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Conheça as características do PVB

Como se vê na edição 2020 do Panorama Abravidro, os vidros laminados estão sendo mais usados no Brasil: sua produção aumentou 5,1% em 2019 (em relação a 2018), assim como sua participação no mercado cresceu para 11,8% (contra 10,9% no ano retrasado). Porém, os níveis ainda estão bem abaixo daqueles vistos de 2012 a 2016.

Para tornar esse produto mais popular, vale entender melhor suas propriedades, principalmente um elemento de extrema importância para a segurança das peças: os interlayers, as camadas que unem as chapas de vidro. Este mês, saiba como os de PVB são produzidos, quais os cuidados que se devem ter em seu armazenamento e como é a linha de produção para esse tipo de laminado — e não se esqueça: em julho, a revista vai explicar os segredos do EVA, outro tipo de interlayer usado pelo mercado.

 

Como é produzido
Três empresas fabricantes de PVB que atuam no Brasil foram consultadas pela nossa reportagem. Eastman, Everlam e Kuraray detalham a produção:
• O PVB é obtido por meio da extrusão da resina de polivinil butiral — processo mecânico em que a matéria-prima é forçada através de um orifício, adquirindo uma forma predeterminada. Isso se dá com a combinação de álcool polivinílico com butiradeído em um meio ácido;
• Essa resina é um pó branco que fica rígido na forma de filme, não possuindo suficiente elasticidade para ser usada em vidros;
• Por isso, são adicionados a ela outros elementos, como plastificantes (tornando-a mais flexível) e aditivos, para dar forma e garantir o desempenho desejado, dependendo da aplicação para a qual se destina. Todos os elementos precisam ser misturados corretamente,para não ocorrerem alterações na mecânica e na óptica do produto. A mistura também é filtrada, com o objetivo de eliminar possíveis contaminantes;
• Após a extrusão, o filme é cortado na largura desejada, refilando-se as duas bordas. Mais abaixo, na linha de produção, é permitido ao filme “relaxar”, ou seja, aliviar tensões internas que poderiam resultar em encolhimento durante o processo de montagem dos vidros;
• Na sequência, o teor de umidade do filme é ajustado, sendo, depois, resfriado a 8 °C e intercalado com uma película de polietileno, caso necessário, para melhor conservação;
• Por fim, o PVB é “embobinado” numa sala climatizada — de forma a garantir que o ambiente seja igual ao da empresa que irá processar o laminado.
Os rolos são embalados com bolsas de alumínio à prova de gás e umidade, e, finalmente, encaminhados para a expedição.

PVBs coloridos oferecem diversas estéticas diferentes para projetos arquitetônicos. Essas películas podem ser combinadas para a formação de novas cores

 

Características uniformes
Os PVBs podem ter espessuras que variam de 0,38 a 2,28 mm — dependendo do fabricante. Com tamanhos tão precisos, centésimos de milímetro fazem uma enorme diferença. “Um sistema rigoroso de controle de qualidade assegura que os filmes sejam fornecidos dentro das especificações do produto para atender os requisitos exigidos pelo mercado”, explica Sérgio Paes de Andrade, vice-presidente para América do Sul da Everlam. Daniel Domingos, gerente de Contas do setor de Interlayers–Arquitetura da Eastman, dona da marca Saflex, afirma que, entre os parâmetros levados em conta, estão a espessura, a rugosidade e o nível de umidade,entre muitos outros.

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O PVB é obtido por meio da extrusão da resina de polivinil butiral: ao ser misturada com outros elementos, cria-se os diferentes tipos do interlayer

Por isso mesmo, uniformidade é absolutamente necessária, como confirma Pepe Alcon, consultor técnico e gerente de Desenvolvimento de Mercado da Kuraray, cuja marca de películas é a Trosifol. “Um exemplo disso é que, se os filmes fossem totalmente lisos, seria muito difícil reposicioná-los sobre o vidro durante a montagem. Assim, é preciso criar uma rugosidade muito bem controlada nos dois lados deles.”

 

Tipos de PVB e seus benefícios
A partir da resina base e dos aditivos utilizados, são criados diversos tipos de filme, cada um com uma característica diferente.

Como armazenar os PVBs
De nada adianta um processo de fabricação correto se o armazenamento das películas não for adequado. “Como o PVB é um material hidroscópico, que absorve água, ele precisa ser guardado em local seco e arejado, senão pode resultar em baixa adesão entre o vidro e o interlayer”, explica César Pereira, gerente de Produção da beneficiadora Divinal Vidros. “A absorção de umidade também provoca delaminação das peças e alteração de cor, gerando uma aparência embaçada, com tom esbranquiçado. Isso tudo afeta diretamente a segurança e durabilidade do produto”, complementa Rodrigo Seixas Guerrero, diretor-comercial da Cyberglass.

“Existe uma tendência natural de as camadas do filme aderirem entre si, um fenômeno conhecido como blocking”, comenta Domingos, da Eastman. Para evitar que isso ocorra, existem duas alternativas: armazenamento refrigerado ou utilização de um intercalante (filme plástico) entre as películas — nesse caso, pode ser armazenado em temperatura ambiente. “Para os refrigerados, um parâmetro fundamental é o controle da temperatura: os PVBs não devem ficar expostos a mais de 10 ºC”, afirma Pepe Alcon, da Kuraray. Rafael Nandi da Motta, diretor da processadora Vipel, lista mais um detalhe relevante: “Todo o pessoal envolvido no manuseio deve estar com vestimentas adequadas, as quais funcionam como EPIs e incluem máscaras e toucas, para que não haja nenhuma contaminação do produto”.

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Durante o processamento, não existem temperaturas e pressões únicas para serem aplicadas ao vidro: variam de acordo com o PVB, espessura do vidro e tipo de maquinários

 

Maquinários usados
Como explica Wender Cotrim, gerente-industrial e engenheiro da mineira Vitral Uberlândia, os laminados com PVB podem ser fabricados por meio de dois tipos de processos distintos: a vácuo ou por calandragem. “O mais utilizado é o por calandragem, que emprega fornos especiais equipados com sistemas de radiação infravermelha para aquecer o interlayer”, esclarece.

Alexandre Luiz Bonato, gerente de Obras da PKO, enumera a sequência dos maquinários usados na laminação por calandragem com esse tipo de interlayer:

• Lavadora/secadora;
• Sala limpa refrigerada com pressão positiva, local em que é depositado o interlayer no vidro;
• Calandra, onde é feito o sanduíche dos vidros com o interlayer por meio da aplicação de temperatura e pressão;
• Autoclave, uma espécie de “panela de pressão gigante”, em que, por meio de temperatura elevada e pressão
controlada, todo o ar é retirado desse sanduíche, promovendo a adesão final entre os elementos que compõem
o laminado.

Importante: não existem temperaturas e pressões únicas para serem aplicadas ao vidro durante a laminação. “Tenho observado que a maior parte das patologias relacionadas a laminados se relaciona diretamente com a adesão do interlayer às peças”, revela Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. “A temperatura na saída da calandra pode variar em função do tipo de revestimento da chapa e da espessura do vidro e do PVB, sendo necessário seguir as orientações dos fabricantes para obter o resultado adequado, sem a existência de bolhas e manchas causadas
pela queima do interlayer”, explica. Da mesma forma, a regulagem da temperatura e pressão na autoclave varia em função da carga a ser processada. Por isso, deve-se sempre buscar essas informações com os fabricantes dos maquinários.

casa-viminas
Objetivo do PVB é garantir a integridade do vidro, segurando seus fragmentos em caso de quebra. Existem ainda os PVBs estruturais, com maior desempenho e resistência

 

Cuidados no processamento
O trabalho com laminados que utilizam PVB deve ter algum cuidado especial? “A procedência da película já é importante, para que não chegue com problemas de acondicionamento e sujidades”, destaca Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da processadora Viminas. “Depois disso, procuramos preservar a integridade do produto, evitando manuseá-lo durante os processos.

Daniel Thiago Scarpato, diretor-industrial da Glassec Viracon, aponta detalhes que devem ser levados em conta pelas empresas:

• Limpeza dos vidros: a lavadora precisa remover todas as impurezas nas superfícies das peças a serem laminadas. Além disso, a água de enxágue deve ser desmineralizada;
• Controle da temperatura, umidade e pressão: fatores essenciais para o funcionamento da sala de laminação, impedem a contaminação do vidro com água, poeira e outros materiais;
• Retirada do ar: a remoção do ar do sanduíche de vidro e interlayer é fundamental para a adesão das películas. Se não
for feita corretamente, a finalização na autoclave terá problemas.

 

Existem testes de qualidade para o laminado com PVB?
Três ensaios se aplicam ao vidro laminado, independentemente do tipo de interlayer usado, conforme determina a norma NBR 14697 — Vidro laminado:

• Resistência a alta temperatura;
• Umidade;
• Radiação.

A norma também estabelece tolerâncias para as dimensões, esquadro, espessura, deslocamento de borda, defeitos visuais e o teste de impacto para a classificação de segurança (veja mais informações a respeito na seção “Por dentro
das normas” da edição de maio deste ano). O laboratório independente Falcão Bauer é acreditado pelo Inmetro para a realização desses ensaios.

O chamado “teste de Pummel” é indicado pelos fabricantes de interlayers. “Uma adesão muito alta do PVB terá um efeito negativo na resistência ao impacto, enquanto uma adesão muito baixa irá prejudicar sua durabilidade”,
esclarece Sérgio de Andrade, da Everlam. “O teste de Pummel é uma maneira simples e eficaz de controlar esse parâmetro.” O procedimento consiste em martelar uma amostra de laminado, previamente resfriada a 18° C negativos, para ser comparada e classificada com níveis de aderência que variam de 1 a 9. “Essa classificação é feita com base na quantidade de fragmentos de vidro que permanecem na superfície do PVB após as marteladas. Os valores recomendados de aderência estão entre 4 e 7”, revela Andrade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 570 (junho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Sofisticação transparente e refletida — conteúdo extra

Os ambientes mostrados na versão impressa de O Vidroplano não foram os únicos que empregaram vidros e espelhos nas exposições da Casa Cor na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Conheça outros desses espaços a seguir:

 

CASA COR BAHIA

(20 de setembro a 29 de outubro, Salvador)

Fotos: Marcelo Aniello

 

Tetos de espelhos

Casa Cor Salvador 2017

Para valorizar a arquitetura original do casarão em que a mostra foi organizada, o Living, do arquiteto sergipano Wesley Lemos, contou com um jogo de espelhos Vivânce, da Cebrace, com diferentes tonalidades no teto. O produto não só ampliou o espaço, mas também resolveu o quesito iluminação, já que o teto não poderia ser modificado.

 

Casa Cor Salvador 2017

Outro espaço com o teto todo espelhado foi o Home Bar, do arquiteto Flávio Moura. As peças da linha Vivânce, instaladas pela Artenele, refletiram com delicadeza a luminária luxuosa e a iluminação baixa do local.

 

Ampliação pelos reflexos

Casa Cor Salvador 2017

Uma das paredes do Spazzio Natuzzi Italia, projetado por Marlon Gama, foi toda revestida com espelhos Vivânce. As peças proporcionaram amplitude ao quarto e valorizaram a combinação de materiais nobres com cores neutras no ambiente.

 

Casa Cor Salvador 2017

As arquitetas Mila Caramelo e Mila Saraiva também apostaram no espelho Vivânce para o ambiente Varanda da Família — no caso delas, o produto usado tem cor cinza, reforçando a tonalidade que domina esse espaço.

 

Indo além do controle solar

Casa Cor Salvador 2017

Engana-se quem pensa que os vidros da linha Habitat, da Cebrace, só podem ser usados para proporcionar conforto térmico. Isso ficou claro no Quarto do Casal Sênior, criado por Rogério Menezes. Ali refletivos na cor cinza foram usados para revestir uma parede do ambiente, quebrando seu aspecto tradicional e deixando-o mais moderno.

 

CASA COR PERNAMBUCO

(21 de setembro a 12 de novembro, Recife)

Fotos: Eudes Santana

 

Mosaico de reflexos

restaurante

O Restaurante Toscana Concept, projetado pelo escritório FM Arquitetura, teve como um de seus pontos altos um painel de fundo com diferentes volumetrias. O efeito foi obtido por meio da montagem de um mosaico de espelhos Vivix Spelia.

 

Integração segura e confortável

bar

A fachada do Wine & Gin Bar, idealizado pela Amaral Tenório + Arquitetos, foi toda composta por laminados Vivix Lamina. Dessa forma, o ambiente permitiu uma experiência de integração com os visitantes, além de garantir a segurança de seu interior e contribuir para barrar o calor do lado de fora.

 

Espaço pequeno, amplitude imensa

café

Quem entrou no Café do Pátio, projetado por Acácio Costa e Viviani Manzi (da A2 Arquitetos), talvez nem tenha se dado conta de como o local era pequeno. Cortesia da fachada de vidros fornecidos pela Vivix, além do espelho Vivix Spelia aplicado atrás do balcão.

 

CASA COR RIO DE JANEIRO

(21 de setembro a 12 de novembro, Rio de Janeiro)

 

Altura ressaltada

comandante
No Loft do Comandante, assinado por Ana Gomes e Jorge Delmas, o espelho Guardian foi usado nas paredes laterais da cozinha e sala de jantar, refletindo a esquadria do prédio e realçando seu pé-direito alto. Peças do espelho também foram aplicadas sobre a bancada do banheiro, sendo valorizadas pela iluminação com fitas de LED.

Este texto é um conteúdo digital exclusivo da edição 539 (novembro de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vidreiros expõem em feiras de outros setores

Mostras nacionais e internacionais de setores variados receberam empresas ligadas ao vidro. Na Feira Internacional do Plástico (Feiplastic), realizada em São Paulo no início de abril, a Eastman (foto 1), fabricante de películas para vidros, mostrou matérias-primas como plastificantes (utilizados em polímeros para melhorar flexibilidade e durabilidade) e TPU’s (polímero semelhante ao silicone). Quem também esteve nesse evento foi a Kuraray (foto 2), juntamente com sua marca Trosifol de películas de PVB e a linha de borrachas termoplásticas usadas em produtos diversos (de canetas a calçados). A Kuraray esteve ainda na Euroshop, mostra alemã sobre comércio de varejo que ocorreu em Düsseldorf no início de março. Por lá, um estande da Schott Flat Glass (foto 3) teve como destaque o Termofrost, sistema automático de portas de vidro para refrigeradores.

Mais informações: www.br.eastman.com, www.kuraray.com e www.schott.com

SGG anuncia novo coordenador de ‘Marketing’

No fim de março, a Saint-Gobain Glass anunciou Gabriel Zanatta como seu novo coordenador de Marketing. Formado na área de gestão de negócios, o profissional atua no Grupo Saint-Gobain há seis anos, cinco deles dedicados ao setor de vidros. Experiente em assuntos da indústria vidreira, Zanatta chegou a participar de grupos de estudo de normas técnicas, além de já ter trabalhado na especificação de fachadas de vidro junto a arquitetos e construtoras.
Mais informações: www.saint-gobain.com.br

Uma luz para o nosso setor

Se existe um setor que não se incomodou com a crise econômica do País, foi o de energia solar fotovoltaica: de 2015 para 2016, os projetos de pequeno e médio portes instalados pelo território brasileiro aumentaram 300%, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). E a maior demanda por painéis solares significa maior demanda por vidro — já que o material é fundamental para o funcionamento do sistema.

Por isso, as empresas vidreiras precisam estar atentas aos movimentos desse segmento. Nas páginas a seguir, confira um panorama do mercado fotovoltaico nacional e veja as inúmeras possibilidades que se abrem para nosso setor.

O que é energia solar fotovoltaica?

Nas usinas fotovoltaicas, os painéis são instalados no chão, em uma grande área voltada para a produção em grande escala.
Nas usinas fotovoltaicas, os painéis são instalados no chão, em uma grande área voltada para a produção em grande escala.

As células fotovoltaicas existentes nos painéis solares captam a luz solar, produzindo energia. Essa energia é convertida por um aparelho chamado inversor e introduzida na rede de distribuição de eletricidade. Se o gerador consumir mais do que produziu, ele paga a diferença. Se produzir mais do que consumiu,fica com créditos para serem utilizados nos meses seguintes. E onde entra o vidro? Ele é aplicado na parte externa dos painéis, com a missão de proteger as células fotovoltaicas.

Produção de energia solar
Não basta apenas instalar um painel no telhado para se ter energia solar. É preciso entender como se dá a produção. Existem dois tipos de geração solar no Brasil:

– Geração centralizada
Voltada para a produção e venda de energia elétrica. Ou seja, a eletricidade não é para consumo próprio, mas para distribuição. Esse é o tipo de geração encontrado em usinas fotovoltaicas.

– Geração distribuída
Realizada por geradores independentes para o próprio consumo. É regulamentada pela Resolução Normativa nº 687/2015, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O documento define dois tipos de produção:
* Microgeração: gera até 75 kW;
* Minigeração: acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW;

Consumo próprio: geração distribuída está em residências, empresas ou condomínios.
Consumo próprio: geração distribuída está em residências, empresas ou condomínios.

Dentro desse tipo de geração, há mais três possibilidades:
– Autoconsumo remoto: a energia produzida em uma área é usada para abater o consumo de um edifício em outro local. Isso só é válido se os dois terrenos pertencerem ao mesmo dono — e também se estiverem dentro da região atendida pela mesma distribuidora;

– Geração em múltiplas unidades consumidoras: um edifício ou condomínio gerador reparte a energia entre os moradores. As porcentagens são definidas por eles mesmos;

– Geração compartilhada: reunião de consumidores em cooperativa (composto por pessoas físicas) ou consórcio (pessoas jurídicas) que instala uma unidade de geração para benefício de todos os envolvidos.

Os três tipos de tecnologia fotovoltaica
O vidro está presente em todas elas, protegendo as células fotovoltaicas. A diferença está no tipo de célula.

painel_fotoSilício monocristalino ou policristalino — 1ª geração

– Tecnologia mais utilizada atualmente (cerca de 85% dos casos)
– Eficiência de produção de energia de 13% a 21%;
– Instaladas em painéis rígidos;
– Maior peso dos painéis limita as aplicações possíveis.

 

opvCélulas fotovoltaicas orgânicas (OPV) — 3ª geração
– Filme plástico com tinta líquida semicondutora;
– Eficiência de produção de energia de 3,5% a 5%;
– Apelo estético: garante soluções flexíveis, com cores,transparência etc.;
– Indicado para locais com incidência de luz direta ou indireta;
– Tecnologia recente e ainda pouco difundida.

 

filmefinoFilmes finos — 2ª geração
– Feitos de materiais inorgânicos;
– Eficiência de produção de energia de 7% a 15%;
– Indicado para locais com menor incidência de luz direta;
– Instalados em painéis rígidos ou flexíveis.

 

Qual o vidro ideal?
Temperado de baixo teor de ferro, com espessura de 2 a 4 mm. Esse tipo de vidro (também conhecido como extra clear, por ser mais transparente) é fabricado no Brasil pela Cebrace (Diamant).

A máxima transparência é para que haja a maior passagem de luz possível, explica o engenheiro Luís Augusto Knorst, diretor de Projetos da DVM Vidros, processadora maranhense que possui uma divisão fotovoltaica, a DVM Solar. Assim, mais radiação solar é captada pelas células fotovoltaicas. Além disso, o vidro precisa garantir a integridade do painel durante condições climáticas ruins (chuvas de granizo, por exemplo).

Quanto ao processamento desses vidros, o que muda? Para Márcio Sato, especialista de produtos para a América Latina da Glaston, o controle de qualidade das peças deve ser preciso em todas as etapas. “Afinal, são necessárias chapas seriadas sem ondulações, empenos etc., para não influenciar negativamente na eficiência do painel.”

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À beira da lagoa: a Creche Municipal Hassis, em Florianópolis, recebeu fotovoltaicos da Engie. A energia solar ajudou o projeto a receber a certificação Leed para edificações sustentáveis. Segundo a prefeitura da capital catarinense, a economia média mensal na conta de luz chega a R$ 2,5 mil.

 

Por que investir em energia solar fotovoltaica?
– Potencial gigante: a região menos ensolarada do Brasil possui radiação solar maior que a região mais ensolarada da Alemanha, um dos países líderes no uso da energia fotovoltaica;
– O Brasil está entre os 10 mercados mais atraentes para painéis solares até 2020;*
– Investimentos no setor vão aumentar: 45% da geração de energia no País até 2030 precisará ser oriunda de fonte renovável, de acordo com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), metas voluntárias estipuladas por cada país e submetidas à Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de reduzir emissões de gases de efeito estufa;
– 72% dos brasileiros comprariam um sistema de energia solar;**
– O custo de produção está se tornando menor que o do gás natural e das usinas de carvão, seus concorrentes.
(* Fonte: Agência Internacional para as Energias Renováveis/** Fonte: Datafolha/Greenpeace 2016)

Painéis solares vidro-vidro já são realidade
Painel
Como visto na imagem acima, o painel tradicional possui uma lâmina de vidro na parte externa. Porém, já existem módulos com nosso material em ambas as faces, de forma a encapsular as células fotovoltaicas dentro de uma peça laminada — são conhecidos como painéis vidro-vidro. Em relação aos fotovoltaicos comuns, possuem algumas diferenças:
– Maior vida útil: fabricantes já fizeram testes para garantir trinta anos de vida útil dos sistemas;
– Dispensa o uso de suporte de alumínio.

A Lisec, fabricante de maquinários para processamento, produz esses módulos utilizando temperados com 2 mm de espessura — por enquanto, apenas em sua fábrica na Áustria. Segundo a empresa, equipamentos para a produção desses painéis estão sendo negociados com clientes brasileiros.

Oportunidade para o setor vidreiro
O mercado de fotovoltaicos no Brasil está se desenvolvendo. Nos últimos tempos, surgiram fabricantes nacionais de painéis (veja quais são as empresas na página 19). Para Rodrigo Lopes Sauaia, presidente-executivo da Absolar, “as empresas vidreiras precisam estudar a oportunidade, pois ela é bastante significativa em termos financeiros”.

Sauaia comenta ainda um dado impressionante: a geração centralizada de energia irá aumentar dez vezes neste ano em relação a 2016.

Incentivo para a cadeia nacional
No entanto, apesar do momento favorável, ainda existem barreiras. Pelo fato de poucas processadoras
estarem envolvidas no setor solar, importar o vidro ainda é mais barato — o que é um paradoxo, já que produtos nacionais possuem isenções diferenciadas de impostos. “Já usamos vidro que foi temperado e lapidado aqui no Brasil, mas o preço ficou muito superior”, relata Marcos Torrizella, da Dya Energia Solar, empresa do Grupo Tecnometal, produtora de painéis.

Para a Absolar, são necessárias três ações estratégicas para mudar esse cenário:
Criação de novas linhas de financiamento para facilitar o acesso a crédito por pessoas físicas e jurídicas interessadas na tecnologia. Quanto mais pessoas usando energia fotovoltaica, mais barata ela será;
Equalização da carga tributária para a cadeia produtiva, trazendo competitividade ao mercado
interno. Isso irá acabar com o problema de os vidros importados serem mais em conta que os nacionais;
Ações de fomento ao mercado, visando à educação da população, como o estabelecimento de
metas de geração e inclusão da energia solar em programas habitacionais.

Fabricação de painéis na planta da Globo Brasil: empresas vidreiras precisam se aproximar do setor solar para o desenvolvimento de um mercado viável para todos
Fabricação de painéis na planta da Globo Brasil: empresas vidreiras precisam se aproximar do setor solar para o desenvolvimento de um mercado viável para todos

 

 

Nicho para ser explorado
Com maior presença de nosso setor junto à produção de painéis, o uso de vidro nacional se tornará regra.
“As empresas vidreiras podem deixar o processo mais fácil e barato. Hoje, a demanda é maior e já compensa a produção.” A análise é de José Renato Colaferro, sócio e diretor da Blue Sol, empresa que oferece soluções para instalações solares. “Isso facilitaria a inclusão dos fabricantes nacionais no mercado e iria alavancar todos os fornecedores de materiais para montagem dos módulos”, opina Rodolfo Souza Pinto, presidente da Engie Solar, maior geradora privada de energia do País.

OPV: solução versátil e tecnológica com vidro
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Os OPVs (organics photovoltaics) são filmes plásticos impressos com tinta líquida semicondutora e orgânica. A tecnologia é a mais recente, e versátil, para os fotovoltaicos: é usada em vidros de qualquer estrutura (fachadas, coberturas, claraboias etc.) que receba incidência da luz solar direta e indireta, praticamente sem interferir na questão estética de nosso material.

Aplicação
– Para novas edificações: o filme OPV vai no meio de um laminado, juntamente com o interlayer. O vidro do lado externo, que ficará exposto à luz, deve sempre ser de baixo teor de ferro;

– Para prédios já existentes: o filme é colado na face interna dos vidros instalados (os vidros devem ser incolores).

Principais características
– Espessura menor que 1 mm;
– Leveza: menos de 500 g por m²;
– Oferece diferentes graus de transparência (até 50%).

A brasileira Sunew é uma das líderes mundiais na pesquisa e desenvolvimento do OPV. Sua fábrica, em Belo Horizonte, pode produzir até 400 mil m² de filme por ano. Para a gerente-comercial Verena Greco, a tecnologia irá colocar a energia próxima dos centros consumidores, diminuindo as perdas no sistema de transmissão. Diz ela: “Ainda são pouco explorados os espaços urbanos que poderiam receber intervenções de energia solar, como pontos e tetos de ônibus, postes de luz, coberturas de galpões e outros”.

A maior fachada fotovoltaica orgânica do mundo
inovalliA construtora Inovalli está erguendo, em São Paulo, um prédio com fachadas com aplicação de OPV da Sunew. Os filmes foram instalados pela SolarVolt em laminados extra clear 12 mm da Cebrace e processados pela Unividros. Ao todo, a estrutura tem potência instalada de 2 kWp. O projeto teve a Avec Design como responsável, usando-se a técnica ecoglazing (caixilho sintético de silicone) para a instalação.

Thatiane Roberto, gerente de Marketing da fabricante de painéis Globo Brasil, diz: “Ter a opção de comprar um vidro nacional gera mais segurança e estabilidade às empresas. Estas ficariam livres das variações cambiais e dificuldades com a logística de importação”. Por isso, o ideal é seguir o conselho de Sauaia, da Absolar: “Devemos criar uma cadeia, uma rede de negócios, envolvendo o setor solar e o vidro,
com o intuito de desenvolver um mercado viável para todos. A Absolar está de portas abertas para as empresas vidreiras que quiserem conhecer melhor esse mercado”. A processadora Penha Vidros, por exemplo, já faz isso: oferece vidros para painéis em parcerias com empresas fabricantes desses equipamentos, sempre para projetos especiais e customizados.

Microgeração para cooperativa No RS, a Usina Solar Boa Vista, da distribuidora Creluz, teve investimento de R$ 4 milhões. O espaço funciona em ciclo combinado com usina hidrelétrica, atingindo potência de pico de 257kWp, o suficiente para abastecer trezentas famílias. A Globo Brasil é a fornecedora dos painéis.
Microgeração para cooperativa
No RS, a Usina Solar Boa Vista, da distribuidora Creluz, teve investimento de R$ 4 milhões. O espaço funciona em ciclo combinado com usina hidrelétrica, atingindo potência de pico de 257kWp, o suficiente para abastecer trezentas famílias. A Globo Brasil é a fornecedora dos painéis.

 

Mobiliários solares
optreePor que não captar energia solar em mobiliários urbanos? A OPTree é um projeto da Sunew, em parceria com a Metalco do Brasil, voltado para praças públicas, parques e calçadão de praias, entre outros locais. A estrutura, em formato de árvore, é de aço inox escovado e possui 3,38 m de altura. As folhas possuem filmes OPV. O produto concorre a um prêmio mundial de inovação na Lopec, maior feira de eletrônica orgânica do mundo, na Alemanha.

Simpósio do Sinduscon-SP aborda soluções para energia solar
sindusconNo fim de março, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) organizou em sua sede em São Paulo o workshop técnico Energia solar fotovoltaica e suas aplicações nas edificações. O evento contou com apoio institucional da Abravidro e reuniu especialistas no assunto e membros do setor vidreiro, além de arquitetos e estudantes da área. Segundo informações divulgadas durante o encontro, edifícios (sejam residenciais ou comerciais) consomem 51% da energia gerada no Brasil. Por isso, a energia solar não deve ser encarada mais como aposta, mas, sim, como realidade para o presente e futuro da construção civil.

Quais são as fabricantes brasileiras de equipamentos fotovoltaicos?
Segundo a Absolar, as empresas do setor credenciadas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são:

FABRICANTES DE MÓDULOS (painéis fotovoltaicos)

Canadian SolarGlobo Brasil/Minasol / Multisolar / Dya Energia Solar / Sunew

FABRICANTES DE SISTEMAS (sistema completo, incluindo inversores e demais equipamentos para a produção de energia solar)
Globo Brasil/ Hidrosp / Minasol / PHB / Multisolar / Sanardi / Solar Energy / Dya Energia Solar / Turboferro / WEG

Fale com eles!
Absolar
Aneel
Avec Design
Blue Sol
Cebrace
DVM Solar
DVM Vidros 
Dya Energia Solar
Engie Solar
Glaston
Globo Brasil
Lisec
Penha Vidros
SolarVolt
Sunew
Unividros

 

Como estará o vidro em 2017?

Para dizer o mínimo, 2016 foi um período bastante difícil para o setor vidreiro nacional. Ao mesmo tempo que digeríamos a redução de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 9,9% do consumo de vidros planos em relação ao ano anterior, seguimos com baixo desempenho econômico — as estimativas são de queda de 3,5%. Se não bastasse, vivemos em meio a um caos político que permanece mesmo após a queda da ex-presidente Dilma Rousseff.

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Sérgio Goldbaum, da GPM: “A evolução da economia brasileira depende do acerto político”

Diante disso, é natural o temor de que 2017 repita o mesmo cenário. “Não estamos exagerando ao afirmar que a evolução da economia brasileira, mais do que nunca, depende do acerto político entre os vários setores da sociedade”, ressalta o economista Sérgio Goldbaum, professor da Escola de Administração e Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e sócio da GPM Consultoria Econômica. “O momento é de cautela e de muita observação ao debate sobre as reformas (em especial a da Previdência), mas existe, sim, a possibilidade, não desprezível, de alguma retomada da economia a partir do segundo semestre de 2017”, complementa.

Setor vidreiro
“É preocupante a sobreoferta na usina de base. Ela possui capacidade produtiva superior ao consumo atual e dificuldade de promover ajustes, tanto para reduzir sua produção como para exportar excedente”, afirma Alexandre Pestana, presidente da Abravidro. Ele avalia também os demais elos da cadeia produtiva: “A indústria de transformação fez muitos investimentos, está com alto nível de endividamento e capacidade ociosa, ocasionando uma competição destrutiva com a perigosa deterioração das margens. O varejo se desorganizou e muitos sucumbem às dificuldades do momento”.

Apesar disso, o dirigente da Abravidro acredita que ações individuais de cada empresa podem fazer a diferença. “Precisamos tornar nossas empresas mais eficientes e produtivas, ter custos menores e entregar um produto e serviço de qualidade cada vez maior”, afirma.

Para termos ideia do que aguarda nosso mercado este ano, O Vidroplano entrevistou todas as usinas vidreiras do Brasil sobre seus planos e perspectivas para 2017. Responderam às mesmas perguntas Franco Faldini, gerente-executivo de Vendas e Marketing da AGC do Brasil; Flávio Alves Vanderlei, gerente-comercial da Cebrace; Juan Carlos de Abreu, diretor de Marketing da Guardian; Marcelo Machado, gerente-geral da Saint-Gobain Glass; Sérgio Minerbo, presidente da União Brasileira de Vidros (UBV); e Henrique Lisboa, diretor-comercial e de Marketing da Vivix. Pestana analisou cada um dos temas a partir das respostas dos executivos. Confira o resultado a seguir.

 

Expectativas para 2017
Quais são as expectativas da empresa para o mercado vidreiro nacional em 2017? Estima-se que haverá crescimento, estagnação ou queda no consumo de vidros planos?

Alexandre_pestana_EditorialPalavra de presidente
Nota-se um consenso entre os executivos das usinas vidreiras de que este ano será similar ao anterior e, se houver crescimento, ele será tímido e restrito ao segundo semestre. Os economistas Sérgio Goldbaum e Euclides Pedrozo Jr., sócios da GPM, destacam o ambiente de incertezas e a dependência de reformas e mudanças regulatórias para o Brasil — e para o vidro — reencontrar o crescimento sustentável. Os termos “desafio” e “atenção” resumem o ano que começa.

 

Faldinii (AGC)
Franco Faldinii (AGC)

Faldini (AGC): “A AGC acredita que o ano de 2017 continuará trazendo desafios relativos à demanda, mas estamos confiantes que haverá crescimento no setor, considerando as estimativas de crescimento do PIB do País, em torno de 1%”.

Vanderlei (Cebrace)
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)

Vanderlei (Cebrace): “Em 2016, a situação econômica de nosso país teve grande influência das incertezas políticas, as quais continuam influenciando o ambiente econômico deste ano. Nesse sentido, ainda estimamos ter um primeiro semestre de crescimento quase nulo e uma sinalização de retomada a partir do segundo semestre. Esperamos que o crescimento da economia, mesmo que pequeno, acompanhe as expectativas informadas pelos órgãos competentes e seja refletido para todos os segmentos”.

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Juan Carlos Abreu (Guardian)

Abreu (Guardian): “Assim como foi em 2016, acreditamos que este ano será de desafios para o mercado. Como o setor depende da economia do País para se recuperar, o que deve acontecer a médio e longo prazos, vejo de forma conservadora uma melhora significativa no curto prazo. Para 2017, continuaremos aprimorando os processos, aumentando a eficiência e desenvolvendo produtos e serviços para as necessidades do mercado, criando valor para a sociedade e clientes e dando suporte aos parceiros para que prosperem.”

Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)

Machado (Saint-Gobain Glass): “O ano de 2016 foi difícil em comparação com 2015. A instabilidade política e a crise econômica se refletiram nos negócios e reduziram significativamente os investimentos de uma forma geral. No entanto, sempre acreditamos no desenvolvimento do setor, já que o mercado vidreiro é muito maduro e já passou por outras dificuldades, sempre se reerguendo. Para 2017, mesmo com tantas incertezas, não é possível desanimar. Precisamos continuar a acreditar no País e saber que a recuperação também depende das empresas, as quais devem aproveitar o momento para desenvolver novos canais”.

Sérgio Minerbo (UBV)
Sérgio Minerbo (UBV)


Minerbo (UBV):
“Iniciamos o ano com duas boas notícias: a inflação abaixo do teto da meta e a redução da taxa Selic [Sistema Especial de Liquidação e Custódia]. São indicadores importantes que, mais do que representar um ponto de vista econômico, sinalizam otimismo, e isso é sentido pelo consumidor. Inicialmente, acreditamos em um 2017 similar a 2016, ou seja, sem grandes mudanças nem para pior, nem melhor. Mas sempre gosto de lembrar que existe demanda reprimida no segmento da construção, e isso pode ser um fator surpresa positivo”.

Henrique Lisboa (Vivix)
Henrique Lisboa (Vivix)

Lisboa (Vivix): “Em nossas projeções, acreditamos que o mercado de vidros planos apresentará, em 2017, um resultado semelhante ao de 2016. E entendemos que o seu crescimento será gradativo a partir de 2018. Deveremos ter em mente que será um ano desafiador e que exigirá de toda a cadeia vidreira melhor planejamento, gestão responsável e criatividade. Continuaremos fazendo a nossa parte e buscando alternativas que minimizem o efeito do atual cenário”.

 

Expectativas para 2017

  • Produto Interno Bruto (PIB): crescimento de 0,5%
  • Produção industrial: crescimento de 1%
  • Inflação oficial (IPCA): 4,8%

Fonte: Focus – Relatório de Mercado, publicado pelo Banco Central do Brasil em 13 de janeiro de 2017

 

Valor agregado
O Panorama Abravidro 2016 mostrou que a participação dos vidros processados dentro do total consumido cresceu em 2015. Qual a avaliação sobre isso e a expectativa para 2017?

Alexandre_pestana_EditorialPalavra de presidente
Essa questão é estratégica nas cadeias mundiais de vidro plano. A participação de vidros de alto desempenho no Brasil é baixa, com potencial de crescimento mesmo em momentos adversos. Sempre se pode substituir um vidro comum por um temperado ou laminado e provar ao consumidor que um vidro de controle solar trará muito mais conforto e economia para sua casa.

Franco Faldinii (AGC)
Franco Faldinii (AGC)

Faldini (AGC): “Fica evidente que o vidro de maior valor agregado está ganhando mais espaço no mercado. Isso mantém o setor aquecido mesmo com a retração do consumo de vidros e possibilita também um equilíbrio na rentabilidade das empresas que atuam com esse segmento”.

Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)

Vanderlei (Cebrace): “Temos visto em alguns segmentos uma capacidade instalada muito superior à demanda, gerando assim uma competição que deteriora as margens dos vários elos da cadeia — isto é, processadores, distribuidores, vidraceiros”.

 

Juan Carlos Abreu (Guardian)
Juan Carlos Abreu (Guardian)

Abreu (Guardian): “O mercado em recessão ajuda o Brasil a se profissionalizar, desenvolvendo-se rápido. Com isso, a demanda por produtos processados deve continuar sua tendência mesmo que pressionado pelas condições de mercado. Isso demonstra a necessidade de investir em produtos e em treinamento da cadeia”.

Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)

Machado (Saint-Gobain Glass): “No mercado de vidros impressos, o consumo de vidros processados é muito utilizado para decoração. Acreditamos que o brasileiro está percebendo as vantagens estéticas e funcionais da aplicação dos vidros nos ambientes internos”.

Sérgio Minerbo (UBV)
Sérgio Minerbo (UBV)

Minerbo (UBV): “Temos visão similar. Nossos vidros de 7, 8 e 10 mm são processados e a venda dessas famílias se manteve mais estável, embora em volumes inferiores aos anos anteriores. Para 2017, acreditamos na manutenção do crescimento dos processados em relação ao montante de vidro plano consumido no País”.

Henrique Lisboa (Vivix)
Henrique Lisboa (Vivix)

Lisboa (Vivix): “As aplicações dos processados no Brasil ainda são bastante primárias. Há um baixo conhecimento sobre os benefícios desses produtos. Para o crescimento significativo do consumo, serão necessários investimentos em divulgação e em capacitação para a cadeia”.

 

Consumo de vidros laminados entre 2009 e 2015: aumento de 120%
Fonte: Panorama Abravidro 2016

O setor vidreiro no Brasil em 2015
Em relação ao ano anterior:

  • Capacidade nominal de produção: 6.950 t
  • Consumo total de vidros planos: queda de 9,9%
  • Consumo per capita de vidros planos: queda de 10,7%
  • Faturamento de vidros processados não automotivos: queda de 17%
  • Empregos na indústria de transformação: redução de 12,8% (mais de 4 mil vagas)

Fonte: Panorama Abravidro 2016

 

Intenção de investimentos
Há previsão de novos investimentos por parte de sua empresa neste ano?

Alexandre_pestana_EditorialPalavra de presidente
Como era previsto, a maioria dos investimentos em 2017 estará direcionada para serviços, ampliação de mix e aprimoramento dos processos internos das usinas de base. Diferente dos últimos anos, o foco é qualitativo e não mais em aumento quantitativo de capacidade produtiva. Como o Brasil tem como principal fragilidade sua capacidade competitiva e baixa produtividade, atacar esses pontos será a melhor forma de reverter o atual momento.

Franco Faldinii (AGC)
Franco Faldinii (AGC)

Faldini (AGC): “Em 2016, a AGC anunciou a construção de um forno, proporcionando mais que dobrar a capacidade diária de produção de vidro. A obra, já em andamento, é uma das grandes prioridades da AGC em 2017 e 2018”.

 

Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)

Vanderlei (Cebrace): “A Cebrace realizou investimentos em capacidade e em modernização de seu parque industrial, no sentido de bem-atender o mercado e ajudá-lo a evoluir. Em 2017, o foco estará em novos produtos e em projetos especiais, buscando oferecer alternativas para que nossos clientes sejam ainda mais competitivos”.

Juan Carlos Abreu (Guardian)
Juan Carlos Abreu (Guardian)

Abreu (Guardian): “Sim, temos previsão de continuar com os investimos em 2017. Eles serão divulgados no momento oportuno.”

 

Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)

Machado (Saint-Gobain Glass): “Sim, a Saint-Gobain Glass continuará com nosso plano de investir fortemente em nossos recursos humanos. Também investiremos para melhorar a produtividade e inovar com novos produtos, de modo a apresentar sempre as melhores alternativas aos nossos clientes”.

Sérgio Minerbo (UBV)
Sérgio Minerbo (UBV)

Minerbo (UBV): “Planejamos investir em melhorias operacionais que se traduzirão em qualidade e aspectos visuais, homogeneidade das texturas etc.”

 

Henrique Lisboa (Vivix)
Henrique Lisboa (Vivix)

Lisboa (Vivix): “Dando continuidade ao nosso planejamento de ampliação do portfólio de produtos, lançaremos, no segundo semestre, a nossa linha de vidros de controle solar”.

 

 

Como preparar a empresa vidreira para 2017?
Para Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica, a retomada do crescimento do mercado de vidros planos depende da evolução dos setores que fazem uso do material, como o de construção civil, automotivo e de eletrodomésticos. Portanto, para que se faça um bom planejamento, recomendam:

  • Acompanhar a conjuntura econômica e política do País;
  • Procurar novos mercados em potencial;
  • Defender o mercado doméstico contra a concorrência desleal;
  • Articular-se com outros segmentos da indústria na defesa dos interesses do setor, de maneira republicana e sem prejudicar a concorrência no setor.

 

Segmentação de mercado
Dentre os segmentos que mais utilizam vidro, há algum deles que a empresa considera estratégico para 2017? Em caso positivo, qual deles e por quê?

Palavra de presidente
Alexandre_pestana_EditorialConforme colocado pelos economistas da GPM, a construção civil tem as expectativas mais pessimistas se comparadas com as dos outros setores, enquanto a produção automotiva caiu mais de 34% nos últimos dois anos — o que sugere uma recuperação lenta e gradual. Precisamos voltar nossa atenção aos consumidores de vidro que possuem capacidade de recuperação mais rápida, como os de pequenas obras e reformas, decoração e uso interno nas habitações.

Franco Faldinii (AGC)
Franco Faldinii (AGC)

Faldini (AGC): “A AGC continuará com a sua estratégia voltada para o desenvolvimento dos vidros de valor agregado, como os vidros para decoração, movelaria e linha branca, além de novidades em vidros refletivos. O automotivo também é uma das forças estratégicas da empresa e estamos esperando grandes oportunidades com a retomada de crescimento da indústria”.

Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)

Vanderlei (Cebrace): “Devido à participação na utilização de vidro em nosso mercado, a construção civil sempre terá um foco especial para os nossos projetos. Porém, estamos frequentemente procurando desenvolver os demais mercados com soluções inovadoras, para que a participação destes evolua”.

Juan Carlos Abreu (Guardian)
Juan Carlos Abreu (Guardian)

Abreu (Guardian): “Neste momento de crise, precisamos estar atentos a todas as oportunidades. Apesar do momento ruim da construção civil, esta continuará sendo uma das nossas prioridades. Além disso, estamos trabalhando para ampliar a presença da Guardian nos segmentos moveleiro e de decoração. Para atender esse importante nicho, em 2016, nacionalizamos a produção do vidro DecoCristal — e a expectativa é dobrar sua produção nos próximos cinco anos.”

Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)

Machado (Saint-Gobain Glass): “Acreditamos no potencial de crescimento do segmento de decoração para 2017. Isso porque é um mercado grandioso, com infinitas possibilidades e que tem no vidro impresso uma opção versátil, que pode ser utilizada das mais diferentes formas, agregando beleza e sofisticação aos ambientes”.

Sérgio Minerbo (UBV)
Sérgio Minerbo (UBV)

Minerbo (UBV): “Praticamente, toda a nossa venda é para o segmento da construção civil e movelaria. Portanto, é para eles que olhamos com mais foco. Mas a economia está toda interligada, com diferentes velocidades de reação. Sem construção civil, não tem demanda para móveis, não tem decoração, não tem linha branca. No limite, não tem garagem para guardar o automóvel!”.

Henrique Lisboa (Vivix)
Henrique Lisboa (Vivix)

Lisboa (Vivix): “Todo o nosso mix de produtos tem a sua importância e, com exceção do automotivo, estamos desenvolvendo ações voltadas para esses segmentos”.

 

 

Construção civil
Em 2016

  • Índice de Atividade da Construção Imobiliária: -13,4% em relação a 2015 [1]
  • Vendas do comércio varejista de material de construção: -11,5% no acumulado de doze meses até novembro [2]
  • Custo Unitário Básico (Cub) médio Brasil (dezembro/2015 a novembro/2016): alta de 5,74% [3]

Cenário para 2017
Segundo Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica:

  • O setor deve retomar o crescimento, mas a médio prazo;
  • O envolvimento de parte das grandes empreiteiras nas investigações da Lava Jato e as altas taxas de juros no País impedem uma reação mais rápida.

Fontes:
[1] Tendências e Neoway Criactive
[2] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
[3] Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC)

 

Lançamentos de produtos
Há planos para o desenvolvimento ou lançamento de novos produtos no Brasil este ano? Se sim, quais são?

Alexandre_pestana_EditorialPalavra de presidente
Mesmo com a atual redução da área consumida de vidro, o potencial latente para produtos mais sofisticados é gigante e aproveitá-lo é a melhor forma de atenuar os efeitos da crise.

Franco Faldinii (AGC)
Franco Faldinii (AGC)

Faldini (AGC): “Temos grandes novidades para os nossos clientes em 2017. Novos produtos, novas tecnologias para a linha de vidros refletivos e grandes lançamentos em vidros decorativos. Teremos mais detalhes assim que finalizarmos as campanhas para divulgação”.

Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)
Flávio Alves Vanderlei (Cebrace)

Vanderlei (Cebrace): “Sim, temos várias previsões de lançamentos para este ano, como produtos de proteção solar, vidros diferenciados para aplicação na construção civil e também novos produtos para o mercado de decoração e para linha branca”.

Juan Carlos Abreu (Guardian)
Juan Carlos Abreu (Guardian)

Abreu (Guardian): “Estamos trabalhando para sempre oferecer respostas às necessidades do nosso mercado, evoluindo em produto e serviço. Em breve, anunciaremos nossas novidades.”

Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)
Marcelo Machado (Saint-Gobain Glass)

Machado (Saint-Gobain Glass): “A Saint-Gobain Glass trabalha com um portfólio diversificado, mas continuamos sempre atentos acompanhando as tendências da arquitetura e procurando novos nichos de mercado para esse produto tão nobre e valorizado que é o vidro. No momento, ainda não temos a previsão de lançamento de produtos para este ano, mas nossas pesquisas e estudos sobre o assunto continuam em constante andamento”.

Sérgio Minerbo (UBV)
Sérgio Minerbo (UBV)

Minerbo (UBV): “Queremos fortalecer a presença dos produtos consagrados e consolidar o Mini-Boreal 7/8 mm, lançado no ano passado e que tem sido um impulsionador de vendas”.

Henrique Lisboa (Vivix)
Henrique Lisboa (Vivix)

Lisboa (Vivix): “Como citado anteriormente, ampliaremos o nosso portfólio de produtos com o lançamento dos vidros de controle solar”.

 

 

Setor automotivo

Em 2016

  • Produção automotiva (janeiro a novembro): queda de 11,2% [1]
  • Vendas de automóveis: queda de 20,47% [2]

Cenário para 2017
Para Pedrozo Jr. e Goldbaum, da GPM Consultoria Econômica:

  • A redução dos juros pode influenciar o aumento na demanda de automóveis, mas ele também depende da diminuição do desemprego;
  • A produção e as vendas no setor automotivo podem se estabilizar nos próximos meses, mas de forma lenta e gradual.

Fontes:
[1] Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
[2] Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave)

 

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Este texto foi originalmente publicado na edição 529 (janeiro de 2017) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui

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