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Conheça um pouco do conteúdo da ABNT NBR 16835

Este ano, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a norma ABNT NBR 16835:2025 — Ferragens para vidro temperado – Requisitos, classificação e métodos de ensaio, documento que estabelece os requisitos para fabricação, dimensionamento, segurança, funcionamento e acabamento superficial das ferragens para vidro temperado. A edição passada de O Vidroplano abordou o processo de publicação da ABNT NBR 16835 e a importância dela para o nosso setor. Agora, é hora de conhecer um pouco mais sobre o conteúdo e as determinações presentes nessa norma.

Escopo
As ferragens tratadas pela ABNT NBR 16835 são aquelas utilizadas para a fixação de vidros temperados monolíticos, de 8 ou 10 mm, móveis ou fixos, utilizados para o fechamento ou separação de áreas e ambientes internos ou externos. Fazem parte desse grupo de ferragens:

  • Dobradiças
  • Fechaduras e contrafechaduras
  • Trincos e contratrincos
  • Pivôs
  • Suportes
  • Puxadores
  • Roldanas

Vale observar que a norma já prevê que as ferragens que não estejam citadas em seu texto, ou novas ferragens que vierem a ser desenvolvidas para a mesma aplicação, também devem estar de acordo com a norma, pois ela trata dos requisitos mínimos de desempenho que qualquer ferragem para vidro temperado deve atender.

Por outro lado, a ABNT NBR 16835 não se aplica às ferragens para:

  • Envidraçamento de sacadas;
  • Fachadas tipo cortina;
  • Guarda‑corpos ou sistemas diferenciados;
  • Ferragens fabricadas para utilizações especiais e aplicações específicas – como, por exemplo, blindagens e sistemas de proteção ao fogo

Composição
De acordo com a norma, os materiais empregados na fabricação das ferragens para vidro devem ser resistentes à corrosão e às solicitações dos esforços mecânicos a que os componentes estão sujeitos durante sua instalação, utilização e manutenção. Além disso, também não podem facilitar o desenvolvimento de atividade biológica.

Na fabricação dos componentes das ferragens para vidro, os materiais metálicos e não metálicos devem atender tanto as normas correspondentes para cada tipo de material como os requisitos dessa nova norma.

Identificação do fabricante
O nome ou a marca de identificação do fabricante das ferragens para vidro devem estar marcados no produto de forma permanente e legível. A norma recomenda que seja possível identificar o fabricante após a instalação da ferragem.

Apresentação e acabamento

  • As peças devem possibilitar a montagem entre elas, resultando em um conjunto esteticamente harmonioso;
  • As peças aparentes do conjunto ferragem para vidro não podem apresentar defeitos visuais perceptíveis, como, por exemplo, rebarbas, riscos e batidas, desde que não sejam inerentes ao processo de fabricação ou ao tipo de acabamento, e que não causem danos ao usuário

Responsabilidades
O fabricante deve se responsabilizar por disponibilizar, fabricar e fornecer todos os componentes necessários para a instalação e o funcionamento adequado das ferragens para vidro.

Códigos e classificações
A ABNT NBR 16835 apresenta tabelas que indicam os códigos das ferragens para vidro temperado, assim como sua descrição e sua aplicação. Também são apresentadas figuras (meramente ilustrativas) das ferragens para vidro temperado.

 

Exemplo da apresentação de códigos e classificações das ferragens
Exemplo da apresentação de códigos e classificações das ferragens

 

Recortes – Dimensões e geometrias
Para possibilitar a instalação no vidro temperado, cada ferragem exige que sejam feitos recortes e/ou furos na peça de vidro antes de ela passar pelo tratamento térmico. Esses recortes e furos são padronizados em função do tipo e do código de cada uma das ferragens para vidro temperado. A ABNT NBR 16835 apresenta uma tabela informando quais as medidas referentes a esses recortes – como exemplo, veja o recorte da fechadura 1520 apresentado no documento:

 

Recorte para ferragens 1520, 1504 e 1531 (dimensões em milímetros; nota: desenho fora de escala)
Recorte para ferragens 1520, 1504 e 1531 (dimensões em milímetros; nota: desenho fora de escala)

 

Informações técnicas
De acordo com a norma, o fabricante das ferragens para vidro temperado deve disponibilizar, em mídias físicas ou digitais, de forma clara e visível:

  • O nome ou a marca de identificação do fabricante;
  • O código do produto;
  • As especificações técnicas, como, por exemplo, dimensões, carga máxima suportada e recortes;
  • Instruções de instalação e manutenção;
  • Orientações para utilização e conservação do produto;
  • Os materiais utilizados na fabricação dos componentes;
  • As regras ou os prazos de garantias, conforme a norma ABNT NBR 17170 — Edificações – Garantias – Prazos recomendados e diretrizes

Acesso gratuito à norma de ferragens
Os associados da Abravidro já podem acessar, gratuitamente, a ABNT NBR 16835 pelo ABNT Coleção: basta entrar no sistema, preencher os campos “empresa”, “usuário” e “senha” (caso já tenha usado o ABNT Coleção antes), e clicar em “Entrar”. Depois, dentro do sistema, é só procurar pela ABNT NBR 16835.

O cadastro dos usuários é feito pela própria Abravidro junto à ABNT. Caso o associado nunca tenha acessado o ABNT Coleção, ele deve entrar em contato com a entidade pelo telefone (11) 3873-9908 para solicitar o cadastro. Assim que for feito, a Abravidro enviará na sequência o login e a senha para sua empresa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 628 (abril de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Cris Martins

Norma indica quais vidros podem ser usados em guarda-roupas

Publicada no ano passado, a norma ABNT NBR 17.192 — Móveis para dormitório – Guarda-roupas – Requisitos e métodos de ensaio inclui em seu conteúdo orientações a respeito da aplicação de vidros e espelhos na fabricação desse tipo de móvel. Os requisitos são apresentados no Anexo C do documento como normativos – ou seja, não são apenas recomendações, mas sim itens a serem cumpridos.

O texto do Anexo C já inicia com informações importantes sobre o uso e a segurança do nosso material, indicando, por exemplo, o fato de que vidros ou espelhos aplicados no sentido vertical e com dimensões típicas de guarda-roupas estão suscetíveis ao impacto humano ou de objetos.

Nas portas
Apenas vidros de segurança – temperados ou laminados – podem ser usados como portas. Essa regra se aplica a toda a altura da porta, independentemente da localização do vidro em relação ao piso ou se a forma de instalação for autoportante ou encaixilhada.

No caso dos espelhos, podem ser usados em portas na forma de revestimento – ou seja, totalmente colados em um substrato. Nesse caso, devem ser fixados em superfícies planas, com várias linhas de filetes adesivos na vertical, para evitar que os fragmentos maiores do espelho se desprendam em caso de quebra. Com isso, assegura-se que o peso da peça não seja suportado somente pelas bordas, evitando assim o empenamento e, consequentemente, a distorção óptica dela. Além disso, as arestas dos espelhos não necessitam ser totalmente encaixilhadas em molduras, desde que as peças sejam coladas conforme a orientação dos fabricantes dos adesivos usados, estabelecendo-se a quantidade, a largura e a distância dos filetes.

Caso não seja usado como revestimento, o espelho só é permitido como porta do guarda-roupas se for laminado de segurança.

Nas divisórias fixas
Nas partes do guarda-roupa que não se caracterizam como portas, o tipo de vidro permitido varia conforme a altura em que estiver em relação ao piso e quanto à forma de instalação:

  • Abaixo de 1.100 mm em relação ao piso: é permitido apenas o uso de vidros de segurança temperados ou laminados;
  • Acima de 1.100 mm em relação ao piso: são permitidos vidros do tipo comum (que não são de segurança), desde que sejam totalmente encaixilhados ou colados em todo o seu perímetro. Porém, a norma também sugere o uso de vidros de segurança temperados ou laminados como preferenciais nesse caso.

Cuidados adicionais
O Anexo C da ABNT NBR 17.192 traz outras orientações. Entre elas, recomenda que os fabricantes que utilizam espelhos em guarda-roupas informem ao consumidor os cuidados básicos para prolongar a vida útil do material: de acordo com o texto, o procedimento mais indicado para a limpeza é com pano macio, limpo e umedecido em água morna, nunca usando produtos de limpeza ácidos ou alcalinos ou materiais abrasivos.

Outra informação importante é que os vidros de segurança devem atender os requisitos presentes em suas respectivas normas técnicas (ABNT NBR 14.697 — Vidro laminado e ABNT NBR 14.698 — Vidro temperado); além disso, as prateleiras de vidro nos guarda-roupas precisam atender a ABNT NBR 14.564 — Vidros para sistemas de prateleiras – Requisitos e métodos de ensaio.

Este texto foi originalmente publicado na edição 625 (janeiro de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Fernando Saker

Norma revisada abordará diferença na quebra de temperados em laminados

Guarda-corpos de laminados de temperados em trecho do Terminal de Passageiros 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador André Franco Montoro (foto: Cris Martins)
Guarda-corpos de laminados de
temperados em trecho do Terminal de
Passageiros 3 do Aeroporto Internacional
de São Paulo/Guarulhos Governador
André Franco Montoro (foto: Cris Martins)

 

É de conhecimento de todo o mercado que o comportamento de quebra do vidro temperado, quando usado na composição de um laminado, é diferente do que deve ser encontrado em um corpo de prova. Essa informação já consta em normas internacional e europeia do temperado – e também passará a constar na norma brasileira para esse produto, a ABNT NBR 14698 — Vidro temperado.

Do exterior para o Brasil
A norma internacional de vidro temperado ISO 12540:2017 — Glass in building – Tempered soda lime silicate safety glass e a norma europeia do mesmo produto, a BS EN 12150: 2019 — Glass in building – Thermally toughened soda lime silicate safety glass, explicam que o comportamento de quebra ou fragmentação desse vidro, quando aplicado ou instalado, pode não corresponder exatamente àquele descrito na metodologia do ensaio de fragmentação, que avalia o desempenho do tratamento térmico do material devido à forma de fixação, a ações externas, à causa da quebra ou se a peça fizer parte da composição de um laminado.

No Brasil, a comissão de estudos que trabalha na revisão da ABNT NBR 14698 já aprovou a inclusão de um parágrafo com essas informações. O texto atualizado, ainda em fase de elaboração, apontará que, em caso de quebra, o temperado de segurança se fragmenta em pequenos pedaços – contudo, a fragmentação do temperado, quando utilizado na composição de um laminado, aplicado ou instalado, pode não corresponder exatamente àquela descrita no item sobre o ensaio de fragmentação, como explicado.

 

Diferença no comportamento de quebra não significa que laminação do temperado o torne menos seguro: retenção dos fragmentos pelo interlayer impede sua queda sobre pedestres e mantém o vão fechado (foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte)
Diferença no
comportamento de
quebra não significa
que laminação do
temperado o torne
menos seguro:
retenção dos
fragmentos pelo
interlayer impede
sua queda sobre
pedestres e mantém
o vão fechado (foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte)

 

Por que a laminação muda esse comportamento?
“De maneira teórica, infere-se que a camada intermediária ajuda a dissipar parte da energia do vidro quebrado e a retardar a propagação da rachadura”, comenta Marcos Aceti, coordenador comercial e de Vendas Técnicas da Kuraray no Brasil. Julia Schimmelpenningh, gerente de Aplicações da Eastman para as Américas, aponta que a dissipação dessa energia pode fazer com que o padrão de quebra varie na comparação com peças não laminadas – ela ressalta, contudo que essa mudança não significa que a laminação do temperado torne o produto menos seguro: “A capacidade do laminado de reter os fragmentos e impedir que eles caiam ou voem é um dos atributos que torna esse produto desejável para qualquer envidraçamento que possa quebrar”, afirma.

Voltando à diferença no comportamento de quebra do temperado quando laminado, Eloi Bottura, cofundador da Latamglass, lista algumas das principais razões que podem explicar esse fenômeno:

  • Distribuição de tensões: “No temperado, a têmpera cria uma distribuição de tensões internas com compressão na superfície e tensão de tração no interior; quando o vidro é laminado, a presença do interlayer – geralmente PVB ou EVA – pode redistribuir essas tensões de maneira diferente em comparação com um vidro temperado monolítico”, observa;
  • Interação com a camada intermediária (interlayer): segundo Bottura, o interlayer do laminado atua como um amortecedor durante a quebra – assim, no caso de impacto, ele pode absorver parte da energia e alterar a maneira como as tensões se propagam através do vidro temperado, resultando em um padrão de quebra distinto;
  • Condições de fratura: a presença da camada intermediária também influencia essas condições, pois em um temperado monolítico, a fratura ocorre de maneira mais livre, enquanto em um laminado, a camada intermediária pode restringir ou modificar a propagação das trincas, afetando o padrão de fragmentação;
  • Resistência adicional: a estrutura composta do laminado (duas ou mais lâminas de vidro unidas por interlayer) pode conferir uma resistência adicional ao conjunto, modificando a resposta do temperado em relação a um impacto ou carga;
  • Espessura e dimensões: essas medidas também podem influenciar o comportamento de quebra. “Em uma composição laminada, as diferentes espessuras de cada camada de vidro podem resultar em uma resposta mecânica diferente em comparação à de um monolítico de espessura uniforme”, aponta Bottura.

Este texto foi originalmente publicado na edição 621 (setembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Laminados com bordas expostas requerem cuidados especiais

Entre as atualizações feitas no conteúdo presente na nova versão da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, publicada em fevereiro de 2023, está a apresentação de requisitos para a aplicação do vidro laminado em posição vertical com borda exposta: embora ela seja permitida, cuidados devem ser tomados se houver risco de exposição prolongada dessas peças à água, a solventes, a produtos químicos ou a outra forma de vapor. Veja a seguir quais são eles.

De olho na adesão
Os laminados fabricados a partir de vidros temperados ou termoendurecidos podem apresentar tensionamentos naturais, agindo contra a adesão do interlayer. Portanto, o tipo e a espessura do interlayer devem ser selecionados adequadamente. Para isso, os fabricantes desse insumo devem ser consultados para mais informações e orientações.

Influência do esforço mecânico
A soma do empenamento das bordas dos vidros que compõem o laminado pode gerar uma tensão mecânica agindo contrariamente à adesão do interlayer – caso essa adesão seja comprometida nas bordas do vidro, isso pode iniciar o processo de delaminação.

Em vidros autoportantes, a delaminação pode ser provocada pela aplicação de torque excessivo nos dispositivos de fixação ou pelo uso inadequado de calços, temporários ou não: em ambos os casos, pode haver a deformação dos vidros e, como resultado, a geração de tensão mecânica com ação contrária à adesão do interlayer. Para evitar que isso aconteça, o projetista deve estabelecer o torque correto para cada aplicação; além disso, o uso de calços, quando necessário, deve atender os requisitos especificados na ABNT NBR 7199 – Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações.

 

Foto: Acervo Abravidro
Foto: Acervo Abravidro

 

A tensão mecânica contrária à adesão do interlayer também é verificada nos vidros laminados compostos por vidros tratados termicamente – sejam eles temperados ou termoendurecidos – e pode, ao longo do tempo, iniciar o processo de delaminação de borda, inicialmente na forma de delaminação transparente, podendo evoluir para um aspecto turvo ou totalmente opaco (causado pela absorção de vapores de umidade ou líquidos, bem como de outros contaminantes que penetram pelas bordas do vidro).

Esse mesmo fenômeno pode ocorrer na borda inferior de vidros laminados instalados e encaixilhados, em que haja o acúmulo de água pela falta e/ou pelo comprometimento da vedação das bordas dos vidros ou a ausência de drenos no caixilho.

Interação química
Caso produtos químicos utilizados durante o processo de limpeza dos vidros laminados instalados com bordas expostas entrem em contato com elas – e, consequentemente, com seu interlayer –, eles podem interagir quimicamente e iniciar o processo de delaminação.

Já a aplicação de selantes em contato com o interlayer pode resultar em uma reação química, observada das bordas para o centro, conhecida como efeito de borda, que não é considerado um defeito. Apesar disso, a exposição constante à umidade e a existência de tensionamentos em ação contrária à adesão do laminado podem levar ao surgimento de defeitos.

Para evitar esses problemas, a norma recomenda que se consulte os fabricantes do laminado, do interlayer e dos materiais utilizados para a instalação da peça com borda exposta, sobre a compatibilidade entre os materiais e os possíveis efeitos. Ela também orienta que não se usem álcool ou outros produtos químicos no processo de limpeza das bordas expostas do vidro: o procedimento de limpeza deve seguir as orientações presentes na ABNT NBR 7199.

Caso haja necessidade de utilização de produtos químicos para a limpeza do vidro no processo de colagem com silicone estrutural ou com fita dupla face, o contato dos produtos químicos com as bordas deve ser evitado, limitando-se a limpeza à superfície do vidro, na área de colagem.

Este texto foi originalmente publicado na edição 619 (julho de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Magnetu/stock.adobe.com

Saiba como medir ondas de rolete em laminados

A última reportagem da seção “Por dentro das normas”, publicada na edição de fevereiro de O Vidroplano, apresentou os métodos de avaliação presentes na norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado para diferentes tipos de empenamento desse produto.

No caso das ondas de rolete (roller waves), que podem surgir em laminados termicamente tratados, a descrição da metodologia para medi-las é mais extensa (e complexa) que nos outros tipos – por isso, foi guardada para este mês. Confira como ela é feita.

Orientações gerais
Assim como no caso dos demais tipos de empenamento, a medição das ondas de rolete deve ser realizada na peça acabada de vidro laminado.

Para essa atividade, utiliza-se um perfil de alumínio com 350 mm de comprimento, com um relógio comparador posicionado em seu ponto médio.

 

normas1-abr2024

 

Passo a passo

1. O equipamento é posicionado sobre o vidro perpendicularmente à onda de rolete, de forma que ele descanse sobre os cumes da onda;

 

Posicionamento do equipamento transversalmente sobre a onda de rolete
Posicionamento do equipamento transversalmente sobre a onda de rolete

 

2. Em seguida, deve-se deslocar o equipamento ao longo do seu eixo, até encontrar o ponto em que o relógio comparador estabeleça o valor mais alto;

3. Nesse ponto, o relógio comparador está posicionado no ponto superior (pico) da onda de rolete – nele, o mostrador deve ser colocado na marcação zero;

 

Posicionamento do mostrador na marcação zero, no cume (pico) da onda de rolete
Posicionamento do mostrador na marcação zero, no cume (pico) da onda de rolete

 

4. A seguir, o equipamento é deslocado novamente ao longo do seu eixo até que o relógio leia o menor valor (isso indica que ele está posicionado no ponto inferior da onda), que deve ser registrado;

 

Deslocamento do relógio até o ponto inferior da onda de rolete
Deslocamento do relógio até o ponto inferior da onda de rolete

 

5. Finalmente, registra-se a altura da onda de rolete, calculada pela diferença entre o ponto zero e a leitura no ponto inferior. Para a peça ser aprovada, a altura da onda não pode ser maior que 0,3 mm.

 

Atenção!

  • Esse processo de medição pode ser realizado várias vezes sobre a mesma peça e trazer diferentes resultados, pois é pouco provável que as ondas de rolete sejam consistentes. O valor adotado deve ser o pior valor registrado nas medições;
  • A escala do relógio comparador normalmente se ajusta de forma que seja obtido um valor positivo quando o seu sensor é erguido – por isso, recomenda-se ter cuidado para não errar a leitura da altura da onda de rolete.

 

Limitações do uso do equipamento

  • O perfil com relógio comparador só pode ser usado em painéis de vidro com uma dimensão maior que 600 mm em sentido perpendicular à onda de rolete;
  • A medição não pode ser feita em uma distância menor que 150 mm da borda da peça, onde o equipamento não pode ser usado;
  • A deformação da região das bordas (compreendendo até 150 mm em relação a uma das bordas da peça) pode ser diferente da deformação dos roletes em relação ao restante da superfície do vidro;
  • Uma medição exata de onda de rolete só pode ser conseguida sobre uma peça plana de vidro – ou seja, se a peça tiver um empenamento total, o valor real da medição da onda de rolete pode ser afetado; portanto, esse fato deve ser considerado. Uma medição mais próxima do real pode ser obtida colocando a peça apoiada sobre uma superfície plana, como uma mesa, reduzindo o empenamento total devido ao seu próprio peso, especialmente no caso de peças grandes.

 

Uso alternativo do equipamento
Se o relógio comparador for montado no final do perfil de alumínio, ao invés de no centro, ele também pode ser usado para medir a elevação de borda.

Nesse caso, o corpo de prova deve ser colocado sobre a borda de uma mesa, com a borda da peça com a elevação sobressaindo entre 50 e 100 mm da borda de apoio, de forma que a elevação da borda fique como mostrado na figura abaixo:

 

normas5-abr2024

 

O equipamento deve ser deslocado até a borda do corpo de prova. A deformação máxima deve ser medida quando o relógio estiver apoiado no pico da elevação e tocar a borda do corpo de prova.

Associe-se e acesse o ABNT Coleção!
As empresas associadas à Abravidro têm acesso online à versão atualizada da ABNT NBR 14697 e a todas as outras normas técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), além de outras normas selecionadas relacionadas a nosso material, por meio do sistema ABNT Coleção.

Este texto foi originalmente publicado na edição 616 (abril de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Cris Martins

Saiba como medir empenamentos no vidro laminado

A nova versão da ABNT NBR 14697 — Vidro laminado trouxe uma série de atualizações sobre esse produto. Um dos novos pontos da norma, apresentado nas páginas de O Vidroplano em outubro do ano passado, foi a definição dos diferentes tipos de empenamento nos laminados e suas respectivas tolerâncias. Agora, é hora de saber quais são os métodos de avaliação e os critérios para aprovação para cada tipo.

Orientações gerais
Os empenamentos devem ser medidos na peça acabada de acordo com a metodologia citada no texto a seguir. Contudo, antes de realizar a laminação, recomenda-se que as chapas utilizadas na composição tenham o menor empenamento possível, pois, dependendo do nível desse problema, o processo de laminação pode ser comprometido.

Podem ser tomadas como referência as tolerâncias especificadas na Tabela 4 da ABNT NBR 14697, já apresentada na reportagem anterior.

 

1. Medição para empenamento total

  • Deve ser feita em temperatura ambiente;
  • A peça de vidro deve ser colocada em posição vertical, apoiada em seu lado mais longo por dois blocos de medida inferior a 100 mm, revestidos de borracha, conforme representado na figura a seguir:

 

pordentrodasnormas1-mar2024

 

Legenda:
1: lado mais longo do vidro (L ou H)
2: (L ou H)/2
3: (L ou H)/4
4: medida de cada um dos blocos apoiando o vidro para o ensaio (máximo de 100 mm)

  • Para medir, deve-se apoiar uma régua reta de metal, fio ou cabo totalmente esticado, na superfície do vidro, ao longo das bordas (largura e comprimento) e ao longo das diagonais, e medir a distância máxima (desvio) entre o vidro e a régua;
  • Para calcular o empenamento, os desvios encontrados, tanto na largura como no comprimento e na diagonal, devem ser divididos pelas suas respectivas medidas (sempre em milímetros).

Importante:

  • Deve ser adotado o maior valor encontrado nas medições;
  • Os valores não podem ser maiores que as tolerâncias especificadas na Tabela 4 da ABNT NBR 14697.

 

2. Medição para o empenamento local ou ondas de rolete

 

Empenamento localizado
Pode acontecer em distâncias relativamente curtas nas bordas do vidro:

  • Deve ser medido sobre um comprimento limitado de 300 mm, usando-se uma régua reta ou um arame esticado, paralelo à borda e a uma distância de 25 mm da borda do vidro;
  • O empenamento localizado deve ser expresso como sendo igual a mm (medidos) por 300 mm de comprimento.

 

Ondas de rolete (roller wave)
As ondas de roletes são medidas por meio de um relógio comparador, de acordo com o método especificado no Anexo B da ABNT NBR 14697, ou por um método alternativo com a medição feita por meio de equipamento de varredura digital (escâner).

Por se tratar de um conteúdo extenso, a descrição completa do método de avaliação para esse tipo específico de empenamento do laminado será apresentada na próxima edição da seção “Por dentro das normas”.

 

3. Medição para elevação de borda

  • O vidro deve ser apoiado sobre uma superfície plana, com a borda sobressaindo da superfície de apoio entre 50 e 100 mm, colocando-se uma régua sobre o vidro;
  • A borda deve ficar para fora da mesa, como mostrado na figura a seguir:

 

pordentrodasnormas2-mar2024

 

Legenda:
1: Régua reta
2: Elevação de borda
3: Vidro
4: Superfície plana para apoio

  • A elevação de borda pode ser medida por meio de um relógio comparador, desde que ele seja montado no final do perfil de alumínio, ao invés de no centro;
  • O equipamento deve ser deslocado até a borda da peça – a deformação máxima deve ser medida quando o relógio comparador se apoiar no pico da elevação e tocar a borda da peça;
  • A medição da elevação de borda também pode ser feita por meio de escâner;
  • Os valores máximos da elevação de borda são especificados na Tabela 4 da ABNT NBR 14697.

 

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Este texto foi originalmente publicado na edição 614 (fevereiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Cris Martins

Conheça os tipos e tolerâncias de empenamento em laminados

Entre as atualizações presentes na norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, publicada em fevereiro deste ano, estão os requisitos e métodos de avaliação do empenamento nesse tipo de vidro. A versão anterior do documento não continha informações referentes a esse tópico.

Nesta edição de O Vidroplano, o “Por dentro das normas” apresenta as variedades de empenamentos, bem como suas respectivas tolerâncias. Na próxima edição desta seção, serão abordados os métodos de avaliação para cada um deles.

Tipos
De acordo com a ABNT NBR 14697, as peças do vidro laminado estão sujeitas a:

1. Empenamento total: trata-se de uma flecha que a peça ou a chapa de vidro pode apresentar em função do seu processo de fabricação, tratamento térmico (no caso de peças temperadas ou termoendurecidas) e/ou processo de laminação, conforme ilustrado na figura a seguir:

empenamento1

2. Empenamento localizado: há duas formas para o surgimento dessa deformação:

a) Ondas de rolete (roller wave): podem ocorrer em distâncias relativamente curtas, no plano do vidro, causadas tanto no processo de fabricação do vidro como no tratamento térmico horizontal – nesse caso, a ondulação formada é caracterizada pela formação de picos e vales (ver figura a seguir);

empenamento2

b) Empenamento local: é causado por marcas de pinças e constituído por uma deformação pontual e localizada, oriunda do processo de tratamento térmico vertical. A figura abaixo representa esse tipo de empenamento.

empenamento3

3. Elevação de borda (dianteira e traseira): pode ser gerada no processo de tratamento térmico horizontal; portanto, só pode ser observada e medida em vidros laminados termicamente tratados (ver figura abaixo).

empenamento4

 

Tolerâncias para empenamento de peças acabadas de vidros laminados

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Importante: a norma do laminado determina que o processador deve ser consultado nos casos de vidros termicamente tratados em formato quadrado, com ângulos menores que 90 graus ou serigrafados, uma vez que as tolerâncias apresentadas acima podem ser diferenciadas.

Atenção!

  • Os empenamentos total e localizado, bem como a elevação de borda (edge kink) do vidro termicamente tratado a ser usado na composição do laminado, têm maior relevância e maior necessidade de controle quando comparados com o vidro termicamente tratado monolítico. Isso ocorre porque, em geral, para o monolítico, essas características estão relacionadas apenas às distorções ópticas e aos efeitos estéticos do vidro; já no termicamente tratado a ser laminado, além de essas características poderem gerar distorções ópticas mais acentuadas (devido à sobreposição de duas ou mais lâminas do material), elas podem também contribuir para o surgimento de outros defeitos, como bolhas de ar e delaminações pós-instalação do sistema de envidraçamento;
  • Os vidros termicamente tratados que irão compor o laminado devem atender os requisitos das suas normas técnicas: ABNT NBR 14698 — Vidro temperado e ABNT NBR 16918 — Vidro termoendurecido;
  • A ABNT NBR 14697 recomenda, com o objetivo de evitar futura delaminação, que o processador tenha um cuidado maior quanto à disposição das chapas na montagem do laminado, de forma a assegurar o maior paralelismo possível entre os vidros.

 

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Este texto foi originalmente publicado na edição 610 (outubro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Cris Martins

Conheça a 2ª etapa de ensaio de classificação de segurança para laminados

Conforme prometido na edição de abril de O Vidroplano, este mês a seção “Por dentro das normas” dá sequência à explicação sobre as atualizações no texto revisado da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, publicado no final de fevereiro pela ABNT.

Desta vez, abordaremos com detalhes as metodologias aplicadas na 2ª etapa de classificação de segurança do vidro laminado — uma novidade na nova versão da norma. Esse ensaio também utiliza dispositivos de impacto para avaliar as características de quebra dos vidros, buscando conferir se são seguros e capazes de reduzir lesões causadas por acidentes.

Diferença entre as etapas
A 1ª etapa dessa avaliação (Método A), explicada com detalhes nesta seção na edição de abril, refere-se ao ensaio de impacto de pêndulo — método empregado para comprovar que o vidro laminado atende a classificação de segurança necessária ao projeto.

A 2ª etapa (Método B) é um ensaio complementar, chamado de impacto por queda de esfera, utilizado quando nenhuma das lâminas da composição do laminado sofreu dano (quebra, trinca ou fissura) durante o ensaio de impacto por pêndulo, feito na 1ª etapa.

Requisitos
Ao serem ensaiados conforme a metodologia descrita na norma para a classe de segurança desejada, os corpos de prova devem atender a uma das seguintes condições após o impacto da esfera:

A) Não pode quebrar;

B) O vidro quebrou, mas não há ruptura da camada intermediária;

C) O vidro quebrou e ocorre ruptura da camada intermediária, mas a esfera (com 2,3 kg de massa e 83 mm de diâmetro) não passa livremente pela camada intermediária em até 10 segundos;

D) Caso ocorra o desprendimento de partículas do corpo de prova após 3 minutos, o volume total não pode ser superior à massa equivalente de uma área de 10.000 mm² — e o maior fragmento deve ter massa inferior ao equivalente de uma área de 4.400 mm² do corpo de prova.

Atenção: para determinar o peso total dos fragmentos desprendidos, deve-se pesar o corpo de prova antes e depois do ensaio e avaliar se a diferença de massa atende os requisitos citados acima.

Sobre os corpos de prova
Devem ser selecionados três corpos de prova quadrados, com dimensões de 300 mm. Eles devem ser representativos de uma produção normal do laminado submetido ao ensaio e da mesma produção dos corpos de prova do ensaio da 1ª etapa, além de identificados com as seguintes informações:

  • Fabricante;
  • Data de fabricação;
  • Lote do vidro e da camada intermediária;
  • Composição (tipo de vidro, tipo de camada intermediária e espessura nominal de cada componente).

Quantidade
O número de corpos de prova necessário para a realização dos ensaios deve ser definido de acordo com o especificado a seguir:

A) O ensaio deve ser conduzido para cada diferencial de altura em três estruturas idênticas e mesma espessura nominal:

  • Para a classe A de segurança: diferencial de altura de 3.660 a 3.673 mm;
  • Para a classe B de segurança: diferencial de altura de 750 a 763 mm.

B) Se os materiais forem laminados assimétricos, o número deve ser dobrado, a não ser que a aplicação prevista para o laminado seja em situação de risco de impacto em apenas um de seus lados. Nesse caso, o solicitante precisa indicar a face de impacto.

Preparação do ensaio
A preparação dos corpos de prova deve seguir alguns critérios:

A) Todo material destinado à proteção, identificação ou embalagem do laminado deve ser removido;

B) As peças devem ser acondicionadas à temperatura de 19 °C a 29 °C, durante um período mínimo de quatro horas.

Equipamento
O dispositivo principal (utilizado para acomodar o corpo de prova) é composto pelas seguintes partes:

  • Esfera de aço maciço liso com 83 mm de diâmetro e massa de 2,3 kg;
  • Mecanismo que, após liberação, permita que a esfera atinja o corpo de prova dentro de um raio de 25 mm do seu centro;
  • Sistema de apoio da amostra (para a queda da esfera) construído em aço, capaz de suportar o corpo de prova pelas bordas, formando um quadro vazado.

Procedimento
Para garantir a legitimidade de todo o processo, o ensaio precisa ser realizado seguindo esta ordem:

A) Identificar o corpo de prova;

B) Registrar a composição do laminado, temperatura ambiente, data, altura da queda e superfície a ser impactada;

C) Pesar e registrar o peso do corpo de prova antes do impacto;

D) Colocar a amostra na estrutura de suporte com a face a ser impactada voltada para cima;

E) Elevar a esfera de aço até a altura selecionada, de acordo com o especificado para a classe de segurança (A ou B), e assegurar que, após a liberação, ocorra a queda de forma livre até o impacto com o centro da amostra. Detalhe: a medição da altura deve ser feita do fundo da esfera até a superfície do vidro;

F) Verificar as características de resistência do corpo de prova, em um intervalo de 10 segundos após o impacto;

G) Pesar e registrar o peso do corpo de prova após o impacto;

H) Registrar o resultado obtido pela amostra;

I) Repetir o ensaio nas duas amostras adicionais com a mesma configuração de impacto e lote de produção.

Avaliação dos resultados
Após ser submetido aos processos, o laminado é considerado aprovado na classificação de segurança se todos os corpos de prova ensaiados atenderem os requisitos do ensaio. É importante destacar que o parecer do ensaio determina exclusivamente a classificação da peça como vidro de segurança, não interferindo com os resultados e a avaliação de durabilidade do vidro.

Crédito: Magnetu/stock.adobe.com
Crédito: Magnetu/stock.adobe.com

 

Relatório de ensaio
Além das informações referentes ao corpo de prova, no relatório devem constar os resultados obtidos nos ensaios da 1ª etapa e, quando executados, os da 2ª etapa, declarando a classificação de segurança final dos corpos de prova. Exemplo: “O corpo de prova passou nos ensaios de impacto com pêndulo (Método A) na Classe 1 e passou no ensaio de queda de esfera (Método B) na Classe A”.

Saiba mais
Para outras informações relacionadas a esse ensaio, como especificação do equipamento para a realização do impacto de esfera, preparação dos corpos de prova e o procedimento, consulte a ABNT NBR 14697:2023. Importante: as empresas associadas à Abravidro têm acesso online a todas as normas técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Plano (ABNT/CB-37), além de outros documentos relacionados ao nosso material. Associe-se já!

Este texto foi originalmente publicado na edição 606 (junho de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Benjamin Salazar/stock.adobe.com

Norma muda metodologia de classificação de laminados

Conforme noticiado na edição passada de O Vidroplano, o texto revisado da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado foi publicado no final de fevereiro. A nova versão traz uma série de atualizações. Dentre elas estão alterações importantes na metodologia de classificação de segurança do produto. A seguir, confira os novos critérios e detalhes do teste.

Princípio
A finalidade do ensaio é determinar a classificação de segurança do laminado por meio de dispositivos de impacto, avaliando se as características de quebra são seguras, de forma a reduzir as lesões por corte ou perfuração por impacto acidental em pessoas.

Vale observar que a norma ABNT NBR 14697 não especifica o uso pretendido dos produtos, mas fornece um método de classificação para o desempenho deles. Cabe ao especificador do projeto determinar a classe de segurança desejada e aplicar o produto conforme essa classe, a fim de garantir a segurança dos usuários.

Avaliações em duas etapas
Para determinação da classe, devem ser empregados dois métodos complementares de avaliação:

  • O primeiro é o impacto de pêndulo, um método destrutivo utilizado para comprovar que o vidro laminado atende a classificação de segurança necessária ao projeto;
  • O segundo é o impacto por queda de esfera, um método destrutivo adicional utilizado em situações em que nenhuma das lâminas da composição do laminado tenha sofrido qualquer dano (quebra, trinca ou fissura) durante o ensaio de impacto por pêndulo, para avaliar o seu comportamento de quebra.

O segundo teste é uma novidade incorporada à nova versão da norma e daremos mais detalhes sobre ele na próxima edição do “Por dentro das normas”.

Nesta edição trataremos da 1ª etapa de classificação de segurança do vidro laminado que é o teste de impacto de pêndulo. Trata-se de um ensaio que já existia na versão anterior da norma de laminado, mas que sofreu algumas atualizações que você verá a seguir.

Equipamentos necessários

  • Corpo de prova: uma peça do vidro a ser ensaiado com 876 mm de comprimento e 1.938 mm de altura;
  • Sistema de fixação (estrutura que manterá a peça fixa e com sua face voltada para o impacto) com tiras de borracha nos pontos de contato com o vidro;
  • Pêndulo de 45 kg, formado por uma bolsa de couro sintético preenchida com granalhas de chumbo de diâmetro de 2,5 mm;
  • Sistema de sustentação, formado por um cabo de aço de 5 mm de diâmetro.

 

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Passo a passo
1. O dispositivo de impacto deve ser suspenso até a altura prevista para a classificação solicitada pelo contratante do ensaio:

  • Para a classe 2 de segurança: diferencial de altura de 450 a 470 mm acima do centro do vidro;
  • Para a classe 1 de segurança: diferencial de altura de 1.200 a 1.235 mm acima do centro do vidro.

2. O impacto deve ocorrer no centro do corpo de prova, apenas uma vez; se houver mais de um impacto, o ensaio deve ser invalidado.

Atenção: se o laminado for assimétrico (isto é, composto por peças monolíticas com espessuras diferentes), orientações adicionais devem ser observadas:

  • Vidros laminados assimétricos utilizados em aplicações em que o risco de impacto exista para os dois lados devem ter seus dois lados submetidos ao ensaio – nesse caso, são utilizados dois corpos de prova com a mesma composição, com cada um tendo um lado ensaiado;
  • Ainda sobre esse tipo de vidro, caso o risco de impacto exista para apenas um lado, ele deve ter apenas o lado designado submetido ao ensaio – e esse fato deve ser mencionado no relatório de ensaio.

Critérios para a aprovação da classe
Após o impacto na classe de segurança pretendida, o corpo de prova deve ser inspecionado:

  • Caso o vidro não quebre, deve ser submetido em seguida ao ensaio de impacto por queda de esfera e atender os seus requisitos;
  • Se houver quebra, o vidro deve atender todos os critérios abaixo:

1. Os cortes e orifícios do laminado não podem permitir passagem livre de uma esfera de aço de 76 mm de diâmetro ou quando uma força de 25 N for aplicada progressivamente por meio dessa esfera (posicionada sobre o ponto mais fragilizado);

2. Caso ocorra o desprendimento de partículas do corpo de prova após três minutos, elas devem ser pesadas e não podem exceder a massa equivalente de uma área de 10 mil mm² do corpo de prova. Além disso, o maior fragmento desprendido do corpo de prova deve ter massa inferior à massa equivalente de uma área de 4.400 mm² do corpo de prova.

O texto da versão revisada da norma apresenta exemplos de cálculo para a avaliação do peso dos fragmentos desprendidos, para auxiliar o entendimento dos requisitos.

Saiba mais
Para outras informações relacionadas a esse ensaio, como especificação do equipamento para a realização do impacto, preparação dos corpos de prova e procedimento, consulte a ABNT NBR 14697:2023.

As empresas associadas à Abravidro têm acesso online a todas as normas técnicas do Comitê Brasileiro de Vidros Plano (ABNT/CB-37), além de outros documentos técnicos relacionados a nosso material.

Este texto foi originalmente publicado na edição 604 (abril de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Saiba quais são as tolerâncias dimensionais para espelhos

Os espelhos estão entre os principais produtos do setor de vidros planos – afinal, eles estão em praticamente todo lugar: como pequenas peças aplicadas acima da pia do banheiro ou no revestimento de paredes inteiras em halls de edifícios, por exemplo. Devido a essa onipresença, todo cuidado é necessário para garantir sua integridade e qualidade.

Como não poderia deixar de ser, esses produtos contam com uma norma técnica específica, a ABNT NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação. Um dos pontos abordados nesse documento é a inspeção de peças beneficiadas, com a definição das tolerâncias para as medidas dos espelhos beneficiados em relação àquelas presentes na especificação da peça no projeto. Veja a seguir quais são elas.

O que são espelhos beneficiados?
Segundo a ABNT NBR 15198, trata-se de espelhos submetidos a processos destinados a dar à peça condições de ser utilizada. Algumas atividades do beneficiamento envolvendo esse material são corte limpo, lapidação, filetagem, biselamento, furos, recortes etc.

Como medir?
De acordo com a norma, as dimensões lineares de altura, largura e diâmetro devem ser medidas com trena graduada em milímetros.

Tolerâncias para as medidas de espelhos RETANGULARES:
Altura: ± 2 mm
Largura: ± 2 mm

Tolerâncias para as medidas de espelhos MODELADOS:
± 3 mm

Tolerâncias para a diferença entre as DIAGONAIS DE ESPELHOS RETANGULARES:

tabeladiagonais

 

Tolerâncias para FUROS E RECORTES:
Furos: ± 1 mm
Recortes: ± 2 mm

Como saber mais sobre as normas para vidros?
A Abravidro sedia o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) e está à disposição para esclarecer dúvidas e fornecer as informações corretas sobre as determinações das normas técnicas para o uso do nosso material. Entre em contato!
Telefone: (11) 3873-9908
E-mail: cb37@abnt.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 602 (fevereiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Cris Martins

Conheça os ensaios de esforço estático em guarda-corpos

Para assegurar a proteção que os guarda-corpos oferecem às pessoas contra o risco de queda acidental, esses sistemas precisam passar por uma série de ensaios previstos na norma ABNT NBR 14718 — Guarda-corpos para edificação. Dois desses testes são os de esforço estático horizontal e de esforço estático vertical. A seguir, saiba como são realizados e quais aspectos do desempenho são avaliados em cada um deles.

Para que servem?
Os dois ensaios referem-se à aplicação de cargas sobre o sistema e à medição de deslocamentos ou deformações decorrentes. Segundo a engenheira Michele Gleice da Silva, diretora-técnica do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec), o esforço horizontal tem o intuito de simular pessoas se encostando nos guarda-corpos ou puxando-os “para dentro” – inclusive considerando que possa ocorrer aglomeração de pessoas, levando em conta cada aplicação específica (como guarda-corpos de unidades privativas, área institucionais de médio e alto tráfego, entre outras). Já o teste de esforço vertical simula as pessoas apoiando os braços sobre a estrutura.

Equipamentos
Para a realização dos ensaios, além do protótipo do guarda-corpos a ser testado, são utilizados relógios comparadores para verificar os deslocamentos e massas (anilhas) para a aplicação das cargas – podendo também usar células de carga para os esforços. O Laboratório de Componentes do Falcão Bauer utiliza massas que simulam a aplicação de pressão de vento, um conjunto de roldanas para uma melhor aplicação dos esforços, deflectômetros para realização das leituras de deformações e trena graduada para o dimensionamento da aplicação das forças e distribuição dos deflectômetros.

Michele ressalta que a ABNT NBR 14718 estipula que ambos os ensaios – bem como um terceiro, o de resistência a impacto – devem ser realizados em um mesmo protótipo. “É importante destacar ainda que a norma especifica que os ensaios são destrutivos e, por isso mesmo, devem ser sempre realizados em protótipos, nunca nos guarda-corpos instalados para uso definitivo na obra”, alerta.

Esforço estático horizontal
1. Os relógios comparadores são instalados nos pontos indicados na norma para a medição das deformações;

2. Uma pré-carga de 20 kgf/m é aplicada de fora para dentro em pontos também pré-estabelecidos pela norma. Decorrido o tempo previsto, as deformações indicadas nos relógios são registradas;

3. Aplica-se então a carga de uso, conforme o tipo de utilização dos guarda-corpos (descrito na Tabela 1 da ABNT NBR 14718). Após o tempo determinado, registra-se novamente a deformação, retira-se a carga e, três minutos depois, mede-se a deformação residual;

4. Os mesmos processos são repetidos, desta vez com os esforços sendo direcionados de dentro para fora;

5. Ainda de dentro para fora, após a aplicação da pré-carga e da carga de uso, é aplicada a carga de segurança, determinada na norma.

De acordo com o Laboratório de Componentes do Falcão Bauer, os valores da carga de uso e da carga de segurança são estabelecidos na ABNT NBR 14718 em função do tipo de aplicação, pressão de vento para quantidades de pavimentos, altura máxima da edificação e região do País onde o guarda-corpos será instalado.

Esforço estático vertical
Para esse ensaio, é utilizado somente o trecho de um elemento de fechamento para a aplicação dos esforços – geralmente definido entre os montantes estruturais ou, no caso de guarda-corpos autoportantes, a folha de vidro. Quando esse ensaio é realizado em sistema composto somente de vidro, e com altura superior a 1,10 m, Michele Gleice orienta que os perfis metálicos sejam revestidos com borracha, de forma a fazer um “sanduíche” no elemento de fechamento e não causar esforços pontuais no vidro.

Há somente duas etapas:

  • A carga de segurança apresentada na Tabela 1 da norma é aplicada no centro do elemento superior do guarda-corpos, utilizando dispositivo apropriado que garantirá a distribuição da carga. Quando a estrutura tiver corrimão ou perfil superior, deve-se medir a deformação deles também;
  • Decorrido o tempo de aplicação da carga, aguardam-se três minutos e é feita então a verificação da deformação residual.

Requisitos para aprovação
Para o ensaio de esforço estático horizontal, o guarda-corpos não pode apresentar deformação superior a:

  • 25 mm na aplicação da carga de uso (tanto de fora para dentro como de dentro para fora);
  • 3 mm na leitura de deformação residual (tanto de fora para dentro como de dentro para fora);
  • 150 mm na aplicação da carga de segurança (de dentro para fora);

– além disso, a carga de uso não pode provocar ruptura de qualquer componente do guarda-corpos (incluindo os vidros), e não pode ocorrer afrouxamento ou destacamento de componentes ou dos elementos de fixação.

Para o ensaio de esforço estático vertical:

  • A deformação sob carga não pode ser superior a 20 mm;
  • A deformação residual deve ser de, no máximo, 8 mm;
  • O protótipo não pode apresentar ruptura e não pode ocorrer afrouxamento ou destacamento de componentes e dos elementos de fixação.

No caso de guarda-corpos estruturais de vidro, o Laboratório de Componentes do Falcão Bauer ressalta que não é feita leitura de deformação, apenas uma avaliação visual do sistema, já que neste caso o corpo de prova é basicamente composto pela folha de vidro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 599 (novembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Olesia Bilkei/stock.adobe.com

Norma determina entrega de manual na venda de boxes de banheiro

Boxes de banheiro são um assunto recorrente nas reportagens de O Vidroplano. E com razão: a venda desses sistemas está entre as atividades mais procuradas nas vidraçarias. Há uma norma técnica dedicada especialmente a esses produtos, a ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. A publicação traz uma série de orientações para o seu projeto, instalação, uso e manutenção a fim de assegurar que eles possam ser utilizados com segurança pelos consumidores.

E uma importante determinação presente na norma diz respeito à obrigatoriedade da entrega dos manuais de utilização, limpeza e manutenção dos boxes, para que os usuários finais saibam como cuidar corretamente do produto e preservar sua integridade.

Informações indispensáveis
De acordo com a ABNT NBR 14207, os fabricantes de boxe de banheiro devem fornecer um manual ou folheto de instruções ao comprador, os quais precisam conter:

1. Identificação do modelo ou tipo de boxe;

2. Orientações de uso e conservação, incluindo os seguintes avisos:

  • Se o vidro for lascado, deve ser substituído para evitar risco de quebra;
  • Deve ser feita a manutenção periódica, no mínimo anual, em todos os itens do boxe, para verificar se eles estão em perfeitas condições de funcionamento;
  • Não bater no vidro com objetos duros ou pontiagudos;
  • Para limpeza do boxe, utilizar somente pano úmido com detergente neutro ou sabão neutro, secando-o a seguir;
  • Em caso de mau funcionamento do boxe ou quebra de algum componente, deve-se interromper o seu uso (do contrário, o vidro pode quebrar) e solicitar imediatamente a manutenção do sistema;
  • Em caso de o vidro da porta encostar no chão durante sua abertura ou fechamento, é preciso isolar imediatamente o boxe e chamar um técnico responsável pela manutenção do produto;
  • Toda manutenção deve ser solicitada pelo cliente final e executada por pessoa qualificada.

De Olho no Boxe
A entrega obrigatória dos manuais aos clientes é um dos principais pontos abordados pelo programa De Olho no Boxe, desenvolvido pela Abravidro com o objetivo de levar, de maneira fácil de entender, conhecimento técnico sobre a ABNT NBR 14207 para vidraceiros e consumidores.

O site do De Olho no Boxe disponibiliza, gratuitamente, o Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes de banheiro, bastando fazer o download do documento e imprimi-lo. Vale destacar que esse manual está disponível em duas versões:

  • Arquivo em PDF: preserva o texto original e é recomendado para qualquer modelo de boxe (seja frontal ou de canto, com abertura de correr ou pivotante, com ou sem transpasse);
  • Arquivo em Word: o vidraceiro pode acrescentar ao texto recomendações específicas para aquele tipo de produto que está sendo vendido e instalado antes de imprimir.

Este texto foi originalmente publicado na edição 596 (agosto de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da imagem de abertura: Reprodução

Conheça um dos ensaios para envidraçamento de sacada

Antes da instalação de qualquer envidraçamento de sacada, a norma sobre o produto (ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas) determina que um protótipo do sistema completo, incluindo os vidros, precisa ser aprovado em diferentes ensaios. Um deles é o de resistência às cargas uniformemente distribuídas (pressão de vento). A classificação que o item atinge, informada no laudo emitido pelo laboratório, indica se a solução é adequada para a instalação em determinada região do País. Conheça mais sobre o ensaio a seguir.

Aparelhos necessários
Câmara de ensaio com abertura em uma de suas faces que permita a fixação do corpo de prova a ensaiar, de forma a garantir a reprodução da interface do sistema e do vão de instalação, conforme recomendação do projeto ou manual de instalação do fabricante;

Sistema de aplicação de pressão que garanta a estabilização da pressão estática especificada durante o período de ensaio;

Aparelhos de medida de pressão que permitam medir as diferenças de pressão estática com exatidão de medição de ± 20 Pa.

Passo a passo
1. O corpo de prova (o protótipo do sistema a ser testado), medindo 2.300 mm de largura e 2.300 mm de altura e dividido em quatro folhas de, aproximadamente, 575 mm de largura cada uma, é fixado na câmara de ensaio, de acordo com a recomendação do projeto ou o manual de instalação do fabricante;

2. Todas as partes móveis do corpo de prova são submetidas a cinco ciclos completos de abertura, fechamento e travamento. Os componentes são ajustados para que fiquem em condições de operação, conforme as recomendações do fabricante;

3. Caso não seja atingida a pressão de ensaio necessária (cujo valor é determinado de acordo com a Tabela 1 presente na ABNT NBR 16259), toda a área do protótipo deve ser coberta com um filme plástico para que, quando a pressão for aplicada, ela atinja todo o corpo de prova e não interfira no resultado do ensaio;

4. O sistema é submetido a 30% da pressão de ensaio especificada – em seguida, a diferença de pressão é anulada e é feita a avaliação visual para identificar e registrar possíveis colapsos, como quebra de vidro, ruptura dos perfis ou componentes, verificando a abertura, fechamento e travamento das folhas móveis do corpo de prova;

5. Após essa análise, o corpo de prova é submetido a 60% e 100% da pressão especificada, e a análise citada é repetida;

6. Os mesmos procedimentos são repetidos para avaliar o desempenho em relação à pressão de sucção (negativa).

Vale observar que a pressão de segurança (cujos valores também são informados na Tabela 1 da ABNT NBR 16259 de acordo com a região em que se pretende instalar o envidraçamento ensaiado) é aplicada por duas vezes na pressão positiva e, em seguida, por duas vezes na pressão negativa (sucção). O tempo para atingir a pressão de segurança deve ser superior a cinco segundos e inferior a vinte segundos, e ela deve ser mantida por sete segundos (com tolerância de 3 segundos para mais ou para menos).

Requisitos para aprovação
a. Não apresentar ruptura, colapso total ou parcial de qualquer um de seus componentes, incluindo o vidro;

b. Não ter o seu desempenho deteriorado quanto às condições de abertura e fechamento;

c. Não apresentar destacamento parcial ou total de componentes e de elementos de fixação.

Demonstração ao vivo na Glass 2022
O envidraçamento de sacada será um dos sistemas a ser apresentados na 3ª edição do Vidro em Ação, iniciativa da Abravidro e NürnbergMesse Brasil para a feira Glass South America. A atração será comandada por Ricardo Câmara, diretor e instrutor da Central do Vidraceiro e Serralheiro, em quatro sessões temáticas diárias.

Não perca a oportunidade de visitar o Vidro em Ação para tirar dúvidas e aprender mais sobre o desempenho necessário para a aprovação desse sistema!

Este texto foi originalmente publicado na edição 594 (junho de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Crédito da imagem de abertura: evannovostro/stock.adobe.com

Norma determina marcação de termoendurecidos

A norma ABNT NBR 16918 — Vidro termoendurecido, publicada em novembro de 2020, apresenta os requisitos para o processo de fabricação desse tipo de vidro. Um deles, bastante relevante, diz respeito à marcação do produto. Saiba a seguir como ela deve ser feita e entenda sua importância para garantir a segurança do material.

Características
A ABNT NBR 16918 estabelece que toda peça de termoendurecido deve ser marcada com a identificação do fabricante de forma indelével – isto é, ela não pode se soltar do vidro – e permanente.

A marcação deve conter:

– A identificação do fabricante, podendo ser a logomarca, o nome ou ambos;

– A identificação do tipo de vidro com o texto “Vidro Termoendurecido” ou a sua abreviação “VTE”. Também é permitido utilizar “HS”, abreviação do nome do produto em inglês (heat strengthened glass).

Outras informações podem ser acrescentadas, caso haja um acordo entre o fornecedor e o cliente. A norma orienta que a marcação de identificação permanente deve ser aplicada próximo a um dos cantos da peça, de forma que fique visível quando for instalada. Apesar disso, a ABNT NBR 16918 permite que seja em outro local do vidro, sendo visível ou não, desde que isso seja acordado entre as partes (caso o cliente solicite ao processador que a aplicação seja em local não visível, por exemplo).

Vale destacar que é essa marcação que permite identificar o vidro como termoendurecido, ajudando a diferenciá-lo de uma peça comum ou temperada. Assim, ela indica se o material correto foi utilizado na aplicação pretendida.

A marcação em outros tipos de vidro
O termoendurecido não é o único material cuja marcação é obrigatória. A ABNT NBR 14698 — Vidro temperado determina que toda peça de temperado deve ser marcada com a identificação do fabricante de forma indelével. O objetivo, de igual modo, é ajudar a identificar o produto.

Em relação aos automotivos, eles não podem sair da fábrica sem a identificação regulamentada pelo Inmetro. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran), por meio da Resolução Nº 254/07, estabelece os critérios para a aplicação de pictogramas nas peças contendo informações como índice de transmitância luminosa, marca do fabricante e o símbolo de conformidade do Inmetro. Além disso, a norma ABNT NBR 9491 — Vidros de segurança para veículos rodoviários – Requisitos determina que essa identificação deve ser colocada em local de fácil visualização no produto.

Por que marcar?
Além de ajudar na identificação de seu tipo, a marcação permite sua rastreabilidade – ou seja, identificar qual processadora o produziu.

Vale observar que isso contribui para a divulgação da empresa junto aos consumidores, mostrando que o processador confia na qualidade do seu material. Por isso, nunca deixe de aplicá-las em suas peças.

Crédito da imagem de abertura: Aleksei/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

ABNT NBR 7199 traz orientações para pisos de vidro

Pisos de vidro são estruturas que chamam muito a atenção – apenas em 2021, duas capas de O Vidroplano foram dedicadas a obras com esse tipo de aplicação: o Skyglass Canela (no RS), em fevereiro, e o Sampa Sky (em SP), em agosto. Ainda há quem tenha medo de andar sobre eles, mas são bastante seguros – desde que estejam dentro das normas. A seguir, saiba o que se determina para a especificação e instalação dessas estruturas.

Que vidro usar?
A ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações classifica os pisos de vidro como instalações especiais e define que o único vidro que pode ser utilizado nesse tipo de aplicação é o laminado de segurança, composto de duas ou mais placas de vidro fortemente interligadas por uma ou mais camadas intermediárias (interlayers) de PVB, EVA ou resina. Dessa forma, em caso de quebra de uma das lâminas, os fragmentos ficam presos nessa camada, impedindo o surgimento de aberturas no vão, reduzindo o risco de acidentes e ferimentos e mantendo a área fechada até que a substituição do vidro seja realizada.

Importante: para ser considerado vidro de segurança, o laminado deve ser submetido aos ensaios de impacto para a classificação de segurança previstos na ABNT NBR 14697 — Vidro laminado, além de atender os requisitos estabelecidos nessa mesma norma.

Atenção ao apoio
O vidro não pode tocar diretamente na estrutura em que está apoiado. Por isso, é necessária a utilização de calços de fundo e laterais, tomando-se os seguintes cuidados:

– Os calços não podem ser de materiais hidroscópicos (que liberam umidade) ou que apodreçam;

– Os apoios das bordas dos pisos devem ter, no mínimo, uma vez e meia a espessura total da placa de vidro, para sua sustentação.

Atenção: caso seja necessária a furação da peça para sua fixação, o vidro deverá ser laminado de temperado – ou seja, laminado composto por placas de temperado.

Atenção à resistência
O cálculo da capacidade de carga e da espessura necessárias para o vidro deve ser feito por projetistas considerando diversos fatores, entre eles o tipo de carga que a estrutura deverá suportar.

De acordo com a ABNT NBR 7199, também é necessário considerar que, em caso de quebra de uma das placas de vidro, as demais peças da composição devem suportar a carga pelo tempo necessário para desocupação e isolamento do local e posterior substituição do vidro.

Manutenção
Para evitar o risco de quebras, é necessário realizar anualmente vistorias nas interligações do sistema e em suas vedações. A limpeza deve ser feita apenas com água e sabão neutro – produtos químicos devem ser evitados, pois podem agredir a camada intermediária e levar à delaminação da peça.

Vale destacar ainda que a borda do vidro laminado não pode ter contato direto e permanente com água ou umidade.

Crédito da imagem: Cris Martins

Este texto foi originalmente publicado na edição 589 (janeiro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Norma indica requisitos para instalação de espelhos

A venda e a instalação de espelhos estão entre as atividades básicas de qualquer vidraçaria. Talvez por isso, os profissionais já acostumados a realizar esse trabalho algumas vezes deixam de atentar em orientações importantes presentes na norma ABNT NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação, o que pode levar a danos ao produto e prejuízos para a empresa.

Para evitar que isso aconteça, reveja a seguir alguns dos principais requisitos dessa norma.

De quem é a responsabilidade?
De acordo com a ABNT NBR 15198, toda e qualquer instalação de espelho devem garantir condições mínimas de resistência mecânica e segurança, sendo de responsabilidade do projetista assegurar essas condições.

Onde instalar?
A parede ou superfície em que o espelho é instalado ganha o nome de substrato: pode ser de concreto, madeira ou outros materiais.

Para que a instalação possa ser feita, o substrato deve apresentar as seguintes características:

Ter resistência suficiente para suportar o espelho;

– Ser plano, a fim de não apresentar distorção óptica;

– Possuir isolamento quanto à umidade.

Além disso, a ABNT NBR 15198 traz orientações sobre o que levar em consideração em relação ao substrato:

– Não instalar o espelho sobre paredes de concreto e reboco frescos – recomenda-se que haja, no mínimo, duas semanas de cura da superfície;

– Não instalar diretamente em paredes que contenham coluna de água quente.

Caso seja necessário utilizar madeira como substrato, a norma recomenda a utilização do tipo MDF ou similar.

Tipos de instalação
A instalação química é feita por meio de adesivos. O material precisa conter elastoméricos neutros, como silicones de cura neutra de base alcoxi sem solventes tóxicos, ou fitas dupla face isentas de solvente – nunca use colas com solventes orgânicos (como as de “sapateiro”) para esse trabalho.

Importante: os adesivos devem ser aplicados na superfície em que será feita a colagem em filetes sempre na vertical, para permitir a passagem de ar e o escoamento da umidade. Para uma perfeita adesão, é fundamental efetuar a limpeza eficiente da superfície pintada e do substrato, removendo a poeira e a oleosidade com água ou álcool isopropílico.

Outra possibilidade é a instalação mecânica do espelho, por meio do uso de ferragens como molduras, botões franceses ou presilhas. Nesse caso, um cuidado obrigatório é o uso de espaçadores (calços ou arruelas, dependendo do tipo de ferragem) feitos de borracha ou plástico, de maneira que evitem o contato direto entre o espelho e o metal e que não absorvam umidade.

Na hora da instalação
Uma etapa fundamental antes da fixação do espelho é a verificação tanto das medidas dele como das do espaço em que ele será colocado. A superfície em que a peça será fixada também precisa estar limpa e seca. E, entre dois espelhos, deve existir uma folga de, no mínimo, 1 mm.

Outro ponto importante: entre o costado do espelho e a superfície do substrato deve haver um espaçamento de 3 mm. Isso permitirá a circulação de ar atrás dele e, assim, impedirá o acúmulo de umidade e a corrosão que esta pode causar no produto.

Após a instalação
O instalador deve informar ao consumidor os cuidados básicos a serem tomados para prolongar a vida dos espelhos, indicando, por exemplo, que a limpeza de espelhos é diferente da de outros tipos de vidro:

– Ela deve ser iniciada com um espanador, para retirar a poeira depositada em sua superfície;

– Nunca utilizar produtos abrasivos, ácidos ou alcalinos;

– Não borrifar produtos de limpeza líquidos diretamente no espelho – o produto deve ser sempre aplicado no pano que será passado na peça;

– Usar pano macio e limpo, umedecido com álcool ou água morna;

– Em banheiros, em caso de lavagem de paredes, nunca jogar água ou produtos químicos de limpeza que possam escorrer por trás do espelho ou mesmo em suas bordas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 587 (novembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça o ensaio de fragmentação para termoendurecidos

Desde novembro de 2020, o processo de fabricação de termoendurecidos conta com uma norma própria — a ABNT NBR 16918 — Vidro termoendurecido —, a qual estabelece, entre outras coisas, os ensaios para avaliação do desempenho do produto. E um desses testes é o de fragmentação. Saiba como ele é feito e quais os requisitos necessários para sua aprovação.

Procedimento
A norma determina que o ensaio deve ser realizado em cinco corpos de prova (amostras do vidro a serem testadas), todos com dimensões de 360 x 1.100 mm e sem entalhes, furos ou cortes.

O corpo de prova é colocado deitado sobre uma superfície plana, sem nenhuma retenção mecânica. Para prevenir a dispersão dos fragmentos, a peça deve ser contida – apenas em seus lados – por um pequeno marco ou com fita adesiva, por exemplo, de modo que os fragmentos permaneçam unidos depois da quebra, mas sem impedir a sua dispersão.

A peça é então submetida a um impacto, utilizando uma ferramenta pontiaguda de aço, cujo raio de curvatura da ponta seja de, aproximadamente, 0,2 mm. O impacto precisa ser feito em uma posição a 13 mm da maior borda do corpo de prova, no ponto médio da borda.

Importante: caso o produto seja fabricado mediante o processo de termoendurecimento vertical, o ponto de impacto não pode ser na borda com marcas de pinças.

Conferindo a fragmentação
A análise deve excluir uma área de 100 mm de raio a partir do ponto de impacto e uma área de 25 mm ao redor de toda a borda do corpo de prova.

Cada fragmento produzido durante o ensaio tem de ser avaliado conforme as seguintes etapas:

1. Ao menos uma ponta do fragmento deve chegar até a área excluída. A recontagem das partículas e a medição das dimensões da maior partícula precisam ser realizadas entre 3 e 5 minutos depois da quebra;

2. Quando nenhuma das pontas do fragmento atingir a área excluída, produz-se uma “ilha” ou uma “partícula” para ser pesada e se obter a massa. As “partículas” são fragmentos com área inferior a 100 mm², enquanto as “ilhas” são fragmentos com área igual ou superior a 100 mm².

Para calcular a área do fragmento em mm², utiliza-se a seguinte fórmula: A (em mm²) = [Peso do fragmento / (espessura x 2,5)] x 1.000. Como exemplo, um fragmento de vidro de 6 mm de espessura e pesando 1,5 g tem uma área equivalente de 100 mm²;

3. O número de fragmentos “ilha” deve ser contado, e cada um deles precisa ser pesado;

4. Em seguida, as “partículas” são recolhidas e pesadas.

Requisitos para a aprovação
– Pelo menos quatro dos cinco corpos de prova ensaiados têm de atender os seguintes requisitos para que o produto seja classificado como vidro termoendurecido:
a. Não pode haver mais de dois fragmentos tipo “ilha”;
b. Não pode haver nenhum fragmento “ilha” com área/massa equivalente a mais de 1.000 mm²;
c. Não pode haver uma área/massa equivalente de todas as “partículas” que exceda 5.000 mm².

– Além disso, se um dos cinco corpos de provas não cumprir os requisitos acima, para que o produto seja classificado como vidro termoendurecido, este deve atender as seguintes condições:
a. Não pode ter mais de três fragmentos “ilha”;
b. A área/massa equivalente de todas as “ilhas” e “partículas” não pode exceder 50.000 mm².

Este texto foi originalmente publicado na edição 585 (setembro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda como é feito o ensaio de impacto em guarda-corpos

A realização dos ensaios e aprovação dos guarda-corpos conforme previsto na norma NBR 14718 — Guarda-corpos para edificação são fundamentais para assegurar que esses sistemas sejam capazes de cumprir sua principal função: garantir a proteção das pessoas contra o risco de queda acidental. A seguir, especialistas explicam as etapas de um desses ensaios, o de resistência a impacto, quais os requisitos para aprovação do guarda-corpos e onde os testes podem ser realizados.

Aparelhos necessários
Impactor (saco de material resistente em forma de gota, com diâmetro aproximado de 300 mm), contendo em seu interior esferas de vidro (bolinhas de gude) com massa total de 40 kg;

Sistema de fixação composto por cabos de aço e roldanas, de forma que permita que o saco, ao cair, descreva um movimento pendular;

Gabarito prismático para verificar se eventuais deformações nos guarda-corpos ou rupturas dos elementos de fechamento, fixações etc., permitem ou não a passagem desse equipamento.

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Passo a passo
A engenheira Michele Gleice da Silva, diretora técnica do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec), lista as etapas do ensaio:

1) Posicionar o impactor no lado de dentro do guarda-corpos (sentido de dentro para fora), no centro geométrico do elemento de fechamento, distante de 5 a 15 mm desse fechamento;

2) Levantar o impactor, como um pêndulo, até que a distância entre seu centro geométrico e o centro geométrico do fechamento chegue a 1,5 m;

3) Soltar o impactor, ocasionando a colisão dele no guarda-corpos, com força de 600 J.

 

Requisitos para aprovação
por-dentro-das-normas3De acordo com o Laboratório de Componentes do Falcão Bauer, após o ensaio de resistência a impacto, é feita uma avaliação visual a fim de verificar se houve possíveis destacamentos de fixações ou ruptura de componentes – em caso de quebra do vidro, o sistema só será aprovado se não permitir a livre passagem de um gabarito prismático de 0,255 × 0,115 × 0,115 m no vão.

Michele, do Itec, acrescenta que não pode ocorrer a queda do elemento do fechamento ou de partes desse elemento – ou seja, o vidro não pode se desprender completamente. “Todas essas verificações visam a garantir que eventuais deformações não criem espaço suficiente para que uma criança, por exemplo, passe pelo vão.”

Onde o ensaio pode ser feito?
Segundo a NBR 14718, os testes podem ser realizados tanto em laboratório como em local estabelecido pelo contratante, incluindo a própria obra, desde que o local permita o acesso no piso para os lados interno e externo do protótipo e a instalação de todos os equipamentos necessários para a realização dos ensaios.

O Laboratório de Componentes do Falcão Bauer informa que os requisitos e métodos de ensaios da norma são os mesmos para os ensaios em laboratório e na obra. Contudo, ressalta que, em laboratório, há um ambiente controlado livre de possíveis interferências externas nos resultados, gerando maior confiança a estes.

Um ponto crucial apontado por Michele é que a NBR 14718 especifica que os ensaios devem ser feitos em protótipo – ou seja, num trecho do guarda-corpos instalado especificamente para o teste e não no sistema instalado no local de uso definitivo. “É comum vermos vídeos em que os ensaios são desenvolvidos em guarda-corpos que já estão no imóvel. Além de essa questão não atender requisito normativo, podem ocorrer danos não visíveis no momento, como na fixação, e que, após o uso, a ação da chuva, vento e sol possam ocasionar o desprendimento do sistema ou causar patologias na viga ou laje em que ele está instalado”, alerta a diretora técnica do Itec.

Este texto foi originalmente publicado na edição 583 (julho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Saiba como é feito o ensaio de choque térmico para temperados

Não é segredo que o vidro temperado possui resistência mecânica de até cinco vezes mais do que um vidro comum – mas ele precisa também resistir a choques térmicos. A norma NBR 14698 — Vidro temperado apresenta um ensaio para assegurar que o produto terá o desempenho esperado nesse quesito.

As etapas do teste – demonstrado para os visitantes do espaço Vidro em Ação, durante a edição 2018 da Glass South America – e os requisitos necessários para aprovação do temperado são apresentados a seguir.

 

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Aparelhos necessários
– Estufa capaz de atingir, de forma controlada, a temperatura de 250 ºC. Deve ter capacidade para acondicionar peças de temperado com dimensões de 350 x 350 mm;

– Termômetro graduado e calibrado com precisão mínima de ± 0,5 ºC;

– Sistema com regulagem de altura conjugado a um dispositivo que retenha o esguicho da água;

– Esguicho com controle do fluxo de água com vazão de 10 a 15 ml/s, com um diâmetro de jato de água de 5 a 7 mm;

– Suporte da peça de vidro (corpo de prova) constituído por dois cilindros de madeira maciça, cada um com diâmetro de 25 mm e comprimento suficiente para apoiar toda a extensão do corpo de prova. Os dois cilindros devem ser posicionados paralelamente entre si – a distância entre seus eixos deve ser de 200 mm.

Importante: antes do ensaio, é necessário medir a temperatura da água que será utilizada – ela deverá estar na faixa de 23 (±2) ºC.

Passo a passo do ensaio
As etapas abaixo são as mesmas para qualquer espessura de vidro a ser ensaiado:

1. O corpo de prova (uma peça de temperado com dimensões de 350 x 350 mm) é colocado na estufa, cuja temperatura deve ser regulada para atingir 250 ºC. O vidro deve ficar dentro da estufa por, no mínimo, 30 minutos.

2. Após esse período, a peça é posta sobre o suporte, de maneira que fique simétrica em relação aos apoios.

3. Acima do suporte, está o esguicho – a altura dele deve ser regulada para 150 mm em relação ao plano do corpo de prova.

4. O jato de água é liberado durante 90 segundos, sendo direcionado perpendicularmente e atingindo exatamente o centro da peça de vidro.

Requisito para aprovação
O temperado, independentemente da espessura, precisa suportar esse choque térmico durante os 90 segundos sem apresentar qualquer trinca ou quebra.

Este texto foi originalmente publicado na edição 581 (maio de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda como é feito o ensaio de resistência ao impacto em boxes de banheiro

Boxes de banheiro devem receber apenas vidros de segurança (temperados com ou sem película de proteção e laminados). Por isso mesmo, o bem-estar do usuário é um fator essencial desse produto. Mas não basta especificar as peças corretas: antes de qualquer empresa poder comercializá-lo, é preciso que o produto seja aprovado nos ensaios estabelecidos na norma NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança. Um desses é o de resistência ao impacto – a seguir, saiba como ele é feito.

 

Aparelhos necessários
Saco cilíndrico de couro, com diâmetro de aproximadamente 250 mm e altura de 600 mm contendo no seu interior areia seca, pesando 40 kg;

– Sistema para sustentação do saco de couro, constituído por um suporte (com dimensão superior à altura do boxe) e um cabo de aço;

– Haste para verificação de diferença de cota, com, no mínimo, 1,5 m.

 

Preparação do ensaio
O primeiro passo é a instalação do boxe de banheiro em uma estrutura rígida, seguindo as instruções fornecidas pelo fabricante do sistema. Atenção: o ensaio só deve ser realizado após passadas mais de 24 horas da instalação.

O saco cilíndrico de couro deve ser posicionado para colidir com o centro da folha de vidro, estando em sua posição de repouso, a uma distância de 5 a 15 cm dela. O ensaio é realizado na porta do boxe (fechada) e no painel fixo de maior dimensão – no caso de boxes de canto com porta pivotante, a folha adjacente à folha móvel também deve ser ensaiada.

 

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Ensaiando o sistema
O saco cilíndrico de couro é suspenso do centro geométrico da folha de vidro do boxe até a altura prevista para a produção da energia necessária (veja quais a seguir). Depois, ele é solto para fazer um movimento pendular, de forma a atingir o boxe com as energias predeterminadas.

Os impactos devem ser aplicados no centro geométrico das folhas de vidro, sem repique, na seguinte ordem:

– Um impacto de 40 J (diferença de altura de 100 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de dentro para fora do boxe;

– Um impacto de 80 J (diferença de altura de 200 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de dentro para fora do boxe;

– Um impacto de 40 J (diferença de altura de 100 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de fora para dentro do boxe;

– Um impacto de 80 J (diferença de altura de 200 mm em relação ao centro geométrico da folha de vidro) no sentido de fora para dentro do boxe.

 

Requisitos para aprovação do boxe
Após cada impacto de 40 ou 80 J, o boxe precisa ser inspecionado visualmente. Devem ser verificados os esforços necessários para abertura e fechamento da porta. Utilizando-se um dinamômetro, aplicam-se três esforços de abertura e três de fechamento no puxador ou na posição equivalente. A média dos valores das três medições é o esforço necessário para movimentar a porta do boxe — isso não pode exceder a 50 N.

Após cada impacto:

– É proibido
1. Quebrar, soltar ou cair uma ou mais peças de vidro;
2. Quebrar ou soltar qualquer perfil estrutural;
3. Desprender um ou ambos os lados dos perfis superiores;
4. Quebrar ou soltar a roldana dos trilhos superiores, no caso de portas deslizantes;
5. Quebrar ou soltar a dobradiça da porta, no caso de portas pivotantes.

– É permitido
1. Quebrar ou soltar a guia inferior;
2. Soltar o perfil mata-junta.

Vale destacar que, mesmo sendo aprovado no ensaio, o boxe ainda está sujeito a desgastes e avarias que surgem com o tempo – por isso, é fundamental que o vidraceiro sempre entregue o manual ao consumidor no ato da instalação, para que ele tenha as informações sobre os cuidados que deve tomar com o produto e, principalmente, para conscientizá-lo sobre a importância da manutenção preventiva do sistema a cada 12 meses.

Este texto foi originalmente publicado na edição 579 (março de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça os ensaios de ciclos dos boxes de banheiro

Um dos ensaios para boxes previstos na norma NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança é o de ciclos. Ele é bastante importante, pois avalia até três aspectos diferentes: os esforços de abertura e fechamento do sistema, o comportamento dele em relação à repetição desse ciclo, e, em alguns casos, a resistência ao deslocamento.

Veja a seguir as etapas desse ensaio e qual o desempenho esperado para a aprovação do produto. Vale destacar que o modelo de boxe submetido à avaliação pela norma só é aprovado quando todos os corpos de prova ensaiados atenderem as especificações de cada ensaio.

 

Preparação do corpo de prova
O boxe deve ser instalado seguindo as orientações do fabricante, utilizando roldanas ou dobradiças previamente submetidas ao ensaio de corrosão por névoa salina e que não tenham apresentado qualquer característica que altere a sua finalidade de uso (por exemplo, oxidação vermelha).

Os aparelhos necessários para a realização da análise são:

– Um dinamômetro com resolução de 1 N para aplicar os esforços de abertura e fechamento no puxador da porta;

– Um sistema que promova repetidamente ações de abertura e fechamento da folha a ser ensaiada e que possua um contador de ciclos;

– Um relógio comparador (deflectômetro), com resolução de 0,1 mm.

 

Primeira etapa: esforços de abertura e fechamento
Após a montagem do boxe, o dinamômetro é utilizado para aplicar três esforços de abertura e três de fechamento no puxador da porta ou na posição equivalente.

A média dos valores das três medições é o esforço necessário para movimentar a porta do boxe, que não pode exceder 50 N.

 

Segunda etapa: repetição dos ciclos
Um sistema é instalado no puxador da porta para promover repetidamente ações de abertura e fechamento da folha a ser ensaiada. Esse aparelho precisa ter um contador de ciclos, o qual deve ser regulado para uma frequência de, aproximadamente, 600 ciclos completos por hora.

– Se o modelo de boxe de banheiro for de duas portas, o ensaio é realizado na que apresenta o maior comprimento.

– Portas com folhas de abrir (pivotantes) são ensaiadas até um ângulo de abertura de 90 graus.

A medição do esforço necessário para abertura e fechamento é realizada no início do ciclo e nos intervalos de 3 mil, 6 mil e ao final dos 15 mil ciclos determinados pela norma.

Para aprovação nessa etapa, as partes móveis (isto é, o conjunto da porta compreendido pelo vidro, dobradiça e/ou roldanas) devem atender as seguintes condições:

a) os esforços aceitáveis para abertura e fechamento do boxe devem ser de, no máximo, 50 N;

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b) o vidro não pode se soltar ou quebrar durante o ensaio de ciclo.

 

Terceira etapa: resistência ao deslocamento
Para modelos de boxe de canto é aplicado outro teste após o ensaio de ciclo, para avaliar sua resistência ao deslocamento. Ele é realizado medindo a altura central do boxe com as portas fechadas e depois com elas abertas (no eixo do encontro dos dois perfis perpendiculares), utilizando um deflectômetro.

No total, são efetuadas seis leituras com um intervalo de três minutos entre elas. Ao final, encontra-se o deslocamento calculando a diferença entre as leituras iniciais (com as portas abertas) e finais (fechadas).

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Para que seja aprovado, o deslocamento vertical do boxe de canto (movimentação do perfil superior) não pode exceder 8,8 mm. Além disso, o vidro não pode encostar no chão, mesmo que o deslocamento seja inferior a essa medida.

Este texto foi originalmente publicado na edição 577 (janeiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda a importância dos ensaios em temperados

Os detalhes sobre os ensaios de empenamento e fragmentação do vidro temperado, previstos na norma NBR 14698 — Vidro temperado, foram apresentados nas páginas de O Vidroplano em janeiro e março deste ano. Mas você sabe por que é importante que as processadoras os realizem e registrem seus resultados? E com qual frequência devem ser feitos? Veja a seguir as respostas para essas e outras perguntas.

Avaliação de qualidade
O bom desempenho do temperado nesses testes é um indicativo da sua qualidade. “O ensaio de fragmentação garante que o processo de fabricação esteja bem ajustado, de forma a obtermos um produto que se fragmente em pedaços pequenos, menos cortantes, em caso de quebra”, explica Edweiss Silva, consultor da Abravidro para certificação do vidro temperado pelo Inmetro.

No ensaio de empenamento (ou planicidade), a verificação deve ser feita para garantir dois pontos muito importantes.

Primeiro para que a deformação causada por alguma variação do processo não venha a interferir na montagem; segundo para que o vidro não apresente distorções ópticas em excesso.

Em ambos os casos, os testes devem ser realizados na própria empresa, por pessoal treinado para a correta execução. Normalmente, o responsável pela têmpera (forneiro) é quem cuida dessa tarefa, afinal é ele quem deve saber se há necessidade de algum ajuste no processo de têmpera para garantir a qualidade exigida.

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Anotação dos resultados
Não basta realizar os ensaios: é preciso que seus resultados sejam devidamente anotados. “A grande importância desses registros é comprovar o controle satisfatório da fabricação e auxiliar os responsáveis na verificação dos diversos tipos de vidro produzidos no decorrer do dia”, observa Edweiss.

Isso pode ser feito de diferentes formas: anotações em formulário simples, registro via sistema informatizado ou até com a utilização de imagens digitais. Vale destacar que, embora nenhuma regulamentação determine esse controle, ter os resultados dos testes é uma segurança a mais. “Mesmo se a empresa não tiver a certificação dos temperados, entendemos que os registros são essenciais para possíveis casos de reclamações de clientes”, alerta o consultor.

Frequência das avaliações
A Portaria Inmetro nº 327/2007 determina que sejam realizados pelo menos uma vez por dia os ensaios de fragmentação e empenamento dos temperados, para comprovação de qualidade. Ela também exige que todos os testes de desempenho do produto (classificação de segurança, choque térmico, choque mecânico, fragmentação, dimensional, planicidade e visual) sejam realizados anualmente em laboratório acreditado pelo Inmetro.

Edweiss, porém, recomenda que as empresas realizem os ensaios no início de produção diária, e sempre considerando cada mudança de produto. “Dessa forma, a quantidade de testes será variável, pois depende da quantidade de diferentes produtos que a processadora venha a fabricar no mesmo dia. Por exemplo, se produzir temperados de 6, 8 e 10 mm, no mínimo três ensaios devem ser realizados e registrados, um para cada espessura.”

Dicas para a avaliação dos temperados
É recomendável que o resultado da contagem dos fragmentos esteja entre o mínimo e o máximo permitido. A norma exige um resultado de 40 a 100 fragmentos, sendo ideal 70. Dessa forma, mesmo que haja variações, pois nenhum processo é 100% estável, tem-se uma boa margem de segurança tanto para mais como para menos.

Sobre o ensaio de empenamento, Edweiss ressalta que a tolerância estabelecida pela NBR 14698 é o desvio máximo que o vidro temperado pode apresentar. O processador deve sempre levar em consideração a capacidade do seu processo e o projeto de cada cliente para entregar os vidros com o mínimo de empenamento possível.

Este texto foi originalmente publicado na edição 575 (novembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Envidraçamento de sacadas: entenda como é feito o ensaio de resistência a impacto de corpo mole

O envidraçamento de sacadas funciona como uma barreira transparente entre um ambiente e seu exterior — e, frequentemente, o desnível de altura entre ambos é grande. Dessa forma, o sistema precisa oferecer um mínimo de proteção caso algo ou alguém se choque contra ele.

Para garantir isso, a NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio estabelece que o envidraçamento de sacada deve passar por um teste de resistência ao impacto de corpo mole. A seguir, veja como é feito e quais são as condições para aprovação do sistema.

Falcão Bauer
Falcão Bauer

 

Na prática
Nesse ensaio, o sistema é instalado em condições normais, com as folhas fechadas, utilizando o travamento disponível na porta. Em seguida, um saco em forma de gota, com diâmetro aproximado de 300 mm e preenchido com 40 kg de esferas de vidro é então usado para atingir o centro geométrico da face interna (a que estará voltada para o lado de dentro do ambiente) de um dos painéis de vidro centrais, a fim de avaliar a resistência do sistema.

As etapas do teste, após a montagem do sistema em um suporte rígido, na posição vertical, são as seguintes:

1) O saco de couro é elevado até que seu centro de gravidade coincida com o centro geométrico da folha, com tolerância de 10 mm (a face do saco deve tangenciar a face da folha central do sistema);
2) Depois, ele é elevado até a diferença de cota do centro de gravidade do saco de couro em relação à cota do centro geométrico da folha (600 mm, com tolerância de 10 mm a mais ou a menos). Essa diferença é medida com a mira ou régua vertical graduada, correspondendo à energia de impacto de 240 J;
3) O saco de couro é liberado em movimento de pêndulo, acelerado somente pela ação da gravidade, atingindo o centro geométrico do vidro;
4) Após o impacto, o operador deve evitar que o saco volte e bata novamente no vidro;
5) Ao final, cinco ciclos completos de abertura e fechamento são executados, a fim de avaliar se o comportamento do sistema encontra-se deteriorado.

Requisitos para aprovação
Após o impacto, o envidraçamento de sacadas não pode apresentar:
• Destacamento do sistema de fixação;
• Descarrilamento ou ruptura do sistema de roldanas.

Além disso, em caso de quebra da folha de vidro atingida, a ruptura não pode permitir a passagem de um gabarito prismático de 250 x 110 x 110 mm.

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Vale ressaltar que as condições acima dizem respeito à aprovação nesse ensaio específico. O sistema só é considerado aprovado para instalação se atender todos os requisitos estabelecidos na NBR 16259.

Outros ensaios previstos na norma NBR 16259:
• Comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento (apresentado na edição de julho de O Vidroplano);
• Resistência à corrosão;
• Resistência às cargas uniformemente distribuídas;
• Avaliação dos perfis de alumínio anodizados ou pintados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 573 (setembro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda como funciona o ensaio de ciclos

Um dos principais atrativos do envidraçamento de sacadas é a sua possibilidade de abertura ou fechamento, por meio do deslizamento e recolhimento de suas folhas móveis. Assim, o bom funcionamento desse ciclo de movimentos é essencial para assegurar a qualidade do produto a ser instalado.

Um dos testes estabelecidos na norma ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, publicada em 2014, é o ensaio de ciclos.  A seguir, explicamos como ele é feito e qual o desempenho esperado para a aprovação do produto.

 

Preparando o corpo de prova
O objetivo do ensaio de ciclos é verificar o comportamento do envidraçamento de sacadas em relação a ações repetidas
de abertura e fechamento. O teste é feito com um protótipo chamado no laboratório de corpo de prova. Ele deve ser instalado com os mesmos detalhes de projeto (ou do manual de instalação do fabricante), componentes, selantes e outros dispositivos de vedação do produto que é entregue ao consumidor.

O corpo de prova é providenciado e montado no laboratório em que o ensaio será realizado e deve medir 1.150 mm de
largura e 2.300 mm de altura, com apenas uma folha móvel de, aproximadamente, 575 mm de largura.

 

Como o ensaio é executado?
A primeira etapa, logo após a instalação do corpo de prova em um suporte rígido e na posição vertical, consiste na realização de cinco ciclos completos de abertura e fechamento de todos os painéis do envidraçamento.

Em seguida, um dispositivo é instalado na folha móvel do sistema para abri-la e fechá-la, com regulagem que gera
uma frequência constante de abertura e fechamento. Isso é feito tanto para os movimentos deslizantes como para os movimentos pivotantes da folha. Também é usado um aparelho na contagem  dos ciclos.

O protótipo é então submetido a 10 mil ciclos de abertura e fechamento nos dois tipos de movimento em uma frequência de 140 a 150 ciclos por hora. Cada ciclo consiste em um movimento de pivotamento, seguido por outro de deslizamento de saída e retorno ao ponto de estacionamento do sistema.

 

Requisito para aprovação
Para ser aprovado no ensaio de verificação do comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento, o corpo de prova deve suportar os 10 mil ciclos sem que haja:
• Ruptura dos vidros;
• Deterioração ou ruptura de qualquer componente;
• Comprometimento das suas funções de abertura e fechamento.

Vale destacar que o modelo ou tipo de envidraçamento só é aprovado se também atender os demais ensaios e requisitos da norma ABNT NBR 16259.

 

Outros ensaios previstos na NBR 16259:
• Resistência à corrosão;
• Resistência às cargas uniformemente distribuídas;
• Resistência ao impacto de corpo mole;
• Avaliação dos perfis de alumínio anodizados ou pintados.

 

Foto: Divulgação Tec-Vidro

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Saiba como são feitos os ensaios de classificação de segurança

Desde sua edição de 2016, a Glass South America, maior feira do setor vidreiro na América Latina, conta com o espaço Vidro em Ação, organizado pela Abravidro. Ali os visitantes têm oportunidade de ver ao vivo alguns dos ensaios realizados em laboratório para a certificação do nosso material. Um dos testes que mais chamam atenção do público é o de classificação de segurança para os temperados e laminados. Por isso, mostramos como eles são feitos e quais os resultados esperados para a aprovação das peças.

Definindo o nível de segurança
A norma NBR NM 293 — Terminologia vidros planos e dos componentes acessórios à sua aplicação define os vidros de segurança como aqueles “cujo processo de fabricação reduz o risco de ferimentos em caso de quebra”.

Para laminados e temperados se enquadrarem nisso, devem atender um ensaio extra de resistência ao impacto, previsto em suas respectivas normas técnicas (NBR 14697 — Vidro laminado e NBR 14698 — Vidro temperado). Após essa avaliação, os vidros recebem a classificação de segurança 1, 2 ou 3, sendo a primeira a mais resistente.

O que é necessário para os testes
– Corpo de prova, isto é, uma peça do vidro a ser ensaiado (com 876 mm de comprimento e 1.938 mm de altura);

– Sistema de fixação (estrutura que manterá a peça fixa e com sua face voltada para o impacto) com tiras de borracha nos pontos de contato com o vidro;

– Pêndulo de 50 kg, formado por pneus e chumbo, sustentado por cabo de aço;

– Sistema de sustentação, formado por um cabo de aço de 5 mm de diâmetro.

Como é feito
O pêndulo é lançado contra o centro do corpo de prova. Podem ser realizados até três impactos em uma placa, na seguinte ordem:

1. Com o pêndulo sendo solto a uma altura de 200 mm acima do centro do vidro (para classe 3 de segurança);

2. Com o pêndulo sendo solto a uma altura de 450 mm acima do centro do vidro (para classe 2 de segurança);

3. Com o pêndulo sendo solto a uma altura de 1.200 mm acima do centro do vidro (para classe 1 de segurança).

Critérios para aprovação
Após o impacto na classe de segurança ensaiada, cada corpo de prova precisa atender uma das seguintes condições:

Para temperados
1. Não quebrar;
2. Se quebrar, os dez maiores fragmentos devem ser recolhidos e pesados num período de três a cinco minutos após o impacto. O peso deles não pode ser maior do que a massa equivalente a uma área de 6.500 mm² do corpo de prova.

ensaio2

 

Para laminados
1. Não quebrar;
2. Se quebrar:
– Os cortes e orifícios do vidro laminado não podem permitir passagem livre de uma esfera de aço de 76 mm de diâmetro, ou quando uma força de 25 N for aplicada por meio dessa esfera;

– Os fragmentos que se desprenderem devem ser pesados em até três minutos após o impacto e não podem exceder a massa equivalente de uma área de 10 mil mm² do corpo de prova;

– O maior fragmento desprendido do corpo de prova deve ter massa inferior à equivalente de uma área de 4.400 mm² do corpo de prova.

ensaio3

 

Aplicações de vidro que exigem classificação de segurança
A norma técnica ABNT NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações define que em algumas aplicações sejam utilizados vidros de segurança. E normas específicas de produtos, como boxes de banheiro e guarda-corpos, exigem que os vidros apresentem uma classificação de segurança:

– Em boxes de banheiro, a norma NBR 14207 determina que os temperados e laminados atendam a classe 2 de segurança;

– Em guarda-corpos, o laminado deve ser de classe 1.

Quer saber mais?
Para outras informações relacionadas a esse ensaio, como especificação do equipamento para a realização do impacto, preparação dos corpos de prova e procedimento de ensaio, consulte as normas NBR 14697 e NBR 14698.

Este texto foi originalmente publicado na edição 569 (maio de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.