A usina de base informou que a manutenção preventiva realizada ao longo do mês passado no forno de Tatuí (foto), interior de São Paulo, foi concluída com sucesso. A empresa já voltou a empacotar vidros produzidos nessa planta, cuja capacidade produtiva é de 800 t por dia. Segundo a Guardian, esse tipo de parada, realizado em média a cada três anos, tem o objetivo de manter a qualidade da produção dos produtos fabricados ali e não causou impacto no fornecimento de vidro aos seus clientes no período.
No dia 27, a usina promoveu uma live em seu perfil no Instagram com a participação da arquiteta e artista plástica Patricia Pomerantzeff. Youtuber e fundadora do maior canal de arquitetura do País, o Doma Arquitetura, Patrícia esclareceu dúvidas de seus seguidores e dos espectadores sobre o uso do vidro em obras, incluindo questões a respeito da fabricação do material, relevância dos produtos de controle solar para o clima brasileiro e importância de se seguir as normas técnicas vidreiras da ABNT. A conversa foi mediada por Betânia Danelon, gerente-comercial da Guardian para o segmento de arquitetura.
A Kuraray, fabricante de interlayers para laminados e detentora das marcas SentryGlas e Trosifol, promoveu, no dia 28 de abril, o fórum online “Designing with Laminated Glass: Recent Advances in Engineering Methods” (Design com Vidro Laminado: Avanços Recentes em Métodos de Engenharia). O evento reuniu especialistas de vários países para apresentar e debater os últimos desenvolvimentos no desempenho mecânico dos laminados, abordando tópicos como a definição da espessura do produto, os modos para calcular a estabilidade e o estresse local da peça e a comparação entre diferentes métodos para se realizar esses cálculos.
O Grupo Pujol, sediado na Espanha, colocou no ar os novos sites da Evalam (divisão focada na fabricação de películas de EVA arquitetônico para laminação) e da Hornos Industriales Pujol (produção de fornos de laminação, de têmpera química e outros maquinários), bem como o site corporativo do próprio grupo. O objetivo é apresentar as páginas com visual mais limpo e organizado, facilitando a navegação por elas. É possível acessar o site em espanhol, inglês ou francês.
Claudio Acedo, diretor e fundador da Casa Mansur Vidros, faleceu no dia 16 de abril em decorrência de complicações de saúde causadas pela Covid-19. Atuante no setor vidreiro há 49 anos, Acedo foi homenageado in memoriam por seus funcionários, no mesmo dia em que morreu, em frente à sede de sua empresa, em São Paulo.
Não é segredo que o vidro temperado possui resistência mecânica de até cinco vezes mais do que um vidro comum – mas ele precisa também resistir a choques térmicos. A norma NBR 14698 — Vidro temperado apresenta um ensaio para assegurar que o produto terá o desempenho esperado nesse quesito.
As etapas do teste – demonstrado para os visitantes do espaço Vidro em Ação, durante a edição 2018 da Glass South America – e os requisitos necessários para aprovação do temperado são apresentados a seguir.
Aparelhos necessários
– Estufa capaz de atingir, de forma controlada, a temperatura de 250 ºC. Deve ter capacidade para acondicionar peças de temperado com dimensões de 350 x 350 mm;
– Termômetro graduado e calibrado com precisão mínima de ± 0,5 ºC;
– Sistema com regulagem de altura conjugado a um dispositivo que retenha o esguicho da água;
– Esguicho com controle do fluxo de água com vazão de 10 a 15 ml/s, com um diâmetro de jato de água de 5 a 7 mm;
– Suporte da peça de vidro (corpo de prova) constituído por dois cilindros de madeira maciça, cada um com diâmetro de 25 mm e comprimento suficiente para apoiar toda a extensão do corpo de prova. Os dois cilindros devem ser posicionados paralelamente entre si – a distância entre seus eixos deve ser de 200 mm.
Importante: antes do ensaio, é necessário medir a temperatura da água que será utilizada – ela deverá estar na faixa de 23 (±2) ºC.
Passo a passo do ensaio
As etapas abaixo são as mesmas para qualquer espessura de vidro a ser ensaiado:
1. O corpo de prova (uma peça de temperado com dimensões de 350 x 350 mm) é colocado na estufa, cuja temperatura deve ser regulada para atingir 250 ºC. O vidro deve ficar dentro da estufa por, no mínimo, 30 minutos.
2. Após esse período, a peça é posta sobre o suporte, de maneira que fique simétrica em relação aos apoios.
3. Acima do suporte, está o esguicho – a altura dele deve ser regulada para 150 mm em relação ao plano do corpo de prova.
4. O jato de água é liberado durante 90 segundos, sendo direcionado perpendicularmente e atingindo exatamente o centro da peça de vidro.
Requisito para aprovação
O temperado, independentemente da espessura, precisa suportar esse choque térmico durante os 90 segundos sem apresentar qualquer trinca ou quebra.
Nos dias 24 e 25 de junho, a sede da Abravidro, em São Paulo, receberá presencialmente a 1ª turma do ano para o módulo de Planejamento, Programação, Controle da Produção e Estoques (PPCPE), um dos cursos da Especialização Técnica Abravidro. As inscrições podem ser feitas pelo e-mailabravidro@abravidro.org.br ou telefone (11) 3873-9908.
Cuidados e novidades
Para a realização do curso presencialmente, a Abravidro adotará protocolos de saúde para segurança de todos os participantes. O uso de máscara durante as aulas será obrigatório, havendo também distanciamento entre os alunos, de forma a evitar qualquer contato próximo.
Outras novidades estão no conteúdo: a cada edição do PPCPE, são inseridos temas para atender as demandas mais frequentes das empresas. Isso faz do curso uma ferramenta atualizada em relação ao momento vivido pelo setor. Dessa vez, entre outros, serão comentados assuntos como:
– Adequação da empresa em tempos de crise;
– Melhoria da percepção de precificação, custo operacional e lucro líquido;
– Melhoria da gestão de conflitos entre setores, principalmente entre venda e produção.
Por que fazer?
Diferente de outros cursos de PCP, o PPCPE possui conteúdo exclusivo para o mercado vidreiro. Todos os processos de uma empresa são abordados, incluindo a programação da produção, realização de pedidos e controle de estoques.
Aprenda com um dos maiores especialistas do Brasil
O PPCPE é ministrado por Cláudio Lúcio da Silva. Um dos melhores profissionais do Brasil na área de transformação de vidros, ele possui vasta experiência em modelagem, instalação e gestão de processos industriais, além de ampla formação acadêmica.
Escolas são, em seu conceito mais básico, espaços para a criatividade e interação. E é justamente por esse motivo que a nova unidade da Escola Bilíngue Pueri Domus em São Paulo, localizada no bairro das Perdizes, se destaca: o projeto aplica essas ideias em sua estrutura física. Concluída no ano passado, a obra aposta na aplicação de vidro, aliado a brises, para criar uma fachada que permite luz e sombra em seus interiores ao mesmo tempo.
Ficha técnica Autor do projeto: Perkins&Will Local: São Paulo Conclusão: 2020
Ensino do futuro
A escola foi idealizada para atender as demandas das metodologias de ensino modernas. “O nosso projeto alcança esse objetivo por meio de espaços que promovem acolhimento, incentivam a interação e exercitam o foco”, comenta o arquiteto Douglas Tolaine, membro da unidade paulistana do estúdio internacional Perkins&Will.
Pensando nisso, a edificação ganhou duas “asas”, ambas conectadas por um átrio central que conta com uma grande arquibancada para receber alunos, funcionários e pais. Essa área existe para a circulação de pessoas pela instituição, valorizando a troca de experiências e informações, além de funcionar como local para estudos ou brincadeiras nos intervalos. Uma espécie de cúpula envidraçada cobre esse átrio: “Ela permite luz natural no interior e também a visão para a rua, ao mesmo tempo que dá privacidade, criando um local agradável e acolhedor”, explica Tolaine.
No projeto é aplicado também o chamado “design biofílico”, que consiste na criação de ambientes naturais dentro de uma construção para a melhora do bem-estar dos usuários. Para ajudar na questão térmica e proporcionar o contato direto dos estudantes com a natureza, uma “floresta de bolso”, formada por um pequeno bosque com árvores nativas, foi desenvolvida pela Cardim Arquitetura Paisagística.
Transparência
O prédio foi construído em apenas oito meses, graças ao uso de uma estrutura metálica, o que garantiu ainda a criação de vãos maiores. Para controlar a luz do Sol, no entanto, optou-se pela instalação de um sistema de brises de madeira em todo o andar superior, onde se localizam as salas de aula. De padrão diagonal, os brises trazem uma estética diferenciada ao edifício, agregando um aspecto rústico e, ao mesmo tempo, moderno ao espaço.
Por falar em salas de aula, elas ganharam divisórias feitas de vidro. “Queremos que os alunos se acostumem ao movimento nos corredores. É uma forma de ensiná-los a ter foco em um cenário repleto de estímulos como redes sociais e dispositivos eletrônicos”, revela Douglas Tolaine.
A partir de agora, já sabemos: o ensino fica muito melhor se tem nosso material envolvido.
Fechamento de edição de O Vidroplano em que o Panorama Abravidro está encartado é intenso, com muito trabalho para entregar tudo a tempo para a gráfica. Mas não reclamo: é recompensador analisar, a cada ano, o desempenho do nosso setor, avaliando o que evoluiu e o que requer mais atenção. Por isso mesmo, além de ler o estudo completo, você encontrará uma reportagem, clicando aqui, na qual esmiuçamos o que os números querem dizer a respeito da performance da indústria de processamento de vidros no ano passado, em plena pandemia.
Ainda sobre o mercado vidreiro, dois temas relevantes são tratados em detalhes. Por que os insulados são tão pouco usados no Brasil? Esse material oferece diversos benefícios à construção civil, mas é aplicado apenas em projetos pontuais. Conversamos com usinas, processadoras e engenheiros para entender esse dilema – confira clicando aqui. O outro assunto é a presença dos vidros no segmento de refrigeração comercial: quais podem ser usados e qual a situação desse ramo? Saiba clicando aqui.
E, relembrando o 18 de maio, quando se comemora o Dia do Vidraceiro, destaco a seção “Para sua vidraçaria”, sobre a aplicação de vidros em marquises. Na reportagem (para lê-la, clique aqui), veja dicas para o trabalho com esse tipo de estrutura.
Uma revista recheada de informações úteis para sua rotina é o que você tem em mãos. Aproveite e boa leitura!
A processadora Viminas conquistou a certificação para a circulação de seus vidros automotivos temperados planos nos Estados Unidos, em veículos fabricados no Brasil por empresas parceiras. No segundo semestre do ano passado, a empresa capixaba já havia obtido a certificação europeia, que liberou o fornecimento desses mesmos produtos para instalação em veículos comercializados no continente. Ambas certificações foram concedidas após avaliações dos processos produtivos e de testes feitos para comprovar a qualidade dos vidros conforme as normas internacionais (ECE R43, para a Europa, e DOT, para os Estados Unidos). Segundo a Viminas, seus vidros automotivos planos agora podem ser comercializados em cerca de 60 países europeus e em todo o território americano.
Subsidiária da NSG/Pilkington, a nova unidade da Vidriería Argentina S.A. (Vasa) deverá iniciar suas atividades produtivas em abril de 2022, conforme informado pelo diretor-gerente da empresa, Pablo Gaynecotche, em mensagem publicada na edição de abril da revista argentina Vidriotecnia. A fábrica, em construção no município de Exaltación de La Cruz, Estado de Buenos Aires, teve suas obras paralisadas temporariamente por conta da pandemia. Atualmente, 75% da planta está finalizada. Serão produzidos ali float incolor, bronze e cinza nas espessuras de 2 a 19 mm, além de extra clear (com baixo teor de ferro). Há planos ainda para que, no futuro, vidros com revestimento (coating), como os de controle solar, também saiam da nova planta.
A norma NBR 14718 — Guarda-corpos para edificação – Requisitos, procedimentos e métodos de ensaio está passando por nova revisão, conduzida pelo Comitê Brasileiro de Esquadrias, Componentes e Ferragens em Geral (ABNT/CB-248). Desde 2020, o comitê vem aprimorando diferentes pontos do texto a fim de garantir que fique ainda melhor e mais completo. A seguir, veja quais são os principais focos do trabalho.
Mais definição e clareza nas avaliações
A descrição dos ensaios contemplados pela NBR 14718 é um dos principais pontos. “A revisão dessa norma publicada em 2019 já contava com a experiência dos laboratórios em relação à realização dos testes, mas a cada dia eles recebem novas demandas de ensaio em suas dependências e em guarda-corpos instalados em obra, frequentemente com modelos diferentes dos previstos nos métodos de ensaios descritos na norma”, explica a engenheira Fabíola Rago Beltrame, coordenadora das comissões de estudo de esquadrias e guarda-corpos do ABNT/CB-248 e diretora do Instituto Beltrame da Qualidade, Pesquisa e Certificação (Ibelq). “Os laboratórios precisam se debruçar sobre o texto para avaliar de quais adaptações esses novos modelos precisam para serem ensaiados. Todos esses detalhes são explicados por eles à comissão de estudos, a qual se dedica a encontrar em conjunto as melhores soluções para as metodologias e deixar cada vez mais claros esses detalhes no texto”, observa.
A engenheira Michele Gleice da Silva, diretora técnica do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec), foi a relatora de um grupo de trabalho na extinta Comissão de Estudo Especial de Esquadrias (ABNT/CEE-191), no qual organizou algumas reuniões com os laboratórios interessados para levantar todos os pontos em relação aos métodos de ensaios que precisavam ser mais bem definidos e descritos na revisão da norma. “O Grupo Técnico de Laboratórios apontou alguns itens que necessitam de revisão, como a definição de quando precisa ser adotada a ABNT NBR 6123 – Forças devido ao vento nas edificações. A versão de 2019 da NBR 14718 apresenta o requisito quanto à necessidade de se calcular a carga oriunda da ação do vento, porém não informa como esta deve ser aplicada na realização dos ensaios de esforços horizontais. Também identificamos a necessidade de discutir a modelagem dos protótipos, considerando a variedade de possibilidades de projeto, tais como guarda-corpos em formato de ‘L’, com comprimento total inferior a 3 m ou que possuam quatro montantes estruturais, entre outros casos”, explica Michele.
Informações claras e completas
Com base na organização dessas demandas, a nova versão da NBR 14718 descreverá, com mais detalhes, pontos como as posições dos dispositivos que avaliam as deformações, os locais de aplicação das cargas e o ângulo do objeto que irá impactar o vidro, entre outros.
Além do foco nos ensaios, o comitê também está discutindo, com grande abrangência, as cargas de uso e as pressões de vento que podem incidir sobre os guarda-corpos, bem como os vãos permitidos e todas as questões dimensionais que devem ser levadas em consideração nos projetos de guarda-corpos. “O princípio dessa revisão é deixar o produto guarda-corpos que atende a norma cada vez mais seguro para o usuário. Portanto, todos os pontos nela que abrangem questões de segurança estão sendo aprimorados”, esclarece Fabíola.
De acordo com a coordenadora das comissões de estudo de esquadrias e guarda-corpos do ABNT/CB-248, os trabalhos na revisão dessa norma estão avançados: no ano passado e no começo deste ano, o comitê recebeu mais de 40 contribuições sobre pontos a serem discutidos na norma de guarda-corpos, das quais mais da metade já foi avaliada. Espera-se que o texto seja finalizado no segundo semestre.
Queda do emprego na indústria é menor
O emprego industrial foi menos afetado pela crise da Covid-19. Dados da Pnad/IBGE analisados pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostram que o número total de ocupados na indústria de transformação caiu 8,9% no quarto trimestre de 2020 (contra o mesmo período de 2019). No restante do setor privado, a redução foi maior, de 11%.Conforme o Panorama Abravidro 2021, encartado nesta edição de O Vidroplano, a geração de empregos da indústria de transformação vidreira durante 2020 foi positiva: 5,2%, o melhor desempenho em contratações desde 2013.
Recuperação emperrada
Depois de crescer de forma quase vertiginosa — ou em “V”, no jargão dos economistas — na segunda parte de 2020, a produção industrial acumula duas quedas consecutivas: 0,7% em fevereiro e 2,4% em março. Somadas, as reduções anulam os ganhos anteriores e levam o setor de volta ao nível equivalente a fevereiro de 2020, anterior à Covid-19. A ver os dados de abril e maio, quando o número de casos da doença diminuiu e as medidas de restrições foram atenuadas.
Confiança
Ao menos a confiança dos empresários melhorou em abril. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE subiu 4,3 no mês, atingindo 89,8 pontos após seis quedas consecutivas. Em médias móveis trimestrais, o indicador manteve a tendência de queda, recuando 1 ponto. Na construção civil, no entanto, há desconfiança: de janeiro a março de 2021, o índice que mede a situação financeira das empresas do setor recuou 5,3 pontos em relação ao último trimestre de 2020, somando 41,9 pontos (abaixo da média histórica, de 44 pontos).
Mercados consumidores
Segundo a CBIC e CNI, o nível de atividade da construção encerrou o primeiro trimestre de 2021 em queda: acumulou 44,9 pontos em março, 6,5 a menos do que o observado em agosto de 2020, quando o setor começou a fortalecer o seu ritmo. Diante das adversidades, a previsão do PIB do setor neste ano foi revista, de 4% para 2,5%. Já a Anfavea, associação das montadoras automotivas, apresentou números positivos de produção no primeiro quadrimestre de 2021: foram produzidas 788.700 unidades, superando em 34,2% o resultado do primeiro quadrimestre de 2020.
FIQUE POR DENTRO
Prédio é montado como se fosse o brinquedo Lego
No município catarinense de Tubarão, em 20 dias a população viu um empreendimento de 8 andares tomar forma. O Edifício Level, como foi batizado, é considerado um dos primeiros feitos no estilo “off-site” no País, quando módulos são produzidos fora do local em que o prédio será erguido, recebendo instalações hidráulica, elétrica e de cerâmica, além dos vidros da fachada — o processo leva cerca de 80 dias. Depois, são enviados ao terreno da obra, onde são acoplados e recebem os acabamentos. Confira no QR code o vídeo da montagem da construção.
RETROVISOR
10 anos da AGC no Brasil
A edição de maio de 2011 de O Vidroplano trazia em sua capa a chamada Líder mundial no fornecimento de vidro anuncia construção de fábrica em São Paulo. Tratava-se da AGC, que hoje possui duas plantas em Guaratinguetá (SP) capazes de produzir, juntas, 1.450 t/dia de vidros. O evento teve a presença de altos executivos mundiais da empresa e do então governador paulista, Geraldo Alckmin. A empresa tem feito uma série de ações em suas redes sociais para celebrar o marco. Sob o slogan “Compromisso com o Brasil, otimismo com o futuro”, promete expandir investimentos em tecnologia e sustentabilidade em solo brasileiro.
A arquiteta Claudia Mitne deixou, em abril, a direção das áreas de marketing e produtos da processadora GlassecViracon. Em publicação feita em seu perfil no LinkedIn, Claudia, que esteve na empresa por 21 anos, afirma que se orgulha de ter feito parte da trajetória da companhia, tendo participado de projetos de referência nacional e internacional.
O vidro é um material com inúmeras possibilidades de aplicação na arquitetura e na construção civil. Uma delas é a instalação em marquises, estruturas que talvez não sejam tão populares quando falamos sobre o vidro, mas que são de grande ajuda quando buscamos nos proteger de uma chuva repentina ou outras intempéries – e ainda podem agregar muito valor e beleza às edificações.
A seguir, saiba mais sobre o que caracteriza uma marquise, os tipos de vidro que podem ser utilizados em sua construção e os cuidados no trabalho com elas. Confira ainda alguns exemplos bastante marcantes dessas estruturas.
O que é uma marquise?
“Marquise é uma palavra de origem francesa, cuja definição é ‘saliência em uma edificação para proteção da chuva e do Sol’”, explica José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design. Dessa forma, pode-se dizer que a marquise é um tipo de cobertura, mas com características específicas. “Esse termo arquitetônico define a cobertura em balanço, lateralmente aberta, para proteger da chuva em situações diversas, sendo principalmente utilizada sobre portas de acesso”, explica Willmerson Martiniano, diretor-comercial da WR Glass. Elas geralmente são instaladas anexas a uma edificação (isto é, do lado dela), e não sobre ela.
As marquises podem ser feitas de outros materiais. Porém, o vidro é uma opção bastante vantajosa. “Ele traz uma série de benefícios, incluindo transparência e passagem da luz natural, bem como facilidade de limpeza e um aspecto visual mais moderno”, avalia Caio Andrade, diretor-executivo da Rollit. Aceto destaca também a leveza que nosso produto proporciona, permitindo que as marquises tenham pouca interferência estética em relação às fachadas e coberturas da edificação.
Marquise de vidro na fábrica de vidro A unidade da Cebrace em Barra Velha (SC) conta com uma grande marquise envidraçada em sua entrada, também chamada de lençol de vidro. A obra, realizada por Angelo Arruda, da Vidrosistemas, em sua passagem como engenheiro responsável pela Pilkington Brasil, utilizou temperados laminados (16 mm) com ferragens spiders e 100% de cabos de aço tensionados. Para sua construção, foi desenvolvido um projeto estrutural envolvendo toda a carga de peso e pressão de vento da região e como esta atua através do vidro nas tensões dos cabos e estrutura metálica. “Como uma das preocupações era que, no dimensionamento, a carga de vento gera uma força capaz até de levantar todo o painel, foram criados vetores de esforços de tração vertical em sentidos opostos para assegurar o travamento de cada um deles”, conta Arruda.
Que vidro usar?
A norma NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações determina que apenas laminados ou aramados (ou insulados nos quais a peça voltada para o interior seja laminada ou aramada) podem ser usados em marquises.
Angelo Arruda, diretor da Vidrosistemas, acrescenta: “Os laminados podem ainda ser compostos de temperados, de controle solar etc.”. Existe uma solução para tudo que a imaginação do arquiteto sugerir: “Em caso de marquises com finalidade decorativa, o laminado pode levar peças com impressão digital de imagens, por exemplo”, observa Arruda.
Aceto, da Avec Design, lista alguns pontos que devem sempre ser levados em conta na hora de especificar:
– Correto dimensionamento do vidro, com o cálculo da espessura necessária considerando sempre a menor dimensão (largura ou altura) da peça;
– Inclinação mínima para escoamento da água e o peso da própria peça, pois trata-se de uma carga permanente à qual o sistema estará submetido. Muitas vezes, uma espessura de vidro atende as exigências do esforço de vento em uma fachada, mas não a de um painel na posição horizontal de uma marquise ou cobertura;
– Sistema de instalação pensado para admitir os movimentos de dilatação térmica linear dos diferentes materiais utilizados, para evitar quebras e garantir estanquidade na vedação entre vidros;
– Limpeza, temperatura e umidade no momento da aplicação da vedação no sistema;
– Definição do nível de passagem de luz desejada (transmissão luminosa) e de seu índice de proteção contra a passagem de calor (fator solar).
Uma visão fascinante – e não só pelo tamanho Uma das marquises de vidro mais impressionantes do País foi erguida no ano passado para a entrada do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ao todo, a obra – idealizada pelo escritório Zanettini Arquitetura e construída pela Racional Engenharia, com a estrutura metálica principal de aço carbono fornecida pela Brafer Construções Metálicas – leva 650 m² de envidraçamento, formado por 300 peças de laminados verdes (12 mm), triangulares e com medidas especiais, processados pela GlassecViracon. A face externa dos vidros leva ainda uma camada de polímero que potencializa o tempo de limpeza deles.
Os painéis foram aplicados no sistema de encapsulamento de silicone da Avec Design. Foram utilizados selantes estruturais e acessórios inoxidáveis entre eles para a fixação mecânica sobre uma estrutura metálica secundária leve, também fornecida pela Avec Design. Essa estrutura, formada por perfis especiais de alumínio dobrados, tem a função de conformar e dar plano para a aplicação dos painéis de vidro. Ao todo, são 450 segmentos de perfil dobrado, com comprimentos e ângulos diferentes, específicos e independentes, necessários para a modelagem da cobertura. Em todo o perímetro da marquise, foram instalados rufos em placas de alumínio com pintura eletrostática.
Todo o processo de detalhamento foi elaborado por computador, com cálculos realizados pela SBP Schlaich Bergermann Partner, a fim de garantir a precisão e qualidade de medidas.
Ferragens: como escolher?
Segundo Martiniano, da WR Glass, não há um material específico ou modelo preestabelecido de ferragens para instalação de marquises de vidro. “O que se deve levar em consideração são as normas vigentes, como a NBR 7199 e também a NBR 14697— Vidro laminado.”
Algumas empresas no Brasil contam com soluções especificamente para esse tipo de aplicação. A WR Glass, por exemplo, tem o Kit Marquise WR, sistema composto por perfil de alumínio extrudado de alta performance para montagem de marquises horizontais rígidas e sem tirantes (cabos de aço), para uso com temperados laminados e com possibilidade de fixação por meio de parabolts mecânicos ou chumbadores químicos.
Por sua vez, Caio Andrade, da Rollit, afirma que, além de oferecer produtos padronizados, a empresa também é especialista em atendimento personalizado. “Sempre realizamos projetos das peças para que elas sejam adequadas à dificuldade e exclusividade de cada obra”, diz ele. Os componentes são todos de aço inox 304 e 316 e desenvolvidos com mantas e borrachas de proteção total para evitar o contato direto do vidro com o metal.
Passagem protegida e transparente A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na capital paulista, conta, desde 2011, com uma grande marquise envidraçada que se estende da porta de acesso do prédio até o final da rampa externa. A obra, da Avec Design, leva vidros temperados laminados com SentryGlas, combinando peças planas e curvas de 12 (6+6) e de 24 (8+8+8) mm nas vigas e colunas, além de cabos tensionados de aço inox trazidos da Suíça. A empresa foi responsável desde a concepção e cálculo estrutural até o projeto, fabricação e montagem do sistema.
Cuidados na instalação
Ao contrário das aplicações mais conhecidas envolvendo o vidro, as marquises envolvem o uso do vidro na horizontal – e esse é um ponto que não pode ser ignorado: “Nessa posição, o material exige cuidados maiores com o cálculo de dimensionamento de espessura e com seu manuseio”, alerta Arruda, da Vidrosistemas, ressaltando também que, por se tratar de uma instalação feita geralmente em alturas superiores a 2 m em relação ao solo, a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35) estabelece que apenas profissionais habilitados podem realizá-la.
Caio Andrade lista as principais dicas para o trabalho com marquises de vidro:
– Toda e qualquer instalação deve sempre iniciar com um estudo minucioso de posição dos vidros, além da verificação de como fazer a locomoção deles na obra;
– Os instaladores devem sempre utilizar materiais e ferramentas de qualidade, bem como equipamentos de proteção individual (EPIs);
– Antes de iniciar qualquer furação ou chumbamento, é essencial fazer a marcação com as medidas exatas do projeto;
– Recomenda-se limpar o local após as etapas de furação, corte ou chumbamento das ferragens — isso mantém a qualidade da peça e garante a não contaminação do material;
– Na instalação do sistema, deve-se sempre observar a posição correta com relação ao alinhamento e nível, bem como as características das estruturas sobre as quais ele será fixado (piso, lajes, paredes, ferros, mezaninos, degraus ou colunas) – essa verificação permite avaliar o tipo correto de chumbamento a fim de garantir a segurança da obra.
Marquises precisam de manutenção periódica?
Segundo Andrade, da Rollit, se todos os cuidados forem tomados durante a instalação, a necessidade desse serviço é quase nula. Contudo, há uma observação que ele considera importante: “A limpeza das marquises deve ser feita somente com água limpa e sabão neutro, retirando-se totalmente o sabão após o processo e secando todas as peças; isso é primordial para não causar danos ao vidro ou às ferragens”.
Um dos muitos segmentos no qual o vidro é elemento de destaque é o da refrigeração comercial: nosso material permite a visualização de produtos dentro de freezers e balcões, ao mesmo tempo que contribui para impedir a troca de calor entre o interior dessas estruturas e o ambiente, ajudando a conservar os alimentos. O Vidroplano conversou com empresas que produzem peças para esse mercado a fim de saber o impacto da pandemia da Covid-19 sobre ele e quais tipos de vidro podem ser utilizados.
Refrigeração aquecida
Muitos setores produtivos têm sofrido bastante com a pandemia. O de refrigeração comercial não é um deles. “Mesmo nesse período, é um dos mercados que mais têm crescido, pois está ligado diretamente aos produtos essenciais, no ramo alimentício”, observa Luiz Jaison Lessa, gerente-geral da Rohden Vidros – a empresa atende fabricantes de equipamentos para supermercados e de visa coolers (refrigeradores com porta transparente de vidro) para lojas de conveniência, padarias e cozinhas industriais.
Emerson Arcenio, diretor-comercial da Vidrolar, conta que esse ramo teve queda entre abril e maio de 2020. “Mas, justamente por conta da pandemia, logo se recuperou.” Mesmo com bares e restaurantes fechados para consumo no local, houve aumento das compras em supermercados, com muitos novos empreendedores no setor de alimentos, explica Arcenio — sua empresa fornece portas completas de insulados aplicados em freezer, sistemas de fechamento para expositores de supermercados e vidros curvos temperados para balcões refrigerados em panificadoras e bufês. A situação tem contribuído para manter o segmento com crescimento significativo, mantendo-se aquecido até o momento.
Isso não significa, contudo, que a atual crise não tenha trazido obstáculos para as empresas. “Existe uma dificuldade na indústria com relação ao desabastecimento de matérias-primas no mercado e, como o consumo está em alta, os prazos de fornecimento acabam sendo muito maiores, sendo observada também alta nos preços”, aponta Maria Cristina Cardoso, diretora de Vendas e Marketing para Brasil e América do Sul da Schott. A empresa atende fabricantes de expositores refrigerados verticais e horizontais para conservação de alimentos e bebidas, assim como atacadistas e supermercados de pequeno, médio e grande porte, fornecendo a eles portas e tampas de vidro para retrofit de gabinetes verticais e ilhas horizontais já existentes.
Outro problema enfrentado, assim como em várias outras indústrias, é a redução na capacidade produtiva dessas companhias, decorrente dos momentos de quarentena e da ausência de mão de obra por conta da Covid-19. “Com o avanço da vacinação e a retomada da economia, espera-se que haja rápida recuperação nesse sentido”, avalia Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian. Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC, concorda. “Os próximos meses serão muito importantes para entendermos como a economia brasileira se comportará e qual será o impacto no segmento de refrigeração.”
Qual usar?
Na fabricação em si, nas usinas de base, não há diferença entre o vidro destinado para outras áreas e aquele para a refrigeração comercial. “O float comum é a base e seu coating possui a mesma tecnologia dos outros aplicados na construção civil. Além disso, também podem ser temperados, curvados, serigrafados, lapidados e furados”, explica Isidoro Lopes, diretor-geral da Divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para América do Sul da AGC. Segundo ele, a principal diferença se dá na instalação: enquanto na construção civil o próprio revestimento da peça é responsável pelo desempenho térmico, na área de refrigeração o vidro é aquecido por um sistema energizado, a fim de evitar o embaçamento e a condensação de gotículas, garantindo assim a melhor visualização dos produtos.
Apesar da semelhança, há características específicas buscadas no vidro utilizado para esse tipo de aplicação. “É indicado que seja extremamente transparente, de modo a permitir a visualização dos produtos com mínima necessidade de abertura das portas do refrigerador. Deve ainda ter eficiência energética, mas sem o aspecto visual refletivo, muitas vezes demandado para um vidro de controle solar usado na construção civil”, orienta Fábio Reis, da Guardian.
Lessa, da Rohden Vidros, lista as três opções mais utilizadas em soluções para refrigeração comercial:
– Vidro baixo emissivo ou low-e: trata-se do mais usado nesse mercado. Seu revestimento metalizado diminui fortemente as perdas térmicas através do vidro – quanto menor for a emissividade, menor é a transferência do calor por radiação. O low-e também dá condições para sua energização, no caso de visores com aquecimento, evitando o embaçamento da peça e a condensação de gotículas nas portas e balcões refrigerados;
– Insulado com aplicação de gás argônio na câmara interior: segundo Lessa, essa composição propicia melhor performance térmica ao conjunto, com a redução da perda de calor por convecção e condução graças à propriedade de baixa condutividade do gás argônio, que também agrega propriedade antiembaçamento ao sistema;
– Conjunto de insulados duplos ou triplos aquecidos: essa opção combina elementos das duas anteriores, sendo indicada para locais com variação elevada entre temperatura interna e externa e/ou com umidade relativa do ar elevada. “O ideal é que o vidro externo – aquecido pelo sistema energizado – fique o mais próximo possível da temperatura ambiente, sempre acima da temperatura de orvalho, evitando assim a condensação”, recomenda o gerente-geral da Rohden Vidros.
Cuidados no processamento
Como dito anteriormente, o baixo emissivo é o tipo mais frequentemente usado em aplicações na indústria de refrigeração, e exige atenção adicional. Segundo Arcenio, da Vidrolar, o processamento desse produto em si é o mesmo adotado para os demais vidros de outros segmentos – porém, ele alerta: “Alguns cuidados devem ser tomados em relação ao manuseio e limpeza, tanto do produto como do equipamento por onde ele passa. Utilizamos como norma para esses processos a ABNT NBR 16673:2018 — Vidros revestidos para controle solar – Requisitos de processamento e manuseio”.
O processamento de vidros para refrigeração necessita de um controle mais alto da qualidade da água, devido à camada metalizada nas peças low-e. “Os equipamentos e máquinas têm de estar limpos e em boas condições de uso para não gerar riscos na hora do processamento”, ressalta Lessa, da Rohden. Outro ponto que precisa de cuidado especial no processamento é o espaço de armazenamento dos vidros. “É fundamental proteger as peças de intempéries externas; além disso, elas não devem ficar em contato direto umas com as outras”, explica Maria Cristina Cardoso, da Schott.
Mesmo com todos esses cuidados, é importante ter em mente que alguns processos, como a têmpera e a laminação, podem causar diferença no desempenho dos vidros de baixa emissividade. “Portanto, o ideal é seguir sempre a recomendação do fabricante para não ter dúvidas sobre os beneficiamentos permitidos àquele tipo de vidro”, aconselha Ana De Lion, da AGC.
Na edição 2021 do Panorama Abravidro (cujos dados você encontra clicando aqui ou aqui), os insulados, também conhecidos como vidros duplos, ficaram na lanterna entre os vidros processados mais utilizados no ano passado no País: representam apenas 0,5% de todo o material consumido por aqui, uma queda de mais de 20% em relação aos números de 2019. Essa é uma informação surpreendente, pois o produto oferece enorme desempenho no conforto térmico – o que ajuda, inclusive, na economia de energia elétrica e no resultado acústico. O que explica a solução ter qualidade, mas ser pouco utilizada?
Para tentar decifrar esse enigma, O Vidroplano consultou usinas, processadoras e engenheiros. Nossas fontes ajudam a esclarecer os motivos da pouca procura por insulados pelo setor da construção civil e apontam formas de levar informação sobre eles ao público consumidor. Esta reportagem é a primeira parte de um especial a respeito dos insulados – em junho, voltaremos ao tema abordando as questões técnicas da especificação, os cuidados no manuseio e instalação e os itens e maquinários usados na fabricação do material.
Para todas as temperaturas
Formados por duas peças de vidro separadas por uma câmara interna com ar ou gás, os insulados têm uma importante função termoacústica. Na Europa, são usados há décadas, principalmente para o isolamento térmico dos edifícios e casas. Talvez por isso, criou-se no Brasil o mito de que seriam indicados apenas para locais com temperaturas baixas. “Percebo que o produto é mais comentado e lembrado na Região Sul do País, mais fria, do que no restante”, comenta o engenheiro Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Porém, essa ideia não poderia ser mais errada. “O insulado também atua diminuindo o ganho de calor para dentro da edificação, especialmente em cidades em que a temperatura do ar exterior é frequentemente mais alta, como Rio de Janeiro, Salvador e Manaus”, explica o professor da UFSC. “Além disso, o material resulta em menor temperatura superficial interna do envidraçamento, o que diminui a sensação de desconforto próximo ao vidro, mesmo quando há incidência do Sol direta sobre a esquadria.”
Dependendo da região e das condições climáticas ali encontradas, o insulado pode garantir benefícios em escalas diferentes. “Sua principal característica é o controle de temperatura. Portanto, se em uma determinada localidade o objetivo é impedir a entrada de calor, ele poderá contribuir mais com a parcela de condução térmica quando comparado com um laminado, por exemplo”, analisa o engenheiro Crescêncio Petrucci, sócio-fundador da Crescêncio Consultoria. “Em uma região mais fria, o objetivo pode ser o de reter o calor no interior da edificação e, com isso, economizar energia elétrica para o aquecimento do ambiente.” Ao se utilizar um vidro de controle solar em uma unidade insulada, os benefícios são ainda maiores. “Essa condição se dá pelo fato de o revestimento de proteção solar trabalhar conjuntamente com a câmara de ar”, afirma Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix.
Marcelo Martins, diretor-comercial da GlassecViracon, indica que, em termos gerais, o insulado pode diminuir de 20% a 30% a entrada de calor, sendo que a troca térmica entre ambientes é reduzida de 55% a 70%. “O mundo todo, inclusive países tropicais, tem o insulado como principal produto para revestimento em fachadas”, revela.
Motivos para o pouco uso
Voltamos para a questão que abre o texto: o que explica a solução ter qualidade, mas ser pouco utilizada? É preciso enxergar a questão sob vários aspectos. Luiz Barbosa, da Vivix, aponta aqueles mais fáceis de serem identificados:
– O custo do insulado é maior. Isso se explica pelo fato de se utilizar mais matérias-primas de valor agregado em todo seu sistema – perfis, dissecantes e silicones de vedação e estrutural;
– As esquadrias necessárias para recebê-los devem ser mais robustas, portanto mais caras que as utilizadas com vidros monolíticos ou laminados;
– A composição do insulado quando aplicado em fachadas a partir do 1º pavimento (e abaixo de 1,10 m em relação ao piso) deve conter laminados ou aramados, tanto na face externa como na interna. Isso pode fazer a especificação levar ainda mais vidro.
É possível aliar transparência a um desempenho térmico compatível com a necessidade dos usuários de um edifício. Na foto, o prédio 80 Once, em Bogotá, na Colômbia, com vidros processados pela GlassecViracon
Então, a questão se limita ao preço? Longe disso. O funcionamento do mercado imobiliário também influencia, como esclarece Petrucci. “A maior parte dos lançamentos e das obras em construção é residencial. Nesses casos, geralmente há janelas e portas recuadas e sombreadas em largos terraços, feitas de laminados ou monolíticos e com persianas. Com isso, desempenhos térmicos acima da média não seriam necessários”, afirma. “A outra parcela dos projetos, bem menor que a primeira, é de edifícios comerciais, corporativos e alguns residenciais com fachada-cortina. Eles têm grandes áreas envidraçadas e potencial para a aplicação de vidro de controle solar insulado.”
Edifício Aqwa Corporate, no Rio de Janeiro: insulados aplicados nesse prédio comercial foram beneficiados pelo Grupo Galtier e fornecidos pela AGC
Mas por que o potencial não vira realidade? Segundo Petrucci, os interesses dos empreendedores entram em conflito com um investimento desse porte:
– Se o imóvel é destinado à venda e o custo dos equipamentos de ar-condicionado for do comprador do imóvel, é provável que não se escolha um vidro muito eficiente, como é o caso do insulado, já que isso traria benefício apenas para o comprador, que economizaria na aquisição do ar-condicionado;
– No entanto, em um imóvel preparado para locação ou construído para uso corporativo, o investimento em materiais com melhor desempenho pode ser justificado.
A cultura do uso de laminados como sinônimo de controle solar e acústico também está na base da “rejeição” ao insulado. “Esse costume é tão forte que até projetos de arquitetos internacionais especificados com insulados, na tropicalização, acabam sendo revisados e adaptados para o laminado”, aponta Renato Santana, coordenador de qualidade da GlassecViracon. Para Betânia Danelon, gerente-comercial da Guardian para o segmento de Arquitetura para a América do Sul, isso se liga a um aspecto mais científico. “Entendemos que a baixa procura pelo produto ocorre devido aos poucos estudos de eficiência energética para edificações residenciais.” A partir disso tudo, podemos avistar possíveis soluções para o impasse.
Como reverter a situação
“Temos de apresentar mais estudos ao consumidor final”, sugere Fernando Westphal. “E, quando se fala em consumidor final, isso inclui arquitetos, designers e fabricantes de esquadrias.” Para o professor, como o custo pode ser um impeditivo considerável, é importante mostrar com números a viabilidade desse investimento a longo prazo, calculando a economia de energia com climatização com o passar dos anos, e sempre levantar os benefícios já citados, como conforto térmico e acústico.
O uso de ferramentas de simulação computacional, com o objetivo de obter os ganhos reais de cada aplicação, poderá ajudar o investidor a tomar uma decisão a favor dos insulados. Betânia Danelon acredita que a revisão em curso da NBR 15575 — Desempenho de Edificações Habitacionais deve aumentar a procura por simulações energéticas. “É necessário um reforço da comunicação sobre a importância dos estudos de desempenho das edificações e suas envoltórias. Todo empreendimento — comercial ou residencial — deveria passar por esse tipo de análise para garantir que o vidro irá atender as expectativas.”
Como aponta Jonas Sales, coordenador de Engenharia de Aplicação da Cebrace, difundir o conhecimento técnico sobre o produto pode ser feito em diversas frentes, no caso das usinas:
– Palestras;
– Presença de equipe técnica especializada por todo o Brasil;
– Apoio a cursos para profissionais do segmento da construção e de arquitetura;
– Apoio a ações de educação do mercado encabeçadas por associações do segmento, como a Abravidro e suas afiliadas regionais.
“É uma jornada de descobrimento do vidro como solução. Isso acontece a longo prazo e exige constância e frequência. Estamos sempre focados nesse trabalho ‘de formiguinha’ junto a pontos de venda e ao cliente final”, explica Sales. Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC, concorda: “A educação técnica e informação às universidades, consultores e até processadores vidreiros pode ser parte de uma ação colaborativa para disseminar o entendimento acerca da solução e seus benefícios. Em paralelo, as construtoras poderiam iniciar um movimento baseado em legislações que orientem usos corretos para bons desempenhos das edificações”.
Um elemento que pode funcionar como chamariz de vendas para produtos com maior valor agregado é a etiqueta de conforto térmico para esquadrias, presente na Parte 4 da NBR 10821 — Esquadrias para edificações. Sua aplicação é de caráter facultativo aos fabricantes de esquadrias, mas, mesmo assim, desempenha a importante função de classificar o nível de desempenho térmico desses itens. São avaliados o conjunto como um todo, incluindo tipo de vidro, perfil e percentual de área envidraçada da esquadria. Por isso mesmo, como a metodologia de avaliação é feita com base no conforto, os insulados se destacam, elevando o nível de classificação em qualquer clima brasileiro.
Quem sabe, ao se seguir alguns desses passos, a utilização do material possa dar um salto em um futuro próximo. Não se esqueça: em junho, leia a sequência desta reportagem aqui em O Vidroplano.
Pelo mundo
A situação do mercado de insulados no Brasil pode ser comparada à encontrada nos países vizinhos? “O uso do produto na América do Sul está crescendo consideravelmente, mas ainda representa uma baixa porcentagem em geral”, analisa Sebastian Iachini, agente de Vendas e de Suporte Técnico da Fenzi South America. “Por aqui, as duas nações com maior consumo de insulado por habitante são Argentina e Chile, embora seus números não possam ser comparados com o resto do mundo.” Outros países da região, como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru, também passaram a se interessar por essa aplicação recentemente.
Segundo Iachini, houve um aumento de cerca de dez vezes no uso de insulados em todo o planeta nos últimos 15 anos. “Levando em consideração o crescimento que está ocorrendo e os volumes que existem na América Latina, podemos dizer que há grandes oportunidades.” O jeito é aguardar para saber se o Brasil seguirá essa tendência global.
De um momento desesperador, por conta do fechamento inicial de todas as atividades em várias partes do País, a um cenário de otimismo com o aumento da demanda por vidros: o setor vidreiro viveu um 2020 bastante intenso em meio à pandemia. Mas, no fim, os números mostraram-se positivos. Será que podemos esperar um novo período de crescimento, ainda que a crise vivida esteja longe de terminar? Nas próximas páginas, O Vidroplano analisa os dados levantados pela edição 2021 do Panorama Abravidro, o único estudo econômico e produtivo sobre a produção vidreira nacional, feito com base nas informações fornecidas pelos processadores de todo o Brasil. Participaram da pesquisa 34 empresas, representando 19% do mercado brasileiro de vidro processado não automotivo.
Desempenho além do esperado
Os dados são recebidos, analisados, consolidados e agregados pela GPM Consultoria Econômica. Para Sérgio Goldbaum, economista da empresa, as expectativas para a economia brasileira, incluindo o setor vidreiro, para o ano passado eram muito pessimistas. “A inclusão da construção civil nas atividades essenciais, o auxílio emergencial e a taxa de juros muito baixa contribuíram para que o segmento do vidro tivesse um desempenho bem acima do que eu esperava inicialmente”, explica. “E esse desempenho é resultado tanto da performance das construções de grande porte como das pequenas reformas.”
Como a pandemia segue longe de terminar por aqui, é possível que o bom momento de 2020 permaneça em 2021? Existe um grande desafio a ser superado na construção civil: a limitação da oferta de matérias-primas. “Na última Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria, divulgada em março, mais da metade dos empresários que responderam à pesquisa esperava que a normalização da oferta de insumos se daria apenas no terceiro trimestre de 2021 ou mesmo depois”, relata Goldbaum. “No final de abril, a CNI apontou que a falta de insumos ou seu custo elevado havia se disseminado ainda mais no primeiro trimestre, acompanhada pelo recuo da confiança do empresário e de sua intenção de investir.”
Por isso mesmo, fica a esperança de que alguns fatores possam influenciar a retomada efetiva da atividade econômica, como maior velocidade do programa de vacinação, continuidade de algum programa de auxílio emergencial e condução da política monetária. “E, segundo o estudo, o otimismo com o resultado do ano está presente ainda nas expectativas para 2021: aumento no faturamento, intenção de investimentos e diminuição no grau de endividamento”, explica o presidente da Abravidro, José Domingos Seixas.
A seguir, confira a análise sobre os indicadores. Os dados se referem aos vidros processados não automotivos em 2020.
A importância do estudo
No Panorama Abravidro, as empresas da cadeia de vidros planos podem encontrar os números essenciais e usá-los para definir ações ao longo do ano — e até mesmo comparar os resultados de sua empresa com o desempenho do mercado. O levantamento também permite que a Abravidro tenha uma fotografia anual dos principais indicadores do setor. Com isso, é possível fazer pleitos junto ao governo federal que atendam de forma específica nossas empresas.
Faturamento
– As processadoras faturaram 12% a mais do que em 2019. Ao todo, o faturamento em 2020 foi de R$ 5,2 bilhões;
– Os temperados romperam a marca dos R$ 3 bilhões;
– O único tipo de vidro com queda nesse quesito foi o da categoria “tampos etc.”, com baixa de 13,9%.
Produção em m²
– O volume de vidros processados produzido em 2020 alcançou o maior nível desde 2015;
– Em relação a 2019, são quase 8 milhões de m² a mais de vidros processados.
Qual é o processado mais consumido?
– Com mais de 35 milhões de m², os temperados permanecem no topo da lista. É o melhor resultado da história para esse produto;
– Os laminados seguem uma trajetória de crescimento, chegando perto dos 7 milhões de m².
Participação por produto
– Temperados seguem como líderes: produto cresceu 1,3% em sua participação. Agora, somam 56,7% do total de vidros processados não automotivos;
– Após a queda em 2019, os espelhos voltaram a crescer: representam 27% do mercado, aumento de 1,3% em relação ao ano retrasado;
– Os insulados passaram a somar apenas 0,5% de todos os vidros processados. Material vinha em pequena alta desde 2018.
Preço médio dos vidros (base 100 = 2009)
– Os temperados registraram a primeira queda em seu preço médio desde 2017;
– Os laminados seguem trajetória de queda em seu preço médio ano a ano e em 2020 não foi diferente: o menor preço médio da série histórica do Panorama.
Mão de obra empregada
– O número de funcionários aumentou 5,2%, acompanhando a tendência de alta vista a partir de 2019. Agora, são 29.590 empregados em beneficiadoras;
– É o maior nível de funcionários desde 2015.
Nossas empresas são produtivas?
– A conta para saber a produtividade é bem simples: basta dividir o total da produção pelo número de funcionários;
– Em 2020, o resultado mostra 174,6 m² de vidros processados por funcionário ao mês. Isso mostra a retomada do nível atingido em 2015 nesse indicador, o melhor de nossa série histórica, registrado no ano de melhor resultado do setor vidreiro nacional;
– O aumento em relação a 2020 é de 8,7% — recuperando a queda vista em 2019.
Ociosidade
Em pleno ano de pandemia, o parque nacional trabalhou com margem de ociosidade que permitiu o crescimento do volume produzido com tranquilidade.
O marketing digital pode ser definido como o uso de estratégias por empresas e pessoas para divulgar produtos e serviços, desenvolver uma marca e criar conexão com pessoas por meio de canais de contato na Internet. Para ter sucesso na tarefa, é preciso conhecer sete conceitos fundamentais.
– Persona: perfil de uma pessoa imaginária, baseado em pessoas reais, que representa o perfil do consumidor ideal. A criação de uma persona ajuda a sintetizar as principais características dos clientes, permitindo a elaboração de estratégias alinhadas ao público.
– Lead: potencial cliente, alguém que demonstrou interesse em adquirir o produto ou serviço da empresa, por meio do preenchimento de formulários online, por exemplo.
– Funil de vendas: etapas por onde o consumidor “caminha” até o momento da compra. Serve para regular processos e manter o ciclo de vendas de forma fluida e eficaz.
– Landing page: página na Internet para captura de leads, com foco na conversão de pessoas que têm contato com a marca e que podem vir a ter interesse na compra, tornando-se clientes de fato. Essa “página de destino” leva o usuário a uma ação desejada (por ele e por você) que podem ser um cadastro, um download etc. Receber um grande número de visitantes em um site é bom, mas vê-los avançar pelo funil de vendas é ainda melhor.
– SEO: sigla em inglês para “otimização de mecanismos de pesquisa”. A SEO engloba ações que possuem a finalidade de posicionar melhor o conteúdo produzido pela empresa nos resultados das pesquisas em mecanismos de buscas, como o Google.
– CTA (call to action): termo em inglês que significa “chamada para ação”. Muito comum em sites, e-mails e anúncios, é um link ou botão presentes nesses locais que indica ao usuário o que deve ser feito, explorando termos como “acesse” e “clique”.
– Marketing de conteúdo: estratégia de marketing digital focada em criar conteúdo de valor, a partir das necessidades das pessoas, atraindo-as com o objetivo de estabelecer um relacionamento.
Entendendo como cada conceito funciona, e aplicando cada um na prática, será possível estreitar laços com os clientes atuais – e chegar a novos consumidores.
Leonardo Tostes(leonardotostes.com) é empreendedor digital e especialista na criação de conteúdos sobre marketing digital, empreendedorismo e estilo de vida.
Estamos prestes a encerrar o primeiro semestre de 2021 e o mercado continua extremamente volátil, como tem sido desde o início da pandemia no Brasil. Se no ano passado a indisponibilidade de vidro afetava alguns, agora a situação se inverteu. Com o recrudescimento da pandemia e a desaceleração do ritmo da construção civil, já estamos assistindo à derrubada dos preços do material, mesmo após o reajuste anunciado pelas usinas no início de maio.
Não é novidade ver esse tipo de reação – guerra de preços – quando experimentamos uma retração na demanda pelo nosso produto. Também não é novidade o dano que essa prática causa ao mercado, deixando todos nós vulneráveis. Não à toa, o preço médio dos principais vidros voltados para a construção civil, o temperado e o laminado, registraram queda mais uma vez em 2020, como mostra o Panorama Abravidro, que vem encartado nesta edição da revista O Vidroplano.
Apesar dessa queda, o faturamento da indústria de processamento teve resultado positivo no ano passado, assim como o volume produzido, a mão de obra empregada e a produtividade. Sim, 2020, apesar de tudo, colocou o setor vidreiro novamente na rota do crescimento. O mercado pediu e a indústria de transformação mostrou sua capacidade de entregar.
Há dez anos, a Abravidro mensura e divulga os principais indicadores do setor vidreiro. Os números nos ajudam a entender a performance do setor e também a comparar os resultados das nossas empresas com a média do segmento, dando-nos elementos para planejar rotas para nossos objetivos e também, se necessário, corrigir rumos. Não deixe de conferir os resultados e buscar entender de que forma esses dados podem contribuir para o dia a dia dos seus negócios. Aproveito para registrar meu agradecimento a todas as empresas que atendem nosso chamado e respondem ao nosso questionário, ano a ano, colaborando com esse importante projeto.
A Abravidro criou, em 2012, o Panorama Abravidro. O documento é publicado anualmente e traz dados atualizados do mercado brasileiro, incluindo informações sobre as indústrias de base e de transformação, assim como os números da produção de vidro no País, faturamento, balança comercial internacional, entre outras. Para se chegar aos dados divulgados no documento, a Abravidro convida empresas a participarem de uma pesquisa. Os resultados são consolidados pela GPM Consultoria Econômica, contratada para apurar as informações do setor e relacioná-las com a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, números oficiais de importação e exportação do governo, além de declarações da indústria de base à revista O Vidroplano.
Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos