A edição 2024 da GlassBuild America (GBA), realizada de 30 de setembro a 2 de outubro no centro de convenções Kay Bailey Hutchinson, na cidade de Dallas (Estados Unidos), foi a maior em dezesseis anos: de acordo com a National Glass Association (NGA), a principal associação vidreira estadunidense e organizadora da feira, o evento recebeu este ano mais de 9.400 visitantes, incluindo pessoas vindas do Canadá, México e 57 outros países, contando com 535 empresas expositoras – 115 das quais participaram pela primeira vez.
A expectativa para a GBA em Dallas era colocar ênfase renovada na inovação e nos avanços das indústrias de vidro, envidraçamento e esquadrias, além de fornecer novas soluções para os desafios atuais. Para Nicole Harris, presidente e CEO da NGA, a principal feira do nosso segmento nos Estados Unidos atingiu e superou a meta: “Tanto os expositores quanto os participantes vieram prontos para as oportunidades de negócios e conhecimentos que esperavam na GlassBuild, e isso foi demonstrado durante todo o evento”, avalia a dirigente.
Veja a seguir alguns destaques da feira.
O novo VDM 1636-CN, da Bavelloni, é um centro de trabalho CNC vertical compacto e versátil projetado para perfuração, escareamento, fresamento e retificação de entalhe precisos e rápidos em um único ciclo automático; a lapidação é executada com o vidro parado, preso por ventosas, garantindo maior qualidade e velocidade. Outro destaque da empresa foi a lapidadora vertical VE500-V10 SCS, equipada com um sistema próprio para ajuste totalmente automático dos rebolos.
A Biesse levou ao evento a Master 38, sua máquina CNC de cinco eixos, desenvolvida para todas as operações de usinagem que precisam de um acabamento de primeira classe. Para os clientes que necessitam de uma mesa de corte que se destaque das demais, a empresa exibiu a Genius RS-A, que oferece precisão, velocidade e alta qualidade a um preço acessível; foi apresentado ainda o centro de furação Forvet Francesca FC, para chapas de vidro planas com espessuras de 3 a 19 mm e sem limite de comprimento.
De acordo com a Bottero, sua plataforma de corte EVO destaca-se pela sua modularidade e versatilidade, permitindo configurar totalmente mesas de corte flutuante segundo as necessidades específicas do cliente. A EVO também pode integrar as mesas a dispositivos de retificação e marcação em vidros low-e e a módulos de carregamento e separação, proporcionando um fluxo de produção automatizado e controlado conforme esperado na Indústria 4.0.
O sistema Bovone Robotic System, da Bovone, é uma solução robótica que integra armazéns dedicados para armazenamento de chapas, duas lapidadoras verticais, uma lavadora vertical e dois ou três robôs antropomórficos multieixos que operam de forma totalmente automática. Os vidros são manuseados por braços robóticos, cuja integração permite o manuseio seguro e preciso de grandes chapas, contribuindo para o aumento da produtividade geral. Vale citar também a lapidadora ELB 11/45, que conta com alertas de substituição de ferramentas para garantir desempenho ideal.
A Aura foi especialmente desenvolvida pela CMS para lapidar bordas a seco, sem o uso de água. Segundo a empresa, a máquina pode ser usada de forma autônoma ou dentro de uma linha com uma lavadora vertical, podendo ainda fazer parte de uma linha de produção de insulados. A Aura lapida peças monolíticas, laminadas ou com tratamento de baixa emissividade.
O carro-chefe da Fenzi na Glass Build America 2024 foi o Butylver TPS 2020, modelo aprimorado do espaçador Butylver TPS padrão para sistemas insulados, ostentando a capacidade única de formar ligações químicas com superfícies de vidro. O TPS 2020 destaca-se por assegurar isolamento térmico superior e durabilidade duradoura, permitindo também a fabricação de formatos complexos, como designs redondos, para insulados.
O espaçador termoplástico Vario TPS, da Glaston, atende os mais altos requisitos para espaçadores de borda quente, além de aumentar a longevidade dos vidros insulados. Um diferencial do produto é sua flexibilidade de produção, simplificando significativamente os processos nas linhas de insulados; além disso, a largura do espaçador entre as folhas de vidro pode ser variada de forma totalmente automática para cada unidade durante a etapa de produção.
Entre os produtos apresentados pela Guardian, dois se destacaram. O SunGuard SNX 70+ é revestido por um coating low-e especial com aspecto neutro, proporcionando alta transmissão de luz sem comprometer o desempenho térmico da solução. Por sua vez, o Bird1st™ UV foi desenvolvido para ajudar a evitar colisões de pássaros com edifícios, usando um coating UV com um padrão listrado quase invisível para os humanos, mas perceptível pelas aves.
O forno de têmpera oscilante Vision 800, da Keraglass, conta com um sistema de sopro de alta pressão no interior da câmara de aquecimento, com sistema de pré-aquecimento de ar a 700 °C, sendo capaz de atingir a melhor qualidade dos vidros low-e de última geração e trazendo ainda um novo sistema completo de supervisão de interface gráfica, disponível com monitor de TV touch-screen. Outra novidade da empresa foi a Vivida, impressora digital de alta definição com tinta cerâmica.
A Macotec apresentou a Master Shape 3.7 FR, mesa automática para corte de vidro float em formatos com plano de suporte fixo, braços de carregamento e barras de ruptura. A máquina tem dimensões compactas e pode ser equipada com rebolo para remoção de revestimento low-e, impressora e etiquetadora automática, e com o trocador rotativo Click&Cut para agilizar a seleção do cortador correto.
O Grupo Pujol destacou o forno de têmpera Temperflex, com tecnologia avançada e recursos fáceis de usar, a fim de aprimorar a capacidade de produção das processadoras; além dele, também foi exibido o Evalam Visual EVA, interlayer de alto desempenho para vidros laminados, com adesão aprimorada, proteção UV e transparência excepcional, sem amarelar com o tempo.
A FPS15RS, da Schiatti Angelo, é uma lapidadora reta particularmente adequada para o processamento de espelhos, prateleiras de banheiros, vidros laminados, mesas e degraus. Ela pode ser combinada em linha com outras máquinas da empresa, agilizando todo o processo produtivo do processamento de chapas; é capaz de realizar, de forma independente, o polimento com óxido de cério, a lapidação vertical dos quatro lados dos vidros e espelhos e a rotação deles.
De 31 de outubro a 3 de novembro, o setor vidreiro nacional tem um ponto de encontro oficial: o resort Vila Galé Alagoas, no município de Barra de Santo Antônio. Após ter sido realizado no Rio de Janeiro em sua mais recente edição, em 2022, o simpósio volta para o Nordeste – e, desta vez, para um Estado que nunca sediou o evento. Está pronto para conhecer as belezas de Alagoas, enquanto amplia seu networking e adquire conhecimento para enfrentar os desafios da cadeia? Pois o 16º Simpovidro chegou!
Vila Galé Alagoas
O Vila Galé Alagoas é o maior resort all inclusive de seu Estado. Inaugurado em 2022, está localizado a cerca de 75 km do Aeroporto Internacional de Maceió – Zumbi dos Palmares, à beira da tradicional praia do Carro Quebrado, um símbolo nordestino conhecido pelas falésias e piscinas naturais de água cristalina. O espaço se propõe a homenagear escritores de língua portuguesa do Brasil e de Portugal, com cada acomodação tendo a referência de um artista. A recepção conta com uma exposição focada em escritoras e também uma galeria dos vencedores do Prêmio Nobel da Literatura.
Estrutura 5 estrelas
O resort oferece experiências incríveis aos seus hóspedes, graças a uma estrutura de primeira qualidade que inclui:
Sistema all inclusive, com refeição e bebidas (incluindo as alcoólicas) à vontade 492 quartos
7 restaurantes – incluindo o Museu do Sertão, com pratos típicos locais
5 bares
4 piscinas – incluindo uma com 100 m de comprimento e parque aquático
Esportes: quadras de beach tennis, futebol, handebol e vôlei
Kids Club: recreação infantil com monitores
Programação pensada para sua empresa
Além dos momentos de lazer e interação, uma das marcas do Simpovidro é a programação de palestras. Este ano, serão abordados assuntos fundamentais para o dia a dia das empresas vidreiras: de gestão estratégica e de riscos a empreendedorismo e governança, passando por política, economia, ambiente digital e muito mais.
Dra. Érica Belon
Gestora especialista em administração, educação e comportamento Lucro e liberdade: como sair do operacional e saltar para o estratégico
Flávio Málaga
PhD e mestre em finanças Governança financeira nas empresas vidreiras
Isabelle Randon
Especialista em governança familiar Como garantir a longevidade da sua empresa
Creomar de Souza
Historiador, especialista em relações internacionais e política Panorama político: desafios e possibilidades
Ana Maria Castelo
Mestre em economia Perspectivas econômicas para 2025
Pedro Doria
Jornalista, escritor e especialista em tecnologia A Inteligência Artificial muda tudo
O que vestir
O Simpovidro pede roupas menos formais – afinal, estamos falando de um evento realizado num lugar paradisíaco. Para certas atividades da programação, no entanto, a Abravidro recomenda o uso de certos trajes. E lembre-se: as informações abaixo são somente sugestões. O participante está livre para ir como desejar!
Cerimônia de abertura Quando: quinta-feira, 31 de outubro, às 20h Local: Plenária Simpovidro, no Centro de Convenções do hotel Traje: passeio (homens com blazer com calça social sem gravata; mulheres com pantalonas, vestidos ou tailleurs e sapatos de salto médio ou baixo)
Palestras Quando: manhãs de sexta-feira e sábado, 1º e 2 de novembro Local: Plenária Simpovidro Traje: livre. Só é proibida a entrada na plenária com roupas de banho
Luau no caribe brasileiro Quando: sexta-feira, 1º de novembro, a partir das 21h, após o jantar Local: no gramado ao lado do restaurante da piscina Traje: livre
Jantar de encerramento (com o tema Cores de Maceió) Quando: sábado, 2 de novembro, às 20h Local: na plenária do Centro de Convenções do hotel Traje: homens com calça jeans ou de sarja, bermudas e camisas de manga curta e sapatos tipo mocassim ou até tênis; mulheres com vestidos leves, saias, pantalonas e sandálias com ou sem salto
Projetar e instalar fachadas de vidro envolve diversos processos complexos – da especificação à instalação e manutenção, passando ainda pelo processamento correto das peças, manuseio etc. Se a fachada for inclinada, então, dá-lhe mais cuidados para serem levados em conta. Afinal, esse tipo de estrutura precisa de cuidados extras durante as diferentes etapas do trabalho.
Sabendo disso, O Vidroplano conversou com projetistas e instaladores para entender quais são os desafios que essas fachadas oferecem.
Positiva ou negativa?
O mais importante conceito para se analisar as fachadas inclinadas é o tipo de inclinação delas.
Inclinação positiva: quando a projeção da fachada ocorre para dentro da edificação – nesse caso, a estrutura se assemelha a um escorregador;
Inclinação negativa: quando a projeção ocorre para o lado externo da edificação – ou seja, a estrutura se assemelha a uma marquise.
É a partir dessa diferenciação que todo o projeto da esquadria e do vidro serão pensados. Por isso, você verá bastante os dois termos ao longo da reportagem.
O Birmann 32 é um marco da arquitetura corporativa na região da Faria Lima, um dos principais centro financeiros de São Paulo. O prédio ganhou fachadas de insulados com peças de controle solar Neutral Plus 50, da linha SunGuard High Performance, da Guardian, processadas pela GlassecViracon. A estrutura foi desenvolvida pela Itefal, com consultoria da Crescêncio Engenharia (foto: Levi Gregorio)
Como fica a especificação
Os cálculos necessários para o dimensionamento da espessura dos vidros em fachadas inclinadas são mais complexos e exigem mais etapas do que para a vertical. É preciso considerar, por exemplo, tanto o peso próprio do vidro como as pressões de vento. “Com inclinação positiva, o vidro cria uma carga adicional sobre os suportes inferiores, o que aumenta a necessidade de reforços nesses pontos”, comenta o engenheiro-consultor da TG Technical Group, Maurício Margaritelli. “Com inclinação negativa, além da pressão negativa causada pelo vento, a tração nos sistemas de fixação é maior, exigindo maior resistência dos pontos de ancoragem e das vedações.”
Em relação às fachadas coladas com silicone estrutural, é essencial prestar maior atenção à estrutura de suporte. O silicone resiste aos esforços de vento, mas não pode ser responsável por suportar o peso do vidro. “Para isso, é necessário prever reforços mecânicos, como ganchos ou suportes secundários, que possam aguentar as cargas verticais. A omissão desse cuidado pode comprometer a segurança da fachada”, alerta Margaritelli. “Além disso, as larguras das juntas estruturais devem ser maiores, para suportar a força constante de arrancamento”, informa o diretor da Avec Design, José Guilherme Aceto.
O clima também deve ser levado em conta. Se a fachada estiver em uma região sujeita a neve, por exemplo, o peso dela precisa ser considerado em fachadas inclinadas positivamente. Esse não é o caso do Brasil, embora o Sul do País seja uma região marcada por frequentes geadas durante as épocas frias do ano – o que traz maior carga ao vidro instalado nesse tipo de estrutura.
Parte das placas laminados da fachada do Faria Lima Plaza, em São Paulo, foi montada com diferentes inclinações positivas e negativas, o que representou grande desafio na hora da especificação – a Crescêncio Engenharia prestou consultaria para a montagem da estrutura (foto: Divulgação Crescêncio Engenharia)
Em busca da instalação perfeita
Parece óbvio, mas vale ser ressaltado: devido à inclinação, o acesso dos operários para a instalação desse tipo de fachada é muito mais complexo – e, por isso, equipamentos devem ser usados para superar esses obstáculos e oferecer a segurança necessária à equipe que está realizando essa atividade (como balancins). “Toda a operação logística de transporte vertical até a instalação é sempre um grande desafio. Outro aspecto importante é o cuidado que se deve ter com a precisão da montagem da fachada. Nesse caso é importante considerar equipamentos de controle de dimensão a laser, e até estações topográficas, para evitar desvios que venham a comprometer a qualidade final da esquadria”, afirma Petrucci.
Para o engenheiro Henrique de Lima, diretor-presidente da Itefal, o tipo de sistema da fachada influencia as dificuldades no momento da instalação. “O sistema unitizado requer maior cuidado na hora de encaixe e acomodação dos painéis. Os painéis precisam ser posicionados na angulação da inclinação e, como estão içados, esse processo requer mais atenção e habilidade”, comenta. “Já no caso do sistema stick, o principal cuidado está no equipamento auxiliar de instalação, uma vez que as inclinações interferem no distanciamento habitual de balancins, por exemplo, obrigando em algumas situações o trabalho com cabos guia ou avanços pantográficos, a fim de conseguir o acesso necessário.”
Com inclinação negativa de 10 graus, o Terminal Marítimo de Passageiros de Salvador possui 4.800 m² de laminados verdes (12 mm), da Guardian, processados pela Iguatemi Vidros (foto: Xico Diniz)
Outros tópicos relevantes para a hora de projetar
Mais sobre os ventos: a pressão de vento em uma fachada inclinada é afetada pela geometria da estrutura. O vento pode gerar pressão positiva, quando empurra o vidro para dentro, e pressão negativa, chamada de sucção, quando puxa o vidro para fora. Essas variações afetam não apenas a resistência do vidro, mas também os perfis de ancoragem e os sistemas de fixação, os quais devem ser dimensionados para resistir a esses esforços combinados. Segundo Aceto, da Avec, o peso dos vidros laminados deve ser considerado como carga permanente nas fachadas de inclinação positiva quando submetidos à tensão máxima admissível de 5,7 MPa (megapascal, unidade para medir pressão), conforme indicam a ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil — Projeto, execução e aplicações e normas internacionais. Em uma instalação que sofrerá com rajadas de vento, esse valor aumenta para 23,3 MPa. “No entanto, muitas vezes, somente o peso das peças excede essa tensão, sendo um impeditivo para uso de chapas somente laminadas. Já para vidros com tratamento térmico, sejam temperados ou termoendurecidos, a tensão admissível passa a ser de 52 a até 93 MPa”;
Vedação: numa fachada positiva, o sistema de vedação precisa ser determinado considerando a área de contribuição de água decorrente dessa projeção. “Nesse caso a geometria das gaxetas de vedação e dos perfis de alumínio deve ser desenvolvida para proporcionar o escoamento para o lado externo”, explica Crescêncio Petrucci, sócio-fundador da Crescêncio Engenharia. “Já na fachada negativa, as exigências em relação à estanqueidade da esquadria são diferentes, pois a gravidade atua sempre a favor”;
Deflexão do vidro: dependendo da inclinação e da espessura do vidro adotado, o peso da chapa pode ocasionar flexão no centro dela, provocando um efeito de distorção óptica indesejado.
Como manter as estruturas em ordem
É possível afirmar que o processo de manutenção das fachadas inclinadas pode ser mais desafiador que a própria instalação da estrutura. “Diversas fachadas contemplam pinos receptáculos para ancoragem de equipamentos que propiciam acesso às fachadas. Há de se destacar também que, em função de seu posicionamento, fachadas positivas sofrem maior acúmulo de chuva bem como sujidades e, dessa forma, requerem limpeza em intervalos de tempos menores”, alerta Henrique de Lima, da Itefal.
Pinos de retenção (comumente mados de washing bolts) e pinos de desvio de direção são fundamentais para garantir aos operários as condições de segurança, equilíbrio e mobilidade necessárias durante o processo de limpeza e manutenção. Em alguns empreendimentos, o uso de equipamentos mecânicos como gôndolas ajuda de forma efetiva esse tipo de trabalho.
Por isso, é crucial monitorar regularmente o estado dessas fixações e reforços mecânicos, especialmente em fachadas coladas com silicone estrutural, para garantir que os sistemas estejam funcionando conforme o projeto.
Em formato de pirâmide, o Hospital de Amor, em Barretos (SP), ganhou vidros laminados Sunlux (10 mm), da AGC, nas versões azul e com serigrafia. Responsável pela instalação, a Avec Design utilizou o sistema Ecoglazing, desenvolvido pela própria empresa (foto: Divulgação Avec Design)
Eficiência energética
“A escolha correta da inclinação, combinada com vidros de controle solar, pode reduzir o consumo de energia no edifício”, explica Maurício Margaritelli. “No entanto, inclinações malprojetadas podem resultar em problemas de superaquecimento, especialmente em fachadas com inclinação positiva e grande exposição solar.”
Nas fachadas com inclinação positiva, a exposição aos raios solares é mais prolongada, já que o ângulo amplifica a exposição direta ao Sol, aumentando o ganho térmico e fazendo com que a temperatura do vidro atinja valores mais elevados.
Por isso, o dimensionamento da espessura e a escolha da peça devem considerar o acréscimo de temperatura. Para os casos de fachadas com inclinação negativa, esse tipo de preocupação é relativamente menor.
Uma orientação recorrente na seção “Para sua vidraçaria” é a busca de temas que levem sua empresa a se diversificar em relação à concorrência, deixando de se limitar aos produtos e serviços básicos e oferecendo soluções diferenciadas com valor agregado. Há vários vidros que fogem do padrão convencional em algum aspecto – por exemplo, na espessura.
Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta um pouco sobre os vidros chamados extragrossos, com especialistas do nosso setor indicando o que torna esses produtos atrativos, as aplicações mais indicadas e as dicas para atender as particularidades no trabalho com eles.
Quando um vidro é considerado extragrosso?
Segundo Leandro Gonçalves, gerente de Projetos da Divinal Vidros, normalmente essa classificação é dada para peças com espessura a partir de 12 mm de espessura, seguidas por opções de 15, 19 e 25 mm: “Esta última é utilizada para aplicações muito específicas e não é um produto facilmente encontrado no mercado, sendo, geralmente, importada; poucas empresas mantêm estoques dessa espessura”, explica.
Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian, observa que essa classificação pode variar dependendo da fabricante do vidro e das normas regionais. Sua orientação: “Se tiver necessidade de especificações detalhadas para um projeto específico, é sempre recomendável consultar o fornecedor ou as normas técnicas”.
Mesa de jantar Pi: peça, elaborada pela designer Jacqueline Terpins, é inteiramente feita de vidros float 15 mm, tanto no tampo como nas pernas (foto: Cris Martins)
Da estética à resistência
Vidros extragrossos costumam ser amplamente usados na área de decoração, aplicados como tampos de mesas, prateleiras ou em mobiliários. A marca de design de móveis de vidro Glass11, por exemplo, conta com peças feitas com vidros extragrossos, feitos por eles mesmos. “Começamos a produzir vidros de grande espessura com o pedido do nosso parceiro Arthur Casas: ele queria o impacto de um vidro de 80 mm. Tentei e tentei por anos, até que decidi desenvolver um forno exclusivo para isso. Hoje, produzimos vidros de até 80 mm de espessura e chamamos essa nossa linha de ‘vidros rocky’”, conta Matheus Primo, proprietário da Glass11. “O apelo estético é o mais desejado, os vidros são especialmente únicos – cada um tem a sua quantidade de bolhas e conformação, as quais variam de acordo com a matéria-prima, temperatura e dimensão. Os moldes também são preparados manualmente, o que traz mais personalidade para a peça.”
Mariana Ribeiro, consultora técnica da Cebrace, aponta que vidros extragrossos também podem ser aplicados em funções estruturais: “Isso é possível porque uma maior quantidade de massa no vidro garante uma melhor distribuição de cargas na peça de vidro, reduzindo a possibilidade de falhas no sistema; além disso, o vidro espesso é menos suscetível a deformações, que podem acontecer em vidros mais finos expostos a cargas permanentes”, ela informa.
E em que casos deve-se evitar peças com espessuras acima do padrão? Gonçalves responde: “Não há necessariamente uma aplicação em que os extragrossos sejam totalmente desaconselhados, mas é importante considerar as limitações técnicas de cada projeto”. Vê-se, então, que o importante é adaptar a solução ao projeto específico e às necessidades do cliente.
Mesa de pebolim com laterais de vidros curvos extra clear com 15 mm de espessura, fabricada pela Teckell e apresentada no Estúdio Bossa, de Marlon Gama, na Casa Cor SP 2017 (foto: Cris Martins)
Apresentando a solução para o cliente
Um desafio recorrente na venda de vidros de valor agregado é convencer o comprador de que vale a pena adquirir um produto que trará benefícios para sua obra, em vez de levar as peças mais básicas do portfólio da vidraçaria. Quando falamos de vidros extragrossos, quais argumentos poderiam ser usados para apresentá-los e torná-los atrativos aos olhos do cliente?
Fábio Reis, da Guardian, sugere que, para incentivar o uso de vidros mais espessos, é importante ressaltar suas vantagens, como a segurança, já que são mais resistentes a impactos e arrombamentos, sendo ideais para locais que exigem proteção reforçada. Ele acrescenta que essas peças também proporcionam mais elegância e segurança em aplicações como tampos de mesas de alto padrão.
Por sua vez, Gonçalves, da Divinal Vidros, recomenda que o vidraceiro busque primeiro entender as necessidades do cliente, para então propor soluções que tragam segurança e satisfação. Por exemplo, como já apontado, vidros mais espessos agregam charme, conforto e sofisticação aplicados como tampos de mesa – mas essa especificação precisa ser feita com cuidado. “É importante avaliar fatores como a capacidade da base da mesa de suportar o peso do vidro, a fim de garantir que o produto será usado de maneira segura e adequada.”
Mesa Flow G11, elaborada pela Glass11 e usada no projeto de interiores do Studio Arthur Casas; produto tem bases de vidro ‘rocky’ 20 mm e tampo de vidro ‘rocky’ 50 mm, ambos na cor âmbar (foto: Divulgação Glass11)
Trabalhando com vidros extragrossos
Em geral, o trabalho com peças mais espessas que o padrão não traz muitas diferenças em relação aos cuidados com os quais os vidraceiros já estão acostumados – a maior dificuldade em seu manuseio diz respeito ao peso das peças: “Chapas de vidro extragrosso são muito mais pesadas que de vidros finos, fazendo com que muitas vezes seja necessária a utilização de máquinas para auxiliar movimentações”, indica Mariana Ribeiro, da Cebrace.
“A principal recomendação é sempre buscar fornecedores que atendam os requisitos normativos e de qualidade: quando se trata de vidros extragrossos, especialmente temperados e laminados, é essencial verificar as garantias oferecidas pelo fornecedor, certificando-se de que ele cumpre as normas técnicas vigentes”, orienta Leandro Gonçalves. Além disso, ele indica ser importante solicitar certificados de qualidade para cada tipo de produto, garantindo que o vidro utilizado esteja dentro dos padrões exigidos.
Primo, da Glass11, observa que vidros mais espessos têm particularidades para sua colagem ou encaixe com outras peças, mas comenta que sua equipe já encontrou diferentes soluções para essa atividade. Um exemplo dessa experiência é a Mesa Flow, com base de vidro rocky 20 mm e tampo de rocky 50 mm, na cor âmbar, peça desenvolvida e usada no projeto de interiores do Studio Arthur Casas. “Conseguimos expandir a ideia dos vidros especiais no mercado brasileiro com a criação desse produto, e continuaremos criando novas formas de usar o vidro; estamos disponíveis para as novas surpresas que o vidro nos trará”, comenta.
Escada de vidro no estande da Divinal Vidros na Fesqua 2024: degraus, feitos de vidros laminados, têm espessura total de 21 mm (foto: Divulgação Divinal Vidros)
A Divinal Vidros já participou de diversos projetos com peças extragrossas, tanto monolíticas – caso do uso de uma de 19 mm com furações para adega, onde as garrafas de vinho eram encaixadas diretamente no vidro – como laminadas. “Nesse contexto, podemos entender o conceito de vidro extragrosso não apenas pelas espessuras individuais dos vidros, mas também pela combinação de diferentes peças laminadas, onde a espessura final do produto é o somatório das chapas de vidro e do interlayer estrutural: por exemplo, um vidro laminado temperado de 16 mm, formado por dois vidros de 8 mm com interlayer”, detalha Gonçalves.
Durante a Fesqua 2024, a processadora paulista montou em seu estande guarda-corpos com vidro laminado de 16 mm, bem como uma escada com degraus laminados, atingindo uma espessura final de 21 mm. No topo da escada, havia ainda uma passarela de vidro produzida com duas lâminas de 10 mm, totalizando 20 mm de espessura, garantindo resistência estrutural. Para Gonçalves, esses exemplos ilustram que o conceito de vidro extragrosso também se aplica à combinação de espessuras laminadas, em que o resultado final proporciona segurança, resistência e uma estética refinada em diversas aplicações arquitetônicas.
Foi-se a época em que grandes pontos turísticos tinham o vidro como mero coadjuvante: de uns anos para cá, em vários locais do mundo, diversas obras voltadas para o turismo têm nosso material como principal elemento arquitetônico e construtivo. No Brasil, a tendência se consolidou com a construção de mirantes em lugares como São Paulo, Canela (RS) e Balneário Camboriú (SC), que levam milhares de visitantes a suas instalações para terem novas, e belas, visões dessas cidades e da natureza que as cerca.
Para celebrar o apelo estético e visual que o vidro passou a despertar para essas construções, O Vidroplano lista alguns dos projetos mais incríveis do tipo – afinal, eles têm um papel muito importante: reforçar a imagem do vidro como um material seguro, confiável e resistente para o consumidor final. Boa viagem!
Um complexo de mais de R$ 30 milhões, localizado em uma bela região natural do Vale da Ferradura, a 360 m de altura sobre o rio Caí, em meio a florestas de araucárias, pássaros e animais silvestres: esse é o Skyglass Canela, inaugurado no final de 2020. O espaço é composto por três atrações:
Skyglass: uma plataforma de observação com 68 m de extensão, sendo 35 m sobre o Vale da Ferradura, recorde mundial para construções em cima de cânions;
Abusado: monotrilho instalado abaixo da plataforma, formado por dez cadeiras suspensas. Ele funciona como uma montanha-russa, mas a uma velocidade baixa, para permitir que as pessoas apreciem a vista;
Memorial do Ferro de Passar: museu com cerca de trezentas peças referentes a esse utensílio milenar.
Os pisos da plataforma contam com multilaminados 43 mm, compostos por peças temperadas extra clear, com interlayer estrutural SentryGlas (da Kuraray). Os guarda-corpos também são envidraçados: 42 peças de extra clear temperado e laminado (10 + 10 mm), com SentryGlas.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 578, de fevereiro de 2021)
Foto: Fernando/stock.adobe.com
THE LEDGE Local: Chicago, EUA Processadora: Prelco
Um dos precursores entre os mirantes totalmente envidraçados, o The Ledge, instalado no alto do edifício Willis Tower, em Chicago, foi erguido no já longínquo 2009. Parte da atração Skydeck, espaço que conta a história da cidade americana, a estrutura conta com dois cubos de vidro a quase 400 m de altura, oferecendo visão perfeita de toda a região do lago Michigan graças ao uso de peças extra clear laminadas com SentryGlas. Os visitantes podem ficar tranquilos em relação à segurança do espaço: os cubos foram projetados para suportar 5 t de peso.
Foto: Cris Martins
SAMPA SKY Local: São Paulo Fabricante dos vidros: Guardian Processadora: GlassecViracon
Aberto ao público em 2021, o Sampa Sky já se tornou um símbolo paulistano: ganhou até novos decks no fim do ano passado, tamanha a demanda para visitar o espaço. A atração está no 42º andar do Mirante do Vale, prédio que foi o mais alto do País durante décadas. Com 1.400 m² de área, o Sampa Sky tem um café em suas dependências – e pode receber eventos corporativos e sociais.
Multilaminados temperados foram instalados ali – e a especificação é robusta: quatro peças com 10 mm cada (sendo a externa de ClimaGuard SunLight e as internas de float incolor), unidas por PVBs estruturais DG41, da Eastman. O uso de vidros de controle solar ajuda a reduzir a necessidade de iluminação artificial, assim como o uso de ar-condicionado.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 584, de agosto de 2021)
Foto: Summit One Vanderbilt
SUMMIT ONE VANDERBILT Local: Nova York, EUA Fabricante dos vidros: AGC Processadora: Glass Flooring Systems
Outro espaço com múltiplas atrações, o Summit One Vanderbilt, pode-se dizer, é uma celebração do vidro. A obra, localizada no edifício One Vanderbilt, em Manhattan, tem várias instalações:
Levitation: mirante com dois decks envidraçados que “saltam” da fachada. Estão a mais de 300 m de altura, bem em cima da Avenida Madison, e são de multilaminados com o vidro antirreflexo Clearsight;
Ascent: o maior elevador externo do mundo totalmente feito com nosso material. O acesso a ele se dá por um terraço, de onde é possível enxergar até 128 km de distância. Também feito com multilaminados com o vidro antirreflexo Clearsight;
Air: criada pelo renomado artista Kenzo Digital, a área oferece diversas experiências sensoriais com o vidro. São dois andares revestidos de laminados espelhados (chapa incolor + interlayer SentryGlas + chapa de espelho), instalados no chão, teto e colunas. Andar por ali é como flutuar em uma sala infinita: tem-se a impressão de que existem vários andares acima e abaixo de onde está, mas, na verdade, são os reflexos confundindo a sua sensação espacial. Quase 1.000 m² de vidros foram usados somente nessa parte do Summit.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 587, de novembro de 2021)
Foto: Divulgação Linde Vidros
SUMMIT BC Local: Balneário Camboriú (SC) Fabricante dos vidros: AGC Processadora: Linde Vidros
Conhecido como “Dubai brasileira”, por conta de suas praias, vida noturna e empreendimentos residenciais de alto luxo, o Balneário Camboriú também entrou na onda dos mirantes. O Summit BC, concluído em maio deste ano no alto do Edifício Imperatriz, conta com dois cubos suspensos a 128 m do chão. Para permitir vista panorâmica deslumbrante da bela orla da cidade, foram utilizados vidros extra clear, usados em temperados multilaminados com SentryGlas.
E se esse tipo de estrutura já é um grande feito de engenharia, o Summit BC se destaca ainda mais, pois estão 2,5 m para fora do edifício. Os administradores do espaço entraram com um pedido para o Guinness World Records reconhecer a obra como a maior nesse quesito – para efeito de comparação, o The Ledge, em Chicago, tem 1,31 m para fora, enquanto o Sampa Sky, quase 2 m.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 621, de setembro de 2024)
Foto: Related-Oxford
EDGE Local: Nova York, EUA
No 100º andar de um dos arranha-céus que fazem parte do complexo Hudson Yards, o Edge oferece uma inacreditável visão de 360 graus da ilha de Manhattan. Pesando quase 350 t, a obra representou um desafio arquitetônico, já que se estende 24 m para fora do prédio. Ela é formada por quinze seções diferentes, ancoradas aos lados Leste e Sul do edifício. Com formato triangular, um dos destaques do espaço é uma parte de seu chão, feita de multilaminados, com 20 m² de área. Ali, o visitante sente que está “flutuando” no alto da Big Apple. Os guarda-corpos da área também são totalmente envidraçados: são 79 painéis de laminados, com 2,74 m de altura cada. Os vidros foram fabricados na Alemanha e processados na Itália.
(Saiba mais sobre a obra emO Vidroplanonº 567, de março de 2020)
Foto: Divulgação Secretaria Municipal de Turismo do Guarujá
MIRANTE DAS GALHETAS Local: Guarujá (SP)
Se estiver passeando pela região da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, não deixe de visitar o Mirante das Galhetas. Localizado no Morro da Caixa D’Água, a atração conta com uma estrutura totalmente composta de multilaminados, suspensa a 45 m do nível do mar. Dali, é possível ter um belo panorama da praia do Tombo – e o local também é adequado para a prática de voo de parapente. O acesso ao Mirante das Galhetas é gratuito.
Foto: Konce Agência-Associação Amigos de Cristo de Encantado
Acredite: o monumento mais alto do Brasil representando Jesus Cristo não é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, mas sim o Cristo Protetor, na cidade de Encantado. Enquanto o famoso ponto turístico carioca mede 38 m de altura, a atração gaúcha tem 43,5 m. Construída com recursos oriundos de doações, a obra foi iniciada em julho de 2019, no morro das Antenas. Seu grande diferencial para outros monumentos do tipo espalhados pelo Brasil é o coração envidraçado instalado no peito da estátua: um elevador leva os visitantes até o espaço, possibilitando uma vista privilegiada da cidade e do vale do Taquari. Para que isso fosse possível, foram aplicados temperados laminados incolores (10 +10 mm) na fachada da instalação.
Chegou, enfim, o 16º Simpovidro, um dos momentos mais aguardados do ano para o setor vidreiro brasileiro. A Abravidro trabalhou muito para criar mais um evento memorável para os profissionais de nossa cadeia – e, clicando aqui, você confere um guia para curtir o simpósio ao máximo.
E se o Simpovidro é uma celebração do segmento, esta edição de O Vidroplano também atua nesse sentido. A reportagem de capa mostra os detalhes de um processo comum nos últimos tempos: a construção de atrações turísticas pelo mundo tendo o vidro como principal elemento. Clicando aqui, elencamos algumas das mais incríveis obras envidraçadas recentes que se tornaram pontos de visitação de milhares de pessoas. De São Paulo ao Rio Grande do Sul, no Brasil, passando pelos Estados Unidos, nosso material está cada vez mais pop.
Os desafios de trabalhar com fachadas inclinadas também ganharam espaço na revista. Esse tipo de projeto envolve diversas outras variáveis, além das já encontradas na especificação de fachadas comuns. Projetistas e instaladores explicam conceitos como inclinações positiva e negativa, o que muda na logística para a instalação das estruturas e os tópicos relevantes a serem levados em conta para a escolha dos vidros.
Veja ainda o que de melhor foi encontrado na edição 2024 da feira norte-americana GlassBuild America, como fazer a marcação de vidros que passam por tratamento térmico e os melhores momentos da entrevista com a diretoria da AGC para o VidroCast.
Uma peça de vidro quebrada por um tiro pode ajudar a resolver crimes? Se você perguntar para Shirly Montero, professora assistente da Arizona State University, nos EUA, a resposta será sim. Ela é especialista em química forense e estuda nosso material há mais de 25 anos.
Seus estudos revelam que o vidro pode oferecer informações significativas para investigações – como, por exemplo, determinar a direção e a sequência de eventos, ajudando policiais a conectar suspeitos a cenas de crime por meio de fragmentos de vidro e pólvora presos a roupas e calçados.
Recentemente, Shirly revelou uma nova técnica para estudar estilhaços de vidro presos a projéteis. Um instrumento a laser remove uma pequena quantidade de pó de vidro encontrada em uma bala; esse pó é então enviado para um laboratório para a análise de sua composição química. Assim, em um caso com diferentes cenários possíveis, como em um tiroteio, será possível reconstruir as ações, e também confrontar versões, de acordo com os resultados químicos obtidos a partir dessa análise laboratorial.
“Muitas vezes, os examinadores forenses não estão usando todo o material valioso em uma cena de crime”, comenta Shirly. “Espero conscientizar sobre a técnica de análise de vidro e apoiá-los em qualquer necessidade.”
Enfim chegou outubro, o tão aguardado mês do Simpovidro. Por aqui estamos ansiosos para rever associados, amigos, parceiros, fornecedores e clientes. Nosso simpósio chega à sua 16ª edição mantendo a essência de ser um evento de relacionamento, negócios e, claro, um momento para refletir a partir dos temas das palestras. Este ano não será diferente e nossa proposta é pensar em temas fundamentais para os negócios, como governança financeira, gestão de riscos e provocações para sairmos da operação e conseguirmos atuar de forma mais estratégica em nossas empresas. Vamos falar também sobre o que esperar da política e da economia e sobre como a Inteligência Artificial vai impactar a sociedade, nossas empresas e a vida de cada um de nós. Nossos familiares estarão conosco no simpósio para diversão, mas o empresário deve aproveitar essa oportunidade para refletir.
E a pausa para reflexão vale para muitos outros temas do nosso dia a dia como empresários do setor vidreiro, como venho propondo aqui mensalmente. O ano de 2024 tem sido repleto de desafios, com a demanda fraca, o aumento da informalidade, a dificuldade em repassar os aumentos nos custos e os grandes volumes de vidros importados chegando ao Brasil, agora incluindo os processados.
Pensar nesses desafios — e soluções — de forma conjunta, com cada um refletindo sobre suas responsabilidades como ator da cadeia é um dos melhores caminhos para melhorarmos o ambiente de negócios no setor vidreiro.
Aproveite o Simpovidro para rever os amigos e parceiros e para fazer negócios, mas também para fazer essa pausa e pensar de que maneira podemos atuar, juntos, para o desenvolvimento do mercado, proporcionando melhores resultados para nossas empresas e para toda a cadeia! Nos encontramos em Maceió!
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) deu início este ano à revisão da norma ABNT NBR 14033 — Móveis para cozinha. O trabalho, coordenado pela Comissão de Estudos de Móveis para Cozinha (ABNT/CE-015:002.003), conta com a participação do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) – afinal, como nosso material também é utilizado nesse segmento, em tampos ou portas de armários, por exemplo, a norma atualizada trará informações mais completas para sua especificação e aplicação.
Referências normativas para os vidros
A reunião de reativação da Comissão de Estudos de Móveis para Cozinha foi realizada em 16 de maio. “Durante os trabalhos de elaboração de outra norma, para guarda-roupas, recorremos ao texto referente a móveis para cozinha, levando em consideração as similaridades entre esses dois produtos, tais como as matérias-primas, acessórios e processo de fabricação, entre outras”, conta Jorge Massato Kawasaki, coordenador do Projeto de Normalização da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimovel) e da ABNT/CE-015:002.003. “Foi quando se percebeu que a ABNT NBR 14033 já não atendia mais as diretivas normativas atuais da ABNT e nem representava mais o estado da arte do mobiliário de cozinha fabricado no Brasil.”
Kawasaki explica que, no texto em revisão, os materiais como vidros e os componentes metálicos fazem parte dos requisitos, assim como acabamento superficial ou as especificações dimensionais do móvel. “Decidiu-se, devido à sua importância em relação à segurança, dar mais ênfase quanto à aplicação do vidro, agora na forma de Anexo, incluindo as demais normas ABNT referentes ao uso de vidros no contexto do mobiliário”, afirma. Entre os textos citados estão os das ABNT NBR 14488 — Tampos de vidro para móveis e ABNT NBR 14564 — Vidros para sistemas de prateleiras – Requisitos e método de ensaio, em referência aos tampos e prateleiras em vidros, respectivamente, ambas já citadas na versão disponível da ABNT NBR 14033, além da inclusão da ABNT NBR 14698 — Vidro temperado, ABNT NBR 14697 — Vidro laminado e ABNT NBR NM 293.
Ênfase na segurança
A versão atualmente disponível da ABNT NBR 14033 contém especificações quanto ao uso de diferentes tipos de vidro, incluindo o temperado, tendo como base a altura em relação ao piso (950 mm), assim como as condições para a aplicação de vidros encaixilhados ou temperados — porém, sem nenhuma referência normativa específica.
Isso será mudado no novo texto da norma. “Nele, foi introduzido o uso do termo ‘vidros de segurança temperados ou laminados’, em vez de somente ‘vidro temperado’, com as respectivas referências normativas”, avisa Kawasaki. Além disso, haverá ajustes em relação à especificação de segurança quanto à altura do vidro em relação ao piso (para 1.100 mm), com referência à ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações.
No momento, a revisão encontra-se na etapa de elaboração do texto final. Em paralelo, serão realizados os ensaios de validação dos procedimentos (com mobiliários cedidos pelas empresas Nicioli – Móveis para Cozinha e Luciane Indústria Moveleira, associadas à Abimovel). Segundo Kawasaki, acredita-se que o texto base deve ser colocado em consulta nacional até o final do ano.
Foto: Vadim Andrushchenko/stock.adobe.com
Nova norma publicada
No dia 27 de setembro, foi publicada a norma ABNT NBR 17192 — Móveis para dormitório – Guarda-roupas – Requisitos e métodos de ensaio. O documento técnico, que inclui orientações a respeito do uso de vidros e espelhos em guarda-roupas, teve a participação do ABNT/CB-37 em sua elaboração. Mais informações estarão presentes na edição de novembro de O Vidroplano.
Em Minas Gerais
O 15º Tecnovidro foi realizado pelo Simvidro nos dias 1º a 4 de outubro na unidade Cedetem do Sebrae, em Contagem. Este ano, o tradicional evento preparado para o setor vidreiro de Minas Gerais reuniu 254 pessoas. A programação teve, nos dois primeiros dias, a Oficina Prática de Sistema Glazing, em parceria com o aplicativo Meu Vidraceiro: além de aprender as particularidades para realizar orçamento, projeto, confecção de estruturas e instalação, os participantes também puderam conhecer mais sobre o app que pode ajudá-los a realizar de forma ainda mais fácil os orçamentos de sistemas glazing e de diversos outros relacionados ao vidro.
No dia 3, o Simvidro organizou o 5º Seminário de Vidros e Esquadrias. As palestras do evento abordaram temas como colagem estrutural de sistemas de esquadria de alumínio com silicone, os desafios das novas tendências de esquadrias de vidro pelo mundo e a plataforma de ensino a distância Educavidro, iniciativa da Abravidro com a Abividro.
O último dia de Tecnovidro teve a 1ª edição do Seminário de Vidros para Movelaria. O evento contou com palestras e debates sobre as vantagens e os desafios do vidro na movelaria, as possibilidades para qualificação gratuita oferecidas pelo Educavidro e as tendências na aplicação de vidros ao design dos móveis.
Foto: Divulgação Sincavidro-RJ
No Rio de Janeiro
O Sincavidro organizou uma reunião com a participação de inúmeros associados em um local bastante especial: um camarote no Estádio Jornalista Mário Filho, o famoso Maracanã. Os participantes discutiram vários temas do interesse do mercado vidreiro fluminense ao longo do encontro, o qual também contou com a presença dos diretores-executivos da Cebrace, Lucas Malfetano e Wilston Vernier, e do gerente-comercial da usina, Flávio Vanderlei. Como não poderia deixar de ser, todos também participaram de um registro fotográfico no gramado do lendário estádio.
Foto: Reprodução/Divulgação Sincomavi-SP
Em São Paulo
No dia 12 de setembro, o Sincomavi realizou o webinário As novas habilidades para os gestores do varejo, ministrado por Olegário Araújo, cofundador da inteligência360 (empresa de inteligência de varejo). Entre os pontos abordados estavam os profissionais da geração Z: segundo o palestrante, essas pessoas têm sido um grande desafio administrativo para líderes e empresas, pois elas se mostram emocionalmente angustiadas. Araújo comentou ainda que equipes com maior diversidade são emocionalmente mais equilibradas, possuindo alto grau de desenvolvimento. Como recado final, foi apontado que o futuro do varejo está baseado na experiência do cliente: gerar conexões saudáveis e equilibradas entre colaboradores e clientes é o segredo do sucesso.
Foto: Divulgação Sindividros-RS
No Rio Grande do Sul
O Sindividros-RS realizou em setembro as duas primeiras macroetapas do Projeto Sindical, desenvolvido em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). No dia 19, o sindicato convidou o líder da expansão do grupo W1 Inc. no Rio Grande do Sul, Jean Guareschi, para apresentar o tema Consultoria financeira para gestão eficiente e planejamento financeiro para pessoas físicas e jurídicas e linhas de créditos (foto). Guareschi destacou a importância da separação de contas entre pessoas físicas e jurídicas e do planejamento em diversas áreas como questões ligadas à segurança pessoal, residencial, de saúde e aquelas ligadas ao âmbito empresarial dos participantes. A segunda macroetapa – Estratégias digitais e marketing de conteúdo –, trouxe o especialista Frederico Mombach, da Vangguard Consultoria, que apresentou ferramentas para impulsionar os processos digitais e as vendas das empresas, além das especificidades e características das redes sociais. Mombach destacou que o Brasil é o país que mais pesquisa antes da compra no digital, razão pela qual essa área deve ser estratégica em todos os tipos de negócio.
Foto: Divulgação Abravid-DF
No Distrito Federal
Cerca de setenta participantes acompanharam o treinamento 7 Formas reais e práticas de aumentar a lucratividade do seu negócio, organizado no dia 3 de outubro pela Abravid e ministrado por Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro. A palestra, realizada na unidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no Guará, e patrocinada pelas usinas AGC, Cebrace, Guardian e Vivix, foi direcionada a vidraceiros e serralheiros, com o objetivo de ajudar os participantes a identificar e usufruir das oportunidades que o mercado proporciona ao seu modelo específico de negócio. A ideia era que, ao final da apresentação, cada espectador levasse de volta consigo uma receita específica para colocar em prática.
A 37ª Casa Cor Pernambuco abriu as portas para o público no dia 14 de setembro e pode ser visitada até o dia 3 de novembro; este ano, a mostra está sendo realizada no edifício Palazzo Itália, no Recife Antigo, e tem o tema “De presente, o agora”, um convite para a reflexão sobre presença, desacelerar e viver o instante.
A exposição tem 34 ambientes, e alguns deles trazem aplicações de vidros e espelhos de valor agregado. Um destaque nesse campo é o espaço Vestígio Vivix – Uma Herança Afetiva (foto acima), parceria da usina vidreira com as arquitetas Ana Moura e Ana Higino, responsáveis pelo projeto. Trata-se de um living com estúdio de podcast/videocast, onde o artista José Patrício usou peças de espelhos Vivix para criar uma obra especial; já o recém-lançado Vivix Lamina Acústico foi usado na porta de entrada e na do estúdio, tornando tanto o living como a área de gravação de podcasts (esta última tem uma parede revestida com vidros pintados Decora Preto) ambientes à prova de ruídos externos.
A Loja Gustavo Eyewear (foto acima), assinada pela arquiteta Cynthia Costa, faz uso tanto de espelhos Spelia Incolor como de vidros coloridos Colora Verde, ambos da Vivix: enquanto os primeiros trazem sensação de amplitude e ajudam os compradores a escolher os óculos, os demais delimitam o jardim interno e contribuem para a estética do ambiente, deixando-o funcional e estiloso.
A usina também forneceu vidros para o espaço Tesori di Lucia (foto acima), projetado pelo escritório Etla Arquitetura e Interiores para homenagear a designer de joias Lúcia Lima: peças dos produtos Vivix Decora Nude, Colora Verde e Spelia Bronze são usadas para destacar a sofisticação das joias.
MONITORAMENTO MENSAL DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE VIDROS BRASILEIRA Desempenho – Setembro 2024
A percepção sobre o desempenho da indústria nacional de processamento de vidros foi de aumento moderado nas vendas faturadas em m² em setembro de 2024 em relação a agosto.
O indicador de desempenho da indústria de processamento de vidros registrou alta de 7,6% no volume de vendas faturadas de vidros processados no mês, na comparação com agosto, sem ajustes sazonais.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada nos primeiros dias úteis deste mês, por meio de formulário online. O estudo pode ser respondido por processadoras de todo o Brasil (92 participaram desta edição).
Além do corte, lapidação, furação, lavagem e até mesmo a têmpera, existe uma etapa muito importante no beneficiamento de vidros que não pode ser esquecida: a marcação das peças que passam por processos térmicos (dando origem aos temperados e termoendurecidos). Colocar informações sobre o fabricante nas peças produzidas garante maior segurança do processo como um todo, permite a rastreabilidade do produto e oferece confiança ao consumidor final – pois ele conhece a procedência do material.
Nas próximas páginas, conheça tudo o que as normas técnicas vidreiras dizem a respeito desse tema, quais as técnicas disponíveis para a marcação e as questões estéticas inerentes à tarefa.
Requisitos
Os vidros que precisam de marcação, segundo as normas técnicas, são os temperados e os termoendurecidos. Mas, afinal, quais são os requisitos para realizar essa tarefa da forma correta?
Temperados: a ABNT NBR 14698 — Vidro temperado diz que a marcação consiste na identificação de forma indestrutível (indelével) do fabricante e do tipo de vidro. Além disso, pode trazer informações adicionais, em comum acordo entre fabricante e consumidor. O documento não indica um local específico para a marcação ser feita – por isso, pode ser colocada na borda da peça (junto à espessura), caso o cliente ache necessário.
Termoendurecidos: a ABNT NBR 16918 — Vidro termoendurecido determina que a marcação deve conter a identificação do fabricante (logomarca, nome ou ambos) e a identificação do tipo de vidro com o texto “Vidro Termoendurecido” ou a sua abreviação “VTE”. Também é permitido utilizar “HS”, abreviação do nome do produto em inglês (heat strengthened glass). Outras informações também podem ser acrescentadas, caso seja necessário. E, ao contrário da norma dos temperados, o documento orienta que a marcação deve ser aplicada próximo a um dos cantos da peça, de forma que fique visível quando instalada. No entanto, a depender de acordo entre cliente e processador, a ABNT NBR 16918 permite que seja em outro local do vidro, sendo visível ou não.
Qual a hora de marcar?
Segundo Edweiss Silva, consultor da Abravidro para certificação do vidro temperado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), é convencional que a marcação aconteça na fase de pré-forno – ou seja, no momento em que as peças são inspecionadas para serem temperadas ou termoendurecidas. “Isso se dá porque a aplicação da marcação, na maioria dos casos, é feita utilizando esmalte vitrificado, que adere à superfície das peças após passar pelo forno, evitando assim possíveis retrabalhos se feita em etapas anteriores”, explica.
Um exemplo de como a marcação manual por serigrafia é feita: processo é um dos mais utilizados para a tarefa (foto: Divulgação Agabê)
As técnicas existentes
A forma de marcação mais usual entre as processadoras é a serigrafia, também chamada de silkscreen ou impressão com tela, que consiste em imprimir, por meio de uma tela vazada, a informação desejada no vidro. “A aplicação serigráfica deve ser realizada com a tela ‘fora de contato’ – ou seja, sem estar colada ao vidro –, de modo a impedir que haja borrão na aplicação no momento de levantá-la”, revela Silvio Luiz Arruda, gerente geral da fornecedora de esmaltes cerâmicos Triarte.
Outra técnica à qual diversos fabricantes estão aderindo nos últimos tempos é a marcação com adesivos feitos de esmalte vitrificado, os quais são aplicados no local desejado da peça antes da entrada no forno. “Esse tipo de esmalte, também usado na serigrafia, se funde ao vidro durante a passagem pelo forno, aumentando a resistência da marcação contra intempéries”, esclarece Silvio Arruda.
De acordo com Edweiss Silva, a escolha pelo método ideal é da empresa. “E vai variar dependendo da habilidade de cada colaborador. Alguns têm mais facilidade com a tela, outros com o adesivo”, comenta.
Considerações estéticas
O que fazer quando um arquiteto especifica um belo projeto com nosso material, mas, considerando que a marcação possa interferir esteticamente na construção, pede para que ela não seja feita? “Essa situação caracteriza uma ilegalidade perante a Lei nº 8.078 do Código de Defesa do Consumidor, que determina que todo fabricante deve comercializar somente produtos que atendam as normas técnicas vigentes”, afirma Edweiss Silva. “O bom é que as próprias normas se antecipam a esses casos, permitindo a marcação nas bordas da peça, de forma que, se necessário, a identificação do fabricante pode ser confirmada ao desmontar o produto.”
Outra estratégia adotada é a realização da marcação com tintas de cor clara e tonalidades suaves, para que fique bem discreta. “Recomendamos utilizar nossos esmaltes com a coloração jato de areia, para formar uma logomarca nuvem, quase imperceptível”, indica Silvio Arruda, da Triarte.
Foto: AvokadoStudio/stock.adobe.com
E os vidros automotivos?
Nos vidros instalados em automóveis, existem outras informações a serem colocadas na marcação. “A ABNT NBR 9491 – Vidros de segurança para veículos rodoviários — Requisitos estabelece que devem entrar o nome do fabricante e as informações para rastreabilidade”, explica Edweiss Silva. “Complementando o assunto, a Portaria Nº 034 do Inmetro estabelece requisitos de avaliação da conformidade para vidros de segurança automotivos. Nesse documento, é indicado que a marcação acrescente a logomarca do Inmetro e o método de rastreabilidade junto ao ano de fabricação.”
As técnicas de marcação para os vidros automotivos podem ser as mesmas dos destinados à construção civil, com a adição de outras, como as pastas fosqueantes. “Elas agem pelo processo subtrativo, ou seja, ‘atacam’ a superfície do vidro. Por isso, não possuem cores: a tonalidade do fosqueamento está associado à cor do vidro”, revela Tarsis Bianchini, CEO da Agabê, especializada em soluções para a decoração serigráfica. A empresa fornece uma solução desse tipo, a Glass Marker, para montadoras e também para o mercado de reposição. Como não precisa ir ao forno, pode ser aplicada em peças já montadas. “Fazemos a aplicação utilizando uma máscara de proteção. O tempo de atuação é de um a três minutos, dependendo do grau de fosqueamento desejado. Em seguida, o produto pode ser removido com um pano umedecido, esponja molhada ou até um banho de água – após isso, a máscara pode ser retirada. E pronto: o vidro está marcado”, comenta Bianchini.
De olho na IA
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) publicou a pesquisa Utilização de IA na Indústria. O objetivo da iniciativa foi levantar e descobrir como as empresas estão integrando o uso de Inteligência Artificial (IA) às suas operações, bem como os principais benefícios e desafios nesse segmento.
O que é IA?
De acordo com os dados levantados, 65% das empresas ainda têm um conhecimento limitado sobre IA, mas 78,8% delas demonstram grande interesse em aprender mais sobre o tema – o que demonstra que as companhias estão cientes da importância do tema para um futuro breve.
Boas expectativas
O estudo também aponta que 67,7% dos entrevistados acreditam que a IA terá um impacto significativo em seus negócios; atualmente, pouco mais de 20% já testaram ou utilizaram IA, enquanto 60,1% planejam adotá-la nos próximos meses, principalmente nas áreas de vendas, tecnologia da informação (TI) e compras.
O estudo
A pesquisa foi conduzida entre 17 de junho e 5 de julho de 2024 com 304 empresas paulistas de diferentes setores.
Foto: VRVIRUS/stock.adobe.com
FIQUE POR DENTRO
Como funcionará programa do governo para digitalização das empresas
A modalidade Transformação Digital do programa Brasil Mais Produtivo tem como plano digitalizar 25% das empresas brasileiras até 2026 e 50% até 2033, utilizando tecnologias como Big Data e IA. A ideia do governo federal é impactar 93 mil empresas que serão atendidas presencialmente por consultores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além de outras duzentas mil que terão acesso aos serviços oferecidos pelos parceiros na Plataforma de Produtividade. A iniciativa inclui o diagnóstico de problemas, projetos personalizados para aumentar a eficiência e acesso a crédito facilitado por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de outras instituições parceiras.
Foto: reprodução
RETROVISOR
Cinco décadas de credibilidade
Em outubro de 2007, a revista O Vidroplano completava cinquenta anos de existência. A principal publicação do setor vidreiro brasileiro nasceu de um informativo editado pelo Sincavidro-RJ, tendo passado às mãos da Abravidro pouco tempo depois da fundação da associação.
No começo de outubro, o VidroCast – podcast da Abravidro – recebeu Isidoro Lopes, presidente da AGC no Brasil, e Marcelo Botrel, anunciado em agosto como novo gerente-executivo Comercial e de Marketing da divisão de Vidros Arquitetônicos para a América do Sul. Os dois executivos conversaram com Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano: o bate-papo abordou do retorno de Botrel ao setor vidreiro e os objetivos da empresa no Brasil, até um balanço dos resultados em 2024 e as perspectivas para o Simpovidro. A seguir, confira alguns destaques da entrevista.
Botrel, antes de tudo, bem-vindo de volta! Você já atuou no setor em outra usina de base e deixou o mercado em 2014. O que você tem observado de diferente nesse primeiro mês de atividades, após dez anos? Marcelo Botrel – Ainda é muito cedo para falar, mas para mim foi muito bom, pois estou revendo muitos amigos de longa data, com várias empresas que evoluíram muito. Isso é ótimo porque significa que elas se organizaram e cresceram.
Na nota em que a AGC anunciou a vinda do Botrel, vocês informaram que dois dos principais objetivos da empresa são contribuir para o fortalecimento da marca e colaborar com o planejamento estratégico da AGC aqui na região. Como esperam obter sucesso nesse desafio? Isidoro Lopes – Obviamente, ao trazer um executivo do nível do Marcelo, com a experiência que ele tem, nós queremos não só vender vidro: queremos parcerias duradouras com os nossos clientes, buscar modelos de negócios e parceiros para outras atividades e ajudar os clientes no desenvolvimento dos seus negócios, para que seja uma relação de ganhos para todos os parceiros que estão com a AGC.
Vocês dois conhecem bastante o nosso setor e a cadeia de processamento. Estreitar o relacionamento com esse público é um desafio para a AGC? MB – Sim, é um desafio. Se você me uma pequena observação que eu faço desses últimos tempos em que fiquei fora do setor, essa relação era mais cultivada no passado. Então, acho que é uma oportunidade; o relacionamento com a cadeia de processamento sempre é um componente importante nessa indústria. Não significa que esse distanciamento tenha acontecido por parte de todas as indústrias: vejo que na AGC, por exemplo, há um cuidado muito grande na relação com esses clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento.
“Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil” (Isidoro Lopes)
Isidoro, numa conversa recente, você comentou um movimento que foi feito pela AGC na Europa, o “from volume to value” (do volume para o valor). O Brasil tem condições de fazer esse movimento também, considerando as adversidades que o nosso mercado vem enfrentando com a entrada de grandes volumes de vidro importado no País? IL – Acho que toda a cadeia do vidro no Brasil busca isso. Obviamente, o Brasil ainda busca volume; todos ainda têm uma necessidade de volume para manter o negócio competitivo. Mas você pode observar que produtos de valor agregado estão sendo lançados a todo momento, como vidros refletivos, laminados de temperados, serigrafados… É uma tendência natural do segmento buscar mais valor agregado. Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda dá para trabalhar muito em termos de volume; há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil, e a gente também pode agregar valor a esse volume – dá para fazer os dois: “volume and value”.
Vocês lançaram recentemente o vidro de controle solar Sunlux Champanhe. Como o mercado recebeu essa novidade? MB – O mercado recebeu muito bem: já temos vários clientes interessados e recebemos vários pedidos. Esse é um produto com foco tanto para a construção civil como para a indústria moveleira; é muito versátil, muito bonito e tem um bom nível de controle térmico – só traz vantagens.
Já estamos fechando o terceiro trimestre e entrando na reta final do ano. Qual o balanço que a AGC faz da performance do setor em 2024? IL – De forma resumida, devemos fechar este ano um pouco acima de 2023 – algo em torno de 3%. Nós esperávamos um cenário um pouco pior, mais nebuloso; estamos vendo uma inflação mais controlada, o PIB já chegando perto dos 3%, o índice de confiança da construção civil vem subindo… estamos mais otimistas. E, para 2025, esperamos mais um pequeno crescimento.
“Vejo que, na AGC, há um cuidado muito grande na relação com os clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento” (Marcelo Botrel)
Quais são as grandes diferenças em termos de demanda por produto no Brasil, na comparação com outros países? IL – O mix de vidro incolor na Europa, por exemplo, é muito baixo, acho que menor que 5%; há um grande uso lá de vidros insulados e refletivos, entre outros – ou seja, esses produtos que, no Brasil, são chamados de especiais, para eles já são uma demanda normal.
Quais vocês acham que seriam os caminhos para a gente conseguir desenvolver o mercado brasileiro nos níveis da Europa e dos Estados Unidos? MB – Acho que esse desenvolvimento passa pelo investimento em tecnologia – mas, para investir mais do que já está sendo feito, é preciso tornar sua empresa rentável. Todo mundo tem que estar ganhando: o cliente também, o processador também; se a indústria caminhar nesse sentido, pode-se buscar mais tecnologia, mais equipamentos, mais profissionais. As parcerias com as associações são fundamentais para transmitir o conhecimento para esse desenvolvimento. E é preciso que o País dê as condições para que a população tenha mais acesso à informação e a recursos financeiros, para que ela possa então buscar e consumir produtos de qualidade mais alta.
Por último, quais são as suas expectativas para o Simpovidro? MB – Eu estou ansioso para reencontrar muita gente; a AGC estará em peso lá com a nossa equipe comercial. É um encontro que promove a integração. Quando você conecta o fabricante, o cliente final e até o vidraceiro, isso é muito bom para a cadeia do vidro: todos devem estar na mesma página, e o Simpovidro é um ambiente propício para isso.
IL – A AGC enxerga o Simpovidro como uma união do segmento; é uma ocasião extremamente importante para manter essa ligação entre os vários elos da nossa cadeia e para discutir temas importantes para o setor vidreiro como um todo, com o adicional de ser um ambiente mais descontraído, com todos se conhecendo também como pessoas, não só como profissionais.
Com o lema “No Coração do Vidro”, a próxima edição da Vitrum foi anunciada oficialmente no dia 17 de setembro pela Associação Italiana de Fornecedores de Máquinas, Acessórios e Produtos Especiais para o Processamento de Vidro (Gimav): o evento será realizado de 16 a 19 de setembro de 2025 no complexo Fiera Milano, na comuna italiana de Rho. A feira, uma das mais tradicionais da Europa para o nosso setor, será marcada por novidades no seu layout e conteúdo: a Vitrum pretende abranger toda a cadeia de abastecimento do vidro, bem como o papel essencial das tecnologias. Em novo formato, o evento pretende ser não apenas uma vitrine tecnológica, mas também um hub de negócios, onde cada empresa terá a oportunidade de expandir sua rede e fortalecer a identidade de marca.
O setor vidreiro tinha expectativas de que o segundo semestre do ano trouxesse maior dinamismo às vendas do nosso material e um resultado melhor para a cadeia, mas o que estamos vendo até agora não passa de mais do mesmo: recuperação no preço da matéria-prima, corrida de processadores e distribuidores para reforçar seus estoques antes da virada das tabelas (para a manutenção do preço antigo pelo maior prazo possível) e a consequente dificuldade no repasse dos reajustes, por parte da cadeia de processamento, aos clientes.
Isso sem falar que o repasse, quando acontece, leva em conta apenas os percentuais de aumento da matéria-prima, não incluindo outras despesas relevantes na formação do preço de nossos produtos, como já pontuado aqui anteriormente. Não à toa temos visto queda no faturamento da indústria de transformação de vidros processados não automotivos, como mostrou o Panorama Abravidro para os anos de 2022 e 2023.
Também na categoria repeteco está o grande volume de importados. Embora nos últimos meses tenha diminuído o ritmo de entrada do float, os processados seguem crescendo e deixando todos nós preocupados. A ociosidade já registra índices alarmantes na cadeia de processamento, que conta com cerca de 570 fornos de têmpera em um mercado que, em seu melhor momento, chegou a 66 milhões de m² – e, em 2023, não alcançou 55 milhões de m². O cenário com grandes importações de processados só vai deteriorar ainda mais o mercado.
A saúde da cadeia de processamento, já abalada por anos de resultados fracos, concorrência acirrada e informalidade crescente, vai ficando cada dia mais fragilizada. A importância da governança financeira estará em pauta no Simpovidro, assim como outros assuntos importantes para o dia a dia de nossas empresas. Nosso evento, ponto de encontro de toda a cadeia vidreira, está chegando e, mais uma vez, vamos trazer temas relevantes para a reflexão dos tomadores de decisão das empresas. Assim seguimos contribuindo para o desenvolvimento do setor de vidros planos no Brasil, uma das principais missões da Abravidro.
Em abril do ano passado nesta seção, falamos sobre como o vidro estava entrando no ramo de semicondutores para chips. Feitos de placas de circuito impresso e interposições de silício, os semicondutores conduzem correntes elétricas e são fundamentais para o funcionamento dos chips, itens presentes em qualquer aparelho eletrônico.
A Schott já tinha desenvolvido um vidro ultrafino para a produção desses produtos. E, agora, em agosto, a empresa abriu uma divisão especializada voltada para a cadeia de semicondutores. “A equipe estabeleceu uma troca próxima com líderes da indústria que buscavam avanços na ciência dos materiais. Juntos, pretendemos alimentar o futuro dos semicondutores com vidros especiais”, comenta Christian Leirer, líder da divisão.
De acordo com estudos, uma placa de circuito feita de vidro pode melhorar o desempenho e reduzir a latência do sinal dos chips, diminuindo ainda a carga térmica da embalagem, o que oferece maior confiabilidade na transmissão de informações.
A programação de palestras do 16º Simpovidro está fechada – e repleta de conteúdo útil para sua empresa! Este ano, importantes nomes vão trazer ideias para ajudar as companhias vidreiras em temas relevantes do dia a dia: de gestão estratégica e de riscos a empreendedorismo e governança, passando por política, economia, ambiente digital e muito mais. Já se inscreveu no evento? O Simpovidro será realizado de 31 de outubro a 3 de novembro, no resort Vila Galé Alagoas. A seguir, conheça os palestrantes e os temas a serem abordados por eles.
Foto: Miriam Marostica
Dra. Érica Belon
Doutora em administração, mestre em educação e pós-graduada em neurociência e comportamento, com MBA internacional em gestão empresarial, conta com mais de trinta anos de experiência atuando diretamente na gestão de times, elaboração e execução de projetos e tomada de decisões. Durante todo esse tempo treinou mais de 80 mil profissionais, implementando o método de gestão estratégica de pessoas em diversas empresas, de variados segmentos, por meio de consultorias. No 16º Simpovidro, falará sobre Lucro e liberdade: como sair do operacional e saltar para o estratégico.
Foto: Divulgação
Flávio Málaga
PhD e mestre em finanças, com MBA pela Boston University em microeconomics, é sócio-fundador da assessoria Malaga|AAS, especializada em finanças corporativas, contabilidade, projetos de fusões e aquisições e governança financeira. Atua também como professor de Finanças Corporativas e de Contabilidade do MBA Finanças do Insper. É também escritor, tendo publicado os livros Retorno de ações e Análise de demonstrativos financeiros e da performance empresarial, e já foi entrevistado no VidroCast, o podcast da Abravidro. No 16º Simpovidro, falará sobre Governança financeira nas empresas vidreiras.
Foto: Divulgação
Isabelle Randon Membro da terceira geração do Grupo Randon, empresa de soluções em transportes, e sócia-fundadora da IR Family & Business, se envolveu com governança familiar desde cedo, participando ativamente da implementação de diversas iniciativas, como a academia de acionistas. Atua ainda na Family Business Network (FBN), uma instituição internacional que promove e fortalece o papel da família empresária em mais de 56 países. No 16º Simpovidro, falará sobre Como garantir a longevidade da sua empresa.
Foto: Divulgação
Creomar de Souza
Historiador, mestre em relações internacionais e doutorando em política comparada pela Universidade de Brasília, é fundador da Dharma Political Risk and Strategy, hub de inteligência e estratégia em assuntos públicos e prevenção de risco. Com atuação no setor de análise de cenário político para entidades privadas e organizações internacionais, atuou em 2019 como coordenador da Frente Parlamentar Mista de Economia e Cidadania Digital, via construção do Instituto Cidadania Digital. No 16º Simpovidro, falará sobre Panorama político: desafios e possibilidades.
Foto: Marcelo Freire
Ana Maria Castelo
Mestre em economia, é coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE desde 2010. Na instituição, comanda e desenvolve estudos e análises setoriais. Responsável pela divulgação de dois estudos muito importantes para o setor da construção – o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) e a Sondagem da Construção. No 16º Simpovidro, falará sobre Perspectivas econômicas para 2025.
Foto: Leo Martins
Pedro Doria
Jornalista, escritor e palestrante, é colunista da rádio CBN e do jornal O Globo. Responsável pela direção de algumas das principais redações do País ao longo dos anos, é o fundador da startup de jornalismo Meio. Tendo estudado em Stanford, na universidade instalada no Vale do Silício, polo tecnológico dos Estados Unidos, acompanha as transformações impostas pelo digital há três décadas. Já escreveu bestsellers sobre a história do Brasil. No 16º Simpovidro, falará sobre o tema A Inteligência Artificial muda tudo.
Como se vê na capa desta edição de O Vidroplano, a programação de palestras do principal encontro vidreiro da América Latina enfim foi revelada. Para o 16º Simpovidro, convidamos especialistas de diversas áreas para levar ideias relevantes ao dia a dia de nossas empresas. Em um mercado concorrido como o vidreiro, estar bem preparado para os desafios que surgem é fundamental – e os temas das palestras vão ao encontro dessa necessidade. Clique aqui e confira a lista completa dos conferencistas que participarão do simpósio, de 31 de outubro a 3 de novembro, no Vila Galé Alagoas.
Temos também outros destaques na revista, como uma reportagem especial sobre um tema do qual ouviremos muito daqui pra frente, inclusive no Simpovidro: Inteligência Artificial, a famosa IA. De que forma ela poderá impactar o setor vidreiro? Conversamos com usinas e fabricantes de maquinários para processamento para entender o salto que a tecnologia vidreira pode dar com esse conceito cada vez mais integrado à vida de cada um de nós.
Na seção “Para sua vidraçaria”, saiba como realizar a manutenção de diversos sistemas envidraçados, incluindo envidraçamento de sacada, guarda-corpos e boxes de banheiro, além de portas e fachadas de vidro. Cada tipo de instalação conta com particularidades especiais para preservar a qualidade e segurança.
Leia também uma entrevista imperdível com Flávio Málaga, PhD e mestre em finanças (e que será um dos palestrantes do Simpovidro), e com Victor Villas Casaca, presidente do Sinbevidros-SP, sobre temas importantes como rentabilidade, fluxo de caixa, política de preços e gestão financeira – e confira o papo na íntegra em nosso podcast, o VidroCast.
Faz uns bons anos que o termo Inteligência Artificial (também conhecido pela sigla IA) vem ganhando espaço nas discussões do dia a dia. De um lado, existe a esperança de que ela permita um salto jamais visto na evolução humana; por outro, há o receio de a tecnologia invadir aspectos básicos da vida de cada um de nós, mudando-os para pior. Arte, medicina, comunicação, indústria: todos os segmentos terão de lidar com esse assunto mais cedo ou mais tarde – incluindo o setor vidreiro.
Pensando nisso, O Vidroplano decidiu conversar com players da cadeia, incluindo usinas e fabricantes de maquinários e softwares, para entender de que forma a IA pode impactar os negócios vidreiros. A fabricação de vidro ficará mais simples? Serão criadas novas tecnologias para o uso de nossa indústria? Empregos no segmento podem ser extintos como resultado disso? Confira a seguir respostas para essas e outras perguntas.
Máquinas que pensam
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Inteligência Artificial é a tentativa de reproduzir, em máquinas, o processo de pensamento humano. Para isso, são criados algoritmos que simulam o nosso raciocínio – e esses algoritmos, uma vez introduzidos em sistemas ou equipamentos, vão ajudá-los a trabalhar de modo mais independente. O resultado é a automatização de tomadas de decisões complexas, como avaliação de crises e prevenção de riscos, tornando a análise de dados mais rápida e precisa.
“Isso permite que as pessoas dediquem mais tempo ao pensamento criativo, o que vejo como uma das grandes oportunidades para o ser humano exercitar o melhor de suas qualidades”, comenta Renato Grau, CEO da consultoria de tecnologia Innovision, em artigo publicado pela Revista Indústria Brasileira. “A robótica, por sua vez, está se tornando mais autônoma e integrada às equipes humano-robôs, levantando preocupações naturais sobre a substituição de empregos. É necessário equilíbrio na integração, garantindo confiança e adaptabilidade na atribuição de poder.”
A indústria nacional aposta nesse poder transformador da IA: a Petrobras, por exemplo, desenvolveu sistemas de análise para prever falhas na exploração de petróleo e gás; já a Embraer utiliza plataformas de simulação para validar projetos de aeronaves. Mas isso pode ser visto também em pequenos negócios: sabe aquele chat automático de atendimento ao consumidor com quem você precisa falar antes de conversar com um humano? Aquilo também é IA – claro, uma forma simplificada dela. Isso mostra como o conceito está mais presente na vida de cada um de nós do que nos damos conta.
Qual o papel da IA nas empresas?
Segundo o Sebrae, a IA atua em três frentes nas empresas:
Redução de custos: é possível acelerar algumas etapas e diminuir a incidência de erros, minimizando as chances de prejuízos;
Otimização da produção: fundamental para a obtenção de maior retorno financeiro e para a criação de uma cultura organizacional sólida;
Prevenção de riscos: é possível identificar potenciais problemas e agir de maneira preventiva, antes que gerem complicações na produtividade e no desempenho organizacional.
E vale ter atenção especial às pequenas e microempresas na implementação dessas tecnologias: elas são mais vulneráveis em relação ao uso de IA, principalmente nos quesitos relacionados ao acesso a informações de segurança. Esse é o alerta de Fernando de Rizzo, CEO da metalúrgica Fundição Tupy, em texto publicado no documento Inteligência Artificial e a Indústria, do Grupo Mobilização Empresarial pela Inovação, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Diz ele: “A aplicação da IA requer uma robusta base operacional para seu desempenho seguro, não ocorrendo apenas isoladamente, mas em um contexto de conjunto de fatores tecnológicos e estruturais”.
Para Rizzo, o correto uso da tecnologia tem como base a inclusão digital, responsável por capacitar as pessoas no emprego dessas ferramentas; a segurança cibernética, em relação à proteção contra ameaças à privacidade e crimes cibernéticos; e a promoção de cooperação multilateral internacional, essencial para aprimorar a governança e a mitigação de riscos de crimes para além da fronteira do País. “Posto isso, pontua-se que se faz mandatório o reconhecimento e gestão dos riscos associados ao uso de IA, devendo contemplar pilares como ética, sustentabilidade, segurança, inclusão e diversidade”, escreveu.
As indústrias como um todo sentirão os impactos da IA: por isso mesmo, será necessário um equilíbrio na integração das novas tecnologias, garantindo a adaptação das pessoas a essa nova realidade (Foto: panuwat/stock.adobe.com)
A IA já é uma realidade no setor?
A presença da tecnologia em nosso segmento ainda é pequena, mas começa a tomar forma. “O uso de IA na fabricação de vidros está em um estágio inicial, muitas vezes limitado a provas de conceito. Grande parte das empresas está em fase de experimentação, buscando compreender como pode gerar retornos”, revela o presidente da Vivix, Henrique Lisboa. “No entanto, nos últimos dois anos, tanto no Brasil como internacionalmente, foram divulgadas aplicações práticas e casos de uso. Participamos de diversos eventos internacionais, como a Hannover Messe, na Alemanha, e Siemens Realize Live, em Las Vegas, e podemos dizer que, globalmente, o cenário é semelhante.”
Para o gerente de Marketing e Produto para América do Sul da AGC, Thiago Malvezzi, o uso da Inteligência Artificial em nosso mercado, ao menos no Brasil, ainda levará alguns anos para ser adotado em larga escala. “Desde o ano passado, a AGC promove um fórum global de novas tecnologias com foco em IA. Esse evento reúne colaboradores de diversas partes do mundo para apresentar projetos e explorar possibilidades. Embora seja amplamente reconhecido em nosso mercado vidreiro que o conhecimento é crucial, ainda precisamos dedicar mais atenção a isso”, reflete.
“A IA está começando a tecer seus padrões intrincados no tecido dessa indústria. A verdadeira transformação, porém, provavelmente se desenrolará na próxima década”, analisa Moreno Magon, CEO da MM4Glass e diretor de Vendas, além de cofundador, da Latamglass. “A convergência da IA com outras tecnologias emergentes, como Internet of Things (IoT) e robótica avançada, acelerará ainda mais essa transformação. Então, fique de olho no horizonte: o mercado de máquinas de processamento, por exemplo, está à beira de uma evolução emocionante, que remodelará a indústria de maneiras que estamos apenas começando a imaginar.”
Como será essa revolução
A IA pode ser aplicada em várias etapas, desde a automação de processos de produção até a análise de dados de mercado e previsão de demanda. De acordo com as fontes consultadas por O Vidroplano, entre os principais pontos que essa tecnologia irá melhorar estão:
Monitoramento da qualidade: detectará imperfeições em tempo real, prevenindo falhas e aumentando a produtividade, o que resultará em uma produção mais eficiente, com menor custo e maior qualidade final;
Manutenção dos equipamentos: será possível prever com mais precisão os ciclos de manutenção das máquinas, evitando paradas inesperadas e otimizando a produção;
Utilização aprimorada dos equipamentos: ajudará a aumentar a eficiência energética, reduzindo, como consequência, a emissão de CO2. Contribuirá também para uma rápida identificação de incidentes na linha de produção, fazendo correções imediatas;
Personalização da experiência do cliente: será possível oferecer soluções sob medida e antecipar necessidades com base em dados históricos de compra e comportamento.
Para Ron Crowl, gerente da empresa norte-americana Cyncly e diretor da National Glass Association (a associação das empresas vidreiras dos Estados Unidos), a IA também atuará no gerenciamento de estoque, uma atividade crítica para qualquer companhia do segmento. “Ao automatizar ordens de compra, o sistema garante que os níveis de estoque sejam mantidos de forma eficiente, sem a necessidade de intervenção manual. Essa funcionalidade pode ser projetada para analisar níveis de estoque, prever requisitos futuros com base em padrões e fazer pedidos automaticamente para repor o nível de produtos, garantindo que a cadeia de suprimentos seja ininterrupta e responsiva às flutuações de demanda”, escreveu Crowl em artigo na revista Glass Magazine.
Por conta do tamanho de suas operações, as usinas serão o elo que mais apostará na pesquisa por soluções com IA (Foto: Vasily Smirnov/stock.adobe.com)
A presença da IA hoje nas empresas
Por conta do tamanho de suas operações, as usinas são o elo que mais investe na pesquisa por soluções com Inteligência Artificial. A AGC desenvolveu uma tecnologia baseada no ChatGPT. Disponibilizada gratuitamente para todos os colaboradores, ela possibilita aos funcionários receber respostas com base nos dados internos da ferramenta – por exemplo, na área de vendas, ela permite conhecer o desenvolvimento de serviços e produtos e ajuda a alcançar os clientes com agilidade. “Além disso, a empresa incentiva o uso desse poderoso recurso nas atividades diárias, para que todos possam se familiarizar com a tecnologia e adaptar suas tarefas aos benefícios que ela proporciona”, afirma Thiago Malvezzi.
A Cebrace está estudando como aplicar a tecnologia a seus processos. “Estamos de olho nesses avanços e enxergamos a importância da adoção da IA, a qual ainda exige estudos e acompanhamento para uma implementação mais segura, robusta, e padronizada”, revela a gerente de Marketing, Inovação & Sustentabilidade, Monica Caparroz. “A partir da análise desses impactos, se tudo apontar que é possível avançar ou acelerar a inovação, com certeza ela será implementada, seja em processos de comunicação e colaboração ou em processo produtivo.”
A Guardian também está focada em entender tais conceitos – os existentes e os que surgirão num futuro breve. “Somos desafiados a abraçar mudanças de forma lucrativa, além de sermos incentivados a buscar oportunidades para adquirir conhecimento e implementar casos de uso que gerem valor à medida que os encontramos”, analisa o gerente de Marketing Arthur Lacerda. Segundo ele, a equipe da Guardian está desenvolvendo uma ferramenta de IA generativa que ajudará os clientes a navegar pelos aspectos técnicos do vidro.
A Vivix utiliza sistemas de IA tanto na área fabril como no suporte à área comercial. “Vale citar o uso no controle avançado do forno, que visa a aumentar a estabilidade do processo produtivo e melhorar a eficiência energética, e o Engenheiro Virtual da Vivix, que ajuda a reduzir a curva de aprendizado e apoia nossas equipes de produção e qualidade na tomada de decisões mais assertivas, integrando melhor os dados industriais e de negócios”, explica Henrique Lisboa. Esses projetos foram desenvolvidos em parceria com empresas como Amazon, Deloitte e UPE.
É possível dizer que o segmento de softwares para o setor vidreiro está avançado nesse quesito, pois os próprios sistemas contêm Inteligência Artificial. “Hoje contamos com a IA em diversas áreas em nossas soluções”, aponta Priscila Kimmel, gerente-comercial da SystemGlass. “Está em tudo que possa ser integrado automaticamente, criando assertividade e reduzindo mão de obra operacional para nossos clientes.” Isso inclui automações inteligentes na parte administrativa dos softwares; ecossistemas para autonomia comercial no e-commerce WebGlass; e outras automações para a integração das linhas de produção, deixando os processos das beneficiadoras sem nenhuma intervenção humana.
O que mudará no processamento de vidros?
Os diversos elos fabris do setor podem ganhar mais produtividade e eficiência com a IA. E em relação às etapas do beneficiamento, a que mais deverá passar por um processo de revolução será a têmpera. “Em essência, a IA é como um maestro, orquestrando os vários elementos do processo para criar uma sinfonia de eficiência, qualidade e inovação”, aponta Magon, da MM4Glass e Latamglass. Para ele, a IA mudará o gerenciamento desse trabalho em diversos pontos:
Otimização do fluxo de trabalho: “Algoritmos podem analisar dados de produção para identificar gargalos e ineficiências, de forma a agilizar as operações, alocar recursos de forma mais eficaz e minimizar os tempos de inatividade”;
Controle e garantia de qualidade: “Os sistemas de visão computacional orientados por IA podem inspecionar continuamente os vidros em busca de defeitos com precisão incomparável. Além disso, será possível analisar padrões de defeitos para identificar as causas básicas e implementar ações corretivas”;
Gestão de energia: “Ao analisar os padrões de uso de energia e identificar oportunidades de redução, a tecnologia ajuda os gerentes de produção a implementar práticas energeticamente eficientes, levando à economia de custos e a uma pegada ambiental menor”;
Treinamento e desenvolvimento de funcionários: “Os programas de treinamento orientados por IA podem personalizar as experiências de aprendizado dos funcionários, identificando lacunas de habilidades e fornecendo módulos de ensino direcionados”.
Foto: grigoryepremyan/stock.adobe.com
De olho nos perigos
Como toda a tecnologia, a Inteligência Artificial também desperta receios: profissionais humanos deixarão de ser necessários para certas tarefas? O desemprego, como consequência disso, pode aumentar? O que fazer quando, de fato, nossas empresas estiverem atuando com esses sistemas? “Com investimentos em requalificação e treinamento, podemos minimizar esses efeitos e garantir que a IA complemente e potencialize o trabalho humano, em vez de simplesmente substituí-lo”, reflete Thiago Malvezzi, da AGC. “Para que isso ocorra de forma efetiva, é crucial que tanto as empresas como os governos apoiem e incentivem essa requalificação, proporcionando os recursos necessários para que a transição seja justa e inclusiva.”
Priscila Kimmel, da SystemGlass, acredita que o impacto será mais de complementação do trabalho humano do que de substituição. “A IA pode automatizar tarefas repetitivas e aumentar a precisão, mas a expertise, a criatividade e a capacidade de resolução de problemas dos profissionais continuarão sendo essenciais.”
A ideia é compartilhada por Henrique Lisboa, da Vivix. “A IA permite que os profissionais se concentrem em atividades mais estratégicas e de alto impacto, proporcionando o desenvolvimento das nossas pessoas. Ao investir no aprimoramento das competências dos colaboradores, garantimos que a força de trabalho esteja alinhada com as novas demandas do setor, aumentando a eficiência e agregando mais valor ao negócio”, aponta.
Portanto, se você ainda não pensava no assunto, fique ligado: a era da IA chegou.
Sempre que boxes de banheiro são abordados nas páginas de O Vidroplano, a importância da manutenção periódica é ressaltada, conforme orientado na própria norma desses produtos, a ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Mas eles não são os únicos sistemas para os quais esse serviço é indicado. Envidraçamentos de sacada, guarda-corpos, portas e até fachadas de vidro precisam ser frequentemente avaliados para identificar e corrigir eventuais falhas antes que elas levem a problemas mais sérios.
Fazer a manutenção de instalações envidraçadas é uma ótima forma de garantir a segurança dessas estruturas, expandir as atividades da sua vidraçaria, fidelizar seus clientes e fechar novos negócios com eles. Sua equipe já oferece esse serviço aos usuários finais desses produtos? Nas páginas a seguir, saiba o que deve ser observado nos principais tipos de sistema, a forma correta para a limpeza dos vidros e em que casos a troca do nosso material se faz necessária.
Casa imágenes/stock.adobe.com
Envidraçamento de sacada
A norma ABNT NBR 16259 – Sistemas de envidraçamento de sacada – Requisitos e métodos de ensaio recomenda que a limpeza e conservação do sistema, que é uma forma de manutenção preventiva, seja feita a cada doze meses em regiões urbanas e a cada seis meses em regiões litorâneas e industriais. Segundo Claudio Mansur, cofundador e diretor-comercial da Casa Mansur (no Brasil) e da Vista Libre (no Chile), essa checagem periódica do sistema é essencial para avaliação de aspectos como fixações, vedações e integridade das roldanas. “A integridade das vedações, por exemplo, só pode ser analisada quando chove. Por esse motivo, fazer uma inspeção visual é uma boa alternativa para observar se ela está bloqueando a entrada de água”, comenta o especialista em soluções envidraçadas.
Outras orientações de Mansur para a manutenção de envidraçamento de sacada são reforçar a fixação das roldanas nos leitos e nas folhas, já que toda a roldana é presa por pressão; e verificar a pressão do parafuso que segura as roldanas, para garantir o melhor desempenho e segurança de uso do sistema. E, seja logo após a instalação do envidraçamento, seja nas visitas periódicas, o vidraceiro deve testar a integridade dos perfis e dos trilhos, para averiguar se o deslizamento e o funcionamento estão ocorrendo dentro do esperado.
No que diz respeito ao nosso material, uma boa notícia: Paulo Correia, analista de Novos Negócios da AL Indústria, e Ladislau Pereira, responsável pelo Departamento Técnico da mesma empresa, apontam que a troca do vidro no envidraçamento de sacada somente é necessária quando ele apresentar lascas, pois isso pode levar à quebra da instalação. Mansur chama a atenção para a importância de seguir as orientações dos fornecedores do sistema instalado. “Como empresa, somos responsáveis por comunicar aos clientes a necessidade e a importância das manutenções. É algo essencial para o cliente e benéfico para a empresa.”
Foto: Cris Martins
Guarda-corpos
Bruno Cardoso e Guilherme Moraes – responsáveis, respectivamente, pelo Departamento de Arquitetura e pelo Departamento Técnico da WR Glass – salientam que a manutenção de guarda-corpos costuma ser basicamente preventiva, mantendo uma limpeza periódica dos vidros e demais peças e atentando-se a possíveis diferenças na resistência do sistema, como afrouxamento de fixação e sinais indicativos de corrosão, entre outras.
Segundo os representantes da WR Glass, a higienização periódica realizada durante a manutenção do guarda-corpos é de grande importância, principalmente em regiões urbanas. Isso porque as chuvas e a poluição podem levar ao acúmulo de camadas de detritos sobre as peças, o que pode provocar o desgaste delas. Da mesma forma, guarda-corpos instalados em regiões litorâneas demandam maior atenção e frequência desse processo, de forma a evitar risco de corrosão de componentes. Para todas as situações, é recomendável o uso apenas de água, pano úmido macio e detergente neutro (veja mais orientações para a limpeza de sistemas envidraçados no final desta reportagem).
Embora trate-se de um trabalho simples, Cardoso e Moraes ressaltam que, dependendo do local em que o guarda-corpos está instalado – como varandas de edifícios ou coberturas –, é recomendável que um profissional especializado avalie e valide de tempos em tempos a integridade do sistema. Há ainda casos em que os perfis podem precisar de manutenção: para isso, pode ser necessário soltar os vidros e retirá-los dos perfis, para que seja possível verificar o estado de seu perímetro interno e dos fixadores.
Foto: alexandre zveiger/stock.adobe.com
Boxe de banheiro
Conforme mencionado no início desta reportagem, a norma para boxes de banheiro, a ABNT NBR 14207, especifica que a revisão desse sistema deve ser realizada a cada doze meses por um profissional qualificado, a fim de verificar se ele apresenta algum problema ocorrido pelo desgaste ao longo do uso.
Para conscientizar tanto os vidraceiros como os usuários finais sobre a importância da manutenção preventiva dos boxes de banheiro, a Abravidro lançou, em 2016, o programa De Olho no Boxe. O conteúdo dessa iniciativa, elaborado junto com grandes especialistas nesse sistema, conta com uma página na Internet voltada especificamente para vidraçarias – ela inclui, entre outras informações, os pontos aos quais o profissional deve estar atento na hora da manutenção e como resolvê-los. Alguns deles são:
Presença de lascas em alguma das bordas do vidro;
Os vidros estão encostando um no outro, batendo em perfis, parafusos ou qualquer outro material rígido;
Porta movendo-se sozinha, raspando ou pesando na abertura ou no fechamento (no caso de boxes com porta de correr);
Contato direto do puxador da porta com a folha fixa de vidro (no caso de boxes com porta de correr);
Porta está raspando ou encostando no piso ou na parede (no caso de boxes com porta pivotante)
Vale destacar que a manutenção desse sistema não se resume a identificar e corrigir eventuais falhas. De acordo com a ABNT NBR 14207, sempre que o vidraceiro instalar um boxe para o cliente, deve também entregar a ele um manual de uso com orientações sobre o uso correto do produto e indicações de como agir em caso de problemas.
Foto: terex/stock.adobe.com
Portas de vidro
Para Marcos Antonio Ramos, diretor-comercial da Roll Door, é fundamental realizar manutenções preventivas regulares em portas para garantir a segurança dos usuários e a durabilidade dos sistemas de caixilhos e vidros, pois cada tipo de porta de vidro tem características e necessidades específicas, as quais influenciam a frequência e a manutenção necessária:
Portas deslizantes manuais: na sua manutenção, deve-se verificar regularmente os trilhos e as rodas para garantir que estejam limpos e lubrificados, evitando sobrecarregar as portas e deixando o trilho livre de obstruções – o ajuste das portas para um deslizamento suave também é importante;
Portas deslizantes automáticas: requerem inspeção mais frequente dos componentes eletrônicos e mecânicos; é crucial lubrificar os trilhos e verificar o sistema de sensores – esses últimos também devem ser mantidos sempre limpos –, permitindo que o sistema de energia esteja em boas condições;
Portas pivotantes com molas de piso: as molas e os mecanismos de fechamento precisam ser ajustados e lubrificados periodicamente; além disso, deve-se atentar ao alinhamento das portas, evitar forçá-las e garantir que as molas não estejam danificadas;
Portas pivotantes sem molas: o foco deve ser colocado na lubrificação das dobradiças (que devem ser mantidas sempre limpas) e no alinhamento das portas; o controle da estabilidade da estrutura também é essencial.
Paulo Correia e Ladislau Pereira, da AL Indústria, alertam que é primordial inspecionar o vidro instalado como porta, independentemente do tipo dela, para observar se há presença de lascas, trincas e avarias. Marcos Ramos, da Roll Door, acrescenta: “O profissional deve também conferir se há fissuras, descolamentos ou outros sinais de danos que possam comprometer a integridade do vidro; caso sejam encontradas quaisquer imperfeições significativas, a substituição dos vidros pode ser recomendada para evitar possíveis quebras no futuro e garantir a segurança – se você estiver enfrentando problemas com os vidros, é sempre indicado consultar um especialista para uma avaliação detalhada”.
Foto: Jack Tamrong/stock.adobe.com
Fachadas de vidro
Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas – especializada em trabalhos com vidros estruturais –, indica que o ideal no trabalho com fachadas é que o projeto já seja entregue para o proprietário da obra com um manual em que constem as orientações para as eventuais manutenções, as quais devem ser feitas por empresa especializada ou pela que entregou o empreendimento, já indicando os pontos de manutenção.
“Em geral, nas fachadas de vidro estrutural, as manutenções que podem e devem ser feitas são relacionadas à vedação dos vidros, pois elas podem ser danificadas ao longo do tempo em função de movimentação inadequada ou alguma carga excessiva ou não mensurada no projeto”, orienta Arruda. “Devem ser incluídos também aperto, reaperto ou realinhamento de ferragens de fixação dos vidros estruturais, as chamadas ‘spiders’ – em algumas obras, são utilizados cabos de aço, e eles também devem ser avaliados, verificando se continuam tensionados e trabalhando conforme o projeto especificado pelo fornecedor.”
Arruda acrescenta que a periodicidade para esse trabalho varia de acordo com as particularidades de cada projeto. Ele ainda frisa que o vidro em geral é o item mais duradouro nas fachadas estruturais: “Só é feita a troca dele em caso de quebra ou alguma situação de delaminação causada por falha de fabricação ou de instalação do material, mas essa troca não é um item de manutenção, e sim algo a ser feito apenas em caso de necessidade pontual.”
Foto: xartproduction/stock.adobe.com
Limpeza também faz parte da manutenção!
A beleza e a transparência são dois atributos marcantes do vidro – por isso, mantê-lo limpo é importante tanto para realçar a estética dos sistemas em que ele está aplicado, como para evitar o surgimento de danos permanentes como manchas ou riscos.
“A limpeza dos vidros deve ser realizada por um profissional especializado no final da obra ou da manutenção, depois que todos os prestadores de serviço finalizarem seus trabalhos, pois qualquer poeira de obra deixará o vidro embaçado”, orienta a empresária e palestrante Célia Miranda, especialista em limpeza pós-obra e criadora do Método Obra + Limpa, com mais de quatrocentos alunos.
Segundo Célia, o mais recomendado para esse trabalho é o uso de um kit de limpeza profissional, com lavadores de vidro (popularmente chamados de “carneirinhos”) e limpadores (“rodinhos”) próprios para o nosso material. Caso a vidraçaria não tenha esses itens, ela recomenda usar uma fibra branca e detergente neutro, passando em seguida um pano de microfibra bem torcido para remover os resíduos do detergente.
“O vidro deve ser limpo até as 10 horas da manhã, ou após às 16 horas, quando não há a incidência direta dos raios solares, pois o material aquecido pode se manchar com facilidade”, recomenda Célia. No caso de vidros com excesso de silicone, tinta, verniz, cola, etiqueta ou outros resíduos de obra, a limpeza deve ser realizada por um profissional especializado: “Não é recomendado utilizar espátulas ou raspadores diretamente na peça, nem mistura de produtos ou fibra verde, pois isso danifica o vidro”, alerta a especialista.
Em agosto, a NürnbergMesse Brasil (NMB) organizou uma visita técnica ao Distrito Anhembi, a nova casa da feira Glass South America a partir de 2026. O objetivo foi mostrar, em primeira mão, a representantes de empresas do setor vidreiro, como ficou o tradicional espaço de exposições paulistano após grande reforma realizada pela GL Events, multinacional francesa que administra o local. A Abravidro também marcou presença por meio da gerente de Atendimento, Rosana Silva; do gerente técnico, Sílvio Carvalho; e do coordenador-administrativo, Maurício Botelho.
Motivos para a mudança
De acordo com Alexandre Brown, head do setor de Construção da NMB, a mudança para o novo espaço trará diversos benefícios à Glass. “O Distrito Anhembi tem inúmeras qualidades que enxergamos como oportunas. Suas estruturas estão totalmente renovadas, incluindo um pavilhão com layout que permitirá à Glass e à E-squadria Show estar no mesmo hall, sem divisão; um sistema de ar-condicionado de última geração; uma praça de alimentação fixa, com restaurante para, aproximadamente, setecentas pessoas; e toda a facilidade de acesso, seja por carro ou transporte público”, destaca.
Localização privilegiada
Como afirma Brown, o acesso foi fundamental para a escolha do Distrito Anhembi: “Percebemos que um número considerável de profissionais vidreiros chega à Zona Norte de São Paulo com mais rapidez.”
De carro, é possível chegar por quatro vias diferentes – e o estacionamento conta com quase seis mil vagas;
Está próximo ao Aeroporto Campo de Marte, importante centro da aviação particular local, e a pouca distância dos dois principais aeroportos da cidade: Guarulhos (a 25 km, via Marginal Tietê) e Congonhas (a 15 km, via Corredor Norte-Sul);
Como se isso tudo não bastasse, a Rodoviária do Tietê, que conta com estação de metrô, fica a poucos minutos dali.
Maior hotel do Brasil
O Distrito Anhembi fica ainda literalmente ao lado do maior hotel do Brasil, o Holiday Inn Parque Anhembi. Com quase oitocentos apartamentos, quem se hospeda ali nem precisa pegar táxi ou outra forma de transporte: estará no pavilhão de exposições após andar poucos minutos.
Gigante: pavilhão de exposições tem mais de 67 mil m² e pé-direito com 10 m de altura
Vendo de perto
A visita incluiu acesso a três instalações chaves do empreendimento.
Praça central
A primeira delas foi a nova praça central, uma área de convivência com 3.800 m², mesclando espaços cobertos e a céu aberto, com food trucks e área para descanso;
Pavilhão de exposições
Na sequência, foi a vez de entrar no gigantesco pavilhão de exposições: são mais de 67 mil m², pé-direito com 10 m de altura e entradas exclusivas para até cinco eventos simultâneos. Para a Glass 2026, a NMB espera um aumento de 20% no espaço da feira na comparação com a edição deste ano;
– Centro de convenções
Tem capacidade para 20 mil pessoas simultaneamente. São três auditórios totalmente restaurados, mais de 12 mil m² de halls modulares e configuração para até 24 salas, incluindo um teatro.
Anote em sua agenda: a próxima Glass South America será no Distrito Anhembi, de 13 a 15 de maio de 2026.
A AGC anunciou a chegada de Marcelo Botrel à companhia: ele assume o cargo de gerente-executivo Comercial e de Marketing da divisão de Vidros Arquitetônicos para a América do Sul, tendo como um de seus principais objetivos contribuir para o fortalecimento da marca, além de colaborar com o planejamento estratégico da empresa na região. De 2004 a 2014, Botrel atuou como diretor de Vendas da Guardian; nos últimos anos, ele trabalhou na indústria de cimento. “Acreditamos que sua sólida trajetória executiva, aliada à sua reputação e confiança no mercado do vidro, será fundamental para engrandecer o nosso relacionamento com clientes e parceiros”, afirmou, em comunicado, Isidoro Lopes, presidente da usina.
O 2º Fórum de Sustentabilidade Cebrace foi realizado no dia 5 de setembro, em formato online. Mônica Caparroz, gerente de Marketing, Inovação & Sustentabilidade da Cebrace, falou no evento sobre os objetivos da empresa para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável (ODS) e as iniciativas que a empresa já desenvolve nesse sentido. O fórum foi mediado por Camila Batista, coordenadora de Desenvolvimento de Produto & Sustentabilidade da Usina, e contou com apresentações de Júlia Basso, coordenadora de Sustentabilidade Corporativa do Grupo RAC, que abordou a importância da sustentabilidade na construção civil tanto na esfera ambiental como na social; e da jornalista Giuliana Morrone, compartilhando sua experiência pessoal na área de ESG (meio ambiente, social e governança) – ela se especializou no tema durante a pandemia de Covid-19.