Desaceleração industrial no mundo…
A edição da Carta Iedi publicada no final de abril pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) alerta que, segundo os dados recentemente divulgados pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a desaceleração da indústria de transformação no final do ano passado foi vista em quase todo o mundo. Na comparação com o período anterior, já descontados os efeitos sazonais, o resultado foi de -0,3% no quarto trimestre de 2022, anulando metade do crescimento visto no terceiro trimestre.
…e no Brasil
Segundo a publicação, nosso país pisou ainda mais forte o freio, registrando, no quarto trimestre do ano passado, um patamar de declínio industrial de 0,8% na comparação com o trimestre anterior – uma queda quase três vezes mais intensa do que a do total mundial. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, a indústria de transformação nacional cresceu apenas 0,8%, enquanto a global subiu 1,5%.
Causas e desafios
Além da guerra na Ucrânia, contribuíram para esse cenário a alta da inflação e a piora das condições de crédito, devido à alta das taxas de juros em muitos países. A indústria global ainda enfrenta desafios diversos, como preços crescentes de energia, elevação das taxas de juros globais e perturbações persistentes na cadeia de suprimentos de matérias-primas e bens intermediários, enfraquecendo a confiança e elevando a incerteza.
No sentido contrário
A indústria mundial de tecnologia foi exceção, pois, de acordo com os dados divulgados pela Unido, ela continuou evoluindo positivamente e acima do agregado do setor. Em comparação com o quarto trimestre de 2021, essa parcela da indústria de transformação (considerando o segmento de média-alta e alta intensidade tecnológica) cresceu 3,6%, ou seja, mais do que o dobro do total global (1,5%). A recuperação do setor automotivo e a expansão consistente de equipamentos elétricos contribuíram para esse desempenho.
FIQUE POR DENTRO
Vidro biodegradável
Em um estudo publicado em março na revista Science Advances, uma equipe de cientistas do Instituto de Engenharia de Processos da Academia Chinesa de Ciências descreve como eles projetaram o que chamam de vidro biodegradável, feito de aminoácidos ou peptídeos. A ideia é que esse material tenha um impacto menor no meio ambiente do que o vidro convencional – que, embora possa ser reciclado sem perdas no processo, não se decompõe no meio ambiente e pode permanecer em aterros sanitários por milhares de anos. Os pesquisadores testaram a exposição de pequenas contas desse vidro biodegradável a enzimas: aquelas feitas de aminoácidos se decompuseram depois de apenas dois dias, já as de peptídeos foram decompostas em cerca de cinco meses. Yan Xuehai, professor envolvido no estudo, disse em comunicado à imprensa que “o vidro biomolecular está atualmente em estágio de laboratório e longe da comercialização em larga escala”.
Crédito: Alexander Volokha/stock.adobe.com
RETROVISOR
Crescimento nacional
Em 1986, a Cebrace anunciou sua decisão de construir a 2ª fábrica de float no Brasil, de modo a acompanhar a expectativa da crescente demanda pelo nosso material no País. A notícia foi publicada nas páginas da edição de maio daquele ano de O Vidroplano, apontando que a iniciativa da empresa contribuía para a constituição de um parque industrial nacional moderno e competitivo – a segunda unidade foi inaugurada em 1989 em Caçapava (SP). Hoje, a Cebrace conta com cinco plantas.
Em abril, a Cebrace anunciou o conjunto de metas para a descarbonização das suas operações. A empresa tem como alvo atingir até o ano de 2030 a redução nas emissões de CO2 em 33% (referentes às emissões diretas e de energia); do consumo de água no processo de produção, em 50%; e do resíduo de produção não recuperado, em 80%. Além disso, serão realizados investimentos em mudanças nos tipos de embalagem e em esforços contínuos para mais transparência sobre a análise do ciclo de vida dos produtos da usina.
No final do ano passado, o Grupo Saint-Gobain comunicou a decisão de encerrar as atividades de sua planta de São Vicente (SP), responsável pela fabricação de vidros texturizados no Brasil. Essa produção foi encerrada no início de abril e, segundo a usina, deverá ser retomada até o final de agosto na unidade da Cebrace em Barra Velha (SC).
O Vidroplano conversou com Lucas Malfetano e Manuel Corrêa, diretores-executivos da Cebrace, para entender como essa mudança afetará a oferta desses produtos no mercado nacional.
Abastecimento do mercado
“Houve um preparo criterioso e detalhado para que a Cebrace tenha um estoque adequado e sem impacto no fornecimento aos clientes de todo o Brasil”, afirmam Corrêa e Malfetano. Os diretores-executivos ressaltam que a empresa ainda conta com o apoio da fabricação de vidros texturizados da Vasa, na Argentina, que poderá ser acionada a qualquer momento, de acordo com as necessidades do mercado interno brasileiro até o fim da transição de São Vicente para Barra Velha.
Preparativos para a mudança
Segundo Malfetano e Corrêa, os maquinários e equipamentos mais recentes da fábrica de São Vicente serão reaproveitados: isso inclui a transferência da linha mais nova da planta para a unidade de Barra Velha, devido à sua capacidade de produzir vidro espesso e de maior largura.
Os executivos da Cebrace destacam ainda que essa mudança vem ao encontro da reforma do forno C4, que teve início este mês em Barra Velha. “A reforma seria este ano, conforme manutenção padrão de todas as linhas Cebrace. Portanto, o momento será oportuno para adequar a planta e inserir um canal para alimentação da linha dos vidros Cebrace Texturizados. É um projeto inovador e que irá trazer benefícios em qualidade, segurança, custos e sustentabilidade”, afirmam.
Com relação ao espaço físico da planta de São Vicente, a Saint-Gobain ainda está avaliando a melhor solução para o local.
Produtos ainda melhores
De acordo com a Cebrace, a transferência de produção para Barra Velha vai permitir a fabricação de vidros de melhor qualidade e com uma produção mais sustentável, considerando a redução das emissões de CO2 em virtude de o equipamento ser mais bem preparado para isso. A empresa comunica que, após a reforma do C4, que deve ser concluída até o final de agosto, até 15% da capacidade da unidade poderá ser direcionada para a produção de texturizados.
A marca desses produtos permanecerá com o nome Cebrace Texturizados. Já o nome Saint-Gobain Glass, embora não seja mais usado para se referir a essa linha, será mantido no ativo da companhia.
Duas plantas nacionais passarão por reparos nos próximos meses. A Cebrace vai antecipar uma grande reforma no C4, forno localizado na cidade de Barra Velha, em Santa Catarina, a ser iniciada em abril e com previsão para terminar em agosto. Já a Guardian começa, no dia 27 de março, uma manutenção a quente programada para a usina de Tatuí, interior de São Paulo, com duração prevista de até onze dias – o forno passou pelo mesmo procedimento em fevereiro de 2021. Segundo ambas as companhias, o mercado será atendido normalmente durante o período de parada.
Talvez nem mesmo com uma bola de cristal seja possível enxergar o futuro da economia nacional com precisão – ainda mais em um ano que marca o início de um novo governo e com o País continuamente mergulhado num processo de instabilidade política. Mesmo assim, refletir sobre o que pode acontecer no setor é fundamental para o mercado se organizar. De olho nisso, O Vidroplano começa 2023 com a tradicional reportagem a respeito das expectativas de nossas empresas em relação ao novo ano.
Conversamos com economistas e diretores de companhias vidreiras para entender os movimentos do mercado em 2022 e como isso deve afetar os próximos meses. Além disso, analisamos diversos indicadores econômicos para descobrir o que eles revelam para o futuro.
Visão geral
A estimativa de crescimento da construção civil, o maior mercado consumidor de vidro no Brasil, é de 6% em 2022, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Contudo, esse dado isolado não justifica o atual cenário no segmento, explica Ana Maria Castelo, mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Projetos da Construção da Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre). “A construção é um todo heterogêneo. A grande questão é saber como esse crescimento repercutiu na indústria, afinal, estima-se queda de 7% na produção da indústria de materiais. Então, houve um descompasso entre os dois setores.”
Essa diferença pode ser explicada por diversos fatores. Ao contrário do período inicial da pandemia, no qual as reformas feitas pelas famílias lideraram as atividades da construção, o ano passado contou com as grandes construtoras como o foco do crescimento. Diversos prédios vendidos em 2020 e 2021 estão sendo erguidos – portanto, vários materiais aplicados na fase final das obras, incluindo o vidro, ainda nem foram fabricados ou comercializados. “Isso traz perspectivas melhores para 2023 no quesito consumo de vidro”, aponta Ana.
Em relação a questões macroeconômicas, há dois grandes problemas. “As taxas de juros subiram e endividaram as famílias, fazendo com que gastassem bem menos com materiais de construção. O final do ano passado revela bem esse resultado, com o PIB tendo desacelerado no último trimestre”, comenta a economista. Há ainda a chance de uma recessão mundial eclodir. Ou seja, 2023 pode reservar bons resultados, mas muita coisa dependerá de fatores externos ao nosso setor.
De olho na construção
De acordo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria está menos confiante em relação às condições atuais e expectativas. O medidor caiu 2,2 pontos este mês na comparação com dezembro, ficando abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica desconfiança por parte desse segmento.
Segundo a Sondagem Industrial, também da CNI, a produção industrial teve baixa de 5,9 pontos na passagem de novembro para dezembro. Embora tal queda seja expressiva, a entidade afirma que dezembro é marcado pela desaceleração da produção. Com 42,8 pontos, o resultado ficou acima da média para dezembro.
Outro indicador que caiu na comparação com novembro foi o de utilização da capacidade instalada: -4 pontos, chegando a 67%. Mais uma vez, a queda não significa nada de anormal para o período.
Apesar desse resultado negativo, há fatores para se comemorar: a falta ou alto custo de matérias-primas deixaram de ocupar a 1ª posição no ranking dos principais problemas da indústria. O tópico atingiu o menor patamar de assinalação das empresas participantes da pesquisa desde o terceiro trimestre de 2020. Quem passou a liderar a lista de problemas foi a elevada carga tributária – demonstrando mais uma vez a importância de uma reforma nesse sentido. Em 3º lugar ficou a demanda interna insuficiente.
De olho nos materiais
Este mês, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou uma pesquisa com os números para esse segmento em 2022. O resultado foi de baixa de 7% no faturamento, um grande contraste com o crescimento de 8,1% visto em 2021.
“São inúmeros os fatores que levaram nosso setor a sofrer com quedas constantes e significativas”, explica o presidente da entidade, Rodrigo Navarro. “Podemos citar o elevado endividamento das famílias em um contexto de orçamento doméstico mais disputado com gastos com alimentação, o que tem deprimido a demanda por materiais. Outros fatores são a taxa de juros em patamar ainda elevado e a inflação de 2022, que fechou em 5,79%.”
De olho nos automóveis
O mercado automotivo mostrou bons resultados em 2022. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção cresceu 5,4% sobre 2021, número acima da projeção da entidade. Ao todo, foram 2,37 milhões de unidades fabricadas. Em relação às vendas, viu-se estabilidade: 2,1 milhões, representando pequena queda de 0,7%, número dentro do previsto desde a metade do ano.
Para 2023, espera-se aumento de 2,2% na produção de veículos e de 3% nas vendas. “A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada”, analisa o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. “Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades.”
Foto: Anton Gepolov/stock.adobe.com
Otimismo com boa dose de precaução
O Vidroplano ouviu a opinião do economista Sergio Goldbaum, da GPM Consultoria, responsável pelo Panorama Abravidro, a respeito das possibilidades do setor para 2023.
Com os dados já divulgados por entidades e associações no final do ano e agora nas primeiras semanas de janeiro, como foi o 2022 da construção civil, o principal cliente do mercado de vidro? Sergio Goldbaum — Nas sondagens da indústria da CNI, capta-se o humor do mercado, a sensação dos operadores do mercado, mês a mês, e não a atividade propriamente dita. A análise dos números mostra que 2022 ainda foi um ano aquecido para o setor, especialmente entre os meses de junho a outubro, mas também sugere que o desaquecimento sazonal de final de ano pode ter sido um pouco mais intenso do que nos últimos anos – talvez refletindo os eventos extraordinários de novembro e dezembro, como as eleições e a Copa do Mundo, ou eventualmente antecipando um 2023 de maior cautela do setor. Outra série que acompanha o nível de atividades da indústria da construção civil é a série de volume de vendas de materiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa série foi revisada em fevereiro de 2022, o que destacou com muito mais intensidade o aquecimento das vendas de materiais de construção no período da pandemia após maio de 2020. Na nova série revisada, o volume de vendas no ano passado permaneceu, em média, no nível relativamente aquecido que já tinha sido observado em 2021.
O que as empresas vidreiras podem esperar de 2023 em relação à economia do País? SG — O ano de 2023 será muito desafiador por muitos motivos. No âmbito doméstico, espera-se que os lamentáveis acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília possam ser superados. No âmbito internacional, ainda há muita incerteza em relação à política econômica, incluindo a política industrial, nos EUA, e aos desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Mas a série de expectativas de vendas de insumos da construção civil oferece uma resposta objetiva: novamente se observa relativo otimismo dos empresários da construção civil ao longo de todo o ano de 2022, com súbita reversão das expectativas no final do ano.
E o que se pode analisar em relação a outros mercados consumidores, como o automotivo e o de linha branca, para este ano? SG — Em relação à indústria automotiva, 2022 marcou a recuperação após dois anos muito ruins, mas ainda está muito abaixo dos picos de produção observados em 2012 e 2013. Automóveis são bens de consumo duráveis, e o forte choque negativo da pandemia vai continuar a ser compensado nos próximos anos. Numa perspectiva de longo prazo, a indústria automotiva no mundo passa por transição e a nacional está tentando encontrar seu lugar nesse novo ambiente. A indústria de eletrodomésticos, ao contrário, viveu um momento de muito aquecimento durante a pandemia. Eletrodomésticos também são bens de consumo duráveis, mas, ao contrário da indústria automotiva, o choque positivo da pandemia vai ser compensado negativamente por um tempo.
É possível para o setor vidreiro sonhar com crescimento este ano? SG — No início do ano passado sugerimos precaução ao segmento, especialmente por conta do aumento importante da taxa de juros e de seu impacto na indústria da construção civil. Entretanto, ao longo do ano, as expectativas na sondagem da CNI quanto ao lançamento de novos empreendimentos permaneceram otimistas, com súbita reversão no final do ano. O insumo vidro processado entra nas últimas etapas do processo construtivo. Assim, mesmo que o pessimismo do final do ano passado se revele justificado, o setor ainda teria alguns meses antes de ser afetado. E, por isso, a sugestão de algum otimismo com uma boa dose de precaução permanece para este ano.
A opinião vidreira
A seguir, confira o que nosso segmento tem a dizer sobre suas perspectivas e expectativas para 2023. Primeiro, confira as empresas de diversos elos da cadeia; na sequência, as usinas.
Daniel Domingos Eastman “Apesar de desafiador, 2022 se revelou um ano em que conseguimos crescer em vários segmentos, principalmente com os interlayers estruturais e cores, o que foi muito positivo e revela um amadurecimento do nosso setor, no sentido de oferecer produtos de maior valor agregado. Nós acreditamos que 2023 será bem similar a 2022, com algumas oportunidades em segmentos específicos com chance de crescimento e consolidação de nossa parte, o que apoiará o crescimento do consumo do vidro laminado, algo que vem se consolidando nos últimos três anos.”
Ricardo Costa GlassParts “Em relação ao ano passado, posso afirmar que tivemos um período de negócios muito bom, com crescimento. Para 2023, a GlassParts está bastante otimista, pois esperamos que, passadas as incertezas políticas e econômicas, retornaremos a ter um mercado ativo.”
Yveraldo Gusmão GR Gusmão “Eu diria que, apesar de um ano com tantos acontecimentos (feiras, eventos, Copa do Mundo), analiso 2022 como um período bom. Com as expectativas de negócios, os investidores estarão mais seguros quando o novo governo se organizar. O nosso setor terá muito trabalho, pois a construção está na fase final de várias obras. Passamos um ano de 2022 com grandes expectativas, mas nem todas se tornaram realidade. Para 2023, apesar das mudanças políticas, no final tudo se reverte; trabalharemos bastante para isso.”
Sandro Eduardo Henriques Sglass “Podemos afirmar com satisfação que superamos nossas expectativas: 2022 foi o segundo melhor em termos de vendas desde 2014. E também alcançamos uma marca significativa, ao chegar ao número de 250 fornos de têmpera produzidos. Esperamos que 2023 seja um ano promissor. No entanto, é importante lembrar que a indústria vidreira é altamente dependente das condições políticas e econômicas e pode ser afetada por fatores imprevisíveis. Os governantes eleitos fizeram grandes promessas de avanços sociais e econômicos, o que pode impulsionar a demanda por vidro em diversos setores, como os de construção, linha branca e de geração de energia. Vamos acompanhar a evolução dos acontecimentos e estaremos preparados para adaptar nossas estratégias de negócios. Para isso, é fundamental investir em novas tecnologias, como a automatização de processos, para tornar a produção mais eficiente e reduzir custos.”
Isidoro Lopes AGC “2022 foi um ano conservador quando comparado a 2021. Tivemos um primeiro trimestre forte, porém a sequência foi instável, já sendo impactada pela turbulência política no País. As adaptações da forma de trabalho e a recuperação do setor de serviços fizeram com que o nível de desemprego diminuísse, mas a renda da população brasileira não melhorou. A inflação subindo, juros altos e câmbio oscilante levaram os índices de confiança do consumidor e da indústria a cair. Com isso, caiu o consumo, o que prejudicou a demanda. Sendo assim, fechamos o ano com um saldo negativo em relação a 2021.
O controle dos custos dos materiais importados e o custo do frete internacional impactaram no valor das matérias-primas e dos sobressalentes para manutenção de equipamentos. O menor fornecimento de alguns componentes importantes para nossa indústria – causado por ações que estão fora do nosso controle, como as restrições e lockdowns chineses, interrupção de produção de algumas matérias-primas ao redor do mundo devido às limitações de emissões de carbono (era melhor parar de produzir do que pagar as taxas de carbono) – acabou criando um desequilíbrio na oferta, o que atinge os custos até hoje.
Para 2023, prevemos uma estagnação no primeiro semestre e uma recuperação moderada da demanda para o segundo. Estimamos um leve crescimento de 2,5% a 3% para nosso setor. A construção civil continua crescendo, mas perdeu um pouco da intensidade quando comparada a 2021. Já sobre o setor automotivo, temos excelentes expectativas, com crescimento tanto da produção como do mercado de reposição. O moveleiro e a linha branca possuem fatores para acreditarmos no crescimento, pois estão diretamente ligados às políticas sociais e ao maior foco do novo governo para o fomento do consumo e distribuição de renda. Se isso for efetivado, pode ser uma grata surpresa.
Para o mercado local, tivemos a oportunidade de aprender com a pandemia de que ter fontes nacionalizadas de produtos e serviços com qualidade e agilidade é vital – principalmente para as usinas, que dependem da longevidade de seus equipamentos e estabilidade dos processos. Nossas empresas, portanto, precisam estar preparadas para o caso de outra retomada repentina, assim como foi em 2020 e 2021, pois quando a demanda sobe de forma inesperada é crucial termos parcerias sólidas que gerem a oportunidade do cumprimento dos compromissos assumidos.”
Lucas Malfetano e Manuel Corrêa Cebrace “Em 2022, é importante destacar a retomada dos encontros presenciais, nos quais tivemos a oportunidade de estar em meio a excelentes momentos de confraternização. Contudo, observamos um comportamento de mercado diferente, com a não prioridade dos investimentos em reforma. Experimentamos um ano atípico, com uma redução do volume de vendas maior do que o esperado, resultando em uma queda superior a 20%, como tem apontado o Termômetro Abravidro. Isso nos motivou a manter ainda mais os esforços voltados para o que é a essência da Cebrace: aprimorar de forma contínua e robusta a qualidade dos produtos e serviços, priorizando a inovação e a sustentabilidade. Realizamos a reforma dos fornos C1 e C2, garantindo o fornecimento contínuo para os clientes – e podemos dizer que mantivemos o fornecimento sem rupturas durante o período de reforma. Encerramos o ano com esses fornos preparados para produzir cada vez melhor e com o C2 com uma estrutura adequada para reduzir as emissões de CO2.
Nossa expectativa para 2023 é de crescimento modesto quando comparado a 2022. Compreendemos que se faz necessário mais tempo para que as mudanças de governo e cenário econômico se estabeleçam. No geral, os números mostram que os mercados consumidores apresentarão crescimentos tímidos, mas ainda será necessário entender com clareza como será o ano em cada segmento. A expectativa é de que os custos de produção sejam estabilizados, sem aumentos de insumos expressivos. E outra das prioridades da Cebrace este ano é apoiar no trabalho das associações, visando a combater os descaminhos fiscais e reforçar a busca pela simplificação tributária.
Estamos vivenciando um importante período de transformação. Falamos nos últimos eventos sobre a aceleração da transformação digital, que exige de todos nós um olhar para a frente, adequando processos a essa mudança. É possível perceber uma nova geração entrando para o mercado do vidro, trazendo novas ideias e oxigenando os negócios. Isso exige que os líderes estejam preparados para planejar, educar e facilitar a transição sem perder o foco da sustentabilidade: como podemos inovar mais, melhor, com menor impacto e mais eficiência? Mais que um ponto de atenção, são reflexões que todas as empresas vidreiras devem experimentar.
Os vidros de valor agregado têm margem para conquistar mais espaço no mercado e isso depende da disseminação de informações. Que todo o setor possa abraçar essas oportunidades, investindo em profissionalização, divulgação e na melhor estratégia para cada um.”
Renato Poty Guardian “Com o cenário macroeconômico mais complexo em 2022 em comparação com 2021, ano passado foi um período de aprendizados para a Guardian. Tivemos de trabalhar estrategicamente o equilíbrio da produção e estoques para atender de forma responsável as demandas de mercado, sem destruição de valor para nossos clientes e parceiros de negócio, contribuindo para criação de valor em toda a cadeia de vidros planos através de iniciativas focadas no setor consumidor de tais produtos. Os principais desafios foram relacionados à demanda mais retraída de alguns segmentos e à inflação dos principais insumos do processo produtivo de vidros planos. A crescente escalada dos custos da barrilha, gás natural e logística ao longo do ano aumentou de forma significativa o custo de produção.
Acreditamos que 2023 será um ano de crescimento do mercado, mas ainda com uma pressão de custos importante no valor final do vidro plano. Os mercados de float fora do Brasil estão com previsão de desbalanço entre oferta e procura em algumas partes do ano, segundo nossas estimativas, o que poderia atrair mais importações. De maneira geral, a Guardian tem uma visão positiva para este ano com base nas obras já lançadas e novos investimentos da iniciativa pública e privada, representando um cenário favorável para a construção civil, principalmente no segundo semestre. Já a previsão para os demais segmentos é menos otimista.
Acreditamos que temos melhores perspectivas para 2023 devido à menor pressão inflacionária, porém a economia global está demonstrando tendência de desaceleração, o que pode afetar o equilíbrio de oferta e demanda de vidros no Brasil. Por isso, as indústrias vidreiras têm de continuar focadas em iniciativas para o desenvolvimento do setor, trabalhando para a educação de toda a cadeia e criação de valor com foco no longo prazo. Equilíbrio de inventário é fundamental para atender as crescentes demandas dos nossos clientes.
A Guardian está comprometida com o crescimento do setor de forma sustentável, por isso investimos constantemente em inovação de produtos e serviços, visando a melhorar a experiência dos nossos clientes e parceiros, com foco no benefício mútuo.”
Henrique Lisboa Vivix “Mesmo com todas as dificuldades, navegando em um cenário bastante diferente do que havíamos projetado e incluindo todo o impacto externo que ocorreu dentro dos negócios em geral, consideramos que tivemos um saldo positivo em 2022. Acreditamos que cada vez mais essa imprevisibilidade fará parte dos negócios, e precisaremos estruturar as nossas empresas para operarmos de forma cada vez mais ágil, inovadora e responsiva a novas situações. Certamente a principal dificuldade enfrentada no ano passado foi a forte inflação dos insumos, gerada por acontecimentos geopolíticos externos que nos forçaram a implementar aumentos de preços ao longo do ano, e que também provocaram impactos no mercado em 2022.
Após uma retração em 2022, estamos projetando para 2023 um leve crescimento de nosso setor, recuperando parte do que foi perdido no ano passado. Com relação à construção civil, linha branca e movelaria, esperamos também um leve crescimento. Já para o setor automotivo, acreditamos em uma recuperação significativa, o que ajudará no equilíbrio do segmento de vidros planos.
Embora haja um carregamento muito forte dos custos que incorreram sobre as empresas no ano passado, não estamos esperando aumentos significativos em relação aos insumos ao longo deste ano. Portanto, sob o ponto de vista de inflação do setor de vidros planos, acreditamos que teremos um ano estável, apesar de que com um impacto relevante nos custos, decorrente de 2022.
Eu diria que as empresas vidreiras deverão cada vez mais buscar caminhos para agregar valor aos seus negócios, entender e atuar de forma integrada na sua cadeia e dedicar esforços para que o consumidor final valorize o produto e o serviço que recebe dos agentes que fazem parte do nosso segmento. Além disso, é preciso gerenciar os custos e preços de vendas com bastante equilíbrio e cuidado. Nosso mercado é dinâmico, sendo impactado externamente de muitas formas. Precisamos estar atentos às necessidades da cadeia e às mudanças que o mercado está nos sinalizando, para ajustarmos as nossas empresas e, assim, podermos evoluir juntamente com todo o mercado.”
Quem esteve no Club Med Rio das Pedras, em Mangaratiba (RJ), de 17 a 20 de novembro, não teve dúvidas: o Simpovidro é o melhor ponto de encontro do setor vidreiro brasileiro. A 15ª edição do simpósio organizado pela Abravidro é a primeira após a pandemia da Covid-19. E ficou claro que o segmento estava sentindo falta dele: o evento recebeu 655 participantes, mesmo em um ano tão cheio de atividades como foi 2022 (confira a retrospectiva clicando aqui).
Perseverança, sustentabilidade, inovação e associativismo foram algumas das palavras-chave que marcaram esse Simpovidro e indicaram os pontos para os quais a cadeia deve se preparar para 2023.
“Tempos estranhos e de aprendizado para todos”
A solenidade de abertura teve início com o discurso de José Domingos Seixas, presidente da Abravidro. “São três anos desde a última edição do Simpovidro. Naquela ocasião, não tínhamos a mais vaga ideia do que o País e o mundo viveriam dali pra frente.” Com essas palavras, Seixas iniciou sua reflexão sobre os impactos sofridos pelo setor vidreiro nacional nos anos recentes – e a forma como nosso segmento reagiu a eles.
O dirigente da Abravidro observou que, num primeiro momento, após a chegada da pandemia, houve retração no mercado, tanto no fornecimento de float como nas atividades de processadoras. Contudo, meses depois, a demanda pelo nosso material passou a crescer, como mostrado no Panorama Abravidro 2021: “Foram tempos estranhos e de muito aprendizado para todos, inclusive para a própria Abravidro”, avaliou.
Para reforçar esse ponto, Seixas listou algumas das ações desenvolvidas pela associação. Destacou o lançamento do Termômetro Abravidro, agradecendo a todas as processadoras que têm participado das pesquisas e convidando as demais a se juntar à iniciativa. Enfatizou também a realização da Glass South America 2022 e o recorde de público obtido pela feira e exibiu um vídeo de apresentação do programa Vidro Certo, desenvolvido pela Abravidro e pela Abividro, no qual foi anunciada a iniciativa EducaVidro, a qual trará uma série de aulas especiais visando à educação a distância.
Ao final do discurso, José Domingos Seixas deixou a todos um recado: “2022 não foi um ano fácil, foi bastante desafiador, e 2023 não será diferente. Mas a Abravidro continuará lutando pelo nosso mercado. Conte com a gente”.
Novos rostos e sustentabilidade marcam mensagens das usinas
A cerimônia de abertura do Simpovidro é o momento em que as usinas vidreiras brasileiras falam sobre a situação vivida pelo mercado e apresentam seus planos para o setor. Este ano, todos os executivos que discursaram estrearam no evento como líderes de suas fábricas.
AGC: soluções para a sustentabilidade
Isidoro Lopes afirmou que o vidro continuará tendo uma importante contribuição no combate à emissão de carbono. “Sustentabilidade é uma questão de sobrevivência, não é uma moda que vai passar, e a AGC busca liderar esse caminho da inovação para continuar a oferecer soluções que ajudam o planeta e a humanidade”, enfatizou.
Para comprovar a ideia, o presidente da AGC mostrou um vídeo com as tecnologias e processos sustentáveis contra o aquecimento global utilizados pela empresa, incluindo a adoção de conceitos ESG e a fabricação de vidros de controle solar, como o Sunlux Shadow, que garante conforto térmico e economia aos usuários.
Segundo Lopes, a visão da usina para 2023 é de muita incerteza econômica. “Mas somos também um pouco otimistas: planejamos um crescimento moderado para o próximo ano, com expectativa de recuperação do comércio, melhor desempenho da indústria e a continuidade do crescimento do setor da construção civil.”
Cebrace: em busca do futuro
Lucas Malfetano reforçou em seu discurso o compromisso de continuidade de tudo que a Cebrace tem feito nos últimos anos: “A companhia vai continuar inovando e liderando o mercado, preocupada não só com o próximo trimestre, mas com as próximas décadas”, disse, destacando a importância dos conceitos de segurança, sustentabilidade e inovação para a empresa. O diretor-executivo comentou ainda sobre a atenção da empresa com a segurança dos processos nos reparos recentes em fornos da usina no Brasil e no acendimento da 2ª planta da Vasa, na Argentina.
Por sua vez, o diretor-executivo Manuel Corrêa afirmou que a cadeia vidreira nacional tem uma nobre missão: “É o momento de as lideranças do nosso setor começarem a escrever qual o futuro que a gente quer”. Nesse sentido, Corrêa comentou a importância de se criar valor para os clientes finais e de se apoiar o trabalho das entidades vidreiras, buscando o desenvolvimento e a qualificação dos profissionais. No final, Corrêa e Malfetano apresentaram um vídeo institucional com iniciativas da Cebrace.
Guardian: mercado em constante mudança
Rafael Rodrigues, gerente-regional de Vendas da Guardian para a América do Sul, esteve na solenidade para representar Renato Poty, diretor-executivo da empresa para a América do Sul, que não pôde comparecer ao evento. Mesmo assim, Poty gravou um vídeo para saudar os participantes do 15º Simpovidro.
No vídeo, ele abordou a importância do desenvolvimento do mercado de forma sustentável, comentando iniciativas da Guardian nesse segmento para a construção civil e no investimento em inovação e serviços. “O mercado vidreiro está em constante mudança, e as empresas precisam estar preparadas para elas, pois ainda há muito espaço para o crescimento do vidro no Brasil em relação a outros países”, destacou, ressaltando o comprometimento da empresa em atender a demanda do mercado nacional por conforto e bem-estar com seus vidros de alto desempenho.
Vivix: capacidade de adaptação à prova
Henrique Lisboa observou que os últimos anos foram diferentes e provocaram reflexões nos negócios: “Tivemos de exercitar a nossa capacidade de nos adaptar a diversas situações; todos fomos desafiados a sermos diferentes, criativos e, sobretudo, protagonistas das mudanças das nossas empresas”, avaliou.
Para o presidente da Vivix, há hoje uma atenção maior dos consumidores em relação a como as empresas tratam seus colaboradores, a comunidade em que estão inseridas e o meio ambiente. Nesse sentido, Lisboa alinhou algumas das ações da Vivix para os próximos anos, como a futura instalação de um parque solar, construído pela Atiaia Renováveis, que será responsável por abastecer 100% das duas unidades da usina com energia limpa e renovável.
Com relação ao mercado vidreiro nacional, Lisboa considera que houve uma acomodação do mercado em 2022. “Acreditamos que, no ano que vem, começaremos a retomada de crescimento, ainda leve. Nosso segmento tem volatilidades pelo caminho, sempre foi assim, mas somos otimistas a médio e longo prazos.”
Conhecimento e networking
Nos dias 18 e 19, a Plenária Simpovidro trouxe palestras enriquecedoras para o planejamento das empresas, ministradas por Gustavo Arns, Manoel Fernandes, Mario Sergio Cortella, Maria Augusta Orofino, Fabricio Soler e Leonardo Barretto – veja mais clicando aqui.
Do lado de fora da plenária, a Feira de Oportunidades reuniu os participantes com as empresas apoiadoras do simpósio (leia mais clicando aqui).
Túnel do tempo
Todos que iam para a Plenária Simpovidro ou voltavam dela passavam por uma ponte com painéis relembrando cada uma das 14 edições anteriores do evento. Fotos, números, informações e até a logomarca de cada Simpovidro estavam presentes, celebrando a história daquele que veio a se tornar o principal encontro vidreiro da América Latina.
Prontos para 2023?
“Só tenho a agradecer. Este Simpovidro só pôde ser realizado graças a todos vocês”, afirmou José Domingos Seixas em sua mensagem após o final das palestras no sábado. O dirigente destacou a importância do associativismo para o desenvolvimento do setor: “A Abravidro tem mais de 200 associados, mas esse número representa só um pedaço de todo o nosso mercado”, avaliou, convidando as empresas presentes no simpósio a se juntarem ao trabalho sério da entidade. A cerimônia de encerramento – que não representou o fim do evento – contou com falas de Mauro Gallo (AGC), Flávio Vanderlei (Cebrace), Rafael Rodrigues (Guardian) e José Ribeiro (Vivix).
Ao longo dos quatro dias de Simpovidro, ficou claro que 2023 será um ano de desafios – porém, a julgar pela pela empolgação mostrada pelos participantes na hora de posar para a capa desta edição que você está lendo, parece que o setor está preparado para encarar as dificuldades com sustentabilidade e união.
Negócios, negócios… diversão à parte!
Como de costume, as atividades de lazer também foram fundamentais no 15º Simpovidro. Este ano, tivemos torneio de tênis, partidas de futebol, tênis de praia, arco e flecha, esqui aquático, caiaque…
Não podemos esquecer ainda do coquetel de abertura, do luau no segundo dia e do jantar de encerramento – que foi seguido por sorteio de prêmios e um show da banda carioca Eletra, que, com repertório eclético de covers, colocou todos para dançar durante mais de duas horas. Após o show, um DJ deu continuidade às festividades seguindo pela madrugada.
A Cebrace passará a fabricar sua linha de vidros texturizados na fábrica de Barra Velha (SC), local do forno C4. O comunicado foi feito no dia 12 de dezembro. A mudança ocorrerá após a Saint-Gobain Glass anunciar o encerramento das atividades da usina de São Vicente (SP), definido para março de 2023. Para a próxima etapa, a planta de Barra Velha será modernizada durante manutenção a frio, agendada para maio. A fabricante reforça que priorizará o abastecimento do mercado nacional durante a mudança. Havendo a necessidade, a empresa informa que contará com a Vasa, na Argentina, e outros parceiros no apoio às demandas do mercado interno.
Quem trabalha com o processamento de vidros sabe como é importante para os seus negócios que a matéria-prima encomendada chegue com a qualidade intacta e dentro do prazo. Para garantir que essas necessidades sejam atendidas, as fabricantes de nosso material no Brasil contam com setores de logística responsáveis pela organização e planejamento da entrega dos produtos – e também pelo transporte propriamente dito deles, é claro.
Quer saber mais sobre como funciona esse processo nas fabricantes de vidro e os avanços que essas empresas vêm implementando em sua logística? O Vidroplano apresenta essas e outras informações a seguir.
Como é feita?
Cada fabricante conta com particularidades no seu processo de logística, mas a atividade como um todo traz semelhanças.
Francisco Conte, diretor de Operações da Vivix, afirma que a empresa olha com muita atenção a jornada de cada encomenda. Segundo ele, o pedido é acompanhado por meio de um sistema interno e várias áreas têm visibilidade dessa jornada. “Assim que o pedido é emitido, nós começamos os preparativos para atender, para que, quando o produto efetivamente chegar à nossa expedição, já estejamos prontos para faturá-lo da forma mais rápida e providenciar seu transporte até o nosso cliente no menor tempo possível”, comenta.
Na Guardian, tudo começa quando o cliente entra em contato com o setor de atendimento. Ali a necessidade e o prazo de entrega são verificados. “Após a inclusão do pedido em nosso sistema, a Guardian organiza as datas de carregamento. Na data agendada, o caminhão é apresentado e a carga é carregada para o início do transporte”, detalha o analista-sênior de Logística, Adriano Santos.
No caso da AGC, Fernando Pereira (engenheiro de Assistência Técnica) e Antônio Carlos (gerente de Logística) explicam que, após a confirmação do pedido junto ao time de Customer Service (serviço ao consumidor), é feito o agendamento na grade de carregamento com até 10 horas de antecedência, de forma que a fabricante tenha tempo hábil para montar o pedido e atender o cliente no horário programado. Após a montagem dos pedidos e a finalização do carregamento, o veículo segue para pesagem e conferência na balança e é então liberado para viagem.
Evolução constante
Santos, da Guardian, destaca que, com as transformações frequentes pelas quais o trabalho de logística passa, as empresas precisam ter cada vez mais flexibilidade e agilidade para buscar as melhores soluções. “Os tipos de embalagem, veículos e até mesmo o processo de gerenciamento da informação avançaram nos últimos anos, e nós trabalhamos continuamente para trazer isso para nosso atendimento”, aponta.
Pereira e Antônio Carlos, da AGC, observam que a modernização dos processos de logística tem tido grande efeito na redução de acidentes durante o transporte do vidro, além de permitir o monitoramento das cargas. Novas medidas de segurança foram sendo implementadas na empresa com a evolução das tecnologias, como a utilização de grampos para o travamento do cavalete no barrote do caminhão e freios para evitar o movimento da carga. Melhorias realizadas nas embalagens e nos veículos também contribuíram para manter a integridade dos produtos até o seu destino final.
A Vivix tem avaliado constantemente seu serviço de entrega, expedição e monitoramento de encomendas por meio de pesquisas realizadas mensalmente com os consumidores, com o objetivo de fazer evoluir seus processos ao longo do tempo. “As cargas são agendadas para retirada de acordo com a conveniência dos clientes e dos nossos parceiros transportadores”, ressalta Francisco Conte.
Empilhando a carga
Parte do processo de logística envolve o acondicionamento e a embalagem das chapas em uma estrutura para protegê-las de riscos e avarias durante o transporte. Mas qual seria a melhor opção nesse sentido?
A resposta varia de empresa para empresa. Por muito tempo, o colar era a embalagem mais usada. Contudo, em 2013 a AGC trouxe para o Brasil os cavaletes: a usina considera esse um importante recurso que revolucionou o modo como os blocos de vidros são preparados e carregados, diminuindo o tempo de preparação de carga em quase 50% do tempo em relação aos colares – para Fernando Pereira e Antônio Carlos, essas estruturas também oferecem menor risco de incidentes durante a preparação.
Os cavaletes de fato se popularizaram no Brasil, mas isso não significa que outros equipamentos foram abandonados. De acordo com Santos, a Guardian trabalha hoje com uma série de opções, as quais incluem tanto cavaletes padrão (formato “A”) ou para vidros jumbo (formato “L”) como colares (formato “LI”), todos no modelo retornável. “Temos ainda a opção de utilização de caixas tipo moldura, para envios sem a necessidade do retorno da embalagem”, acrescenta o analista-sênior de Logística da empresa.
No caso da Vivix, os cavaletes são a estrutura utilizada quando o transporte dos vidros é feito pelo modal rodoviário. “O objetivo, além do olhar para o cliente e sua satisfação, é permitir que a carga chegue sem avarias e com a segurança necessária para a operação”, afirma Francisco Conte. Ele destaca haver cuidado e atenção da fabricante com a logística reversa desses materiais, a fim de que possam ser reaproveitados.
Valdimir Silva, gerente-corporativo de Logística da Cebrace, relata que a empresa utiliza dois tipos de cavaletes metálicos, sendo um desmontável para o transporte convencional e outro para o transporte em inloaders. “O cavalete desmontável permite maior aproveitamento na logística reversa, quando retorna vazio dos clientes”, ele explica.
Acompanhamento em tempo real
Entre as evoluções na logística das usinas, uma das mais importantes é a possibilidade de monitoramento da situação da carga, seja pela empresa, seja pelo próprio cliente.
A AGC, por exemplo, conta com um sistema rastreador online para controlar os pedidos. A empresa também faz uso de ferramentas tecnológicas para eleger a melhor definição de rota e realizar o monitoramento da carga dentro da fábrica ou já na estrada, permitindo a entrega dentro do prazo e com total segurança.
O monitoramento das cargas também é um ponto em que a Vivix busca sempre inovar. “Hoje temos o nosso portal Vivix Facilita. Cerca de 70% dos pedidos já são feitos dentro da plataforma, permitindo aos clientes esse acompanhamento de perto da situação da encomenda”, detalha Conte. O diretor de Operações da Vivix acrescenta que essa evolução no controle, com acompanhamentos mais digitais e automatizados, permite cada vez mais visibilidade sobre a jornada do pedido, não só para o cliente, mas também para todos os colaboradores da empresa envolvidos no processo.
A Cebrace também permite acompanhar os processos digitalmente, em tempo real. “Os clientes hoje conseguem visualizar as informações sobre seu pedido por intermédio de aplicativos de e-commerce. Isso se dá, por exemplo, no rastreamento dos veículos para entrega das cargas”, afirma Valdimir.
Na Guardian, a organização da logística é compartilhada com o cliente por meio de e-mails comunicando os status de cada fase da encomenda, desde o pedido até a entrega. Esse controle também está presente durante o transporte propriamente dito. “O monitoramento é realizado por meio do controle de rastreamento nos veículos. Com ele, podemos acompanhar por georreferenciamento a localização do transporte em execução”, explica Adriano Santos.
Pela terra…
Falamos até aqui da organização das encomendas e da embalagem delas – mas como as usinas fazem para levá-las aos clientes?
No Brasil, a malha rodoviária ainda é a principal opção para o transporte de cargas. Com isso, caminhões são os veículos mais utilizados para esse trabalho. Mas há vários tipos de veículo, cada um com capacidade para transportar um determinado limite de peso ou volume – e alguns deles também têm características diferenciadas no acondicionamento das chapas. As usinas costumam contar com vários modelos de veículos, afinal, um caminhão que transporte uma carga acima da sua capacidade irá quebrar, enquanto usar um veículo grande para transportar uma encomenda pequena representa desperdício de recursos.
Os tipos mais utilizados para o transporte das chapas são:
Truck — caminhão pesado, com eixo duplo na carroceria, e capacidade média de carga de 12 t;
Carreta — composta por cavalo mecânico (com dois eixos) e semirreboque (com três eixos), com capacidade média de 24 t;
Carreta “vanderleia” — semelhante à carreta, mas com três eixos no cavalo mecânico e maior espaçamento entre os três eixos do semirreboque, com capacidade média de 36 t;
Bitrem — combinação de dois semirreboques, com sete eixos e capacidade média de 38 t;
Rodotrem — combinação de dois ou mais semirreboques, com nove eixos e capacidade média de 50 t (para dois semirreboques);
Inloader — caminhão com baixo centro de gravidade e ausência de eixos entre as rodas do semirreboque. Sua capacidade média é de 24 t, mas pode ter variações menores (mini-inloader) ou maiores (bi-inloader).
“Trabalhamos com vários tipos de caminhão, mas buscamos sempre atuar com parceiros transportadores que nos ofereçam tecnologia e controle, com veículos pneumáticos e com rastreamento”, informa Santos, da Guardian.
…ou pelo mar
No caso da Vivix, além do transporte rodoviário, a usina também oferece a opção do modal marítimo. Francisco Conte explica que as cargas transportadas pelo mar passam pelo mesmo sistema de monitoramento: após o faturamento, a transportadora contratada envia atualizações diárias de localização, as quais são consolidadas e repassadas aos clientes. “Está sendo implementado o monitoramento de cargas automático, tanto no modal marítimo como no rodoviário, e em breve essa informação estará disponível na webservice para consulta dos nossos clientes.”
A Cebrace também trabalha com essa opção, ressaltando que há destinos em que o transporte rodoviário fica inviável, como em algumas cidades e Estados da Região Norte do País, onde a cabotagem predomina. “Também utilizamos o transporte marítimo para abastecimento de nossos centros de distribuição, que estão estrategicamente localizados em pontos que permitem o melhor atendimento a nossos clientes”, explica Valdimir Silva.
Qual o limite de percurso?
Todas as usinas deram a mesma resposta para essa questão: não há distância máxima para as entregas. A AGC, por exemplo, informa que atende todo o Brasil e alguns países da América do Sul, avaliando o percurso, o tipo de veículo e a tarifa de frete para realizar o transporte de vidro da fábrica até o cliente.
Portanto, quando for fazer seu pedido de vidros, lembre-se da verdadeira viagem que ele faz para chegar com qualidade e segurança à sua processadora.
Investimento na área pelo mundo
Segundo um relatório publicado este ano no portal Research and Markets, o mercado de logística na China é hoje o maior em termos de tamanho no mundo, e provavelmente crescerá ainda mais. Para incentivar essa tendência de crescimento, o governo da China estabeleceu metas claras para o futuro, com investimentos maciços na implementação da Belt and Road Initiative (BRI), plano de governo que consiste em aprimorar a infraestrutura de rotas terrestres e marítimas ligando o país a outros continentes. O relatório cita que, em 2018, as exportações chinesas aumentaram 25%.
No caso da Europa, de acordo com a Mordor Intelligence (empresa especializada em inteligência de mercado), os investimentos em logística no continente subiram para 38,64 bilhões de euros em 2020. Isso é impulsionado pelo enorme crescimento do comércio eletrônico na Europa. No entanto, a consultoria aponta que a falta de compromisso dos governos com o desenvolvimento de portos marítimos ou redes rodoviárias, somada à reconfiguração das cadeias de abastecimento, vêm dificultando o crescimento desse mercado.
Depois da reforma do C2, concluída em julho, e dos reparos a quente no C1, encerrados em agosto, setembro também trouxe novidades nos fornos da América do Sul: foi aceso o VV4, segundo forno da Vasa (irmã argentina da Cebrace): ele está em aquecimento e a estimativa do início de produção é para o fim deste mês.
Outra novidade da Cebrace é o lançamento da Loja Cebrace Online (www.lojacebrace.com.br), site voltado para a venda dos produtos da marca para fixação de espelho e proteção de borda. Segundo Rafael Matoshima, coordenador do mercado de interiores da Cebrace, a página veio para levar uma melhor experiência para os clientes: “O mercado solicitava por mais praticidade e acesso a estes produtos para revenda. Essa loja online reforça o pioneirismo digital da Cebrace no mercado para levar mais agilidade e rapidez na aquisição dos produtos, já que é possível realizar a compra com CPF ou CNPJ, a qualquer dia e em qualquer horário e receber em casa ou na loja”, explica.
A Abravidro ministrou o módulo sobre vidros para a nona edição da turma do Curso de Extensão “Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações”, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As aulas sobre o nosso material foram realizadas em formato online de 26 a 29 de setembro: Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro, abordou nos dois primeiros dias a história do vidro, os tipos de nosso material, bem como suas características e benefícios. A aplicação segura do produto foi um dos principais assuntos das aulas, com a apresentação das principais regras para o nosso setor, incluindo a ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações e as normas sobre boxes de planobanheiro, guarda-corpos e envidraçamento de sacadas. Nos dois dias seguintes, Débora Constantino, consultora técnica da Cebrace – empresa parceira da Abravidro na realização do módulo – falou sobre espelhos, vidros de controle solar e o desempenho proporcionado por peças de valor agregado.
Ao conceber sua nova sede, a Cebrace mirou naquilo que mais conhece: vidro. A obra, concluída no ano passado, recebeu recentemente a certificação Leed Silver para construções sustentáveis muito por conta do uso de nosso material. O espaço serve como enorme showroom dos produtos da empresa, revelando as diversas possibilidades de uso dos mais variados tipos de vidro.
Aposta no verde
Com área total de 1.300 m², o novo prédio erguido em Jacareí (SP) tem design assinado pela Atrium Construtora (que também executou a obra) e BCMF Arquitetura e Engenharia. Seu formato em “U” permite a entrada abundante de luz pelas fachadas totalmente envidraçadas: 75% da iluminação interna vem da luz natural. “Acreditamos ser uma obra de arte: aspectos e ferramentas aplicados durante a elaboração e construção são referências na construção civil hoje”, explica o diretor-comercial da Atrium, Frederico Pimenta.
A especificação correta dos vidros foi chave para se alcançar o desempenho térmico necessário, permitindo maior conforto por parte dos ocupantes – ainda mais por se tratar de uma região quente (a do Vale do Paraíba) do Estado de São Paulo. A fachada ganhou 357 chapas insuladas do vidro baixo-emissivo (low-e) Cool Lite SKN 154, boa parte delas curvas.
O material tem como função reduzir consideravelmente o aquecimento interno, diminuindo o uso de ar-condicionado, além de barrar os raios UV em quase 100%. Por ser insulado, ainda oferece maior performance acústica. Como consequência de todas essas características, têm-se menos gastos com energia elétrica (a estimativa para a redução do consumo anual é de mais de 20%) e menos emissão de dióxido de carbono.
Transparência sem fim
Uma grande claraboia está localizada bem no centro do edifício, fazendo com que a iluminação natural chegue a todo o espaço interno, não apenas às salas junto às fachadas. A integração com a natureza eleva o bem-estar das pessoas, principalmente em um ambiente de trabalho como esse. Na parte interna há ainda guarda-corpos e uma escada feitos de Extra Clear laminado, com outros vidros utilizados em revestimentos e móveis.
“O objetivo era que o prédio representasse fisicamente aquilo em que acreditamos: trabalhar diariamente para levar inovação, conforto, design e sustentabilidade à arquitetura brasileira”, afirma Lucas Malfetano, diretor-executivo da usina. “O resultado do projeto cumpriu todas as nossas expectativas, e a certificação Leed veio para consolidar nossos valores na prática”, comenta Manuel Corrêa, também diretor-executivo da Cebrace.
A busca pela certificação
A sede da Cebrace conquistou o selo Leed Silver na categoria BD+C (Building Design + Construction), voltada para novas construções e grandes reformas. E não é só o vidro o único material a atuar como elemento sustentável: diversos sistemas e soluções “verdes” fazem parte do projeto.
– Eficiência hídrica: o consumo de água potável local foi reduzido em 30%, graças a um sistema de aproveitamento da água da chuva para irrigação e uso em vasos sanitários e limitadores de vazão em equipamentos hidráulicos;
– Energia e atmosfera: além de precisar de pouca iluminação artificial, todas as lâmpadas instaladas são de LED, muito mais econômicas que as incandescentes ou fluorescentes. Há também geração de energia fotovoltaica, persianas que bloqueiam a radiação solar e até incentivo ao uso de carros elétricos, incluindo ponto de abastecimento para esse tipo de veículo;
– Outras soluções: destinação de resíduos da obra para a reciclagem, disponibilização de bicicletário e plano de educação ambiental.
Ficha técnica – Obra: sede da Cebrace – Autor do projeto: Atrium Construtora e BCMF Arquitetura e Engenharia – Execução da obra: Atrium Construtora – Local: Jacareí (SP) – Processadoras dos vidros: Brazilglass (peças planas) e Unividros (peças curvas)
No começo de abril, a Cebrace informou ao mercado que o argentino Leopoldo Castiella deixava a diretoria-executiva da usina após 13 anos. Ele tinha assumido o posto de head of Architectural Glass (chefe de Vidro Arquitetônico) SBU Global e senior executive officer (diretor-executivo sênior) do grupo NSG. Presente no Brasil durante a Glass South America, Castiella conversou com exclusividade com O Vidroplano sobre sua jornada no vidro brasileiro. Confira a seguir.
O que apontaria como destaque em sua longa trajetória no setor vidreiro nacional? Leopoldo Castiella — Foram anos bem-positivos, de muito aprendizado, realizações e projetos levados para a frente. Eu dividiria essa trajetória em alguns períodos. O primeiro é quando cheguei ao Brasil, em 2001. A gente tinha a operação da Blindex, que ainda fazia temperado para arquitetura, e aí decidimos transformar essa operação no sistema de franquias Blindex. Depois, passei a ser responsável pela área comercial da Cebrace. Naquela época, existiam dois agentes comerciais e eu era responsável tanto pelo mercado doméstico como pelo marketing de exportação, do lado da NSG. A gente fez toda a preparação para a introdução do C4. Naquele momento me lembro que, como a participação da empresa no Sul do País era muito baixa, a gente definiu toda uma estratégia para que, quando o forno chegasse, já tivesse uma base na região para consumir esse vidro.
O C4 é de 2004, certo? LC — Sim, julho de 2004, e logo na sequência veio uma crise – para variar. Sempre que se acende um forno de float aparece uma crise (risos). Em 2005, nós exportamos mais de 200 mil t, mais do que o C4 fabricava. Foi um ano recorde de exportação, chegando a vender automotivo para China, África do Sul, países da América do Sul e até da Europa. Realmente foi algo superinteressante. Consegui aprender muito sobre o mercado internacional. E depois isso me serviu em todos os pleitos no trabalho de defesa comercial do setor.
A terceira etapa é com a Cebrace completamente unificada, com uma única área comercial, todo mundo em Jacareí [interior de São Paulo]. A empresa conseguiu criar outra dinâmica, fizemos mudanças na governança interna que ajudaram a acelerar e a consolidar o projeto. Nessa época, construímos o C5, o reparo e o aumento da capacidade do C1, o coater de Jacareí, a linha jumbo de Caçapava [interior de São Paulo], o centro de distribuição na Bahia e Fortaleza e a linha de laminado em Fortaleza também.
E tive ainda a oportunidade de conduzir a Abividro, como presidente e participando da diretoria. Então, foi toda uma etapa de realizações. Saio satisfeito.
Como é para um latino estar numa posição alta na hierarquia da NSG, uma empresa japonesa com poucos nomes estrangeiros na liderança? LC — Te confesso que minha adaptação não está sendo muito difícil, pois conheço há muito tempo várias pessoas com quem trabalho hoje. Por outro lado, estou aqui no Brasil fazendo conferência às 2, 3 horas da manhã, coisas que fogem do meu controle. Em muitas dessas reuniões participam pessoas de regiões diferentes, e é muito difícil amarrar todos os fusos horários. Mas está sendo uma experiência bem positiva e desafiadora. Espero contribuir para o grupo como contribuí aqui na América do Sul.
2022 é o Ano Internacional do Vidro. Como essa data pode marcar uma nova relação entre o consumidor e o material? LC — A gente tem de aproveitar esse momento pra colocar no topo da agenda o tema da sustentabilidade. Qualquer que seja a aplicação, o vidro tem a vantagem de ser totalmente reciclado. Existem objetivos concretos no Grupo NSG para reduções de CO2 até 2030, chegando em 2050 à neutralidade de carbono. Há ainda desafios tecnológicos: usar mais eletricidade nos fornos para consumir menos gás, usar fontes renováveis etc. Em relação a isso, deverão entrar outros combustíveis – e nesse sentido a NSG foi pioneira com testes com hidrogênio recentemente.
Gostaria de deixar um último recado ao setor? LC — Apenas agradecer a acolhida aqui no Brasil, um lugar que sempre será meu lar.
Comemorando 60 anos em 2022, a Abrasipa lançou uma liga de rebolos periférico e copo chamada Longa Vida — como o nome diz, foi desenvolvida para ter maior vida útil que outras opções do mercado. Outra novidade foi o óxido de cério Oxer Prime: disponível nas versões com 98% e 99% de pureza, é o cério mais puro do País, segundo a empresa. Vale citar a nova linha de rebolos de resina e o Gforce Max, máquina para remoção de riscos em vidros.
A Adelio Lattuada teve um estande institucional para apresentar o CyberAL, seu sistema para automação de maquinários. A empresa também mostrou materiais sobre suas soluções para lapidação, furação e lavagem de vidros.
A AGC preparou não um, mas dois estandes para sua participação nesta edição da Glass. Em ambos os espaços foram mostrados itens do seu portfólio de produtos, com atenção especial para dois deles: o lançamento LuxClear, vidro anticorrosivo para aplicação em áreas nas quais o material entra em contato com água, como banheiros, e a linha Sunlux Shadow de vidros de controle solar, incluindo o modelo de aparência neutra.
O enorme estande da Agmaq teve vários maquinários para processamento produzidos pela empresa. O principal lançamento era a nova geração de furadeiras, as quais trabalham de modo automatizado, sem necessidade de interferência de operador. Estavam por lá também, trabalhando ao vivo ao longo de toda a feira, equipamentos como lavadoras e mesa de corte.
Toda a linha de ferragens Max System da AL Indústria marcou presença em seu estande na Glass. Os produtos podem ser encontrados em três configurações diferentes: janela de correr (lançamento exclusivo para a feira), porta de correr e porta pivotante – essas duas últimas opções são indicadas para grandes vãos, tendência no mercado de arquitetura, segundo a fabricante.
Para demonstrar o adesivo vedante neutro Obra-Pro FIX+1001, a Alpatechno usou o produto para colar pequenas peças de vidro colorido (fornecidas pela Color Vidros) em uma peça maior e incolor, mostrando no outro lado que ele não deixa manchas ou marcas por trás. A empresa também exibiu o selante neutro MSP135, que permite vedação em diversos tipos de junta, incluindo coberturas de vidro, sem precisar esperar a superfície secar para sua aplicação.
A fabricante de sistema sem roldanas Sacada Certa mudou de nome e marca: agora é Alumínio Express. Na Glass, a companhia apresentou o lançamento guarda-corpos 2 em 1: trata-se de um guarda-corpos que, na parte de cima, se transforma em envidraçamento de sacada. O produto conta com sensor de estanqueidade, para evitar a entrada de água em caso de chuva.
O lançamento da Arbax foi o GPT, equipamento para remoção de riscos desenvolvido pela própria empresa com sistema de injeção de água para manter a refrigeração no vidro – o produto é acompanhado por pasta de polimento, lixa, feltro, suporte de feltro, EPIs e outros itens. Outros destaques: molas de piso Action, rebolos para polimento de vidro e óxido de cério para biseladoras.
Dois lançamentos chamaram a atenção no estande da Arouca Fechaduras. A fechadura digital Digi Glass foi desenvolvida especialmente para portas de vidro, permitindo acesso por meio de biometria e cadastro de até 20 usuários. A outra novidade é a fechadura com trinco rolete para perfis estreitos, disponível em acabamentos branco, preto e cromado.
A estreia da Assa Abloy/Udinese na Glass apresentou ao público o lançamento da Udiglass, sua divisão de ferragens para vidro temperado. A Ghost Door é uma porta sem trilhos aparentes, própria para fechamento de espaços como closets, banheiros e salas. O diferencial do item é oferecer estética clean ao mesmo tempo que integra ambientes. Vale citar ainda a presença de toda a linha de molas para portas da empresa.
A Athena Puxadores levou ao evento seus carros-chefes, como o +Mais Kit Athos (para boxe de banheiro com roldanas aparentes) e o +Mais Kit Pia, com puxador exclusivo desenvolvido pela empresa. A ACM, que faz parte do mesmo grupo, também apresentou no estande diversos kits para boxe de banheiro do seu catálogo.
A Atom Robótica é uma empresa especializada em automação – e sua presença na feira tinha como objetivo apresentar soluções nesse campo para o setor vidreiro. No estande, um robô servia chope aos visitantes. A brincadeira servia para demonstrar a capacidade de movimento e sutileza desses maquinários.
A Avant Glass/Singip montou uma linha de lapidação automatizada, com robôs para movimentar as peças, de forma a demonstrar a agilidade de uma instalação desse tipo. Os robôs são produzidos na China e no Brasil. Presentes no estande estavam ainda um sistema de corte a jato d’água, furadeiras com duplo e triplo cabeçotes, e um sistema para tratamento de água individual, que atua na separação de partículas.
Distribuidora de insumos para cortinas e persianas motorizadas que podem ser instaladas em vidros insulados, a Ayshu divulgou uma tecnologia exclusiva em nosso país: segundo a empresa, são os únicos a disponibilizar motores de persianas automáticas com wi-fi integrado.
A nova filial brasileira da Bavelloni, instalada no ano passado em São Bernardo do Campo (SP), permitiu à empresa italiana oferecer suporte técnico e manutenção a seus maquinários para processamento instalados no País, garantindo ainda estoque de peças de reposição a pronta entrega. O estande da empresa na Glass destacou esse fato e também revelou uma grande notícia: o início da produção nacional de rebolos da marca.
O grupo Biesse engloba as marcas Intermac (maquinários para processamento) e Diamut (ferramentas). Seu estande institucional teve como objetivo divulgar a nova sede da companhia no País, em Curitiba, que será a central de assistência técnica e comercial para os clientes da América Latina. O espaço contará ainda com um showroom para demonstrações de maquinários voltados para vidro, madeira e outros materiais.
O principal lançamento da Blindex este ano, divulgado no começo de 2022, pôde ser visto ao vivo: a linha Power Box de boxes de banheiro é formada por vidros e roldanas com estampas dos personagens da Warner Bros (como Batman, Mulher Maravilha e Harry Potter). O processo de personalização é feito por serigrafia ou impressão digital. Outro destaque: o boxe Dual Door, sem vidro fixo – suas duas peças correm de modo que a abertura pode ser feita em ambos os lados.
Com um estande institucional, a italiana Bottero celebrou a retomada dos eventos presenciais após anos de reclusão. Segundo a empresa, a participação na Glass rendeu vendas de seus maquinários para processamento. Foram divulgadas as linhas de mesas de corte para monolítico (EVO) e laminados (LAM), lapidadoras, CNCs e armazenadores.
Os rebolos da linha BDT foram exibidos no balcão do estande da Bovone. A empresa italiana não levou sua lapidadora ELB 17/45 ao evento, mas mostrou aos visitantes peças de vidro trabalhadas no maquinário para ilustrar as possibilidades e a qualidade do trabalho que a solução oferece.
Com tecnologia italiana, a Bsolution apresentou uma lapidadora vertical, duplo cabeçote, para monolíticos e laminados. O diferencial dela é não trabalhar com códigos de barras, nem ter a necessidade de ser alimentada com o tamanho das peças: sensores “leem” as dimensões do vidro automaticamente.
A Cairo Glass expôs amostras de vidros coloridos e texturizados fabricados pela empresa no Egito e importados para o Brasil. As peças podiam ser vistas em um catálogo no balcão e também aplicadas em partes do estande.
A Casa Castro levou à Glass 2022 o lançamento exclusivo da máquina de corte MCBR-600-AL, com serra dupla, para perfis de alumínio e PVC. Fabricada pela Bramold (parceira da Casa Castro), ela permite cortes em ângulo de 45 graus, sem rebarbas, e sua estrutura enclausurada garante a segurança do operador e atende a NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos.
A Cebrace demonstrou o aspecto estético de seus vidros, incluindo o da peça de controle solar Habitat na versão neutra e incolor. A usina apresentou ainda em primeira mão o Thermo Vision, primeiro vidro baixo-emissivo (low-e) fabricado no Brasil voltado para os mercados de refrigeração comercial e de linha branca (fornos e fogões). O GlassTruck, caminhão que visita clientes por todo o País levando amostras de produtos para simular a aplicação em fachadas, também esteve na feira.
Lançamento da Chinaglass, o robô para movimentação de vidros em linhas de lapidadoras pode trabalhar tanto com peças pequenas como grandes – é a 7ª geração do equipamento fabricado pela empresa. Outra novidade era a lapidadora retilínea SW9, de nove rebolos.
Este mês, a Cebrace colocou no mercado o Thermo Vision – a empresa informa que se trata do primeiro vidro baixo-emissivo fabricado no Brasil voltado para aplicação nos mercados de refrigeração e de linha branca. O produto pode ser utilizado na versão monolítica (para fornos e fogões) e insulada (para equipamentos de refrigeração), com o diferencial de não precisar de desbaste de borda. De acordo com a empresa, quando aplicado em fornos, ele reduz a temperatura da face externa, trazendo segurança aos usuários finais. Jonas Sales, coordenador do mercado de refrigeração e linha branca da Cebrace, destaca que o Thermo Vision também pode ser adquirido na versão jumbo (3,21 x 6 m).
Leopoldo Castiella (foto 1), que deixou a diretoria-executiva da usina após 13 anos, assumiu, em 1º de abril, o posto de head of Architectural Glass (chefe de Vidro Arquitetônico) e SBU Global e senior executive officer (diretor-executivo-sênior) do Grupo NSG. Para o lugar de Castiella, foi escolhido Lucas Malfetano (foto 2), profissional do NSG há mais de 25 anos. “A mensagem é de continuidade de tudo que estava sendo feito, mantendo-se a agenda e os projetos”, afirma Malfetano. Manuel Corrêa, também diretor-executivo da Cebrace, segue na liderança compartilhada da joint-venture, representando o grupo acionista da Saint-Gobain.
Créditos das imagens de abertura: Amorim Leite/Divulgação Cebrace
Se os eventos presenciais ganharam força total em 2022, um dos mais importantes de nosso setor não poderia ficar de fora: o Simpovidro está de volta! A 15ª edição do maior encontro vidreiro da América Latina será realizada de 17 a 20 de novembro no Club Med Rio das Pedras, localizado na cidade fluminense de Mangaratiba, a cerca de 100 km da capital. Prepare-se para dias de conteúdo profissional de primeira qualidade, networking e lazer em meio a um resort all inclusive fincado em um dos litorais mais belos do Brasil.
Reencontro
O simpósio recebe não só participantes brasileiros mas de diversas partes do mundo, todos interessados em trocar conhecimentos e fechar negócios. E a edição deste ano é especial por diversos motivos:
– É o primeiro Simpovidro depois da pandemia, marcando de vez o retorno dos eventos do setor;
– É a oportunidade perfeita para rever antigos clientes depois de muito tempo de isolamento – e também conhecer futuros parceiros;
– Após quase 20 anos, o Simpovidro volta a ser realizado no Sudeste, em um dos mais belos e luxuosos resorts da região;
– O Club Med Rio das Pedras será exclusivo para os participantes do Simpovidro. Isso significa que apenas os profissionais vidreiros e suas famílias estarão no hotel durante o encontro.
“Retomar o Simpovidro é tarefa que deixa a Abravidro muito honrada. Por isso, reencontrar todos no final do ano servirá como mais uma prova de união do setor, algo fundamental para nos preparar para mais um ciclo de crescimento”, reflete José Domingos Seixas, presidente da Abravidro.
Conheça o Club Med Rio das Pedras
Crédito: Club Med Rio das Pedras
Em estilo neocolonial e à beira de uma praia de areia dourada, esse resort está localizado em meio à Costa Verde fluminense, em plena Mata Atlântica, uma das florestas tropicais com maior biodiversidade do planeta. O Club Med possui o certificado Travellers’ Choice 2021, do site de avaliação de hotéis Trip Advisor, prêmio voltado a estabelecimentos que oferecem serviços de excelência e são bem avaliados pelos hóspedes. Além de toda a beleza natural, o local possui estrutura de primeira qualidade para seus hóspedes, contendo:
– Sistema all inclusive, com refeição e bebidas (incluindo alcoólicas) à vontade;
– 2 restaurantes, sendo um de especialidades brasileiras;
– 4 bares (além de 1 premium pago à parte e 1 exclusivo para a categoria La Réserve de acomodações);
– 4 piscinas (incluindo 1 mais afastada e exclusiva para maiores de 16 anos, chamada “piscina calma”, 1 do Mini Club e 1 exclusiva para a categoria La Réserve de acomodações);
– Modalidades esportivas como tênis, tênis de praia, futebol, handebol e vôlei, escola de tiro com arco, esqui aquático, wakeboard e caiaque;
– Recreação infantil com monitores (para crianças a partir de 4 anos).
Outro diferencial do Club Med Rio das Pedras é a localização: está a pouco mais de 100 km do Aeroporto Internacional do Galeão e do Aeroporto Santos Dumont, ambos no Rio de Janeiro. Para quem parte de São Paulo, a distância é de cerca de 400 km e o acesso de carro é fácil para quem mora nos Estados da Região Sudeste.
Acomodações
Crédito: Club Med Rio das Pedras
Os participantes poderão escolher entre três modalidades de acomodações (mais informações no sitewww.simpovidro.com.br):
– Superior: área de 27 ou 37 m², com ocupação máxima de 3 a 5 pessoas;
– Deluxe: área de 27, 37 ou 41 m², com ocupação máxima de 3 a 5 pessoas;
– La Réserve: são as acomodações mais luxuosas do Club Med Rio das Pedras. A Suíte tem 70 m² e conta com sala de estar separada, closet, banheira e varanda com vista para o mar e para a Mata Atlântica. Já a Penthouse, localizada no último andar, tem 120 m², tudo o que a Suíte reserva e ainda um ofurô conectado ao toalete. Ambas são configuradas exclusivamente com uma cama de casal, para até dois ocupantes.
Diferenciais do La Réserve:
– Piscina exclusiva com borda infinita
– Café da manhã continental servido no quarto
– Champanhe servido na taça às 18h no salão particular
– Serviço de bar e snacking privativo na conciergerie
– Minibar (bebidas não alcoólicas) reabastecido diariamente
– Wi-Fi Premium
– Roupão de banho
– Chinelos
– Toalha de praia disponível no apartamento
INSCREVA-SE, JÁ!
Basta acessar o sitewww.simpovidro.com.br e se cadastrar. As vagas são limitadas! Informações? Dúvidas?
Entre em contato com a Central de Atendimento Simpovidro pelo telefone (11) 3873-9908.
Seja apoiador do encontro!
Tenha visibilidade nacional e internacional ao atrelar sua marca ao maior encontro vidreiro da América Latina. Entre em contato com Rosana Silva pelo e-mailrsilva@abravidro.org.br ou tel. (11) 3873-9902 e veja as condições.
Crédito da imagem de abertura: Club Med Rio das Pedras
Na última semana de fevereiro, a editora de O Vidroplano, Iara Bentes, conversou com a diretoria da Cebrace sobre a reforma do forno C2, de Caçapava (SP), a ser iniciada em março. Participaram do bate-papo os diretores-executivos Leopoldo Castiella e Manuel Corrêa e também o diretor-comercial Flávio Vanderlei. Além dos preparativos para a parada da planta, a pauta incluiu a atual situação dos principais mercados consumidores de vidro, os investimentos em sustentabilidade nas fábricas do grupo e as expectativas para o Ano Internacional do Vidro.
A reforma do C2 está marcada para março. Essa data está mantida ou é possível ter algum adiamento? Leopoldo Castiella — Está mantida. Em teoria, começa dia 8. A única preocupação, para ser sincero, é que depois do carnaval acabe tendo outro pico da Covid-19. E isso poderia trazer algum ruído para o início. Mas seria pouca coisa, algo de dias. Tudo está encaminhado. [Nota da redação: de fato, não houve imprevistos e a reforma foi iniciada no início de março.]
E quando o forno voltará a operar? LC — São 90 dias de parada.
O que podemos esperar de impacto no abastecimento do mercado interno nesse período? Tivemos uma experiência traumática em 2017 com uma reforma parecida em outro player, o que causou desarranjo no setor. LC — A gente se organizou para aumentar os estoques. Inclusive, dada a situação do mercado, o estoque está um pouco mais alto do que gostaríamos. Mas temos vidro para fazer frente a essa parada. E também estamos trabalhando para o início das operações do segundo forno da Vasa, na Argentina, em maio. Então, se tiver uma emergência mais para frente, a Vasa também pode ajudar. Estamos bem preparados.
Manuel Corrêa — Essa preparação é feita a muitas mãos. Inclui a área de logística, cadeia de suprimentos e direção industrial e comercial. A gente tem reuniões regulares e, desde novembro, é preparada essa transição. Temos cinco linhas, vamos parar uma e, com os estoques devidamente planejados desde o final do ano, não esperamos ter impacto em nossos clientes.
Flávio Vanderlei — Esse trabalho alinha toda a estrutura da empresa para que se possa passar por ele da melhor forma possível. Lógico que também tem fatores externos — e as movimentações do mercado nesse ponto podem ajudar ou atrapalhar. O mês de janeiro foi bem de acordo com o que tínhamos planejado, já fevereiro ficou aquém. Infelizmente, foi uma situação bastante crítica, com quedas muito robustas de 40% a 50%. Como existe aquela ideia de que o Brasil só começa o ano depois do carnaval, a gente espera que a partir da outra semana possamos ter uma situação de mercado mais equilibrada.
LC — Quando você tem uma queda rápida e inesperada do mercado, a primeira alternativa é baixar o preço, mas isso dura, aproximadamente, cinco minutos (risos), pois o concorrente reage e acabou. Agora, as verdadeiras soluções são dolorosas nesses casos. Conferir as exportações, reduzir as cargas, começar um planejamento diferente, recuperar o mix de produtos em itens que não estamos fabricando… E, como líder de mercado, a Cebrace tem responsabilidade. Seguimos trabalhando com essas alternativas. Lembrando que a Cebrace não exporta apenas para a Argentina. Independentemente do forno da Vasa, temos um caminho para seguir nos outros países da América do Sul.
FV — Tivemos várias discussões sobre o momento da parada, se dava para postergar novamente, antecipar. Depois desse histórico todo, o melhor momento é mesmo agora.
Com o novo forno da Vasa pronto, veremos uma redução do volume exportado para a Argentina? LC — Nas três primeiras semanas de janeiro, a situação da Covid-19 na Argentina foi um desastre. Um impacto gigantesco, times de fornecedores ficaram sem 50% de seu pessoal por conta de infecções. A partir daí, traçamos um plano detalhado com os três fornecedores mais importantes dessa obra e voltamos a empurrar a data de entrega pra frente. Mas agora, por exemplo, os profissionais colocando os tijolos refratários nas chaminés estão trabalhando praticamente 24 horas.
Com a reforma, a capacidade do forno será aumentada? LC — Esse forno tem capacidade nominal de 750 t. Mas como é um forno especializado para automotivo, trabalha numa carga inferior, pelo fato de fazer espessuras menores. Então, não vai ter aumento da capacidade.
MC — Tem ainda a questão de a planta ser preparada para reduzir as emissões de poluentes. Ou seja, estamos fazendo um esforço grande para transformar esse forno no estado da arte em termos desse assunto.
A Cebrace vai assumir algum compromisso de redução de emissões, como tem sido feito em outras plantas da Saint-Gobain pelo mundo, por exemplo? MC — Tanto a Saint-Gobain como a NSG têm declarado seus compromissos com a redução de poluentes. Estamos dentro dessa agenda global. E isso a gente vê que é um bom negócio. Vamos aproveitar a reforma para investir nisso.
LC — Esse conceito também estará no C6 quando ele for construído. Mas não podemos revelar números de redução, por questão de confidencialidade.
E em termos de investimento para a reforma do C2, quais os valores envolvidos? LC — A reforma custará, aproximadamente, US$ 45 milhões. São valores que incluem o reparo do forno e toda a adaptação da fábrica em relação à diminuição de emissões.
Já que o assunto foi mencionado anteriormente, alguma novidade sobre o C6? LC — A gente está trabalhando no projeto, tendo discussões entre acionistas sobre o perfil da planta. Estamos avançando. Em relação a quando faremos o anúncio, neste momento é impossível precisar, ainda mais com as incertezas que podem aparecer no horizonte.
A indústria automotiva vem apresentando resultados ruins. Como a Cebrace vê a recuperação desse mercado para os próximos anos, ainda mais levando em consideração que o C2 atende esse segmento? MC — O automotivo é um mercado cíclico. E este momento ruim do ciclo nem é tanto causado pela demanda, pois ela existe, tem filas enormes de gente querendo comprar automóveis. É mais uma questão de ajuste da cadeia de suprimentos, muito afetada pela pandemia – notadamente, a questão dos chips, mas não só isso. Conta também a grande crise da Covid-19 em janeiro, um mês brutal no pico de casos nas empresas automotivas. Mas acredito que seja mais uma situação de curto prazo, todo mundo está trabalhando para voltar a produzir como no passado. Sou otimista nesse sentido.
Quando vocês acreditam que se dará a retomada de crescimento do automotivo? MC — Muito difícil dizer ainda. Inclusive no próprio planejamento para a reforma do C2 estavam essas discussões. Não vejo nada acontecendo no curtíssimo prazo. Ainda serão dois ou três meses num nível não tão baixo como em janeiro, mas nada explosivo.
E quais são as expectativas para os demais segmentos consumidores de vidro? FV — Começando pelos mais difíceis primeiro, o varejo tem sido afetado pela queda do poder de compra, e isso atinge diretamente o setor de linha branca e moveleiro. A previsão do segmento de eletrodomésticos é de -12%, segundo o IBGE.
Em relação à construção civil, nosso maior consumidor, representando cerca de 80% de nossas vendas, começamos com uma expectativa maior para este ano. O PIB dela tinha estimativa de 4%, agora está em 2%. Em 2022, acho que não teremos o efeito positivo das pequenas reformas, como aconteceu nos anos passado e retrasado. Mas com os investimentos em construções novas, pela quantidade de dinheiro captada para a construção, a gente deve ter algum incremento na atividade já este ano e talvez nos próximos.
LC — Vale a pena acrescentar que, em relação à queda do moveleiro e linha branca, o que a gente observa nos últimos meses é algo brutal, mais de 50% de baixa.
FV — A gente vê vários clientes desses dois setores dando férias coletivas nesta época de carnaval. A distribuição desse desempenho ruim não é linear. Algumas regiões do País mostram baixa maior do que em outras regiões, mas o resultado médio é de queda importante.
Não se pode achar de forma intempestiva que tudo vai se resolver com o preço, pois o momento é bastante complicado. O volume caiu. E se o preço cair só vai agravar mais a situação.
MC — A questão é manter o equilíbrio comercial, evitar uma guerra de preços. O mercado é o mercado, a gente não consegue agir sobre ele.
FV — E os custos estão aí. Energia, commodities aumentando de valor. Não dá pra brincar com isso. É preciso muita resiliência neste momento para que possamos todos passar bem pela situação.
A Cebrace já tem ideia de quando fará movimentações em outras plantas? MC — Temos uma parada a quente na linha de Jacareí (SP), mas é uma parada rápida, de duas a três a semanas. E o planejamento para a parada de Barra Velha (RJ), no forno C4, que será uma reforma a frio, já começou há tempos.
Há alguma data para isso? LC — Vai ser no primeiro semestre do ano que vem, mas não temos a data definitiva.
2022 ainda é um período especial para nosso setor, por conta do Ano Internacional do Vidro. O que a Cebrace tem a comentar sobre a data? LC — Acho que o tema mais importante sobre o Ano Internacional do Vidro é o que o Manuel comentou antes: a Cebrace tem a sustentabilidade como prioridade em nossa agenda. A mensagem para o consumidor final e para o público em geral é que o vidro, seja plano ou oco, é um material 100% reciclável. É preciso potencializar essa mensagem o máximo possível.
Uma das ações é tentar aumentar o uso de cacos nas nossas fábricas. Nesse sentido, estamos investindo em nossas plantas. Essa campanha começa primeiro com investimentos internos. Depois, a responsabilidade vai para o nosso time comercial engajar e educar os clientes para que isso se torne uma realidade. Existe pouca consciência de como deve ser feita a destinação dos resíduos, o que pode ser reciclado e como separá-los. Há ainda a contaminação disso.
Outra coisa que estamos pesquisando: encontrar uma destinação para a borra de vidro no processo de lapidação. É um pó contaminado com óleo de refrigeração, água e tudo mais. Temos uma parceria com especialistas em materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), para encontrar uma solução para isso.
A Mostra Nexus – Edição Atmosferas foi realizada de 6 de novembro a 5 de dezembro em Jacareí (SP), cidade da sede da Cebrace. A empresa foi a patrocinadora master do evento, o que levou à criação do inusitado Desafio Cebrace: os arquitetos participantes foram convidados a pensar seus projetos pautados na ousadia e na criatividade do uso dos vidros.
Dois ambientes foram os vencedores. A Suíte Alpha (1), projetada pelas arquitetas Luiza Rodrigues e Ivone Ramos, trouxe aplicações diferenciadas, como uma torre de espelhos Cebrace prata embaixo da pia do banheiro, com referência ao estilo industrial do quarto, e o uso de vidros Reflecta Cebrace cinza nas divisórias, os quais trazem a sensação de um vaso sanitário flutuante.
A Suíte Origami (2) contou com uma peça do Espelho Cebrace prata externo cujo recorte foi desenhado de forma personalizada pelo próprio estúdio Macuco Arquitetura (responsável pelo ambiente). Outro destaque: as divisórias com Cebrace Extraclear serigrafado na cor branca, responsáveis por dar a privacidade necessária ao local graças à estética leitosa, em referência às portas de papel japonesas.
Apesar da variante Ômicron, parece que enfim dá para enxergar o fim da pandemia – ou algo próximo à vida antes dela – graças à vacinação contra a Covid-19, cada vez mais abrangente no País. E a grande pergunta que paira no ar é: quando o mercado de vidro conseguirá retomar o crescimento?
A resposta depende de vários fatores, e é isso que esta reportagem especial de O Vidroplano mostra. Como já é tradição há vários anos, conversamos com as usinas nacionais e empresas fornecedoras para a indústria de transformação (maquinários, acessórios e insumos) para saber como foi o 2021 de cada uma e suas perspectivas para 2022. Além disso, mostramos o desempenho do ano passado de alguns dos principais segmentos consumidores de vidro.
Gargalos atrapalham indústria
Segundo o estudo Economia brasileira 2021-2022, publicado em dezembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a produção industrial brasileira no ano passado deve fechar com desempenho negativo, causado principalmente pelos gargalos nos processos produtivos em diversos setores. O reflexo disso está na escassez ou no aumento acentuado do preço de insumos essenciais. O alto custo da energia elétrica e dos derivados do petróleo também é um dos fatores relevantes para esse resultado – o barril de petróleo, por exemplo, está 30% mais caro do que antes da pandemia. E tudo leva a crer que tais gargalos também ocorrerão em 2022.
Olhando de forma específica para a indústria de transformação, onde se encaixam as processadoras vidreiras, a entidade espera um crescimento de 5,2% para o ano passado, o que representa uma revisão para baixo da previsão de crescimento de 7,9% divulgada anteriormente. A queda se deveu exatamente pela falta de resolução desses gargalos produtivos. Para 2022, a expectativa é de um ritmo fraco, com crescimento de apenas 0,5%. Vale ressaltar que, enquanto a atividade econômica como um todo teve pico de atividade no primeiro trimestre de 2021, o da indústria de transformação se deu mais pra trás, no final de 2020.
Outros dados importantes
Na edição mais recente do estudo Indicadores Industriais, publicada em outubro pela CNI, revela-se que o faturamento da indústria de transformação está numa tendência de baixa desde o começo do segundo semestre do ano passado: caiu 2% em relação a setembro, terceira queda mensal consecutiva.
Deflator: IPA/OG-FGV
Apesar de menor que nos meses de maio a agosto, a produção industrial se manteve estável de setembro a novembro, chegando a 50,4 pontos na última medição da Sondagem Industrial (edição de novembro).
De olho no futuro, a indústria inicia 2022 com confiança menor do que em anos anteriores. O Índice de Confiança do Empresário Industrial, mais um estudo da CNI, recuou 0,7 ponto em janeiro, chegando a 56 pontos. Acima dos 50 significa confiança positiva – mas na comparação com dezembro, os empresários parecem confiar menos nos negócios a serem feitos.
Como o vidro pode encarar 2022
O que nosso setor pode extrair desses números? Para Sérgio Goldbaum, economista da GPM Consultoria Econômica, empresa responsável pelo Panorama Abravidro, existem dois fatores a serem levados em conta. “De um lado, as expectativas para a indústria e para a demanda de insumos nos próximos seis meses continuam positivas. Mas, de outro, o forte aumento da Selic, a taxa básica de juros da economia, promovido pelo Banco Central ao longo do segundo semestre de 2021, sugere que o ciclo de obras da construção civil esteja se aproximando do fim.” Como uma Selic alta afeta diretamente também a indústria automotiva, outra importante consumidora de vidro processado, vale acender um sinal de alerta: “Acho que há motivos para o mercado iniciar 2022 com alguma cautela”, justifica Goldbaum.
Imagem: Aleksei/stock.adobe.com
Por isso, a retomada de um crescimento no nível do começo da década passada talvez não esteja tão perto – mas é impossível cravar qualquer prognóstico, até pelas incertezas que a pandemia ainda gera. “Não sei se podemos falar em ‘retomada’, pois, retrospectivamente, o desempenho do setor não foi tão negativo nos últimos dois anos, ainda que tenha sido heterogêneo do ponto de vista regional”, analisa o economista. “Além disso, os dados da CNI mostram que ainda há tração na atividade, apesar de o aumento da taxa de juros sugerir um desaquecimento da economia no médio prazo. No curtíssimo prazo, imagino que a variante Ômicron deva afetar a mão de obra em vários segmentos, desfalcando equipes, mas se tudo der certo será um efeito passageiro e transitório.”
O presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, também enxerga com cautela as possibilidades para este ano. “O bom desempenho do setor no final de 2020 não se repetiu da forma que esperávamos em 2021. Esperamos que, com a vacinação bem adiantada, a vida possa voltar ao normal em 2022, retomando assim o ciclo normal de consumo de nosso produto”, afirma.
Números da construção
O constante aumento no valor dos materiais de construção foi a principal marca desse segmento em 2021, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) subiu 13,46% de janeiro a novembro do ano passado – é o maior patamar desde 2003. Apesar de o vidro não estar presente na lista dos insumos mais caros, as esquadrias de alumínio estão, apresentando aumento de mais de 44%. “Essa situação gera um descasamento da renda da população com o preço dos imóveis, o que é preocupante”, comenta o presidente da entidade, José Carlos Martins.
Mesmo assim, o bom momento desse setor no final de 2020 continuou em 2021: os cálculos devem indicar que a construção cresceu 7,6%, melhor desempenho dos últimos dez anos. No entanto, esse resultado positivo esconde que esse ramo está 27,44% inferior ao do pico de atividades alcançado em 2014. “Podemos dizer que 2021 foi o ano do mercado imobiliário como reflexo do que aconteceu em 2020. O crescimento foi sustentado pelo que já estava contratado e não será possível manter o atual nível de desempenho se não forem tomadas medidas urgentes para repor a capacidade de compra das famílias de baixa renda”, enfatiza Martins.
Para 2022, a CBIC projeta crescimento de 2%, inferior ao do ano passado. Isso se deve justamente pela alta das taxas de juros, comentada por Sérgio Goldbaum, e também pela queda do poder de compra da população.
Imagem: phonlamaiphoto/stock.adobe.com
Números do automotivo
Na medição da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o desempenho desse segmento em 2021 teve ligeira melhora na comparação com 2020. Ainda assim, ficou abaixo do potencial de demanda interna e externa por automóveis. “A crise global de semicondutores provocou paralisações de fábricas ao longo do ano por falta de componentes eletrônicos, levando a uma perda estimada em 300 mil veículos”, explica o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.
Em relação à produção, dezembro fechou como o melhor mês do ano, com 210.900 veículos. O total anual foi de 2,24 milhões de unidades, o que representa alta de 11,6% sobre 2020. Isso fez o Brasil retomar a 8ª colocação no ranking mundial de fabricação. Dezembro também teve o maior volume de vendas do ano passado (207.100 unidades licenciadas). Apesar disso, o número coloca esse mês como o pior dezembro dos últimos cinco anos.
Para 2022, o prognóstico é de 2,3 milhões de veículos vendidos (alta de 8,5% sobre 2021) e 2,46 milhões de unidades produzidas. “Apesar das turbulências econômicas e do ano eleitoral, apostamos numa recuperação de todos os indicadores da indústria, os quais poderiam ser ainda melhores se houvesse um ambiente de negócios mais favorável e uma reestruturação tributária sobre os produtos industrializados”, reflete Moraes.
Visão vidreira
A seguir, veja o que disseram as empresas de maquinários, ferramentas e insumos que retornaram o contato de O Vidroplano a respeito do mercado e seus prognósticos para 2022. Na sequência temos a opinião das usinas nacionais sobre esses tópicos.
Bottero
“Registramos um saldo positivo relativo às vendas entre agosto de 2020 e agosto 2021, o que superou nossas expectativas. O cenário do ano passado em relação ao retrasado foi favorável devido à reposição da força de trabalho e ao avanço da vacinação, combinados com a retomada mais forte da atividade econômica, graças à expansão da construção civil em 2021. Este ano ainda será complexo, com a manutenção do vírus voltando a ameaçar a economia e trazer incertezas. No entanto, devemos sempre aceitar obstáculos como necessários e abraçar o novo, além de não deixar de investir para que se alcancem resultados diferentes.” Mauro Faccio, gerente de Vendas Regional
Diamanfer
“O ano de 2021 foi um de altos e baixos, com muita dificuldade na administração em relação à elevação de custos. No entanto, seguindo a evolução positiva do setor, foi um período de crescimento e bons resultados. Temos boas perspectivas de negócios para 2022. Acreditamos na continuidade dos negócios, principalmente na área da construção civil, arquitetura e decoração de interiores. Porém, sugerimos atenção e cautela quanto à evolução da pandemia, situação política do País e até área esportiva, pois teremos Copa do Mundo – associada a tudo, ela também pode influenciar a economia.” José Pedro Ruiz, diretor comercial
Eastman
“O ano passado foi positivo para a Eastman, principalmente se levarmos em conta que os desafios nas mais diversas áreas ainda permanecem ativos e seguem impondo o ritmo da economia global. A questão logística, o grande tema de 2021, seguirá apresentando papel importante à medida que os novos desafios se apresentam. Do lado positivo, destaco a dedicação e resiliência de nossa equipe em fazer as coisas acontecerem dentro de um ambiente de incertezas e desafios nunca antes enfrentados. Estamos otimistas com as oportunidades que se apresentam para 2022.” Daniel Domingos, gerente-comercial para América Latina
GlassParts
“Tivemos resultados satisfatórios em 2021 e notamos que, apesar da falta de muitos insumos e os constantes aumentos de matérias-primas, o mercado se manteve comprador com um saldo muito positivo. A demanda aumentou como um todo, o que contribuiu para que as empresas fizessem investimentos e aumentassem seu consumo de insumos. Isso acabou gerando um prazo maior para atender as demandas, fora questões como o dólar muito instável e o preço dos fretes internacionais disparando. Vários fatores contribuem para que o ano de 2022 seja de incertezas. Apesar desses fatores, o mercado tem de se descolar desse cenário, pois temos diversos eventos este ano que contribuirão para fomentar o setor.” Ricardo Costa, diretor-comercial
AGC
“2021 confirmou o fato de que as famílias passaram a valorizar mais o ambiente em que vivem. Apesar das dificuldades, agravadas pela instabilidade política e econômica, o saldo foi muito positivo, principalmente para a construção civil, mas também em menor nível para a movelaria e linha branca. Nossas linhas ficaram com percentual acima dos 100% de utilização no período.
Podemos acrescentar que o saldo do balanço entre oferta e demanda foi de significativa falta no primeiro semestre, para uma pequena sobra na parte final, reflexo da inflação e subida de juros, além da redução da confiança do consumidor e indústria. O setor conseguiu recuperar os estoques mais para o fim, e isso nos dá um certo conforto para entregar melhores serviços aos clientes. Mas, ao mesmo tempo, acende um alerta, pois as incertezas podem levar o mercado a atitudes precipitadas. A rentabilidade de todos poderá ser impactada por ações de poucos. Então, coerência e cautela são necessárias.
O aprendizado da companhia em uma situação tão extrema e inédita contribuiu para passarmos por uma otimização brutal de recursos. Essa foi a forma de superar a inflação dos insumos básicos essenciais ao nosso setor, a qual afetou e continua afetando severamente os custos de produção e logística. Antes da crise, um planejamento do forno float era feito para seis meses, com pequenas alterações de uns dias a mais ou menos daquela cor ou espessura. Agora, descobrimos que é possível melhorar o atendimento, reduzir tempos de troca e desafiar todo o time.
Em 2022, podemos esperar um crescimento moderado ou estagnação de alguns setores, como o moveleiro e de linha branca. Esperamos um crescimento significativo do automotivo, pois esse setor está ávido disso: tem capacidade instalada, pedidos e filas de espera, sendo uma fórmula perfeita para crescer. Em relação à construção, esperamos uma guinada do segmento de reformas e melhorias para a conclusão e avanço dos lançamentos, além dos investimentos em infraestrutura de que o País sempre carece.
E neste Ano do Vidro, precisamos evoluir na comunicação e na normalização para podermos gerar mais valor percebido. O consumidor ainda não compreende todos os benefícios do vidro e todo o potencial que ainda podemos ofertar, e essa tarefa é nossa!” Isidoro Lopes, diretor-geral da Divisão de Vidros Arquitetônicos América do Sul
Cebrace
“Os segmentos industriais, além de sofrer com a escassez de alguns insumos, como acompanhamos no segmento automotivo, ainda sentiram oscilações negativas em seus mercados, principalmente aqueles ligados ao varejo, moveleiro e de linha branca. Por outro lado, a construção civil alcançou, na maior parte do ano, bons números de vendas e lançamentos, ainda que também impactada no último trimestre. Independentemente das oscilações desses segmentos, conseguimos atender nossos parceiros de forma plena, procurando otimizar as produções para suprir as necessidades do mercado e contando com um ótimo desempenho de nosso parque industrial. Em 2021, o comportamento foi mais linear em boa parte do tempo, permitindo sermos mais assertivos com relação ao planejado.
O impacto negativo está alinhado com os grandes aumentos de insumos para todos os setores. Tivemos também efeitos negativos relacionados a alguns dos principais indicadores que influenciam a economia, como alta taxa de desemprego, principalmente nas classes mais baixas, além de alta da inflação, reduzindo o poder de compra. Tivemos o maior choque de juros dos últimos 20 anos. Esperamos que para 2022 haja melhor equilíbrio desses indicadores, para que assim o mercado se desenvolva.
Para o mercado da construção civil, que representa 80% do mercado do vidro, tivemos ainda a divulgação recente da Fundação Getúlio Vargas de que o PIB para esse ramo recuou para a previsão de 2% de crescimento. Podemos dizer que, nesse segmento, ainda teremos reflexos do boom nas vendas e lançamentos dos últimos dois anos, sabendo que a entrada do vidro acontece no final da obra. Por isso, ainda será necessário entender o quanto de impacto será sofrido com a acomodação do mercado da reforma, coadjuvante do crescimento do vidro recentemente.
Entendemos que, para enfrentar os desafios que estão por vir, devemos continuar investindo em inovação e agregar valor aos nossos produtos e serviços, assim como estar atentos às oportunidades da evolução digital. Também é preciso cautela com a pandemia. No último ano, perdemos amigos no setor e será essencial continuarmos atentos aos protocolos de prevenção.
Com isso, nossa mensagem para o mercado vidreiro é a de que, com desenvolvimento e sustentabilidade, a categoria deverá se fortalecer na economia nacional.” Leopoldo Castiella e Manuel Corrêa, diretores-executivos
Guardian
“Acredito que foi um ano positivo e de restabelecimento de negócios, após um 2020 tão adverso e afetado pela pandemia. Mantivemos um bom equilíbrio entre suprimento e demanda por vidros até o terceiro trimestre, mesmo com os desafios impostos na cadeia de suprimento, os quais não nos permitiram restabelecer os níveis ideais de estoque ao longo desse período. Já no quarto trimestre, houve retração da demanda, o que possibilitou melhorar a recomposição do estoque.
Sobre o mercado de vidros planos, sem dúvida ele passou por uma transformação muito grande. Foram fundamentais para o progresso do setor os modelos de gestão aplicados na melhoria de processos para atender as necessidades dos clientes. Por outro lado, a situação econômica do Brasil deteriorou-se ao longo do ano passado e reduziu o poder de compra dos consumidores. O preço dos vidros considerados commodities estava pressionado em 2019 por uma oferta maior do que a demanda, o que reduziu o valor do produto. Com o início da pandemia, existe uma preocupação maior em trabalhar com estoques mais equilibrados.
Com certeza, a queda no poder de compra teve papel significativo nos resultados de 2021, especialmente no segundo semestre. Isso, somado a outros fatores, como os desafios políticos e econômicos e a inflação pressionando os custos das principais matérias-primas para a produção de vidro, nos coloca em posição de alerta no início deste ano. Contudo, o potencial de melhora do mercado de vidros planos é muito grande.
Com base no atual cenário macroeconômico e de incertezas políticas, esperamos um ano com menor crescimento em comparação ao anterior, mas ainda positivo para todos os mercados consumidores. A construção civil, por exemplo, deverá sofrer redução no ritmo de atividade, em função da queda do poder de compra e da elevação dos juros. Por outro lado, a demanda deve continuar positiva graças aos lançamentos imobiliários realizados nos últimos anos.
Por isso, o setor precisa continuar se transformando e investindo em novas tecnologias para produtos e soluções de alto valor agregado. Somado a isso, o avanço da profissionalização da cadeia vidreira é fundamental para trazer soluções inovadoras para os consumidores e, consequentemente, valorizar os negócios.” Renato Poty, diretor-executivo
Vivix
“No primeiro semestre de 2021, nós tivemos uma demanda de mercado bastante expressiva, com excelentes resultados. No segundo semestre, o saldo também foi positivo, porém menor em comparação ao período inicial do ano.
Em 2020, todos nós fomos pegos de surpresa com a rápida necessidade de isolamento social e os novos formatos de comunicação e de trabalho. Hoje, operamos nesse cenário de pandemia de forma planejada e estruturada. Isso nos permitiu voltar a pensar nas estratégias de longo prazo e nas suas adaptações ao mundo atual, que, com continuidade ou não da pandemia, mudará de forma mais acelerada e intensa.
O fator mais importante para o setor não crescer mais foi a forte alta da inflação de insumos e serviços. Isso afetou não apenas o nosso setor, mas todo o segmento industrial no Brasil e no mundo. Para reverter esse cenário, investimos continuamente em produtividade, eficiência e soluções alternativas para esses insumos. Em 2022, esperamos um crescimento do mercado de vidro plano moderado, na ordem de 3% no total da demanda. Os setores da construção civil, moveleiro e de linha branca devem continuar basicamente em linha com o que aconteceu em 2021. E acreditamos também que haverá um crescimento na indústria automotiva.
Em relação às empresas vidreiras, a busca por eficiência e produtividade, o foco em produtos de maior valor agregado e a capacitação dos agentes da cadeia em contato com consumidor final são, sem dúvida, importantes medidas a serem implementadas. Para que o vidro seja reconhecido como um material nobre, alcançando níveis mais altos de crescimento, é preciso expandir o acesso aos seus mais variados tipos de aplicação, além de divulgar mais amplamente o diversificado portfólio de produtos oferecidos ao consumidor.
É de extrema importância nos adaptarmos às tendências que vieram junto com a pandemia, provocadas por novos estilos de vida, novos olhares para dentro das residências e também para os espaços corporativos que estão sendo adaptados aos novos formatos de trabalho. São muitas as oportunidades para o momento. O vidro pode ser um elemento que proporciona integração com ambientes externos e internos, conforto, iluminação natural, versatilidade, amplitude e fácil limpeza.” Henrique Lisboa, presidente
A Cebrace anunciou o adiamento da reforma do forno C2, localizado em sua unidade fabril de Caçapava (SP). A manutenção preventiva, que seria realizada agora em janeiro, passou para março. Segundo a fabricante de float, a mudança se dá em virtude dos efeitos duradouros da pandemia, ainda responsável por ocasionar atrasos nas entregas de insumos e matéria-prima para o setor da construção em todo o Brasil.
A edição 2021 da Casa Cor Espírito Santo foi realizada de 6 de outubro a 28 de novembro na cidade de Vila Velha. A processadora capixaba Viminas Vidros Especiais forneceu vidros e espelhos a aplicações de destaque em nove ambientes da mostra, bem como para as divisórias que separavam um do outro.
Vários desses espaços chamaram a atenção pelo uso de peças de controle solar. Esse foi o caso, por exemplo, da Suíte Desconecte-se, assinada pela designer de interiores Luciana Mara Mussi. O ambiente contou com janelas pivotantes de Habitat Refletivo Champanhe, da Cebrace. O conforto térmico também foi valorizado na Suíte do Bebê, da arquiteta Luryê Vescovi, com uma janela com vidros Habitat Neutro Incolor temperado.
A Suíte da Filha, projetada pela arquiteta Bia Margon, também tem janelas pivotantes com Habitat Neutro Incolor no espaço do quarto, enquanto o banheiro exibiu um boxe de temperado incolor e espelhos prata com iluminação indireta – todos da Cebrace. Uma peça grande desse mesmo tipo de espelho foi aplicada na Sala de Jantar, do arquiteto Renzo Cerqueira, trazendo ao local a sensação de amplitude e espaço aberto.
Em outubro, O Vidroplano publicou uma matéria especial sobre o mercado de vidros de controle solar para residências. Este mês, voltamos ao tema para apresentar projetos de casas e edifícios residenciais com esses materiais espalhados pelo Brasil. Os arquitetos envolvidos explicam os motivos que levaram à escolha do produto e quais benefícios eles oferecem para as obras.
CASA JJ Local: Eusébio, CE Vidros usados: laminados 4+4 mm de Performa Duo Bronze (Vivix, processados por Amazon Temper), no fechamento frontal
No condomínio Alphaville Eusébio, em Eusébio (CE), a arquiteta Lara Ximenes é a responsável pelo design da Casa JJ. “A fachada principal fica na direção do Sol poente, por isso a importância da utilização desse tipo de vidro, para permitir a entrada de iluminação natural ao mesmo tempo que garante o conforto térmico dos moradores”, explica a arquiteta. De acordo com Lara, a cidade se localiza próximo ao litoral cearense, tendo incidência solar elevada. Isso explica a preocupação dos clientes com esse assunto, afinal eles também participaram do processo de escolha do material a ser aplicado. Como não poderia deixar de ser, o vidro auxilia na eficiência energética do local, exigindo menor uso do sistema de refrigeração.
WAVE ALPHAVILLE Local: Barueri, SP Vidros usados: SunGuard Light Blue 52 (Guardian, processados por Tempermax), nos fechamentos dos apartamentos voltados para as sacadas
Inspirado nos arranha-céus de metrópoles internacionais como Dubai, Nova York e Miami, o Wave Alphaville aposta em formas curvas para trazer movimento e suavidade ao projeto. Criado pelo Studio Era Arquitetura, o prédio, empreendimento da Módena Cipel Incorporadora e Construtora, teve suas obras concluídas em dezembro do ano passado. Os apartamentos, de alto padrão e disponíveis em versões de até três quartos, apostam na tecnologia. Os vidros não ficam de fora dessa escolha: os de controle solar na fachada envidraçada não só barram o calor, mas também contribuem para a transparência que oferece total visão dos arredores.
CASA ONDA Local: Castro, PR Vidros usados: laminados 4+4 mm de Habitat (Cebrace, processados por Linde Vidros), nos fechamentos frontais e em janelas
Assinada pela arquiteta Monica Menarim Requião, do escritório Menarim Arquitetura, a residência ganhou esse nome por conta do telhado curvo que remete ao movimento da água. O projeto se inspira na arquitetura orgânica. Ao imitar formas encontradas na natureza, busca maior interação com o meio ambiente. Aqui, essa ligação é ainda mais forte, já que todas as fases da construção seguiram conceitos de sustentabilidade, fato que concedeu à obra a certificação GBC Brasil Casa, conquistada em 2018. O uso de vidros de controle solar parte desse princípio, pois ajudam a diminuir o uso de energia, graças ao menor uso de ar-condicionado, em torno de 30%. “Nós, arquitetos e urbanistas, estamos atentos ao que o mercado oferece de melhor. Conheci esses vidros em um curso de MBA em construção sustentável e eles me chamaram muito a atenção”, comenta Monica.
CASA AZUL Local: Sinop, MT Vidros usados: Habitat Refletivo Champanhe (Cebrace, processados por Guaporé Vidros), nos fechamentos frontais e em janelas
Outra residência a ganhar certificação de sustentabilidade é a Casa Azul, com design de Carol Barreto. Construída em um condomínio fechado de alto padrão, recebeu o Selo Procel Edificações, outorgado pela Eletrobras e Inmetro para edificações com excelente eficiência energética. Mais uma vez, nosso material contribuiu diretamente para o feito. A versão do Habitat instalada nos vãos, juntamente com esquadrias de alumínio de acabamento amadeirado, barra 40% da entrada de calor. A versão refletiva do produto garante também maior privacidade aos moradores, limitando a visão dos interiores durante o dia. “A qualidade do conforto térmico era uma das prioridades para a busca da certificação. Como a região de Sinop é muito quente, nesse projeto foi priorizada a escolha assertiva dos materiais construtivos”, explica a arquiteta.
JR&M HOUSE Local: Campinas, SP Vidros usados: ClimaGuard SunLight (Guardian, processado por Cyberglass), na fachada frontal
Projeto da Uffizi Arquitetura, a JR&M House tem um total de 450 m², construídos em 2019, num extenso terreno de 900 m², no condomínio Montblanc, em Campinas (SP). A casa recebeu fechamento envidraçado do chão ao teto, ao longo de toda a extensão de sua fachada frontal. Pelo fato de vários cômodos estarem expostos à luz natural (como cozinha e salas de estar e jantar), o vidro de controle solar foi a melhor escolha para preservar o mobiliário, já que consegue reduzir a entrada dos raios ultravioleta, responsáveis por desbotar e estragar objetos e estofados. O material também evita o efeito de ofuscamento no ambiente interno e, claro, garante conforto térmico aos interiores.
CASA JD Local: Fortaleza Vidros usados: laminados 4+4 mm de Performa Duo Cinza (Vivix, processados por Amazon Temper), na fachada frontal
O projeto, do escritório Marcus Novais Arquitetura, buscou aliar a estética contemporânea ao alto desempenho em conforto térmico, juntamente com transparência extra para os interiores. Localizado no condomínio residencial Alphaville Fortaleza, na capital cearense, a Casa JD conta com um pano de vidro em sua parte frontal. “A escolha desses vidros foi guiada também pela necessidade estética de termos um material mais reflexivo na fachada, gerando contraste com a opacidade do restante da estrutura”, conta o arquiteto Lucas Novais. Segundo ele, os clientes se envolveram com as especificações dos diferentes elementos da casa, incluindo o vidro: “Eles entendiam ser o ponto de maior destaque da obra voltado para a rua. Em suma, a solução foi perfeita”.
TRANSPARÊNCIA, PRIVACIDADE E BELEZA
Essas três características estiveram presentes na grande divisória de vidro impresso que separa o quarto do banheiro do closet no espaço Casa A Leve, elaborado pelo escritório Gustavo Martins Arquitetura. A estrutura, fornecida pela Dimare, trouxe peças de Martelado, da Cebrace, aplicadas em esquadrias de alumínio pintadas na cor preta. O fechamento do ambiente utilizou portas de correr feitas com esquadrias da Esqualyvale e vidros temperados incolores 6 mm, também da Cebrace.
LUZ NOS INTERIORES
A presença de iluminação natural marcou a Casa Olaria NJ+, do arquiteto Nildo José. Grandes portas pivotantes, com vidro de controle solar ClimaGuard Sunlight (da Guardian) temperado 10 mm incolor, permitem a entrada em todo o espaço interno da luz que banha o jardim. O Espelho Guardian 5 mm do banheiro, com formato orgânico, foi desenhado pelo próprio Nildo. Por fim, um vão em uma das paredes ganhou revestimento de temperado 10 mm com película branca fosca, de forma a deixá-lo translúcido. Os vidros foram fornecidos e instalados por Silvestre Vidros e Vidros Quitaúna.
PORTAS GRANDES E BOXE AUTORAL
Os arquitetos Alexandre Gedeon e Hugo Schwarz, da InTown Arquitetura e Construção, foram os responsáveis pelo Loft do Colecionador. Ao fundo do ambiente, as portas de correr chamaram a atenção pelo tamanho: cada uma das quatro folhas tinha 3 m de altura e, juntas, somavam 7,5 m de comprimento. A estrutura, instalada pela Sá Martins, levou laminados incolores 10 mm feitos pela Viminas com vidros da Cebrace, aplicados no Sistema Chroma minimalista com pintura eletrostática na cor preto fosco, da Perfil Alumínio. No banheiro, o boxe, desenhado pela própria InTown, era feito de aço carbono e tinha vidros incolores 6 mm da Cebrace (temperados pela STA Vidros) com película de segurança. A estrutura foi fornecida pela Método Esquadrias.
BELEZA ESPELHADA
Reflexos eram o principal conceito da Casa Alva, do escritório BC Arquitetos. Ao longo de toda a área de entrada, a parede revestida de espelhos 5 mm, fornecidos pela AGC e instalados pela Casa Mansur, dava a impressão de que o ambiente tinha o dobro do tamanho, graças à reflexão gerada pelo material. No fundo do local, uma área externa continha o banheiro, formado por uma grande peça de laminado 10 mm com borda antidelaminação, cuja função era isolar a parte destinada ao banho.
CASA COR PE
Instalada no pavilhão externo do Shopping Center Recife até 5 de dezembro, a edição 2021 da Casa Cor PE tem como tema a necessidade de uma pausa em um mundo de excessos, cujo foco é a criação de espaços mais aconchegantes. E, claro, não poderiam faltar nossos materiais por lá. A Vivix, patrocinadora oficial do evento, forneceu vidros e espelhos para diversos ambientes. A seguir, alguns com soluções diferenciadas.
BAR VIVIX, DE JAIME PORTUGAL
O espaço visualmente mais encantador da mostra usa o material em um jogo de cores. A parte externa tem cobertura do vidro de controle solar Performa Duo Azul – com o Sol do dia, as peças ficam num tom azulado, enquanto à noite se tornam transparentes. No interior, o bar se divide exatamente em duas metades: uma totalmente preta e outra totalmente branca. Para gerar o efeito desejado, o revestimento de balcões, paredes e mesas utilizou o vidro pintado Decora nessas respectivas cores. Além disso, enfeitam o local espelhos Spelia incolores e cinzas.
LIVING SECO, DE VITRU ARQUITETOS
Os arquitetos Magno Costa e Thaíssa Tenório se inspiraram nas moradias rudimentares em rocha, ainda encontradas em algumas partes do mundo. Marcado por tons terrosos, o ambiente conta com espelhos Spelia incolores, os quais ajudam a refletir tais cores. Os vidros de controle solar Performa cinzas são aplicados no fechamento do jardim de inverno. Ali estão plantas do Semiárido Brasileiro – outra referência ao tema geral do ambiente.
CAFÉ SANTA CLARA, DE JULIANA DJICK
Reconectar as pessoas em um momento pós-pandemia é a ideia da arquiteta Julian Djick ao construir a estrutura com uma grande varanda, toda fechada com os vidros de controle solar Performa Duo na cor cinza. Com isso, é possível tomar um café sem se sufocar com o calor da capital pernambucana. O expositor de alimentos no interior da loja tem float incolor, permitindo que os visitantes vejam o que está à venda com a transparência necessária.
Em setembro, a Cebrace lançou o GlassTruck. Trata-se de um caminhão que visita clientes por todo o País levando amostras de produtos para simular a aplicação dos vidros da fabricante em fachadas comerciais e residenciais, além de expor a linha de vidros para interiores, realizar ativação de contatos e eventos. Segundo Luciana Teixeira, coordenadora nacional de Trade Marketing da usina, com o GlassTruck é possível visualizar o vidro desejado em um mockup, colocando até quatro produtos diferentes lado a lado, e analisar características importantes para os projetos, como a transmissão e a reflexão de cada um. O cliente tem ainda o acompanhamento do consultor mais próximo do local para dar o suporte necessário sobre questões técnicas dos materiais, incluindo suas normas e regimentos de segurança.
Com a crise de abastecimento energético em curso e o verão, época de maior consumo de eletricidade, chegando em breve, a preocupação com a conta da luz aumenta. Indústrias geralmente apostam em sistemas modernos para gastar menos esse insumo, mas residências também têm soluções para a situação. Além das fontes de energia alternativas como a solar, cujos painéis são produtofeitos com nosso material –, uma opção essencial para a época atual são os vidros de controle solar, especialmente os voltados para o segmento residencial. Disponíveis no mercado há alguns anos, são uma ótima possibilidade de negócios para ser explorada pelas empresas do setor.
O Vidroplano conversou com fabricantes do produto, especialistas e arquitetos para conhecer suas aplicações na arquitetura e também o que fazer para aumentar ainda mais o alcance do material aos consumidores.
Casa com Vivix Performa Duo Cinza: dependendo da tipologia, esses vidros podem garantir não só o bloqueio do calor, mas também maior entrada de luz graças à transparência das chapas, superior à encontrada em alguns produtos direcionados à arquitetura comercial
Aceitação do público
Já se vão quase dez anos do lançamento da primeira linha de vidros de controle solar para residências – a Habitat, da Cebrace, apresentada ao segmento em 2012. De lá para cá, o conforto térmico e a eficiência energética se tornaram temas básicos em qualquer grande projeto arquitetônico. Mas e nas casas e prédios projetados para moradia, isso também ocorreu?
“Vejo que há uma boa aceitação no mercado. Finalmente, os projetistas começam a enxergar o vidro de controle solar como uma solução mais sensata em obras novas, no lugar da tradicional aplicação de películas após a construção”, aponta o engenheiro Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “É importante salientar que muitos empreendimentos residenciais exigem vidros menos refletivos do que os comerciais, pois dispõem de áreas menores de janela. Em muitos casos, os vidros mais transparentes, com menos reflexão, são mais adequados, permitindo maior aproveitamento da luz natural.”
Patrícia Spinosa, gerente da Rede Habitat da Cebrace, comenta que seus produtos estão instalados em milhões de m² de obras pelo País, comprovando a maior exigência dos consumidores apontada pelo professor Westphal. “Claro, há muito a ser explorado em termos de conhecimento e disseminação de informações sobre esse vidro com tecnologia diferenciada, mas a Cebrace trabalha nesse sentido por meio de treinamentos com especificadores, pontos de venda e comunicação digital”, explica Patrícia.
Segundo a arquiteta Cláudia Guimarães, do escritório mineiro Dávila Arquitetura, o crescente uso dos vidros de controle solar teve como principal marco a publicação, em 2013, da norma técnica ABNT NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho. “Esse vidro tornou-se uma das maneiras de garantir o atendimento dos níveis de conforto térmico e lumínico exigidos pelo documento. Em sua maioria, nossos clientes são construtoras e entre as quais existe a conscientização da necessidade da aplicação desse material”, comenta.
Na mostra de decoração Campinas Decor deste ano, a designer de interiores Vani Mazoni usou SunLight, da Guardian, em seu Espaço Conexão. O material foi empregado em uma janela com incidência do Sol, de forma a oferecer conforto térmico aos visitantes que passavam pelo ambiente
O que muda?
Além das estratégias comerciais para alcançar o consumidor residencial, existem diferenças entre essas linhas e as de controle solar “tradicionais”? Viviane Sequetin, gerente de Marketing da Guardian, explica: “Para o desenvolvimento dos produtos, são definidos os principais atributos necessários especificamente para atender as necessidades e tendências do setor residencial, incluindo o bem-estar dos usuários, com foco no conforto e buscando a combinação ideal entre entrada de luz e bloqueio de calor”. De forma geral, ela aponta, as linhas contam com vidros neutros, os quais oferecem alta transmissão luminosa e baixa reflexão interna e externa – a combinação ideal para residências.
Portanto, a diferença está nas especificações técnicas. O processo de produção é o mesmo de outros vidros com revestimento, sendo dividido em dois tipos: online ou offline. No online, os materiais metálicos que compõem a camada de proteção solar são depositados em uma das faces da chapa na própria linha de produção do float, como explica Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix: “Pelo fato de a peça ainda estar quente, esses materiais se fundem a ela, fazendo com que a camada adquira a mesma resistência mecânica do vidro”. Já no offline, essa etapa se dá em uma linha independente, própria para isso, utilizando um equipamento à vácuo chamado coater.
“O maior desafio está no entendimento das demandas desse mercado”, afirma Patrícia Spinosa, da Cebrace. “Como vivemos em um país tropical, com alta incidência solar, para termos integração de espaços dentro de casa sem abrir mão do conforto, esse vidro é o melhor aliado.”
E o apelo pelo item não vem apenas de sua característica principal, como argumenta Westphal: “Muitos guarda-corpos são executados com vidros de controle solar laminados por questões estéticas. Com o tempo, o uso naturalmente vai se expandindo para as janelas de dormitórios e salas, à medida que se aumenta a demanda e há redução no preço dos produtos”. A tendência da aplicação de laminados para melhorar o desempenho acústico das esquadrias pode facilitar a utilização de um vidro de controle solar nessa composição. “No caso, o incremento no custo fica muito menor do que comparado a uma situação original com vidro monolítico”, exemplifica o professor.
Em vãos que recebem diretamente luz natural ao longo do dia, o vidro de controle solar ajuda na preservação dos móveis e demais objetos no interior da residência, principalmente itens estofados, com maior tendência para desbotar e perder a cor original
Dinheiro no bolso
A economia trazida pelos vidros de controle solar se dá em várias frentes. “A primeira, e mais óbvia, por permitir a entrada de luz natural ao longo do dia, o que reduzirá a necessidade de luz artificial. A segunda, por reduzir a utilização de equipamentos para climatizar o ambiente interno, como ar-condicionado, climatizadores e ventiladores”, reforça Luiz Barbosa, da Vivix. “Diante dos aumentos sucessivos da tarifa de energia, é imprescindível que o consumidor adote medidas para garantir o consumo racional”, reforça Viviane, da Guardian. De acordo com ela, os vidros de controle solar podem reduzir em até 75% a entrada de calor em uma casa – dependendo da tipologia do produto.
Na prática, isso pode ser confirmado? Segundo Westphal, em estudo recente do qual participou, feito por simulação computacional para um apartamento de três dormitórios em São Paulo, o uso desse material conseguiria reduzir o consumo de energia em climatização em cerca de 25%. Isso demonstra a eficácia da solução além da teoria.
E os benefícios não ficam restritos à economia na conta no fim do mês. “À parte do conforto ambiental, devemos pensar também em benefícios para a saúde, uma vez que os raios UV são prejudiciais ao corpo humano — e esses produtos são capazes de barrar boa parte deles para fora das edificações”, alerta a arquiteta Cláudia Guimarães.
Portanto, da próxima vez que pensar em uma casa confortável, lembre-se de que os vidros de controle solar podem exercer papel fundamental para o aconchego do lar.
Em Brasília, o residencial Via Ômega, projetado pelo escritório Dávila Arquitetura, ganhou design modernista, com marquises no térreo e painéis de azulejos nas áreas comuns. Na fachada, panos de vidros de controle solar com o objetivo de amenizar o forte calor da capital brasileira
As soluções disponíveis
Confira alguns dos materiais indicados para aplicação em residências:
– Habitat
Pensada exclusivamente para o clima brasileiro, a linha da Cebrace foi a pioneira no País a ser desenvolvida a partir da necessidade de conforto térmico e estético para esse tipo de construção. Bloqueia quase 100% dos raios ultravioleta (UV), protegendo móveis do desbotamento precoce.
– ClimaGuard SunLight
Com capacidade de bloquear duas vezes mais calor do que um vidro comum, o vidro da Guardian permite a entrada adequada de luz solar, evitando o efeito de ofuscamento no ambiente interno.
– Vivix Performa
Lançada há pouco mais de três anos, também é um produto exclusivo para o clima nacional, embora não seja direcionado apenas para o segmento residencial. Barra a entrada de até 65% da radiação solar direta incidente.