Este ano, a AGC participou do projeto de revitalização do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na capital paulista. Para essas obras, realizadas de janeiro a março deste ano, a usina vidreira doou cerca de 2,2 t de espelho Mirox Premium incolor 6 mm — o material foi usado na reforma dos banheiros e vestiários do museu. O espelho apresenta alta resistência a manchas, corrosão e produtos de limpeza ao longo do tempo.
Para dizer o mínimo, 2016 foi um período bastante difícil para o setor vidreiro nacional. Ao mesmo tempo que digeríamos a redução de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 9,9% do consumo de vidros planos em relação ao ano anterior, seguimos com baixo desempenho econômico — as estimativas são de queda de 3,5%. Se não bastasse, vivemos em meio a um caos político que permanece mesmo após a queda da ex-presidente Dilma Rousseff.
Sérgio Goldbaum, da GPM: “A evolução da economia brasileira depende do acerto político”
Diante disso, é natural o temor de que 2017 repita o mesmo cenário. “Não estamos exagerando ao afirmar que a evolução da economia brasileira, mais do que nunca, depende do acerto político entre os vários setores da sociedade”, ressalta o economista Sérgio Goldbaum, professor da Escola de Administração e Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e sócio da GPM Consultoria Econômica. “O momento é de cautela e de muita observação ao debate sobre as reformas (em especial a da Previdência), mas existe, sim, a possibilidade, não desprezível, de alguma retomada da economia a partir do segundo semestre de 2017”, complementa.
Setor vidreiro
“É preocupante a sobreoferta na usina de base. Ela possui capacidade produtiva superior ao consumo atual e dificuldade de promover ajustes, tanto para reduzir sua produção como para exportar excedente”, afirma Alexandre Pestana, presidente da Abravidro. Ele avalia também os demais elos da cadeia produtiva: “A indústria de transformação fez muitos investimentos, está com alto nível de endividamento e capacidade ociosa, ocasionando uma competição destrutiva com a perigosa deterioração das margens. O varejo se desorganizou e muitos sucumbem às dificuldades do momento”.
Apesar disso, o dirigente da Abravidro acredita que ações individuais de cada empresa podem fazer a diferença. “Precisamos tornar nossas empresas mais eficientes e produtivas, ter custos menores e entregar um produto e serviço de qualidade cada vez maior”, afirma.
Para termos ideia do que aguarda nosso mercado este ano, O Vidroplano entrevistou todas as usinas vidreiras do Brasil sobre seus planos e perspectivas para 2017. Responderam às mesmas perguntas Franco Faldini, gerente-executivo de Vendas e Marketing da AGC do Brasil; Flávio Alves Vanderlei, gerente-comercial da Cebrace; Juan Carlos de Abreu, diretor de Marketing da Guardian; Marcelo Machado, gerente-geral da Saint-Gobain Glass; Sérgio Minerbo, presidente da União Brasileira de Vidros (UBV); e Henrique Lisboa, diretor-comercial e de Marketing da Vivix. Pestana analisou cada um dos temas a partir das respostas dos executivos. Confira o resultado a seguir.
Expectativas para 2017
Quais são as expectativas da empresa para o mercado vidreiro nacional em 2017? Estima-se que haverá crescimento, estagnação ou queda no consumo de vidros planos?
Palavra de presidente
Nota-se um consenso entre os executivos das usinas vidreiras de que este ano será similar ao anterior e, se houver crescimento, ele será tímido e restrito ao segundo semestre. Os economistas Sérgio Goldbaum e Euclides Pedrozo Jr., sócios da GPM, destacam o ambiente de incertezas e a dependência de reformas e mudanças regulatórias para o Brasil — e para o vidro — reencontrar o crescimento sustentável. Os termos “desafio” e “atenção” resumem o ano que começa.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “A AGC acredita que o ano de 2017 continuará trazendo desafios relativos à demanda, mas estamos confiantes que haverá crescimento no setor, considerando as estimativas de crescimento do PIB do País, em torno de 1%”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Em 2016, a situação econômica de nosso país teve grande influência das incertezas políticas, as quais continuam influenciando o ambiente econômico deste ano. Nesse sentido, ainda estimamos ter um primeiro semestre de crescimento quase nulo e uma sinalização de retomada a partir do segundo semestre. Esperamos que o crescimento da economia, mesmo que pequeno, acompanhe as expectativas informadas pelos órgãos competentes e seja refletido para todos os segmentos”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Assim como foi em 2016, acreditamos que este ano será de desafios para o mercado. Como o setor depende da economia do País para se recuperar, o que deve acontecer a médio e longo prazos, vejo de forma conservadora uma melhora significativa no curto prazo. Para 2017, continuaremos aprimorando os processos, aumentando a eficiência e desenvolvendo produtos e serviços para as necessidades do mercado, criando valor para a sociedade e clientes e dando suporte aos parceiros para que prosperem.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “O ano de 2016 foi difícil em comparação com 2015. A instabilidade política e a crise econômica se refletiram nos negócios e reduziram significativamente os investimentos de uma forma geral. No entanto, sempre acreditamos no desenvolvimento do setor, já que o mercado vidreiro é muito maduro e já passou por outras dificuldades, sempre se reerguendo. Para 2017, mesmo com tantas incertezas, não é possível desanimar. Precisamos continuar a acreditar no País e saber que a recuperação também depende das empresas, as quais devem aproveitar o momento para desenvolver novos canais”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Iniciamos o ano com duas boas notícias: a inflação abaixo do teto da meta e a redução da taxa Selic [Sistema Especial de Liquidação e Custódia]. São indicadores importantes que, mais do que representar um ponto de vista econômico, sinalizam otimismo, e isso é sentido pelo consumidor. Inicialmente, acreditamos em um 2017 similar a 2016, ou seja, sem grandes mudanças nem para pior, nem melhor. Mas sempre gosto de lembrar que existe demanda reprimida no segmento da construção, e isso pode ser um fator surpresa positivo”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Em nossas projeções, acreditamos que o mercado de vidros planos apresentará, em 2017, um resultado semelhante ao de 2016. E entendemos que o seu crescimento será gradativo a partir de 2018. Deveremos ter em mente que será um ano desafiador e que exigirá de toda a cadeia vidreira melhor planejamento, gestão responsável e criatividade. Continuaremos fazendo a nossa parte e buscando alternativas que minimizem o efeito do atual cenário”.
Expectativas para 2017
Produto Interno Bruto (PIB): crescimento de 0,5%
Produção industrial: crescimento de 1%
Inflação oficial (IPCA): 4,8%
Fonte: Focus – Relatório de Mercado, publicado pelo Banco Central do Brasil em 13 de janeiro de 2017
Valor agregado
O Panorama Abravidro 2016 mostrou que a participação dos vidros processados dentro do total consumido cresceu em 2015. Qual a avaliação sobre isso e a expectativa para 2017?
Palavra de presidente
Essa questão é estratégica nas cadeias mundiais de vidro plano. A participação de vidros de alto desempenho no Brasil é baixa, com potencial de crescimento mesmo em momentos adversos. Sempre se pode substituir um vidro comum por um temperado ou laminado e provar ao consumidor que um vidro de controle solar trará muito mais conforto e economia para sua casa.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “Fica evidente que o vidro de maior valor agregado está ganhando mais espaço no mercado. Isso mantém o setor aquecido mesmo com a retração do consumo de vidros e possibilita também um equilíbrio na rentabilidade das empresas que atuam com esse segmento”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Temos visto em alguns segmentos uma capacidade instalada muito superior à demanda, gerando assim uma competição que deteriora as margens dos vários elos da cadeia — isto é, processadores, distribuidores, vidraceiros”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “O mercado em recessão ajuda o Brasil a se profissionalizar, desenvolvendo-se rápido. Com isso, a demanda por produtos processados deve continuar sua tendência mesmo que pressionado pelas condições de mercado. Isso demonstra a necessidade de investir em produtos e em treinamento da cadeia”.
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “No mercado de vidros impressos, o consumo de vidros processados é muito utilizado para decoração. Acreditamos que o brasileiro está percebendo as vantagens estéticas e funcionais da aplicação dos vidros nos ambientes internos”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Temos visão similar. Nossos vidros de 7, 8 e 10 mm são processados e a venda dessas famílias se manteve mais estável, embora em volumes inferiores aos anos anteriores. Para 2017, acreditamos na manutenção do crescimento dos processados em relação ao montante de vidro plano consumido no País”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “As aplicações dos processados no Brasil ainda são bastante primárias. Há um baixo conhecimento sobre os benefícios desses produtos. Para o crescimento significativo do consumo, serão necessários investimentos em divulgação e em capacitação para a cadeia”.
Consumo de vidros laminados entre 2009 e 2015: aumento de 120%
Fonte: Panorama Abravidro 2016
O setor vidreiro no Brasil em 2015 Em relação ao ano anterior:
Capacidade nominal de produção: 6.950 t
Consumo total de vidros planos: queda de 9,9%
Consumo per capita de vidros planos: queda de 10,7%
Faturamento de vidros processados não automotivos: queda de 17%
Empregos na indústria de transformação: redução de 12,8% (mais de 4 mil vagas)
Fonte: Panorama Abravidro 2016
Intenção de investimentos Há previsão de novos investimentos por parte de sua empresa neste ano?
Palavra de presidente
Como era previsto, a maioria dos investimentos em 2017 estará direcionada para serviços, ampliação de mix e aprimoramento dos processos internos das usinas de base. Diferente dos últimos anos, o foco é qualitativo e não mais em aumento quantitativo de capacidade produtiva. Como o Brasil tem como principal fragilidade sua capacidade competitiva e baixa produtividade, atacar esses pontos será a melhor forma de reverter o atual momento.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “Em 2016, a AGC anunciou a construção de um forno, proporcionando mais que dobrar a capacidade diária de produção de vidro. A obra, já em andamento, é uma das grandes prioridades da AGC em 2017 e 2018”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “A Cebrace realizou investimentos em capacidade e em modernização de seu parque industrial, no sentido de bem-atender o mercado e ajudá-lo a evoluir. Em 2017, o foco estará em novos produtos e em projetos especiais, buscando oferecer alternativas para que nossos clientes sejam ainda mais competitivos”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Sim, temos previsão de continuar com os investimos em 2017. Eles serão divulgados no momento oportuno.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “Sim, a Saint-Gobain Glass continuará com nosso plano de investir fortemente em nossos recursos humanos. Também investiremos para melhorar a produtividade e inovar com novos produtos, de modo a apresentar sempre as melhores alternativas aos nossos clientes”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Planejamos investir em melhorias operacionais que se traduzirão em qualidade e aspectos visuais, homogeneidade das texturas etc.”
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Dando continuidade ao nosso planejamento de ampliação do portfólio de produtos, lançaremos, no segundo semestre, a nossa linha de vidros de controle solar”.
Como preparar a empresa vidreira para 2017?
Para Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica, a retomada do crescimento do mercado de vidros planos depende da evolução dos setores que fazem uso do material, como o de construção civil, automotivo e de eletrodomésticos. Portanto, para que se faça um bom planejamento, recomendam:
Acompanhar a conjuntura econômica e política do País;
Procurar novos mercados em potencial;
Defender o mercado doméstico contra a concorrência desleal;
Articular-se com outros segmentos da indústria na defesa dos interesses do setor, de maneira republicana e sem prejudicar a concorrência no setor.
Segmentação de mercado
Dentre os segmentos que mais utilizam vidro, há algum deles que a empresa considera estratégico para 2017? Em caso positivo, qual deles e por quê?
Palavra de presidente Conforme colocado pelos economistas da GPM, a construção civil tem as expectativas mais pessimistas se comparadas com as dos outros setores, enquanto a produção automotiva caiu mais de 34% nos últimos dois anos — o que sugere uma recuperação lenta e gradual. Precisamos voltar nossa atenção aos consumidores de vidro que possuem capacidade de recuperação mais rápida, como os de pequenas obras e reformas, decoração e uso interno nas habitações.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “A AGC continuará com a sua estratégia voltada para o desenvolvimento dos vidros de valor agregado, como os vidros para decoração, movelaria e linha branca, além de novidades em vidros refletivos. O automotivo também é uma das forças estratégicas da empresa e estamos esperando grandes oportunidades com a retomada de crescimento da indústria”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Devido à participação na utilização de vidro em nosso mercado, a construção civil sempre terá um foco especial para os nossos projetos. Porém, estamos frequentemente procurando desenvolver os demais mercados com soluções inovadoras, para que a participação destes evolua”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Neste momento de crise, precisamos estar atentos a todas as oportunidades. Apesar do momento ruim da construção civil, esta continuará sendo uma das nossas prioridades. Além disso, estamos trabalhando para ampliar a presença da Guardian nos segmentos moveleiro e de decoração. Para atender esse importante nicho, em 2016, nacionalizamos a produção do vidro DecoCristal — e a expectativa é dobrar sua produção nos próximos cinco anos.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “Acreditamos no potencial de crescimento do segmento de decoração para 2017. Isso porque é um mercado grandioso, com infinitas possibilidades e que tem no vidro impresso uma opção versátil, que pode ser utilizada das mais diferentes formas, agregando beleza e sofisticação aos ambientes”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Praticamente, toda a nossa venda é para o segmento da construção civil e movelaria. Portanto, é para eles que olhamos com mais foco. Mas a economia está toda interligada, com diferentes velocidades de reação. Sem construção civil, não tem demanda para móveis, não tem decoração, não tem linha branca. No limite, não tem garagem para guardar o automóvel!”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Todo o nosso mix de produtos tem a sua importância e, com exceção do automotivo, estamos desenvolvendo ações voltadas para esses segmentos”.
Construção civil Em 2016
Índice de Atividade da Construção Imobiliária: -13,4% em relação a 2015 [1]
Vendas do comércio varejista de material de construção: -11,5% no acumulado de doze meses até novembro [2]
Custo Unitário Básico (Cub) médio Brasil (dezembro/2015 a novembro/2016): alta de 5,74% [3]
Cenário para 2017
Segundo Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica:
O setor deve retomar o crescimento, mas a médio prazo;
O envolvimento de parte das grandes empreiteiras nas investigações da Lava Jato e as altas taxas de juros no País impedem uma reação mais rápida.
Fontes:
[1] Tendências e Neoway Criactive
[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
[3] Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC)
Lançamentos de produtos
Há planos para o desenvolvimento ou lançamento de novos produtos no Brasil este ano? Se sim, quais são?
Palavra de presidente
Mesmo com a atual redução da área consumida de vidro, o potencial latente para produtos mais sofisticados é gigante e aproveitá-lo é a melhor forma de atenuar os efeitos da crise.
Franco Faldinii (AGC)
Faldini (AGC): “Temos grandes novidades para os nossos clientes em 2017. Novos produtos, novas tecnologias para a linha de vidros refletivos e grandes lançamentos em vidros decorativos. Teremos mais detalhes assim que finalizarmos as campanhas para divulgação”.
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Vanderlei (Cebrace): “Sim, temos várias previsões de lançamentos para este ano, como produtos de proteção solar, vidros diferenciados para aplicação na construção civil e também novos produtos para o mercado de decoração e para linha branca”.
Juan Carlos Abreu (Guardian)
Abreu (Guardian): “Estamos trabalhando para sempre oferecer respostas às necessidades do nosso mercado, evoluindo em produto e serviço. Em breve, anunciaremos nossas novidades.”
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Machado (Saint-Gobain Glass): “A Saint-Gobain Glass trabalha com um portfólio diversificado, mas continuamos sempre atentos acompanhando as tendências da arquitetura e procurando novos nichos de mercado para esse produto tão nobre e valorizado que é o vidro. No momento, ainda não temos a previsão de lançamento de produtos para este ano, mas nossas pesquisas e estudos sobre o assunto continuam em constante andamento”.
Sérgio Minerbo (UBV)
Minerbo (UBV): “Queremos fortalecer a presença dos produtos consagrados e consolidar o Mini-Boreal 7/8 mm, lançado no ano passado e que tem sido um impulsionador de vendas”.
Henrique Lisboa (Vivix)
Lisboa (Vivix): “Como citado anteriormente, ampliaremos o nosso portfólio de produtos com o lançamento dos vidros de controle solar”.
Setor automotivo
Em 2016
Produção automotiva (janeiro a novembro): queda de 11,2% [1]
Vendas de automóveis: queda de 20,47% [2]
Cenário para 2017
Para Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica:
A redução dos juros pode influenciar o aumento na demanda de automóveis, mas ele também depende da diminuição do desemprego;
A produção e as vendas no setor automotivo podem se estabilizar nos próximos meses, mas de forma lenta e gradual.
Fontes:
[1] Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
[2] Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)
Instalação de vidros da AGC na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, foi desafio técnico para a processadora Speed Temper
Vidros laminados ou com impressão digital não são novidade na arquitetura faz muito tempo. Porém, seu uso ainda surpreende: o segredo é buscar diferentes formas de beneficiamento e instalação do material. E é exatamente isso o que pode ser visto na Biblioteca Mário de Andrade, localizada no Centro de São Paulo. A paulistana Speed Temper, processadora responsável pela obra recém-instalada no local, encontrou um desafio: manter a qualidade das imagens impressas em alta resolução após a têmpera. O resultado apresenta uso de cores sobrepostas e distorção óptica, tudo com o intuito de alcançar o desejo do criador da obra.
O que é a obra?
Com 1,6 t e ocupando uma área de 150 m², a instalação é uma iniciativa da Abividro. Chamada Série biblioteca, é composta por dezesseis grandes painéis de temperados laminados incolores (5 mm+PVB+5 mm), fornecidos pela AGC e processados pela paulistana Speed Temper. Em ambas as faces dos vidros estão impressos retratos de visitantes e funcionários da biblioteca, além de um autorretrato do artista plástico Alex Flemming, criador da obra que liga a recepção à sala de leitura e pode ser vista tanto por quem está dentro como pelos que transitam fora do edifício.
Como foi feita?
A Speed Temper usou tecnologia de impressão digital da israelense Dip-Tech. As duas chapas que formam o “sanduíche” receberam a mesma imagem com cores diferentes: uma em tinta branca e outra em duas tonalidades diferentes (azul com vermelho ou verde com azul).
Na sequência, os vidros foram temperados e laminados. Durante o processo de laminação, teve-se o cuidado de deixar o lado impresso em contato com o PVB. Com isso, a tinta fica protegida contra riscos, manchas e atos de vandalismo.
Mais detalhes
O projeto buscou inspiração em outra instalação assinada por Flemming, presente na estação Sumaré do metrô paulistano — lá, as placas de vidro também ganharam serigrafias com retratos. “Sempre fui fascinado pela beleza do ser humano e, como acredito que todos nós somos iguais, considero a miscigenação uma das grandes virtudes do Brasil”, explica o artista. “São Paulo se apresenta cosmopolita, multicultural e inesgotável.”
Biblioteca Mário de Andrade Inauguração: 1925 Valor cultural: tem o segundo maior acervo documental e bibliográfico do País, com 3,3 milhões de títulos, atrás somente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Edifício sede: localizado no centro histórico de São Paulo, foi inaugurado em 1942. É um dos marcos do estilo art déco em São Paulo Endereço: Rua da Consolação, 94 — Consolação, São Paulo, SP Horário de funcionamento: 24 horas
No fim de junho, a AGC Vidros do Brasil anunciou a saída do italiano Davide Cappellino (presidente) e do belga Denis Ramboux (diretor-comercial e de Marketing). Cappellino permanecerá como presidente da AGC Vidros do Brasil até o final do ano, mas, já morando fora do País, vai se tornar responsável pela divisão Fabrication (vidro processado) da AGC Europa. Ramboux deixará seu cargo no Brasil no final de agosto e será o diretor de Desenvolvimento de Negócios para os países emergentes.
Aqui no Brasil, o italiano Francesco Landi passa a ser o gerente-geral de Vidros para Construção e Indústria, enquanto os brasileiros Franco Faldini e Fábio Oliveira assumem os postos de gerente-executivo nacional de Vendas e Marketing e de diretor-financeiro e de Serviços, respectivamente.
Os planos não mudam
Em entrevista exclusiva para Celina Araújo, editora de O Vidroplano (disponível na íntegra no site da Abravidro), Ramboux garantiu que nada será alterado no planejamento para a construção do segundo forno da AGC no Brasil, também na cidade de Guaratinguetá (SP). “Em 2011, recebemos a missão de construir uma fábrica e desenvolver o mercado”, explicou Ramboux. “Hoje, temos muito orgulho de nossa AGC. Acreditamos que a missão foi cumprida e que chegou a hora de voltar.”
“O mercado vidreiro brasileiro é único e extraordinário!”, comentou o executivo. “É tecnicamente bem-desenvolvido, com empresários dinâmicos, máquinas de primeiro mundo e qualidade em plena evolução”. E aconselha: “O Brasil é um país fantástico e tem um grande futuro pela frente: acreditem no futuro de vocês, como nós, da AGC, acreditamos”.
Este texto foi originalmente publicado na edição 520 (abril de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui
No dia 6 de abril, a AGC revelou que sua segunda fábrica no Brasil (cujo anúncio oficial foi feito na edição de março de 2016 de O Vidroplano) será erguida na cidade de Guaratinguetá, no interior de São Paulo. O município já tem a sede da atual planta da multinacional, inaugurada em 2013. Os vidros fabricados pela nova unidade da AGC no Brasil serão destinados ao setor de construção civil e, quando o forno entrar em operação, a capacidade de produção diária da empresa passará de 600 para 1.450 t, tornando-a a segunda maior fabricante em capacidade produtiva do País. Espera-se que a nova unidade seja finalizada em 2018, gerando cerca de mil postos de trabalho e quinhentos empregos diretos e indiretos. Mais informações: www.agcbrasil.com
Este texto foi originalmente publicado na edição 519 (março de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui
Na tarde do dia 10 de março, em um hotel próximo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, a editora de O Vidroplano, Celina Araújo, conversou com Jean- François Heris, presidente global da divisão Building (produtos para construção civil) da AGC. Participaram também do encontro Alexandre Pestana, presidente da Abravidro, e o presidente da AGC Vidros do Brasil, Davide Cappellino. Minutos antes de dar a notícia a um grupo de 20 clientes, Heris anunciou em primeira mão a construção da segunda fábrica
da AGC no Brasil (leia mais na pág. 15), além de revelar a visão da Entrevista exclusiva: Alexandre Pestana e Celina Araújo conversaram
com Jean-François Heris e Davide Cappellino, executivos da AGC empresa sobre o mercado vidreiro nacional em meio ao momento econômico ruim. Como o mundo todo já sabe, o Brasil passa por uma séria crise econômica. Por que a AGC irá investir no País nesse momento conturbado? Heris – Essa decisão está totalmente alinhada com a escolha que a AGC fez cinco anos atrás de entrar no Brasil, pois acreditávamos muito no grande potencial a longo prazo deste país. E essas condições continuam. A decisão da segunda fábrica dá continuidade à nossa implementação por aqui. O Brasil está, sem dúvidas, enfrentando um momento difícil, mas a cadeia vidreira e seus empreendedores continuam criando valor e tendo um potencial importante.
Qual o balanço que a AGC faz da presença do grupo no Brasil até agora? Heris – Obviamente, tivemos de dar os passos necessários de quem começa uma produção desse porte, enfrentando os desafios do mercado, que já teve momentos mais fáceis que outros. Tivemos também um time que trabalhou duro para alcançar as metas e clientes que apreciaram o que oferecemos. Por isso, estamos satisfeitos com nossos dois anos de produção de vidro no Brasil. Quando a segunda planta de vocês começar a operar, a AGC irá fabricar 1.450 t de ‘float’ por dia. Vocês pretendem atingir algum mercado específico com esse aumento? Heris – Temos objetivos de longo prazo para o Brasil e para a América do Sul, com uma fatia de mercado que seja comparável ao que temos em outras regiões, sempre em torno ou acima de 20%. A intenção é aumentar a capacidade instalada para acompanhar o crescimento de nossa participação no mercado brasileiro, pensando também na exportação para países vizinhos, acelerando nossa presença nesses lugares.
Para quais setores essa produção será direcionada? Heris – A produção do nosso segundo forno, de 850 t por dia, vai ser focada para os produtos voltados para a construção: aplicações externas, fachadas, decoração etc. Em geral, o forno já existente vai continuar a atender o segmento automotivo. Atualmente, tem-se um momento difícil em termos de volume de vendas de carros no Brasil, mas também temos confiança de que, mais uma vez, pelos
elementos estruturais do País, o volume volte a crescer.
Vocês mencionaram que a nova fábrica será construída na Região Sudeste. Quais fatores podem determinar a escolha da cidade? Heris – Por enquanto, ainda estamos explorando algumas opções. Claro, um candidato natural é Guaratinguetá, mas temos outras opções bastante interessantes também. Daqui a duas ou três semanas [esta entrevista foi concedida em 10 de março], vamos divulgar a localização.
A experiência de vocês deve confirmar que, no Brasil, gasta-se muito tempo para a aprovação de licenças ambientais e outros documentos necessários para o início de uma obra desse porte. A AGC já possui um cronograma do projeto? Heris – Nosso plano é terminar a construção no final de 2018. A parte de licenciamento ambiental ainda depende
da localidade exata. Já começamos a trabalhar vários cenários e logo vamos formalizar o pedido às autoridades. Mas, na verdade, não estamos muito preocupados com essa questão. No primeiro float, a AGC já tomou uma posição de respeito muito forte às legislações ambientais, até mesmo na aplicação das melhores tecnologias disponíveis. Então, acreditamos que será um processo bastante rápido, que vai nos permitir manter nosso planejamento.
Existe algum fator que poderia atrasar o cronograma da AGC? Por exemplo, se a economia piorar ainda mais… Heris – A AGC tem o “DNA” japonês: quando fala, faz. E faz aquilo que fala. Vocês nunca viram no passado anúncios ou boatos sobre o segundo forno da AGC. A AGC fala só quando sabe que pode falar. E agora é pra valer.
Hoje, o Brasil possui quatro fabricantes de ‘float’, sendo que dois deles (Cebrace e Vivix) já anunciaram projetos para a construção de novas linhas — aguardam apenas um melhor momento econômico para iniciá-los. Vemos, portanto, maior competição para a manutenção ou aumento das participações de mercado. Como vocês avaliam essa situação? Heris – A AGC não está fazendo projetos. Os acionistas da AGC tomaram a decisão: o novo forno está financiado, decidido, até mesmo presente no site oficial do grupo. Estamos falando da realidade. Não gostamos de comentar os concorrentes. São grandes empresas que obviamente têm projetos. Mas, de qualquer jeito, estamos implementando uma decisão tomada.
Vocês acreditam que o mercado brasileiro irá comportar a quantidade de vidro fabricada se os concorrentes da AGC iniciarem seus projetos de novas fábricas nos próximos anos? Heris – A AGC chegou no Brasil com uma proposta para nossos clientes, envolvendo produtos de alta qualidade, inovação, logística e confiabilidade. Fizemos uma promessa e queremos entregá-la. Fazemos esse investimento para que os clientes continuem a contar conosco, para que eles possam crescer junto com a AGC.
Quando a AGC acendeu seu forno, em 2013, foi anunciado que o grupo estava planejando a construção de um ‘coater’ para 2015 ou 2016. Vocês ainda querem fazer esse investimento? Heris – Não temos decisões tomadas sobre a instalação de um coater. Estamos acompanhando muito de perto a evolução do mercado dos produtos que poderíamos produzir nesse equipamento. A AGC já tem a tecnologia em casa, nós mesmos produzimos os nossos coaters. Quando acharmos que teremos espaço para o projeto, a implementação vai ser bastante rápida.
Gostaria de deixar alguma mensagem especial para o setor vidreiro brasileiro? Heris – O Brasil está enfrentando um momento difícil, isso é claro. Mas os brasileiros podem ter muito orgulho de sua capacidade de empreender, de trabalhar, da sociedade e também da cadeia vidreira nacional. É uma tendência natural ser exageradamente pessimista na crise e exageradamente otimista nos momentos bons. Nós achamos que todos da cadeia precisam ter confiança, orgulho daquilo que sabemos fazer, acreditar na nossa capacidade de mudar as coisas. Achamos que a retomada da economia pode acontecer bem mais rápido do que se espera.
Este texto foi originalmente publicado na edição 519 (março de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui
Assim como todos os integrantes de nosso mercado, confesso que fui surpreendido com o anúncio do investimento da nova linha de produção de float feito pela AGC. Passada a surpresa inicial, constatei que a entrada de novos players no vidro do Brasil está tendo consequências além daquelas imediatamente previstas.
Anteriormente, novas linhas eram construídas quando o mercado já estava maduro para absorver sua produção — tínhamos até nos acostumado à tradicional falta de matéria-prima nos momentos de demanda aquecida às vésperas do acendimento desses fornos. Agora, assim como ocorre em nossa indústria de transformação, o investimento é feito a partir de uma expectativa de consumo futuro. Portanto, num cenário de baixa atividade e sobre-oferta de vidro como o atual, a atitude da AGC pode parecer precipitada — assim como três anos atrás seria loucura imaginar uma queda tão grande como vivenciamos hoje.
Outro ponto importante é o fato de a líder mundial em fabricação de vidros decidir alinhar a sua participação de mercado ao que já tem em outras partes do mundo. Essa visão melhora a posição de nosso país no contexto vidreiro global, principalmente no acesso a novas tecnologias para aplicação do produto.
O anúncio da AGC também sinaliza um novo arranjo de forças do vidro no Brasil, com uma competição cada vez mais acirrada entre as fabricantes e, certamente, uma reavaliação mais profunda por parte de quem opera no País há mais tempo.
Conforme as manifestações de vários clientes da AGC no momento do anúncio do novo forno, a decisão da empresa vem como uma luz no fim do túnel para quem está bravamente lutando para ultrapassar os tão amargos dias atuais. Eles nos obrigaram a olhar um pouco mais à frente, nos lembrando que estão mantidos vários fundamentos que impulsionaram um crescimento vultoso de nosso mercado entre 2006 e 2013. Nosso déficit habitacional e de infraestrutura ainda é gigantesco e, portanto, temos um baixo consumo de vidro per capita comparado a outros países, o que nos leva a um enorme potencial de desenvolvimento.
Vejo que os japoneses estão se organizando para o Brasil de 2019. E você, está preparando sua empresa para quando o mercado voltar a crescer?
Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos