dado disponível até o fechamento desta edição) foi 6,1% superior à de setembro. No total, foram fabricados 45,8 milhões de peças naquele mês. A indústria de transformação desse setor também pôde comemorar: aumento de 2,6% na produção em outubro.

Outro número positivo é o consumo aparente de móveis prontos: cresceu 5,8% sobre o de setembro. Claro, nem tudo é notícia boa: os acumulados do ano seguem negativos (6,5% na produção e 9,9% no consumo aparente), causados principalmente no período de início da pandemia. No entanto, o segmento demonstrou clara recuperação na reta final de 2020.

 

E o vidro?
A seguir, veja a opinião das usinas vidreiras que atuam no País. Na sequência, tem-se a análise de fabricantes de maquinários, acessórios e insumos.

 

agcO maior impacto foi no setor automotivo, com queda de 30% no volume. Construção e indústria (ramo moveleiro e de linha branca) tiveram retomadas acima do esperado, fechando o ano em volume dentro do planejado. O saldo é negativo e, por isso, lamentamos todas as dificuldades e perdas provocadas pelo cenário pandêmico. De positivo, tivemos a velocidade de reação e adaptação e o comprometimento de nossos colaboradores.
A expectativa é um 2021 aquecido no primeiro semestre, com tendência ao equilíbrio entre demanda e oferta no segundo. Para isso, serão necessários uma taxa Selic baixa, investimentos em imóveis maiores, reformas com o uso da poupança que a classe média acumulou e a manutenção da taxa de câmbio, dificultando importações.
A oferta de vidros planos aumentou significativamente no segundo semestre, devido a todos os fornos estarem em plena produção. Infelizmente, não acompanhou a alta demanda impulsionada por dois fatores: a recuperação dos volumes represados por conta da quarentena e a recomposição dos estoques de toda a cadeia, reduzidos para preservação de caixa. Esperamos melhor equilíbrio no segundo semestre, após a recuperação desses estoques, e uma demanda mais regular.
O nosso crescimento virá junto com a manutenção do crescimento da construção e da retomada da indústria automotiva. O setor vidreiro pode contribuir para o desenvolvimento do País, seja por meio do apoio ao novo marco regulatório do gás natural, melhorando a competitividade, ou com o combate à sonegação e investimentos em tecnologia, inovação e eficiência.”
Isidoro Lopes, diretor-geral da divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para América do Sul da AGC

cebrace

 

“O primeiro semestre foi sem precedentes na história, enquanto o segundo apontou uma retomada alinhada com o crescimento do segmento residencial. Fomos obrigados a mudar o jeito de trabalhar e de produzir, e o resultado foi a aceleração da transformação digital na Cebrace e no nosso segmento. Foi preciso resiliência e união para encontrar caminhos e soluções junto a associações, clientes e parceiros.
Com as mudanças que geraram realocação da demanda e o benefício do auxílio emergencial, os setores com maior desempenho foram realmente os ligados à construção residencial, principalmente os de reforma e decoração. Nossa expectativa é de que o mercado este ano coloque o setor em um patamar similar ao de 2019 e que haja a regularização natural do fornecimento de vidro ao longo deste ano. Foi uma situação atípica, devido ao baixo nível de estoque em consequência dos impactos da Covid-19.
Com as perspectivas de alta do PIB da construção civil, esperamos um crescimento de 5% para 2021. Mas um ano de sucesso depende de fatores que precisam ser acompanhados, como a ocupação da força de trabalho e o equilíbrio do déficit das contas públicas. Para que tenhamos níveis de crescimento semelhantes aos da década passada, os fatores macroeconômicos fazem a diferença. Alinhado a isso, é de suma importância o trabalho das normalizações e também a existência de uma reforma tributária focada na construção civil.
Confirmamos ainda a manutenção do C2 para o segundo semestre deste ano. Trata-se de uma reforma a frio, com previsão de parada de três meses. Temos acompanhado as tendências do mercado para tomar decisões de forma a antecipar as necessidades dos clientes e não impactar a produção e o fornecimento ao mercado interno. Quanto à construção do forno C6 e à continuidade da nova planta da Vasa, na Argentina, o avanço dos projetos depende do crescimento do mercado e do controle da pandemia.”
Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, diretores-executivos da Cebrace

 

guardian“2020 foi um ano de aprendizado. Toda a nossa equipe se reinventou para continuar atendendo os clientes, mesmo que a distância, sendo que a tecnologia e os canais digitais foram muito importantes nesse processo. E justamente esse isolamento domiciliar, somado à rápida retomada das atividades no segundo semestre, trouxe um desequilíbrio no fornecimento de insumos. Nossa expectativa é de que o reabastecimento seja normalizado ao longo de 2021.
Um dos setores com bom desempenho foi o de vidros para decoração de interiores. Com o home office, muitas pessoas passam mais tempo em suas residências e querem deixar a casa mais aconchegante. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que a construção civil deverá ter, este ano, o maior crescimento em oito anos. O PIB desse segmento deve avançar 4%, depois de recuar 2,8% em 2020. Caso a estimativa se confirme, será a maior expansão desde 2013, o que impactará positivamente o setor vidreiro.
Um dos grandes desafios à frente é o trabalho para aumentar o consumo per capita de vidro no Brasil – gira em torno de 8 kg por ano. Esse volume é pequeno quando comparado com Europa (18 kg) e Estados Unidos (15 kg). Entendemos que isso passará pelo maior uso dos vidros de valor agregado, como os de controle solar, que correspondem a uma pequena fração do consumo total do material por aqui, mas tem grande potencial de expansão.
Em relação a novidades para 2021, anunciamos o DecoCristal Off White, novo vidro pintado na cor off white. Em fevereiro, lançaremos um novo vidro de controle solar, com desempenho e estética diferenciados.”
Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian

 

saint-gobain“A pandemia nos levou a cenários nunca vivenciados e fomos obrigados a nos reinventar algumas vezes ao longo do ano, tanto no lado pessoal como no profissional. Acho que o saldo, do ponto de vista dos negócios, é positivo: nos momentos críticos, realizamos as ações necessárias para proteger nossas equipes e preservar a operação.
Na retomada vivenciada, ainda que sob o efeito da pandemia, maximizamos a produção para abastecer da melhor forma possível o mercado interno. O destaque do ano, sobretudo por conta do home office e do auxílio governamental, está nos segmentos ligados ao residencial, notadamente o de esquadrias, moveleiro e de decoração.
A expectativa para 2021 é boa, pois acreditamos na manutenção do ritmo do segundo semestre. Porém, olhamos com cautela os impactos do atual crescimento dos números da Covid-19 no solo nacional. A estabilidade do cenário macroeconômico, a redução na taxa de desemprego e, obviamente, o controle da pandemia são os fatores que irão determinar o ritmo de nosso segmento neste ano.
Dentre os grandes desafios a serem enfrentados para o crescimento contínuo, podemos indicar o aumento do consumo per capita de vidro, aliado à maior participação de produtos de valor agregado e à maior presença em aplicações nas quais o vidro ainda não é considerado, sendo substituído por outros materiais.
Por isso, o objetivo deve ser aumentar a utilização do nosso produto pelo consumidor final. Todo o setor vidreiro precisa trabalhar nesse sentido, propondo novas aplicações para os clientes e não somente competindo com o que já conhecemos.”
Pedro Matta, gerente-comercial e de Marketing da Saint-Gobain Glass

 

vivix“A sociedade foi estimulada a se reinventar e adaptar o ambiente de trabalho. Esses pontos alteraram os hábitos do consumidor final, inclusive na cadeia do vidro plano, o que trouxe uma mudança positiva. Terminamos o ano com resultados melhores do que imaginávamos para uma época de pandemia.
Com essa alteração no estilo de vida, houve uma intensa busca por melhoria dos ambientes residenciais — e isso deverá permanecer pós-pandemia. Em algumas cidades do País, também registrou-se aumento de demanda para vidros para fachadas. Além disso, a baixa taxa de juros foi um dos fatores que ajudaram a movimentar o setor imobiliário no segundo semestre.
Estamos otimistas em relação a 2021. Esperamos um início de ano ainda de forte demanda, seguido de uma acomodação natural do mercado no decorrer dos meses, porém com bom desempenho anual. Em relação ao fornecimento, acreditamos que ficará mais estável ao longo do ano, visto que, no ano passado, todas as empresas do segmento passaram por períodos longos de paradas de produção.
O grande desafio continua sendo a valorização de nosso produto e suas aplicações. Um material nobre como o vidro não deve ser tratado como commodity. De forma geral, o mercado vidreiro precisa evoluir na qualificação da cadeia como um todo, especialmente daqueles que têm o contato direto com o consumidor final.
A Vivix está finalizando os projetos e orçamentos para a construção de sua segunda planta, decisão tomada no ano passado. Em muito breve, teremos orgulho em anunciar a todo o mercado os detalhes sobre local e a data de início da obra.”
Henrique Lisboa, presidente da Vivix

 

abrasipa“Sem contar o início da pandemia, o ano foi excelente. O segundo semestre mostrou-se muito aquecido, e não só na construção civil, mas no consumo de ferramentas abrasivas em geral. Notamos urgência nas solicitações e estávamos a postos para atender de forma rápida. A expectativa para 2021 é de grande crescimento: o avanço das obras aliado à baixa taxa de juros compõe o principal cenário desse entusiasmo.”
Gabriel Leicand, diretor da Abrasipa

 

 

gusmão“Em meio àquele cenário de ‘final dos tempos’, a partir do fim de abril o mercado reagiu e começamos a trabalhar. Estávamos com o estoque abastecido para as vendas pós-carnaval e tivemos uma boa retomada. Acredito no crescimento e na continuidade da construção civil, mas temos de estar muito atentos aos movimentos que podem acontecer, apesar da positividade.”
Yveraldo Gusmão, diretor-presidente da Gusmão-GR

 

 

diamanfer“2020 foi um ano de evolução. Apesar de todos os obstáculos (pandemia, desaceleração, câmbio, falta de matéria-prima etc.), tivemos resultados satisfatórios. Normalmente já temos um aquecimento no segundo semestre, mas fomos surpreendidos a ponto de termos de contratar mão de obra e iniciar outros turnos de trabalho. Estamos com projetos de melhoria produtiva, os quais devemos concluir no primeiro semestre.”
José Pedro Ruiz, diretor-comercial da Diamanfer

 

 

kuraray“Depois do primeiro semestre desafiador, a Kuraray obteve notável recuperação, empurrada pelo crescimento do mercado de construção civil. Um dos marcos nesse período foi o envidraçamento estrutural da plataforma de vidro Skywalk, em Canela (RS). A expectativa para 2021 é aumentar nossa presença com esse tipo de instalação. Esperamos que as vacinas contra a Covid-19 contribuam para retornar à normalidade até o final deste ano.”
Otávio Akinaga, coordenador de Vendas Técnicas da Kuraray

 

 

eastman“Em 2020, a Eastman completou 100 anos de existência. A construção civil apresentou uma retomada muito forte, mas, mesmo assim, conseguimos operar nossas plantas em âmbito global, minimizando os impactos para nossos clientes. Ainda há incerteza global sobre o avanço das economias, porém, estimamos que o Brasil, pelo menos nos próximos meses, tende a manter o forte ritmo apresentado ultimamente.”
Daniel Domingos, gerente-comercial para a América Latina da Eastman

 

 

lisec“Agimos com rapidez no início da pandemia e minimizamos os impactos. Aprendemos a trabalhar de forma diferente e terminamos o ano acima da expectativa prevista no primeiro semestre. Os negócios foram bons em máquinas novas e revisadas, e também sentimos grande demanda em peças de reposição e projetos de atualização de sistemas operacionais. As perspectivas para 2021 são boas e a concretização delas dependerá da velocidade imprimida pelo governo ao plano nacional de imunização.”
Luiz Garcia, diretor da Lisec

 

 

sglass“Apesar do susto de seu primeiro impacto, com o início das paralisações por conta da pandemia, o ano de 2020 foi muito bom comparado ao anterior. Realmente, o segundo semestre nos surpreendeu e nossas vendas foram alavancadas de forma extraordinária. As expectativas para este ano são muito positivas: esperamos que haja aumento em torno de 10% a 15% em relação aos negócios do ano passado.”
Marcelo Peri Lamezon, gerente-comercial da Sglass

Este texto foi originalmente publicado na edição 577 (janeiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Empresas organizam feiras virtuais

De 5 a 30 de outubro, o Grupo Biesse organizou o Inside In Action. O evento virtual reuniu pela primeira vez as divisões da Biesse, Intermac e Diamut para listar seus avanços mais recentes em tecnologia, software e treinamentos, mostrando os frutos dos investimentos do grupo sediado na Itália em inovação, pesquisa e desenvolvimento. Um dos destaques, o espaço Inside Next, consistiu na apresentação de inovações tecnológicas em produtos e processos para o trabalho com diferentes tipos de material – incluindo, é claro, o vidro –, enquanto o Inside Play trouxe uma série de webinars transmitidos ao vivo, nos quais os espectadores puderam interagir virtualmente com os palestrantes.

Quem também desenvolveu seu próprio evento digital foi a Lisec: de 27 a 30 de outubro, a empresa realizou a feira interativa Lisec Campus. Pela plataforma, mais de mil visitantes de todas as partes do mundo puderam conferir máquinas, softwares e serviços na área de processamento de vidro plano, incluindo equipamentos para corte de vidro monolítico e laminado, linhas para insulado, fornos de têmpera com carregamento automático por robôs e linhas de laminação, além de soluções e serviços de automação. A feira contou também com salas de exposição equipadas com hologramas e modelos 3D, onde os participantes puderam assistir a apresentações ao vivo, demonstrações e entrevistas, entre outras atividades. Para clientes de outros países, como os brasileiros, houve a possibilidade de contato direto com seu representante para se comunicar em seu próprio idioma.

Este texto foi originalmente publicado na edição 575 (novembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Panorama Vidreiro 2019

A Abravidro criou, em 2012, o Panorama Abravidro. O documento é publicado anualmente e traz dados atualizados do mercado brasileiro, incluindo informações sobre as indústrias de base e de transformação, assim como os números da produção de vidro no País, faturamento, balança comercial internacional, entre outras. Para se chegar aos dados divulgados no documento, a Abravidro convida empresas a participarem de uma pesquisa. Os resultados são consolidados pela GPM Consultoria Econômica, contratada para apurar as informações do setor e relacioná-las com a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, números oficiais de importação e exportação do governo, além de declarações da indústria de base à revista O Vidroplano.

Abravidro promove lives pelo Instagram com usinas de base

Em tempos de pandemia, as lives se tornaram ferramentas eficazes para artistas, músicos e empresas falarem com o público. Aproveitando a onda, a Abravidro também iniciou as transmissões ao vivo. Seu objetivo: levar informação ao setor. Em 5 de maio, estreou em seu perfil no Instagram a série Abravidro Entrevista, reunindo conversas com players do mercado para refletir sobre os impactos causados pelo novo coronavírus. A primeira convidada foi a Cebrace e, na semana seguinte, dia 12, foi a vez da AGC – vale citar também que, durante o fechamento desta edição da revista, houve uma live especial para comemorar o Dia do Vidraceiro (18), cujo conteúdo será comentado em O Vidroplano de junho.

 

Consequências da crise
O 1º episódio da iniciativa, com a Cebrace, teve o presidente da entidade, José Domingos Seixas, e a superintendente, Iara Bentes, entrevistando os diretores-executivos Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, e o gerente-comercial, Flávio Vanderlei. Além das perguntas feitas por Iara, mediadora do bate-papo, os profissionais também responderam a questões dos espectadores.

A Cebrace foi a única fabricante nacional de vidro a paralisar sua expedição, de 30 de março a 13 de abril, aproveitando o momento para antecipar manutenções nos fornos e rebalancear estoques. “Fevereiro foi um mês forte; por isso, nossos clientes estavam bem abastecidos”, explicou Valu.

“Abril já foi um mês para ser esquecido, um ponto de inflexão histórico em nossa empresa”, complementou Castiella. Por isso mesmo, a usina está trabalhando sob as regras da MP 936/2020, publicada pelo governo federal em 1º de abril: houve redução de jornada e de salários de funcionários com o intuito de preservar a sustentabilidade financeira da empresa.

A retomada das operações seguiu protocolos de saúde, com o uso de máscaras e álcool-gel por parte dos colaboradores. As atividades no sistema de home office ainda seguem para certas funções e devem continuar com algum tipo de rodízio no futuro.

 

Faturamento e investimentos
Segundo Flávio Vanderlei, março mostrou grande queda nas vendas e abril serviu apenas para atender urgências de clientes, mesmo com o retorno completo da expedição. Em números absolutos, os dois meses representam cerca de 300 caminhões carregados deixando de sair da fábrica. “Em maio e junho, teremos metade da movimentação para o período. No ano, a expectativa de queda do faturamento é de 20% a 25%”, analisou.

Os impactos da crise foram agravados, segundo a usina, por três fatores: o valor do gás natural, que segue caro; a alta do dólar, que dificulta a compra de matéria-prima, como a barrilha, e componentes de maquinários; e o aumento da competitividade predatória.

abravidro-live-cebrace

 

Em relação a investimentos — a reforma do forno C2, em Caçapava (SP), e a construção do C6, na mesma cidade —, não há mais tempo para ocorrerem. “O prazo para a sequência do novo forno depende da recuperação do mercado em 2021 e 2022”, comentou Castiella.

 

Pesquisa com o setor
Na live com a AGC, participaram Isidoro Lopes, diretor-geral de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América Latina; Fabio Oliveira, presidente e diretor-geral de Finanças e Negócios na América do Sul; e Franco Faldini, diretor de Vendas e Marketing na América do Sul.

Um dos destaques da conversa foi uma pesquisa que a usina fez com clientes a respeito da pandemia. Entre os dados revelados por Faldini, vale citar que mais de 70% relataram estar trabalhando com 30% ou mais de ociosidade. Além disso, 27% afirmaram que terão redução de mais de 25% em seus quadros de funcionários (os setores de linha branca e de vidro blindado para automóveis são os que mais vão sofrer com corte de empregos). Em relação à retomada da economia, 70% acreditam que a retomada pode se dar em menos de seis meses; 20%, que será de seis meses a um ano; 10% já são mais pessimistas: creem que vai demorar mais de um ano.

agc-live-insta

 

Quanto a se preparar para o retorno dos negócios, não existe receita pronta, comenta Lopes: “Temos um plano de retomada, baseado nas plantas do grupo em outros países que estão numa fase mais avançada da pandemia. Mas o combate ao vírus leva tempo. Não vamos deixar de usar máscara e cumprir protocolos de saúde em curto prazo”. A usina aposta na necessidade de reduzir custos e melhorar a produtividade para atender demandas com rapidez.

 

Como a empresa está atuando
Segundo Oliveira, foram adotados protocolos rigorosos na AGC. “Isolamos as pessoas dos grupos de risco, tiramos da fábrica os jovens aprendizes e estagiários e colocamos o maior número de pessoas possível em trabalho remoto”, explicou. “Vejo com bons olhos a possibilidade de seguir com o home office em certas tarefas, já que isso também trouxe produtividade.”

Como a expedição de vidros não parou na companhia, foram colocados aparatos de higiene e adotados procedimentos de distanciamento social nas instalações de sua fábrica em Guaratinguetá (SP), onde se localizam seus dois fornos. A empresa afirmou também que está trabalhando sob as regras da MP 936/2020. Com isso, alguns funcionários puderam entrar em férias coletivas e houve ainda redução de jornada e suspensão de contratos.

Isidoro Lopes explicou a estratégia para manter os fornos operando com pouca demanda. “Temos um forno com um ano de vida, e precisamos tomar todo o cuidado para garantir sua longevidade, principalmente por conta de sua tecnologia avançada.” No momento, uma das plantas opera em capacidade máxima; a outra produz quando necessário. “Enquanto os clientes estiverem em operação, vamos servi-los. Afinal, segundo o governo, não podemos parar de produzir, pois essa é uma atividade essencial.”

 

Defesa do setor
Nas duas transmissões ao vivo, o presidente da Abravidro comentou assuntos importantes, como as ações da entidade para a defesa do mercado durante esta crise. “Adotar o home office tão logo a situação se agravou não impediu a Abravidro de atender todas as solicitações que tivemos”, revelou José Domingos Seixas. O dirigente falou também sobre os pleitos que a associação leva aos governos de diversas esferas: “Esse é um trabalho silencioso, do qual muitas vezes as pessoas nem ficam sabendo”. Para finalizar, deixou um recado ao mercado: “Com a diretoria e os associados, temos o ideal para continuar no caminho certo e sair deste momento da melhor forma possível”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 569 (maio de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Indústria é atividade essencial durante pandemia

No dia 7 de maio, foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto Nº 10.342, no qual o governo federal determinou que todas as atividades industriais e de construção civil passam a ser considerados essenciais — aquelas que podem continuar funcionando em meio à pandemia do novo coronavírus, desde que obedecidas as determinações do Ministério da Saúde. Antes, conforme o Decreto nº 10.329, do dia 29 de abril, já eram considerado essencial pelo governo o trabalho das usinas de base de vidros planos e também o das lojas de materiais de construção. A essencialidade da construção civil e de sua cadeia foi defendida por diversas entidades setoriais junto às esferas governamentais, incluindo a Abravidro, por meio da Coalização pela Construção, liderada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), da qual a entidade faz parte.

Este texto foi originalmente publicado na edição 569 (maio de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Tec-Vidro lança sistema OrbiTec

A Tec-Vidro reuniu clientes de várias partes do Brasil para um evento no dia 3 de outubro, no qual apresentou, em primeira mão, o OrbiTec, seu novo sistema orbital multidirecional de movimentação para folhas de vidro. A inovação, que já começou a ser integrada ao Kit Envidraçamento Sacada da empresa, tem como diferencial seu sistema de rolamento: em vez de apenas uma roldana no interior do perfil, conta com um corpo de náilon com roldanas de poliacetal nas quatro laterais (detalhe). Com isso, o peso do vidro é dividido entre as duas roldanas das laterais do perfil, proporcionando maior suavidade na movimentação. Além disso, permite a movimentação das folhas em diferentes ângulos, não somente em linha reta.

Este texto foi originalmente publicado na edição 562 (outubro de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Blindex inaugura sua primeira loja conceito

A Blindex inaugurou, no dia 1º de agosto, o projeto Casa Blindex. Trata-se de uma loja conceito, localizada na cidade de São José dos Campos (SP), na qual o cliente encontra diversas possibilidades de utilização do vidro nos variados ambientes de uma casa real. Temperados incolores, extra clear e serigrafados 8 e 10 mm aparecem instalados em portas deslizantes e automáticas, divisórias de ambientes, envidraçamento de sacada e boxes de banheiro. Há ainda vidros pintados, refletivos e espelhos (bronze, cinza e extra clear) aplicados em diferentes espaços, totalizando quase 3 mil m² de nossos materiais. Segundo a empresa, o objetivo é expandir essa iniciativa para todas as regiões do Brasil.

Este texto foi originalmente publicado na edição 561 (setembro de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Linha de financiamento do BNDES contempla Indústria 4.0

Desde o dia 17 de junho, a linha de financiamento “BNDES Finame – BK Aquisição e Comercialização”, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), passou a contemplar também soluções para a Indústria 4.0, incluindo máquinas e equipamentos que contenham as tecnologias associadas às categorias “Soluções de Manufatura Avançada” e “Serviços para Internet das Coisas (IoT)”. A participação da linha na aquisição desses produtos pode ser de até 100%, e a taxa cobrada é de 1,05% ao ano. Mais informações podem ser conferidas no site do banco.

Este texto foi originalmente publicado na edição 559 (julho de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.