Estima-se que o mercado brasileiro tenha hoje quase seiscentas processadoras. Mesmo assim, apenas oitenta delas têm seus vidros temperados certificados. Buscando conscientizar o setor sobre a importância de obter a chancela concedida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o VidroCast recebeu Edweiss Silva – mais conhecido como Ed –, consultor de certificação da Abravidro, para um bate-papo informativo com Iara Bentes, superintendente da associação e editora de O Vidroplano. Leia a seguir alguns pontos abordados na conversa e assista ao episódio na íntegra no canal da Abravidro no YouTube.
Ed, o que é a certificação do vidro temperado?
Ed Silva – É bem simples: é a autorização do Inmetro para que as empresas possam ostentar seu selo de qualidade, o reconhecimento máximo do organismo no Brasil para atestar a qualidade dos produtos.
Esse direito de ostentar a marca do Inmetro é resultado de um processo por parte da empresa que busca essa certificação. Como é esse processo?
ES – Em resumo, a empresa precisa, primeiro, instalar um sistema de gestão da qualidade para que o processo produtivo e administrativo siga alguns requisitos mínimos. Na sequência, o produto fabricado – no caso, o vidro temperado – deve ser testado por laboratórios acreditados pelo Inmetro. Se tanto a gestão da empresa como o resultado dos ensaios do produto forem aprovados, ela recebe a concessão para utilização do selo.
No caso do temperado, quais são as vantagens que a certificação traz para a processadora certificada?
ES – São várias vantagens. Uma delas é poder mostrar para o seu consumidor que aquele vidro foi testado e tem qualidade reconhecida, o que já traz uma visibilidade diferente. Outro ponto importante é que, com esse sistema de gestão da qualidade, a empresa passa a ter melhor controle sobre os seus processos e consegue, com isso, obter melhores resultados no dia a dia. Vale destacar também a segurança jurídica lá na frente: caso aconteça algum problema, a empresa terá mais facilidade para comprovar que atende as normas técnicas.

Ed Silva
E para o consumidor final, que vai comprar um boxe de vidro certificado, por exemplo, qual é a vantagem para ele?
ES – Para o consumidor, a vantagem é a confiabilidade de que está colocando um produto na casa dele para a segurança dos seus familiares, um produto com mais credibilidade que os demais, pelo fato de ter sido testado, aprovado e monitorado. A gente até brinca que certificar é fácil, o difícil é a empresa manter a certificação, porque ela precisa passar periodicamente por auditorias para que o processo e a gestão de qualidade do produto sejam mantidos.
Qual a diferença entre a certificação do vidro temperado e a certificação ISO?
ES – A ISO 9001 é uma certificação de sistema de gestão; é um processo mais abrangente na empresa e acompanha todos os processos principais e secundários. O Inmetro estabeleceu que, para certificar o temperado, a processadora precisa ter um sistema de gestão, mas não precisa atender todos os requisitos da ISO. São apenas onze os critérios da ISO obrigatórios para a certificação do temperado.
Quais etapas uma processadora que ainda não é certificada precisa cumprir para buscar a certificação?
ES – Primeiro, precisa se preparar e instalar um sistema de gestão da qualidade, cujos requisitos partem da ISO 9001. Depois da implementação, ela contrata um organismo – isto é, uma empresa acreditada pelo Inmetro para executar esse trabalho de certificação – e faz, então, o agendamento de auditoria, para que o representante desse organismo vá até a empresa para verificar se todo aquele sistema de gestão foi implementado corretamente.
Depois da aprovação dessa etapa, o próximo passo é acompanhar o processo de têmpera das amostras que serão enviadas para um laboratório – esse também precisa ser acreditado pelo Inmetro. As amostras no laboratório passam, então, por todos os ensaios determinados na norma. Se forem aprovadas, o organismo reúne o relatório do auditor com a recomendação de certificação, e também o relatório do laboratório com os resultados, e emite o certificado.
Para facilitar todo esse processo, a Abravidro tem um programa de consultoria disponível para seus associados por um preço diferenciado. Não é necessário se associar para buscar a certificação, mas o acesso à nossa consultoria é um facilitador: pelo conhecimento que nós temos ao longo de vários anos, sabemos bem o que o auditor quer ver e também como atender cada requisito.

Ed Silva
Como é feito o acompanhamento das processadoras na consultoria da Abravidro para essa jornada da certificação?
ES – Nosso trabalho começa antes da contratação do organismo acreditado para a certificação. Primeiro, a gente faz um diagnóstico da empresa e verifica que pontos no processo produtivo já atendem os requisitos do Inmetro; em seguida, montamos um plano de trabalho para a empresa fazer os ajustes necessários, de maneira que os demais requisitos também sejam atendidos. De acordo com esse diagnóstico, agendamos uma, duas ou três visitas – que podem ser in loco ou até remotamente – para acompanhar e ajudar a processadora a se preparar para a próxima etapa, a contratação do organismo certificador; a gente inclusive auxilia as empresas a escolher qual organismo buscar para essa etapa, avaliando a condição de pagamento de cada um e definindo qual delas melhor se encaixa no orçamento da processadora.
O processo de certificação do temperado leva quanto tempo?
ES – Leva de dois a quatro meses. Esse é o tempo médio em que a gente consegue preparar a empresa, planejar a auditoria, realizar a auditoria, realizar os ensaios de laboratório e ter o certificado emitido. Claro que esse processo pode ser mais rápido ou demorar mais: tudo depende da prioridade dada pela empresa e dos acontecimentos que podem surgir no meio do caminho. E a certificação precisa ser renovada a cada doze meses, a fim de mostrar que você passou esse período trabalhando de acordo com seus procedimentos e com as exigências da norma.
Fotos: Ivan Pagliarani