Uma das maiores atrações da Glasstec, a principal feira vidreira do mundo, é a mostra Glass Technology Live. O espaço revela, em primeira mão, inovações e tecnologias que, em breve, poderão se tornar padrão na indústria, mostrando o resultado de parcerias entre empresas do segmento e universidades técnicas especializadas na indústria e na ciência de materiais – isso torna a visita ao espaço obrigatória aos profissionais vidreiros presentes em Düsseldorf, Alemanha. Veja a seguir alguns dos destaques do que foi mostrado durante a edição 2024 da feira.
FACHADA INTERATIVA
Imagine uma fachada que se adapta às condições climáticas para otimizar o consumo de eletricidade do edifício onde está instalada e também o nível de conforto dos ocupantes – e ainda funciona como uma tela para a reprodução de imagens em altíssima resolução? É exatamente isso o que criou o consórcio entre as empresas Arnold Glas, LamiPress e VideowindoW: por meio de sensores que coletam dados em tempo real, a solução é capaz de alterar a imagem reproduzida, regulando assim o nível de transmitância da luz solar. Dessa forma, a fachada aumenta ou reduz a necessidade de luz artificial ou de controle térmico interno, a depender de como está o clima. Essa tecnologia reproduz imagens de padrões encontrados na natureza (como plantas e animais) em resolução de 12 K.
ICEBERG DE VIDRO
O Pavilhão da Geleira de Vidro, uma estrutura com 5 m de altura, consistia em dez módulos de vidro laminados triangulares em formato de “V”. Inspirada nos biomas gelados da Islândia, a obra foi desenvolvida pela Universidade de Tecnologia de Delft (Países Baixos), pela empresa de engenharia Eckersley O’Callaghan (responsável pelas lojas envidraçadas da Apple no formato de cubo) e pela fabricante chinesa de máquinas para processamento North Glass. Usando máxima transparência, a instalação pretendia reduzir ao máximo possível as conexões e fixações visíveis (feitas de aço inoxidável) entre as imensas peças de vidro, com o intuito de evocar as montanhas, geleiras e icebergs do país europeu. As bordas dessas peças ganharam chanfro arredondado, para eliminar a concentração de tensões nas bordas.
ADEUS ÀS ESTRUTURAS DE AÇO
O lema do projeto da Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha, em parceria com as empresas knippershelbig, Yachtglass e Eastman, é: “Explorando todo o potencial do vidro” – o que faz todo o sentido quando se vê a solução criada por eles, a qual promete revolucionar a construção civil. A ideia se baseia em estruturas autoportantes de vidro que dispensam perfis de aço para se sustentar. Para isso, a laminação de nosso material é feita com ferragens e encaixes lineares já dentro do vidro – assim, reduz-se a quantidade de aço necessária, tornando os projetos que utilizarem essa tecnologia muito mais eficientes em relação ao consumo de materiais. O próximo passo da pesquisa realizada pelos envolvidos é tornar possíveis envoltórios de edifícios completos, integrando as ferragens também em vidros insulados.
LAMINADOS DE VIDRO E… CONCRETO?
A Universidade de Ghent, da Bélgica, construiu um protótipo de passarela para demonstrar o potencial do uso simultâneo de vidro e concreto. O projeto tem como objetivo oferecer novas alternativas às conexões mecânicas convencionais encontradas na construção civil. O conceito, chamado Glass to Concrete (G2C), une os dois materiais por meio de selantes adesivos. A passarela, de 3 m de comprimento, consiste em uma laje de concreto com aberturas estrategicamente posicionadas para reduzir o peso, onde são coladas placas de vidro nas partes superior e inferior, aumentando a rigidez geral e oferecendo transparência ao conjunto. Guarda-corpos envidraçados completam a instalação.