Às vezes posso parecer repetitiva, mas sempre é importante reforçar o principal papel de O Vidroplano: levar conteúdo relevante para a rotina das empresas de nosso setor. Este mês temos mais um exemplo disso.
Primeiro, uma boa notícia: a não inclusão do PVB na lista de produtos da extensão do direito antidumping definitivo aplicado às importações de vidros automotivos originárias da China, favorecendo a produção de laminados nacionais. A Abravidro trabalhou duro para conseguir essa vitória de nosso segmento – entenda a situação clicando aqui.
A matéria especial (clique aqui), como você deve ter visto na capa, trata de um assunto de interesse de qualquer processadora: como garantir mais eficácia em seus processos produtivos, diminuindo as perdas de matérias-primas. A padronização dos processos, seguindo parâmetros de qualidade, pode ser o fiel da balança para a empresa fechar o mês com lucro ou prejuízo.
Na seção “Para sua vidraçaria” (clique aqui), descubra de que forma as recentes mudanças realizadas na Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura alteraram esse tipo de serviço. Veja ainda um panorama sobre energia, insumo fundamental para o funcionamento do setor de vidros, principalmente quando pensamos nas usinas e beneficiadoras. O valor da eletricidade ficará mais caro ou barato este ano? Confira clicando aqui.
O Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) se reuniu no começo deste mês e decidiu pela extensão do direito antidumping definitivo para vidros automotivos chineses, aplicado por meio da Resolução Gecex nº 05/2017, e prorrogado por meio da Resolução Gecex nº 450/2023. A medida, vigente até 17 de fevereiro de 2028, será aplicada às importações brasileiras de vidros recurvados, biselados, gravados, brocados, esmaltados ou trabalhados de outro modo, classificados na NCM 7006.0000, originários ou procedentes da China, que venham a ser utilizados na fabricação de vidros de segurança laminados empregados no setor automotivo. A decisão consta na Resolução Gecex Nº 556, publicada no Diário Oficial da União, no dia 20 de fevereiro.
Histórico
A decisão encerra a revisão aberta em maio de 2023, realizada com o objetivo de apurar se houve circunvenção – ou seja, uma prática para frustrar a eficácia do antidumping em vigor desde 2017, e renovado em 2023, para os laminados automotivos. A princípio, a investigação incluiu, além dos vidros classificados na NCM 7006.0000, o PVB, insumo utilizado na fabricação desses produtos.
A Abravidro credenciou-se como parte interessada no processo, reunindo-se com a equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), e se manifestou também nos autos, apontando para os riscos da inclusão do PVB na eventual extensão do direito antidumping. Esse tipo de interlayer é o mais utilizado na fabricação de laminados de segurança – não apenas os automotivos, mas também os utilizados na arquitetura – e não é fabricado no Brasil. “A decisão se torna uma vitória para o setor vidreiro, pois a inclusão dos PVBs poderia interromper a trajetória de aumento da participação de mercado do vidro laminado”, explica o presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro.
Vidros voltados para o setor automotivo são afetados pela medida (Foto: romaset/stock.adobe.com)
Exclusão importante
Ao final da revisão, o Departamento de Defesa Comercial (Decom) concluiu que houve a prática de circunvenção nas importações de vidros e PVB de origem chinesa durante o período investigado. Mas, uma vez que não existe produção doméstica de PVB e, se a medida fosse ampliada, poderia haver grande prejuízo, tanto para a administração pública como para os importadores, o órgão acolheu os argumentos da Abravidro e o PVB foi excluído da decisão final sobre a extensão do antidumping.
Consequências para as empresas
A resolução estende o antidumping e aplica alíquotas que variam de 115,7% a 145% aos importadores dos produtos impactados pela medida. “De acordo com o previsto na legislação, importadores que não tenham feito importações durante o período investigado na revisão poderão solicitar sua exclusão da medida, se comprovarem certos requisitos”, explica Rabih Nasser, assessor jurídico da Abravidro.
Sem energia, nosso segmento simplesmente não tem como trabalhar: são inúmeros os processos, passando por usina, processador e vidraceiro, que necessitam desse insumo em grandes quantidades. Sabendo disso, O Vidroplano dá sequência à matéria especial de janeiro, sobre as expectativas de nossas empresas para 2024, e agora analisa o que esperar em relação aos valores do gás natural e da energia elétrica para o resto do ano e se podemos ter problemas referentes ao abastecimento.
Gás natural
Esse combustível, usado pelas usinas para aquecer os fornos, tem enorme influência na flutuação de preços do float. Segundo a Comerc Energia, empresa especializada em serviços de energia e soluções renováveis dentro desse segmento, o custo médio do gás natural no Brasil em 2024 será relativamente menor que o observado no ano passado. “Isso se deve ao início da vigência de novos contratos de suprimento energético para diversas distribuidoras no País, já sem o reflexo dos elevados preços de 2022, diversificando os portfólios após a entrada e crescimento da participação de outros supridores nesse mercado”, analisa Marcelo Ávila, vice-presidente de Soluções em Energia da companhia.
De fato, há várias movimentações nesse sentido. Em 1º de janeiro, por exemplo, entraram em vigor contratos assinados pela Petrobras com a Equinor Energy do Brasil, para que esta faça o escoamento de gás oriundo do campo de Roncador, na Bacia de Campos (RJ). Em artigo online da Epbr, agência de notícias focada em transição energética, João Carlos de Oliveira Mello, CEO da Thymos Energia, cita que a parceria deverá proporcionar uma capacidade diária adicional de 50 milhões de m³ de escoamento de gás nos próximos anos.
Foto: Photocreo Bednarek/stock.adobe.com
A crise do insumo na Europa, por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, levou ao impulsionamento de investimentos privados e governamentais no ano passado. “Nesse sentido, vimos muitas discussões sobre a ampliação da oferta de gás e a criação de políticas de precificação, em um esforço para garantir segurança energética, competitividade e melhores condições para a indústria nacional e o mercado como um todo”, comenta Ávila. Apesar disso, explica, o gás nacional ainda carece de mais regulamentações e atenção de modo geral, para que seja possível buscar a autossuficiência no assunto.
Uma solução para alinhar produção, demanda e abastecimento, “democratizando” o combustível, seria o avanço da criação de um mercado livre de gás, como já existe em relação à energia elétrica. “Esse tema pouco evoluiu ao longo dos últimos anos, e assim deve seguir em 2024”, avisa Ávila. “Acredito que, com diversas conversas a respeito do tema caminhando lentamente, o cenário deva seguir similar, com avanços pontuais por meio dessas iniciativas governamentais e privadas.”
Sobre o custo do gás ao longo do ano, não são esperadas grandes volatilidades, a não ser que se tenha alguma guinada nas relações do Brasil com os países de quem importa – ou mesmo mudanças globais em torno dos principais produtores.
Energia elétrica
A cadeia de transformação de vidro usa energia elétrica para as diferentes etapas de processamento. O problema é que as atuais questões climáticas, incluindo o aquecimento global e os maiores períodos de estiagem, fazem os valores do insumo aumentar – e muito. “Não termos controle sobre a variável chuva é sempre um ponto de pressão. Atualmente, os reservatórios estão com níveis maiores e, salvo alguma mudança brusca, não veremos impactos no mercado de energia para 2024. Porém, tivemos pouca chuva em dezembro e janeiro, e isso já impactou o setor em anos passados”, explica Marcelo Ávila.
Para 2024, existem previsões preocupantes, como a da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), que espera um aumento médio de 6,58% nos valores, com potencial para chegar a 10,41%. “Essas estimativas estão alinhadas com as nossas expectativas e projeções; porém, é importante considerar que temos ainda discussões a respeito da renovação de concessões das distribuidoras, e esse fato pode mudar o panorama”, afirma o profissional da Comerc.
Foto: Артур Ничипоренко/stock.adobe.com
E o mercado livre?
Grande parte das processadoras vidreiras está presente no mercado livre de energia, ambiente em que os clientes podem negociar as condições comerciais da energia elétrica a ser contratada diretamente com o fornecedor. Essa, portanto, é uma boa solução para sofrer menos com a volatilidade de preços, sendo possível experimentar economias maiores.
Desde janeiro, a Portaria 50/2022, do Ministério de Minas e Energia, ampliou o direito de escolher o fornecedor de energia elétrica para os chamados “consumidores do Grupo A”, composto por aqueles que são atendidos em média e até alta tensão, incluindo, por exemplo, pequenas e médias empresas. Isso abre margem para mais empresas de nosso segmento ingressarem nesse modelo, mas surgem também desafios aos envolvidos. “As comercializadoras deverão demonstrar agilidade para incorporar a função de varejista entre suas funções, em uma escala bastante ampliada. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), por sua vez, terá de lidar com uma pulverização do mercado, ampliando o desafio de administrar e garantir a segurança das operações”, opina João Mello, da Thymos Energia, em seu artigo para a Epbr.
Para Marcelo Ávila, o mercado livre de energia é uma oportunidade valiosa não apenas para as indústrias terem controle sobre os gastos com energia, mas ainda para promover confiabilidade e incentivar o crescimento de fontes de energia limpas. “É preciso ter cuidado na escolha do agente responsável por definir a estratégia de contratação para garantir um parceiro com expertise, que conduza uma transição suave e eficaz, proporcionando solidez às empresas”, alerta Mello.
A busca por outras matrizes de energia também é uma tendência a ser analisada pelas companhias de nosso setor. Com o boom da energia solar fotovoltaica, e até da eólica, a dinâmica de mercado passa por mudanças, aumentando a oferta ao consumidor e impulsionando as geradoras e fornecedoras a buscar atrativos para manter os clientes.
Várias operações realizadas pelas vidraçarias são feitas acima do nível do solo, como a instalação de envidraçamento de sacada ou de coberturas de vidro. Para garantir a segurança nesse tipo de atividade, os vidraceiros precisam conhecer e seguir a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35). Revisado em julho de 2023, o documento define os requisitos e as medidas de proteção durante o planejamento, organização e execução de trabalhos com diferenças de níveis.
Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta as principais mudanças trazidas com a revisão, além de apontar os equipamentos indispensáveis para o trabalho e soluções que podem facilitá-lo, bem como a importância de manter sua equipe sempre capacitada e atualizada.
Definição
Paulo Rogério Amorim de Matos, engenheiro de Segurança do Trabalho e instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP), explica que trabalho em altura é qualquer atividade realizada acima de 2 m do nível inferior – seja em relação ao solo ou a outra superfície de referência, como uma varanda localizada abaixo do local em que o serviço é feito – e onde haja risco de queda.
Jefferson Candeo, CEO da Guindaste Aranha, observa que a NR-35 não faz distinção entre os tipos de trabalho em altura, incluindo instalação ou manutenção de fachadas, marquises, beirais, claraboias, rooftops, coberturas ou pergolados. Jackson Santos, conhecido no mercado como professor Jack, acrescenta que o documento técnico também indica que os cuidados necessários independem da altura, considerando que os mesmos riscos estão presentes a 2 ou a 20 m, por exemplo.
Jack considera que, infelizmente, o mercado vidreiro ainda carece de profissionais devidamente habilitados em trabalho em altura – enquanto o mercado de trabalho nessa área, por sua vez, não dispõe de profissionais com expertise em instalação, manutenção e inspeção de vidro, com algumas ressalvas para as empresas de limpeza de fachada.
Cuidados necessários independem da altura: os mesmo riscos estão presentes seja a 2 m ou a 20 m do chão (Foto: FedotovAnatoly/stock.adobe.com)
O que mudou com a revisão
As principais mudanças feitas na norma regulamentadora dizem respeito às responsabilidades dos instaladores e ao processo de capacitação e emissão de certificação para a mão de obra, aponta Candeo, destacando que, de acordo com a NR-35, a organização – no caso, a vidraçaria – deve sempre avaliar o estado de saúde dos empregados que exercem atividades de trabalho em altura, de acordo com o estabelecido no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e no Programa de Gerenciamento de Risco (PGR).
As exigências determinadas na NR-35 para os empregadores — as duas últimas foram acrescentadas no novo texto de 2023 — são:
Garantir a implementação das medidas de prevenção estabelecidas na NR;
Assegurar a realização da Análise de Risco (AR) do trabalho a ser realizado e, quando aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho (PT);
Elaborar procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho em altura;
Assegurar a realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em altura pelo estudo, planejamento e implementação das ações e das medidas complementares de segurança aplicáveis;
Adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas de prevenção estabelecidas na NR pelas organizações prestadoras de serviços;
Garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois de adotadas as medidas de prevenção definidas na NR;
Assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível;
Estabelecer uma sistemática de autorização dos trabalhadores para trabalho em altura;
Disponibilizar, de forma facilmente acessível, as instruções de segurança contempladas na AR e PT, além de procedimentos operacionais, a todos os integrantes da equipe de trabalho;
Assegurar a organização e o arquivamento da documentação prevista na NR por um período mínimo de cinco anos.
Foto: Kadmy/stock.adobe.com
A importância da qualificação
A revisão da NR-35 também coloca em destaque os requisitos para a formação dos profissionais que realizam a atividade. De acordo com o documento, todo trabalho em altura só pode ser realizado por profissional que tenha sido submetido e aprovado no processo de capacitação, envolvendo treinamento, teórico e prático, inicial, periódico e eventual.
Paulo Matos, do Senai, observa que esse curso deve ser realizado a cada dois anos, com carga horária mínima de oito horas. Ao final do programa, o funcionário precisa ser aprovado na avaliação teórica e prática, além de apresentar aptidão clínica para desempenhar as atividades por meio de um exame de saúde ocupacional. O treinamento contempla:
Normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura;
AR e condições impeditivas;
Riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas de prevenção e controle;
Sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva;
EPIs para trabalho em altura: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso;
Acidentes típicos em trabalhos em altura;
Condutas em situações de emergência, incluindo noções básicas de técnicas de resgate e de primeiros socorros.
Vale destacar que, mesmo para as vidraçarias cujas equipes passaram por capacitação para trabalho em altura há menos de dois anos, é importante buscar refazê-la o quanto antes, a fim de atualizar os conhecimentos. “O curso ministrado pelo Senai já aborda as mudanças presentes na nova versão da NR-35”, informa Matos.
Apostando na diferenciação
O treinamento definido pela NR-35 é obrigatório para quem pretende realizar trabalhos em altura – mas os vidraceiros empenhados em se destacar nesse segmento podem complementar essa capacitação com outros cursos disponíveis.
Para um conhecimento mais completo e efetivo, é recomendável procurar por cursos que fomentam o trabalho em altura de uma forma mais profissional, capacitando os alunos ao acesso por corda, recomenda Jack. “Um órgão importante nessa chancela é a Industrial Rope Access Trade Association (Irata) [Associação Comercial de Acesso por Corda Industrial], que coloca no mercado internacional mão de obra qualificada para as indústrias que precisam atender requisitos internacionais de segurança, como Braskem, Klabin e Petrobras”, informa. “Esses profissionais são especialistas em trabalho em altura, exercendo qualquer função nessas condições que são especializados a trabalhar — pendurados em uma cadeirinha, fazendo instalações, reparos, inspeções, enfim, trabalhos que oferecem risco e poucas pessoas habilitadas para fazê-lo.”
Jack conta que, desde 2018, ministra um curso prático cujo conteúdo faz a junção das orientações da NR-35 com as das técnicas verticais da Irata, incluindo formas de içamento por meio de polias e cordas, sem uso de andaime. No treinamento, os alunos também são orientados a adquirir seus equipamentos técnicos junto a empresas especializadas, além de aprender sobre os cuidados especiais para atividades como envidraçamento de sacadas, instalação de coberturas e de fachadas spider.
EPIs: aliados indispensáveis no trabalho em altura
A seção “Para sua vidraçaria” sempre reforça a importância de os vidraceiros usarem equipamentos de proteção individual em suas atividades para evitar qualquer tipo de ferimento. No caso de operações em altura, que trazem risco de queda, o uso de EPIs se faz ainda mais necessário. Paulo Matos aponta quais são eles:
Cinturão de segurança tipo paraquedista;
Talabarte contra queda (dispositivo de conexão para sustentar ou limitar a posição do trabalhador);
Trava-quedas (equipamento conectado ao cinto de segurança para interromper uma eventual queda);
Capacete com jugular;
Óculos de segurança;
Luvas de segurança;
Calçados de segurança.
Não basta ter (e usar) esses EPIs: é necessário que todos eles tenham Certificado de Aprovação (CA) emitido por órgão competente (clique aqui para consultar o CA dos seus EPIs).
Guindastes tipo aranha: uso da solução para içar painéis a grandes alturas contribui para trabalho dos instaladores (Foto: Divulgação Guindaste Aranha)
Tecnologias para trabalhos em altura
O uso de maquinários também é imprescindível em diversas atividades em altura realizadas por vidraçarias – afinal, nenhum instalador vai carregar um painel jumbo nas costas, certo?
“Hoje, é possível notar no mercado a tendência do uso de vidros com dimensões e espessura cada vez maiores, com o desenvolvimento cada vez mais presente de fachadas unitizadas nas obras de grande porte. Com isso, não é mais possível mover os painéis manualmente, com vários homens carregando-os no canteiro de obras ou nas expedições das empresas de montagem de fachadas especiais”, afirma Jefferson Candeo.
A Norma Regulamentadora Nº 12 — Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos (NR-12), voltada para esses dispositivos, também passou por revisão para aprimorar as informações sobre os documentos regulatórios exigidos para a liberação do uso dos maquinários no canteiro de obras. “Ela agora exige alguns dispositivos de segurança, sensores e sistemas de controle de excesso de carga e orienta como deve ser feita a operação em desníveis, pisos irregulares ou sobre alturas e locais de difícil acesso, além de limitar as operações humanas em relação ao içamento via cabo de aço, cinta de nylon, cambão ou balancim para deslocamentos e projeções de carga sobre lanças hidráulicas”, explica o CEO da Guindaste Aranha.
Gruas, guindastes, elevadores elétricos e caminhões munck são algumas das soluções que podem ser encontradas no mercado, sejam para compra ou para locação. No caso da Guindaste Aranha, por exemplo, Candeo destaca a linha de guindastes tipo aranha elétricos ou movidos a gasolina, além das novas minigruas móveis que transportam o vidro em ventosas de forma autônoma por controle remoto – uma nova linha de máquinas, especialmente para uso em pequenas e médias vidraçarias, será apresentada no estande da empresa na Glass South America 2024.
Na maioria das vezes, processar nosso material é uma batalha para diminuir a perda de matéria-prima ao longo das etapas do beneficiamento. Quanto mais padronizados os processos, seguindo parâmetros de qualidade, menos desperdício – o que representa maior lucro no fim do mês.
Para mostrar possíveis soluções para a questão, O Vidroplano falou com players do setor e com um dos maiores especialistas em transformação de vidros do País. Confira nas páginas a seguir dicas preciosas para garantir maior eficácia para sua empresa.
Lição 1 — Conhecimento
O elemento mais importante na produção é o conhecimento: saber os parâmetros corretos de cada etapa permite maior controle da produção, resultando na redução dos custos operacionais e das quebras. “Tudo em vidraria é calculado, você não chuta. Como regular as máquinas? Por meio de cálculo”, explica Cláudio Lucio da Silva, instrutor técnico da Abravidro. “E você calcula em função do custo operacional de sua empresa. Então, não é receita de bolo, nem tentativa e erro: é técnica.”
Saber cada aspecto das tecnologias aplicadas na empresa dá mais poder à gerência da processadora para conduzir o negócio. “Conheço empresa que não precisa lixar o rolo do forno de têmpera há quatro anos. Ou seja, já aprendeu tudo isso e coloca o conhecimento em prática, com a chefia atuando todo dia para esse padrão de excelência se manter”, comenta Cláudio.
Para o instrutor da Abravidro, é importante que as processadoras consolidem seus parâmetros em um documento que descreva, passo a passo, os processos – assim, qualquer funcionário, mesmo um recém-contratado, poderá replicá-los. “Fazer um documento desse tipo, cujo nome oficial é Procedimento Operacional Padrão, garante a reprodutibilidade. E que seja algo com imagens, de consulta fácil e de aplicação simples. Aí você consegue monitorar isso dentro do sistema de gestão profissional, fazendo correções ao longo do tempo.”
Processo de corte e destaque, geralmente, gera pouca perda de matérias-primas. Por isso mesmo, é preciso ter atenção ao processo (Foto: kyrychukvitaliy/stock.adobe.com)
Lição 2 — Impacto na saúde financeira
“Hoje, sem dúvida alguma, o maior impacto no resultado da empresa está relacionado aos desperdícios dentro da área fabril”, opina Jones Hahn, fundador e CEO da Nex, empresa que atua no mercado de tecnologias inteligentes para processos fabris de nosso setor. Fica fácil visualizar isso: uma única peça de vidro que sofre quebra no forno de têmpera já gerou um custo operacional que dificilmente será recuperado, pois passou por todas as etapas, consumindo eletricidade, desperdiçando tempo de mão de obra etc. Imagine, então, isso multiplicado por várias ocorrências no dia a dia da produção.
Diminuir perdas significa não apenas parar de jogar dinheiro fora, mas, também, faturar mais. “No momento atual, muitas empresas brigam por participação no mercado. Porém, sem buscar desenvolver novos produtos, novas soluções. Consequentemente, o mercado se baliza por preço”, analisa Pedro Lucas Fornel, diretor da beneficiadora Casa Fornel. Com uma margem de lucro menor por conta dos desperdícios na fabricação, o processador acaba baixando seus preços – o que não resolve sua falta de eficiência como também prejudica o mercado como um todo.
Lição 3 — Os processos mais complexos
Todos os estágios do beneficiamento podem gerar perdas. Porém, existem alguns que normalmente mais carecem de conhecimento para evitar essa situação. São eles:
Lapidação
Furação/recorte
Têmpera
“No corte até se desperdiça vidro, mas não tanto. As etapas mais técnicas são as que geram mais quebras”, afirma Cláudio Lucio. Pedro Fornel aponta a têmpera como o momento mais delicado – e que, portanto, pode gerar reais prejuízos, “pois o maior percentual de energia elétrica da empresa é consumido pelo forno, onde se dá o encerramento da produção”.
No entanto, na maioria das vezes, a quebra na têmpera é ocasionada por um processo anterior malfeito. “A falta de acabamento nas bordas ou na furação são vilões, descobertos somente após entrarem no forno, ocasionando quebras”, explica Jones Hahn, da Nex. Ele aponta ainda que, em relação aos laminados, grande parte dos desperdícios pode ser ocasionada pela calandra ou prensagem antes da autoclave. “Já nos insulados, isso ocorre na dobra de perfis, aplicação de selante butyl e montagem do quadro.”
A “vilã” do desperdício: a têmpera é o momento mais delicado do beneficiamento. Porém, na maioria das vezes, a quebra no forno ocorre por um processo anterior malfeito (Foto: Aleksei/stock.adobe.com)
Lição 4 — Índice aceitável
Para o instrutor da Abravidro, o índice ideal de perda seria zero. Como somente um nível de excelência altíssimo poderia alcançar esse resultado, vale a máxima: quanto menos perdas, melhor. “Se você está atuando para reduzi-las, e está conseguindo, ótimo. Um dia você chegará ao nível de não mais medi-las em partes por cem (ppc), mas sim em partes por milhão (ppm)”, analisa. “O importante é identificar o que está errado e buscar soluções de forma contínua – e sempre reduzindo esse nível a cada período, mesmo que seja um pouquinho. Dessa forma, daqui a um tempo, você vai ver que entrou em um regime extremamente salutar para a empresa.”
Processadoras treinadas pelo instrutor nos módulos da Especialização Técnica Abravidro alcançam perdas de 0,11% a 0,17% na têmpera, enquanto a média está entre 1% e 3%, chegando a 5%, dependendo da empresa (veja mais sobre o treinamento no final desta reportagem).
Lição 5 — Como medir
A Casa Fornel gera relatórios por setor, para identificar os custos de cada tarefa. “Usamos como indicadores a produtividade/custo do m², o aproveitamento de fornada e o índice gerador de estorno e quebra”, afirma Pedro Fornel.
De acordo com a Nex, cada vez mais a automação ajudará no controle e na medição das perdas em processos industriais. “Com isso, os processadores poderão fugir da ação da mão humana, tendo uma resposta maior, com a possibilidade de monitorar a fábrica em tempo real, e isso de dentro da gestão. Hoje, sem dúvida alguma, esse é o melhor caminho para os processadores diminuírem o custo fabril, aumentando a rentabilidade e a fatia de mercado no segmento em que atua”, esclarece Jones Hahn.
Foto: Marcos Santos
O que fazer com as sucatas?
Qualquer peça de vidro imprópria para o processamento é considerada sucata. Elas podem ser:
Retalhos do processo de corte que não têm tamanho adequado para aproveitamento;
Quebras durante a lapidação, furação/recorte ou têmpera, sejam por defeitos de fabricação e manuseio errado ou beneficiamento malfeito;
Baixa qualidade da matéria-prima, que pode ser comprovada pela presença de bolhas na chapa, por exemplo.
Peças enviadas aos clientes, como vidraceiros, em desacordo com o pedido realizado, também podem gerar perda e sucata. Todos os cacos podem ser reciclados por empresas especializadas, fazendo, muitas vezes, com que esse material retorne à cadeia para algum processo de fusão.
Existe também outro elemento gerado durante a produção: pó de vidro, oriundo da lapidação e da furação/recorte. Por estar misturado à água, a empresa precisa ter uma central de tratamento. “Esse é um dos gargalos de logística reversa, pois ainda não existe um descarte regulamentado de pó”, afirma Pedro Fornel. “Por isso, mandamos para beneficiadoras desse material que fazem os descartes da melhor forma.”
Quer saber mais como evitar perdas? A Especialização Técnica lhe ajuda!
Criado em 2011, o programa Especialização Técnica Abravidro forma e aperfeiçoa a mão de obra nas indústrias processadoras de vidro, ensinando não só a forma correta do processamento, mas também aumentando a eficiência e produtividade da empresa, com redução de perdas.
Ministrada por Cláudio Lúcio, conta com cinco módulos independentes:
Corte
Lapidação
Serigrafia
Têmpera
Planejamento, Programação, Controle da Produção e Estoques (PPCPE) – este já tem nova turma agendada para os dias 16 e 17 de maio, em São Paulo.
Para mais informações, entre em contato com a área de Atendimento da Abravidro pelo e-mailabravidro@abravidro.org.br ou telefone (11) 3873-9908.
O Termômetro Abravidro, indicador criado em 2022 para medir mensalmente o volume de vendas faturadas da cadeia de processamento, completou dois anos neste mês de fevereiro e já se consolidou como um importante instrumento para apoiar os empresários do setor na elaboração de cenários e na leitura do mercado vidreiro. Os dados recém-publicados, referentes às vendas de janeiro, mostram que estamos andando de lado nos últimos meses, sempre levando em conta o fato de que a variação tem acompanhado o número de dias úteis de cada mês, o que levou à queda drástica em dezembro e melhora agora em janeiro.
A ociosidade segue alta, não só na cadeia de processamento, mas também no primeiro elo da cadeia. As informações que circulam são de que as quatro usinas de base continuam trabalhando com volumes reduzidos, produzindo aquém de sua capacidade.
Em alta mesmo apenas os volumes de vidros importados. Em 2023, mais de 120 mil t de float incolor entraram em nosso país, com recordes históricos registrados para esse período de dez anos nos meses de novembro e dezembro. Voltamos ao patamar de 2014, ano em que teve início a vigência do direito antidumping definitivo para a importação de float incolor de algumas origens.
E não são apenas os números de importação do float que impressionam. Mais que quadruplicou o volume de vidros laminados importados: de 4 mil t, em 2022, para mais de 20 mil, em 2023, recorde histórico. A produção desse vidro no Brasil vem crescendo de maneira consistente desde 2019, e o produto vem aos poucos aumentando sua participação no mercado, como resultado do trabalho de todos os elos da cadeia para promover seus benefícios. O volume importado assusta, assim como o preço baixo, pelo seu potencial de inviabilizar a produção nacional.
Os números de janeiro, embora menores, seguem altos. A Abravidro vem monitorando os dados com atenção. A qualidade dos importados também é tema de preocupação, diante de alguns relatos de produtos com defeitos entrando no País. Somo favoráveis à livre concorrência, mas contrários à concorrência desleal! Nosso mercado interno já possui desafios suficientes.
MONITORAMENTO MENSAL DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DE PROCESSAMENTO DE VIDROS BRASILEIRA Desempenho – Janeiro 2024
A percepção sobre o desempenho da indústria nacional de processamento de vidros foi de aumento moderado nas vendas faturadas em m² em janeiro de 2024 em relação a dezembro de 2023.
O indicador de desempenho da indústria de processamento de vidros registrou alta de 8,6% no volume de vendas faturadas de vidros processados no mês, na comparação com dezembro, sem ajustes sazonais.
Metodologia
A coleta de dados foi realizada nos primeiros dias úteis deste mês, por meio de formulário online. O estudo pode ser respondido por processadoras de todo o Brasil (87 participaram desta edição).
Conforme a edição de janeiro da revista O Vidroplano adiantou, 2024 será um ano com vários eventos vidreiros pelo Brasil e pelo mundo. Segmentos ligados à nossa atuação também preparam grandes encontros: na Europa, de 19 a 22 de março, a cidade de Nuremberg, Alemanha, será sede da Fensterbau Frontale, a maior feira de esquadrias, janelas, portas e fachadas do planeta, organizada pela NürnbergMesse. Há trinta anos a mostra é responsável por apresentar as principais tendências, inovações e soluções para essa cadeia – sendo, inclusive, a inspiração para a E-squadria Show (veja mais no final da reportagem).
A Fensterbau Frontale será realizada novamente no Centro de Exposições de Nuremberg, espaço que receberá profissionais interessados em conferir de perto as tecnologias demonstradas, trocar experiências e expandir seus negócios. Em 2022, a exposição reuniu 708 expositores de 33 países e mais de 28 mil visitantes de todo o mundo.
Desconto exclusivo
A boa notícia aos brasileiros que desejam prestigiar o evento na Alemanha é que ainda há tempo para organizar a visita. A NMB Travel, braço de viagens da NürnbergMesse Brasil, oferece pacotes de viagem completos com 10% de desconto.
O que o pacote da NMB Travel contempla
Passagem aérea em classe econômica – taxa de embarque e uma bagagem despachada (de até 23 kg) inclusas;
5 noites de hospedagem com direito -a café da manhã no hotel Hampton by Hilton Nürnberg City Centre (duas opções de quarto);
Transfers (aeroporto/hotel/aeroporto);
Seguro-viagem internacional;
Jantar de networking.
Valores
Pacote com quarto individual: 3.500 euros;
Pacote com quarto duplo: 2.450 euros (valor por pessoa);
Próxima parada: Brasil
De 12 a 15 de junho, no São Paulo Expo, a NürnbergMesse Brasil – em parceria com Fiera Milano Brasil e Expo Revestir (feira da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres – Anfacer) – realizará a edição de estreia da E-squadria Show. A mostra, uma espécie de versão nacional da feira alemã, acontecerá simultaneamente à Glass South America 2024 e mostrará o que existe de mais atual no mercado de esquadrias para portas, janelas e fachadas, com foco no público especificador de vidro, como engenheiros e arquitetos. Para obter mais informações a respeito do evento, acesse home.esquadriashow.com.br.
A ligação da gigante de tecnologia Apple com nosso material vem de longa data. As icônicas lojas da marca, em formato de cubo, revolucionaram o uso do vidro estrutural ao redor do planeta. Em 2018, a empresa inaugurou sua sede, chamada de Apple Park, na cidade de Cupertino, Califórnia (EUA), usando panos gigantescos de vidro curvo – fizemos uma reportagem sobre a obra na edição de janeiro de 2018 de O Vidroplano. Ano passado, mais um passo foi dado para estreitar ainda mais essa parceria vencedora: inaugurou-se a escultura Mirage, produzida com vidro moldado de diferentes cores e texturas.
Uma obra global
Produzida pela artista plástica escocesa Katie Paterson em parceria com o escritório de arquitetura Zeller & Moye (fundado pelo alemão Christoph Zeller e pela mexicana Ingrid Moye), a Mirage está localizada em uma colina no espaço público do Apple Park, em meio a oliveiras, próximo ao centro de visitantes. Com 209 m² de área, tem quatrocentas colunas de vidro moldado, cada uma com 2 m de altura.
O diferencial está no conceito do projeto: os vidros foram feitos com areia coletada em diferentes desertos do mundo. “A areia, tão onipresente em toda a Terra, é um marcador do tempo”, comenta Katie Paterson. “Nossa esperança é que a Mirage crie uma experiência sensorial que desperte a imaginação, conecte os visitantes à vastidão do planeta e à sua preciosa natureza selvagem.”
Foto: Iwan Baan
Produção
A areia utilizada foi recolhida de forma sustentável, com a ajuda de geólogos, das comunidades de regiões desérticas e até mesmo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Especialistas do setor vidreiro e cientistas de materiais prepararam receitas únicas para cada tipo de areia, combinando métodos atuais e modernos de produção em larga escala a técnicas surgidas lá atrás, na origem da fabricação do vidro.
O resultado de toda essa preparação pode ser visto nas variações nas cores e texturas das peças finalizadas, o que altera a percepção do observador da escultura: de dia, sua superfície reflete diferentes tons da luz; à noite, ela brilha suavemente. “A escultura se desdobra peça por peça, por meio dessa mudança gradual de cor e consistência do material”, explica Christoph Zeller.
Foto: Iwan Baan
Em sintonia
De acordo com os criadores da obra, a experiência de observar a luz passar pelas peças envidraçadas se torna uma espécie de meditação, criando um momento de pausa, de desaceleração, para entrar em sintonia com a imensidão de nosso planeta. “A composição espacial da Mirage cria um inesperado local de encontro social e contemplativo para visitantes e funcionários relaxarem, deitarem na grama, fazerem um piquenique ou brincarem”, destaca Ingrid Moye.
Visão geral do gigante Apple Park, com a Mirage aparecendo no canto inferior direito (Foto: Hunter Kerhart)
Ficha técnica Projeto:Mirage Local: Cupertino, Califórnia (EUA) Conclusão da obra: maio de 2023 Arquitetura: Zeller & Moye Artista: Katie Paterson Fabricante do vidro: John Lewis Glass, Inc.
A Abravidro organizou a primeira turma de 2024 do módulo de Planejamento, Programação, Controle da Produção e Estoques (PPCPE) nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, no hotel Plaza Inn American Loft, em São Paulo. O treinamento desenvolvido pela entidade, parte da Especialização Técnica Abravidro, contou com a participação de treze alunos vindos de processadoras de todo o Brasil. A seguir confira um breve resumo dessa edição do treinamento, incluindo depoimentos de alunos e os pontos que revelam por que o curso é tido como um aliado de peso para a organização e o desenvolvimento das empresas.
Direto ao ponto
Com conteúdo sempre atualizado, o PPCPE teve como tema a “nova realidade do mercado”, que, segundo o instrutor técnico Cláudio Lúcio da Silva, um dos maiores especialistas do País na área de transformação de vidro e responsável pela condução dos estudos, está cada vez mais intensa. “Por que as empresas têm dificuldade? Porque o custo operacional delas não é compatível com a exigência do mercado e acaba não sobrando um lucro líquido aceitável ou que sustente a operação”, explica Cláudio.
No curso foram abordados diferentes tópicos com o objetivo de permitir aos participantes o aprofundamento nos aspectos e aplicabilidades tidos como essenciais para que a processadora se destaque em um setor bastante competitivo. “Priorizamos dar ênfase aos processos ligados a ajuste operacional”, revela. “Apresentamos aos profissionais os métodos para otimização da produção, controle do estoque de forma eficiente e ações para programar as atividades conforme a demanda do mercado, medidas que, a meu ver, contribuem bastante para o crescimento amplo e sustentável do negócio.”
Para aqueles que não conseguiram participar dessa edição do PPCPE, a Abravidro já confirmou as datas da próxima edição do treinamento – dias 16 e 17 de maio, em São Paulo. Os interessados devem falar com a área de Atendimento da Abravidro pelo e-mailrsilva@abravidro.org.br ou telefone (11) 3873-9908.
Relatos dos alunos
Veja a opinião de quem participou do primeiro PPCPE do ano:
“É a primeira vez que faço o curso. Ele serviu para eu perceber a existência de muitas informações técnicas na questão de otimização e melhoria de processos, as quais no dia a dia a gente não consegue identificar. Com certeza, eu o indico para ser feito, já que o vejo como excelente apoio àqueles que atuam em setores como o comercial, PCP e operacional.” Alisson Thiago da Silva Santos, Bedisva/FW Distribuidora (Botucatu, SP)
“O melhor para mim foi aprender meios para o desenvolvimento de verificações, conhecimento esse que considero valioso para a rotina de trabalho. Na empresa em que atuo, o pessoal da minha área já havia feito o curso. Com o tempo, pretendemos encaminhar também profissionais de outros departamentos, como equipe de vendas e financeira.” Bruna Yasminne Silva Torres, Center Glass (Rio Verde, GO)
“É a primeira vez que estou realizando um curso com a Abravidro e já posso afirmar que o treinamento agregou bastante. Eu achava que sabia tudo sobre vidros, porém, descobri que, na real, não sei nada. Aprendi muito conteúdo aplicável. Recomendo para todo mundo, de gestores às equipes comercial e de produção.” Gustavo Rocha, Gran Vidros (Itaquaquecetuba, SP)
“É a terceira vez que faço o PPCPE, já que nele há bastantes detalhes que realmente abrem a nossa mente. Somos de um ramo muito específico e o bom é que o professor Cláudio, além de todo o conhecimento necessário, nos dá motivação para agir de forma efetiva com tudo que se aprende aqui. Com certeza, no ano que vem eu vou voltar para me especializar ainda mais.” Rodolfo Garcia Pereira Júnior, Vidraçaria Guaporé (Cuiabá)
Qualificação pelo Brasil
Além do PPCPE, que é realizado apenas em São Paulo, os demais módulos da Especialização Técnica Abravidro (Corte, Lapidação, Serigrafia e Têmpera) seguem sendo aplicados a várias processadoras pelo Brasil. A Italajes Vidros, de Itajaí (SC), por exemplo, contratou o treinamento sobre lapidação para qualificar seus colaboradores. Dayse Neiva Correa Werlich, gerente-geral da companhia, explica os motivos que levaram a empresa a apostar nesse conteúdo.
Foto: Divulgação Italajes
Por que a Italajes resolveu fazer o módulo?
Para reciclar, qualificar e profissionalizar os colaboradores. Ao todo, sete funcionários participaram.
O que os colaboradores aprenderam para usar no dia a dia de trabalho?
Na teoria, conhecemos melhor a forma técnica de aplicação dos materiais nas máquinas e a importância de utilizar um bom insumo, para que a durabilidade e qualidade sejam prioridades. Na prática, aperfeiçoamos a forma de realizar as manutenções preventivas. Entendemos o quão é importante utilizar, na área de produção, os cálculos e ferramentas adequados para melhor controle e redução de custo.
Vocês recomendam a Especialização Técnica Abravidro?
Sim. Acreditamos que a cada dia surgem novas tecnologias e aprendizados. Nossos colaboradores devem estar sempre se atualizando e buscando meios para fazer um trabalho com qualidade, focando sempre na redução de custo e otimização de tempo.
Otimismo em alta…
A última edição da Pesquisa Rumos da Indústria Paulista, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostra que 42,4% das mais de trezentas indústrias de transformação participantes estão otimistas em relação às vendas para este ano. Os empresários também acreditam em bom desempenho na produtividade: 45,8% preveem aumento nesse indicador.
…custos também
Houve diminuição de 12,3% de participantes que se dizem céticos sobre os custos gerais para a produção. No entanto, 43,3% demonstram algum grau de pessimismo para 2024 nesse assunto. Segundo levantamento da pesquisa, o crédito está com as mesmas condições de prazo e facilidade que em 2023, mas 46% dos empresários indicam um custo maior este ano.
Mais levantamentos
O Índice de Confiança da Indústria, do Ibre/FGV, encerrou janeiro em 97,4 pontos, marcando aumento de 1,8 ponto em relação ao mês anterior. O Índice de Expectativas também subiu: 0,8 ponto, encerrando o mês em 97 pontos. Valores abaixo de 100 pontos indicam pessimismo; acima, otimismo.
Foto: luchschenF/stock.adobe.com
FIQUE POR DENTRO
Fotovoltaicos cada vez mais rentáveis
De acordo com o estudo World of Glass 2023, produzido pela associação norte-americana do segmento de vidro National Glass Association (NGA), a fabricação do material para uso em painéis fotovoltaicos já corresponde a 5% de todo o mercado da região. Três plantas de float locais se dedicam exclusivamente a atender esse ramo em ascensão. “Para o próximo ano, serão quatro linhas, e para 2026 espera-se mais uma ou duas”, comenta o presidente do Grupo NSG, Stephen Weidner, para reportagem da Glass Magazine, a revista da NGA.
RETROVISOR
Aumentando o portfólio
Em fevereiro de 1985, a União Brasileira de Vidros (UBV) informava ao mercado o início da produção de vidros texturizados coloridos. O produto era uma antiga demanda de nosso setor que enfim começava a ser fabricado em nosso país.
No dia 7 de fevereiro, conforme a Lei 14629/2023, houve uma alteração da alíquota interna do Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) no Estado da Bahia, passando de 19% para 20,5%. Outra notícia importante sobre o tema envolve o Espírito Santo: o Estado teria aumento na alíquota a partir de 1º de abril. Porém, o governador Renato Casagrande retirou a proposta – dessa forma, o imposto permanecerá sendo de 17%. A justificativa para a decisão é que, com as alterações propostas na Reforma Tributária aprovada no final do ano passado, o Espírito Santo não teria prejuízos como os calculados anteriormente.
Já está funcionando o projeto Unidade Geradora Fotovoltaica Maravilhas I, parque solar construído pela Atiaia Renováveis (empresa do Grupo Cornélio Brennand) para atender de forma exclusiva a fábrica da Vivix, em Goiana (PE). A obra se localiza a 1,6 km da usina, em um terreno com área útil de 85 ha. Os equipamentos para a construção da unidade foram importados da China e Espanha, contando ainda com peças produzidas no Brasil. Com 27,5 MW de potência instalada, o parque solar está apto a atender todo o consumo da Vivix com energia 100% limpa, reforçando o alinhamento da empresa com a agenda ESG (Environmental, Social and Governance).
A Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica) iniciou 2024 com novos nomes no comando de sua diretoria-executiva. Marcos César de Barros Holtz assumiu como presidente da entidade durante o biênio 2024-2025. Como medida para os próximos anos, a nova gestão pretende apresentar projetos inéditos, como um guia para as prefeituras em relação à acústica, além de promover investimentos em comunicação. Entre as demais ações planejadas estão a ampliação do número de atividades e intervenções urbanas para o alerta aos efeitos e perigos da poluição sonora, atuação no desenvolvimento de normas técnicas para o setor e criação de conteúdos ligados à cadeia produtiva.
A Guardian anunciou um reparo programado para o forno da fábrica de Tatuí, em São Paulo. De acordo com o comunicado, os trabalhos devem começar em abril, com previsão de retomada da produção em maio. Segundo a usina, esse procedimento é realizado periodicamente — a última manutenção do tipo aconteceu em abril de 2021.
A Guardian, em parceria com a Garantia Solar, trouxe ao Brasil a primeira solução nacional de Integração Fotovoltaica em Edificações. Conhecida como sistema BIPV – sigla em inglês para Building Integrated PhotoVoltaics, funciona da seguinte forma: em vez de adicionar módulos solares convencionais a um edifício após a conclusão, a solução (um sistema fotovoltaico revestido por células fotovoltaicas) permite a integração dos elementos de geração de energia solar ao próprio design da obra. De acordo com Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian, os sistemas BIPV podem ajudar a reduzir os custos de eletricidade e as emissões de carbono operacionais das edificações, bem como aumentar o valor do empreendimento, além de acrescentar uma estética inovadora – combinando funcionalidade e design arquitetônico no mesmo projeto. O lançamento terá vidros de controle solar e pode ser adquirido em opções com módulos coloridos, sendo totalmente customizado para cada projeto, sejam comerciais ou residenciais, além de retrofits.
A nova versão da ABNT NBR 14697 — Vidro laminado trouxe uma série de atualizações sobre esse produto. Um dos novos pontos da norma, apresentado nas páginas de O Vidroplano em outubro do ano passado, foi a definição dos diferentes tipos de empenamento nos laminados e suas respectivas tolerâncias. Agora, é hora de saber quais são os métodos de avaliação e os critérios para aprovação para cada tipo.
Orientações gerais
Os empenamentos devem ser medidos na peça acabada de acordo com a metodologia citada no texto a seguir. Contudo, antes de realizar a laminação, recomenda-se que as chapas utilizadas na composição tenham o menor empenamento possível, pois, dependendo do nível desse problema, o processo de laminação pode ser comprometido.
Podem ser tomadas como referência as tolerâncias especificadas na Tabela 4 da ABNT NBR 14697, já apresentada na reportagem anterior.
1. Medição para empenamento total
Deve ser feita em temperatura ambiente;
A peça de vidro deve ser colocada em posição vertical, apoiada em seu lado mais longo por dois blocos de medida inferior a 100 mm, revestidos de borracha, conforme representado na figura a seguir:
Legenda: 1: lado mais longo do vidro (L ou H) 2: (L ou H)/2 3: (L ou H)/4 4: medida de cada um dos blocos apoiando o vidro para o ensaio (máximo de 100 mm)
Para medir, deve-se apoiar uma régua reta de metal, fio ou cabo totalmente esticado, na superfície do vidro, ao longo das bordas (largura e comprimento) e ao longo das diagonais, e medir a distância máxima (desvio) entre o vidro e a régua;
Para calcular o empenamento, os desvios encontrados, tanto na largura como no comprimento e na diagonal, devem ser divididos pelas suas respectivas medidas (sempre em milímetros).
Importante:
Deve ser adotado o maior valor encontrado nas medições;
Os valores não podem ser maiores que as tolerâncias especificadas na Tabela 4 da ABNT NBR 14697.
2. Medição para o empenamento local ou ondas de rolete
Empenamento localizado
Pode acontecer em distâncias relativamente curtas nas bordas do vidro:
Deve ser medido sobre um comprimento limitado de 300 mm, usando-se uma régua reta ou um arame esticado, paralelo à borda e a uma distância de 25 mm da borda do vidro;
O empenamento localizado deve ser expresso como sendo igual a mm (medidos) por 300 mm de comprimento.
Ondas de rolete (roller wave)
As ondas de roletes são medidas por meio de um relógio comparador, de acordo com o método especificado no Anexo B da ABNT NBR 14697, ou por um método alternativo com a medição feita por meio de equipamento de varredura digital (escâner).
Por se tratar de um conteúdo extenso, a descrição completa do método de avaliação para esse tipo específico de empenamento do laminado será apresentada na próxima edição da seção “Por dentro das normas”.
3. Medição para elevação de borda
O vidro deve ser apoiado sobre uma superfície plana, com a borda sobressaindo da superfície de apoio entre 50 e 100 mm, colocando-se uma régua sobre o vidro;
A borda deve ficar para fora da mesa, como mostrado na figura a seguir:
Legenda: 1: Régua reta 2: Elevação de borda 3: Vidro 4: Superfície plana para apoio
A elevação de borda pode ser medida por meio de um relógio comparador, desde que ele seja montado no final do perfil de alumínio, ao invés de no centro;
O equipamento deve ser deslocado até a borda da peça – a deformação máxima deve ser medida quando o relógio comparador se apoiar no pico da elevação e tocar a borda da peça;
A medição da elevação de borda também pode ser feita por meio de escâner;
Os valores máximos da elevação de borda são especificados na Tabela 4 da ABNT NBR 14697.
Associe-se e acesse o ABNT Coleção!
As empresas associadas à Abravidro têm acesso online à versão atualizada da ABNT NBR 14697 e a todas as outras normas técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), além de outras normas selecionadas relacionadas a nosso material, por meio do sistema ABNT Coleção.
Está chegando o dia em que será possível transformar qualquer superfície plana de vidro em uma central interativa. Isso porque as pesquisas envolvendo a realidade aumentada e o uso de menus no formato HUD (head-up displays) estão bem adiantadas, como mostra a empresa alemã Zeiss.
A companhia desenvolve, desde 2019, uma tecnologia baseada em uma película fina de polímero. Chamada Multifunctional Smart Glass (vidro inteligente multifuncional), ela já é aplicada em cockpits de aeronaves para mostrar informações sobre o voo. O próximo passo é levar a solução para o setor automotivo: com a tecnologia, carros não precisarão mais de painéis atrás dos volantes, por exemplo, já que o para-brisa mostrará dados como velocidade, quantidade de gasolina e demais indicadores. Até mesmo vídeos poderão ser transmitidos nos vidros, incluindo as janelas laterais e traseiras.
A direção da Zeiss aguarda que, num futuro próximo, possa começar a produção em massa da solução, expandindo-a para outras aplicações, como em residências, que permitirão o controle de elementos do dia a dia (luzes, persianas etc.). São os conceitos da ficção científica mais próximas.