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Conhecer as normas é fundamental para as vidraçarias

Neste mês, em 18 de maio, comemora-se o Dia do Vidraceiro. Esses profissionais merecem ter uma data deles: exercem papel fundamental para todo o nosso setor, sendo responsáveis por levar o nosso material aos consumidores finais.

O conhecimento das normas técnicas é essencial para garantir que os vidraceiros saibam indicar a seus clientes o tipo certo de vidro para a aplicação pretendida, bem como instalá-lo da forma correta. Para ajudá-los, esta edição de O Vidroplano aponta os principais documentos técnicos e algumas dicas para facilitar o acesso ao conhecimento presente neles.

Quais normas conhecer
A relação de normas vidreiras é extensa. Apenas o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro, tem mais de trinta documentos publicados (clique aqui para conhecer mais sobre o trabalho dele).

É importante que o vidraceiro conheça pelo menos as normas técnicas relacionadas aos sistemas e produtos que comercializa. Entre elas, podemos destacar as seguintes:

  • ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio;
  • ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança;
  • ABNT NBR 14718 — Guarda-corpos para edificação;
  • ABNT NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação;
  • ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações;
  • ABNT NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional

As duas últimas merecem atenção especial – afinal, a ABNT NBR 7199 é a norma mais importante para todos os elos da cadeia vidreira nacional, indicando onde cada tipo de vidro pode ou não pode ser aplicado, enquanto a ABNT NBR 16823 apresenta os parâmetros e requisitos para a qualificação profissional dos vidraceiros (leia mais sobre essa norma no final da reportagem).

A ABNT PR 1010 — Aplicação e manutenção de vidros na construção civil também é uma boa indicação para o vidraceiro. Esse documento da ABNT, chamado de prática recomendada (PR), possui uma linguagem simples e acessível, além de trazer fotos e ilustrações que facilitam a compreensão do seu conteúdo. Dessa forma, a ABNT PR 1010 é um importante material de apoio que o vidraceiro pode usar para trabalhar em conformidade com as normas técnicas e explicar ao cliente a especificação dos vidros corretos na hora de fechar a venda. Atualmente, seu custo é patrocinado pelo Portal Vidro Certo; por isso, ela pode ser baixada gratuitamente no site da ABNT pelo link https://www.abntcatalogo.com.br/3c6f8gw.aspx.

 

ABNT Coleção: associados Abravidro têm acesso online imediato a normas do setor na plataforma
ABNT Coleção: associados Abravidro têm acesso online imediato a normas do setor na plataforma

 

Onde adquirir
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela elaboração e publicação das normas no País, bem como pela venda delas.

Embora a aquisição das normas pela ABNT envolva custos, ela traz uma série de benefícios:

  • Confiabilidade: a ABNT é a única responsável pela criação e atualização das normas, garantindo que as informações sejam precisas e atuais – cópias não oficiais podem conter erros ou versões desatualizadas;
  • Sustentabilidade: a compra de normas contribui para o financiamento e a continuidade do trabalho da ABNT, fundamental para a padronização em diversas áreas.

É importante ressaltar que os associados da Abravidro – mesmo aqueles que tenham acabado de se filiar à entidade – têm acesso online imediato a todas as normas técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), além de outras selecionadas relacionadas a nosso material, pelo ABNT Coleção.

Para informações sobre o acesso, o associado deve entrar em contato com a entidade pelo telefone (11) 3873-9908.

 

Tabela Que vidro usar?, da campanha #TamoJuntoVidraceiro: material facilita identificação das aplicações permitidas para cada tipo de vidro
Tabela Que vidro usar?, da campanha #TamoJuntoVidraceiro: material facilita identificação das aplicações permitidas para cada tipo de vidro

 

Entendendo o conteúdo das normas
Quem acompanha mensalmente as reportagens de O Vidroplano sabe que a Abravidro trabalha ativamente pela disseminação do conteúdo das normas técnicas entre todos os elos da cadeia – incluindo iniciativas e materiais de apoio desenvolvidos especialmente para os vidraceiros. Dessa forma, para compreender mais sobre as informações e determinações presentes nesses documentos, você pode:

  • Assistir às aulas dos cursos do Educavidro que tratam sobre as normas do vidro e suas respectivas aplicações;
  • Ler as reportagens da seção “Por dentro das normas” em O Vidroplano;
  • Baixar e usar os materiais de apoio da campanha #TamoJuntoVidraceiro, como a tabela Que vidro usar? e a cartilha Aplicação de vidro na construção civil;
  • Acessar o site do programa De Olho no Boxe, que tem uma área exclusiva para o vidraceiro com uma página explicando o conteúdo da norma do boxe de banheiro, a ABNT NBR 14207, além de materiais de apoio disponíveis para download gratuito;
  • Assistir aos vídeos disponíveis no canal da Abravidro no YouTube que abordam as aplicações corretas do vidro;
  • Participar de palestras ministradas pela Abravidro nos eventos organizados pelas entidades regionais.

Vale destacar também que a sede do ABNT/CB-37 está na Abravidro, permitindo e fomentando a elaboração e revisão das normas técnicas do setor. Assim, caso os vidraceiros – ou qualquer outra pessoa – tenham dúvidas em relação ao conteúdo das normas vidreiras, basta entrar em contato com a equipe técnica da associação para esclarecê-las pelo telefone (11) 3873-9908, pelo e-mail abravidro@abravidro.org.br, ou pelo WhatsApp no número (11) 94388-3084.

Profissão normalizada
Em 2020, foi publicada a norma ABNT NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional, desenvolvida pelo ABNT/CB-37 em conjunto com o Comitê Brasileiro de Qualificação e Certificação de Pessoas (ABNT/CB-99). O documento define os parâmetros e requisitos para a qualificação dos vidraceiros, de maneira que esses profissionais exerçam seus trabalhos com qualidade e segurança.

Entre os pontos abordados pela ABNT NBR 16823 estão:

  • Apresentação das quatro unidades de competência (referentes às diferentes atividades realizadas em uma vidraçaria) e os conhecimentos necessários para o padrão de desempenho esperado para cada uma delas;
  • Meios ou ferramentas e materiais necessários ao desempenho profissional do vidraceiro;
  • Técnicas, métodos e procedimentos inerentes ao desempenho da função de vidraceiro;
  • Algumas das condições de trabalho às quais esse profissional é submetido durante a execução das suas atividades.

Este texto foi originalmente publicado na edição 629 (maio de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Cris Martins

Vidro craquelado oferece visual chamativo

Se tem um produto que contempla diversas possibilidades estéticas, é o vidro. Frequentemente, esta seção mostra como ele pode chamar a atenção em versões coloridas, curvas, texturizadas e muitas outras. Uma versão bastante diferenciada do nosso material é a craquelada, cujo visual fragmentado pode assustar à primeira vista – mas trata-se de uma solução a ser aplicada de diversas formas para valorizar os ambientes.

O que é?
O vidro craquelado é um tipo de laminado feito com três chapas. “A chapa interna, de temperado, é a responsável pelo efeito craquelado. Esse efeito visual é criado quando ela é mecanicamente estilhaçada, de forma controlada”, explica Ingrid Szebeny, coordenadora de Marketing da Blindex.

Apesar do aspecto fragmentado, o vidro craquelado mantém sua estrutura estável e graças ao processo de laminação. “As chapas externas, que estão em contato com a superfície, permanecem intactas, enquanto os fragmentos da chapa interna são mantidos no lugar pelo PVB ou resina usados como interlayer.”

Vale destacar que apenas empresas especializadas podem produzir o craquelado, pois o processo exige conhecimento técnico e ferramentas específicas.

 

Sim, vidros craquelados também podem ser usados em boxes de banheiro: esse é o caso da estrutura presente no Studio da Mulher Moderna, projetado pela arquiteta Ximene Villar na Casa Cor Espírito Santo 2017. A solução, fornecida pela Viminas, confere à instalação a beleza do efeito craquelê – e vale reforçar que o craquelado é um vidro trilaminado (foto: Kamila Rangel/KR Comunicação)
Sim, vidros craquelados também podem ser usados em boxes de banheiro: esse é o caso da estrutura presente no Studio da Mulher Moderna, projetado pela arquiteta Ximene Villar na Casa Cor Espírito Santo 2017. A solução, fornecida pela Viminas, confere à instalação a beleza do efeito craquelê – e vale reforçar que o craquelado é um vidro trilaminado (foto: Kamila Rangel/KR Comunicação)

 

Atrativos
Em seu site, a processadora capixaba Viminas destaca alguns diferenciais desse material:

  • Segurança: as partículas fragmentadas do vidro interno ficam totalmente presas entre os dois vidros externos, sem oferecer risco às pessoas;
  • Beleza: o efeito dos fragmentos proporciona um visual diferente, brilhante e elegante, especialmente se combinado com uma iluminação estratégica;
  • Várias opções de uso: o vidro craquelado pode ser aplicado em pisos, biombos, divisórias, tampos de mesa, guarda-corpos de escada ou até usado como revestimento.

Visual que chama a atenção
Quem passou pelo estande da Blindex na Glass South America deste ano certamente se impressionou com a escada feita inteiramente com o Blindex Craquelê, solução lançada este ano pela empresa. “A Blindex decidiu colocar o produto na feira por conta da crescente tendência do mercado de decoração e arquitetura. O vidro craquelado tem se destacado como uma escolha requisitada em projetos que buscam unir sofisticação e inovação estética. Essa solução atende as demandas do mercado premium e fortalece o portfólio da Blindex, oferecendo opções que vão além do convencional”, frisa Ingrid Szebeny.

De fato, o craquelado chama a atenção de arquitetos e designers de interiores. A Glass11, marca de design de móveis com vidro, desenvolveu recentemente uma mesa com esse material, enquanto escritórios de arquitetura já aplicaram peças craqueladas em ambientes da mostra Casa Cor em diferentes partes do País – duas delas são vistas nas fotos desta reportagem.

Com isso, se sua vidraçaria está atualmente buscando diversificar as soluções oferecidas aos clientes e se aproximar dos segmentos de arquitetura e decoração, vale a pena considerar a inclusão do craquelado entre suas opções.

 

Na Suíte 30, ambiente assinado pelo escritório NN Arquitetos na Casa Cor Bahia 2023, a cama era o ponto focal do espaço, orientando toda a sua decoração – e seria impossível não reparar na expressiva cabeceira de vidro craquelado incolor atrás do móvel. A estrutura foi ao encontro da elegância e bom gosto do projeto (foto: Gabriela Daltro/CASACOR)
Na Suíte 30, ambiente assinado pelo escritório NN Arquitetos na Casa Cor Bahia 2023, a cama era o ponto focal do espaço, orientando toda a sua decoração – e seria impossível não reparar na expressiva cabeceira de vidro craquelado incolor atrás do móvel. A estrutura foi ao encontro da elegância e bom gosto do projeto (foto: Gabriela Daltro/CASACOR)

 

Trabalhando com o material
De acordo com a Blindex, o craquelado pode ser usado em todas as instalações que permitem o emprego de peças temperadas laminadas: portas, divisórias internas, tampos de mesa, prateleiras, revestimentos decorativos e elementos arquitetônicos de destaque, tanto em ambientes residenciais como comerciais. “A aplicação que apresentamos na Glass South America 2024, em uma escada com grande fluxo de pessoas subindo e descendo, é um ótimo exemplo da versatilidade desse vidro”, comenta a coordenadora de Marketing da companhia.

Ingrid aponta que o craquelado não exige cuidados especiais além dos recomendados para qualquer outro tipo de vidro. Contudo, ressalta: “A especificação e instalação desse vidro devem ser realizadas por um profissional de confiança, que analise o local de aplicação, as estruturas necessárias e eventuais adequações do projeto. Além disso, é essencial proteger suas superfícies contra objetos pontiagudos ou abrasivos que possam causar danos”.

Tamanho dos fragmentos
Uma avaliação da qualidade baseada no visual dos fragmentos não se aplica ao vidro craquelado, pois o comportamento de quebra do temperado, quando usado na composição de um laminado ou multilaminado, é diferente do que deve ser encontrado em um corpo de prova do temperado monolítico. Essa informação já consta em norma internacional (ISO) e em norma europeia (EN) do vidro temperado – e também passará a constar na norma brasileira para esse material, a ABNT NBR 14.698 — Vidro temperado. O Vidroplano já abordou o tema na seção “Por dentro das normas” da edição de setembro.

 

Na Glass South America 2024, quem passava pelo estande da Blindex via uma escada com degraus e guarda-corpos todos feitos com o Blindex Craquelê. Qualquer receio de que o aspecto fragmentado das peças representasse algum risco de segurança passava rapidamente ao observar o grande número de pessoas constantemente subindo e descendo por ela – e tirando fotos sobre os degraus também, é claro! (foto: Fabia Mercadante)
Na Glass South America 2024, quem passava pelo estande da Blindex via uma escada com degraus e guarda-corpos todos feitos com o Blindex Craquelê. Qualquer receio de que o aspecto fragmentado das peças representasse algum risco de segurança passava rapidamente ao observar o grande número de pessoas constantemente subindo e descendo por ela – e tirando fotos sobre os degraus também, é claro! (foto: Fabia Mercadante)

 

Qual norma atender?
Por se tratar de um multilaminado, o craquelado deve atender a norma do laminado, a ABNT NBR 14.697, que o considera um “vidro especial”. Nesse caso, a norma determina que as espessuras mínimas dos interlayers e a composição devem ser especificadas de acordo com o projeto. O projetista deve consultar o fabricante de interlayers para a sua correta especificação quanto à capacidade de manter todos os componentes do laminado aderidos entre si, além de garantir que a composição fique estável em situação de quebra de uma ou mais lâminas.

“Para o craquelado ser considerado um vidro de segurança, é necessário que seja submetido ao ensaio de classificação estabelecido pela ABNT NBR 14.697, bem como atender os requisitos exigidos por essa norma, como os relacionados à durabilidade do produto: ensaios de resistência a altas temperaturas, resistência à umidade e resistência à radiação”, afirma Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro. Ressalte-se ainda que as aplicações devem estar de acordo com as determinações da ABNT NBR 7.199 – Vidros na construção civil, projeto, execução e aplicações.

Este texto foi originalmente publicado na edição 624 (dezembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Conheça mais sobre vidros extragrossos

Uma orientação recorrente na seção “Para sua vidraçaria” é a busca de temas que levem sua empresa a se diversificar em relação à concorrência, deixando de se limitar aos produtos e serviços básicos e oferecendo soluções diferenciadas com valor agregado. Há vários vidros que fogem do padrão convencional em algum aspecto – por exemplo, na espessura.

Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta um pouco sobre os vidros chamados extragrossos, com especialistas do nosso setor indicando o que torna esses produtos atrativos, as aplicações mais indicadas e as dicas para atender as particularidades no trabalho com eles.

Quando um vidro é considerado extragrosso?
Segundo Leandro Gonçalves, gerente de Projetos da Divinal Vidros, normalmente essa classificação é dada para peças com espessura a partir de 12 mm de espessura, seguidas por opções de 15, 19 e 25 mm: “Esta última é utilizada para aplicações muito específicas e não é um produto facilmente encontrado no mercado, sendo, geralmente, importada; poucas empresas mantêm estoques dessa espessura”, explica.

Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian, observa que essa classificação pode variar dependendo da fabricante do vidro e das normas regionais. Sua orientação: “Se tiver necessidade de especificações detalhadas para um projeto específico, é sempre recomendável consultar o fornecedor ou as normas técnicas”.

 

Mesa de jantar Pi: peça, elaborada pela designer Jacqueline Terpins, é inteiramente feita de vidros float 15 mm, tanto no tampo como nas pernas (foto: Cris Martins)
Mesa de jantar Pi: peça, elaborada pela designer Jacqueline Terpins, é
inteiramente feita de vidros float 15 mm, tanto no tampo como nas pernas (foto: Cris Martins)

 

Da estética à resistência
Vidros extragrossos costumam ser amplamente usados na área de decoração, aplicados como tampos de mesas, prateleiras ou em mobiliários. A marca de design de móveis de vidro Glass11, por exemplo, conta com peças feitas com vidros extragrossos, feitos por eles mesmos. “Começamos a produzir vidros de grande espessura com o pedido do nosso parceiro Arthur Casas: ele queria o impacto de um vidro de 80 mm. Tentei e tentei por anos, até que decidi desenvolver um forno exclusivo para isso. Hoje, produzimos vidros de até 80 mm de espessura e chamamos essa nossa linha de ‘vidros rocky’”, conta Matheus Primo, proprietário da Glass11. “O apelo estético é o mais desejado, os vidros são especialmente únicos – cada um tem a sua quantidade de bolhas e conformação, as quais variam de acordo com a matéria-prima, temperatura e dimensão. Os moldes também são preparados manualmente, o que traz mais personalidade para a peça.”

Mariana Ribeiro, consultora técnica da Cebrace, aponta que vidros extragrossos também podem ser aplicados em funções estruturais: “Isso é possível porque uma maior quantidade de massa no vidro garante uma melhor distribuição de cargas na peça de vidro, reduzindo a possibilidade de falhas no sistema; além disso, o vidro espesso é menos suscetível a deformações, que podem acontecer em vidros mais finos expostos a cargas permanentes”, ela informa.

E em que casos deve-se evitar peças com espessuras acima do padrão? Gonçalves responde: “Não há necessariamente uma aplicação em que os extragrossos sejam totalmente desaconselhados, mas é importante considerar as limitações técnicas de cada projeto”. Vê-se, então, que o importante é adaptar a solução ao projeto específico e às necessidades do cliente.

 

Mesa de pebolim com laterais de vidros curvos extra clear com 15 mm de espessura, fabricada pela Teckell e apresentada no Estúdio Bossa, de Marlon Gama, na Casa Cor SP 2017 (foto: Cris Martins)
Mesa de pebolim com laterais de vidros curvos extra clear com 15 mm de espessura, fabricada pela Teckell e apresentada no Estúdio Bossa, de Marlon Gama, na Casa Cor SP 2017 (foto: Cris Martins)

 

Apresentando a solução para o cliente
Um desafio recorrente na venda de vidros de valor agregado é convencer o comprador de que vale a pena adquirir um produto que trará benefícios para sua obra, em vez de levar as peças mais básicas do portfólio da vidraçaria. Quando falamos de vidros extragrossos, quais argumentos poderiam ser usados para apresentá-los e torná-los atrativos aos olhos do cliente?

Fábio Reis, da Guardian, sugere que, para incentivar o uso de vidros mais espessos, é importante ressaltar suas vantagens, como a segurança, já que são mais resistentes a impactos e arrombamentos, sendo ideais para locais que exigem proteção reforçada. Ele acrescenta que essas peças também proporcionam mais elegância e segurança em aplicações como tampos de mesas de alto padrão.

Por sua vez, Gonçalves, da Divinal Vidros, recomenda que o vidraceiro busque primeiro entender as necessidades do cliente, para então propor soluções que tragam segurança e satisfação. Por exemplo, como já apontado, vidros mais espessos agregam charme, conforto e sofisticação aplicados como tampos de mesa – mas essa especificação precisa ser feita com cuidado. “É importante avaliar fatores como a capacidade da base da mesa de suportar o peso do vidro, a fim de garantir que o produto será usado de maneira segura e adequada.”

 

Mesa Flow G11, elaborada pela Glass11 e usada no projeto de interiores do Studio Arthur Casas; produto tem bases de vidro ‘rocky’ 20 mm e tampo de vidro ‘rocky’ 50 mm, ambos na cor âmbar (foto: Divulgação Glass11)
Mesa Flow G11, elaborada pela Glass11 e usada no projeto de interiores do Studio Arthur Casas; produto tem bases de vidro ‘rocky’ 20 mm e tampo de vidro ‘rocky’ 50 mm, ambos na cor âmbar (foto: Divulgação Glass11)

 

Trabalhando com vidros extragrossos
Em geral, o trabalho com peças mais espessas que o padrão não traz muitas diferenças em relação aos cuidados com os quais os vidraceiros já estão acostumados – a maior dificuldade em seu manuseio diz respeito ao peso das peças: “Chapas de vidro extragrosso são muito mais pesadas que de vidros finos, fazendo com que muitas vezes seja necessária a utilização de máquinas para auxiliar movimentações”, indica Mariana Ribeiro, da Cebrace.

“A principal recomendação é sempre buscar fornecedores que atendam os requisitos normativos e de qualidade: quando se trata de vidros extragrossos, especialmente temperados e laminados, é essencial verificar as garantias oferecidas pelo fornecedor, certificando-se de que ele cumpre as normas técnicas vigentes”, orienta Leandro Gonçalves. Além disso, ele indica ser importante solicitar certificados de qualidade para cada tipo de produto, garantindo que o vidro utilizado esteja dentro dos padrões exigidos.

Primo, da Glass11, observa que vidros mais espessos têm particularidades para sua colagem ou encaixe com outras peças, mas comenta que sua equipe já encontrou diferentes soluções para essa atividade. Um exemplo dessa experiência é a Mesa Flow, com base de vidro rocky 20 mm e tampo de rocky 50 mm, na cor âmbar, peça desenvolvida e usada no projeto de interiores do Studio Arthur Casas. “Conseguimos expandir a ideia dos vidros especiais no mercado brasileiro com a criação desse produto, e continuaremos criando novas formas de usar o vidro; estamos disponíveis para as novas surpresas que o vidro nos trará”, comenta.

 

Escada de vidro no estande da Divinal Vidros na Fesqua 2024: degraus, feitos de vidros laminados, têm espessura total de 21 mm (foto: Divulgação Divinal Vidros)
Escada de vidro no estande da Divinal Vidros na Fesqua 2024: degraus, feitos de vidros laminados, têm espessura total de 21 mm (foto: Divulgação Divinal Vidros)

 

A Divinal Vidros já participou de diversos projetos com peças extragrossas, tanto monolíticas – caso do uso de uma de 19 mm com furações para adega, onde as garrafas de vinho eram encaixadas diretamente no vidro – como laminadas. “Nesse contexto, podemos entender o conceito de vidro extragrosso não apenas pelas espessuras individuais dos vidros, mas também pela combinação de diferentes peças laminadas, onde a espessura final do produto é o somatório das chapas de vidro e do interlayer estrutural: por exemplo, um vidro laminado temperado de 16 mm, formado por dois vidros de 8 mm com interlayer”, detalha Gonçalves.

Durante a Fesqua 2024, a processadora paulista montou em seu estande guarda-corpos com vidro laminado de 16 mm, bem como uma escada com degraus laminados, atingindo uma espessura final de 21 mm. No topo da escada, havia ainda uma passarela de vidro produzida com duas lâminas de 10 mm, totalizando 20 mm de espessura, garantindo resistência estrutural. Para Gonçalves, esses exemplos ilustram que o conceito de vidro extragrosso também se aplica à combinação de espessuras laminadas, em que o resultado final proporciona segurança, resistência e uma estética refinada em diversas aplicações arquitetônicas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 622 (outubro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: PaulShlykov/stock.adobe.com

Manutenção de sistemas envidraçados é essencial

Sempre que boxes de banheiro são abordados nas páginas de O Vidroplano, a importância da manutenção periódica é ressaltada, conforme orientado na própria norma desses produtos, a ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Mas eles não são os únicos sistemas para os quais esse serviço é indicado. Envidraçamentos de sacada, guarda-corpos, portas e até fachadas de vidro precisam ser frequentemente avaliados para identificar e corrigir eventuais falhas antes que elas levem a problemas mais sérios.

Fazer a manutenção de instalações envidraçadas é uma ótima forma de garantir a segurança dessas estruturas, expandir as atividades da sua vidraçaria, fidelizar seus clientes e fechar novos negócios com eles. Sua equipe já oferece esse serviço aos usuários finais desses produtos? Nas páginas a seguir, saiba o que deve ser observado nos principais tipos de sistema, a forma correta para a limpeza dos vidros e em que casos a troca do nosso material se faz necessária.

 

Casa imágenes/stock.adobe.com
Casa imágenes/stock.adobe.com

 

Envidraçamento de sacada
A norma ABNT NBR 16259 – Sistemas de envidraçamento de sacada – Requisitos e métodos de ensaio recomenda que a limpeza e conservação do sistema, que é uma forma de manutenção preventiva, seja feita a cada doze meses em regiões urbanas e a cada seis meses em regiões litorâneas e industriais. Segundo Claudio Mansur, cofundador e diretor-comercial da Casa Mansur (no Brasil) e da Vista Libre (no Chile), essa checagem periódica do sistema é essencial para avaliação de aspectos como fixações, vedações e integridade das roldanas. “A integridade das vedações, por exemplo, só pode ser analisada quando chove. Por esse motivo, fazer uma inspeção visual é uma boa alternativa para observar se ela está bloqueando a entrada de água”, comenta o especialista em soluções envidraçadas.

Outras orientações de Mansur para a manutenção de envidraçamento de sacada são reforçar a fixação das roldanas nos leitos e nas folhas, já que toda a roldana é presa por pressão; e verificar a pressão do parafuso que segura as roldanas, para garantir o melhor desempenho e segurança de uso do sistema. E, seja logo após a instalação do envidraçamento, seja nas visitas periódicas, o vidraceiro deve testar a integridade dos perfis e dos trilhos, para averiguar se o deslizamento e o funcionamento estão ocorrendo dentro do esperado.

No que diz respeito ao nosso material, uma boa notícia: Paulo Correia, analista de Novos Negócios da AL Indústria, e Ladislau Pereira, responsável pelo Departamento Técnico da mesma empresa, apontam que a troca do vidro no envidraçamento de sacada somente é necessária quando ele apresentar lascas, pois isso pode levar à quebra da instalação. Mansur chama a atenção para a importância de seguir as orientações dos fornecedores do sistema instalado. “Como empresa, somos responsáveis por comunicar aos clientes a necessidade e a importância das manutenções. É algo essencial para o cliente e benéfico para a empresa.”

 

Foto: Cris Martins
Foto: Cris Martins

 

Guarda-corpos
Bruno Cardoso e Guilherme Moraes – responsáveis, respectivamente, pelo Departamento de Arquitetura e pelo Departamento Técnico da WR Glass – salientam que a manutenção de guarda-corpos costuma ser basicamente preventiva, mantendo uma limpeza periódica dos vidros e demais peças e atentando-se a possíveis diferenças na resistência do sistema, como afrouxamento de fixação e sinais indicativos de corrosão, entre outras.

Segundo os representantes da WR Glass, a higienização periódica realizada durante a manutenção do guarda-corpos é de grande importância, principalmente em regiões urbanas. Isso porque as chuvas e a poluição podem levar ao acúmulo de camadas de detritos sobre as peças, o que pode provocar o desgaste delas. Da mesma forma, guarda-corpos instalados em regiões litorâneas demandam maior atenção e frequência desse processo, de forma a evitar risco de corrosão de componentes. Para todas as situações, é recomendável o uso apenas de água, pano úmido macio e detergente neutro (veja mais orientações para a limpeza de sistemas envidraçados no final desta reportagem).

Embora trate-se de um trabalho simples, Cardoso e Moraes ressaltam que, dependendo do local em que o guarda-corpos está instalado – como varandas de edifícios ou coberturas –, é recomendável que um profissional especializado avalie e valide de tempos em tempos a integridade do sistema. Há ainda casos em que os perfis podem precisar de manutenção: para isso, pode ser necessário soltar os vidros e retirá-los dos perfis, para que seja possível verificar o estado de seu perímetro interno e dos fixadores.

 

Foto: alexandre zveiger/stock.adobe.com
Foto: alexandre zveiger/stock.adobe.com

 

Boxe de banheiro
Conforme mencionado no início desta reportagem, a norma para boxes de banheiro, a ABNT NBR 14207, especifica que a revisão desse sistema deve ser realizada a cada doze meses por um profissional qualificado, a fim de verificar se ele apresenta algum problema ocorrido pelo desgaste ao longo do uso.

Para conscientizar tanto os vidraceiros como os usuários finais sobre a importância da manutenção preventiva dos boxes de banheiro, a Abravidro lançou, em 2016, o programa De Olho no Boxe. O conteúdo dessa iniciativa, elaborado junto com grandes especialistas nesse sistema, conta com uma página na Internet voltada especificamente para vidraçarias – ela inclui, entre outras informações, os pontos aos quais o profissional deve estar atento na hora da manutenção e como resolvê-los. Alguns deles são:

  • Presença de lascas em alguma das bordas do vidro;
  • Os vidros estão encostando um no outro, batendo em perfis, parafusos ou qualquer outro material rígido;
  • Porta movendo-se sozinha, raspando ou pesando na abertura ou no fechamento (no caso de boxes com porta de correr);
  • Contato direto do puxador da porta com a folha fixa de vidro (no caso de boxes com porta de correr);
  • Porta está raspando ou encostando no piso ou na parede (no caso de boxes com porta pivotante)

Vale destacar que a manutenção desse sistema não se resume a identificar e corrigir eventuais falhas. De acordo com a ABNT NBR 14207, sempre que o vidraceiro instalar um boxe para o cliente, deve também entregar a ele um manual de uso com orientações sobre o uso correto do produto e indicações de como agir em caso de problemas.

 

Foto: terex/stock.adobe.com
Foto: terex/stock.adobe.com

 

Portas de vidro
Para Marcos Antonio Ramos, diretor-comercial da Roll Door, é fundamental realizar manutenções preventivas regulares em portas para garantir a segurança dos usuários e a durabilidade dos sistemas de caixilhos e vidros, pois cada tipo de porta de vidro tem características e necessidades específicas, as quais influenciam a frequência e a manutenção necessária:

  • Portas deslizantes manuais: na sua manutenção, deve-se verificar regularmente os trilhos e as rodas para garantir que estejam limpos e lubrificados, evitando sobrecarregar as portas e deixando o trilho livre de obstruções – o ajuste das portas para um deslizamento suave também é importante;
  • Portas deslizantes automáticas: requerem inspeção mais frequente dos componentes eletrônicos e mecânicos; é crucial lubrificar os trilhos e verificar o sistema de sensores – esses últimos também devem ser mantidos sempre limpos –, permitindo que o sistema de energia esteja em boas condições;
  • Portas pivotantes com molas de piso: as molas e os mecanismos de fechamento precisam ser ajustados e lubrificados periodicamente; além disso, deve-se atentar ao alinhamento das portas, evitar forçá-las e garantir que as molas não estejam danificadas;
  • Portas pivotantes sem molas: o foco deve ser colocado na lubrificação das dobradiças (que devem ser mantidas sempre limpas) e no alinhamento das portas; o controle da estabilidade da estrutura também é essencial.

Paulo Correia e Ladislau Pereira, da AL Indústria, alertam que é primordial inspecionar o vidro instalado como porta, independentemente do tipo dela, para observar se há presença de lascas, trincas e avarias. Marcos Ramos, da Roll Door, acrescenta: “O profissional deve também conferir se há fissuras, descolamentos ou outros sinais de danos que possam comprometer a integridade do vidro; caso sejam encontradas quaisquer imperfeições significativas, a substituição dos vidros pode ser recomendada para evitar possíveis quebras no futuro e garantir a segurança – se você estiver enfrentando problemas com os vidros, é sempre indicado consultar um especialista para uma avaliação detalhada”.

 

Foto: Jack Tamrong/stock.adobe.com
Foto: Jack Tamrong/stock.adobe.com

 

Fachadas de vidro
Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas – especializada em trabalhos com vidros estruturais –, indica que o ideal no trabalho com fachadas é que o projeto já seja entregue para o proprietário da obra com um manual em que constem as orientações para as eventuais manutenções, as quais devem ser feitas por empresa especializada ou pela que entregou o empreendimento, já indicando os pontos de manutenção.

“Em geral, nas fachadas de vidro estrutural, as manutenções que podem e devem ser feitas são relacionadas à vedação dos vidros, pois elas podem ser danificadas ao longo do tempo em função de movimentação inadequada ou alguma carga excessiva ou não mensurada no projeto”, orienta Arruda. “Devem ser incluídos também aperto, reaperto ou realinhamento de ferragens de fixação dos vidros estruturais, as chamadas ‘spiders’ – em algumas obras, são utilizados cabos de aço, e eles também devem ser avaliados, verificando se continuam tensionados e trabalhando conforme o projeto especificado pelo fornecedor.”

Arruda acrescenta que a periodicidade para esse trabalho varia de acordo com as particularidades de cada projeto. Ele ainda frisa que o vidro em geral é o item mais duradouro nas fachadas estruturais: “Só é feita a troca dele em caso de quebra ou alguma situação de delaminação causada por falha de fabricação ou de instalação do material, mas essa troca não é um item de manutenção, e sim algo a ser feito apenas em caso de necessidade pontual.”

 

Foto: xartproduction/stock.adobe.com
Foto: xartproduction/stock.adobe.com

 

Limpeza também faz parte da manutenção!
A beleza e a transparência são dois atributos marcantes do vidro – por isso, mantê-lo limpo é importante tanto para realçar a estética dos sistemas em que ele está aplicado, como para evitar o surgimento de danos permanentes como manchas ou riscos.

“A limpeza dos vidros deve ser realizada por um profissional especializado no final da obra ou da manutenção, depois que todos os prestadores de serviço finalizarem seus trabalhos, pois qualquer poeira de obra deixará o vidro embaçado”, orienta a empresária e palestrante Célia Miranda, especialista em limpeza pós-obra e criadora do Método Obra + Limpa, com mais de quatrocentos alunos.

Segundo Célia, o mais recomendado para esse trabalho é o uso de um kit de limpeza profissional, com lavadores de vidro (popularmente chamados de “carneirinhos”) e limpadores (“rodinhos”) próprios para o nosso material. Caso a vidraçaria não tenha esses itens, ela recomenda usar uma fibra branca e detergente neutro, passando em seguida um pano de microfibra bem torcido para remover os resíduos do detergente.

“O vidro deve ser limpo até as 10 horas da manhã, ou após às 16 horas, quando não há a incidência direta dos raios solares, pois o material aquecido pode se manchar com facilidade”, recomenda Célia. No caso de vidros com excesso de silicone, tinta, verniz, cola, etiqueta ou outros resíduos de obra, a limpeza deve ser realizada por um profissional especializado: “Não é recomendado utilizar espátulas ou raspadores diretamente na peça, nem mistura de produtos ou fibra verde, pois isso danifica o vidro”, alerta a especialista.

Este texto foi originalmente publicado na edição 621 (setembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Петр Смагин/stock.adobe.com

Molas são aliadas para portas pivotantes de vidro

Molas são dispositivos que agregam valor e praticidade às portas pivotantes de vidro: elas permitem controlar a velocidade de abertura e garantem seu fechamento de forma automática e suave. Hoje, o mercado conta com diversos fabricantes desse produto, e a aplicação dele já é um serviço comum para muitas vidraçarias.

O trabalho com molas é simples – mas, assim como todas as atividades realizadas pelos vidraceiros, exige atenção e cuidados tanto na escolha como na instalação para assegurar o bom funcionamento do sistema. Conheça mais sobre esses dispositivos e confira dicas para o uso deles nas páginas a seguir.

Como funcionam?
As molas para portas de vidro possuem válvulas de regulagem, as quais são usadas para controlar a velocidade de abertura e a suavidade de fechamento. “Ao acionarmos uma porta equipada com esse dispositivo, um êmbolo envolvido por uma mola é comprimido; a força da mola comprimida tentando retornar à posição inicial é que impele a porta a retornar à posição fechada”, explica Thiago Lodi Bonatto, supervisor de Desenvolvimento de Produto da Soprano.

Para permitir o controle do movimento, a câmara em que a mola está contida é preenchida com óleo hidráulico. “Para retornar, a mola precisa também forçar a passagem do óleo de um lado para o outro da câmara através de um orifício, cuja abertura é ajustada pela válvula de regulagem da velocidade – quanto maior a velocidade desejada para a mola, maior é a abertura da passagem do óleo”, aponta Bonatto.

Limites da mola
Segundo Willmerson Júnior, gerente de Marketing da WR Glass, o vidraceiro deve sempre estar atento ao peso, altura e largura da porta pivotante na hora de escolher a mola a ser instalada. “Cada mola tem medidas máximas de trabalho; caso as medidas sejam ultrapassadas, a mola ficará em estresse e poderá quebrar facilmente”, alerta.

Para garantir a escolha certa, é recomendável consultar a fabricante. A WR Glass, por exemplo, tem três modelos diferentes de molas de piso no portfólio, cada um desenvolvido para atender um tamanho e peso específicos de porta.

Principais modelos
Os dois tipos mais comuns de molas para porta são as de piso e as aéreas. Ambas desempenham a mesma função, mas têm suas particularidades:

 

Foto: Divulgação WR Glass
Foto: Divulgação WR Glass

 

Molas de piso

  • Como o nome diz, são instaladas no piso – quase sempre, é necessário recortá-lo para embuti-las;
  • São acopladas a ferragens da porta, exigindo o recorte do vidro;
  • São mais duráveis e resistentes, ideais para portas mais largas e pesadas;
  • Permitem a abertura da porta em ambas as direções;
  • Não interferem na estética.

 

Foto: Divulgação Soprano
Foto: Divulgação Soprano

 

Molas aéreas

  • São instaladas na parte superior da porta;
  • Não precisam de recorte ou furação no vidro;
  • Podem ser aplicadas em portas já instaladas;
  • Precisam de suporte metálico para sua fixação sobre o vidro;
  • Permitem a abertura somente para um dos lados.

“Diria que o uso de molas de piso é mais comum do que o das aéreas no caso das portas de vidro, embora ambas funcionem nelas”, observa Miguel Kahn, gerente de Marketing Latam da dormakaba.

Embora não seja tão comum no mercado, é possível encontrar ainda mais um tipo de molas, o de dobradiça, indicado para estruturas mais leves, como boxes de banheiro. Vale destacar ainda que não há diferença entre os corpos das molas usadas em portas de vidro e aquelas aplicadas a portas de outros materiais, como madeira e aço – segundo Thiago Bonatto, da Soprano, a diferença no caso do nosso material está na ferragem utilizada na porta para fixá-la ao eixo da mola.

Como instalar
As fontes ouvidas por O Vidroplano ensinaram o passo a passo para a instalação dos dois tipos mais comuns de molas:

 

Molas de piso

  • O primeiro passo é o recorte no piso para encaixar a caixa da mola – Willmerson Júnior, da WR Glass, alerta que o vidraceiro deve sempre estar atento à mola que será usada, pois cada uma tem um tamanho de caixa diferente;
  • Após acomodar a caixa da mola dentro do recorte no piso, o mecanismo dela deve ser colocado e ajustado para que o sistema fique o mais alinhado possível dentro da caixa, mantendo assim o funcionamento dela em excelência;
  • O passo seguinte é o encaixe da porta sobre o sistema e a regulagem de sua velocidade de abertura e fechamento;
  • Por fim, coloca-se a capa da mola de piso.

Miguel Kahn, da dormakaba, recomenda também o uso de selante para a vedação da capa ou tampa da mola: “Essa aplicação aumenta a vida útil do produto, pois o selante protege a mola contra o contato com a água ou produtos de limpeza”.

 

Molas aéreas

  • Primeiro, deve-se separar o braço articulado do corpo da mola e encaixar o suporte de fixação na folha de vidro;
  • Em seguida, segundo Bonatto, da Soprano, basta fixar o corpo e o braço articulado – montando esse último novamente – e ajustar a velocidade por meio das válvulas.

 

Reprodução/divulgação dormakaba
Imagem: Reprodução/divulgação dormakaba

 

Evitando problemas na instalação
Segundo Miguel Kahn, o erro mais comum no trabalho com molas de piso é o alinhamento da mola dentro da caixa. “A caixa também precisa estar numa superfície plana – portanto, o recorte no piso precisa ser bem-feito, eliminando qualquer imperfeição e respeitando a altura da caixa da mola”, alerta.

Outro ponto importante para o perfeito funcionamento de uma mola de piso são as ferragens. “Se elas não estiverem perfeitamente encaixadas ao eixo, a porta fará um barulho ao abrir, causado pela falha no encaixe, e o som reverberará pelo vidro. A mola de piso não estala; o que estala é o conjunto do eixo mais a ferragem”, detalha Kahn. Por esse motivo, tanto a ferragem como o eixo precisam ser de boa qualidade.

Já no caso das molas aéreas, Bonatto, da Soprano, orienta que o vidraceiro deve estar atento para que a fixação do braço e do corpo dela aos suportes na porta fique dentro do recomendado pelo gabarito de instalação. “Caso contrário, não será possível ajustar a velocidade do sistema com precisão e isso também pode levar ao desgaste prematuro do produto”, aponta.

 

Tirando outras dúvidas sobre molas

Molas para portas de vidro precisam passar por manutenção periódica?
Sim. “Além dos cuidados com a limpeza periódica para evitar o acúmulo de poeira, a mola deve ser testada e regulada periodicamente, conforme indicado no manual de cada produto, a fim de garantir o seu bom funcionamento”, orienta Thiago Bonatto, da Soprano.

Uma mola recondicionada (isto é, já usada anteriormente) tem o mesmo desempenho de um produto novo?
Não. “Elas não têm as mesmas propriedades; todos os diferenciais e o controle de regulagem são alterados, comprometendo a segurança dos usuários. Mal comparando, é como se um carro usado tivesse sua quilometragem adulterada e fosse vendido como novo”, avalia Miguel Kahn, da dormakaba. Por isso, ele recomenda que o consumidor fique atento a preços muito abaixo do praticado no mercado e, sempre que possível, exija um documento que comprove que a mola é original para não ser enganado.

Existe alguma norma no Brasil referente a molas para portas de vidro?
Ainda não. Porém, o Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248) começou, em maio deste ano, o desenvolvimento do texto-base de um projeto de norma para esses dispositivos (leia mais clicando aqui).

 

Soluções no mercado

Produtos: BTS 75 V e BTS 75 R
Fabricante: dormakaba
Tipo: de piso

Diferenciais:

  • Têm um óleo especial que garante a performance da mola em diferentes climas, seja no frio ou calor extremo;
  • Têm válvulas de regulagem com nylon especial, as quais mantêm a vazão do óleo constante, permitindo que elas não percam regulagem;
  • Possuem a função backcheck – um amortecimento que passa a agir na porta a partir de 70 graus de abertura, funcionando como uma medida de segurança, principalmente para crianças que podem abrir a porta com força e fazer o vidro se chocar contra uma parede;
  • Contam também com a função delayed action, que permite que o ciclo de fechamento seja realizado com retardo e suavidade dentro da faixa ajustável de 180 a 70 graus, facilitando o trabalho de passagem de mercadorias ou até mesmo de uma maca em caso de hospitais.

 

Produtos: A302 e A530
Fabricante: Soprano
Tipo: aéreas

Diferenciais:

  • Indicadas para portas de, aproximadamente, 0,9 x 2,1 m e peso de 45 kg;
  • Regulagem de fechamento de 90 a 15 graus e de 15 a 0 graus por válvulas independentes;
  • Braço reforçado e ajustável conforme a necessidade de instalação;
  • Utilização reversível, podendo ser instaladas em portas com abertura direita ou esquerda;
  • Funcionamento mecânico-hidráulico.

 

Produto: WR 8200
Fabricante: WR Glass
Tipo: de piso

Diferenciais:

  • Para portas de 1,1 x 2,1 m;
  • Suporta peso de até 110 kg;
  • Tem dois controles de velocidade para o fechamento, o primeiro, até os 15 graus, e, o segundo, para fechamento mais suave, para evitar batidas pesadas e grandes danos nos vidros.

Este texto foi originalmente publicado na edição 620 (agosto de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Александр Беспалый/stock.adobe.com

Glass South America terá atrativos para vidraceiros

Faltam poucas semanas para a 15ª edição da Glass South America, que será realizada de 12 a 15 de junho no centro de eventos São Paulo Expo, na capital paulista. Trata-se da maior feira vidreira da América Latina, mostra que contará com estandes de empresas nacionais e estrangeiras apresentando novas soluções para todos os elos do setor vidreiro – incluindo, claro, as vidraçarias.

A Glass 2024 terá muito conteúdo relevante para os vidraceiros; nas páginas a seguir, saiba tudo que você poderá encontrar no evento. E, se você ainda não se inscreveu, aproveite e faça seu cadastro agora mesmo!

Soluções para todos os seus problemas
Na Glass South America, você encontrará tudo de que sua vidraçaria precisa:

  • Vidros — Quanto mais produtos diferenciados você tiver em sua empresa, mais oportunidades de negócios ela terá. Com isso, é essencial passar pelos estandes das fabricantes do nosso material para saber quais são seus lançamentos e os benefícios que eles oferecem às obras, como desempenho (térmico e/ou acústico), estética, tecnologia, conforto e segurança, para poder buscá-lo junto às processadoras.
  • Equipamentos de trabalho — Entre os expositores da feira, também estarão presentes fabricantes de ferramentas (manuais e automatizadas), soluções para o manuseio de vidro (carrinhos, ventosas etc), kits de ferragens para instalações (como guarda-corpos e envidraçamento de sacadas), acessórios, adesivos e selantes, equipamentos de proteção individual (EPIs)… vale a pena conferir todas as novidades nesses segmentos. Isso só agregará mais segurança e facilidade na realização das atividades pela sua equipe.
  • Soluções para a administração — O uso de softwares hoje já é indispensável para o bom funcionamento de qualquer empresa. Nesse sentido, o evento também terá estandes de empresas que atuam no desenvolvimento de ferramentas para os mais diversos processos da sua vidraçaria, como fluxo de caixa, acompanhamento do andamento dos processos, controle de estoque e outras necessidades, proporcionando assim uma série de benefícios, como ganho de tempo, agilidade, organização e excelência no atendimento.

 

Foto: Designed by Freepik
Foto: Designed by Freepik

 

Oportunidades de negócios
Um grande atrativo da Glass South America é que ela também funciona como um espaço de networking: afinal, milhares de empresários de todos os elos da cadeia vidreira estarão lá. Se você está em busca de novos fornecedores e parceiros comerciais, não faltarão opções: a visita aos estandes e o bate-papo com os expositores o ajudarão a aprender mais sobre as novas soluções, identificar aquelas que melhor se encaixam nas atividades que sua equipe já realiza (ou que tem planos de realizar) e negociar o fornecimento delas para a sua empresa.

Se você também pretende conquistar novos clientes, a Glass é o lugar certo. A mostra será visitada por arquitetos, engenheiros, construtores e outros profissionais que podem se interessar pelo seu serviço. Por isso, leve material de divulgação da sua vidraçaria com as principais informações dela (endereço, telefone de contato, e-mail, número de WhatsApp, site e redes sociais), entregue-o e apresente sua empresa para todas as pessoas com quem conversar.

 

Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte
Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte

 

Veja o desempenho do vidro na prática!
Assim como em edições anteriores da Glass South America, o espaço Vidro em Ação estará presente, com a demonstração ao vivo de diversos ensaios de segurança e resistência dos vidros temperado e laminado. A iniciativa, uma realização da Abravidro e NürnbergMesse Brasil, em parceria com o Laboratório Falcão Bauer da Qualidade, conta com o apoio da Associação Brasileira de Normas Técnicas e das empresas Agmaq, Cebrace, Cyberglass, Guardian, Saflex, TecVidro, Tempermax e Vivix.

Reservar alguns minutos para visitar o Vidro em Ação é essencial para os vidraceiros: nele, esses profissionais terão a oportunidade de assistir a ensaios e demonstrações de resistência e segurança dos vidros temperado e laminado, tirar dúvidas sobre os sistemas de guarda-corpos e envidraçamento de sacada e entender, definitivamente, a importância do vidro especificado de acordo com a norma técnica e os riscos da aplicação do vidro errado em guarda-corpos.

Outra vantagem de acompanhar as apresentações nesse espaço é a possibilidade de participar dos sorteios das normas ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações (o principal documento técnico para o nosso setor) e ABNT NBR 16259 – Sistemas de envidraçamento de sacada – Requisitos e métodos de ensaio.

Novidades do Vidro em Ação
No ensaio de classificação de segurança do vidro laminado, além do teste de impacto de pêndulo, este ano haverá também a apresentação da metodologia complementar (Método B), que é o impacto por queda de esfera. Esse novo teste e algumas pequenas modificações no ensaio de pêndulo são o resultado da atualização da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, publicada em fevereiro de 2023.

Outra novidade será a demonstração de quebras de vidros aplicados em guarda-corpos. A atividade visa a destacar a importância da conformidade desses sistemas enfatizando a importância do uso de vidros especificados de acordo com a norma técnica e os riscos da aplicação do produto errado.

 

Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte
Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte

 

Iniciativas para as vidraçarias
A Abravidro também terá um estande próprio na Glass South America 2024. Lá, você poderá conhecer diversas iniciativas da entidade voltadas para o seu segmento e saber como elas podem ajudá-lo no dia a dia do seu trabalho. “A Abravidro sempre dedicou atenção especial aos vidraceiros, reconhecendo o valor desses profissionais para o crescimento do setor como um todo e desenvolvendo diversos trabalhos voltados especificamente para eles”, ressalta Rafael Ribeiro, presidente da entidade.

Veja as ações voltadas para as vidraçarias que serão apresentadas nesse espaço na Glass:

#TamoJuntoVidraceiro — Lançada em 2018, essa campanha busca conscientizar os processadores sobre as boas práticas que eles devem ter com os vidraceiros em relação ao cumprimento das normas técnicas, atendimento, política comercial e orientações técnicas. Elaborada em conjunto com vidraceiros, ela conta, também, com materiais de apoio desenvolvidos para divulgar o conhecimento sobre as normas técnicas para os vidraceiros: basta fazer o download no site da Abravidro e imprimi-los. Entre esses materiais, vale destacar a tabela Que vidro usar?: pensada para consultas rápidas, ela indica os vidros que podem – e os que não podem – ser utilizados nos diferentes tipos de aplicação, como fachadas, guarda-corpos e coberturas.

Educavidro — No ar desde o ano passado, a plataforma de educação a distância gratuita desenvolvida pela Abravidro e pela Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) conta com duas trilhas profissionais pensadas especialmente para os vidraceiros – a primeira, com conteúdo introdutório, e a segunda, com conteúdo avançado. Aqueles que concluírem algum dos diferentes cursos disponíveis poderão obter uma certificação emitida pela própria plataforma e validada pelas principais entidades vidreiras do Brasil.

De Olho no Boxe O programa foi desenvolvido para levar conhecimento técnico sobre a norma ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança tanto para vidraceiros como para consumidores. Fácil de entender, o material chama a atenção para a necessidade da manutenção preventiva do produto a cada doze meses – trabalho que é realizado pelas vidraçarias. O site do De Olho no Boxe conta com uma página criada para os vidraceiros: eles podem acessar materiais de apoio (o principal deles, o Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes de banheiro, pode ser baixado gratuitamente no site do programa e ser entregue ao cliente após a instalação do boxe de banheiro, assim como a norma orienta), cadastrar a empresa para que clientes interessados no serviço de manutenção preventiva possam procurá-la e acompanhar dicas de instalação de boxes de banheiro, entre outras orientações.

Revista O Vidroplano A maior e mais completa publicação do setor vidreiro – que você está lendo neste momento – traz, mensalmente, reportagens focadas nos vidraceiros na seção “Para sua vidraçaria”. Essas matérias costumam estar entre as maiores reportagens de cada edição, apresentando novas ideias para que sua vidraçaria leve sempre produtos e serviços de qualidade e com maior variedade de opções para o cliente, a fim de que sua empresa consiga se destacar da concorrência e alcançar melhores resultados no final do mês.

Este texto foi originalmente publicado na edição 617 (maio de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Saiba como transformar sua vidraçaria em serralheria

Os ramos do vidro e da serralheria são bastante próximos um do outro – afinal, o uso do nosso material em esquadrias se faz presente nos mais diversos tipos de instalação. Tendo isso em vista, muitas vidraçarias ampliam sua atuação e passam a trabalhar em ambas as áreas.

E você, já pensou em tornar sua empresa uma serralheria? Essa nova função abre novas oportunidades de negócios – mas implementá-la não acontece de uma hora para a outra: é preciso fazer um bom planejamento e estar preparado para todos os investimentos necessários, seja na aquisição de novas máquinas, seja na capacitação da equipe. Nas próximas páginas, O Vidroplano traz orientações para essa transição e apresenta depoimentos de vidraceiros que já passaram por ela.

O que faz uma serralheria?
“Na indústria de esquadrias, os processos executados tanto no chão de fábrica como na obra seguem uma sequência específica”, aponta o professor Alexandre Araujo, CEO do Canal do Serralheiro e coordenador da pós-graduação em engenharia de esquadrias de alumínio e fachadas envidraçadas. As etapas são as seguintes:

  1. Inicialmente, faz-se o corte dos perfis de alumínio, seguido pela usinagem deles;
  2. Em seguida, há a pré-montagem dos componentes, incluindo roldanas, fechos, escovas e gaxetas, entre outros;
  3. Os quadros e folhas são então montados, e os quadros das esquadrias são envidraçados;
  4. Finalmente, as esquadrias são embaladas e instaladas.

 

Foto: Divulgação Folle Comércio de Vidro
Foto: Divulgação Folle Comércio de Vidro

 

Por que entrar nesse segmento?
As próprias vidraçarias que tomaram essa decisão respondem – começando pela AS Vidraçaria, de Caruaru (PE). “Com as demandas do mercado, à medida que os clientes buscam soluções mais completas e integradas para seus projetos de construção e reforma, percebemos a oportunidade de oferecer serviços de serralheria para atender a essa demanda crescente”, conta Alexsandro Siqueira, proprietário da empresa. “Isso fez com que a vidraçaria oferecesse uma gama mais ampla de serviços e permitisse diversificar sua oferta, alcançando novos segmentos de mercado”.

Um dos principais atrativos para a mudança, claro, é o aumento da receita – esse foi o caso da Vidrarte, localizada em Itabira (MG). “Em busca de soluções para nossos clientes, sempre que podemos, participamos efetivamente de feiras voltadas para o ramo vidreiro; nessas visitas, começamos a entender que, além de funcional, produzir esquadrias traria uma margem de lucro absurdamente maior do que apenas fornecer os vidros temperados convencionais”, conta Luiz Henrique Brito Cruz Oliveira, analista-administrativo do empreendimento. “Essa percepção fez com que a Vidrarte passasse a buscar conhecimento e fornecedores parceiros para viabilizar o projeto.”

Trabalhar com atividades de serralheria também pode facilitar a própria operação da vidraçaria. “Além de a diversificação dos produtos nos garantir mais estabilidade financeira diante da oscilação do mercado, outro fator relevante é que, frequentemente, há demanda tanto de vidros como de esquadrias de alumínio dentro de uma mesma obra”, ressalta Gabriel Rocha, proprietário da RM Esquadrias, de Cachoeirinha (RS). Leonardo Folle, presidente da Folle Comércio de Vidro, de Marau (RS), concorda: “A ideia de ampliação surgiu a pedido de nossos clientes, de modo que pudéssemos entregar a eles um serviço ainda mais amplo e completo”.

 

Foto: Divulgação Canal do Serralheiro
Foto: Divulgação Canal do Serralheiro

 

Preparando-se para a ampliação
Antes de decidir que sua empresa também vai se tornar uma serralheria, é importante avaliar diversos fatores, como a demanda do mercado, a capacidade de investimento em novos equipamentos e treinamento e a viabilidade de integrar esses novos processos ao fluxo de trabalho existente.

“O valor médio para uma vidraçaria expandir suas operações para incluir os trabalhos com estruturas de alumínio pode variar significativamente, dependendo dos objetivos específicos do empresário – é crucial lembrar que, ao fazer a transição, a empresa passa de um simples prestador de serviços para uma indústria com metas de produtividade que estão relacionadas à capacidade de vendas e ao controle efetivo dos custos e despesas”, orienta Alexandre Araujo.

De acordo com o instrutor e CEO do Canal do Serralheiro, considerando a meta de faturamento, o investimento inicial para essa expansão pode começar a partir de R$ 150 mil. Esse valor seria destinado à aquisição de recursos necessários, como máquinas, equipamentos e softwares, essenciais para realizar as atividades de serralheria de alumínio.

A aquisição desses maquinários, por sua vez, traz outro desafio: a adequação do espaço de trabalho para acomodá-los sem comprometer as atividades habituais da vidraçaria e a circulação dos colaboradores. Em alguns casos, apenas mudar a disposição desses aparelhos pode não ser suficiente, como foi o caso da Silvestre Vidros, de São Paulo. “Depois de comprar os equipamentos mais modernos e funcionais que encontramos no mercado, acabamos mudando de endereço para um lugar mais amplo”, relata Andrea Oliveira, sócia-proprietária da empresa.

Saber que haverá custos para a adequação da vidraçaria e compra de novos instrumentos de trabalho pode parecer desanimador a princípio, mas lembre-se: trata-se de um investimento, não de um gasto perdido. E essa etapa pode até ser útil para expandir seus contatos: Andrea conta que foi durante a procura por máquinas que ela conheceu o fornecedor que se mantém como seu parceiro no mercado até hoje.

 

Foto: JackF/stock.adobe.com
Foto: JackF/stock.adobe.com

 

O passo a passo da transição
Oliveira, da Vidrarte, conta que sua empresa seguiu as seguintes etapas para tornar-se uma serralheria:

  1. Qualificação dos líderes para entender todo caminho a ser percorrido;
  2. Busca por fornecedores no mercado que ofereçam qualidade e boa relação custo-benefício;
  3. Readequação do espaço físico para implementação das novas máquinas e equipamentos para fabricação das esquadrias;
  4. Seleção de profissionais da área com pré-requisitos para desenvolver atividades em serralheria;
  5. Capacitação desses funcionários, por meio de cursos presenciais e online;
  6. Apresentação das novas soluções desenvolvidas pela empresa para o mercado (arquitetos, paisagistas, engenheiros e parceiros em geral).

Alexandre Araujo recomenda que o vidraceiro interessado nesse processo busque uma consultoria especializada para entender o montante do investimento necessário para equipamentos, materiais, mão de obra e capital de giro. “Também é importante identificar os sistemas de esquadrias de alumínio que se alinham aos objetivos de vendas da empresa. Ter uma ideia clara do faturamento pretendido em um determinado período é de igual modo crucial para buscar um espaço que atenda a capacidade de produção necessária para alcançar esse faturamento”, acrescenta. “Portanto, um planejamento cuidadoso e uma compreensão clara dos objetivos de negócio são essenciais para essa transição e evitam decepções futuras.”

Por fim, vale ressaltar que é preciso ter paciência para conseguir recuperar todo o investimento, o que reforça a importância de um bom planejamento. A boa notícia é que, se sua vidraçaria estiver trabalhando com qualidade, pode ter certeza de que esse retorno vem. No caso da Folle Comércio de Vidro, por exemplo, Leonardo Folle aponta que a empresa levou, aproximadamente, oito meses até começar a lucrar com a demanda nesse segmento.

A Butico Vidros, de Marabá (PA), teve experiência semelhante. “Iniciei o processo de ampliação em 2020, comprando equipamentos e buscando conhecimentos. Na verdade, começamos a decolar na área de serralheria só agora, mas já conseguimos recuperar o que investimos”, conta o diretor Francisco Cristino Cardoso da Silva, avaliando que o fundamental nessa transição é ter responsabilidade e compromisso. ”Tenha isso e não faltará cliente”, afirma.

“Vidro e alumínio são produtos complementares. É necessário que haja uma mudança cultural e muita resiliência para que uma vidraçaria se torne uma boa produtora de esquadrias, mas é extremamente gratificante atuar nesse mercado incrível e cheio de boas oportunidades”, destaca Gabriel Rocha, da RM Esquadrias.

 

Foto: Divulgação Canal do Serralheiro
Foto: Divulgação Canal do Serralheiro

 

Formando seus serralheiros
Essa é uma etapa crucial para o sucesso da sua empreitada. Afinal, não adianta ter toda a estrutura necessária para trabalhar com perfis e esquadrias se seus funcionários não souberem usá-la.

Opções de capacitação de qualidade não faltam. Cursos podem ser encontrados em instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), bem como junto a sistemistas de esquadrias que oferecem periodicamente cursos de aperfeiçoamento profissional. O Canal do Serralheiro também oferece treinamentos. Há um curso de formação para projetistas de esquadrias de alumínio e fachadas envidraçadas e, além dele, os profissionais envolvidos em orçamento, projetos e vendas que tiverem Ensino Superior podem se inscrever na na pós-graduação em engenharia de esquadrias de alumínio e fachadas envidraçadas. Para auxiliar na nova gestão, os empresários podem participar ainda de mentorias e consultorias oferecidas pelo Canal do Serralheiro.

Antes de começar a atuar com serralheria, a equipe da Silvestre Vidros passou por treinamentos e aperfeiçoamentos ministrados tanto pelo Senai como por instrutor presencial. Por sua vez, Júnior Furlanetto, sócio-diretor da Alto Padrão Vidros, de Belém, iniciou os trabalhos para levar sua vidraçaria para esse segmento há menos de dois meses, mas já está atento à importância de não apenas qualificar seus funcionários, mas também manter esse conhecimento em dia. “Hoje, o cenário nacional tem uma alta demanda de migração da vidraçaria para a serralheria por conta das obras de alto padrão; por isso, temos de nos atualizar todos os dias para acompanhar o mercado.”

Normas técnicas essenciais para serralheria
Assim como no trabalho tradicional dos vidraceiros, é fundamental que os empresários e colaboradores estejam familiarizados e em conformidade com as normas técnicas de serralheria. O professor Alexandre Araujo destaca algumas delas:

  • ABNT 10821 — Esquadrias externas para edificações;
  • ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações;
  • ABNT NBR 14718 — Guarda-corpos para edificações;
  • ABNT NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho.

“Essas normas estabelecem os padrões de qualidade e segurança que devem ser seguidos na indústria”, ressalta o CEO do Canal do Serralheiro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 616 (abril de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: romaset/stock.adobe.com

Redes sociais são fundamentais para as vidraçarias

As redes sociais já deixaram de ser frequentadas apenas nos momentos de lazer ou de ócio há muito tempo. Hoje, não importa qual seja a área de atuação de uma empresa, entidade ou órgão público: todos eles estão nesses espaços que podem ser usados tanto para divulgar comunicados e iniciativas como para apresentar produtos e estreitar laços com seu público-alvo.

O vidraceiro que não está presente – e ativo – nas redes sociais já perdeu muitas oportunidades de negócios. Quem está, mas não busca se diferenciar da concorrência, também não está tirando o melhor proveito delas. Nas páginas a seguir, O Vidroplano traz explicações de especialistas dessa área e de profissionais do nosso setor sobre a importância das redes sociais para potencializar a vidraçaria no mercado, além de dicas sobre como acompanhar a velocidade das mudanças que elas trazem e como planejar um conteúdo atrativo para engajar potenciais clientes.

País das redes
Em um levantamento da Comscore (empresa de análise da Internet) divulgado em reportagem da revista Forbes Brasil no ano passado, o Brasil é o 3º país que mais consome redes sociais em todo o mundo — e os mais de 130 milhões de usuários conectados aqui têm passado cada vez mais tempo na Internet, especialmente nessas plataformas. Esses dados vão ao encontro de outra notícia de 2023, do portal Rede Brasil Atual: os brasileiros ficam conectados, em média, quatro horas e oito minutos por dia nas redes sociais, acima da média mundial de duas horas e vinte e cinco minutos.

Tanto tempo gasto nesses espaços indica que os usuários estão desenvolvendo diversas atividades neles, incluindo negócios. “Percebo que as pessoas têm procurado produtos e serviços diretamente nas redes sociais. Mesmo quando essa busca é feita pelo Google, por exemplo, elas acabam dando uma conferida nas redes para verificar os trabalhos realizados e até o número de seguidores das empresas”, comenta a arquiteta Aline Dametto, diretora da StartGlass.

Gi Matos, a primeira influencer digital do setor vidreiro, avalia que os perigos para uma vidraçaria que não está presente nas redes sociais são enormes. “Essa ausência faz com que ela perca a oportunidade de alcançar novos clientes, manter-se relevante no mercado e competir com outras empresas que já estão nas redes.” O alerta é reforçado por Matheus Primo, criador da Glass11 (marca de design de móveis de vidro) e diretor-executivo da Primo Vidros, que aponta que essas plataformas estão dominando o próprio processo de comunicação.

Aliás, para quem duvida da importância das redes sociais para os negócios, Matheus conta um caso da Primo Vidros. “Havia um escritório de arquitetura que nós queríamos atender fazia muito tempo; eu já tinha visitado, enviado e-mails, e nada – e, um dia, um arquiteto desse escritório viu o nosso perfil no Instagram, decidiu o que queria e então nos contratou para duas obras — e o negócio foi bastante vantajoso para nós.”

 

Foto: Viktor - stock.adobe.com
Foto: Viktor – stock.adobe.com

 

Em quais redes estar?
Hoje, há uma série de plataformas para comunicação e socialização: Instagram, Facebook, WhatsApp, LinkedIn, TikTok e X (antigamente conhecida como Twitter), entre outras, cada qual com sua própria “linguagem”, ferramentas e particularidades. É preciso estar presente em todas elas?

A resposta vai depender do tipo de público que você pretende alcançar e do conteúdo que deseja produzir para elas. “Escolher as redes sociais que melhor atendam o público-alvo da vidraçaria e criar conteúdo relevante são atitudes essenciais para aproveitar ao máximo o potencial delas; podemos tirar proveito de todas entendendo o receptor que cada uma alcança e falando a língua dele”, destaca Monise Carvalho, arquiteta com experiência no ramo vidreiro e especialista em mídias sociais para vidraçarias.

Algumas possibilidades que podem ser exploradas pelos vidraceiros:

  • Instagram – Destaca-se por sua natureza visual, permitindo compartilhar projetos concluídos, antes e depois, e interagir por meio de postagens, histórias e Reels (formato de vídeos curtos), que despertam o desejo pela beleza e inovação;
  • Facebook — Ainda é relevante para estabelecer presença online, interagir com clientes por meio de postagens, mensagens diretas e anúncio de eventos, além de promover ofertas especiais;
  • YouTube — Excelente para criar vídeos informativos, tutoriais de instalação e depoimentos de clientes, estabelecendo autoridade no setor;
  • LinkedIn — É um espaço útil para networking, compartilhamento de conteúdo profissional e participação em grupos de discussão;
  • WhatsApp — Permite uma comunicação direta com clientes, fornecendo suporte rápido e compartilhando orçamentos – vale destacar ainda o WhatsApp Business, que autoriza criar um perfil comercial profissional, fornece estatísticas detalhadas sobre o desempenho das mensagens e abre espaço para a criação de catálogos de produtos, entre outras vantagens;
  • Pinterest — Plataforma visual para compartilhar ideias de decoração e inspirações de design que você pode vincular à sua marca;
  • X — Aqui, as vidraçarias podem construir uma presença online mais robusta, fortalecer relacionamentos com clientes e colaboradores e manter-se atualizadas sobre as últimas tendências e notícias do setor;
  • TikTok — Destaca-se pela sua popularidade entre o público mais jovem, possibilitando criar conteúdo criativo e viral para alcançar novos clientes.

O perfil da sua empresa e do seu público ajudará a identificar quais os espaços mais assertivos para ela. A Glass11, por exemplo, não usa as redes sociais somente para vender, mas também como um portfólio para reforçar a marca. “Nossa ideia é apresentar produtos que se destaquem do mercado para chamar a atenção e criar engajamento. Nesse sentido, o Instagram é a rede que mais usamos e que tem nos trazido mais retorno; temos casos de grandes projetos chegarem e saírem do papel por essa plataforma”, conta Matheus Primo.

De acordo com um artigo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) publicado em seu portal, é importante que as redes sociais de qualquer empresa tenham o máximo de profissionalismo e que o responsável por elas saiba como gerenciá-las: perfis sem gestão correm o risco de gerar um resultado contrário do esperado, podendo levar os clientes a enxergar seu estabelecimento com certa desconfiança e deixar de procurá-lo ou indicá-lo por conta disso.

 

Foto: Maciej Koba - stock.adobe.com
Foto: Maciej Koba – stock.adobe.com

 

Como se destacar?
Já ficou claro, então, que é fundamental que sua empresa esteja nas redes sociais. Mas, assim como ela, muitas outras vidraçarias também já estão ali. Assim, não basta estar presente e ativo nessas plataformas: é necessário pensar em como conseguir chamar a atenção do seu público-alvo – de forma positiva, é claro.

O primeiro passo para isso é a definição do conteúdo a ser publicado. “Para uma vidraçaria, é indicado diversificar o conteúdo em suas redes sociais, incluindo fotos e descrições de produtos e serviços oferecidos, mostrando obras em andamento para demonstrar a qualidade do trabalho, compartilhando dicas práticas de conservação e manutenção de sistemas envidraçados, e fornecendo ideias de decoração e design que envolvam o uso de vidro”, recomenda Monise. O compartilhamento de depoimentos de clientes satisfeitos e de informações sobre eventos e promoções especiais também podem ajudar a manter os seguidores engajados e atrair novos clientes interessados nos seus serviços.

Fotos e vídeos de obras realizadas pela vidraçaria também são uma boa forma de mostrar a qualidade das atividades da sua equipe. Quando fizer isso, vale a pena pensar em incluir marcações para os perfis dos parceiros e clientes do projeto divulgado – arquitetos, construtoras, fornecedores etc. “Além de demonstrar o reconhecimento e a valorização do trabalho em conjunto, isso também aumenta o alcance do conteúdo, o que acaba sendo bom para todos”, destaca Gi Matos.

A sugestão da influencer digital do setor vidreiro é apoiada por Aline Dametto. “Arquiteto segue arquiteto e tem também seguidores interessados em replicar os projetos em suas casas; então, se ele gosta do seu trabalho, vai replicar e lhe apoiar nas redes. E isso é ouro, é como uma indicação boca a boca”, afirma a diretora da StartGlass. Mas ela faz uma ressalva: “Antes de incluir as marcações, acho importante procurar o profissional que está administrando a obra, pois nem sempre o cliente quer a casa exposta nas redes sociais. Essa consulta também serve para reforçar a aproximação com o parceiro”.

 

Ilustração: elenabsl - stock.adobe.com
Ilustração: elenabsl – stock.adobe.com

 

Trends: seguir ou não seguir?
Outra possibilidade para impulsionar sua vidraçaria nas redes sociais é seguindo alguma trend (termo em inglês para “tendência”): trata-se de um tipo de conteúdo que ganha bastante popularidade por certo período, quando os usuários interagem e reproduzem publicações semelhantes, e depois vão perdendo força até desaparecer – e outras surgirem.

“Nem toda trend deve ser seguida, ainda mais quando é para representar uma marca, empresa ou serviço. Mas algumas podem ser adaptadas ao nicho ou perfil do cliente”, aponta Gi Matos. Assim, antes de embarcar na tendência do momento, é importante avaliar se ela se encaixa à proposta da sua empresa ou se segui-la pode comprometer a seriedade junto ao público.

Caso encontre uma trend interessante para usar nas suas redes, o passo seguinte é pensar e agir com rapidez, já que em pouco tempo ela já terá perdido o apelo. “Para acompanhar esse dinamismo nas plataformas sociais, as vidraçarias precisam estar atentas às tendências do mercado e se adaptar a elas de forma rápida e criativa. O segredo é manter-se sempre ágil sem perder a qualidade, lembrando-se de entregar sempre um bom conteúdo”, aconselha a influencer digital do setor vidreiro.

À procura da frequência perfeita
A periodicidade das publicações é uma das principais preocupações de quem alimenta um perfil em rede social, pois não é fácil definir o intervalo ideal entre uma e outra. “Uma frequência muito alta de conteúdos publicados pode sobrecarregar os seguidores e até mesmo fazer sua audiência se desconectar da sua marca, vendo-a como ‘aquela chata de tanto post’. Por outro lado, uma frequência muito baixa pode fazer com que a vidraçaria seja esquecida, o que não é legal, e o vidraceiro vai passar a impressão de que o público no mundo digital não é tão importante assim”, alerta Gi Matos.

Monise considera que a melhor maneira de resolver essa questão é testando diferentes frequências e maneiras de abordar os assuntos e ir monitorando o engajamento, até encontrar o equilíbrio ideal. “Outra dica de ouro é observar as práticas dos concorrentes e as tendências do setor. Os erros e acertos dos outros também podem orientar a estratégia de publicação”, ela acrescenta, ressaltando que todo esse processo precisa ser feito com calma: “Não se chega a esse ‘número ideal’ em um mês”.

Concorrendo com os grandes
Muitas empresas – incluindo as do nosso setor – contam com equipes especializadas no planejamento e na produção de conteúdo para as redes sociais, ou que destinam verbas para impulsionar publicações. Isso pode desanimar as pequenas vidraçarias – afinal, se uma empresa não tem acesso a esses recursos, é realmente possível conseguir uma boa visibilidade nessas plataformas?

Gi Matos considera que sim. “O segredo é produzir um conteúdo autêntico, relevante, de qualidade. No meu caso mesmo, nunca impulsionei conteúdo. Como meu Instagram é totalmente orgânico, posso garantir que essa estratégia funciona sim; é possível se destacar tanto no tráfego pago como no orgânico.”

A influencer aponta que pequenas ações podem fazer toda a diferença nesse alcance, como investir em um bom aparelho celular para melhorar a qualidade da imagem e do som captados por ele para as redes, aproveitar as ferramentas gratuitas oferecidas pelas plataformas e buscar firmar parcerias ou permutas junto a supermercados locais ou proprietários de vans escolares na divulgação do seu estabelecimento. “Vale sempre lembrar: quem aparece, cresce”, enfatiza Gi Matos com seu slogan.

Este texto foi originalmente publicado na edição 615 (março de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

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NR-35 é fundamental para trabalhos em altura

Várias operações realizadas pelas vidraçarias são feitas acima do nível do solo, como a instalação de envidraçamento de sacada ou de coberturas de vidro. Para garantir a segurança nesse tipo de atividade, os vidraceiros precisam conhecer e seguir a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35). Revisado em julho de 2023, o documento define os requisitos e as medidas de proteção durante o planejamento, organização e execução de trabalhos com diferenças de níveis.

Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta as principais mudanças trazidas com a revisão, além de apontar os equipamentos indispensáveis para o trabalho e soluções que podem facilitá-lo, bem como a importância de manter sua equipe sempre capacitada e atualizada.

 

Definição
Paulo Rogério Amorim de Matos, engenheiro de Segurança do Trabalho e instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP), explica que trabalho em altura é qualquer atividade realizada acima de 2 m do nível inferior – seja em relação ao solo ou a outra superfície de referência, como uma varanda localizada abaixo do local em que o serviço é feito – e onde haja risco de queda.

Jefferson Candeo, CEO da Guindaste Aranha, observa que a NR-35 não faz distinção entre os tipos de trabalho em altura, incluindo instalação ou manutenção de fachadas, marquises, beirais, claraboias, rooftops, coberturas ou pergolados. Jackson Santos, conhecido no mercado como professor Jack, acrescenta que o documento técnico também indica que os cuidados necessários independem da altura, considerando que os mesmos riscos estão presentes a 2 ou a 20 m, por exemplo.

Jack considera que, infelizmente, o mercado vidreiro ainda carece de profissionais devidamente habilitados em trabalho em altura – enquanto o mercado de trabalho nessa área, por sua vez, não dispõe de profissionais com expertise em instalação, manutenção e inspeção de vidro, com algumas ressalvas para as empresas de limpeza de fachada.

 

Cuidados necessários independem da altura: os mesmo riscos estão presentes seja a 2 m ou a 20 m do chão (Foto: FedotovAnatoly/stock.adobe.com)
Cuidados necessários independem da altura: os mesmo riscos estão presentes seja a 2 m ou a 20 m do chão (Foto: FedotovAnatoly/stock.adobe.com)

 

O que mudou com a revisão
As principais mudanças feitas na norma regulamentadora dizem respeito às responsabilidades dos instaladores e ao processo de capacitação e emissão de certificação para a mão de obra, aponta Candeo, destacando que, de acordo com a NR-35, a organização – no caso, a vidraçaria – deve sempre avaliar o estado de saúde dos empregados que exercem atividades de trabalho em altura, de acordo com o estabelecido no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e no Programa de Gerenciamento de Risco (PGR).

As exigências determinadas na NR-35 para os empregadores — as duas últimas foram acrescentadas no novo texto de 2023 — são:

  • Garantir a implementação das medidas de prevenção estabelecidas na NR;
  • Assegurar a realização da Análise de Risco (AR) do trabalho a ser realizado e, quando aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho (PT);
  • Elaborar procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho em altura;
  • Assegurar a realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em altura pelo estudo, planejamento e implementação das ações e das medidas complementares de segurança aplicáveis;
  • Adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas de prevenção estabelecidas na NR pelas organizações prestadoras de serviços;
  • Garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois de adotadas as medidas de prevenção definidas na NR;
  • Assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível;
  • Estabelecer uma sistemática de autorização dos trabalhadores para trabalho em altura;
  • Disponibilizar, de forma facilmente acessível, as instruções de segurança contempladas na AR e PT, além de procedimentos operacionais, a todos os integrantes da equipe de trabalho;
  • Assegurar a organização e o arquivamento da documentação prevista na NR por um período mínimo de cinco anos.

 

Foto: Kadmy/stock.adobe.com
Foto: Kadmy/stock.adobe.com

 

A importância da qualificação
A revisão da NR-35 também coloca em destaque os requisitos para a formação dos profissionais que realizam a atividade. De acordo com o documento, todo trabalho em altura só pode ser realizado por profissional que tenha sido submetido e aprovado no processo de capacitação, envolvendo treinamento, teórico e prático, inicial, periódico e eventual.

Paulo Matos, do Senai, observa que esse curso deve ser realizado a cada dois anos, com carga horária mínima de oito horas. Ao final do programa, o funcionário precisa ser aprovado na avaliação teórica e prática, além de apresentar aptidão clínica para desempenhar as atividades por meio de um exame de saúde ocupacional. O treinamento contempla:

  • Normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura;
  • AR e condições impeditivas;
  • Riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas de prevenção e controle;
  • Sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva;
  • EPIs para trabalho em altura: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso;
  • Acidentes típicos em trabalhos em altura;
  • Condutas em situações de emergência, incluindo noções básicas de técnicas de resgate e de primeiros socorros.

 

Vale destacar que, mesmo para as vidraçarias cujas equipes passaram por capacitação para trabalho em altura há menos de dois anos, é importante buscar refazê-la o quanto antes, a fim de atualizar os conhecimentos. “O curso ministrado pelo Senai já aborda as mudanças presentes na nova versão da NR-35”, informa Matos.

 

Apostando na diferenciação
O treinamento definido pela NR-35 é obrigatório para quem pretende realizar trabalhos em altura – mas os vidraceiros empenhados em se destacar nesse segmento podem complementar essa capacitação com outros cursos disponíveis.

Para um conhecimento mais completo e efetivo, é recomendável procurar por cursos que fomentam o trabalho em altura de uma forma mais profissional, capacitando os alunos ao acesso por corda, recomenda Jack. “Um órgão importante nessa chancela é a Industrial Rope Access Trade Association (Irata) [Associação Comercial de Acesso por Corda Industrial], que coloca no mercado internacional mão de obra qualificada para as indústrias que precisam atender requisitos internacionais de segurança, como Braskem, Klabin e Petrobras”, informa. “Esses profissionais são especialistas em trabalho em altura, exercendo qualquer função nessas condições que são especializados a trabalhar — pendurados em uma cadeirinha, fazendo instalações, reparos, inspeções, enfim, trabalhos que oferecem risco e poucas pessoas habilitadas para fazê-lo.”

Jack conta que, desde 2018, ministra um curso prático cujo conteúdo faz a junção das orientações da NR-35 com as das técnicas verticais da Irata, incluindo formas de içamento por meio de polias e cordas, sem uso de andaime. No treinamento, os alunos também são orientados a adquirir seus equipamentos técnicos junto a empresas especializadas, além de aprender sobre os cuidados especiais para atividades como envidraçamento de sacadas, instalação de coberturas e de fachadas spider.

 

EPIs: aliados indispensáveis no trabalho em altura
A seção “Para sua vidraçaria” sempre reforça a importância de os vidraceiros usarem equipamentos de proteção individual em suas atividades para evitar qualquer tipo de ferimento. No caso de operações em altura, que trazem risco de queda, o uso de EPIs se faz ainda mais necessário. Paulo Matos aponta quais são eles:

  • Cinturão de segurança tipo paraquedista;
  • Talabarte contra queda (dispositivo de conexão para sustentar ou limitar a posição do trabalhador);
  • Trava-quedas (equipamento conectado ao cinto de segurança para interromper uma eventual queda);
  • Capacete com jugular;
  • Óculos de segurança;
  • Luvas de segurança;
  • Calçados de segurança.

 

Não basta ter (e usar) esses EPIs: é necessário que todos eles tenham Certificado de Aprovação (CA) emitido por órgão competente (clique aqui para consultar o CA dos seus EPIs).

 

Guindastes tipo aranha: uso da solução para içar painéis a grandes alturas contribui para trabalho dos instaladores (Foto: Divulgação Guindaste Aranha)
Guindastes tipo aranha: uso da solução para içar painéis a grandes alturas contribui para trabalho dos instaladores (Foto: Divulgação Guindaste Aranha)

 

Tecnologias para trabalhos em altura
O uso de maquinários também é imprescindível em diversas atividades em altura realizadas por vidraçarias – afinal, nenhum instalador vai carregar um painel jumbo nas costas, certo?

“Hoje, é possível notar no mercado a tendência do uso de vidros com dimensões e espessura cada vez maiores, com o desenvolvimento cada vez mais presente de fachadas unitizadas nas obras de grande porte. Com isso, não é mais possível mover os painéis manualmente, com vários homens carregando-os no canteiro de obras ou nas expedições das empresas de montagem de fachadas especiais”, afirma Jefferson Candeo.

A Norma Regulamentadora Nº 12 — Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos (NR-12), voltada para esses dispositivos, também passou por revisão para aprimorar as informações sobre os documentos regulatórios exigidos para a liberação do uso dos maquinários no canteiro de obras. “Ela agora exige alguns dispositivos de segurança, sensores e sistemas de controle de excesso de carga e orienta como deve ser feita a operação em desníveis, pisos irregulares ou sobre alturas e locais de difícil acesso, além de limitar as operações humanas em relação ao içamento via cabo de aço, cinta de nylon, cambão ou balancim para deslocamentos e projeções de carga sobre lanças hidráulicas”, explica o CEO da Guindaste Aranha.

Gruas, guindastes, elevadores elétricos e caminhões munck são algumas das soluções que podem ser encontradas no mercado, sejam para compra ou para locação. No caso da Guindaste Aranha, por exemplo, Candeo destaca a linha de guindastes tipo aranha elétricos ou movidos a gasolina, além das novas minigruas móveis que transportam o vidro em ventosas de forma autônoma por controle remoto – uma nova linha de máquinas, especialmente para uso em pequenas e médias vidraçarias, será apresentada no estande da empresa na Glass South America 2024.

Este texto foi originalmente publicado na edição 614 (fevereiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: IndigoElf/stock.adobe.com

Como evitar erros nos pedidos para as processadoras

Em qualquer relação comercial, a comunicação eficiente é um fator-chave para assegurar que todas as partes envolvidas saiam satisfeitas. No caso das vidraçarias, essa comunicação é importante não só junto aos clientes, mas, principalmente, com as processadoras que fornecem as peças de vidro a serem comercializadas.

Dessa forma, é essencial dedicar atenção aos pedidos que são enviados ao seu fornecedor: se feitos de forma confusa ou mal-elaborada, podem levar a falhas, atrasos e perdas para ambos os lados. A seguir, O Vidroplano aponta os principais erros cometidos nessa tarefa e apresenta dicas para emissão de pedidos mais eficazes.

A pressa é inimiga da perfeição
Três erros bastante comuns nos pedidos enviados às processadoras são a falta de informações, a presença de medições incorretas e a ilegibilidade das anotações – a dificuldade para conseguir entender o que está escrito.

“Os maiores problemas são muitas vezes relacionados à pressa de enviar o pedido. Com isso, acaba-se esquecendo de informar todas as necessidades”, alerta Lucas Bremm, diretor-comercial da Mary Art Vidros. Essa pressa frequentemente resulta em desenhos improvisados e até no uso de material inadequado para passar o pedido. Tudo isso acaba transferindo o problema para quem irá produzir o vidro solicitado. Muitas processadoras contam com modelos ou sistemas próprios para a anotação dos pedidos. Porém, é preciso que eles sejam preenchidos corretamente. “Se recebemos alguma solicitação fora do nosso formulário, demoramos muito mais a leitura”, aponta Alessandra Reis, coordenadora-comercial da Viminas.

Vale destacar também a falta de padronização. Angelo Gracioli, gerente-comercial da Cristal Sete, explica: “Grande parte dos vidraceiros que ainda não usam as ferramentas de e-commerce costuma cometer erros simples, confundindo-se bastante com as medidas das peças – alguns as passam em centímetros e outros em milímetros, o que gera ruído na comunicação e leva a perdas, retrabalhos e prejuízos”.

 

Foto: Oulaphone/stock.adobe.com
Foto: Oulaphone/stock.adobe.com

 

Quem perde com esses problemas?
A resposta é simples: todos. “Sempre que ocorre algum erro por qualquer uma das partes, ou por ambas, gera-se um transtorno muito grande que vai além do prejuízo financeiro”, comenta Gracioli, ressaltando que o desconforto resultante faz com que cada lado fique empurrando a falha para o outro, gerando descontentamento por ambas as partes – e não só por elas. “O mais prejudicado é sempre o consumidor final, que fica com a obra inacabada e pode acabar denegrindo o setor como um todo — e isso não é bom para nossa cadeia.”

Alessandra Reis, da Viminas, exemplifica como um pedido malfeito pode resultar em problemas para todos. “Por vezes, recebemos projetos complexos com informações apenas das medidas de vãos. Com isso, nós acabamos precisando calcular todas as folgas – sem conhecer a obra –, o que pode resultar em falhas nos cálculos, gerando atrasos e transtornos financeiros.”

“Eu costumo mencionar que todo e qualquer tipo de erro enfraquece o segmento como um todo: a processadora perde forças e a vidraçaria também, prejudicando a saúde das empresas tanto no aspecto financeiro como no tempo perdido, além do estresse causado”, observa Lucas Bremm, da Mary Art. Dessa forma, há muito a ser perdido com a falta de cuidado na elaboração dos pedidos antes de enviá-los – felizmente, evitar esses problemas é mais simples do que pode parecer.

Como melhorar os pedidos?
Sem dúvida nenhuma, o momento de passar a limpo o pedido é crucial para a administração do seu negócio e deveria ser encarado como prioridade. Bremm recomenda o uso de uma checklist durante a elaboração do pedido para facilitar o acompanhamento, item a item, de tudo que deve ser informado.

Todas as informações cruciais para a peça desejada devem estar presentes no pedido, organizadas e legíveis, para que as processadoras percam o menor tempo possível em retornos para dúvidas. No entanto, o diretor da Mary Art também sugere que se evite incluir detalhes que não sejam relevantes para a produção do vidro. “Se é preciso explicar todo o seu projeto no pedido, é sinal de que ele não foi bem realizado.”

Entre as informações indispensáveis, Alessandra, da Viminas, cita as medidas para folgas, furações e recortes: “Cada ferragem tem um tipo de folga. Se essa informação não chegar corretamente, gera prejuízo para o cliente, pois, uma vez temperada, não é possível modificar a peça de vidro”.

 

Foto: Song_about_summer/stock.adobe.com
Foto: Song_about_summer/stock.adobe.com

 

Padronizando (e modernizando) os pedidos
Alessandra orienta os clientes da Viminas a utilizar os formulários da processadora, pois indicam as informações necessárias a serem preenchidas. Mas quem não gosta de mexer com papel tem outra opção na empresa: o e-commerce. “Essa modalidade pode ser utilizada em qualquer lugar, pois o cliente pode acompanhar todo o pedido, desde a liberação do setor financeiro até o carregamento para entrega”, ela explica.

O sistema de e-commerce é bastante usado pela Cristal Sete. “O processo de envio de pedidos melhorou muito nos últimos anos, pois muitas empresas também já trabalham com ele”, comenta Gracioli. Uma das principais vantagens oferecidas por essa solução diz respeito ao acompanhamento do prazo de entrega da encomenda. “Como ali aparece a previsão de carregamento dos pedidos, o vidraceiro consegue se programar com sua equipe de instalação”, salienta.

Muitos pedidos: como fazer?
Frequentemente, sua vidraçaria terá váriaspeças diferentes para encomendar no mesmo período. Nesse caso, fica a dúvida: é mais eficiente enviar todos os pedidos de uma vez ou separadamente?

A resposta vai depender da processadora. A Mary Art, por exemplo, recomenda que o envio seja feito separadamente. “Isso acelera o processo de encaminhamento para a fábrica e melhora o processo de leitura de todos os itens necessários, diminuindo absurdamente a chance de erros em algum dos pedidos”, explica Lucas Bremm.

Já a Cristal Sete considera que o vidraceiro pode passar todos os pedidos de uma vez dentro do prazo normal. “Quando o volume solicitado é muito maior que o de rotina, o nosso PCP [Planejamento de Controle da Produção] faz uma orientação; o vendedor, então, entra em contato com a vidraçaria para negociar e dividir a carga em duas ou mais entregas”, informa Gracioli.

Na dúvida, consulte a processadora para a qual sua empresa costuma pedir os vidros. Ela poderá informar qual dessas possibilidades considera melhor para assegurar a entrega sem erros e dentro do prazo esperado.

Dentro das normas
Por fim – mas definitivamente não menos importante –, um ponto crucial antes do envio do pedido é averiguar se a especificação do vidro encomendado atende as normas técnicas para a aplicação pretendida. Como todo profissional de qualquer elo da cadeia vidreira deve saber, o descumprimento das normas pode resultar em consequências gravíssimas e irreparáveis.

Embora as processadoras também tenham conhecimento das normas, nem sempre elas têm como observar um pedido que não as siga. Nos casos em que esse problema é detectado, o procedimento padrão das processadoras é recusar o pedido e procurar o vidraceiro – isso impedirá a aplicação do vidro fora das normas, é claro, mas também causará um atraso considerável e a necessidade de refazer o pedido. Por isso, recomenda-se que os vidraceiros sempre tenham em mãos as normas e as informações técnicas que dizem respeito à finalidade pretendida para as peças desejadas.

 

Tabela Que vidro usar?, da campanha #TamoJuntoVidraceiro: material é excelente fonte de consulta para saber quais tipos de vidro estão dentro das normas para cada aplicação
Tabela Que vidro usar?, da campanha #TamoJuntoVidraceiro: material é excelente fonte de consulta para saber quais tipos de vidro estão dentro das normas para cada aplicação

 

Lucas Bremm deixa uma dica valiosa para agilizar essa consulta: “A tabela Que vidro usar?, elaborada pela Abravidro para a campanha #TamoJuntoVidraceiro, é uma excelente ferramenta de rápida absorção com relação aos tipos de vidro que podem ou não podem ser usados em determinados projetos”. Além disso, no Educavidro, plataforma vidreira gratuita de ensino a distância, um dos cursos temáticos oferecidos é o de “Aplicações do vidro”, que aborda os principais usos do material na construção civil, como guarda-corpos, coberturas, fachadas, portas, janelas e boxes de banheiro, sempre orientando essas aplicações conforme as normas da ABNT.

Este texto foi originalmente publicado na edição 613 (janeiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Freedomz/stock.adobe.com

Como manusear o vidro dentro e fora da vidraçaria

O manuseio correto de vidros nas usinas e processadoras é apresentado na reportagem especial desta edição de O Vidroplano (clique aqui), mas os cuidados com nosso material não terminam nessas empresas: os vidraceiros também precisam estar atentos ao carregar as peças, seja internamente ou nas obras em que a instalação será feita.

A seção “Para sua vidraçaria” é sobre isso. Abordamos as particularidades no manuseio de vidros e espelhos e trazemos algumas dicas essenciais para garantir a segurança da sua equipe e dos seus produtos nessa atividade.

Movimentação apenas quando necessária
Segundo Francisco Conte, diretor de Operação da Vivix Vidros Planos, é ideal evitar ao máximo a movimentação dos vidros de forma manual – em outras palavras, os produtos só devem ser levados de um espaço a outro quando houver necessidade. “O cuidado com essa medida diz respeito à saúde e segurança dos colaboradores das vidraçarias, além de reduzir o perigo de arranhar, riscar, fragilizar ou avariar os produtos.”

Essa orientação é reforçada por Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro. Ele considera que, em geral, os cuidados e recomendações para o manuseio realizado pelas vidraçarias costumam ser os mesmos indicados para as processadoras.

Mas vale destacar que, enquanto os vidros precisam ser carregados em vários momentos durante seu beneficiamento e têmpera – por exemplo, do corte para a lapidação, desta para a lavagem etc. –, o trabalho dos vidraceiros não envolve tantas etapas. “Aqui não temos produção e corte, somente o manuseio de peças já prontas”, aponta Jaqueline Fazolim, gerente de Relacionamentos e Projetos da Fazolim Vidros. Com isso, um bom planejamento pode ajudar sua empresa a restringir essa movimentação das peças ao essencial – por exemplo, quando elas precisarem ser levadas da área de armazenamento para o veículo que as transportará à obra.

Proteção para os trabalhadores…
Assim como em todos os tipos de atividade envolvendo o nosso material, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é indispensável para o manuseio de vidros. Segundo Cláudio Lúcio, os colaboradores que carregam as peças devem estar paramentados com os seguintes itens:

  • Luvas anticorte;
  • Mangotes anticorte;
  • Óculos de proteção;
  • Capacete (quando os vidros forem carregados acima da altura da cabeça);
  • Botas com biqueira.

Além dos EPIs, o uso de equipamentos para facilitar o deslocamento do vidro também é recomendável. Vidraçarias normalmente trabalham com peças menores, não precisando de dispositivos como pinças, cintas ou ventosas automáticas – ainda assim, há soluções voltadas para auxiliar o carregamento feito manualmente. “Usamos ventosas manuais para transportar vidros muito grandes e/ou pesados, pois, além de facilitar a locomoção, elas também dão mais segurança para nossos funcionários em caso de quebras”, comenta Jaqueline.

 

Foto: Divulgação GlassParts
Foto: Divulgação GlassParts

 

Diferentes equipamentos de manuseio voltados para vidraçarias podem ser encontrados no mercado nacional. A GlassParts, por exemplo, fornece carrinhos para transporte e as já citadas ventosas manuais. Ricardo Costa, diretor-comercial da empresa, recomenda que o vidraceiro busque se informar com o fabricante dessas soluções sobre o uso adequado delas e seus limites. “Não basta escolher o equipamento adequado; também é importante sempre respeitar a capacidade de carga dele”, alerta o diretor.

…e para os vidros
Nosso material pode ser danificado quando as peças são colocadas em contato direto umas com as outras, ou apoiadas diretamente em paredes. Dessa forma, é necessário colocar protetores em cada uma delas: o mercado já conta com soluções para a segurança do vidro.

A C&A Embalagens é uma das empresas no Brasil que fabricam vários tipos de protetor, como calços e cantoneiras de papelão (com dimensões específicas de acordo com a espessura do vidro a ser protegido) – os primeiros podem ser colocados nas laterais ou nas faces das peças, enquanto as segundas são voltadas para a proteção das quinas (pontas). Há também separadores emborrachados para aplicação nas superfícies.

 

Foto: Divulgação C&A Embalagens
Foto: Divulgação C&A Embalagens

 

Antéo Olivatto Júnior e Roberto Luis Dolo – presidente e gerente financeiro da C&A Embalagens, respectivamente –, ressaltam que os protetores devem ser colocados na quantidade adequada para assegurar a proteção e integridade dos vidros. Assim, ao adquirir essas soluções, não deixe de consultar o fabricante delas para saber quantas usar e a melhor forma de colocá-las e retirá-las.

Outro ponto muito importante para garantir a integridade dos vidros é o local de armazenamento. Cláudio Lúcio enfatiza que esse espaço precisa ser protegido de intempéries e isento de umidade ou contaminantes.

 

Foto: New Africa/stock.adobe.com
Foto: New Africa/stock.adobe.com

 

Como manusear o vidro na obra?
Em geral, conforme apontado anteriormente, os cuidados tendem a ser os mesmos, mas é preciso estar atento às particularidades do local em que os produtos serão instalados. “Como nosso foco hoje é em projetos com serralheria, a maioria das peças transportadas já chega encaixilhada, tornando o transporte mais seguro”, explica Jaqueline Fazolim. “Já quando temos serviços com espelhos e vidros mais delicados, o processo é basicamente o mesmo – talvez até mais delicado – que o seguido dentro da nossa linha de produção. Nela já sabemos onde estão os equipamentos e obstáculos que podem causar um acidente, enquanto dentro de uma obra, principalmente quando há mais prestadores em serviço, a atenção e o cuidado são redobrados.”

Atenção!

  • Peças de tamanho médio ou grande precisam ser carregadas por, no mínimo, duas pessoas;
  • Os vidros e espelhos devem ser manuseados sempre na vertical;
  • Furos e recortes devem estar voltados para cima;
  • Não use tábuas como rampa para os funcionários carregarem ou descarregarem os vidros nos veículos, pois elas oferecem risco de queda.

 

vidracaria5-dez2023

 

Casos especiais
Considerando os diversos tipos e composições de vidros e espelhos disponíveis no mercado nacional, há cuidados específicos que precisam ser tomados para algum deles?

Jaqueline Fazolim responde: “Os tipos de peça com os quais temos os maiores cuidados são os espelhos e os vidros finos, com espessuras abaixo de 4 mm, com os quais precisamos ter maior cautela durante a movimentação. Os vidros jateados também merecem atenção, pois a superfície deles pode reter gordura ou umidade em contato com a pele”.

Em caso de dúvida sobre algum produto, o indicado é entrar em contato com a fabricante do produto para conferir se há alguma recomendação especial para manuseá-lo.

Este texto foi originalmente publicado na edição 612 (dezembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Rochu_2008/stock.adobe.com

Calcule o preço de venda ideal para sua vidraçaria

A definição dos preços cobrados pelos produtos e serviços é um fator de grande importância para o sucesso dos seus negócios: se estiver muito alto, pode afastar os clientes; se estiver muito baixo, o vidraceiro pode acabar gastando mais do que ganhará com a venda, comprometendo a saúde financeira da empresa.

Então, qual o segredo para que o preço de venda seja atrativo para o consumidor e também proporcione a margem de lucro desejada para a vidraçaria? Nas próximas páginas, entenda os fatores que precisam ser considerados para o cálculo e confira algumas dicas para se diferenciar da concorrência mantendo a competitividade.

Separando gastos
Todos os recursos relacionados diretamente à produção da empresa, à execução de serviços e à gestão do negócio são considerados gastos. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) distingue-os em dois tipos:

  • Gastos fixos: aqueles que se repetem todos os meses e dizem respeito ao empreendimento – isto é, que existem mesmo que nenhum bem tenha sido produzido e nenhum serviço tenha sido realizado no período;
  • Gastos variáveis: os que existem somente caso ocorram a produção e/ou a comercialização de um produto ou serviço (por exemplo, o custo de reposição de estoque).

Jaqueline Fazolim, gerente de Projetos e Relacionamento da Fazolim Vidros, aponta os custos variáveis mais frequentes: “Para precificar um produto, temos de levar em consideração o uso de itens como o alumínio e vidros a serem aplicados, os insumos e acessórios necessários para a instalação do sistema, a visita técnica de medição, a visita de instalação, impostos fiscais e a margem interna de lucratividade”. Itens como equipamentos de proteção individual (EPIs), veículos e ferramentas fazem parte dos gastos fixos, não sendo, portanto, considerados na planilha de orçamento.

O uso de uma tabela de gastos, com a separação deles entre fixos e variáveis, pode ser de grande ajuda para mantê-los sob controle e identificar quais deles são mais altos e/ou mais frequentes.

Atenção: os gastos fixos da sua vidraçaria não podem ficar tão altos a ponto de inviabilizar o seu negócio!

 

Crédito: Kadmy/stock.adobe.com
Crédito: Kadmy/stock.adobe.com

 

Concorrência e qualificação
O preço cobrado pode variar bastante em relação a outras vidraçarias. Isso pode acontecer devido a vários fatores, como um valor maior ou menor pago aos seus fornecedores, ou o fato de algum dos seus concorrentes ter fechado uma venda em grande quantidade, o que pode mudar o preço praticado nesse caso (confira no final desta reportagem algumas dicas para uma precificação vantajosa para sua empresa e para os seus clientes).

Entre essas possibilidades, o Sebrae destaca que a percepção que o consumidor tem do valor dos bens adquiridos também faz diferença – em outras palavras, o peso da sua marca importa. Assim, em vez de tentar se apresentar como a vidraçaria com os preços mais baixos do mercado (e colocar sua margem em risco), vale a pena buscar ressaltar a qualidade dos produtos e serviços que ela oferece.

Para Jaqueline, a qualificação dos colaboradores da Fazolim é um ponto importante para se levar em conta – por isso, eles são registrados e passam constantemente por treinamentos de segurança e instalação, o que aumenta os custos fixos da empresa. “Sempre demonstramos para nossos clientes a importância disso para a reputação e a segurança operacional que nossa equipe tem. Assim, o público que compra conosco entende que o nosso preço é formado pela qualidade geral tanto do produto como da equipe – afinal, não adianta você ter o melhor produto do mercado se a instalação não for boa”, destaca a gerente.

Essa qualificação também permite que a empresa ofereça serviços que outras vidraçarias podem não ter como executar, como trabalhos em altura – o que também se reflete no preço a ser cobrado. “Muitas vezes, o prazo de realização dessas atividades é maior e, consequentemente, o nosso custo de mão de obra também será; além disso, pode ser necessário o aluguel de equipamentos específicos para determinadas obras, o que também gera gastos que precisam ser considerados”, ressalta Jaqueline. “Acredito muito que a escolha de qualquer fornecedor pelo cliente não é feita apenas considerando um simples pedaço de papel com um valor escrito, mas também leva em conta o que há por trás desse preço, todo o know-how e estrutura que ele percebe que a empresa é capaz de oferecer.”

 

Crédito: Drazen Zigic – Freepik.com
Crédito: Drazen Zigic – Freepik.com

 

Calculando o preço de venda
Existem diversas formas para se chegar ao preço de venda – um que possa oferecer margem de lucro suficiente para que o negócio prospere, permitindo a remuneração dos sócios e o investimento em equipamentos, infraestrutura e pessoal. Por isso, é importante a vidraçaria verificar qual seria o cálculo mais adequado às suas necessidades.

Uma das formas mais conhecidas, indicadas pelo Sebrae, é a que consiste em sete etapas:

1 – Some todos os custos fixos: aluguel, conta de luz e água, salários, materiais para escritório e todos aqueles que não são afetados pela produção;

2 – Divida o custo fixo total pela quantidade de produtos;

3 – Separe os custos variáveis (exemplo: matéria-prima e embalagens);

4 – Obtenha o preço pago pelos produtos (considerando que a produção é terceirizada) e acresça-o aos custos fixos;

5 – Precifique a margem de lucro desejada, calcule os impostos e as comissões (os três itens devem aparecer em forma de porcentagem) – estes são definidos como custo total de vendas (CTV);

6 – Após calcular todos esses itens, você poderá encontrar o mark up divisor (MKD), que mostra a quantia cobrada por um produto para saber o seu lucro real. A fórmula é representada da seguinte maneira:

MKD = (100 – CTV) ÷ 100

7 – Com o resultado do MKD em mãos, utilize-o como nesta fórmula para chegar ao valor do produto ou serviço a ser cobrado:

Preço de venda = Custo do produto ÷ MKD

 

Crédito: Freepik.com
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Para ficar de olho
O cálculo é apenas um passo para buscar a lucratividade. É muito importante que a vidraçaria se atente a outros tópicos relacionados:

  • Equilíbrio é tudo: o ponto de equilíbrio de uma empresa é o chamado “marco zero”, no qual todas as contas foram pagas, mas ainda não se obteve lucro – geralmente coincidem em um dia aproximado do mês. Isso significa que, naquele instante, serão quitados quaisquer valores em aberto. A partir dali, todo centavo que entrar será lucro;
  • Análise do que está ao redor: estudar o mercado no qual se está inserido, traçar metas, prazos e objetivos, são tarefas que sempre precisam estar no horizonte de um negócio;
  • Propaganda faz a diferença: contratar profissionais de marketing ou apostar em propaganda não são gastos: devem ser encarados como investimentos. Feitos da maneira certa, conseguem melhorar o engajamento dos consumidores e aumentar vendas, além de reter clientes e conquistar novos;
  • Clientes em prol da empresa: estudos indicam que 80% dos lucros são obtidos por apenas 20% dos clientes. Por isso, fazer com que seus consumidores retornem para gastar mais com você é fundamental em um mercado tão competitivo. Gerenciando corretamente os dados dos compradores, é possível descobrir os mais assíduos para oferecer pacotes exclusivos, descontos, programa de fidelidade ou outras estratégias;
  • Modernização e expansão: o crescimento de uma empresa também passa por tarefas consideradas básicas, mas que não podem ser deixadas de lado, como a presença nas redes sociais e a criação de um e-commerce (caso seja viável financeiramente). Se os lucros estiverem acima do planejado, permita-se crescer no ramo empresarial, criando mais pontos de venda, inaugurando lojas físicas e usando plataformas e sites próprios para vender.

Dicas do Sebrae para uma boa precificação

  • Fique atento ao giro do seu produto: quanto maior for o tempo que ele demora para sair do estoque, menor tende a ser sua margem de lucro – o giro do produto precisa ser suficiente para cobrir os gastos fixos da sua empresa;
  • Procure se diferenciar dos concorrentes, seja na apresentação do produto, processo de venda, ponto comercial ou na venda de kits (que podem até reduzir sua margem de lucro, mas aumentam o valor médio de vendas por cliente);
  • Saiba identificar seu público-alvo: dependendo do perfil desse consumidor, o preço de venda praticado pela sua vidraçaria pode ser ajustado – por exemplo, se o comprador busca maior agilidade na entrega, mais conforto ou acesso a produtos ou serviços de baixa disponibilidade no mercado, ele é menos sensível ao preço e você pode melhorar sua margem com um valor de venda mais alto;
  • Faça boas compras: não deixe de negociar com seus fornecedores e planejar a aquisição dos produtos e insumos utilizados pela sua vidraçaria com antecedência, para reduzir os preços de compra e, assim, melhorar sua margem de contribuição;
  • Evite fazer promoções a todo momento, pois isso pode fazer o cliente se acostumar com elas e deixar de buscar seus produtos e serviços pelo valor regular. Programe datas especiais para oferecer promoções e incentive compras em valores maiores nesse período com descontos progressivos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 611 (novembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: kstudio – Freepik.com

Confira soluções espelhadas para a decoração

O segmento de decoração é bastante atrativo para as vidraçarias que buscam expandir sua área de atuação – afinal, nosso mercado conta com diversos produtos que agregam beleza e originalidade aos ambientes.

Várias dessas opções envolvem o uso de peças espelhadas. O Vidroplano já destacou em outras reportagens os benefícios que espelhos conferem aos espaços em que são aplicados. Desta vez, vamos ousar um pouco mais e apresentar algumas soluções bastante diferenciadas com esses materiais.

Horizonte e modernidade rumo ao infinito
Uma das principais qualidades no uso de espelhos na arquitetura, decoração e design de interiores é a sensação de amplitude que eles trazem ao ambiente – mesmo uma sala pequena pode parecer bem maior com uma parede inteira espelhada. Os espelhos infinitos levam essa sensação a outro nível: aplicados como piso, por exemplo, eles fazem parecer que a pessoa caminha em uma superfície de vidro colocada sobre um buraco iluminado – e sem fundo.

Espelhos infinitos podem ser feitos de diferentes formas: em geral, consistem em dois espelhos – sendo um deles apenas parcialmente refletivo (unidirecional) – colocados em paralelo dentro de uma esquadria. Dentro dela, entre as duas peças, são instaladas fontes de luz (como fitas de lâmpadas LED), criando esse efeito óptico com a aparência de um túnel de luzes futurista e de grande profundidade.

 

Mateus Keiper
Mateus Keiper

 

Os espaços “Iara” e “Ressaca”, na instalação Mar de Espelhos, presente no AquaRio (Rio de Janeiro), chamam a atenção pelo uso do espelho infinito. Celso Rayol e Fernando Costa, sócios do escritório Cité Arquitetura, contam que enxergaram no caráter enigmático dessa técnica uma resposta para as sensações que queriam despertar: vertigem, reflexão, dúvida.

“De forma poética, o espelho infinito é uma representação física desses estados”, acrescentam Rayol e Costa, enfatizando que ele é especialmente interessante em sua capacidade de ampliar o espaço sem de fato agregar mais metragem e criando uma nova perspectiva. “É um elemento arquitetônico e artístico ao mesmo tempo que faz parte do imaginário lúdico de todos.”

Os sócios do Cité destacam também a contribuição do sistema para o desenho de luminotécnica no espaço “Ressaca”: o jogo entre o espelho infinito e a dança de luzes de acordo com o vídeo transmitido pelos telões trazem mais uma curiosidade inesperada para o visitante.

 

Camila Santos
Camila Santos

 

O espelho infinito também foi usado no “Design LAB”, ambiente assinado pelo Studio Noventa para a Casa Cor Espírito Santo 2022. Sillas Nickel, arquiteto e diretor de criação do Studio Noventa, conta que essa solução foi essencial para o projeto. “Além das cores que evocavam uma atmosfera mais digital, utilizamos artifícios de iluminação para reforçar um ambiente de inovação. Ao fundo dele, inserimos um grande quadro com espelho infinito que trouxe a necessidade de se refletir e dar novas e melhores oportunidades para si.”

Nickel aponta que, além de ser um ponto focal do espaço, a estrutura gerou interesse dos visitantes sobre como ela foi executada e trouxe outra dimensão ao ambiente. O arquiteto também afirma que, embora essa tenha sido a primeira experiência do Noventa com espelhos infinitos, sua equipe pretende utilizá-los em outros projetos.

Para os vidraceiros interessados em trabalhar com esse sistema, mas que não sabem como convencer seus clientes a comprá-los, Nickel sugere que busquem trabalhar com um arquiteto ou profissional capaz de incluir soluções únicas como essa em seus projetos: “Atualmente, o estúdio atua mais na área comercial – em escritórios, restaurantes, lojas – e, nesse segmento, o espelho infinito é uma solução visual que traz um olhar inovador, único ao espaço”.

 

Cris Martins
Cris Martins

 

Espelho ou TV? Ambos… e nenhum!
Quando se fala em vidros refletivos, a primeira imagem que vem à mente costuma ser o uso desse produto em fachadas. Mas essas peças também permitem a montagem de um sistema bastante interessante: trata-se de um espaço revestido que, à primeira vista, parece ser um espelho – até que, ao toque de um botão, uma tela surge no meio da superfície, transmitindo vídeos e imagens. Essa solução é normalmente conhecida como magic mirror (espelho mágico) ou mirror TV (“TV espelho”).

Assim como no caso dos espelhos infinitos, não há uma fórmula única para os magic mirrors. Há empresas que já os fabricam e comercializam prontos, com suas próprias técnicas, mas também é possível para sua própria vidraçaria fazê-los em parceria com o especificador – arquiteto, decorador ou designer de interiores – do projeto em que esse sistema será aplicado.

 

Cris Martins
Cris Martins


 

Uma das formas mais simples para isso consiste na colocação de um monitor de TV ou outro tipo de tela de forma embutida na parede, em um armário ou em outro espaço; o vidro refletivo é usado então como um revestimento na superfície onde essa tela estará embutida, “escondendo-a”. As luzes projetadas pelo monitor, quando ligado, atravessam o vidro e podem ser vistas em sua superfície – já quando o sistema é desligado, o aspecto refletivo da peça faz com que ela pareça um espelho, deixando o ambiente mais clean e moderno.

Apesar de diferente, a ideia não é nova: em 2018, um dos estandes da Cebrace na feira Expo Revestir trouxe essa solução entre as sugestões da empresa para a aplicação dos produtos da linha Vivânce na arquitetura. Ela também já foi mostrada em ambientes da mostra Casa Cor em diferentes anos e em diferentes Estados.

 

Marcos Santos
Marcos Santos


Fugindo do quadrado (e do retangular, e do circular…)

A essa altura, é difícil não conhecer os espelhos orgânicos: essas peças têm se tornado cada vez mais populares no mercado. O diferencial desses produtos está nas suas formas irregulares e assimétricas, que remetem a aspectos orgânicos da natureza – daí o seu nome.

Com linhas mais fluidas, livres e sem regras, os espelhos orgânicos fogem do clássico e, assim, conferem mais vida e personalidade à decoração do ambiente. Também podem ter diferentes tamanhos, cores e acabamentos, o que contribui para o aspecto visual diferenciado do espaço em que são aplicados.

Peças desse tipo têm aparecido bastante em edições recentes das mostras Casa Cor. Além disso, algumas empresas, como a Astra, por exemplo, contam com diversos formatos de espelhos orgânicos em seus catálogos.

Marcos Santos
Marcos Santos
Cris Martins
Cris Martins

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 610 (outubro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Camila Santos

Saiba como vender e instalar vidros insulados

Como você já deve ter visto, o vidro insulado, também conhecido como vidro duplo, é o tema da reportagem especial desta edição de O Vidroplano (leia mais clicando aqui). Embora essa solução ainda tenha um espaço pequeno no mercado nacional, ela oferece oportunidades interessantes a serem exploradas por diversos elos da cadeia vidreira – incluindo as vidraçarias.

Mas como apresentar esse produto aos clientes e convencê-los a comprá-lo em vez de opções menos eficientes por serem mais baratas? Que partes desse sistema precisam de cuidado especial durante o manuseio? Como a instalação é feita? A seguir, confira as respostas para essas e outras perguntas sobre o trabalho com insulados.

Apresentando os atrativos
A compra espontânea de insulados pelo consumidor final ainda é pequena. Em sua maioria, o produto é buscado por especificadores, como engenheiros ou arquitetos – e, infelizmente, em muitos casos nos quais essa solução seria a mais indicada, muitas vezes outros vidros menos eficientes acabam sendo escolhidos devido ao custo mais baixo.

Para ampliar a introdução do item no mercado, é preciso conscientizar cada vez mais os compradores sobre os benefícios que ele oferece. Nesse sentido, César Augusto Pereira, gerente de Produção da Divinal Vidros, afirma: “As vidraçarias desempenham um papel fundamental na divulgação e na adoção dos insulados pelo mercado brasileiro”.

Mas como apresentá-lo aos clientes? Pereira lista algumas possibilidades:

  • Oferecer informações detalhadas sobre os benefícios em termos de eficiência energética e conforto térmico e acústico;
  • Mostrar exemplos de projetos bem-sucedidos em climas diversos, destacando a versatilidade desse produto;
  • Colaborar com arquitetos e engenheiros na especificação em projetos;
  • Investir em treinamento para sua equipe de vendas, para que possam fornecer orientações precisas e detalhadas aos consumidores em potencial.

Daniel Estrela, sócio-diretor técnico da SEV Exclusivv, conta que a empresa costuma demonstrar o desempenho do vidro insulado em demandas para as quais eficiência térmica e acústica são necessárias: “Fazemos apresentação de amostras, materiais, dados técnicos comparativos entre insulados e vidros comuns e, em casos mais valiosos, realizamos até protótipos específicos para demonstração”, explica.

Agregando (ainda mais) valor
Um ponto interessante do insulado é que, como ele combina duas (ou mais) lâminas de vidro em sua composição, pode-se fazer combinações que tragam mais atrativos. “O vidro duplo pode reunir uma peça de controle solar na parte externa, e outra de segurança no lado interno”, sugere Edilene Marchi Kniess, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Rohden Vidros.

De acordo com Edilene, outra forma de agregar mais valor ao insulado é a inserção de uma persiana interna. “A diferença em relação à persiana externa convencional é que o acondicionamento dela entre os vidros evita o acúmulo de poeira, além de oferecer mais privacidade e controle da luminosidade ao ambiente.”

Segundo Roberto Papaiz, proprietário da ScreenLine, a combinação desse tipo de vidro com persianas é ideal para o mercado brasileiro. “Ela permite utilizar chapas mais transparentes, aproveitar integralmente a luz natural e ajustar o conforto lumínico adequado a cada atividade. Além disso, esse conjunto oferece uma proteção solar incrível, de 80% a 90%, reduzindo o custo com ar-condicionado e tornando o ambiente mais confortável, econômico e sustentável.”

Papaiz ressalta que é fundamental que a vidraçaria verifique junto à empresa fornecedora do insulado se o produto foi fabricado, ensaiado e aprovado de acordo com as orientações da norma ABNT NBR 16015 — Vidro insulado – Características, requisitos e métodos de ensaio. “O material precisa atender a ABNT NBR 16015 na sua integridade, especialmente se tiver insertos na câmara, como persianas, para garantir a confiabilidade e durabilidade do sistema”, afirma, enfatizando que já há diversos insuladores no Brasil que oferecem garantia de até dez anos.

Mostrando, e adquirindo, experiência
Por se tratar de um produto de valor agregado, a preparação do vidraceiro e da sua equipe é essencial: tanto a apresentação do insulado como a realização do serviço precisam acompanhar esse posicionamento. Por isso, se sua empresa pretende entrar no segmento, busque conhecer a fundo a solução, onde sua aplicação é mais recomendada e como evitar falhas no trabalho com ela.

“Não dá para vender valor agregado sem ter uma boa proposta comercial ou sem um bom atendimento. O profissionalismo é o item indispensável que determina ou não a venda desse tipo de produto”, afirma Daniel Estrela, da SEV Exclusivv, ressaltando que esse é o momento em que a vidraçaria pode se destacar da concorrência – ou perder o cliente. “Quem estiver disposto a pagar, justamente por estar com o dinheiro na mão, inevitavelmente vai preferir o estabelecimento que demonstrar mais preparo com preço condizente, e não somente decidir por quem oferece o valor mais baixo em uma ignorante guerra de preços”, alerta.

Preservando os painéis
“O insulado, como qualquer vidro especial, requer cuidados especiais. Qualquer avaria pode causar um alto prejuízo para o vidraceiro”, alerta Estrela. Por isso, ele orienta para que a atenção seja redobrada no manuseio desses sistemas, com embalagens apropriadas. No transporte, os vidros precisam ser bem calçados e devidamente cobertos para não haver risco de serem molhados.

Papaiz, da ScreenLine, salienta também a importância de equalizar a pressão da câmara do insulado no local da instalação. “Ao contrário do que muitos pensam, não há vácuo nessa câmara. Por isso, a pressão precisa ser a mesma do ambiente exterior do local em que será instalado”, explica. “Por exemplo, se o insulado foi produzido a 600 m de altitude e vai para a praia, a pressão no nível do mar é maior – portanto, comprime os vidros e, na instalação, a câmara precisará recuperar um pouco de ar para equalizar, ou pode haver deformação de reflexo. Caso haja persianas internas, essa operação é ainda mais necessária.” Assim que isso for feito na obra, o capilar de equalização deve ser lacrado.

Como instalar?
Conforme já comentado, a solução traz inúmeras vantagens para uma edificação, incluindo conforto térmico e acústico, além de economia em gastos com ar-condicionado. Porém, para garantir que ela de fato traga todos esses benefícios, é fundamental que a instalação seja feita corretamente. Uma aplicação malfeita comprometerá seu desempenho e resultará em desperdício de dinheiro por parte da vidraçaria e também do cliente.

A primeira orientação nesse sentido é que a instalação do insulado deve ser realizada por um profissional capacitado, capaz de identificar e corrigir problemas como frestas entre a esquadria e o vão a ser preenchido, por exemplo.

Isso posto, alguns cuidados essenciais nesse trabalho são:

  • Os vidros precisam ser aplicados em esquadrias projetadas para receber esse tipo de sistema – por isso, nada de improvisos na hora de escolhê-las, pois isso pode comprometer o desempenho térmico e/ou acústico do conjunto;
  • As esquadrias precisam ter um sistema de dreno muito eficaz, pois o interior do insulado não pode ter contato com umidade ou vapor d’água, que causam embaçamento;
  • Os painéis insulados devem conter um dispositivo ou válvula de equalização, que equilibra as pressões internas e externas do vidro – no momento da instalação do vidro em seu local definitivo, depois de equalizadas as pressões, é importante assegurar que o dispositivo seja adequadamente vedado;
  • Ao instalar o produto no vão, ele deve ser apoiado em calços para que suas bordas não entrem em contato com água da chuva, de lavagem do sistema ou de outras origens;
  • Para vedação, nunca utilize massa de vidraceiro, silicones ácidos ou com fungicidas que não sejam compatíveis com o composto do selante.

Assim como em outros tipos de vidro, deve-se evitar seu contato direto com metais, sempre calçando o conjunto com materiais apropriados e evitando o estresse da peça. O instalador precisa também fazer a proteção das bordas, da selagem e realizar uma vedação de qualidade para eliminação de frestas.

Para o vidraceiro que está disposto a trabalhar com a solução, o começo pode ser difícil – mas, quando o consumidor está ciente de tudo que ela oferece, fica fácil perceber que seu valor não é um custo, mas sim um investimento. “Prático, inovador, elegante, confortável e seguro, o insulado agrega em apenas um item todas as vantagens disponíveis no segmento vidreiro”, resume Edilene Kniess, da Rohden Vidros.

 

 

Amplie seus conhecimentos
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Fruto da parceria entre Abravidro e Abividro, o Educavidro tem o objetivo de ampliar a divulgação de conteúdo técnico atualizado e relevante sobre vidros.

Este texto foi originalmente publicado na edição 609 (setembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Anoo/stock.adobe.com

Atenção ao trabalhar com envidraçamento de sacada

A venda e aplicação de envidraçamento de sacada já são bastante comuns nas vidraçarias de todo o País. Esse serviço tem uma série de particularidades, que começam durante a medição do vão a ser preenchido e continuam mesmo após a instalação do produto ter sido concluída.

Para assegurar que os sistemas instalados por sua empresa sempre proporcionem a segurança e o desempenho esperados, vale a pena repassar esses pontos aos quais o vidraceiro deve estar sempre atento em cada etapa do serviço. Vamos conferir as orientações de profissionais do setor para essa atividade? Leia mais a seguir.

Na medição
A precisão nessa etapa é determinante para o resultado da obra. É imprescindível ter em mente que o medidor é uma figura muito importante dentro desse processo. “Assim, todos os problemas e correções devem ser detectados e corrigidos nesse momento”, alerta Marco Aurélio Gomes de Magalhães, diretor-comercial da Solução Fechamento Inteligente, de São José (SC). “Se isso for feito apenas quando a vidraçaria já está fazendo a instalação, o trabalho pode resultar em prejuízo para todos, seja no tempo para concluir o serviço, na necessidade de uso de material não orçado ou na insatisfação do cliente.”

De acordo com Paulo Correia, do Departamento Técnico da AL Indústria, de Mauá (SP), há três pontos principais aos quais os vidraceiros devem estar atentos no processo de medição: prumo, nível e alinhamento do vão. Além desses, Jaqueline Fazolim, gerente de Projetos e Relacionamento da Fazolim Vidros, de São Bernardo do Campo (SP), também recomenda que o profissional observe os seguintes itens:

  • Pontos fora de esquadro;
  • Diferenças de altura na alvenaria;
  • Identificação dos pontos de abertura;
  • Alinhamento dos pontos de instalação superior e inferior (para saber se haverá necessidade de barra prolongadora ou tubos);
  • Tamanho de elevador;
  • Posição de içamento (em caso de necessidade).

“Essa atividade deve ser realizada por um técnico treinado para medição de sacada, que é bem mais detalhista do que os tradicionais, e com ferramentas específicas, como nível a laser com três pontos e trena”, ressalta Jaqueline.

Colocando o sistema à prova
É muito importante que um protótipo do sistema completo – incluindo os vidros com a especificação adequada – passe pelos ensaios indicados na norma ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, publicada em 2014 pela ABNT. Ele precisa ser testado e aprovado nos seguintes requisitos:

  • Comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento;
  • Impacto de corpo mole;
  • Resistência às cargas uniformemente distribuídas para simular a ação do vento;
  • Resistência à corrosão.

Jaqueline conta que a Fazolim Vidros levou seu modelo desse produto para ser ensaiado, no ano passado, ao Instituto Falcão Bauer. “Desde então, após a aprovação do nosso sistema, não fizemos nenhum tipo de alteração nos fornecedores, nas especificações dos componentes ou nos modelos de instalação — permanecemos com a qualidade devida”, frisa a gerente de Projetos e Relacionamento.

Por sua vez, a Solução Fechamento Inteligente trabalha com o Sistema Blindex Sacadas, o qual foi submetido a todos os testes estabelecidos pela ABNT NBR 16259. “É de fundamental importância que haja maior rigor na cobrança da aplicação da norma, pois seu não cumprimento coloca em risco a vida de pessoas”, considera Marco Magalhães, salientando o grande perigo de que sistemas de envidraçamento de sacada sejam colocados no mercado sem atender os requisitos da ABNT NBR 16259 e de outras normas, quando aplicável.

Vale ressaltar que essa norma determina que somente vidros temperados ou laminados podem ser utilizados nessas estruturas. Além disso, deve-se garantir que o sistema composto atenderá os valores de pressão de vento da região do País em que será instalado, além das características da edificação (altura/quantidade de pavimentos), de forma que seja aprovado nos ensaios estabelecidos pela norma.

 

Crédito: Divulgação
Crédito: Divulgação

 

Na instalação
Os cuidados para a instalação do sistema devem começar ainda dentro da fábrica, com a escolha certa dos fornecedores de cada item, desde acessórios até o adesivo a ser utilizado para colagem dos vidros. “Durante a usinagem dos leitos e alumínios, verificamos também se eles têm algum defeito para ser ou não instalados”, acrescenta Jaqueline Fazolim.

Já na obra, é fundamental estar atento ao tamanho, distanciamento e espessura e tipo corretos dos parafusos de fixação da estrutura. “As medidas dos vidros com as folgas corretas também contribuem para uma boa instalação, para que nada fique ‘prensado demais’ ou ‘solto demais’”, orienta a gerente da Fazolim.

Lembre-se também de isolar o local abaixo da obra e sinalizar a área antes de iniciar a instalação para evitar que a eventual queda de algum objeto possa atingir quem estiver ali.

A ABNT NBR 16259 apresenta diversos requisitos a serem atendidos em uma instalação de envidraçamento de sacada, desde o tipo de vidro até o espaçamento a ser utilizado na fixação do perfil U de regulagem e dos trilhos. Magalhães, da Solução Fechamento Inteligente, lista algumas dessas orientações:

  • Na área do sistema onde os vidros abrem (na zona de recolhimento), em caso de sacadas retas, deve haver um elemento de fixação a cada 70 mm, no máximo;
  • No caso de sacadas curvas, deve-se utilizar um elemento de fixação a cada 50 mm da emenda do perfil;
  • Deve haver uma média de um elemento de fixação para cada duas folhas de vidro;
  • O espaço entre os elementos de fixação do perfil e do trilho superior deve ser de 500 mm;
  • Quando houver divisão nos trilhos, a cada 50 mm da emenda deve ter um elemento de fixação.

Protegendo os instaladores
Qualquer trabalho envolvendo o manuseio e a instalação de vidros precisa ser feito com o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), e o envidraçamento de sacada não é exceção.

Para esse trabalho, são recomendados os seguintes EPIs:

  • Botas de segurança;
  • Capacete (com prendedor de queixo);
  • Óculos de proteção;
  • Protetores auriculares;
  • Luvas e mangotes de segurança;
  • Cinto de segurança;
  • Talabarte (dispositivo de conexão para sustentar ou limitar a posição do trabalhador);
  • Linha de vida ou corda apropriada.

Na manutenção
Engana-se quem pensa que o trabalho do vidraceiro termina na instalação do produto: ele deve ser periodicamente revisado. “Aconselhamos nossos clientes a buscar esse serviço anualmente, mas há projetos em que o envidraçamento é utilizado com maior frequência. Nesses casos, orientamos que o usuário final nos procure a cada seis ou oito meses. Isso garante o melhor funcionamento das roldanas e acessórios”, explica Jaqueline.

Mas o que deve ser conferido nesse trabalho? Paulo Correia, da AL Indústria, responde: “Ao realizar a manutenção, o vidraceiro precisa se atentar aos itens indicados no Anexo D.3 da ABNT NBR 16259: deve-se verificar as roldanas, as camadas deslizantes, as condições dos vidros – isto é, se há presença de quaisquer marcas de má utilização neles – e de todos os componentes”. Cada produto pode ter orientações adicionais para esse serviço: no caso da linha da AL Indústria, por exemplo, Correia sugere uma lubrificação periódica, uma vez que ela trabalha apoiada no trilho inferior.

“A manutenção do sistema trata-se mais da necessidade de possíveis ajustes, devido ao uso constante do sistema, do que realmente de uma troca de componentes”, relata Magalhães, da Solução Fechamento Inteligente. Contudo, ele ressalta: “Aconselhamos o usuário a não efetuar sozinho nenhum tipo de manutenção, lubrificação ou ajustes nele; para isso, ele deve solicitar a presença de um profissional capacitado, para que este possa avaliar o produto e efetuar as devidas correções”.

 

Crédito: Divulgação Solução Fechamento Inteligente
Crédito: Divulgação Solução Fechamento Inteligente

 

Instalação sobre guarda-corpos
A aplicação desse tipo de estrutura sobre guarda-corpos já é bastante comum – mas, nesse caso, o vidraceiro precisa tomar cuidados adicionais. “Para esse tipo de instalação, é preciso observar, primeiro, se o guarda-corpos está devidamente estruturado, atendendo a norma para esse produto [ABNT NBR 14718 — Guarda-corpos para edificações], e com o devido laudo de aprovação”, orienta Paulo Correia. “Além disso, é necessário verificar se no descritivo da obra há orientação para montagem do envidraçamento de sacadas sobre o guarda-corpos.” Caso o local já esteja habitado, o vidraceiro deve orientar o cliente a consultar a ata do seu condomínio para saber se nela consta a aprovação para esse tipo de instalação e se há um padrão a ser seguido.

Esses cuidados se fazem ainda mais necessários nos casos em que o guarda-corpos foi instalado por outra empresa. A norma ABNT NBR 16259 permite esse tipo de instalação – porém, estabelece que o guarda-corpos deve estar em conformidade com a sua norma e que o conjunto formado com o envidraçamento atenda todos os requisitos que ela determina, sendo o desempenho do conjunto de responsabilidade do projetista e do fornecedor do fechamento.

“Normalmente, não executamos instalações acima de guarda-corpos já existente, pois não sabemos como foi feita a instalação e fixação do material. Às vezes, pode parecer que tudo está OK, mas a ancoragem pode não ter sido feita da forma certa”, comenta Jaqueline. “As exceções são para clientes que tenham ART [Anotação de Responsabilidade Técnica] do engenheiro predial garantindo que foi tudo feito corretamente – ainda assim, nesses casos, temos um contrato específico para esse tipo de trabalho.”

Documentação de responsabilidade técnica – o que é?
Trata-se do documento que assegura à sociedade que uma atividade técnica é realizada por um profissional ou empresa habilitados. Existem dois tipos:

Anotação de Responsabilidade Técnica (ART): fornecida por um engenheiro vinculado ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea);

Registro de Responsabilidade Técnica (RRT): assinado por um arquiteto vinculado ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).

A ABNT NBR 16259 recomenda que o fornecedor emita para o contratante a documentação de responsabilidade técnica. Embora a norma não coloque como obrigatória a emissão desses documentos, é bastante comum o cliente exigi-los. Então, vale a pena estar preparado.

Capacitação e suporte
Contar com uma equipe qualificada faz toda a diferença para o trabalho com envidraçamento de sacada – e também para as demais atividades realizadas pela vidraçaria. Por isso, buscar treinamentos para seus colaboradores é muito importante.

Nesse sentido, uma ótima opção é consultar a fabricante do sistema usado pela sua empresa: além de dar suporte e esclarecer dúvidas sobre o produto, pode ser que ela também forneça essa capacitação. A AL Indústria oferece curso de qualificação aos vidraceiros que queiram trabalhar com sacadas, tanto em versão presencial como online, e também apoia as escolas de formação de profissionais. “Tenho a felicidade de dizer que, nos últimos anos, já percorremos as cinco regiões do Brasil e outros países da América do Sul, qualificando e dando suporte para mais de 5 mil vidraceiros”, comemora Paulo Correia.

Este texto foi originalmente publicado na edição 608 (agosto de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Divulgação Fazolim Vidros

Sua vidraçaria já trabalha com vidros de controle solar?

Uma boa forma de diferenciar sua vidraçaria no mercado é oferecer aos consumidores produtos com os quais a concorrência não costuma trabalhar. Vidros de controle solar são uma opção bastante interessante nesse sentido, pois trazem uma série de atrativos para as obras em que são aplicados.

A seguir, conheça mais sobre as vantagens que os vidros de controle solar oferecem, confira algumas dicas de como apresentá-los aos seus clientes na hora da venda e saiba quais cuidados devem ser tomados no seu armazenamento, manuseio, transporte e instalação.

Aprendendo mais sobre a solução
É consenso entre as usinas de base no Brasil que os vidraceiros têm um papel extremamente importante para o uso de peças de valor agregado em obras. “Tratam-se de profissionais que têm um trabalho essencial com o consumidor final e que, quanto mais conhecerem todos os tipos de vidro que existem no mercado, mais poderão levar valor agregado aos seus produtos e serviços, já que há muito desconhecimento do consumidor sobre o vidro ideal para cada projeto”, considera Luciana Teixeira, coordenadora de Trade Marketing da Cebrace. Quem pode mostrar isso de forma mais evidente é o vidraceiro, por meio da difusão de informações sobre os benefícios do nosso material.

Antes de levar esse conhecimento para o usuário final, é preciso que o próprio vidraceiro já esteja por dentro das características desses vidros mais avançados. Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix Vidros Planos, considera que há quatro passos fundamentais para esse preparo:

1. Querer diferenciar-se dos concorrentes, oferecendo produtos modernos e inovadores que agregam valor aos projetos.

2. Fazer com que o valor do produto se torne valor percebido pelo cliente – isto é, que o comprador entenda que o vidro que está adquirindo vale o que está pagando.

3. Abrir-se ao novo.

4. Por fim – mas tão importante quanto os anteriores –, passar por uma capacitação técnica, ou seja, conhecer os detalhes de fabricação do produto e suas vantagens em comparação a outros.

“Esse passo a passo ajudará os vidraceiros a criar um discurso no qual o cliente terá condições de conhecer e também ponderar a gama de benefícios proporcionados pelos vidros mais tecnológicos. Dessa forma, quem aderir ao produto vai poder enxergá-lo não como um custo, mas sim como um investimento”, salienta Barbosa.

 

Crédito: Divulgação Vivix Vidros Planos
Crédito: Divulgação Vivix Vidros Planos

 

Levando o controle solar ao usuário final
Conhecer a fundo os vidros de controle solar é importante para vendê-los ao consumidor, mas só isso pode não ser suficiente para convencê-lo a comprá-los. Essa tarefa pode ser mais fácil – ou mais difícil – dependendo de quem é esse consumidor. “Os arquitetos que compram esses vidros conosco geralmente conhecem essas soluções e já têm projetos com essa especificação. Quando o comprador é o usuário final, geralmente somos nós que temos de apresentar a ele essa opção”, revela Andreia Santana, supervisora de Vendas da Saga Vidro + Design, de Mogi das Cruzes (SP).

O fato de esses produtos custarem mais do que peças convencionais tende a dificultar a venda para o consumidor final. Luiz Vaz Júnior, sócio-proprietário da Júnior Vaz Esquadrias e Vidros, de Itapetininga (SP), comenta que muitos deles costumam achar desnecessário o investimento em peças de controle solar, mesmo depois de serem apresentados aos benefícios que elas trazem aos ambientes.

Mesmo assim, é importante que o vidraceiro explique ao cliente todas as vantagens que essas soluções oferecem – afinal, o conforto térmico não é o único atrativo delas. Eduardo e Gustavo Sandron, sócios-proprietários do Grupo Sanglass, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, listam os principais argumentos de venda com relação aos vidros de controle solar:

  • Eficiência energética: ajuda a reduzir a entrada de calor no ambiente, levando a uma diminuição no uso de ar-condicionado e no consumo de energia elétrica;
  • Conforto térmico: ao bloquear parte dos raios solares, esse vidro ajuda a manter a temperatura interna mais estável, proporcionando um ambiente mais confortável para os ocupantes;
  • Proteção contra raios ultravioleta (UV): o material é projetado para bloquear os raios UV prejudiciais, responsáveis pela descoloração de móveis, pisos e tecidos, além de representar um risco à saúde humana;
  • Redução da luminosidade excessiva: esse tipo de vidro pode reduzir o brilho excessivo causado pela luz solar direta, permitindo uma visibilidade mais confortável e clara, especialmente em ambientes com computador ou televisão;
  • Privacidade: dependendo da opção escolhida, o vidro de controle solar pode oferecer maior privacidade, dificultando a visibilidade externa durante o dia;
  • Estética: além de seus benefícios funcionais, está disponível em uma variedade de cores, permitindo a personalização de fachadas, coberturas, esquadrias e interiores de acordo com as preferências do cliente;
  • Sustentabilidade: ao reduzir a demanda de energia para refrigeração, o vidro de controle solar contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, auxiliando edificações a obter certificações ambientais.

Incluindo a apresentação de informações sobre os vidros de controle solar e seus benefícios, o vidraceiro também pode mostrar ao consumidor algumas referências de trabalhos anteriores com essas soluções. “Pode-se compartilhar histórias de sucesso e depoimentos positivos para ajudar a criar confiança e convencer os clientes sobre sua eficácia e seus benefícios”, sugere Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian Glass.

Há ainda outro caminho: o uso de materiais informativos que permitam ao cliente conhecer mais sobre esses produtos – ou sentir diretamente o efeito dele. Esse é o caso da paulistana Casa Mansur. “Temos aqui na loja um mostruário em que uma lâmpada emite luz e calor. Demonstramos nele a diferença de desempenho térmico entre um vidro comum e uma peça de controle solar, permitindo ao comprador essa experiência sensitiva”, relata o diretor-comercial Claudio Acedo Mansur.

Onde aplicar?
“Os espaços naturais do vidro de controle solar continuam sendo as fachadas ou coberturas das edificações, principalmente as aberturas que serão banhadas pela luz solar”, explica Remy Dufrayer, coordenador de Especificações da AGC Vidros do Brasil. “Nesses locais, ele pode desempenhar o papel dele na íntegra, proporcionando proteção solar e contribuindo para a estética da obra.” Apesar disso, Eduardo e Gustavo Sandron, do Grupo Sanglass, ressaltam que nada impede que peças de controle solar sejam instaladas em outras estruturas, como janelas, guarda-corpos, envidraçamento de sacadas ou até mesmo em boxes de banheiro.

E engana-se quem pensa que só vale a pena especificar essas soluções para projetos grandes. “Nas obras menores está a nossa grande oportunidade de desenvolver o mercado para esse produto”, afirma Dufrayer. Luiz Barbosa, da Vivix, concorda: “Tenha renda alta, média ou baixa, o consumidor está, de maneira geral, mais criterioso com o seu consumo – e ninguém compra vidro para ficar trocando ao longo dos anos. Nesse contexto, ter uma postura mais consultiva, oferecendo mais informações, pode contribuir para que seu cliente, que não é um especialista em vidros, conheça melhor o produto e seus benefícios para tomar a melhor decisão”.

Preservando a qualidade
A essa altura, já deve ter ficado claro para o leitor que o vidro de controle solar é um produto muito especial – por isso, o vidraceiro precisa assegurar que a qualidade e desempenho dessas peças não sejam comprometidos, desde seu recebimento até sua instalação.

“Em geral, os cuidados não são muito diferentes dos dos outros vidros que o vidraceiro já manuseia normalmente, ou seja, utilizar os EPIs [equipamentos de proteção individual] recomendados, travar as cargas seguindo todos os procedimentos e evitar ambientes úmidos ou deixar o vidro exposto a intempéries”, orienta Dufrayer, da AGC.

Reis, da Guardian, concorda que não há muitas diferenças no trabalho com essas soluções, mas chama a atenção para um ponto fundamental: a camada de revestimento aplicada sobre uma das faces do vidro de controle solar durante sua fabricação. “Trata-se de uma parte importante, que não pode ser danificada, para garantir o desempenho e a durabilidade da peça. Por isso, deve-se evitar o uso de produtos químicos abrasivos ou solventes, bem como o uso de objetos pontiagudos, como lâminas ou escovas duras, que possam riscar ou danificar o revestimento dos vidros”, alerta.

Claudio Acedo, da Casa Mansur, recomenda que o controle de qualidade comece ainda no recebimento das peças, com uma checagem atenta para verificar se elas estão sendo entregues sem riscos ou imperfeições. Luiz Vaz Júnior, da Júnior Vaz Esquadrias e Vidros, concorda e acrescenta: “Na compra do vidro, é importante escolher processadoras que tenham um processo específico para corte e beneficiamento desse tipo de vidro”, enfatiza ele, recomendando ainda que o armazenamento do produto seja feito em uma repartição separada da do paliteiro.

Crédito: Divulgação Guardian Glass
Crédito: Divulgação Guardian Glass

 

Luciana Teixeira, da Cebrace, lista outros pontos importantes no trabalho com vidros de controle solar:

  • Ao manusear o vidro com a ajuda de ventosas, estas devem ser usadas na face sem metalização;
  • Se empregar dispositivos de aspiração nas faces metalizadas, estes devem estar perfeitamente limpos e livres de fragmentos de vidro fino ou outro corpo estranho;
  • Evitar qualquer contaminação do revestimento com graxa ou gordura;
  • Não usar etiquetas sobre a face revestida de vidro;
  • No armazenamento e no transporte, as peças devem ser separadas por intercalários que protejam suas superfícies;
  • Os vidros devem ser inspecionados imediatamente após a chegada no local da obra.

Quanto à instalação, atenção com o lado certo: “A face do vidro que recebe o revestimento de controle solar deve ser aplicada para o lado interno da esquadria – isto é, não deve ficar exposta ao tempo; no caso de laminados com esse vidro, a face metalizada deve ser aplicada no meio do ‘sanduíche’ dos vidros”, alerta Luciana.

Quando a instalação de vidros de controle solar é em versão monolítica (não laminados ou insulados), Andreia Santana, da Saga Vidro + Design, informa que a face com o revestimento requer limpeza e manutenção adequadas – para isso, é importante que o vidraceiro explique como fazer esse trabalho (com pano macio e detergente neutro) tanto para seus colaboradores como para o usuário final. “Eu tenho forte convicção de que precisamos trabalhar na ‘educação’ do consumidor. Então, cabe a nós, como especialistas, levar esse conhecimento adiante e apresentar soluções melhores para as aplicações. O cliente nem sempre sabe das melhorias que o vidro oferece. Por isso, promover essa conscientização é extremamente importante.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 607 (julho de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Hugo Scapolan/AGC

Conheça mais sobre o dia a dia dos vidraceiros

O Dia do Vidraceiro é celebrado em 18 de maio. A ocasião é mais que merecida – afinal, são esses profissionais que aproximam o consumidor final do vidro, desempenhando assim uma função essencial para a continuidade de todo o nosso setor.

Para a reportagem deste mês desta seção, O Vidroplano conversou com vidraçarias de diferentes partes do Brasil para saber como é o dia a dia delas, quais os principais desafios desse mercado e o que mudou nele desde quando essas empresas começaram até os dias atuais. Conheça também algumas ações da Abravidro voltadas para esse segmento.

Evolução do mercado
O vidro passa por constantes avanços, seja com o desenvolvimento de novos produtos, seja com novas formas para seu uso. Essas mudanças, é claro, são sentidas diretamente por quem trabalha com sua venda e instalação.

“Desde que começamos, muitas coisas mudaram. Houve um amadurecimento quanto à aplicação dos vidros e um aprimoramento de normas e procedimentos. Também surgiram novos modelos, produtos e aplicações na arquitetura”, conta Jaqueline Fazolim, gerente de Projetos e Relacionamento da Fazolim Vidros, de São Bernardo do Campo (SP) – a empresa iniciou as atividades em 1990 como representação comercial para vidros de movelaria e, em 2009, inaugurou sua primeira loja física para atuação como vidraçaria no segmento de construção civil.

Segundo Jaqueline, no começo da Fazolim havia muita dificuldade devido à falta de conhecimento técnico e de locais em que pudessem encontrar essas informações. Nesse sentido, o acesso a normas técnicas e a cursos e atividades de capacitação profissional é bem mais disseminado nos dias atuais. “Hoje, além do know-how, temos uma demanda muito maior de volume de obra e qualidade de aplicações. E, claro, não podemos deixar de lado a evolução tecnológica de produtos e acessórios que fez nosso mercado crescer tanto”, destaca Jaqueline.

Victor Romão, diretor da R4 Tecnologia em Vidros, de Salvador, também observa diferenças na atuação dos vidraceiros hoje em relação ao seu início – sua empresa existe há 10 anos, mas seu corpo técnico já trabalha com vidros há mais de 40. “Tivemos uma mudança comportamental nesses últimos quatro anos devido à pandemia. Por outro lado, também temos uma cobrança maior em relação à segurança do trabalho e às exigências dos clientes de poder aquisitivo maior”, aponta Romão.

Antigas e novas necessidades
Além das mudanças vindas com o tempo, a experiência adquirida pelas vidraçarias também muda suas prioridades e necessidades. “Qualquer negócio, quando começa, sempre tem como preocupação principal a captação de clientes. A prioridade seguinte é a busca por qualidade de mão de obra”, relata Andrea Oliveira, sócia-proprietária da vidraçaria paulistana Silvestre Vidros, presente no mercado há 25 anos.

Já as vidraçarias estabelecidas tendem a focar seus esforços na expansão das atividades, atualização de conhecimentos e qualificação da equipe. “Nossa rotina teve uma total mudança desde nosso início. Hoje temos, por exemplo, a oferta de novos produtos, bem como a capacidade de atender clientes como arquitetos e construtoras”, destaca Gilberto Bonetti, proprietário da On Glass Vidraçaria, da cidade gaúcha de Carlos Barbosa.

Bonetti ressalta, no entanto, que a busca por clientes – tanto para conquistar novos compradores como para fidelizar aqueles que já fizeram negócios com a vidraçaria – nunca deixa de ser uma prioridade: “Estamos no mercado desde 2017. Nosso principal desafio quando começamos foi conquistar clientes, por se tratar de uma vidraçaria nova. Fomos construindo nossa imagem por meio de pesquisas e estudos, desde o nome até a logomarca e as cores. O desafio de hoje é manter o conquistado e sempre aperfeiçoar.”

Crédito: Divulgação Fazolim
Crédito: Divulgação Fazolim

 

Concorrência cada vez maior
Os profissionais ouvidos por O Vidroplano também consideram que o número de vidraçarias hoje é maior do que o de quando começaram. “Em nossa loja principal, situada no ABC paulista, brincamos que, se alguém gritar ‘vidro’ no meio da rua, com certeza pelo menos seis vidraceiros vão aparecer”, comenta Jaqueline, da Fazolim.

A gerente acrescenta que a concorrência para pequenos vidraceiros é muito maior, pois, quem procura preço baixo e coisas simples tem muito mais opções. “Nesse sentido, temos uma estrutura formada e uma carta de clientes arquitetos. A concorrência não é tão alta, mas ainda enfrentamos muitos desafios para justificar os custos, pois muitos ainda têm aquele pensamento de que ‘vidro é vidro’, sem entender as diferenças entre cada tipo.”

Infelizmente, entre essa grande concorrência, há estabelecimentos que tentam ganhar o cliente oferecendo preços muito baixos às custas do descumprimento de normas e ofertando produtos e serviços de baixa qualidade. “Parece que muitas vidraçarias fazem questão de trabalhar fora de norma apenas para ganhar, de forma desleal, concorrências de serviços em que o cliente acredita que está contratando um profissional qualificado”, lamenta Romão, da R4.

A visão de Romão é compartilhada por Andrea Oliveira, da Silvestre Vidros: “Notamos que há empresas no nosso segmento que não seguem as normas de segurança, colocando assim em risco o consumidor que as desconhece. E, infelizmente, o cliente muitas vezes só vê o preço e não enxerga a segurança”, observa a profissional – vale destacar que esse descumprimento das normas prejudica não só as vidraçarias que cumprem as determinações técnicas para seus produtos e serviços, mas também o setor vidreiro como um todo, incluindo o próprio usuário final.

A importância das normas para as vidraçarias
Se muitas empresas pelo Brasil insistem em ignorar as orientações presentes nas normas técnicas, também é possível encontrar outras que conhecem e seguem esses documentos. “Felizmente, há vidraçarias boas surgindo no mercado, com foco na especificação técnica devida”, observa Jaqueline. Gilberto Bonetti, da On Glass, faz uma ressalva: “A adoção e cumprimento das normas podem melhorar muito ainda, pois cabe a nós reportar ao cliente sobre a importância de sua utilização”.

Falando em normas, a ABNT publicou em 2020, um pouco antes do início da pandemia, a ABNT NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional, que define os parâmetros e requisitos para a qualificação dos vidraceiros, promovendo o exercício de suas tarefas com qualidade e segurança.

“Trabalhamos com vidro, um material que requer uma série de cuidados, e por isso todos os vidraceiros precisam estar devidamente qualificados para o serviço e seguir as determinações de segurança presentes nas normas”, avalia Andrea, da Silvestre. A mesma opinião é compartilhada por Bonetti: “Normas existem para serem seguidas. E manter-se capacitado e atualizado é primordial para os negócios”.

Presença física e digital
Uma das principais mudanças de comportamento das vidraçarias, sejam grandes ou pequenas, é a importância de sua presença na Internet. Isso independe de quando ela começou. Gilberto Bonetti, da On Glass Vidraçaria, enfatiza o peso das redes sociais na visibilidade e divulgação das vidraçarias no mercado: “Elas hoje são a base de tudo, por permitir um alto alcance de pessoas a um baixo custo”. Andrea Oliveira considera que tais características tornam esses espaços uma vitrine valiosa para qualquer vidraçaria: “As redes sociais hoje são muito importantes para a divulgação de novos produtos e das obras executadas.” Victor Romão, por sua vez, comenta: “Acredito que, hoje, a R4 consegue divulgar seu trabalho usando apenas essas redes”.

É uma realização pessoal notar o desenvolvimento tecnológico chegando às vidraçarias, comemora Jaqueline. “É prazeroso ver tamanha evolução. Confesso que estou ansiosa com relação ao que virá para os próximos dez anos. Creio que o nosso mercado vai se desenvolver muito; só espero, de coração, que com esse crescimento venham os estudos e a capacitação de profissionais, pois ainda falta muita informação técnica em nosso mercado.”

 

Conheça algumas ações da Abravidro para vidraçarias

#TamoJuntoVidraceiro
A campanha foi elaborada em conjunto com vidraceiros para conscientizar os processadores sobre as boas práticas que eles devem ter com os vidraceiros em relação ao cumprimento das normas técnicas, atendimento, política comercial e orientações técnicas, além de trazer materiais informativos sobre os diferentes tipos de vidro e onde cada um deles pode – ou não pode – ser aplicado, como a tabela Que vidro usar?.

De Olho no Boxe
O programa foi desenvolvido para levar conhecimento técnico sobre a norma ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança, de forma fácil de entender. Além de orientar os vidraceiros sobre os cuidados que devem ser tomados na instalação dos boxes de banheiro, o programa também chama a atenção dos consumidores finais para a necessidade de que procurem a vidraçaria responsável pelo produto adquirido para fazer sua manutenção preventiva a cada doze meses, gerando oportunidade de novos negócios e evitando a ocorrência de quebras.

Para sua vidraçaria
As reportagens da seção “Para sua vidraçaria” em O Vidroplano apresentam novas ideias para sua empresa levar sempre produtos e serviços de qualidade e com maior variedade de opções para seu cliente, de forma que sua vidraçaria consiga se destacar da concorrência e obter melhores resultados no final do mês.

Vídeos informativos
O canal da Abravidro no YouTube conta com vários vídeos que abordam temas ligados ao dia a dia desses profissionais. Eles são curtos, rápidos de assistir e vão direto ao ponto, trazendo dicas para diferentes tipos de instalação, explicações sobre o conteúdo das normas e os cuidados para a realização do trabalho com qualidade e segurança.

Este texto foi originalmente publicado na edição 605 (maio de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: ikonoklast_hh/stock.adobe.com

Softwares facilitam trabalho para vidraçarias

Como você já deve ter visto clicando aqui, este mês O Vidroplano deu início a uma série de reportagens especiais sobre softwares voltados para processadoras vidreiras. Mas elas não são as únicas empresas do setor que precisam desses programas: existem os desenvolvidos especialmente para as atividades das vidraçarias.

A seguir, saiba como essas ferramentas digitais podem contribuir para o dia a dia de seu trabalho e conheça algumas das soluções disponíveis no mercado, além dos benefícios de cada uma.

Mais que um luxo, uma necessidade

Para Claudio Acedo Mansur, diretor-comercial da Casa Mansur, é uma questão de necessidade básica que qualquer empresa – incluindo vidraçarias – tenha seus processos integrados por meio de um software. “Antigamente, isso era considerado um luxo, mas hoje os clientes são mais exigentes, pedem respostas rápidas. Por isso, é praticamente impensável que um vidraceiro não conte com uma ferramenta de integração”, avalia.

A opinião é compartilhada por Priscila Kimmel, coordenadora-comercial da SystemGlass. “Não importa se a vidraçaria é grande ou pequena: estamos em um momento no qual quem não adotar ou modernizar seu negócio estará fora do mercado. Ficará cada vez mais difícil competir com quem já está conectado e está se profissionalizando e com quem consegue dar as respostas para os clientes em tempo real e manter sua agenda atualizada”, afirma. “Ou seja, instalar um software não é uma opção, é uma necessidade.”

Agilidade e organização

Essas são as duas principais vantagens do uso de um bom software – afinal, elas acabam “puxando” outros ganhos para o vidraceiro.

Carlos Santos e José Gonçalves Júnior, respectivamente, diretor e gerente de Desenvolvimento da SF Informática (conhecida pela marca GlassControl), ressaltam que essas soluções ajudam na elaboração de orçamentos, projetos e na gestão da vidraçaria. “É cada vez mais difícil atender as expectativas dos clientes em relação a prazos, qualidade e outros aspectos. Nesse sentido, além da agilidade, softwares também possibilitam a padronização e a organização dos processos e a redução de custos”, frisa Carlos.

Alexandre Gomes Nascimento, gerente-comercial do sistema Pegasus Corporate, da Softsystem, ressalta que a organização das tarefas contribui para a imagem de profissionalismo do negócio. “Em muitos casos, essas soluções permitem dispensar os papeis para orçamento, uma vez que todos os desenhos passam a ser feitos diretamente no sistema e, no caso de um programa para integração dos processos, haverá um melhor acompanhamento dos pedidos, pois eles ficam todos armazenados no software”, explica.

Para Homero Luz, consultor-comercial e de Marketing da ECG Sistemas, a organização e a agilidade trazidas por boas ferramentas digitais permitem que o gestor esteja ciente de tudo que está acontecendo em cada atividade sem precisar sair do sistema, contribuindo para que a vidraçaria possa aumentar seu faturamento e mensuração de lucro. “Tudo isso agrega valor aos produtos e serviços, tornando a vidraçaria mais qualificada em relação à concorrência. Até na hora do contato com o cliente, entregar a ele um orçamento feito pelo software é muito mais confiável do que anotar o valor em um cartão de visitas”, opina.

Identificando a solução ideal

Antes de ir atrás de uma ferramenta digital, é importante ter em mente quais as atividades do seu negócio para as quais elas serão necessárias. Carlos Santos e José Gonçalves Júnior, da GlassControl, apontam que os produtos podem abranger parcial ou totalmente os processos: alguns incluem tarefas individuais, como questões comerciais, relacionamento com o cliente ou agenda, enquanto outros oferecem uma solução completa.

Em alguns casos, dependendo das funções a serem atendidas e dos recursos disponíveis para a vidraçaria, uma possibilidade é a contratação de uma solução exclusiva para ela – esse foi o caso da Casa Mansur. “Optamos por desenvolver um software próprio, tanto de gestão de vendas como de gestão de produção e agendamento, integrando e unificando os departamentos e capaz de coordenar as demandas do nosso alto volume de clientes”, conta Claudio Mansur. Sua empresa usa uma solução que une desde a parte do recebimento da informação até a finalização do envidraçamento, passando também pelo pós-venda, integrando todos os departamentos (vendas, produção, estoque, contabilidade, pós-venda e atendimento) em um único sistema.

Apesar da particularidade no caso de sua empresa, Claudio observa que há muitos softwares no mercado que podem atender as necessidades dos vidraceiros. “Muitos deles estão disponíveis para o próprio gerenciamento das empresas, o que vejo hoje como sendo uma ferramenta fundamental, independentemente do tamanho da vidraçaria”, avalia.

Um ponto importante a considerar na escolha diz respeito à atualização de conteúdo e de funcionalidades das ferramentas digitais. “Além de contemplar todas as rotinas diárias do seu negócio, o software ideal para os vidraceiros precisa ser uma solução que está em contínua evolução, pois o mercado não para de crescer”, considera Priscila Kimmel, da SystemGlass.

Crédito: pch.vector/Freepik.com
Crédito: pch.vector/Freepik.com

Como aprender a usar?

Não adianta ter o melhor software instalado se você e sua equipe não souberem usá-lo. Por isso, é sempre importante consultar o desenvolvedor da solução para saber como aprender a lidar com ela – cada empresa oferece um treinamento que condiz com a configuração de seu produto.

“Nós oferecemos o treinamento virtual, pois ninguém é obrigado a nascer sabendo sobre tecnologia”, afirma Homero Luz, da ECG Sistemas. “Apesar de o ECG Glass ser de simples entendimento, ele possui uma estrutura completa. Por isso, para que o vidraceiro possa usufruir de todas as ferramentas disponibilizadas nele, é recomendado que faça as videoaulas e as quatro revisões remotas com o técnico especialista, sendo cada revisão de até duas horas.”

Por sua vez, a Softsystem disponibiliza vídeos aos seus clientes demonstrando como usar a solução oferecida. De acordo com Alexandre Nascimento, esse material apresenta as informações de forma simples, ajudando o vidraceiro a se familiarizar com as ferramentas digitais e a aprender rapidamente como utilizá-las.

Algumas soluções disponíveis no mercado

 

Software: ECG Glass
Desenvolvedor: ECG Sistemas
Como funciona
A estrutura do ECG Glass é grande e, por isso, dividida em seis módulos que podem ser escolhidos pela vidraçaria conforme suas necessidades (os valores de mensalidade para utilizar o produto variam de acordo com os módulos escolhidos). O software é voltado para acompanhar as atividades internas da vidraçaria e emitir ordem de serviço, entre outras funções. “O programa conta com onze versões diferentes de orçamento, uma biblioteca de projetos com mais de 2 mil tipologias editáveis para vidraçarias, esquadrias de alumínio e de PVC, já tendo os desenhos dos projetos, materiais cadastrados e fórmulas para calcular folgas e transpasses”, ressalta Homero Luz. “O usuário pode ainda criar novas tipologias de projetos de acordo com sua necessidade.”

O ECG Glass também conta com seções para controle financeiro e de estoque, elaboração de relatórios de venda e administrativos, bem como otimização no corte de perfis e de vidros por meio de inteligência artificial.

 

Software: GlassControl Vidraçaria
Desenvolvedor: SF Informática
Como funciona
Segundo a empresa, trata-se de uma solução completa para vidraçarias, contemplando desde o orçamento até a aprovação. O GlassControl Vidraçaria também possibilita a integração e troca de informações com as processadoras que utilizam o programa GlassControl Industrial. “Em alguns segundos, é possível selecionar o projeto, informar as dimensões, escolher o vidro, definir os detalhes das ferragens e das esquadrias de alumínio e gerar um orçamento assertivo que, se aprovado, já contém todas as definições para a produção”, explica o diretor Carlos Santos.

Outro diferencial é a flexibilidade dos seus processos, que podem tanto ser predefinidos no sistema como criados, movimentados e acompanhados pelo usuário.

 

Software: e-Vidraceiro
Desenvolvedor: Softsystem
Como funciona
O e-Vidraceiro é um software gratuito em que, de acordo com a Softsystem, a vidraçaria não precisa de conhecimento técnico para elaborar um projeto: basta saber exatamente a altura e a largura do vão a ser preenchido com o vidro. O sistema também conta com uma ferramenta de desenhos, com impressão e envio deles para o processador, eliminando os desenhos feitos a mão e facilitando o entendimento do pedido por parte da têmpera. “Disponibilizamos vários modelos que podem ser customizados pelos vidraceiros para atingir a sua satisfação. Além de informações da aplicação, desvios, modelos de fechamento e de ferragens, também é possível definir o tipo de instalação, furos, recortes e cantos”, orienta Alexandre Nascimento.

Por ser um sistema web, é possível acessar os projetos de qualquer lugar, incluindo dispositivos como tablets, smartphones ou notebooks.

 

Software: WebGlass App
Desenvolvedor: SystemGlass
Como funciona

O software é gratuito e foi criado para uso em celulares, tablets e totens de autoatendimento, com sistema operacional iOS e Android, para proporcionar mobilidade, agilidade e eficiência para os vidraceiros.

O sistema conta com diversas áreas: em “Agendamentos”, por exemplo, é possível marcar todos os seus compromissos e acionar notificações para entrega diretamente no WhatsApp do seu cliente ou do responsável pelo agendamento. Já em “Controle de Entregas”, têm-se a gestão e o acompanhamento da entrega dos pedidos. “Ali define-se se será necessário comprar peças ou se elas já estão no seu estoque, e marca-se com o cliente o agendamento para realizar a instalação”, orienta Priscila Kimmel.

Outros campos incluem “Comercial”, “Compras”, “Financeiro”, “Parceiro”, “Configuração”, “Estatísticas”, “Notificações” e “Ajuda” – neste último, é possível acompanhar tutoriais de videoaulas para aprender a usar o aplicativo, além de falar diretamente com a equipe da SystemGlass para tirar dúvidas.

 

Software: ERP ToolGlass
Desenvolvedor: SystemGlass
Como funciona
A solução é voltada para as vidraçarias que têm grande volume de processos e buscam a integração entre todos os seus departamentos. “Por meio do primeiro atendimento, a vidraçaria consegue realizar o controle da gestão dos seus orçamentos, identificando de maneira muita rápida as tomadas de decisões e ganhando assim um diferencial diante do mercado competitivo”, afirma Priscila.

O ERP ToolGlass conta com uma série de funcionalidades, como controle total sobre o fluxo de vendas com apresentação de orçamentos, envio automático de todos os pedidos e orçamentos para os clientes via e-mail, gestão completa de contas a pagar e a receber, fluxo de caixa, planos de contas, controle de estoques, emissor fiscal de Nota Fiscal Eletrônica (NFe) e de Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e), entre outras.

Este texto foi originalmente publicado na edição 603 (março de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Freepik.com

Saiba como vender divisórias de vidro

Embora o vidro tenha uma série de qualidades, a transparência é sempre a primeira que nos vem à mente quando pensamos no material. E essa característica se encaixa na atual tendência de busca por maior integração visual entre espaços, aproveitamento da iluminação natural e adoção de uma estética mais clean em ambientes corporativos.

Sua vidraçaria já está aproveitando essa oportunidade? A seguir, conheça mais sobre o potencial de divisórias de vidro em espaços de trabalho e confira dicas de como apresentá-las e vendê-las a clientes nesse segmento.

Protegendo a saúde da equipe
Em 2020, a pandemia da Covid-19 levou as empresas a encontrar soluções para alterar seus espaços de modo a garantir a segurança dos colaboradores. “A procura por novos layouts, bem como pelos remanejamentos de salas corporativas, aumentou nesse período, assim como nas obras residenciais por conta do home office”, relata Alex Marques, sócio-fundador da Taj Vidros e Esquadrias, de São Paulo.

Viviane Sestari, diretora-comercial da Marcetex, com sede em Carapicuíba, Região Metropolitana de São Paulo, ressalta que, com o aumento de trabalho remoto, muitas empresas diminuíram seus escritórios e decidiram transformar os ambientes em espaços mais colaborativos, trazendo o conforto de casa para dentro do escritório. “Isso resultou em muita procura por espaços mais silenciosos, confortáveis, que proporcionassem funcionalidade e maior luminosidade natural, algo que o vidro consegue atingir”, comenta.

Segundo Viviane, essa visão permanece ainda hoje. “As empresas que conseguem essa rotatividade no fluxo de pessoas escolheram fechar salas de reuniões e diretoria e inseriram muitas salas menores de vidro espalhadas pelo ambiente, as chamadas ‘phone booths’ ou ‘salas de call’, para uma ou duas pessoas trabalharem em reunião online ou fazer uma ligação”, explica.

Benefícios além da saúde
A proteção dos colaboradores contra a transmissão de vírus e bactérias é uma das vantagens trazidas aos ambientes de trabalho pelas divisórias de vidro – mas está longe de ser a única.

“Essas estruturas são, sem dúvidas, sinônimas de modernidade, amplitude, sofisticação, luminosidade e integração de espaços. O vidro faz parte da composição corporativa, seja em escritórios grandes ou pequenos”, comenta Alex Marques, da Taj.

A posição de Alex é compartilhada por Viviane, da Marcetex. Para ela, a instalação é uma solução interessante tanto em ambientes corporativos como em áreas hospitalares e escolares, pois a luminosidade e amplitude que proporcionam a esses locais os tornam mais agradáveis visualmente. “Com a possibilidade de um aproveitamento maior da luz natural, é possível a redução nos custos com energia; além disso, também favorece o controle da temperatura interna e otimiza o uso do ar-condicionado, gerando mais economia.”

Outro benefício que esses sistemas podem trazer, acrescenta Viviane, é o isolamento acústico – dependendo da especificação dos vidros e demais componentes da divisória –, fazendo com que as pessoas se sintam mais confortáveis sem a interferência de ruídos externos e resultando assim numa maior produtividade.

Foto: DivulgaçãoMarcedex
Foto: Divulgação Marcedex

 

Como convencer o cliente?
Uma vez definido que divisórias de vidro são produtos bastante vantajosos para ambientes corporativos, é necessário saber vendê-las a esse segmento – isto é, convencer as empresas de que a aplicação dessas soluções contribuirá para seus espaços.

Para Alex, da Taj Vidros e Esquadrias, oferecer um projeto bem elaborado com as opções de inclusão e/ou substituição de divisórias de vidro faz toda a diferença para fechar negócio. “Entender o capital aproximado de investimento também ajuda muito, pois faz parte do nosso trabalho mostrar as opções que se enquadram dentro do valor que o cliente espera gastar, já que, como em todo ramo da construção civil, o céu é o limite quando se trata de valores em materiais”, ressalta.

Viviane recomenda que o vidraceiro explique ao comprador os benefícios que nosso material oferece como divisórias em comparação a outros componentes como drywall e paredes de alvenaria, ou mesmo em relação a ambientes totalmente abertos. Ela lista algumas dessas vantagens trazidas pelo vidro:

  • Estética moderna e diferenciada;
  • Maior uso de luz natural;
  • Controle térmico e acústico;
  • Baixa manutenção (incluindo a limpeza das superfícies);
  • Amplitude visual e integração dos ambientes;
  • Economia de energia;
  • Valorização do ambiente;
  • Etc.

Que vidro usar?
De acordo com a norma ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, para divisórias instaladas abaixo de 1,1 m em relação ao piso, são permitidos somente os vidros:

  • Temperado
  • Laminado
  • Aramado
  • Insulado (composto com os vidros citados acima)

Acima de 1,1 m em relação ao piso, além dos tipos já citados, também pode ser utilizado o vidro comum (float ou o texturizado), desde que encaixilhado ou colado em todo o perímetro.

Fugindo do óbvio
Apesar de todas as vantagens já apresentadas, o cliente ainda pode considerar que uma divisória de vidro não atende suas necessidades. Por exemplo, a transparência do nosso material pode não ser tão apreciada se o objetivo de um executivo é que seu escritório tenha privacidade visual para as conversas a portas fechadas, ou se busca algo esteticamente mais chamativo.

É aí que entram as soluções de valor agregado. Mostrá-las ao comprador e explicar o que elas podem proporcionar aos ambientes podem ser a chave para conquistá-lo.

“A Marcetex tem uma gama de produtos que atendem a privacidade visual e acústica dos ambientes. Por sermos também distribuidores de vidros, somos audaciosos na elaboração de produtos que não são padrão de mercado, buscamos sempre a inovação como fabricantes e adoramos quando recebemos projetos inovadores que agregam valor ao ambiente”, afirma Viviane.

Fabricante de divisórias, a empresa conta em seu catálogo com modulações personalizadas e possibilidade de instalação dos vidros de forma angular, de forma curva (montando os perfis com painéis sextavados formando uma curvatura), além de disponibilizar sistemas com vidros laminados (com PVB ou EVA), multilaminados de três ou mais peças, refletivos, polarizados, espelhos e diferentes tipos de peça texturizados, como vidros canelados.

A Taj Vidros e Esquadrias também possui opções diferenciadas de divisórias. “São inúmeras as possibilidades de obter um resultado de privacidade com o vidro, seja em acústica, com o uso de vidros laminados com PVB acústico ou com insulados. Também na questão visual, com a aplicação de películas adesivas, comunicação visual ou pinturas sobre as superfícies dos vidros”, orienta Alex. No caso de vidros insulados, ainda é possível colocar persianas internas, as quais podem ser acionadas para trazer privacidade ao ambiente quando desejado.

A divisória Gemino, de origem italiana, é hoje um dos destaques da empresa. Segundo Alex, o sistema, feito com vidros laminados, conta com melhor desempenho acústico, além de permitir várias alterações de layout para aumentar ou diminuir salas, reutilizando todo o material e sem perder a qualidade.

Foto: Divulgação Taj Vidros e Esquadrias
Foto: Divulgação Taj Vidros e Esquadrias

 

Garantindo a integridade da instalação
Assim como em qualquer outro tipo de venda e instalação feito por uma vidraçaria, é necessário cuidado para garantir que os vidros e demais componentes da divisória chegarão em segurança até a obra e que sua instalação será realizada sem falhas.

No caso da Marcetex, Viviane Sestari explica que a própria empresa cuida de todo o transporte, manuseio e embalagem dos materiais, etiquetados com as numerações das peças e o código do cliente para que os montadores possam instalar o sistema de acordo com o projeto. “O que recomendamos é que a obra esteja devidamente limpa, para não acumular sujeira de pó entre os vidros ou resquícios de tinta, argamassa ou cimento nos perfis de alumínio, a fim de não danificar ou corroer os materiais.”

Alex Marques recomenda que os instaladores tenham capacidade técnica para manuseio das peças, usem os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários para a atividade, e sigam as orientações de segurança presentes nas normas da ABNT, como a ABNT NBR 7199. “Ter bons fornecedores das matérias-primas utilizadas na composição desses sistemas, como vidros e perfis, também faz toda a diferença”, acrescenta o sócio-diretor da Taj Vidros e Esquadrias.

Viviane concorda: “A proximidade com o fornecedor é um fator muito importante para a execução de uma obra. Ele tem propriedade para falar do produto que fabrica, como no caso das divisórias. As possibilidades com essa solução podem ser tantas que, às vezes, o próprio especificador ou arquiteto desconhecem. Isso garante a procedência de um material de qualidade e segurança.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 602 (fevereiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Cris Martins

Saiba como cuidar da qualidade e produção da sua vidraçaria

Sempre que encomendamos um produto ou contratamos um serviço, seja ele qual for, a entrega ou realização dele dentro do prazo combinado, no endereço certo e – principalmente – em condição impecável é um fator determinante para decidirmos se vale a pena procurar aquela empresa novamente no futuro, certo? Por isso mesmo, é fundamental que as vidraçarias dediquem atenção especial às suas áreas de qualidade e produção.

Esses setores são o tema da última parte da série especial de O Vidroplano sobre gestão de vidraçarias. A seguir, entenda quais as responsabilidades e a importância deles na empresa e confira as orientações de especialistas do nosso segmento para mantê-los organizados e para se assegurar de que os clientes estejam sempre satisfeitos.

Os temas da série especial
Agosto: comercial e marketing
Setembro: controle financeiro e pessoas (RH)
Outubro: qualidade e produção (logística e montagem)

Valorizando sua vidraçaria
“Muitos profissionais vidreiros acham que o mercado só quer preço baixo e, realmente, existe essa cultura do menor preço entre os consumidores”, observa Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro e Serralheiro. Dessa forma, muitas vidraçarias preocupam-se em apenas oferecer os produtos e serviços mais baratos, deixando a qualidade de lado.

Pensar assim, claro, é um erro grave. “A atenção com a eficiência na produção e na qualidade dos processos proporciona uma série de ganhos, como a eliminação de retrabalhos e desperdícios, o que faz com que a empresa reduza seus custos. Só há boa produtividade quando há qualidade, e sem qualidade há aumento dos custos”, alerta Alexandre Araujo, idealizador, professor e sócio-proprietário do Canal do Serralheiro.

Segundo Araujo, uma vidraçaria precisa ter alguém que olhe pela qualidade e produtividade para que possa ser realmente competitiva e lucrativa. Câmara concorda, apontando que o cuidado com esses dois setores permite que um negócio se diferencie da concorrência. Assim, a vidraçaria conseguirá também mudar, junto aos clientes, a ideia sobre o que define uma boa compra.

Qualidade: atendendo as expectativas
“Qualidade nada mais é que satisfazer o seu cliente, é o ato de entregar ao consumidor o que ele espera de você”, define Alexandre Araujo. O setor da qualidade nas vidraçarias contribui para definir uma estratégia de trabalho que satisfaça as necessidades do comprador, eliminando o que ele não vê valor e, por consequência, reduzindo os custos operacionais. Segundo Araujo, essa área tem como atribuições:

  • Implementar a cultura da melhoria contínua na empresa;
  • Controlar os resultados (métricas) esperados dos processos;
  • Identificar e eliminar a causa raiz dos problemas;
  • Buscar as certificações necessárias para a empresa;
  • Garantir que as normas técnicas sejam cumpridas;
  • Diagnosticar e eliminar retrabalhos e desperdícios.

Ricardo Câmara aponta que o cuidado com a qualidade é fundamental para a formação da base estrutural da vidraçaria: “Existe muita concorrência nesse mercado, porém não há um padrão de qualidade equivalente”, explica. Isso explica porque, muitas vezes, a escolha do consumidor é definida pelo preço: ele provavelmente não sabe qual a diferença entre os materiais e os serviços. Por isso, é importante que outras áreas da vidraçaria, como a comercial e a de marketing, busquem formas de destacar esses pontos para o cliente.

Como avaliar a produção?
Alexandre Araujo aponta alguns pontos-chaves que o setor de qualidade da vidraçaria deve sempre seguir em relação aos produtos:

  • Verificar se as normas estão sendo cumpridas;
  • Observar se o produto ou serviço mantém o padrão definido pelos fabricantes;
  • Avaliar se a utilização do produto ou serviço atende as necessidades do consumidor;
  • Observar se o produto ou serviço supera as expectativas do consumidor;
  • Analisar se o preço é o correto em relação ao poder aquisitivo do consumidor;
  • Realizar uma pesquisa de satisfação junto aos clientes.

Para que esses objetivos sejam alcançados, Araujo recomenda padronizar os processos rotineiros para aumentar a produtividade e treinar todos os colaboradores, para que possam analisar os processos que executam. “Os colaboradores precisam ser capazes de identificar a má qualidade, tendo autonomia para parar o serviço, de forma a evitar que haja mais desperdício de insumos e tempo em um trabalho que será refeito”, explica.

Produção: da logística à montagem
Ricardo Câmara, da Central do Vidraceiro e Serralheiro, observa que o processo de logística e montagem tem de estar cada dia mais organizado. “Assim, será possível aumentar o valor percebido pelos clientes e, com isso, obter uma maior margem de lucro decorrente da boa gestão”, acrescenta.

Portanto, como explica Alexandre Araujo, do Canal do Serralheiro, a função do setor de produção é garantir que todos os insumos (matéria-prima, mão de obra, informações, entre outros) sejam transformados em produtos e/ou serviços em menor tempo, com custos reduzidos e na qualidade esperada. Para isso acontecer, é necessário conhecer as principais atribuições dessa área:

  • Levantar os insumos necessários para a produção;
  • Programar as compras de insumos e controlar o estoque;
  • Planejar e controlar a produção;
  • Definir metas de produção;
  • Minimizar os custos de produção;
  • Pesquisar novos produtos ou atualizações no mercado;
  • Inovar ou melhorar os processos;
  • Garantir a qualidade dos produtos;
  • Controlar a logística de entregas e montagem (instalação dos produtos).

Mantendo o controle dos processos
De acordo com Ricardo Câmara, a organização é um elemento fundamental para a produção: “Uma vidraçaria saudável precisa ter todos os seus processos bem organizados e controlados. Para isso, no ato da venda, todos os itens que compõem essa instalação – vidro, alumínio, ferragens, acessórios etc. – precisam ser monitorados do início ao fim”.

Deve-se dedicar atenção também aos limites que a equipe é capaz de atender: Câmara observa que as vidraçarias frequentemente deixam muito trabalho acumulado para a última hora. “Tendo em vista que a construção civil já deixa muitos problemas para os vidraceiros resolverem, muitas vezes os profissionais do nosso setor não sabem dizer ‘não’ na hora certa. É aí onde mora o perigo, pois assumimos responsabilidades e prazos de entrega quase impossíveis de serem cumpridos”, reflete. Portanto, é fundamental que o gestor da vidraçaria conheça e respeite seus limites de produção.

Como organizar a logística?
Alexandre Araujo sugere um passo a passo para esse trabalho:

1. Faça uma previsão de demanda para saber quanto foi vendido e quanto pretende vender, de forma a programar com eficiência as compras e o estoque, evitando paradas por falta de materiais;

2. Elabore um cronograma de produção para gerenciar as diversas etapas do processo de transformação do produto ou serviço, incluindo a chegada dos insumos, os processos operacionais, a embalagem e o armazenamento;

3. Faça um planejamento das entregas e da montagem com antecedência e realize um checklist para não ter imprevistos como: falta de insumos, mão de obra insuficiente, falta de condições da obra, cliente ausente, entre outros.

Ricardo Câmara ressalta que, para assegurar o cumprimento dos prazos de entrega, o vidraceiro também precisa estar atento ao fazer a escolha de seus parceiros e distribuidores, que são peças fundamentais para esse processo. E atenção: mesmo quando tudo der errado, deve-se sempre honrar os compromissos firmados junto ao cliente, mantê-lo informado sobre o que está acontecendo e garantir que ele receba toda a atenção necessária da equipe de atendimento.

Transformação de dentro para fora
Para Ricardo Câmara, é importante que o vidraceiro estude todos os dias sobre seus produtos e serviços, buscando adquirir o máximo de informações técnicas para se manter atento às tendências de mercado. Ele também aconselha ao gestor que reveja todos os seus processos, faça uma avaliação mensal do que está dando certo e do que pode melhorar – e, o mais importante, que nunca pare de buscar a excelência no trabalho. “A mudança vem de dentro para fora – e, para isso, o gestor tem de ver sua empresa, produtos e serviços com os olhos do cliente. Sempre que entregar uma obra, pergunte a si mesmo: ‘se fosse na minha casa, eu ficaria satisfeito com o resultado?’. Essa é uma estratégia que uso todos os dias para melhorar cada vez mais e aumentar sempre a satisfação de meus clientes”, afirma.

Alexandre Araujo, do Canal do Serralheiro, aponta ainda que organizar a rotina dos colaboradores é o primeiro passo para tornar uma empresa mais produtiva. “É a desorganização que afeta o desempenho da equipe. Por isso, é importante planejar as atividades do dia a dia estabelecendo prioridades e metas”, afirma, ressaltando que esse planejamento deve ser feito com regularidade, para que todos tenham um norte para se guiar. “Vale ressaltar que toda estratégia pode ser repensada. O importante é manter o planejamento atualizado e coerente com o atual cenário em que a empresa se encontra.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 598 (outubro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: tomertu/stock.adobe.com

Conheça mais sobre os setores de RH e finanças

Em agosto, O Vidroplano deu início a uma série especial sobre gestão de vidraçarias, buscando apresentar dicas de como organizá-las de acordo com as etapas de administração. Este mês, o foco é em dois setores voltados para o interior da empresa, o de pessoas (ou recursos humanos) e o de controle financeiro.

A seguir, entenda as atribuições e a importância de cada uma dessas áreas para o funcionamento de sua vidraçaria.

Os temas da série especial

Agosto: comercial e marketing

Setembro: controle financeiro e pessoas (RH)

Outubro: qualidade e produção (logística e montagem)

RH: muito além das contratações

Segundo Henrique De Lorenzi, sócio-proprietário da empresa Promos e professor de RH e Gestão da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o setor de recursos humanos não se limita somente a contratar, demitir e estar atento aos horários de trabalho de cada colaborador: “Ele cuida de todas as funções trabalhistas, burocráticas e processos para que exista maior integração entre os funcionários e a empresa, bem como entre um funcionário e outro, de maneira que o clima coorporativo seja o melhor possível.”

Entre as atribuições desse setor, Lorenzi cita:

  • Recrutamento e Seleção (R&S);
  • Definição de cargos e salários;
  • Pagamentos;
  • Desenvolvimento pessoal e empresarial;
  • Benefícios;
  • Estratégias;
  • Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO);
  • Treinamentos;
  • Férias;
  • Demissões

Enio Pinto, gerente de Relacionamento com o Cliente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), aponta que o setor lida diariamente com questões que devem ser encaradas com seriedade dentro da organização, principalmente por determinar e verificar a boa efetividade dos colaboradores. “Trata-se, assim, de uma área com grande importância para o desenvolvimento de uma empresa. Afinal, para alcançar os melhores resultados, é estratégico cuidar da motivação e qualificação das equipes de funcionários, buscando também manter talentos”, avalia o executivo.

Quem toma conta?

Muitas empresas pequenas – e isso inclui vidraçarias – não dispõem de um setor próprio de RH, com o próprio dono cuidando diretamente desses processos. Isso pode ser um problema para o vidraceiro?

Henrique de Lorenzi, da Promos, orienta que, se o próprio gestor da vidraçaria for cuidar dessa área, é fundamental que passe por uma capacitação. Embora alguns proprietários possam considerar que um curso de RH represente um custo desnecessário, o incômodo causado por essa “economia financeira momentânea” será muito maior. “A má gestão pode gerar uma série de problemas, como a contratação de alguém por relacionamento e não por qualificação, riscos financeiros causados por um processo malfeito de dispensa de colaboradores, além do desgaste com os clientes.”

Gisele Muniz, CEO da Everart, de São Paulo, conta que a vidraçaria ainda não possui alguém exclusivo para cuidar dos recursos humanos devido aos custos, mas considera que isso faz muita falta especialmente para garantir boas contratações. “Estamos passando por muitas mudanças no momento, e uma delas é a busca por um profissional de RH para captação de pessoal para preenchimento de vagas. Outra ação a ser tomada é a confecção de um regulamento interno para adequação de questões importantes”, destaca a dirigente.

A Decorvid, de Campinas (SP), já estruturou seu setor de RH e o considera ser de grande importância para a agilidade nos processos. “Nós nos preocupamos em contratar pessoas que tenham disposição de aprender e queiram crescer pessoal e profissionalmente, além de priorizarmos a harmonia em nossa convivência, investindo em treinamentos para acompanhar as novas tecnologias e tendências do mercado”, relata Lourdes Caon Sakamoto, sua proprietária.

Dicas para organizar o RH

“Encontrar mão de obra qualificada é um grande desafio”, afirma Enio Pinto, do Sebrae. Por isso mesmo, ele lista algumas dicas que podem ajudar na hora da contratação:

  • Defina o perfil do profissional que deseja contratar, detalhando as funções e responsabilidades do cargo, bem como as habilidades exigidas para cumpri-las;
  • Priorize profissionais que se encaixem no “fit cultural” da empresa, ou seja, que apresentem visão e valores compatíveis com seu negócio;
  • Entenda onde estão esses profissionais – pedir indicações de professores e profissionais que atuam na área pode facilitar a busca;
  • Ofereça uma remuneração compatível com o cargo: a política salarial e o plano de carreira da empresa são considerados fatores determinantes na atração e retenção da mão de obra qualificada.

Além dos funcionários fixos, sabe-se que muitas vidraçarias frequentemente precisam contratar mão de obra autônoma para serviços pontuais – seja por imprevistos com sua equipe ou para agregar força de trabalho em uma obra e evitar atrasos na entrega. Para esses casos, Henrique de Lorenzi recomenda atenção especial: “O ideal é que no mínimo sejam microempreendedores individuais (MEI), pois a legislação trabalhista no Brasil é muito rígida com as empresas e qualquer tipo de irregularidade pode levar a uma autuação pelo Ministério do Trabalho e Emprego”.

Mantendo as finanças em dia

As principais atribuições do setor financeiro são:

  • Tesouraria;
  • Controle das contas a pagar e a receber;
  • Contabilidade;
  • Planejamento;
  • Gestão dos impostos;
  • Controle de riscos

“O controle de gastos é essencial para fornecer as informações necessárias sobre a rentabilidade e desempenho das atividades do negócio. Além disso, a gestão auxilia o planejamento, controle e desenvolvimento das diversas operações da empresa”, orienta Enio Pinto, do Sebrae. Ele explica que, com os dados obtidos durante esse levantamento rotineiro, é possível conseguir informações valiosas que influenciarão diretamente na tomada de decisões – por isso, não importa o valor, vale registrar tudo que entra e sai da empresa.

Considerando as responsabilidades do setor financeiro, é fundamental contar com pessoas qualificadas para cuidar dessa área. “Na nossa empresa, as ferramentas usadas são o fluxo de caixa e a consultoria: temos um contador, um economista que acompanha nossa evolução financeira por meio de estudos dos gastos”, explica Lourdes Sakamoto, da Decorvid. A Everart utiliza um software voltado para o segmento vidreiro: “Para usá-lo, temos aqui um funcionário capacitado para executar as funções do nosso departamento financeiro e administrativo”, conta Gisele Muniz.

Facilitando o controle financeiro

Atualmente, existem no mercado várias ferramentas que podem ajudar na gestão financeira de pequenas empresas como vidraçarias. Alguns desses softwares são voltados para negócios em geral, enquanto outros foram desenvolvidos especificamente para o setor vidreiro.

Entre as soluções disponíveis, Enio destaca o App Sebrae, aplicativo 100% gratuito e disponível para baixar no Google Play e na App Store. “Ele nasceu para ser uma ferramenta indispensável na vida de qualquer empreendedor, facilitando a gestão de um negócio com serviços como controle de fluxo de caixa, controle de pagamento dos boletos do MEI, emissão de boletos, assistente digital para tirar dúvidas e muito mais.”

Comunicação e capacitação

O setor financeiro lida com finanças, enquanto o de recursos humanos lida com pessoas. Apesar disso, o bom funcionamento de cada um deles é fundamental para que o outro também possa ter sucesso. Todas as áreas de uma empresa devem trabalhar em sinergia, com o mesmo propósito. Os objetivos estratégicos de uma empresa incluem o crescimento e otimização de recursos. Nesse sentido, o setor financeiro tem o importante papel de garantir o melhor uso do dinheiro, sem desperdícios – e, para ajudar nesse processo, o RH trabalha para reter talentos e melhorar a produtividade no trabalho.

Algumas ações podem ajudar nesse processo de sinergia:

  • Introduzir melhorias na comunicação interna;
  • Encontrar pontos em comum entre os dois setores;
  • Criar projetos em conjunto;
  • Usar a tecnologia para a integração dos setores;
  • Associar a integração à ideia de ganhos positivos.

Para Gisele, da Everart, o uso de softwares que permitem o gerenciamento das informações de forma unificada pode ajudar bastante nessa tarefa de integrar setores. Ela também reforça que a capacitação da equipe é essencial para o bom funcionamento não só dessas, mas de todas as áreas na vidraçaria. “Há várias particularidades, principalmente de cunho trabalhista e fiscal, sobre as quais os funcionários responsáveis precisam estar sempre atualizados para não ocorrer nenhum prejuízo. Por isso, eles precisam ter conhecimento, competência técnica e comportamental alinhados com a cultura da empresa”, afirma.

A qualificação também é importante para a Decorvid: “Nossos contratados sempre estão atualizando seus conhecimentos, em busca das melhores ferramentas para nosso crescimento”, relata Lourdes. O bom funcionamento dos dois setores é fundamental para a organização, contas em dia e a credibilidade da empresa junto aos fornecedores e à própria equipe.

Este texto foi originalmente publicado na edição 597 (setembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Image by Drazen Zigic on Freepik

Setores comercial e de marketing são importantes nas vidraçarias

Quem tem uma vidraçaria sabe que a gestão dela não é trabalho fácil: cada um de seus setores tem um papel importante para assegurar que os negócios no presente e planos para o futuro corram de acordo com o esperado. É essencial, portanto, entender para que serve cada área.

Por isso, O Vidroplano inicia um especial sobre gestão de vidraçarias. De agosto até outubro, vamos mostrar na teoria como organizar a empresa de acordo com as etapas de administração. Este mês, falaremos sobre os departamentos comercial e de marketing. A seguir, conheça mais sobre as atribuições de cada um, a importância deles para seus negócios e como estruturá-los para alcançar seus objetivos.

Os temas da série especial
Agosto: comercial e marketing
Setembro: controle financeiro e pessoas (RH)
Outubro: qualidade e produção (logística e montagem)

Essenciais para os negócios
Luiz Raimundi Júnior (diretor-geral), Cristian Brusamarello (gerente de Produção) e Simone Deparis (gerente administrativa), todos da Raiol Vidros, apontam algo que toda empresa deve ter em mente: ninguém sobrevive no mercado se não souber vender. Não adianta ter o produto mais interessante, mais diferente e com a melhor qualidade se ele não for comprado. Eles observam que, nos dias atuais, o trabalho de venda mudou: não adianta somente ter um vendedor bom de papo, é necessário estar atento ao perfil do cliente que se busca alcançar.

Esse cenário vale para os mais variados tipos de comércio. “As vidraçarias são um negócio como outro qualquer. Requerem uma estrutura profissionalizada e um planejamento estratégico por parte dos gestores para orientar o posicionamento comercial e de marketing da empresa”, afirma André Alves, sócio-diretor da Alto da Lapa Vidros.

Está aí a importância dos setores comercial e de marketing dentro de uma vidraçaria. De acordo com Alexandre Araujo, idealizador, professor e sócio-proprietário do Canal do Serralheiro, trata-se de duas áreas que têm rotinas diferentes, mas funcionam em conjunto:

  • O setor comercial é operacional. Uma equipe comercial bem preparada e com metas alcançáveis consegue alavancar as vendas e conquistar mais clientes;
  • Já o de marketing é estratégico, sendo responsável por identificar mudanças de mercado, entender o comportamento dos consumidores e identificar oportunidades de crescimento para o negócio.

Diferentes, mas integrados
Um ponto importante a se levar em conta é que, embora estejam ligadas à estratégia de vendas, essas duas áreas não desempenham as mesmas funções. Araujo lista as atribuições de cada um:

Comercial

  • Relacionar-se com os clientes, desde a prospecção até o pós-venda;
  • Definir um plano de ação para as vendas;
  • Entregar uma experiência incrível ao consumidor;
  • Estabelecer indicadores de desempenho do setor;
  • Definir e gerenciar as métricas de vendas.

Marketing

  • Elaborar o planejamento estratégico de marketing;
  • Analisar o público-alvo, o mercado e a concorrência;
  • Planejar e gerenciar a comunicação da empresa;
  • Desenvolver e gerenciar campanhas promocionais;
  • Gerenciar o site e as redes sociais da vidraçaria;
  • Definir canais e formas de atrair novos clientes;
  • Analisar e mensurar resultados de campanhas;
  • Gerenciar gráficas e agências de publicidade.

Segundo Henrique de Lorenzi, diretor administrativo-financeiro da Promos (empresa que atua nos segmentos de trade marketing, recrutamento e seleção), ter esse conhecimento ajuda a identificar como fazer os setores funcionarem em conjunto: “A área comercial é a responsável pela definição de metas da empresa, enquanto a de marketing cuida das ferramentas necessárias para que a empresa as atinja. Por isso, o gestor deve mostrar à equipe que não deve existir ego, mas sim uma simbiose entre essas áreas, pois o objetivo final é o sucesso da empresa como um todo”.

Como estruturar esses setores?
Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro e Serralheiro, indica que o primeiro passo é definir qual o nicho de mercado que a vidraçaria pretende alcançar e, então, focar seus esforços para se destacar junto a esse nicho. “Também é essencial adquirir o máximo de conhecimento técnico sobre os vidros e sistemas vendidos pela sua vidraçaria, para que a equipe comercial possa ter uma excelente argumentação junto aos clientes. Com isso, será possível ainda definir a estratégia de marketing para os produtos”, observa.

André Alves, da Alto da Lapa, acrescenta que o planejamento comercial do empresário precisa levar em conta quatro questões: “Há um conceito básico e acessível que ajuda a organizar essas ideias conhecido como ‘mix de marketing’ ou ‘os 4Ps do marketing’”. Esse conceito resume os pilares de qualquer estratégia de marketing:

  • Produto (o que vender?)
  • Preço (quanto cobrar?)
  • Ponto (onde vender?)
  • Promoção (como vender?)

Segundo Alves, a ideia por trás dessa teoria é que, ao estudar cada um desses aspectos, a vidraçaria ficará mais próxima de seus objetivos e terá seu mercado-alvo no centro da estratégia de vendas.

Uma vez que esses pontos estiverem definidos, Luiz, Cristian e Simone, da Raiol, sugerem um passo a passo para a organização dessas áreas:

1. Organizar as funções e tarefas dos dois setores e colocar metas separadas para cada uma das equipes – pode-se, inclusive, contratar consultoria especializada para ajudar a setorizar processos nas funções, caso seja viável;

2. Estabelecer um plano de ação pra cada uma das áreas, ordenando tarefas claras aos colaboradores de cada uma delas;

3. Ter uma reunião semanal com os dois setores para controlar as execuções de cada tarefa e entender as variações de cada processo;

4. Desafiar sua equipe a buscar conhecimento constante sobre a função e sobre os clientes.

Renovando conhecimentos
A formação dos profissionais que trabalharão nos setores – bem como os de todas as outras áreas – é essencial para o bom funcionamento das atividades na vidraçaria.

Para Araujo, do Canal do Serralheiro, capacitar e aperfeiçoar os colaboradores é uma prática que toda empresa deve adotar, independentemente de seu porte, de forma a aumentar o desempenho da equipe e potencializar os resultados da empresa. “O treinamento mantém os colaboradores mais eficientes na busca por resultados e deixa-os mais dispostos e satisfeitos”, avalia. “Quando uma empresa investe nos colaboradores, ela aposta em si mesma: o resultado disso é a criação de uma equipe mais preparada para superar obstáculos e alcançar os objetivos.”

Essa visão é compartilhada pelo trio da Raiol. Atualmente, não há mais como uma empresa sobreviver em um mercado tão volátil e instável como o nosso sem se capacitar – e também sem valorizar os profissionais que buscam aprender e se dedicar a cada dia estar mais perto dos clientes. “Nesse sentido, o próprio gestor precisa participar dos treinamentos – afinal, é o líder quem carrega a cultura da empresa, a inspiração, os vícios, os estímulos, os aprendizados e o exemplo. Se ele não compra a ideia de transformação e profissionalização, é muito difícil que a equipe o faça”, ensinam Luiz, Cristian e Simone.

Trabalho nas redes
“No mundo atual, quando as pessoas se conectam cada vez mais por ferramentas online, passa a ser praticamente obrigatório para qualquer empresa, de qualquer segmento, utilizá-las”, afirma Henrique de Lorenzi, da Promos. Câmara, da Central do Vidraceiro e Serralheiro, concorda: “As redes sociais são os principais veículos para uma boa divulgação. Esse é mais um motivo para as vidraçarias ficarem sempre ligadas nas tendências, tendo muito cuidado para que suas postagens e divulgações não percam o foco em seu público-alvo”.

As redes sociais não só permitem a divulgação de publicidade das vidraçarias, mas também facilitam a comunicação e o fechamento de negócios. Nesse sentido, as equipes comercial e de marketing devem personalizar a comunicação nas redes, para que o cliente sinta nelas a mesma atenção e amparo que receberia no contato pessoal ou por telefone.

Acompanhando de perto
Mesmo que o gestor não seja a pessoa que exercerá diretamente as funções comerciais e de marketing na vidraçaria, o envolvimento direto dele no processo de estruturação é fundamental.

André Alves, da Alto da Lapa Vidros, observa que esse envolvimento pode ser difícil devido às várias outras questões do dia a dia, como visitas, medições, projetos, acompanhamento de obras. Apesar disso, ele ressalta: “Reservar algum tempo para o planejamento desses setores é uma questão de sobrevivência para o longo prazo da empresa. Esse é um processo evolutivo, requer estudo ou ajuda externa e, muitas vezes, é demorado para ser estruturado, mas não pode ser negligenciado”.

Há a opção de avaliar a contratação de uma consultoria para a orientação dessas atividades – contudo, é importante lembrar que normalmente isso representa um custo agregado, que pode pesar bastante no orçamento das pequenas empresas. “Acredito que procurar cursos de capacitação por meio de entidades como o Sebrae, que dão apoio aos pequenos e médios negócios, acaba sendo uma opção mais viável. Seja como for, o gestor precisa se preparar antes de preparar a empresa – correr com as duas coisas ao mesmo tempo é mais complicado”, avalia Alves.

Araujo, do Canal do Serralheiro, cita algumas práticas para manter tudo em sintonia:

  • Fazer reuniões periódicas com ambos os setores (e também com a agência de marketing, caso possua uma);
  • Integrar processos, como planejamento de produtos, aprovação de materiais publicitários e análise de oportunidades;
  • Compartilhar dados entre os setores.

Toda essa organização será trabalhosa – mas Henrique de Lorenzi, da Promos, afirma que é imprescindível investir nas áreas comercial e de marketing, seja qual for o tamanho da sua vidraçaria. Isso não se trata de uma despesa, mas sim de um investimento: “Uma vez que a estruturação tenha sido bem planejada, o retorno desse investimento vem de forma real”, avalia.

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da foto de abertura: Peoplecreations – Freepik.com

Glass 2022 traz oportunidades para vidraceiros

Que a Glass South America é a maior feira vidreira da América Latina não é novidade para o leitor de O Vidroplano. O evento, que será realizado de 29 de junho a 2 de julho no centro de eventos São Paulo Expo, promete reunir profissionais e empresas nacionais e estrangeiras de todos os elos da cadeia vidreira. E isso inclui os vidraceiros!

Visitar a feira pode trazer várias vantagens – diretas e indiretas – para o seu negócio. Por isso, é essencial que você se planeje para aproveitar todas essas oportunidades. Nas páginas a seguir, trazemos algumas dicas e orientações para ajudar sua visita a ser bastante produtiva. Boa leitura – e… nos vemos na Glass 2022!

Otimizando seu tempo
O primeiro passo para poder aproveitar a feira é se credenciar. O processo de inscrição é gratuito e bem rápido de fazer: basta entrar no link www.glassexpo.com.br/credenciamento e preencher o formulário com as informações solicitadas.

Já se inscreveu? Então, agora vale a pena se planejar para aproveitar ao máximo tudo que o evento tem a oferecer. Afinal, o São Paulo Expo receberá mais de 100 empresas nacionais e internacionais expondo seus produtos e serviços, além de várias atividades especiais – isso sem falar nos milhares de visitantes que podem se tornar parceiros ou clientes da sua vidraçaria. “A Glass é um evento em que não podemos perder tempo, pois são muitas novidades para ver e cada minuto é precioso”, alerta Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro e Serralheiro.

Como otimizar sua visita? Câmara lista algumas dicas:

– Faça seu credenciamento online antes da data do evento;

– Acesse a relação de todos os expositores no site oficial da Glass South America e anote as empresas que considera as mais importantes para o seu negócio, incluindo o número do estande delas;

– Lembre-se de sair cedo de casa ou do hotel em que estará hospedado: São Paulo é uma cidade em que sempre há risco de trânsito pesado, e é ideal evitar chegar atrasado para aproveitar o dia do começo ao fim;

– Falando em aproveitar o dia, procure chegar ao São Paulo Expo antes do horário para evitar a fila na entrada – afinal, a quantidade de visitantes do evento é muito grande.

Assim, já nos primeiros dias você deve conseguir visitar as principais empresas do seu planejamento e conversar com os representantes delas. Depois de fazer tudo isso, já pode deixar a correria do lado; vale a pena, inclusive, reservar pelo menos dois dias para andar pelos corredores da Glass e conferir o restante da feira com calma e tranquilidade.

Por que participar?
“A Glass South América tem como objetivo trazer o máximo em termos de conhecimento, atualizações e, principalmente, as tendências de mercado. Portanto, para qualquer vidraceiro, participar desse evento significa estar um passo à frente e preparado para ofertar produtos de maior valor percebido”, explica Câmara. A Glass só acontece a cada dois anos – e, devido à pandemia da Covid-19, foram quatro anos sem a realização da feira. Então, não permita que essa oportunidade passe.

O que você vai encontrar na feira?
Basicamente, tudo de que sua vidraçaria precisa. A começar, é claro, pelos vidros: fabricantes apresentarão novidades em seus estandes, cada uma trazendo uma série de benefícios em aspectos como desempenho, tecnologia, conforto e segurança.

Mas nosso material é apenas um dos muitos produtos que você verá pelos estandes das empresas expositoras. Também será possível encontrar lançamentos de ferramentas manuais e automatizadas, soluções para o manuseio, instalação e manutenção dos vidros, além de kits de ferragens e acessórios que podem trazer mais segurança e facilidade na realização das atividades pela sua equipe.

E não pense que a administração da sua vidraçaria não está contemplada na feira: alguns dos expositores atuam no desenvolvimento de softwares para gestão do trabalho, fluxo de caixa, acompanhamento do andamento dos processos e outras necessidades, proporcionando assim ganho de tempo, agilidade, organização e excelência no atendimento.

Foto: Cris Martins e Vinicius Buarque
Foto: Cris Martins e Vinicius Buarque

 

Fechando novos negócios
Como dito no começo da reportagem, a Glass South America reúne todos os elos da cadeia vidreira. Isso significa que ela funciona também como um grande espaço de networking: lá você encontrará vários potenciais fornecedores, clientes e parceiros comerciais, sejam entre os expositores, sejam entre os outros visitantes da feira. Dessa forma, será possível fechar novos negócios durante o evento – e também depois dele.

Por isso, é essencial estar preparado para essas oportunidades. Vale a pena preparar e levar cartões da sua vidraçaria que informem o endereço, telefone de contato e também o site e as redes sociais dela. Não se esqueça também de pegar os contatos das empresas, é claro.

Boa parte dos seus negócios na Glass pode envolver os lançamentos apresentados nos estandes. “Muitas vezes, o cliente pode precisar de um produto novo e diferenciado, e é nesse momento que o vidraceiro precisa estar preparado para ofertar o que há de mais moderno e inovador e, dessa maneira, se diferenciar em relação à concorrência”, alerta Câmara.

Assim, o bate-papo com os expositores pode ser bastante produtivo para aprender mais sobre as novas soluções, avaliar aquelas que melhor se encaixam nas atividades que sua equipe já realiza ou que tem planos de realizar e negociar o fornecimento delas para a sua empresa. Para poder conhecer todas elas, o diretor e instrutor da Central do Vidraceiro e Serralheiro recomenda evitar conversar mais do que o necessário: afinal, cada minuto pode ser uma oportunidade para novos e grandes negócios.

Celular: aliado indispensável
Outra dica valiosa é que os vidraceiros levem o celular e carregador – portátil, se possível, pois pode demorar muito tempo para se encontrar uma tomada e mais tempo até a recarga estar completa.

Essa recomendação é muito importante: na Glass, o seu celular tem várias utilidades. Afinal, é nele que você salvará novos contatos e usará para ligar para algum conhecido caso esteja procurando-o no evento. Mas o seu aparelho tem outra finalidade essencial: a de registrar tudo que a feira mostra. “Não vão faltar oportunidades para tirar boas fotos e gravar vídeos de momentos importantes para fazer postagens nas suas redes sociais e divulgar as novidades para seus clientes e seguidores – além de gerar engajamento, isso mostra a eles que sua empresa está atualizada com o que o mercado oferece”, aponta Ricardo Câmara.

Por isso, é preciso estar atento à bateria para não perder os conteúdos registrados. E não se esqueça de deixar bastante espaço livre na memória do celular: quando voltar para sua casa ou hotel ao final de cada dia da Glass, passe todo o conteúdo para um notebook, pen drive ou outro dispositivo.

Atenção às regras gerais:
– A Glass South America é restrita a profissionais do setor – por isso, não será permitida a entrada de crianças. Para jovens de 16 a 18 anos, a entrada será permitida mediante assinatura do formulário de consentimento por pais ou responsáveis na entrada do evento;

– Por se tratar de um evento de negócios, não é permitida a entrada de pessoas trajando bermudas, camiseta regata e/ou chinelos;

– Ao participar da Glass, visitantes e expositores estão cientes e concordam que fotografias e filmagens, feitas durante o evento, poderão ser utilizadas pelos organizadores para promoção e divulgação da feira;

– As determinações atualizadas pela organização do evento em relação aos protocolos de saúde, incluindo informações sobre o uso de máscaras e obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19, podem ser conferidas no campo “FAQ” do site oficial.

Veja o desempenho do vidro na prática!
Além dos estandes das empresas expositoras, um espaço que vale muito a pena visitar é o Vidro em Ação. Ele é uma iniciativa da Abravidro e NürnbergMesse Brasil, em parceria com o Laboratório Falcão Bauer da Qualidade e a Central do Vidraceiro e Serralheiro.

Ricardo Câmara, que estará à frente da atração na Glass 2022, convida todos os vidraceiros a visitar o espaço: “O Vidro em Ação tem como principal objetivo levar o máximo de informações sobre as normas técnicas para os visitantes da Glass. Todo esse conhecimento que será apresentado no Vidro em Ação permite que sua equipe eleve o padrão de trabalho, reduza erros e necessidades de retrabalhos, além de lhe ajudar a especificar os vidros para as obras com mais confiança, aumentar seu potencial de negociação e – o mais importante – tudo isso torna o seu trabalho mais seguro e valorizado”.

Este ano, o Vidro em Ação terá quatro sessões temáticas diárias e um de seus destaques será a apresentação com dicas sobre envidraçamento de sacada (veja parte desse conteúdo clicando aqui). Também serão reproduzidos alguns ensaios aplicáveis ao vidro temperado (como o de classificação de segurança, fragmentação e choque térmico) e ao vidro laminado, além do de resistência a impacto em guarda-corpos.

A iniciativa tem apoio da ABNT, AGC, Agmaq, AL Indústria, Cebrace, Divinal Vidros, Eastman, GlassecViracon, Guardian, Tec-Vidro, Tempermax e Vidro Certo.

foto: Cris Martins e Vinicius Buarque
Foto: Cris Martins e Vinicius Buarque

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 594 (junho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da imagem de abertura: Cris Martins e Vinicius Buarque

Conheça as ações da Abravidro para os vidraceiros

O Dia do Vidraceiro é comemorado no dia 18 de maio. A data dedicada a esses profissionais é mais que merecida. São eles os responsáveis por um papel muito importante na cadeia vidreira nacional: o elo entre a nossa indústria e o usuário final dos vidros.

A Abravidro, historicamente, é reconhecedora do valor dos vidraceiros para o desenvolvimento do setor como um todo. Por isso, sempre pensou e desenvolveu diversas ações voltadas especificamente para o dia a dia desses profissionais. Que tal repassar as principais iniciativas da associação e os benefícios que cada uma delas traz? Confira!

#TamoJuntoVidraceiro
A campanha #TamoJuntoVidraceiro tem por objetivo conscientizar os processadores sobre as boas práticas que eles devem ter com os vidraceiros em relação ao cumprimento das normas técnicas, atendimento, política comercial e orientações técnicas. A ideia é reforçar a parceria entre esses dois elos – daí o nome “#TamoJuntoVidraceiro”, escrito com uma hashtag, além de a logomarca da campanha ser um aperto de mãos, simbolizando compromisso e responsabilidade.

No lançamento da campanha, o presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, enfatizou a importância da aliança entre processadores e vidraceiros: “Para a Abravidro, sempre foi claro que o desenvolvimento do setor vidreiro só é possível e sustentável se todas as partes crescerem juntas. Se um grupo é deixado de lado, isso acaba impactando os outros. Assim, sempre trabalhamos para aproximar todos os elos da cadeia vidreira, e a #TamoJuntoVidraceiro representa um passo novo e fundamental nessa direção”, afirmou ele na ocasião.

A campanha foi elaborada em conjunto com vidraceiros e, além de buscar contribuir com o desenvolvimento do mercado de forma sustentável, ela também foi planejada como uma forma de divulgar o conhecimento sobre as normas técnicas, tanto para os processadores como para os vidraceiros. Todos esses pontos estão presentes nos materiais de apoio: basta fazer o download no site da Abravidro e imprimir.

Tabela Que vidro usar?: pensada para consultas rápidas, ela indica os vidros que podem – e os que não podem – ser utilizados nos diferentes tipos de aplicações, como fachadas, guarda-corpos e coberturas;

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Cartilha Aplicação do vidro na construção civil: bastante útil para vidraceiros e especificadores, ela apresenta dados sobre os principais tipos de vidro e suas aplicações, conforme as determinações da norma ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações;

 

Boas práticas para processadores de vidros: esse material, para os processadores, indica as boas práticas que eles devem manter no relacionamento com os vidraceiros. Entre as orientações estão a de que os processadores devem ter uma política comercial, com preços diferenciados e que não gere concorrência com os vidraceiros, além de sempre oferecer atendimento de qualidade, cumprindo os prazos e condições combinados.

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De Olho no Boxe
O programa De Olho no Boxe foi desenvolvido para levar conhecimento técnico sobre a norma ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança tanto para vidraceiros como para consumidores, de forma fácil de entender.

 

São muitas as maneiras pelas quais o De Olho no Boxe ajuda o vidraceiro. Além de orientá-lo sobre os cuidados que devem ser tomados na instalação dos boxes de banheiro, também chama a atenção para a necessidade da manutenção preventiva do produto a cada doze meses: a divulgação dessa informação ao público incentiva o usuário do produto a procurar a vidraçaria periodicamente para realizar esse serviço – oportunidade em que sua equipe pode aproveitar para apresentar novidades e fazer novos negócios.

O site do De Olho no Boxe permite acessar duas páginas diferentes, uma para vidraceiros e outra para consumidores finais. Na página para vidraceiros, há uma série de seções que permitem, entre outras coisas:

– Cadastrar sua vidraçaria no site do programa para que, sempre que um consumidor procurar fornecedores de boxes ou buscar manutenção preventiva, ele poderá encontrar os contatos de sua empresa;

– Ter acesso a dicas de instalação e manutenção preventiva, com um passo a passo montado de acordo com as determinações da ABNT NBR 14207;

– Conhecer os modelos de boxe e tipos de vidro permitidos;

– Conferir as oportunidades de qualificação para a instalação de boxes disponíveis pelo Brasil;

– Fazer o download gratuito de materiais exclusivos do programa, como cartaz, fôlder, planilha de controle e checklist de manutenção, e especialmente o Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes de banheiro – este pode e deve ser baixado pelo vidraceiro e entregue ao cliente, como a norma orienta.

Para sua vidraçaria
A própria editoria de O Vidroplano que você está lendo neste instante faz parte das ações da Abravidro pensadas para os vidraceiros de todo o Brasil! Como os leitores da revista bem sabem, as reportagens da seção “Para sua vidraçaria” apresentam novas ideias para que sua empresa leve sempre produtos e serviços de qualidade e com maior variedade de opções para seu cliente. Dessa forma, ela busca ajudar os vidraceiros a focar na qualidade e diversidade de produtos e serviços oferecidos ao cliente, permitindo assim que eles se destaquem da concorrência e obtenham melhores resultados no final do mês.

parceiros-siteVale destacar que as reportagens dessa editoria costumam figurar entre os conteúdos mais lidos no site da Abravidro.

 

 

 

Vídeos informativos
O canal da Abravidro no YouTube conta com a série de vídeos Dicas da Abravidro, com informações que facilitam o dia a dia do seu trabalho. Os vídeos são curtos, rápidos de assistir e vão direto ao ponto, trazendo dicas para instalação de pisos e portas de vidro, fechaduras, boxes de banheiro e envidraçamento de sacada, além de orientar como trabalhar com segurança e indicar os cuidados para a limpeza do nosso material.

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Vale a pena conferir também as explicações da coordenadora técnica da Abravidro, Vera Andrade, nos vídeos da série Papo com o Vidraceiro, que também tratam sobre temas ligados ao dia a dia desses profissionais.

Prática recomendada
Há também ações da Abravidro que, embora não pensadas especificamente para os vidraceiros, acabam beneficiando esses profissionais.

Um desses casos é a elaboração da ABNT PR 1010 — Aplicação e manutenção de vidros na construção civil, primeira prática recomendada (PR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) voltada para o vidro e para o setor da construção civil. O desenvolvimento desse documento é uma iniciativa da Abravidro, em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro).

Com uma linguagem mais simples e acessível, além de trazer fotos e ilustrações que facilitam a compreensão do seu conteúdo, essa prática recomendada é mais um importante material de apoio que o vidraceiro pode usar para trabalhar em conformidade com as normas técnicas e explicar ao cliente a especificação dos vidros corretos na hora de fechar a venda. “A experiência que tivemos com a campanha #TamoJuntoVidraceiro e o programa De Olho no Boxe nos mostra o quanto materiais que contenham informações de fácil entendimento facilitam o trabalho dos vidraceiros, deixando-os mais preparados para as argumentações de vendas de vidros mais seguros e que agregam mais benefícios”, observa Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro.

E sua vidraçaria nem precisa pagar para ter acesso à ABNT PR 1010: ela pode ser baixada gratuitamente no site da ABNT!

Crédito da imagem de abertura: Cris Martins

Este texto foi originalmente publicado na edição 593 (maio de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Como evitar problemas no armazenamento?

Engana-se quem pensa que armazenar vidros não requer cuidado: há uma série de danos que as peças podem sofrer se não forem guardadas da forma certa, na ordem certa e no espaço certo. Se realizada de maneira inadequada, essa atividade pode comprometer não só a integridade do produto, como também coloca em risco o vidraceiro.

Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta os problemas mais frequentes causados por erros no armazenamento e indica como evitá-los.

Causas e consequências
Segundo Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro, as avarias com maior incidência no armazenamento de vidros são batidas, riscos, lascas, manchas e quebras.

Todos esses danos estão diretamente ligados a inadequações no manuseio, acondicionamento e preservação das peças. Por exemplo:

– Riscos são frequentemente causados por sujeira entre os vidros e por intercalários inadequados (ou falta deles);

– Manchas surgem por diferentes fatores, como pela presença de umidade no ambiente de armazenamento (causando irisação) ou pelo contato direto de uma peça de vidro com outra;

– A quebra de vidros pode se dar pelo excesso de peças em um mesmo cavalete, ou pela colocação de vidros menores entre os maiores ou de tipos diferentes.

Onde guardar?
O primeiro passo para um armazenamento correto é a escolha do espaço em que vidros e espelhos serão guardados. Cláudio Lúcio recomenda: esse local precisa ser protegido de intempéries, umidade e poeira.

Também é importante que o ambiente seja mantido limpo, ventilado e isolado de produtos químicos.

Onde apoiar?
Nada de deixar os vidros encostados na parede ou no chão! As estruturas utilizadas para a colocação dos vidros são cavaletes (fixos) e carrinhos (para movimentação das peças).

Tanto os cavaletes como os carrinhos devem ter proteção emborrachada na base e no encosto em que os vidros serão apoiados. “A borracha utilizada na base deve possuir dureza maior ou igual a 70 Shore A [unidade de resistência relativa à borracha], e a do costado deve ter dureza maior ou igual a 40 Shore A”, salienta Cláudio Lúcio.

Como apoiar?

Crédito: Everart Conceito
Crédito: Everart Conceito

 

O instrutor técnico da Abravidro lista algumas orientações essenciais:

– Deve-se evitar a distribuição desigual de peso das peças nessas estruturas;

– Recomenda-se que as peças sejam todas intercaladas, das maiores (ao fundo) para as menores (na frente), evitando misturá-las;

– Todas as peças devem ser apoiadas integralmente no costado, tanto do carrinho como no cavalete;

– Quando necessário o uso de carrinho para movimentação e deslocamento das peças de vidro de modo seguro, elas devem ser sempre colocadas deitadas (comprimento na horizontal), com o objetivo de não permitir que tombem e caiam durante o deslocamento;

– Já para o acondicionamento em cavaletes fixos, as peças de vidro nunca devem ser armazenadas na horizontal e devem estar sempre em pé (sentido do comprimento das peças de vidro).

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Por fim, o instrutor técnico da Abravidro faz um alerta: “Evite construir cavaletes e carrinhos; deixe esse trabalho para os fabricantes, pois toda estrutura precisa ser calculada e testada para este tipo de utilização, solicitação e carga. Ao improvisar esses equipamentos, corre-se o risco de acidentes e perdas monetárias desnecessárias.”

 

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“Sempre obedecemos ao limite de carga de cada equipamento e fazemos a manutenção preventiva deles. Apesar de sermos pequenos e hoje trabalharmos com vidros diretamente da fábrica para a obra, quando precisamos armazenar nossos produtos, buscamos fazer isso de forma correta”, relata Romão Neto, proprietário da vidraçaria R4 Vidros, de Salvador.

 

psv 3Como organizar?
A falta de organização das peças armazenadas dificulta a localização e a identificação do tipo de cada uma delas, podendo levar a atrasos, erros e retrabalho. “O adequado é preservar as lógicas de agrupamento para atendimento por obra ou cliente”, aconselha Cláudio Lúcio.

A vidraçaria Fazolim Vidros, de São Bernardo do Campo, região do ABC paulista, dedicou atenção especial para planejar a organização de seu armazenamento. “Fazemos aqui a separação de cavaletes por produtos: laminados em um espaço, espelho em outro, vidros comuns em outro e assim por diante. Também separamos os materiais por ordem de serviço e prazo de entrega, tendo cavaletes específicos para a instalação do dia seguinte ou, como muitas vezes, por semana”, explica Jaqueline Fazolim, gerente de Projetos da empresa.

Gisele Muniz, proprietária e CEO da vidraçaria paulistana Everart Conceito, conta que a empresa efetua a conferência, etiquetagem e armazenamento de cada peça nos cavaletes já previamente numerados. “O fato de possuirmos cavaletes próprios e específicos já ajuda – e muito – a preservar a integridade dos produtos, os quais nós inspecionamos na retirada em distribuidores ou no ato do recebimento em nossa área produtiva.”

Como manusear?
Além de facilitar a localização dos produtos, o estoque organizado também evita práticas perigosas para a segurança dos vidraceiros: “A condição de manuseio em que um operador abre e apoia as peças na frente da pilha para que outro vidraceiro retire as que estão mais ao fundo é bastante insegura e pode provocar acidente graves”, alerta Cláudio Lúcio. “Por isso, deve-se proibir esse tipo de prática na vidraçaria.”

O instrutor técnico da Abravidro recomenda que todo o manuseio com vidro em chapa, peças temperadas ou de vidro recozido comum deve ser realizado com o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) apropriados, incluindo:

– Capacete;
– Luvas anticorte e antiperfuração;
– Mangotes anticorte e antiperfuração;
– Caneleiras com pala frontal de proteção;
– Botas com biqueira de proteção;
– Avental anticorte e antiperfuração;
– Óculos de proteção.

Crédito: ikonoklast_hh/stock.adobe.com
Crédito: ikonoklast_hh/stock.adobe.com

 

Como intercalar?
Como dito no começo da reportagem, o contato direto entre as peças de vidro pode causar danos como riscos e manchas. Por isso, é preciso utilizar intercalários (também conhecidos como separadores) entre elas. Esses materiais protegem a superfície e os cantos dos vidros.

Alguns dos intercalários mais utilizados são:

– Cantoneira de papelão;

– Separadores de cortiça ou EVA;

– Película de plástico;

– Cordão de nylon (com diâmetro recomendado de 4 mm);

– Plástico bolha.

Importante: evite separadores que levam cola ou tenham pH ácido, pois eles podem causar manchas. Além disso, alguns tipos de peça requerem atenção especial:

– Para espelhos, a norma ABNT NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação recomenda usar materiais como espuma de borracha ou fitilho plástico que não absorvam umidade, sejam macios e não ataquem as chapas;

– No caso dos vidros de controle solar, a norma ABNT NBR 16673 — Vidros revestidos para controle solar – Requisitos de processamento e manuseio orienta que materiais abrasivos que absorvem umidade ou causem danos à superfície revestida (como jornal, papelão ou produtos à base de silicone) não devem ser escolhidos como separadores.

Crédito: liyasov/stock.adobe.com
Crédito: liyasov/stock.adobe.com

 

Cuidados incorporados à cultura da empresa
Romão Neto, da R4 Vidros, aponta que um desafio para o armazenamento correto dos vidros nas vidraçarias é o treinamento da equipe e a conscientização dela para que haja o cumprimento dessas práticas mesmo quando os profissionais não estiverem sendo monitorados.

A troca de experiências pode ser de grande ajuda não só para a qualificação dos funcionários, mas também para que eles ajudem a identificar formas de melhorar os processos de armazenamento na vidraçaria. Um exemplo é o da Fazolim Vidros: segundo Jaqueline, toda a organização do galpão foi feita conversando muito com os membros da equipe, de acordo com suas necessidades e com as boas práticas relacionadas à atividade. “Sempre pensamos, por exemplo, nos colaboradores que executam o processo de descarregar os caminhões. Por conta disso, otimizamos o espaço de entrega próximo à doca de forma a facilitar o acesso.”

Gisele Muniz, da Everart Conceito, conta que sua empresa se preocupa bastante com a integridade física de todos que ali trabalham. Por isso, é amplamente equipada com suportes para armazenamento de vidros e perfis de alumínio e promove treinamentos contínuos para diferentes atividades – incluindo o armazenamento. “Possuímos um lema: não passamos por cima de nossos princípios para fazer negócios. O mais importante é garantir a segurança de todos.”

Crédito da imagem de abertura: Aleksei/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 592 (abril de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.