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Vidro e agricultura: uma impensável parceria de sucesso?

Pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo (USP), criaram algo que nem o maior entusiasta de nosso material poderia imaginar: um fertilizante de vidro – e, se isso não bastasse, o produto promete ser mais eficiente que outros fertilizantes, reduzindo os impactos de seu uso no meio ambiente.

Desenvolvida em parceria com a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a invenção foi apresentada em um artigo científico publicado em fevereiro deste ano. Ao contrário dos fertilizantes convencionais, cujos nutrientes podem ser levados pela água da chuva ou perdidos para a atmosfera (e, por isso, precisam ser aplicados de forma repetida), o fertilizante de vidro libera nutrientes aos poucos. “A versatilidade dos vidros é que, em teoria, eles podem ser obtidos em diferentes composições, incluindo as necessárias para atuar como fertilizantes de liberação lenta e controlada”, explica o professor do IQSC, Danilo Manzani, um dos responsáveis pelo estudo.

Para chegar ao resultado final, a equipe de cientistas sintetizou o vidro incorporando diversos micros e macronutrientes (como boro, cálcio, potássio, magnésio, manganês, molibdênio e zinco, que são essenciais às plantas). A composição foi, então, derretida a 1.100 °C, rapidamente resfriada para formar o vidro e processada em partículas bem pequenas, de 0,85 a 2,0 mm.

Diversos testes foram realizados para garantir a eficácia do fertilizante – os resultados indicaram, inclusive, que ele não causa efeitos tóxicos ou mutagênicos nas plantas. É o vidro mudando, para melhor, também a agricultura!

Este texto foi originalmente publicado na edição 629 (maio de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Danilo Manzani

Melodias de transparência

A empresa japonesa Hario, com mais de sessenta anos de tradição, é especialista em produzir itens envidraçados usando vidro fundido – especialmente utensílios domésticos de cozinha, como coadores, canecas, moedores de café e jarras para chá. Graças à habilidade de seus profissionais no manuseio de nosso material, um desafio se abriu à companhia no início dos anos 2000: fabricar instrumentos musicais.

No mês passado, essa tradição acabou recompensada, pois a Hario foi reconhecida pelo Guinness World Records (o livro dos recordes) por ter confeccionado o primeiro violino de vidro totalmente funcional do mundo. Duas unidades do produto foram fabricadas originalmente em 2003, usando técnica de sopro – o que representou um feito e tanto, já que tal técnica é aplicada a objetos de formas simples. O nível de precisão e trabalho para alcançar esse objetivo, portanto, foi enorme. E isso se traduziu no preço pelo qual um dos violinos foi vendido em um leilão: 5,5 milhões de ienes, o equivalente a cerca de R$ 230 mil.

Este texto foi originalmente publicado na edição 628 (abril de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Divulgação Guinness World Records

Reciclagem facilitada

A reciclagem de vidro pode se tornar mais simples e abrangente – isso é o que espera o projeto Everglass, iniciativa financiada pela União Europeia para o desenvolvimento de um revolucionário processo para a tarefa. Ao invés da tradicional técnica baseada em fornos para derreter vidro, a tecnologia prevê a utilização de feixes de laser.

O conceito envolve a reciclagem de pó de vidro, insumo muitas vezes considerado “sem uso” para a cadeia vidreira – as usinas de float, por exemplo, até utilizam certa quantidade de sucata para produzir novas chapas, mas no formato de cacos. Funciona da seguinte maneira: o laser derrete o pó, e o material fundido, então, pode ser modelado para se tornar um novo produto. Grosso modo, é algo parecido com o processo de impressão 3D, geralmente feito com resina, só que colocando vidro no lugar.

Segundo Juan Pou, professor de Física Aplicada na Universidade de Vigo e coordenador do Everglass, com a nova tecnologia, que ainda está em teste, vários tipos de vidro cuja reciclagem é complexa, por conta de suas características químicas ou físicas, agora podem ser trabalhados de forma sustentável e eficiente para retornarem à cadeia. “Por exemplo, o vidro farmacêutico de borossilicato, que precisa ser processado para reciclagem em uma temperatura mais alta, em grandes fornos, o que envolve tremendos custos em eletricidade. Como usamos sistemas de menor escala, podemos aumentar a temperatura rapidamente, pois o laser permite isso”, explica.

Entre os próximos passos do projeto, estão estudar se o conceito pode ser aplicado em escala maior do que a testada até aqui.

Este texto foi originalmente publicado na edição 627 (março de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: Mihail/stock.adobe.com

Revolução nos insulados

Será possível dar adeus aos gases que vão no interior das câmaras dos vidros insulados, substituindo-os por um material com melhor desempenho térmico? Se depender da empresa estadunidense AeroShield Materials, isso pode se tornar realidade em breve. A companhia anunciou, no começo do ano, que desenvolve sistemas insulados usando aerogel no lugar de gás.

O aerogel é um material sintético derivado de um gel, que tem seu componente líquido substituído por gás. Isso o deixa sólido e poroso – grosso modo, algo semelhante a uma esponja, mas com característica isolante e dessecante muito forte, sendo capaz de absorver grande quantidade de líquidos.

Segundo Aaron Baskerville-Bridges, cofundador e vice-presidente de Operações da AeroShield, o aerogel é duas a três vezes mais isolante do que os gases inertes padrão usados para melhorar o desempenho do insulado. “Com a tecnologia, janelas de vidro duplo podem ser 40% mais finas e leves do que as feitas com insulados triplos. A solução pode se traduzir em economias de milhares de dólares nas contas anuais de aquecimento e resfriamento de uma residência”, comenta.

Fiquemos atentos para ver se tal revolução realmente acontecerá.

Este texto foi originalmente publicado na edição 626 (fevereiro de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: romaset/stock.adobe.com

CES 2025 traz inovações com vidro

A edição 2025 da CES, maior feira de tecnologia do mundo – realizada de 7 a 11 de janeiro em Las Vegas, EUA –, reuniu centenas de empresas aproveitando o evento para mostrar seus novos equipamentos e dispositivos. E, como não poderia deixar de ser, nosso material se fez presente em algumas dessas novidades apresentadas.

Assim como em 2024, vários expositores apostaram na tendência dos smart glasses (óculos inteligentes). A XReal, por exemplo, permitiu que o público experimentasse o XReal One Pro, primeiros óculos de realidade aumentada do mundo equipados com um chip de computação espacial desenvolvido por eles mesmos: os acessórios podem ser usados para jogar, assistir a filmes e até conectá-los ao computador ou celular para ver a tela de seus dispositivos. Por sua vez, os smart glasses da Rokid (foto) trazem um assistente de inteligência artificial (IA) integrado, uma câmera para reconhecimento de objetos e funções de navegação e tradução.

Saindo do campo dos óculos inteligentes, a Audfly apresentou uma película transparente capaz de emitir som direcional: de acordo com a empresa, essa tecnologia – que pode ser aplicada em vitrines interativas e outras superfícies – permite que o áudio seja transmitido para uma área específica, sem dispersão sonora. Já a francesa Withings apresentou o conceito de um espelho inteligente, o Omnia, capaz de examinar o corpo do usuário e alertar sobre possíveis problemas. O dispositivo, alimentado por inteligência artificial, fornece informações sobre composição corporal e metabolismo – aliado a outros aparelhos, como um smartwatch, pode reunir e apresentar mais dados sobre a saúde da pessoa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 625 (janeiro de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Divulgação Rokid

Arte craquelada

Um homem, uma peça de vidro, um martelo: isso basta para se fazer arte como nenhuma outra. O artista suíço Simon Berger é um dos grandes nomes atuais no mundo quando se pensa na criação de obras artísticas com nosso material – e isso se deve muito ao modo único de trabalhar: ele faz retratos e esculturas fotorrealistas craquelando chapas de vidro.

Sua carreira profissional começou na carpintaria – e talvez daí venha a habilidade para manusear ferramentas. “Meu trabalho abrange desde pequenas peças íntimas até obras de arte em grande escala, que dominam paredes inteiras. Embora a escala dessas criações possa variar drasticamente, a essência da minha arte permanece consistente: uma atenção meticulosa aos detalhes”, explica Berger.

Em seu perfil no Instagram, é possível vê-lo trabalhar: de acordo com o tipo de martelada, ele alcança uma estética diferente – quanto mais leves e próximas do vidro, mais fortes os contrastes e as sombras. Suas obras já foram exibidas em diversas exposições individuais e coletivas pela Europa, incluindo o Museu do Vidro de Murano, na Itália.

Como bem diz seu site: “Em suas mãos, o martelo não é uma ferramenta de destruição, mas sim um amplificador de efeitos”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 624 (dezembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Divulgação Simon Berger

O uso de vidro na proteção contra furacões

Recentemente, furacões, tornados e tempestades intensas atingiram a região Sudeste dos Estados Unidos e o Caribe – o mais recente foi o furacão Milton, que, apesar de ter perdido força, surgiu no Atlântico Norte como uma das tempestades mais poderosas já registradas. Nesse cenário, a proteção das janelas é estratégica, e eventuais fragilidades delas podem resultar em danos estruturais e pessoais.

Como consequência do Furacão Andrew, que varreu o Estado em 1992, a Flórida desenvolveu uma legislação para construção civil bastante rigorosa e que tem ajudado a manter edificações erguidas diante do caos climático. Segundo um artigo publicado pela organização Building a Safer Florida e pelo Programa de Comunidades com Eficiência de Recursos da Universidade da Flórida, as leis locais exigem que as janelas de imóveis sejam resistentes a impactos, sobretudo as que estão em construções localizadas a menos de 1 milha (cerca de 1,6 km) da costa, onde os ventos podem alcançar cerca de 200 km/h. Existem exigências específicas para cada região, e os sistemas são testados e recebem certificações de que estão aptos a serem usados em determinado local.

Para serem resistentes aos impactos, os vidros utilizados devem ser laminados de temperados, que podem ser insulados ou não, e as espessuras dos temperados que compõem os laminados podem ser mais espessas (dependendo da região em que serão instalados). Quando utilizado, o laminado de temperados garante que, mesmo em caso de quebra, os fragmentos do vidro permaneçam aderidos ao interlayer, evitando a dispersão de estilhaços, mantendo o vão fechado e protegendo a integridade da construção.

Este texto foi originalmente publicado na edição 623 (novembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: elroce/stock.adobe.com

Aliado no combate ao crime

Uma peça de vidro quebrada por um tiro pode ajudar a resolver crimes? Se você perguntar para Shirly Montero, professora assistente da Arizona State University, nos EUA, a resposta será sim. Ela é especialista em química forense e estuda nosso material há mais de 25 anos.

Seus estudos revelam que o vidro pode oferecer informações significativas para investigações – como, por exemplo, determinar a direção e a sequência de eventos, ajudando policiais a conectar suspeitos a cenas de crime por meio de fragmentos de vidro e pólvora presos a roupas e calçados.

Recentemente, Shirly revelou uma nova técnica para estudar estilhaços de vidro presos a projéteis. Um instrumento a laser remove uma pequena quantidade de pó de vidro encontrada em uma bala; esse pó é então enviado para um laboratório para a análise de sua composição química. Assim, em um caso com diferentes cenários possíveis, como em um tiroteio, será possível reconstruir as ações, e também confrontar versões, de acordo com os resultados químicos obtidos a partir dessa análise laboratorial.

“Muitas vezes, os examinadores forenses não estão usando todo o material valioso em uma cena de crime”, comenta Shirly. “Espero conscientizar sobre a técnica de análise de vidro e apoiá-los em qualquer necessidade.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 622 (outubro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: kichigin19/stock.adobe.com

O futuro dos chips é de vidro

Em abril do ano passado nesta seção, falamos sobre como o vidro estava entrando no ramo de semicondutores para chips. Feitos de placas de circuito impresso e interposições de silício, os semicondutores conduzem correntes elétricas e são fundamentais para o funcionamento dos chips, itens presentes em qualquer aparelho eletrônico.

A Schott já tinha desenvolvido um vidro ultrafino para a produção desses produtos. E, agora, em agosto, a empresa abriu uma divisão especializada voltada para a cadeia de semicondutores. “A equipe estabeleceu uma troca próxima com líderes da indústria que buscavam avanços na ciência dos materiais. Juntos, pretendemos alimentar o futuro dos semicondutores com vidros especiais”, comenta Christian Leirer, líder da divisão.

De acordo com estudos, uma placa de circuito feita de vidro pode melhorar o desempenho e reduzir a latência do sinal dos chips, diminuindo ainda a carga térmica da embalagem, o que oferece maior confiabilidade na transmissão de informações.

Este texto foi originalmente publicado na edição 621 (setembro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: H_Ko/stock.adobe.com

Janelas do futuro

Painéis fotovoltaicos já deixaram de ser novidade faz tempo – e até mesmo o conceito de aplicação de vidro capaz de gerar energia também não é algo novo. Anos atrás, os filmes OPV permitiram a laminação de células fotovoltaicas. O problema era que a solução alterava a estética transparente do vidro. Por isso mesmo, a indústria solar seguiu tentando encontrar novas ideias para esse tipo de produto. Hoje, por meio da aplicação de uma fina película com células fotovoltaicas transparentes, cada edifício poderia tornar-se sua própria estação geradora de energia – e sem sacrificar o aproveitamento da luz natural em seu interior.

Enquanto a aplicação de painéis fotovoltaicos nos telhados exige a instalação de sistemas de suporte para mantê-los no lugar, uma janela com células solares pode ser encomendada de fábrica, como qualquer outro elemento de construção, reduzindo custos. Além disso, de acordo com artigo publicado no CleanTechnica, portal da área de tecnologias para energia limpa, essa solução pode aproveitar as próprias estruturas da obra, como paredes externas e coberturas, em vez de exigir a perturbação do terreno para a construção de novas áreas.

Alguns desafios presentes ainda dificultam a adoção comercial em larga escala de janelas de energia solar, como sua adaptação ao aspecto visual buscado na arquitetura. Mas já há empresas pesquisando e encontrando soluções para esses obstáculos, como a startup estadunidense NEXT Energy Technologies: anos atrás, ela conseguiu adaptar um processo de slot-die (técnica de coating) usado no seu revestimento de película fina para janelas. Além de reduzir os custos de fabricação, o método permitiu implantar o filme fino em vidros arquitetônicos.

Resta saber se as janelas de energia solar da NEXT conseguirão firmar-se no mercado, mas a tendência da construção verde tem ganhado cada vez mais impulso. Nesse sentido, o avanço dessa tecnologia pode ajudar a tendência a alcançar um novo patamar.

Este texto foi originalmente publicado na edição 620 (agosto de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: ChasingMagic/peopleimages.com/stock.adobe.com

Revolução transparente

Os chips existentes em aparelhos eletrônicos (computadores, celulares, televisores etc.) passam por um processo de “empacotamento” durante a fabricação: isso significa ser colocado dentro de um invólucro protetor feito de materiais que facilitem a dissipação do calor durante seu funcionamento. E o vidro é uma das grandes apostas de gigantes do setor de tecnologia como elemento para “empacotar”esse tipo de dispositivo.

Empresas como Intel, AMD e Samsung investem há tempos em uma tecnologia baseada em substrato de vidro para substituir os materiais orgânicos usados atualmente. Esses substratos oferecem maior resistência, durabilidade e confiabilidade. Além disso, por serem mais finos, permitem a ligação de chips menores.

Especula-se que a Intel planeja começar a produção em massa de dispositivos com esse material a partir de 2026, após quase uma década de pesquisa sobre o assunto. O jeito é aguardar para ver se a revolução transparente acontecerá de verdade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 619 (julho de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Imagem: oatintro/stock.adobe.com

Soluções inovadoras

Entre as inúmeras empresas presentes na Glass South America 2024, algumas se destacaram por expor aplicações inovadoras e criativas envolvendo o vidro. Confira abaixo as mais chamativas:

  • No estande da Blindex, além de uma cabine sensorial que reproduzia um espaço da exposição Mar de Espelhos, do Rio de Janeiro, era possível encontrar uma solução exclusiva para pets: uma casinha de cachorro (foto 1) de vidro temperado laminado e serigrafado;
  • A Tempermax montou um piso de vidro com chapa jumbo (foto 2), proporcionando uma vista extraordinária de um enorme telão instalado embaixo da estrutura;
  • Uma mesa de corte da Vidramaq (foto 3) não só cortava vidro, como também fazia impressões na superfície das peças com um laser ultravioleta .
  • Quem também mereceu atenção foi a Rhino. A empresa levou um laminado com malha interna de LED (foto 4) que projeta imagens em movimento visíveis de ambos os lados da peça.

Este texto foi originalmente publicado na edição 618 (junho de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Marcos Santos e Meryellen Duarte

Vidro microscópico

Pensar em nosso material é imaginar projetos arquitetônicos com fachadas envidraçadas, monumentos ou instalações de grande porte. Mal imaginamos que variações do vidro podem existir numa escala de micrômetros (o equivalente à milésima parte de um milímetro).

Pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia (KTH), na Suécia, conseguiram imprimir, de forma 3D, microópticos de vidro nas pontas de cabos de fibras ópticas. Microópticos são algo próximo de minúsculas lentes usadas para manipular a luz – e, com eles, será possível ter uma conectividade à Internet mais rápida, deixando sistemas de comunicação muito mais ágeis.

De acordo com Kristinn Gylfason, professora do KTH, esse método, ainda em testes, pode ajudar a superar limitações na estruturação de pontas de fibra óptica com vidro, que muitas vezes necessitam de tratamentos de alta temperatura – o que compromete a integridade dos revestimentos das próprias fibras. A técnica de impressão utilizada pode ainda ser valiosa na produção de produtos farmacêuticos e químicos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 617 (maio de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Daco/stock.adobe.com

Óculos ajudantes

Se o negócio de óculos inteligentes (smart glasses) não deu muito certo para a Google, que descontinuou a produção de seu Google Glass um tempo atrás, para outras empresas a tecnologia segue de vento em popa, ganhando cada vez mais investimentos – como já mostramos nesta seção este ano. E, mesmo não sendo mais fabricado, o Google Glass acabou encontrando uma espécie de “segunda vida” graças a uma start-up holandesa chamada Envision, especializada em construir equipamentos e softwares para pessoas com deficiência visual.

Em 2017, a Envision criou um aplicativo que usava a câmera do celular para identificar objetos e ler placas, livros e outros materiais em tempo real. A popularidade do app fez a empresa se aprofundar na busca por soluções para melhorar a experiência dos usuários. Nada melhor e mais moderno, então, do que aplicar essa tecnologia em óculos inteligentes.

Então, a companha chegou a um acordo com a Google, utilizando o conhecimento da gigante multinacional nesse ramo para criar o Envision Glass. O produto, lançado em 2020, está passando por diversas melhorias com a introdução do uso de Inteligência Artificial em seu software. Hoje, o Envision Glass já consegue reconhecer rostos e fazer chamadas de vídeo.

E o futuro da solução promete muito mais: há negociações para instalar o sistema nos óculos de outras fabricantes de óculos inteligentes, como a Ray-Ban. Mais uma história – entre várias já mostradas em O Vidroplano – do vidro melhorando a vida das pessoas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 616 (abril de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto: LaInspiratriz/stock.adobe.com

Alimentos sem contaminação

A tábua de corte é uma ferramenta muito importante na cozinha. Se usada da forma errada, ela pode ajudar na contaminação dos alimentos. Na hora de comprar uma, a questão estética é a menos importante: vale ficar de olho na matéria-prima, elemento fundamental para garantir a higiene – e o vidro, obviamente, está entre as principais escolhas. Confira as vantagens e desvantagens de cada material. A tábua de corte é uma ferramenta muito importante na cozinha. Se usada da forma errada, ela pode ajudar na contaminação dos alimentos. Na hora de comprar uma, a questão estética é a menos importante: vale ficar de olho na matéria-prima, elemento fundamental para garantir a higiene – e o vidro, obviamente, está entre as principais escolhas. Confira as vantagens e desvantagens de cada material.

  • Vidro — Do ponto de vista da higienização é a melhor opção. Fácil de lavar, não fica com cheiro, nem manchas. No entanto, pode deixar a faca “cega”, danificando seu fio de corte (nada que um amolador não resolva). Além disso, o barulho da faca batendo no vidro pode atrapalhar;
  • Madeira e bambu — Também são de fácil limpeza, mas precisam de secagem quase imediata, pois podem embolorar. Por ficarem com marcas de faca e ranhuras, podem proporcionar a multiplicação de micro-organismos;
  • Polietileno — Usado em cozinhas profissionais, é lavável, durável e não propicia a multiplicação de bactérias.

Este texto foi originalmente publicado na edição 615 (março de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Tharsis/stock.adobe.com

Realidade aumentada cada vez mais perto

Está chegando o dia em que será possível transformar qualquer superfície plana de vidro em uma central interativa. Isso porque as pesquisas envolvendo a realidade aumentada e o uso de menus no formato HUD (head-up displays) estão bem adiantadas, como mostra a empresa alemã Zeiss.

A companhia desenvolve, desde 2019, uma tecnologia baseada em uma película fina de polímero. Chamada Multifunctional Smart Glass (vidro inteligente multifuncional), ela já é aplicada em cockpits de aeronaves para mostrar informações sobre o voo. O próximo passo é levar a solução para o setor automotivo: com a tecnologia, carros não precisarão mais de painéis atrás dos volantes, por exemplo, já que o para-brisa mostrará dados como velocidade, quantidade de gasolina e demais indicadores. Até mesmo vídeos poderão ser transmitidos nos vidros, incluindo as janelas laterais e traseiras.

A direção da Zeiss aguarda que, num futuro próximo, possa começar a produção em massa da solução, expandindo-a para outras aplicações, como em residências, que permitirão o controle de elementos do dia a dia (luzes, persianas etc.). São os conceitos da ficção científica mais próximas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 614 (fevereiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Divulgação Zeiss

De última geração

De 9 a 12 de janeiro, Las Vegas, nos Estados Unidos, recebeu entusiastas da modernidade para a edição anual da Consumer Electronics Show (CES), a principal feira de tecnologia do mundo. A Inteligência Artificial foi o assunto mais discutido, mas ainda teve espaço para diversas outras soluções – incluindo vidros.

Em relação a nosso material, chamaram a atenção do público os smart glasses (óculos inteligentes), feitos de cristal e que funcionam como se fossem um celular, com acesso a vídeos, redes sociais, além de tirarem fotos – falamos sobre esse produto aqui nesta seção, na edição de novembro. Existem também os AR glasses (óculos de realidade aumentada), cuja imersão é maior: o modelo TCL RayNeo X2 Lite inclui navegação em mapas 3D e tradução de áudio em tempo real.

Energia fotovoltaica foi outra pauta relevante envolvendo vidro: a empresa japonesa inQs divulgou uma solução transparente, chamada SQPV Glass, que gera eletricidade, e pode ser aplicada em janelas, fachadas e até mesmo vitrais. O produto ganhou um dos prêmios de inovação da feira, na categoria Cidades Inteligentes e Sustentabilidade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 613 (janeiro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Divulgação TCL / Divulgação inQs

Vidro também é cultura

Em dezembro deste ano, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) incluiu a produção manual de vidro na sua Lista Representativa de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Esse tipo tradicional de artesanato foi indicado para inclusão por Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Hungria e República Tcheca.

A produção artesanal se dá pela moldagem e decoração de vidro quente e frio para a fabricação de objetos. Essa atividade envolve elevado grau de maestria e um valor forte do trabalho em equipe, devido à necessidade de respeitar os passos anteriores executados por outros vidreiros e profissionais.

Para fazer vidro oco, os artesãos sopram uma pequena bola de vidro quente e viscoso usando um tubo e dão a ela a forma desejada, girando-a e usando ferramentas tradicionais. Já no caso da produção manual de vidro plano, a matéria-prima quente é esticada em um rolo e posteriormente processada – de acordo com o portal Glass International News, o vidro plano soprado é utilizado principalmente em trabalhos de restauração, mas também pode ser aplicado na arquitetura e na arte.

Este texto foi originalmente publicado na edição 612 (dezembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Alexey Stiop/stock.adobe.com

Visão do futuro

Óculos também podem ser inteligentes? Sim, quando estamos falando da nova linha de smart glasses da Ray-Ban, a Ray-Ban Meta. A marca mundialmente conhecida de óculos de sol e de grau anunciou a pré-venda do produto, desenvolvido em parceria com a EssilorLuxottica. Feito de cristal – ou seja, vidro –, traz ainda mais atrativos em relação à primeira geração, que já permitia fazer foto ou vídeo diretamente a partir da câmera embutida na armação.

Para criadores de conteúdo, um dos principais atrativos é a possibilidade de fazer transmissões ao vivo – e sem precisar usar as mãos! – para o Facebook ou Instagram. A linha traz integrado o Meta AI, assistente de conversação avançado da marca: basta dizer “Ei, Meta” para conversar com a Inteligência Artificial, obter informações e controlar recursos, tudo apenas usando a voz (vale destacar que, segundo a empresa, esse recurso estará disponível apenas nos Estados Unidos em versão beta no lançamento.

Quando dizemos que o vidro é o material do futuro, casos como esse mostram que a afirmação não é um exagero.

Este texto foi originalmente publicado na edição 611 (novembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Divulgação Ray-Ban

Para montar

Você se lembra da febre por construções feitas com contêineres que tomou arquitetos e designers há alguns anos? Pois isso ficou no passado – ao menos é o que pretende a empresa chinesa Volferda, especializada na pesquisa e desenvolvimento de soluções modulares para residências.

A fabricante criou uma linha de casas envidraçadas. São seis modelos diferentes disponíveis, equipados com sistema elétrico, de água e de ar-condicionado. Cada um deles tem tamanho e configuração próprios (espaço para uma ou duas camas, bar, sacada etc.). Alguns podem ser empilhados, formando assim construções com dois andares.

Todos contam com janelas de temperados e coberturas de laminados – uma forma de garantir a integração entre o interior e o ambiente externo. Até por isso, são indicados para hotéis à beira-mar, chalés e demais empreendimentos de hospedagem em meio à natureza. Já imaginou suas férias cercado por vidro?

Este texto foi originalmente publicado na edição 610 (outubro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Divulgação Volferda

Beleza com segurança

Antes considerados elementos exclusivos para carros de luxo, tetos solares são uma realidade cada vez mais tangível para os amantes de automóveis. A função prática desse item no que diz respeito à estética e ao conforto dos ocupantes é mais do que conhecida. O que a maioria talvez não conheça são as diferenças entre os vidros instalados no para-brisa e aqueles aplicados no teto solar. Afinal, será mesmo que existe alguma distinção entre ambos?

Imagine a seguinte cena: você está na direção de um veículo quando, de repente, uma pedra ou outro objeto atinge de forma abrupta o seu para-brisa. Qual seria o resultado? Além do grande susto, o que você teria diante dos olhos (literalmente) seriam trincas no formato de teias de aranha, uma vez que a presença do vidro laminado, cuja aplicação é obrigatória por lei desde 1991, evitará ferimentos por fragmentos soltos. Em relação aos tetos solares, eles podem ser compostos tanto por laminado (mais seguro, aplicado em áreas que medem acima de 1 m²) como por temperado (mais barato, utilizado em áreas inferiores a 1 m²).

Independentemente da escolha, seu passeio será muito mais luxuoso com essa solução.

Este texto foi originalmente publicado na edição 609 (setembro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: metamorworks/stock.adobe.com

Progresso com um toque de transparência

A Internet como a conhecemos é algo tão elementar na vida cotidiana atual que mal nos damos conta de como são os processos para que ela chegue até nós. Um ponto já adiantamos: não é por mágica. Para conectar as redes, há milhões de cabos de fibra óptica espalhados pelo mundo, inclusive no fundo dos oceanos, ligando um continente ao outro com alta qualidade, velocidade e capacidade para o tráfego de informações. Esses cabos são mais do que vitais para a existência de toda a tecnologia que envolve nossa rotina (e nosso futuro) – do funcionamento de tomadas inteligentes à evolução da Inteligência Artificial. O que talvez muitos não saibam é que no interior de boa parte deles tem um elemento translúcido bem familiar, importante para que toda a operação ocorra de forma ainda mais efetiva: o vidro.

A fibra óptica com vidro possui filamentos flexíveis fabricados com materiais transparentes. Sua estrutura é composta por feixes de vidro bem-pequenos, da espessura de um fio de cabelo, capazes de atingir vários quilômetros de comprimento. Há, inclusive, opções feitas em plástico ou vidro composto. Porém, as fibras produzidas com sílica – elemento abundante em nosso material – são as mais utilizadas em sistemas de telecomunicações, por apresentarem melhores características de transmissão. Além disso, são excelentes para a aplicação em ambientes desafiadores como, por exemplo, aqueles com incidência de altas temperaturas e os que sofrem com a ação de produtos químicos corrosivos.

Quando for assistir àquele vídeo favorito ou responder a um amigo no aplicativo de mensagens, lembre-se da ajuda do vidro para isso.

Este texto foi originalmente publicado na edição 608 (agosto de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: issaronow/stock.adobe.com

De olho no espaço

Ao longo dos séculos, o vidro tem papel fundamental na tarefa humana de entender o universo. Os principais tipos de telescópios, a mais importante ferramenta para se observar o espaço, são feitos com nosso material:

  • Refratores
    São os modelos mais antigos, tendo sido estudados pelo astrônomo italiano Galileu Galilei no século 16. Eles são feitos com lentes planas e convexas de vidro (chamadas de oculares e objetivas), posicionadas de modo a captar a luz dos objetos celestes a serem observados e transformá-la em uma imagem visível aos olhos humanos. Os telescópios refratores podem ser encontrados em estruturas terrestres de pequeno porte – como os presentes em planetários, por exemplo.
  • Refletores
    Mais modernos, foram desenvolvidos inicialmente pelo físico britânico Isaac Newton. São produzidos com espelhos, material mais leve que o vidro, o que permite que esses telescópios sejam enviados para a órbita terrestre. Os mais célebres exemplares são o Hubble e o James Webb, famosos por nos mostrarem imagens de locais longínquos do universo. Este último conta com um espelho primário côncavo de 6,5 m de largura e dezoito espelhos hexagonais menores.

Este texto foi originalmente publicado na edição 607 (julho de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: pongpinun/stock.adobe.com

Todo relógio é feito de vidro?

Entre as invenções mais importantes da humanidade, o relógio talvez seja uma das menos lembradas: nossa relação com o objeto se tornou tão familiar ao longo dos tempos (está presente em computadores, celulares, televisores, fogões…) que mal nos lembramos de sua importância para nossa rotina. E o vidro tem total relação com o produto, afinal, sem visor, não dá pra saber as horas.

Relógios de parede antigos eram comumente feitos com o material – os atuais também, embora alguns modelos ganhem acrílico. Os de pulso são mais diversos, sendo fabricados com três matérias-primas diferentes:

  • Plexiglass: um tipo de acrílico resistente a impacto, barato, porém muito suscetível a riscos, o que pode dificultar enxergar o visor;
  • Cristal mineral: é o usado na maioria dos relógios fabricados no mundo. Consiste em uma espécie de vidro feito de sílica e que passa por um tratamento térmico. Bastante durável, reflete menos a luz que os materiais concorrentes;
  • Cristal de safira: sintético, é produzido em laboratório – por isso mesmo é bem caro. Usado em marcas de luxo, é altamente resistente a riscos.

Quando for consultar as horas para saber se está atrasado ou não, lembre-se do histórico papel do vidro nessa tarefa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 606 (junho de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

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Espelho lunar

Imagine se, ao caminhar pela Lua, um astronauta visse ao longe algo brilhante, esférico e multicolorido? Seria uma miragem, um objeto esquecido por outra missão ou, quem sabe, um extraterrestre? A resposta é: nenhuma das três hipóteses, já que o objeto em análise não seria nada mais do que um importantíssimo e velho conhecido da humanidade: o vidro! Uma descoberta feita por cientistas chineses durante exploração lunar não tripulada (a missão Chang’e 5) revelou que colisões violentas de rochas com a superfície do satélite foram capazes de gerar pequenas esferas do material fora da Terra. Tal evidência corrobora o mostrado por outras missões, indo de encontro ao mito de que nosso satélite natural seria desprovido de água – isso porque tais esferas de vidro continham esse líquido tão importante para a vida em seu interior.

Um estudo sobre o assunto foi publicado na edição de abril da revista Nature Geoscience. E o tema “água na Lua” vai longe: estima-se que, até o final de 2025, a Nasa, a agência espacial norte-americana, retome o envio de astronautas para lá, mais especificamente para o polo Sul do satélite, onde se acredita existir crateras cheias de água congelada.

Este texto foi originalmente publicado na edição 605 (maio de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

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