AGC participa de entrevista no VidroCast

No começo de outubro, o VidroCastpodcast da Abravidro – recebeu Isidoro Lopes, presidente da AGC no Brasil, e Marcelo Botrel, anunciado em agosto como novo gerente-executivo Comercial e de Marketing da divisão de Vidros Arquitetônicos para a América do Sul. Os dois executivos conversaram com Iara Bentes, superintendente da Abravidro e editora de O Vidroplano: o bate-papo abordou do retorno de Botrel ao setor vidreiro e os objetivos da empresa no Brasil, até um balanço dos resultados em 2024 e as perspectivas para o Simpovidro. A seguir, confira alguns destaques da entrevista.

Botrel, antes de tudo, bem-vindo de volta! Você já atuou no setor em outra usina de base e deixou o mercado em 2014. O que você tem observado de diferente nesse primeiro mês de atividades, após dez anos?
Marcelo Botrel – Ainda é muito cedo para falar, mas para mim foi muito bom, pois estou revendo muitos amigos de longa data, com várias empresas que evoluíram muito. Isso é ótimo porque significa que elas se organizaram e cresceram.

Na nota em que a AGC anunciou a vinda do Botrel, vocês informaram que dois dos principais objetivos da empresa são contribuir para o fortalecimento da marca e colaborar com o planejamento estratégico da AGC aqui na região. Como esperam obter sucesso nesse desafio?
Isidoro Lopes – Obviamente, ao trazer um executivo do nível do Marcelo, com a experiência que ele tem, nós queremos não só vender vidro: queremos parcerias duradouras com os nossos clientes, buscar modelos de negócios e parceiros para outras atividades e ajudar os clientes no desenvolvimento dos seus negócios, para que seja uma relação de ganhos para todos os parceiros que estão com a AGC.

Vocês dois conhecem bastante o nosso setor e a cadeia de processamento. Estreitar o relacionamento com esse público é um desafio para a AGC?
MB – Sim, é um desafio. Se você me uma pequena observação que eu faço desses últimos tempos em que fiquei fora do setor, essa relação era mais cultivada no passado. Então, acho que é uma oportunidade; o relacionamento com a cadeia de processamento sempre é um componente importante nessa indústria. Não significa que esse distanciamento tenha acontecido por parte de todas as indústrias: vejo que na AGC, por exemplo, há um cuidado muito grande na relação com esses clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento.

 

“Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil” (Isidoro Lopes)
“Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil”
(Isidoro Lopes)

 

Isidoro, numa conversa recente, você comentou um movimento que foi feito pela AGC na Europa, o “from volume to value” (do volume para o valor). O Brasil tem condições de fazer esse movimento também, considerando as adversidades que o nosso mercado vem enfrentando com a entrada de grandes volumes de vidro importado no País?
IL – Acho que toda a cadeia do vidro no Brasil busca isso. Obviamente, o Brasil ainda busca volume; todos ainda têm uma necessidade de volume para manter o negócio competitivo. Mas você pode observar que produtos de valor agregado estão sendo lançados a todo momento, como vidros refletivos, laminados de temperados, serigrafados… É uma tendência natural do segmento buscar mais valor agregado. Na área de vidros arquitetônicos do nosso país, ainda dá para trabalhar muito em termos de volume; há muitas oportunidades de crescimento dentro da construção civil, e a gente também pode agregar valor a esse volume – dá para fazer os dois: “volume and value”.

Vocês lançaram recentemente o vidro de controle solar Sunlux Champanhe. Como o mercado recebeu essa novidade?
MB – O mercado recebeu muito bem: já temos vários clientes interessados e recebemos vários pedidos. Esse é um produto com foco tanto para a construção civil como para a indústria moveleira; é muito versátil, muito bonito e tem um bom nível de controle térmico – só traz vantagens.

Já estamos fechando o terceiro trimestre e entrando na reta final do ano. Qual o balanço que a AGC faz da performance do setor em 2024?
IL – De forma resumida, devemos fechar este ano um pouco acima de 2023 – algo em torno de 3%. Nós esperávamos um cenário um pouco pior, mais nebuloso; estamos vendo uma inflação mais controlada, o PIB já chegando perto dos 3%, o índice de confiança da construção civil vem subindo… estamos mais otimistas. E, para 2025, esperamos mais um pequeno crescimento.

 

“Vejo que, na AGC, há um cuidado muito grande na relação com os clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento” (Marcelo Botrel)
“Vejo que, na AGC, há um cuidado muito grande na relação com os clientes, tanto na confecção de produtos como na atenção com o atendimento”
(Marcelo Botrel)

 

Quais são as grandes diferenças em termos de demanda por produto no Brasil, na comparação com outros países?
IL – O mix de vidro incolor na Europa, por exemplo, é muito baixo, acho que menor que 5%; há um grande uso lá de vidros insulados e refletivos, entre outros – ou seja, esses produtos que, no Brasil, são chamados de especiais, para eles já são uma demanda normal.

Quais vocês acham que seriam os caminhos para a gente conseguir desenvolver o mercado brasileiro nos níveis da Europa e dos Estados Unidos?
MB – Acho que esse desenvolvimento passa pelo investimento em tecnologia – mas, para investir mais do que já está sendo feito, é preciso tornar sua empresa rentável. Todo mundo tem que estar ganhando: o cliente também, o processador também; se a indústria caminhar nesse sentido, pode-se buscar mais tecnologia, mais equipamentos, mais profissionais. As parcerias com as associações são fundamentais para transmitir o conhecimento para esse desenvolvimento. E é preciso que o País dê as condições para que a população tenha mais acesso à informação e a recursos financeiros, para que ela possa então buscar e consumir produtos de qualidade mais alta.

Por último, quais são as suas expectativas para o Simpovidro?
MB – Eu estou ansioso para reencontrar muita gente; a AGC estará em peso lá com a nossa equipe comercial. É um encontro que promove a integração. Quando você conecta o fabricante, o cliente final e até o vidraceiro, isso é muito bom para a cadeia do vidro: todos devem estar na mesma página, e o Simpovidro é um ambiente propício para isso.

IL – A AGC enxerga o Simpovidro como uma união do segmento; é uma ocasião extremamente importante para manter essa ligação entre os vários elos da nossa cadeia e para discutir temas importantes para o setor vidreiro como um todo, com o adicional de ser um ambiente mais descontraído, com todos se conhecendo também como pessoas, não só como profissionais.

Este texto foi originalmente publicado na edição 622 (outubro de 2024) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Ivan Pagliarani

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