O Vidroplano entrevista idealizadora do Ano Internacional do Vidro

2022 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional do Vidro. Ao longo desse período, centenas de atividades relacionadas ao nosso material foram realizadas ao redor do mundo – e você conferiu algumas delas aqui na O Vidroplano. Iara Bentes, editora da revista, conversou com Alicia Durán, professora e pesquisadora do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) na Espanha e uma das idealizadoras da data. Alicia contou como surgiu a ideia para a celebração de nosso material, fez um balanço sobre as atividades realizadas ao longo dos últimos doze meses e apontou caminhos para o futuro do setor.

Como foi o processo para a organização do Ano Internacional do Vidro?
Alicia Durán – Creio que podemos dizer que tudo começou em 2014, quando a fabricante Corning sugeriu que estávamos entrando na “Era do Vidro”, apontando que diversas aplicações do material vêm afetando a evolução da humanidade com tanta intensidade que esse seria um período comparável à Era do Bronze ou à Era do Ferro.

Essa ideia foi crescendo, com diferentes publicações justificando-a e a reforçando, até que, em 2018, período em que fui presidente da International Commission of Glass [ICG – Comissão Internacional do Vidro], aceitei o desafio de buscar que a ONU nomeasse 2022 como o Ano Internacional do Vidro.

Começamos então a procurar por apoiadores e copatrocinadores. A Community of Glass Associations [CGA – Comunidade de Associações Vidreiras] e o International Committee for Museums and Collections of Glass [ICOM-Glass – Comitê Internacional de Museus e Coleções de Vidro] juntaram-se a nós para fazer essa proposta e organizar uma campanha internacional de apoio, que reuniu mais de 2.500 instituições de 96 países, incluindo 450 museus, mostrando que a iniciativa teve grande aceitação por todos os campos do vidro e por todas as partes do mundo.

Nós preparamos todos os documentos necessários, incluindo um principal com cerca de 30 especialistas justificando as diferentes aplicações do vidro e como ele contribui para 11 das 17 metas de sustentabilidade da Agenda 2030 da ONU. Nossa intenção era conseguir a aprovação da resolução antes de fevereiro de 2020 – então veio a pandemia e mudou todos os planos, pois a sede das Nações Unidas ficou totalmente fechada por três meses. Além disso, era preciso que a proposta fosse aprovada por unanimidade em votação.

Foi um longo processo, mas finalmente conseguimos unanimidade na Assembleia-Geral em 18 de maio de 2021. A partir daí, organizamos 18 comitês regionais formados geograficamente e por linguagem – por exemplo, o Brasil teve um comitê regional próprio, porque tem um grande campo de vidro com uma linguagem, enquanto outro comitê foi formado pela Argentina, Bolívia, Chile, Peru e Uruguai.

O vidro está em toda parte, seja na construção civil, na tecnologia ou mesmo nas artes. Você considera que o Ano Internacional do Vidro contribuiu para conscientizar a sociedade que não trabalha no setor sobre o nosso material e seus benefícios – isto é, a levar esse conhecimento para além da comunidade vidreira?
AD – Esse foi um dos nossos principais objetivos: a ideia era “tornar visível o invisível”. As pessoas percebem os recipientes de vidro, os envidraçamentos nas edificações e os para-brisas em automóveis, mas há outras aplicações muito importantes que nem sempre são reconhecidas, como o uso de vidros planos em painéis para geração de energia fotovoltaica ou o papel das fibras ópticas. Basta imaginar como teria sido o período da pandemia sem acesso à Internet, por exemplo, que permitiu que professores e alunos continuassem com as aulas e que pudéssemos nos manter em contato a distância com nossas equipes de trabalho, amigos e famílias.

Nesse sentido, acho que nós conseguimos ultrapassar os limites dos campos do vidro e fazer muitas pessoas ao redor do mundo perceberem suas inúmeras aplicações e o potencial dele para aumentar a sustentabilidade. O número de eventos foi impressionante: congressos, conferências, livros publicados, webinars… Para se ter uma ideia, um dos comitês regionais registrou 150 atividades apenas no segmento da arte.

Penso que a meta mais importante que alcançamos foi a criação de uma rede de networking com cerca de 2.500 instituições, de mais de 90 países, de campos que vão da ciência e tecnologia à construção civil, arte, educação e tantos outros, todos unidos e trabalhando juntos nessas atividades. Esse é um capital que não podemos perder, temos de pensar agora em como fortalecer essa rede.

A sustentabilidade é hoje uma grande preocupação mundial, e sabemos que a nossa indústria tem dedicado esforços para ser cada vez mais sustentável. De que maneira podemos garantir um melhor uso do nosso material para auxiliar a agenda da sustentabilidade?
AD – Nosso último pedido feito à ONU foi o apoio da comunidade vidreira na área da sustentabilidade. Nós temos como avançar ainda mais nessa área, mas é preciso que haja legislações dando suporte a isso. O vidro pode ser reciclado infinitamente, sem nunca se tornar um resíduo. Temos de aproveitar isso e assegurar que o vidro nunca vá parar no lixo, lembrando que o uso dele reciclado contribui para a redução nas emissões de CO2 e na economia com energia, mas essa reciclagem precisa ser organizada e realizada no mundo inteiro, não apenas em alguns países.

Vamos escrever e produzir um relatório sobre esse assunto com as conclusões. A ideia é pedir para todas as organizações regionais adotarem a mesma padronização nos seus relatórios, para que todos possam ser compilados e combinados, sendo possível assim olhar a extensão total dos resultados. A partir daí, é obter as ferramentas para convencer a ONU a converter essas recomendações em leis, com o compromisso e a participação de governos locais, nacionais e internacionais.

Quais são as principais ferramentas, na sua opinião, para que as pessoas conheçam mais sobre o vidro e usem mais esse material em diferentes áreas?
AD – A educação é uma das principais: temos de incluir tópicos sobre o vidro desde o começo da formação. As crianças são as pessoas mais importantes para que haja essa integração da ideia de sustentabilidade, e temos exemplos muito bons de atividades feitas em países como a Índia e Filipinas para apresentar diferentes contextos aos alunos, como o uso do vidro para segurança.

Você observou alguma tendência para o futuro do nosso material durante essa agenda intensa de atividades do Ano Internacional do Vidro?
AD – Sim: há o avanço na área de biovidros na medicina, por exemplo, que podem contribuir para a regeneração de ossos ou no tratamento do câncer. Em relação ao vidro plano, vejo que precisamos pensar em substituir os combustíveis fósseis usados na sua fabricação por outras alternativas. Há um projeto para o forno do futuro, no qual as maiores empresas vidreiras estão participando, a fi m de tentar substituir o gás natural por hidrogênio verde, e também para funcionar com energia elétrica a partir de fontes renováveis, como fotovoltaica ou eólica. É o primeiro grande projeto em que todas as grandes fabricantes de vidro plano estão juntas, porque é algo em que todas saem ganhando.

Outra tendência é o aumento do uso de vidros reciclados nos fornos para a fabricação de novas peças. O resultado mais importante nesse segmento em 2022 foi da Saint-Gobain, que relatou que em maio, pela primeira vez, produziu 2 mil t de float sem emissão de CO2 e com 100% de uso de vidro reciclado.

Há ainda o potencial no retrofit de envidraçamentos, trocando peças simples por produtos de controle solar e/ou insulados: em cidades como São Paulo ou Sevilha, essa substituição pode reduzir o consumo de energia nas edificações em mais de 90%. Pensando nisso, seria importante haver uma legislação que incentive ou obrigue as construtoras a adotar essas novas soluções em suas obras.

O que podemos esperar daqui para a frente em nosso setor?
AD – Nós chegamos ao final do Ano Internacional do Vidro, mas ainda temos um legado a manter, muitos projetos para dar continuidade, mantendo o vidro como um protagonista nas áreas de sustentabilidade e bem-estar. Esse é o nosso compromisso e, para isso, esperamos que a grande rede formada em 2022 continue viva e ativa para que todos continuemos trabalhando juntos, alcançando ainda mais objetivos do que os já alcançados nos últimos doze meses.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Divulgação

1000 Trees combina natureza, urbanização e arte

Em tempos de discussão sobre os desafios para conciliar urbanismo e sustentabilidade ambiental, o 1000 Trees é uma obra que definitivamente chama a atenção. O empreendimento de uso misto foi projetado pelo Heatherwick Studio para emergir como um par de montanhas cobertas de árvores na orla em Xangai, na China. Sua primeira etapa foi inaugurada em dezembro de 2021 (a segunda fase já está em construção, com inauguração prevista para 2024), abrigando lojas, cafés, restaurantes, novos espaços públicos e passeios, integrando um parque já existente e uma estrutura patrimonial de uma antiga fábrica local abandonada.

Ficha técnica
Obra: 1000 Trees
Autor do projeto: Heatherwick Studio
Local: Xangai, China

Colunas cobertas de verde
“O 1000 Trees é inspirado na ideia de transformar as cidades em espaços sociais”, afirma Thomas Heatherwick, fundador e diretor de Design do Heatherwick Studio. Ele considera que essa densa vizinhança residencial será transformadora para as pessoas que ali vivem e trabalham.

Todo o megacomplexo é sustentado por um exoesqueleto de colunas estruturais, sobre as quais se espalharão mais de 1.000 árvores — daí o nome do projeto — e 250 mil plantas. Essa vegetação traz um ganho significativo de biodiversidade ao local e ajuda a criar seu próprio microclima, deixando o ambiente mais fresco.

As próprias jardineiras no topo de cada coluna do empreendimento contêm uma mistura de árvores decíduas (que ficam sem folhas em alguma época do ano), perenes (sempre folhadas), frutíferas e floridas, combinadas com arbustos e plantas suspensas. Já as espécies em flor são incorporadas nos terraços inferiores e nas passagens ribeirinhas, criando aparência de uma encosta de montanha que muda com as estações.

Aliado da luz e da arte

Em um projeto com foco em sustentabilidade e integração, é claro que o nosso material não poderia faltar. O edifício voltado para a área comercial do empreendimento tem um grande átrio de vidro, que atrai a luz natural para o coração dos níveis de varejo. Vãos envidraçados nos terraços também contribuem para a vista panorâmica do rio Suzhou, do bairro residencial de Putuo (onde o empreendimento está localizado) e do distrito artístico M50, ao sul.

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Além de integrar interior e exterior, o vidro no 1000 Trees também integra as pessoas à arte: murais de 40 m de altura foram pintados nos poços dos elevadores, cada um feito por um artista diferente, de forma a dar a cada zona uma identidade visual distinta. Essas obras podem ser apreciadas de dentro das cabines envidraçadas — conforme elas sobem ou descem, os passageiros conseguem apreciar as pinturas na íntegra.

“Queríamos criar um lugar que reunisse natureza, comércio e bem-estar. Esse projeto transformou uma antiga área industrial em um novo destino explorando as poderosas relações entre arte, paisagem e arquitetura”, define Lisa Finlay, parceira e Líder de Equipe do Heatherwick Studio para o 1000 Trees.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: Qingyan Zhu

Caleidoscópio – janeiro 2023

DADOS & FATOS

Demandas da indústria
No começo do ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio de seu presidente Robson Braga, entregou ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, recém-empossado como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, um plano de retomada do setor industrial para os primeiros cem dias de governo.

Foco no desenvolvimento
Nesse documento da CNI, estavam diversas propostas para o crescimento do segmento, incluindo a aprovação de uma reforma tributária, o estímulo ao investimento e inovação, a recriação do sistema de financiamento e garantia às exportações e o estabelecimento do BNDES como promotor da reindustrialização e do aumento da produtividade, entre outras.

Representação no governo
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) voltou a ser uma pasta independente. E quem assume a Secretaria do Desenvolvimento Industrial, Comércio, Serviços e Inovação da pasta é o economista Uallace Moreira. Doutor em Economia pela Unicamp, ele já atuou como pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e professor da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul.

De olho no mundo
E em relação ao que acontece na economia internacional? Segundo o Banco Mundial, a projeção é de que o crescimento global caia para 1,7% em 2023, ao contrário do crescimento visto em 2022 (2,9%). Se confirmado, será o terceiro ritmo mais fraco em quase três décadas, culpa de políticas destinadas a controlar a inflação alta ao redor do planeta.

 

FIQUE POR DENTRO

Pelo microscópio!
A AGC desenvolveu uma tecnologia digital que servirá para analisar de forma minuciosa os parâmetros de funcionamento de seus fornos. Chamada Cocoa, a tecnologia será aplicada a partir de fevereiro nas plantas da empresa, tendo a função de captar dados relevantes sobre a produção (como distribuição de calor, temperatura atingida e qualidade das chapas, entre outros) para entender como o processo pode ser otimizado. Com isso, os técnicos da companhia poderão conduzir de maneira mais direta e eficiente as avaliações e testes nos equipamentos. No futuro, a AGC pretende construir um sistema de produção baseado em previsões de simulação – e o primeiro passo para isso foi dado com o Cocoa.

 

RETROVISOR

Revolução no vidro nacional
Em janeiro de 1974, O Vidroplano (ainda em formato boletim) anunciava um fato histórico: a Pilkington concederia a licença para a fabricação do vidro float no Brasil. Segundo a nota, a Companhia de Vidro Santa Marina e a Cia. Produtora de Vidro – Providro se juntariam numa sociedade para produzir o material.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: sergofan2015/stock.adobe.com

Amvid-MG realiza 13º Tecnovidro e anuncia novidade

Leonardo Braz (à esquerda) e Geraldo de Freitas Júnior (à direita)
Leonardo Braz (à esquerda) e Geraldo de Freitas Júnior (à direita)

No dia 7 de dezembro, a Amvid-MG e o Sinvidro-MG realizaram o 13º Tecnovidro, evento que recebeu 222 participantes e incluiu em sua programação oficinas e um ciclo de palestras. Além de homenagens às empresas Vidraçaria Pestana, Minas Laminação, Vidro Paiva e Polo do Vidro, que concluíram o Projeto de Certificação Inmetro, houve outro momento de destaque: Leonardo Braz se despediu do cargo de presidente do Sinvidro-MG — mandato que se encerraria no dia 31 de dezembro. Foram divulgados ainda os nomes que irão compor a nova diretoria para ambas as entidades no próximo triênio. Desde 1º de janeiro, quem está à frente das associações é o empresário Geraldo de Freitas Júnior, sócio da Cristal Temper. Em seu discurso no encerramento do evento, o novo comandante afirmou que pretende dar ao interior do Estado atenção especial, por meio de um mandato capaz de integrar cada vez mais as ações da capital com o restante de Minas Gerais. Sob o comando de Júnior nos quadros diretivos da Amvid e do Sinvidro figuram os seguintes nomes: Antônio da Cunha (vice-presidente); Muller Castro (diretor-administrativo); José Miguel Munoz (diretor-financeiro) e Fernando de Paiva (diretor-adjunto).

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: ARQUIVO @SINVIDROMGAMVID – Fotógrafo Anderson Costa

Desempenho térmico tem avanço na normalização

No final de 2022, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a ABNT NBR ISO 10077-1:2022 — Desempenho térmico de janelas, portas e persianas – Cálculo da transmitância térmica – Parte 1: Geral. Trata-se da tradução para o português da primeira parte da norma internacional ISO 10077:2017, cujo conteúdo contribuirá para a atualização de conhecimentos e padronização no segmento de eficiência energética no Brasil.

Marco para o mercado vidreiro
A tradução da ISO 10077 e sua adaptação como norma ABNT estão entre as atividades da Comissão de Estudo de Eficiência Energética e Desempenho Térmico nas Edificações (CE-002:135.007). Como o objetivo é desenvolver uma norma nacional de eficiência energética em edificações, o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) participou desse trabalho.

Para Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a publicação da Parte 1 da ABNT NBR ISO 10077 representa um marco importante para o mercado vidreiro e de esquadrias no Brasil. Diz ele: “Com ela [a norma], padronizamos a apresentação de propriedades térmicas das nossas esquadrias e vidros, o que permite a comparação de produtos por desempenho e coloca o setor na situação de importância que deve ter quando se fala em eficiência energética de edificações, pois são os componentes de maior relevância nas trocas de calor e consumo de energia”.

Conteúdo
A seção publicada traz as condições de contorno e equações para o cálculo de transmitância térmica de esquadrias em geral, podendo ser portas ou janelas. “O vidro entra nessa parte da norma, pois representa a maior área de uma esquadria completa”, destaca Westphal, que também é o coordenador do Grupo de Trabalho em Esquadrias e Vidros da CE-002:135.007.

A transmitância térmica é a propriedade que expressa o quanto de calor atravessa a composição de vidro por condução devido à diferença de temperatura entre o ambiente externo e interno. Nesse sentido, Westphal aponta que vidros insulados têm transmitância mais baixa, pois a câmara de ar atua como um isolamento térmico. “O fato de termos uma norma nacional para a determinação dessa propriedade uniformiza as informações no mercado, pois existem outras normas europeias e norte-americanas que tratam do mesmo tema, mas com condições de contorno diferentes, levando a variações nos resultados e dificuldade de comparação entre produtos.”

Vale observar que os dados de transmitância térmica do vidro são determinados de acordo com a ISO 10292, que é semelhante à europeia EN 673, norma já adotada pelos fabricantes de vidro plano no Brasil.

Próximos passos
A Parte 2 da norma – já traduzida e que deverá entrar em consulta nacional em breve – trata especificamente da determinação da transmitância térmica dos perfis das esquadrias. Outras normas ISO também estão sendo traduzidas, como a 15099 (que aborda o processo detalhado de cálculo numérico da transmitância térmica das esquadrias).

“Acredito que a adoção dessas normas acende as discussões sobre estratégias de eficiência ainda incipientes no Brasil, mas que têm grande potencial para melhorar o conforto térmico nas edificações, tais como o uso de vidros insulados e vidro de baixa emissividade [low-e], além das esquadrias com thermal break e elementos de proteção solar inovadores”, avalia Westphal. O professor ressalta ainda que isso pode contribuir para evitar o uso excessivo de climatização artificial em edificações e para aproveitar o vidro como elemento de contato visual com o exterior, sem comprometer a qualidade do ambiente interno.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: leungchopan/stock.adobe.com

Participe da pesquisa para o Panorama Abravidro 2023

Já parou para pensar quão comprometido estaria o crescimento de uma empresa se, por qualquer motivo, os responsáveis por ela não dessem a devida importância aos dados que podem ajudar na hora dos negócios? Muito possivelmente, dúvidas ligadas a faturamento, produtividade e até a evolução da companhia não poderiam ser solucionadas.

Criar uma “cultura da informação” em nosso setor é algo fundamental para nosso desenvolvimento – vem daí a iniciativa da Abravidro de criar estudos como o Panorama e o Termômetro. Porém, sem a participação das empresas, torna-se impossível medir o mercado. Por isso mesmo, a entidade abre agora a pesquisa para o Panorama 2023 com um pedido a todos os processadores do Brasil: participe, quem vai ganhar é você!

Basta entrar no link bit.ly/PanoramaAbravidro2023 e responder às questões!

Sede de informação
Desde o começo do ano passado, o Termômetro gera engajamento na comunidade vidreira, com um índice de participação crescente a cada mês – chegando a mais de 100 respondentes em determinados meses. Isso reflete não só a confiança das processadoras em relação à metodologia da Abravidro como também a demanda do setor por acesso à informação com credibilidade. Que tal, então, nos engajarmos também com o Panorama, um estudo mais completo e aprofundado do que o Termômetro?

Com base nas informações fornecidas pelas processadoras, será possível visualizar com clareza a performance do setor vidreiro nacional no ano anterior e mensurar as perspectivas reais do nosso mercado para os próximos 12 meses.

Com o Panorama é possível:

  • Adquirir visão clara da situação do mercado do vidro no Brasil;
  • Identificar os principais problemas do setor em âmbito nacional;
  • Embasar pleitos junto ao governo federal para ações que atendam nossas empresas de forma específica.

Garantia de confidencialidade
Segurança da informação é um tema que tem conquistado cada vez mais relevância nos últimos tempos. Portanto, como medida de segurança em relação ao estudo, apenas os economistas da GPM Consultoria têm acesso aos dados fornecidos pelas empresas. Inclusive, os profissionais assinam um termo de confidencialidade registrado em cartório. A Abravidro e o mercado só têm acesso aos dados consolidados de todos os respondentes.

Dúvidas sobre o estudo?
Caso queira esclarecer dúvidas gerais sobre o Panorama Abravidro, envie um e-mail para panoramaabravidro@gmail.com.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: tadamichi/stock.adobe.com

ABNT/CB-37 trabalhou a todo vapor em 2022

O ano passado foi um período bastante movimentado no que diz respeito aos trabalhos que envolveram o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro. Confira a seguir quais projetos de normas vidreiras andaram durante 2022.

Concluídos
Em maio, a ABNT publicou a norma ABNT NBR ISO 9050 — Vidros na Construção Civil – Determinação de luz, transmissão direta solar, transmissão total de energia solar e propriedades relacionadas ao vidro, que trata sobre os requisitos de transmissão luminosa do vidro. O documento especifica os métodos para determinar a transmissão de luz e energia da radiação solar para aberturas envidraçadas na construção civil.

O comitê participou da Comissão de Estudo de Eficiência Energética e Desempenho Térmico nas Edificações do ABNT/CB-002 com a missão de avaliar a tradução da ISO 10077 — Desempenho térmico de janelas, portas e persianas – Cálculo da transmitância térmica. Enquanto a Parte 1 da norma foi publicada em novembro, a análise da segunda parte também já foi concluída e está sendo preparada para envio à consulta nacional (veja mais sobre esse projeto clicando aqui).

Em andamento
A revisão da ABNT NBR 14698 — Vidro temperado segue a todo o vapor. Está sendo discutida a questão dos requisitos de furação e fragmentação.

Em outubro, os trabalhos da comissão na revisão da norma ABNT NBR 14697 — Vidro laminado foram finalizados. O novo texto estava em consulta nacional e deve ser publicado em breve.

Foto: romaset/stock.adobe.com
Foto: romaset/stock.adobe.com

 

Participação ativa
No intuito de favorecer o comércio de componentes para automóveis entre o Brasil e a Argentina, o ABNT/CB-37 foi convidado a integrar o grupo que atuou na avaliação da normalização e regulamentação desses itens, uma vez que o vidro figurou entre os elementos contemplados.

Outro ponto que vale o destaque é a participação do comitê em comissões de estudos do Comitê Brasileiro da Construção Civil. Entre outros projetos, houve a colaboração para trabalhos como os referentes à eficiência energética, assim como a atuação em outras comissões:

  • Comissão de Estudos de Garantia nas Edificações, cuja norma foi publicada em dezembro;
  • Comissão de Estudos de Iluminação Natural, que está revendo a ABNT NBR 15215 — Iluminação natural e aprovou os textos das Partes 3 e 4 para envio à consulta nacional;
  • Revisão da ABNT NBR 9077 — Saídas de Emergência, cujo texto estava em consulta nacional, será feita a reunião de análise dos votos em fevereiro/23;
  • Revisão da ABNT NBR 6123 — Forças devidas ao vento, cujo texto está sendo preparado para consulta nacional.

Além dos projetos citados, coube ainda ao ABNT/CB-37 a missão de atuar nos trabalhos do Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248), que publicou a Parte 7 da ABNT NBR 10821 — Ensaios de fachadas in loco, bem como participações dentro do comitê de revisão da ABNT NBR 14718 — Guarda-corpos para edificações e da Comissão de Estudos Especial – CEE 249 – Inspeção predial.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Magnetu/stock.adobe.com

Conheça mais sobre vidros de segurança

A segurança é um atributo cada vez mais valorizado nas edificações, seja contra intempéries como rajadas de vento e inundações, seja contra ações humanas, como atos de vandalismo. O vidro pode contribuir muito para conservar prédios e proteger as pessoas que ali se encontram: embora ainda haja quem pense que nosso material se quebra com facilidade, ele passou por uma série de avanços nas últimas décadas e hoje conta com soluções de alta resistência.

A seguir, O Vidroplano apresenta um pouco sobre a evolução do vidro voltado para aplicações de segurança, soluções disponíveis no mercado e seus principais públicos-alvo, além do potencial de crescimento da demanda por esses produtos.

Avanços e popularização
Tragédias não trazem apenas sofrimento: a maioria delas leva à busca de uma solução capaz de evitar que aconteçam novamente. Nos Estados Unidos, por exemplo, a revista USGlass Magazine publicou em 2021 uma série especial de reportagens sobre o impacto que os ataques terroristas em 11 de setembro de 2001, em que aviões colidiram com as torres gêmeas do antigo World Trade Center e com o Pentágono, teve na evolução do vidro e na indústria de envidraçamento de segurança.

Concluído em 2014, o One World Trade Center (1 WTC), em Nova York, é um exemplo importante da evolução da construção desde o 11 de setembro de 2001. A torre foi projetada pelo escritório de arquitetura Skidmore, Owings & Merrill (SOM), que trabalhou com especialistas da indústria para desenvolver uma cortina de vidro com uma nova escala monumental. Os painéis de insulado têm cerca de 1,5 x 4 m e as janelas contam com peças externas de vidro duplamente laminadas, fabricadas pela Viracon, tratadas com um revestimento low-e para máxima eficiência energética Foto: james lauerman/EyeEm/stock.adobe.com Leia mais sobre o assunto em https://abravidro.org.br/?p=101098&preview=true&preview_id=101098&preview_nonce=f936bf27bf&post_format=standard - Todos direitos são reservados à Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos - Abravidro. Este material não pode ser publicado sem os devidos créditos.
Concluído em 2014, o One World Trade Center (1 WTC), em Nova York, é um exemplo importante da evolução da construção desde o 11 de setembro de 2001. A torre foi projetada pelo escritório de arquitetura Skidmore, Owings & Merrill (SOM), que trabalhou com especialistas da indústria para desenvolver uma cortina de vidro com uma nova escala monumental. Os painéis de insulado têm cerca de 1,5 x 4 m e as janelas contam com peças externas de vidro duplamente laminadas, fabricadas pela Viracon, tratadas com um revestimento low-e para máxima eficiência energética
Foto: james lauerman/EyeEm/stock.adobe.com

 

A revista aponta que muitos consideram o atentado à bomba em Oklahoma, em 1995, como o momento em que, de fato, teve início a discussão em torno da segurança e dos vidros protetores. Porém, foram os ataques de 11 de setembro que forçaram o setor de construção a enfatizar a necessidade de avaliar e aprimorar a resistência e proteção que os materiais nesse segmento podem – e precisam – oferecer.

Além do desenvolvimento de produtos mais resistentes, o uso de vidros de segurança e de envidraçamento estrutural vem sendo adotado por diferentes segmentos nos Estados Unidos: se há 20 anos essas aplicações eram encontradas principalmente em prédios governamentais, hoje já estão também em escolas, universidades, no setor privado e até mesmo em vitrines e residências. Cada vez mais instalações estão avaliando a integração antecipada desses níveis de proteção básica ainda na fase de projeto, para evitar adaptações ou limitações de uso ocupacional ao longo da vida útil do edifício.

Potencial de crescimento no Brasil
Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da Viminas, observa que a preocupação dos cidadãos com relação à segurança tem crescido a cada dia em nosso país. “Aumentam as notícias de ações de criminalidade, e nem sempre o poder público, ou até mesmo o setor privado, conseguem garantir 100% de segurança para as pessoas e para o patrimônio. Então, tornou-se necessário buscar soluções que dificultem ao máximo esse tipo de perigo. Nesse sentido, o vidro antivandalismo é um importante incremento na proteção”, explica.

O engenheiro Dener Barros, consultor técnico da PKO do Brasil, também considera que o Brasil tem um enorme potencial de consumo desse produto – e isso está conectado com o fato de que os clientes, cada dia mais, buscam por soluções melhores para suas construções. “Imagine, por exemplo, uma joalheria ou uma loja de celulares de última geração. Já pensou no prejuízo se alguém conseguir invadir esses espaços? Agora, imagine esse mesmo cenário, só que dessa vez com uma vitrine feita com vidro antivandalismo, que tem excelente nível de transparência e que, quando adequadamente especificado e instalado, pode suportar até 70 golpes de machado: o invasor certamente irá partir sem atingir seu objetivo depois de poucos golpes.”

Em 2020, o STF decidiu fazer um retrofit em todos os vidros e esquadrias da sua fachada, a fim de aumentar a resistência da estrutura e reduzir os riscos para quem frequenta o edifício – em 2012, um voo rasante de um caça da Força Aérea Brasileira que se apresentava na cerimônia de troca da bandeira quebrou parte dos vidros da fachada, que foram trocados naquela ocasião por peças float Foto: Rmcarvalhobsb/stock.adobe.com
Em 2020, o STF decidiu fazer um retrofit em todos os vidros e esquadrias da sua fachada, a fim de aumentar a resistência da estrutura e reduzir os riscos para quem frequenta o edifício – em 2012, um voo rasante de um caça da Força Aérea Brasileira que se apresentava na cerimônia de troca da bandeira quebrou parte dos vidros da fachada, que foram trocados naquela ocasião por peças float
Foto: Rmcarvalhobsb/stock.adobe.com

 

Vidro antivandalismo: o que é?
Trata-se de uma variação dos vidros laminados. Anayeli Tapia, responsável pelas atividades de Marketing da Kuraray para a América Latina, explica: “Laminados podem ser especificados para atender diferentes requisitos, desde a segurança básica até vários tipos de intrusão – neste último caso, o produto é desenvolvido para dificultar que consigam atravessar o envidraçamento e atrase o tempo necessário para penetrá-lo. Esse atraso dá à polícia mais tempo para responder ao crime e pode até mesmo fazer com que o invasor desista”.

Segundo Dener Barros, da PKO, a diferença entre as peças antivandalismo e as laminadas comuns está na resistência aos impactos sofridos. “Dessa forma precisamos de uma composição que garanta resistência a impactos contínuos. Para isso, a composição adequada varia de acordo com o nível de proteção desejada e de acordo com a necessidade do projeto: a norma europeia DIN EN 356 estabelece alguns parâmetros para a especificação que levam em consideração o tipo de construção – joalheria, residência de alto padrão, museus etc. –, sendo que para cada tipo de aplicação é recomendável uma composição diferente, com mais camadas de vidros e interlayers”, orienta.

A PKO do Brasil demonstrou o poder de seu produto antivandalismo em uma edição da Fesqua: um protótipo multilaminado com interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray, foi instalado no centro do estande e diversos visitantes foram desafiados a tentar quebrar o vidro Foto: Divulgação PKO do Brasil
A PKO do Brasil demonstrou o poder de seu produto antivandalismo em uma edição da
Fesqua: um protótipo multilaminado com interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray, foi
instalado no centro do estande e diversos visitantes foram desafiados a tentar quebrar o
vidro
Foto: Divulgação PKO do Brasil

 

Luiz Cláudio Rezende, da Viminas, lista as duas principais variáveis para essa especificação:

  • O tipo e a espessura dos vidros: “Para essa aplicação, as peças podem ser comuns ou termoendurecidas – porém, deve-se evitar o vidro temperado, porque, ao estilhaçar, ele se fragmenta por inteiro, perdendo completamente sua resistência”, alerta;
  • O tipo e a espessura dos interlayers: segundo Rezende, além do PVB tradicional, a empresa também oferece a opção do SentryGlas, interlayer estrutural desenvolvida pela Kuraray, 100 vezes mais rígido em comparação com o PVB comum. Outras empresas, como a Eastman, também contam com soluções para esse segmento.

Vale destacar que o uso de peças de espessuras diferentes na composição do laminado ou multilaminado pode ajudar na dispersão do impacto sofrido, aumentando a capacidade de absorção do conjunto.

Existem classificações para vidros antivandalismo?
Sim. “De acordo com a norma europeia DIN EN 356, a depender da classificação que o vidro recebe pela sua composição, existe uma resistência a uma determinada quantidade de golpes desferidos sobre o produto”, explica Dener Barros, da PKO. Segundo ele, as maiores classificações são P6B, P7B e P8B, sendo esta última capaz de resistir a mais de 70 golpes.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: james lauerman/EyeEm/stock.adobe.com

O que podemos esperar para o setor em 2023?

Talvez nem mesmo com uma bola de cristal seja possível enxergar o futuro da economia nacional com precisão – ainda mais em um ano que marca o início de um novo governo e com o País continuamente mergulhado num processo de instabilidade política. Mesmo assim, refletir sobre o que pode acontecer no setor é fundamental para o mercado se organizar. De olho nisso, O Vidroplano começa 2023 com a tradicional reportagem a respeito das expectativas de nossas empresas em relação ao novo ano.

Conversamos com economistas e diretores de companhias vidreiras para entender os movimentos do mercado em 2022 e como isso deve afetar os próximos meses. Além disso, analisamos diversos indicadores econômicos para descobrir o que eles revelam para o futuro.

Visão geral
A estimativa de crescimento da construção civil, o maior mercado consumidor de vidro no Brasil, é de 6% em 2022, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Contudo, esse dado isolado não justifica o atual cenário no segmento, explica Ana Maria Castelo, mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Projetos da Construção da Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre). “A construção é um todo heterogêneo. A grande questão é saber como esse crescimento repercutiu na indústria, afinal, estima-se queda de 7% na produção da indústria de materiais. Então, houve um descompasso entre os dois setores.”

Essa diferença pode ser explicada por diversos fatores. Ao contrário do período inicial da pandemia, no qual as reformas feitas pelas famílias lideraram as atividades da construção, o ano passado contou com as grandes construtoras como o foco do crescimento. Diversos prédios vendidos em 2020 e 2021 estão sendo erguidos – portanto, vários materiais aplicados na fase final das obras, incluindo o vidro, ainda nem foram fabricados ou comercializados. “Isso traz perspectivas melhores para 2023 no quesito consumo de vidro”, aponta Ana.

Em relação a questões macroeconômicas, há dois grandes problemas. “As taxas de juros subiram e endividaram as famílias, fazendo com que gastassem bem menos com materiais de construção. O final do ano passado revela bem esse resultado, com o PIB tendo desacelerado no último trimestre”, comenta a economista. Há ainda a chance de uma recessão mundial eclodir. Ou seja, 2023 pode reservar bons resultados, mas muita coisa dependerá de fatores externos ao nosso setor.

De olho na construção
De acordo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria está menos confiante em relação às condições atuais e expectativas. O medidor caiu 2,2 pontos este mês na comparação com dezembro, ficando abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica desconfiança por parte desse segmento.

Segundo a Sondagem Industrial, também da CNI, a produção industrial teve baixa de 5,9 pontos na passagem de novembro para dezembro. Embora tal queda seja expressiva, a entidade afirma que dezembro é marcado pela desaceleração da produção. Com 42,8 pontos, o resultado ficou acima da média para dezembro.

Outro indicador que caiu na comparação com novembro foi o de utilização da capacidade instalada: -4 pontos, chegando a 67%. Mais uma vez, a queda não significa nada de anormal para o período.

Apesar desse resultado negativo, há fatores para se comemorar: a falta ou alto custo de matérias-primas deixaram de ocupar a 1ª posição no ranking dos principais problemas da indústria. O tópico atingiu o menor patamar de assinalação das empresas participantes da pesquisa desde o terceiro trimestre de 2020. Quem passou a liderar a lista de problemas foi a elevada carga tributária – demonstrando mais uma vez a importância de uma reforma nesse sentido. Em 3º lugar ficou a demanda interna insuficiente.

De olho nos materiais
Este mês, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou uma pesquisa com os números para esse segmento em 2022. O resultado foi de baixa de 7% no faturamento, um grande contraste com o crescimento de 8,1% visto em 2021.

“São inúmeros os fatores que levaram nosso setor a sofrer com quedas constantes e significativas”, explica o presidente da entidade, Rodrigo Navarro. “Podemos citar o elevado endividamento das famílias em um contexto de orçamento doméstico mais disputado com gastos com alimentação, o que tem deprimido a demanda por materiais. Outros fatores são a taxa de juros em patamar ainda elevado e a inflação de 2022, que fechou em 5,79%.”

De olho nos automóveis
O mercado automotivo mostrou bons resultados em 2022. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção cresceu 5,4% sobre 2021, número acima da projeção da entidade. Ao todo, foram 2,37 milhões de unidades fabricadas. Em relação às vendas, viu-se estabilidade: 2,1 milhões, representando pequena queda de 0,7%, número dentro do previsto desde a metade do ano.

Para 2023, espera-se aumento de 2,2% na produção de veículos e de 3% nas vendas. “A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada”, analisa o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite. “Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades.”

Foto: Anton Gepolov/stock.adobe.com

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Otimismo com boa dose de precaução

O Vidroplano ouviu a opinião do economista Sergio Goldbaum, da GPM Consultoria, responsável pelo Panorama Abravidro, a respeito das possibilidades do setor para 2023.

Com os dados já divulgados por entidades e associações no final do ano e agora nas primeiras semanas de janeiro, como foi o 2022 da construção civil, o principal cliente do mercado de vidro?
Sergio Goldbaum — Nas sondagens da indústria da CNI, capta-se o humor do mercado, a sensação dos operadores do mercado, mês a mês, e não a atividade propriamente dita. A análise dos números mostra que 2022 ainda foi um ano aquecido para o setor, especialmente entre os meses de junho a outubro, mas também sugere que o desaquecimento sazonal de final de ano pode ter sido um pouco mais intenso do que nos últimos anos – talvez refletindo os eventos extraordinários de novembro e dezembro, como as eleições e a Copa do Mundo, ou eventualmente antecipando um 2023 de maior cautela do setor. Outra série que acompanha o nível de atividades da indústria da construção civil é a série de volume de vendas de materiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa série foi revisada em fevereiro de 2022, o que destacou com muito mais intensidade o aquecimento das vendas de materiais de construção no período da pandemia após maio de 2020. Na nova série revisada, o volume de vendas no ano passado permaneceu, em média, no nível relativamente aquecido que já tinha sido observado em 2021.

O que as empresas vidreiras podem esperar de 2023 em relação à economia do País?
SG — O ano de 2023 será muito desafiador por muitos motivos. No âmbito doméstico, espera-se que os lamentáveis acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília possam ser superados. No âmbito internacional, ainda há muita incerteza em relação à política econômica, incluindo a política industrial, nos EUA, e aos desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia. Mas a série de expectativas de vendas de insumos da construção civil oferece uma resposta objetiva: novamente se observa relativo otimismo dos empresários da construção civil ao longo de todo o ano de 2022, com súbita reversão das expectativas no final do ano.

E o que se pode analisar em relação a outros mercados consumidores, como o automotivo e o de linha branca, para este ano?
SG — Em relação à indústria automotiva, 2022 marcou a recuperação após dois anos muito ruins, mas ainda está muito abaixo dos picos de produção observados em 2012 e 2013. Automóveis são bens de consumo duráveis, e o forte choque negativo da pandemia vai continuar a ser compensado nos próximos anos. Numa perspectiva de longo prazo, a indústria automotiva no mundo passa por transição e a nacional está tentando encontrar seu lugar nesse novo ambiente. A indústria de eletrodomésticos, ao contrário, viveu um momento de muito aquecimento durante a pandemia. Eletrodomésticos também são bens de consumo duráveis, mas, ao contrário da indústria automotiva, o choque positivo da pandemia vai ser compensado negativamente por um tempo.

É possível para o setor vidreiro sonhar com crescimento este ano?
SG — No início do ano passado sugerimos precaução ao segmento, especialmente por conta do aumento importante da taxa de juros e de seu impacto na indústria da construção civil. Entretanto, ao longo do ano, as expectativas na sondagem da CNI quanto ao lançamento de novos empreendimentos permaneceram otimistas, com súbita reversão no final do ano. O insumo vidro processado entra nas últimas etapas do processo construtivo. Assim, mesmo que o pessimismo do final do ano passado se revele justificado, o setor ainda teria alguns meses antes de ser afetado. E, por isso, a sugestão de algum otimismo com uma boa dose de precaução permanece para este ano.

 

A opinião vidreira
A seguir, confira o que nosso segmento tem a dizer sobre suas perspectivas e expectativas para 2023. Primeiro, confira as empresas de diversos elos da cadeia; na sequência, as usinas.

 

Daniel Domingos
Eastman
“Apesar de desafiador, 2022 se revelou um ano em que conseguimos crescer em vários segmentos, principalmente com os interlayers estruturais e cores, o que foi muito positivo e revela um amadurecimento do nosso setor, no sentido de oferecer produtos de maior valor agregado. Nós acreditamos que 2023 será bem similar a 2022, com algumas oportunidades em segmentos específicos com chance de crescimento e consolidação de nossa parte, o que apoiará o crescimento do consumo do vidro laminado, algo que vem se consolidando nos últimos três anos.”

 

Ricardo Costa
GlassParts
“Em relação ao ano passado, posso afirmar que tivemos um período de negócios muito bom, com crescimento. Para 2023, a GlassParts está bastante otimista, pois esperamos que, passadas as incertezas políticas e econômicas, retornaremos a ter um mercado ativo.”

 

Yveraldo Gusmão
GR Gusmão
“Eu diria que, apesar de um ano com tantos acontecimentos (feiras, eventos, Copa do Mundo), analiso 2022 como um período bom. Com as expectativas de negócios, os investidores estarão mais seguros quando o novo governo se organizar. O nosso setor terá muito trabalho, pois a construção está na fase final de várias obras. Passamos um ano de 2022 com grandes expectativas, mas nem todas se tornaram realidade. Para 2023, apesar das mudanças políticas, no final tudo se reverte; trabalharemos bastante para isso.”

 

Sandro Eduardo Henriques
Sglass
“Podemos afirmar com satisfação que superamos nossas expectativas: 2022 foi o segundo melhor em termos de vendas desde 2014. E também alcançamos uma marca significativa, ao chegar ao número de 250 fornos de têmpera produzidos. Esperamos que 2023 seja um ano promissor. No entanto, é importante lembrar que a indústria vidreira é altamente dependente das condições políticas e econômicas e pode ser afetada por fatores imprevisíveis. Os governantes eleitos fizeram grandes promessas de avanços sociais e econômicos, o que pode impulsionar a demanda por vidro em diversos setores, como os de construção, linha branca e de geração de energia. Vamos acompanhar a evolução dos acontecimentos e estaremos preparados para adaptar nossas estratégias de negócios. Para isso, é fundamental investir em novas tecnologias, como a automatização de processos, para tornar a produção mais eficiente e reduzir custos.”

 

Isidoro Lopes
AGC
“2022 foi um ano conservador quando comparado a 2021. Tivemos um primeiro trimestre forte, porém a sequência foi instável, já sendo impactada pela turbulência política no País. As adaptações da forma de trabalho e a recuperação do setor de serviços fizeram com que o nível de desemprego diminuísse, mas a renda da população brasileira não melhorou. A inflação subindo, juros altos e câmbio oscilante levaram os índices de confiança do consumidor e da indústria a cair. Com isso, caiu o consumo, o que prejudicou a demanda. Sendo assim, fechamos o ano com um saldo negativo em relação a 2021.

O controle dos custos dos materiais importados e o custo do frete internacional impactaram no valor das matérias-primas e dos sobressalentes para manutenção de equipamentos. O menor fornecimento de alguns componentes importantes para nossa indústria – causado por ações que estão fora do nosso controle, como as restrições e lockdowns chineses, interrupção de produção de algumas matérias-primas ao redor do mundo devido às limitações de emissões de carbono (era melhor parar de produzir do que pagar as taxas de carbono) – acabou criando um desequilíbrio na oferta, o que atinge os custos até hoje.

Para 2023, prevemos uma estagnação no primeiro semestre e uma recuperação moderada da demanda para o segundo. Estimamos um leve crescimento de 2,5% a 3% para nosso setor. A construção civil continua crescendo, mas perdeu um pouco da intensidade quando comparada a 2021. Já sobre o setor automotivo, temos excelentes expectativas, com crescimento tanto da produção como do mercado de reposição. O moveleiro e a linha branca possuem fatores para acreditarmos no crescimento, pois estão diretamente ligados às políticas sociais e ao maior foco do novo governo para o fomento do consumo e distribuição de renda. Se isso for efetivado, pode ser uma grata surpresa.

Para o mercado local, tivemos a oportunidade de aprender com a pandemia de que ter fontes nacionalizadas de produtos e serviços com qualidade e agilidade é vital – principalmente para as usinas, que dependem da longevidade de seus equipamentos e estabilidade dos processos. Nossas empresas, portanto, precisam estar preparadas para o caso de outra retomada repentina, assim como foi em 2020 e 2021, pois quando a demanda sobe de forma inesperada é crucial termos parcerias sólidas que gerem a oportunidade do cumprimento dos compromissos assumidos.”

 

Lucas Malfetano e Manuel Corrêa
Cebrace
“Em 2022, é importante destacar a retomada dos encontros presenciais, nos quais tivemos a oportunidade de estar em meio a excelentes momentos de confraternização. Contudo, observamos um comportamento de mercado diferente, com a não prioridade dos investimentos em reforma. Experimentamos um ano atípico, com uma redução do volume de vendas maior do que o esperado, resultando em uma queda superior a 20%, como tem apontado o Termômetro Abravidro. Isso nos motivou a manter ainda mais os esforços voltados para o que é a essência da Cebrace: aprimorar de forma contínua e robusta a qualidade dos produtos e serviços, priorizando a inovação e a sustentabilidade. Realizamos a reforma dos fornos C1 e C2, garantindo o fornecimento contínuo para os clientes – e podemos dizer que mantivemos o fornecimento sem rupturas durante o período de reforma. Encerramos o ano com esses fornos preparados para produzir cada vez melhor e com o C2 com uma estrutura adequada para reduzir as emissões de CO2.

Nossa expectativa para 2023 é de crescimento modesto quando comparado a 2022. Compreendemos que se faz necessário mais tempo para que as mudanças de governo e cenário econômico se estabeleçam. No geral, os números mostram que os mercados consumidores apresentarão crescimentos tímidos, mas ainda será necessário entender com clareza como será o ano em cada segmento. A expectativa é de que os custos de produção sejam estabilizados, sem aumentos de insumos expressivos. E outra das prioridades da Cebrace este ano é apoiar no trabalho das associações, visando a combater os descaminhos fiscais e reforçar a busca pela simplificação tributária.

Estamos vivenciando um importante período de transformação. Falamos nos últimos eventos sobre a aceleração da transformação digital, que exige de todos nós um olhar para a frente, adequando processos a essa mudança. É possível perceber uma nova geração entrando para o mercado do vidro, trazendo novas ideias e oxigenando os negócios. Isso exige que os líderes estejam preparados para planejar, educar e facilitar a transição sem perder o foco da sustentabilidade: como podemos inovar mais, melhor, com menor impacto e mais eficiência? Mais que um ponto de atenção, são reflexões que todas as empresas vidreiras devem experimentar.

Os vidros de valor agregado têm margem para conquistar mais espaço no mercado e isso depende da disseminação de informações. Que todo o setor possa abraçar essas oportunidades, investindo em profissionalização, divulgação e na melhor estratégia para cada um.”

 

Renato Poty
Guardian
“Com o cenário macroeconômico mais complexo em 2022 em comparação com 2021, ano passado foi um período de aprendizados para a Guardian. Tivemos de trabalhar estrategicamente o equilíbrio da produção e estoques para atender de forma responsável as demandas de mercado, sem destruição de valor para nossos clientes e parceiros de negócio, contribuindo para criação de valor em toda a cadeia de vidros planos através de iniciativas focadas no setor consumidor de tais produtos. Os principais desafios foram relacionados à demanda mais retraída de alguns segmentos e à inflação dos principais insumos do processo produtivo de vidros planos. A crescente escalada dos custos da barrilha, gás natural e logística ao longo do ano aumentou de forma significativa o custo de produção.

Acreditamos que 2023 será um ano de crescimento do mercado, mas ainda com uma pressão de custos importante no valor final do vidro plano. Os mercados de float fora do Brasil estão com previsão de desbalanço entre oferta e procura em algumas partes do ano, segundo nossas estimativas, o que poderia atrair mais importações. De maneira geral, a Guardian tem uma visão positiva para este ano com base nas obras já lançadas e novos investimentos da iniciativa pública e privada, representando um cenário favorável para a construção civil, principalmente no segundo semestre. Já a previsão para os demais segmentos é menos otimista.

Acreditamos que temos melhores perspectivas para 2023 devido à menor pressão inflacionária, porém a economia global está demonstrando tendência de desaceleração, o que pode afetar o equilíbrio de oferta e demanda de vidros no Brasil. Por isso, as indústrias vidreiras têm de continuar focadas em iniciativas para o desenvolvimento do setor, trabalhando para a educação de toda a cadeia e criação de valor com foco no longo prazo. Equilíbrio de inventário é fundamental para atender as crescentes demandas dos nossos clientes.

A Guardian está comprometida com o crescimento do setor de forma sustentável, por isso investimos constantemente em inovação de produtos e serviços, visando a melhorar a experiência dos nossos clientes e parceiros, com foco no benefício mútuo.”

 

Henrique Lisboa
Vivix
“Mesmo com todas as dificuldades, navegando em um cenário bastante diferente do que havíamos projetado e incluindo todo o impacto externo que ocorreu dentro dos negócios em geral, consideramos que tivemos um saldo positivo em 2022. Acreditamos que cada vez mais essa imprevisibilidade fará parte dos negócios, e precisaremos estruturar as nossas empresas para operarmos de forma cada vez mais ágil, inovadora e responsiva a novas situações. Certamente a principal dificuldade enfrentada no ano passado foi a forte inflação dos insumos, gerada por acontecimentos geopolíticos externos que nos forçaram a implementar aumentos de preços ao longo do ano, e que também provocaram impactos no mercado em 2022.

Após uma retração em 2022, estamos projetando para 2023 um leve crescimento de nosso setor, recuperando parte do que foi perdido no ano passado. Com relação à construção civil, linha branca e movelaria, esperamos também um leve crescimento. Já para o setor automotivo, acreditamos em uma recuperação significativa, o que ajudará no equilíbrio do segmento de vidros planos.

Embora haja um carregamento muito forte dos custos que incorreram sobre as empresas no ano passado, não estamos esperando aumentos significativos em relação aos insumos ao longo deste ano. Portanto, sob o ponto de vista de inflação do setor de vidros planos, acreditamos que teremos um ano estável, apesar de que com um impacto relevante nos custos, decorrente de 2022.

Eu diria que as empresas vidreiras deverão cada vez mais buscar caminhos para agregar valor aos seus negócios, entender e atuar de forma integrada na sua cadeia e dedicar esforços para que o consumidor final valorize o produto e o serviço que recebe dos agentes que fazem parte do nosso segmento. Além disso, é preciso gerenciar os custos e preços de vendas com bastante equilíbrio e cuidado. Nosso mercado é dinâmico, sendo impactado externamente de muitas formas. Precisamos estar atentos às necessidades da cadeia e às mudanças que o mercado está nos sinalizando, para ajustarmos as nossas empresas e, assim, podermos evoluir juntamente com todo o mercado.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: evannovostro/stock.adobe.com

Como o vidro funciona em lupas?

Uma lupa pode parecer algo antiquado hoje em dia, vista apenas em filmes de Sherlock Holmes, mas tem várias serventias: esse instrumento é bastante útil para ampliar nossa visão de letras pequenas, observar insetos numa árvore ou facilitar a identificação de detalhes em superfícies. Mas você já parou para pensar em como elas funcionam?

As lupas são geralmente feitas com uma lente de vidro convexa – isto é, cuja superfície se curva para fora. Embora o olho humano não seja capaz de perceber, a luz viaja em velocidades diferentes de acordo com a substância que ela atravessa: no vidro ou plástico ela passa de forma mais lenta, enquanto no ar a velocidade dela é maior.

Quando a luz atinge o vidro em algum ponto, logo ela se move em direção ao centro da lente. Por isso, as lentes das lupas chamam-se convergentes, pois todos os feixes de luz vão para o mesmo ponto. Dessa forma, ao posicionar um objeto entre a lente e seu foco principal, o resultado é uma imagem maior, mais focada e nítida.

Vale destacar que as lupas também podem concentrar raios de luz, criando um foco de calor que pode até mesmo atear fogo no ponto em questão.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: De Andrey Popov/stock.adobe.com

Mercado apreensivo

domingos-jan2023O ano começou em clima de incerteza. Apesar da recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sob a liderança do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, vista com bons olhos por representantes do segmento, as declarações polêmicas do presidente Lula nas primeiras semanas do ano azedaram o clima com industriais e empresários.

Já no mercado vidreiro, a chegada de 2023 foi em ritmo lento e com preços em queda. A isso somam-se os rumores de que grandes volumes de vidro importado devem chegar ao Brasil no primeiro trimestre do ano, resultado da queda dos custos do frete internacional e da insatisfação causada pelos aumentos sucessivos do preço do float em 2022. O clima geral é de preocupação.

Enquanto monitoramos a situação e aguardamos os próximos movimentos do nosso mercado, é chegada a hora de contar com a colaboração dos processadores em mais uma edição do Panorama Abravidro. O documento traz uma fotografia da performance do ano anterior para a cadeia de processamento de vidros planos, com números de volume, faturamento, mão de obra empregada e produtividade, além das expectativas do setor para o ano que se inicia. Os dados são recebidos e consolidados pela GPM Consultoria Econômica, que anualmente assina um termo de confidencialidade garantindo o sigilo das informações individuais de cada empresa participante do levantamento. Não deixe de participar!

E se o Panorama chega à sua 12ª edição, o Termômetro Abravidro, lançado no último mês de fevereiro, acaba de completar o ciclo dos primeiros 12 meses de apuração. O último resultado disponível mostra queda relevante no volume de vendas faturadas em dezembro. A partir de fevereiro, os números serão comparados não apenas com o mês imediatamente anterior, mas também com o mesmo período do ano anterior, permitindo verificar sazonalidade e outras características do mercado. As respostas individuais do Termômetro também são protegidas por termo de confidencialidade. Se você ainda não participa de nossa pesquisa mensal, fica aqui o convite! O questionário fica sempre disponível no site da Abravidro nos cinco primeiros dias úteis de cada mês.

Conto com vocês!

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

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