Inicialmente prevista para julho deste ano (conforme informado na edição passada de O Vidroplano), a reparação do C2, forno da Cebrace instalado em Caçapava (SP), será realizada em janeiro de 2022. De acordo com a usina, o objetivo é continuar priorizando a normalidade das operações a fim de atender as necessidades de distribuidores, processadores e revendedores de vidros no País. Por conta do agravamento da pandemia da Covid-19 no Brasil, a execução do serviço neste momento enfrentaria uma série de obstáculos, como dificuldade da equipe técnica em viajar para realizar as visitas necessárias. Apesar do adiamento, a Cebrace assegura que, após inspeção realizada no C2, constatou-se que ele apresenta condições para continuar operando com sua capacidade atual no decorrer dos próximos meses.
Arquivo mensais:abril 2021
Fórum Fachada Glazing discute envidraçamento em fachadas
O portal Canal do Serralheiro realizou, de 22 a 26 de março, o Fachada Glazing – Fórum de Tecnologias e Produção de Fachadas. O objetivo da iniciativa, que teve a Abravidro entre seus apoiadores, foi oferecer conteúdo técnico aos profissionais das indústrias de esquadrias, assim como a arquitetos e engenheiros.
Ao abrir o fórum, no dia 22, o professor Alexandre Araújo, fundador do portal, enfatizou que a busca pela inovação deve ser constante – e aquele que ficar estagnado está fadado ao fracasso. Confira a seguir o resumo das principais palestras do evento.
Evolução nos sistemas e projetos
Antônio B. Cardoso, sócio da AC&D Consultoria em Alumínio e Participações, falou sobre fachadas-cortina unitizadas. A chegada desse sistema ao País, nos anos 2000, foi um marco para a construção civil nacional: entre as diversas vantagens que ele traz, Cardoso listou: possibilidade de se acompanhar a produção dos módulos, o que garante maior controle em relação ao desempenho da estrutura; maior velocidade na entrega da obra; mais facilidade na vedação e na identificação de pontos de falhas; e maior segurança para o profissional na obra, uma vez que toda a operação com o sistema é feita do lado interno e no apoio da laje.
A evolução das fachadas também foi abordada pelo engenheiro Arimatéia Nonatto, gerente de Engenharia & Produtos da Engen-Up. Nonatto abordou o conceito de sistemas inteligentes, incluindo o vidro, aplicados na arquitetura para a melhoria da qualidade de vida, apontando novos conceitos ecológicos, entre eles a arquitetura biomimética – que busca soluções sustentáveis na natureza, tentando compreender as normas que a regem – e a arquiborescência, cujo propósito central é transformar a cidade em um grande ecossistema natural. Foram apresentados ainda projetos e obras de diversas partes do mundo nas quais esses conceitos já vêm sendo aplicados.
Controle solar
Fernando Westphal, professor e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), comentou sobre o uso de vidros de controle solar e as atuais tendências do produto para empreendimentos residenciais e comerciais. Para ele, que também é engenheiro, os ambientes de trabalho valorizam aberturas cada vez maiores, integrando os escritórios com o exterior da edificação. Da mesma forma, em residências, preza-se a entrada de luz natural, essencial para a higiene e saúde dos moradores.
Porém, para que isso tudo seja possível, é importante levar em conta a necessidade de redução nos ganhos de calor em edificações. Nesse sentido, Westphal explicou o processo de fabricação dos vidros de controle solar: um revestimento metálico, aplicado em uma das faces da peça, funciona como um filtro para a radiação solar. Pela diversidade de revestimentos e funções existentes no mercado, é essencial que o especificador sempre avalie os níveis de fator solar (relacionado à quantidade de calor que atravessa o vidro) e transmissão luminosa (a porcentagem de luz que passa pelo vidro e chega ao interior do ambiente) de cada item a fim de verificar qual deles melhor atende as necessidades da obra – segundo o Manual Técnico do Vidro Plano para Edificações, da Abividro, existem 114 tipos do produto fabricados no Brasil. O palestrante falou ainda sobre a recente revisão do texto da norma NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho e mudanças que a nova versão traz, como a incorporação da classificação da esquadria (vidro + perfil) de acordo com as três zonas climáticas brasileiras identificadas na NBR 10821 — Esquadrias para edificações.
Duas palestras tiveram no conteúdo a aplicação dos vidros de controle solar na construção civil — a da arquiteta Betânia Danelon, gestora nacional da equipe de gerentes técnicos da Guardian, e a do engenheiro Nilson Viana, coordenador de Mercado da Cebrace. Em ambas as apresentações, apontou-se que, quanto mais refletivo o vidro, maior é o controle tanto na passagem de calor para dentro do ambiente quanto na entrada da iluminação natural — apesar disso, o mercado já conta com vidros de alto desempenho, que proporcionam conforto térmico mesmo com aspecto visual mais transparente, com baixa reflexão. Além disso, a cor do produto e sua composição (monolítico, laminado, insulado etc.) também interferem no desempenho. Betânia destacou as funções desempenhadas pelo vidro nas fachadas — vedação, estética e desempenho — e a importância de um bom trabalho multidisciplinar entre os diferentes profissionais envolvidos na obra desde o projeto até a instalação, a fim de que o glazing apresente o resultado esperado.
Novas tendências
Crescêncio Petrucci, engenheiro e sócio-fundador da Crescêncio Consultoria, revelou detalhes sobre o projeto do YachtHouse, complexo residencial do Balneário Camboriú (SC), cujo design foi desenvolvido pelo renomado estúdio Pininfarina, famoso por desenhar automóveis de marcas como Ferrari e BMW. A obra, o mais alto prédio residencial da América do Sul, conta com duas torres a serem inauguradas em breve — ambas têm insulados de controle solar em suas fachadas.
O engenheiro Igor Alvim, diretor técnico da QMD Consultoria, abordou a compatibilização de projetos de sistemas de fachadas, apontando a necessidade de que se conciliem as determinações presentes nas normas técnicas, o desejo da arquitetura e as expectativas e o orçamento do cliente. Alvim alertou que o projeto da edificação precisa ter um objetivo bem definido unindo desempenho, vida útil e estética visual. Por fim, comentou que é necessária atenção especial ao transporte das estruturas até o local da obra, assim como aos procedimentos para fixá-las, vedá-las e instalá-las, entre outros aspectos.
Cuidados na instalação
Paulo Gentile, engenheiro e coordenador das áreas de Desenvolvimento de Produto da Construção civil e Centro de Distribuição de Acessórios da Hydro, abordou diagnósticos, causas e prevenção de patologias em fachadas envidraçadas. Entre as principais causas de problemas em edificações, segundo Gentile, estão a instalação errada das ancoragens, com encaixes feitos de forma incorreta ou improvisada, e o travamento das presilhas para fixação. O engenheiro citou ainda como pontos negativos o uso de parafusos de metais diferentes dos especificados no projeto, o que pode levar à sua oxidação, e a usinagem malfeita dos perfis e elementos atrapalhando a vedação do sistema. No caso da vedação, o profissional enfatizou que ela precisa sempre ser vulcanizada nas emendas e o instalador deve estar atento se o silicone utilizado é neutro ou acético, pois há circunstâncias em que somente um tipo pode ser utilizado.
Ainda na área de silicones, Emir Debastiani, engenheiro de Aplicações da Dow, falou sobre a versão estrutural do produto, item responsável por fazer a ligação química entre as peças de vidro e a esquadria de alumínio — o material tem de suportar todas as cargas dinâmicas e deformações à qual a fachada estará submetida, como pressões de vento e variações térmicas. Debastiani alertou ainda que o selante de silicone estrutural deve ter uma série de características comprovadas e certificadas em laboratório, incluindo excelente resistência a raios ultravioleta e a intempéries. Além disso, não pode perder suas características com o passar dos anos. Por sua vez, Renato Barbieri e Fabrice Barriac, da GE Silicones, mencionaram que a substituição de vidro colado com silicone estrutural em fachadas deve sempre levar em conta as orientações da NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural.
Na palestra final do evento, Yuri Alvim, diretor de Planejamento da QMD Consultoria, explicou a metodologia do ensaio de estanqueidade à água, feito na obra, no início da instalação, para verificar o desempenho das fachadas. Tanto o ensaio em laboratório como o realizado na construção são essenciais para garantir a estanqueidade do sistema: enquanto o primeiro valida a solução escolhida, o segundo valida sua execução e permite antecipar problemas futuros antes da ocupação do edifício.
Outras palestras relevantes do Fachada Glazing
– Luiz Cláudio Rezende (Juca), da Viminas: Vidro para fachadas envidraçadas: como especificar seguindo as recomendações das normas técnicas da ABNT (veja mais sobre essa palestra clicando aqui)
– Gilberto da Silva Fernandes, da Hard: Especificação de sistemas de fixação química e mecânica aplicados em ancoragens de fachadas envidraçadas para melhor custo-benefício
– Hélio Donizetti, da Perfil Alumínio: Como ampliar a área social de uma edificação utilizando abertura de correr em fachadas contínuas de alumínio e vidro
– Luis Carlos Santos, do Grupo Basica (México): Projetos de fachadas envidraçadas em zonas sísmicas e de furacões: estudo de caso das obras Diagonal, na Cidade do México, e Susncapeem Cancún
– Marcos Lemes e Márcio Souza, do Esquadgroup: Diretrizes para utilizar software paramétrico para modelagem, levantamento de materiais e relatórios de produção de fachadas envidraçadas
– Roberto Almeida, da Adere: Aplicação da fita dupla-face em fachada glazing: como melhorar a produtividade de forma mais rápida, limpa e com excelente custo-benefício
Vidros trazem modernidade para o Edifício Borges 3647
Se as tendências da arquitetura pós-pandemia, como O Vidroplano já mostrou em reportagens recentes, incluem a interação entre ambientes internos e externos, a maior presença de luz natural e o fim da sensação de confinamento, então o Borges 3647 pode ser considerado um prédio residencial do futuro. Os painéis de vidro laminado usados nos fechamentos dos apartamentos se aliam às grandes sacadas abertas para trazer as belezas do Rio de Janeiro para dentro de casa.
Ficha técnica
Autor do projeto: Cité Arquitetura
Local: Rio de Janeiro
Conclusão: 2020
Bossa carioca
Erguido em um terreno de 420 m² à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas (Zona Sul), o edifício de sete andares tem o próprio endereço no nome: está localizado na Avenida Borges de Medeiros, nº 3.647. Uma das premissas da obra é a valorização da paisagem da capital fluminense. Afinal, de sua posição privilegiada, é possível ver toda a lagoa e o Corcovado, onde está o Cristo Redentor.
O design da construção é marcado pelas linhas horizontais e verticais que percorrem as duas fachadas – elas estão presentes nas sacadas, nas ferragens dos guarda-corpos e até na iluminação de cada andar. Segundo a Cité Arquitetura, o conceito se inspira nas ideias do artista plástico e escultor Waltércio Caldas, para quem um objeto nasce a partir do primeiro desenho de suas formas no papel.
Cidade Maravilhosa em casa
Para garantir que a beleza natural do Rio de Janeiro faça parte do dia a dia dos moradores, todos os apartamentos ganharam fechamentos envidraçados – a B&G Arquitetura Consultiva é a responsável por especificar os caixilhos. Esquadrias de alumínio, com pintura eletrostática, da Olgacolor, sustentam laminados incolores 14 mm, processados pelo Grupo Paris. As janelas também receberam laminados, mas nas espessuras de 8 e 10 mm.
Nosso material também está nas sacadas, garantindo a segurança das pessoas: os guarda-corpos são de laminados de temperados autoportantes, com película estrutural SentryGlas, instalados em perfis de alumínio com fixação invisível e pintura em padrão amadeirado.
Com a tecnologia vidreira disponível no Brasil, edifícios como o Borges 3647 serão cada vez mais vistos em nosso país, muito em parte pela possibilidade de se usar nosso material, um elemento que pode deixar a vida dos usuários muito melhor.
Especificação técnica
Vidro da porta de correr dos dormitórios e sala de estar: laminados incolores 14 mm
Vidro das janelas: laminados incolores 8 e 10 mm
Vidro dos guarda-corpos das sacadas: laminados de temperados autoportantes, com película estrutural SentryGlas, da Kuraray
Processadora: Grupo Paris
Caleidoscópio – abril 2021
DADOS & FATOS
Bons sinais da construção civil
Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), os lançamentos de imóveis somaram 40.997 unidades no último trimestre móvel (que inclui novembro e dezembro/2020 e janeiro/2021), contribuindo para alta de 16,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Considerando esse resultado, o número de unidades lançadas nos últimos 12 meses totalizou 125.538 imóveis novos no mercado, superando em 5,5% a quantidade registrada nos 12 meses precedentes.
Indústria lidera tomada de crédito
Três em cada dez empresas utilizaram linhas de crédito nos últimos seis meses. A indústria foi o setor com maior acesso a empréstimos — 40% das consultadas. Os dados fazem parte de sondagem especial do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (GFV-Ibre). Entre as companhias que tomaram crédito, 58% usaram o dinheiro para capital de giro, 28% para ampliar produção ou instalações, 21% para renegociar dívidas e 15% para manter ou ampliar o quadro de funcionários.
Primeira queda em nove meses
Depois de crescer na segunda parte de 2020, a indústria caiu 0,7% em fevereiro deste ano, a primeira variação negativa na série com ajuste sazonal medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde o choque da Covid-19, em abril do ano passado. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a origem dessa inflexão está na deterioração recente do quadro sanitário, no fim dos programas emergenciais e no número elevado de desemprego.
Inflação para a indústria de transformação
O ano de 2020 foi marcado por grande elevação dos preços ao produtor. O peso foi maior para matérias-primas brutas (60,6%) e bens intermediários (21,7%) do que para bens finais (15,6%). A conclusão está no estudo Repasse de custos na indústria de transformação, desenvolvido pelo Banco Central.
FIQUE POR DENTRO
Vidro em Mercedes futurista
Lembra dos chamados “carros do futuro”, tão presentes em filmes e animações? Eles já são realidade — e o vidro está neles. A Mercedes-Benz revelou como será o interior de seu novo sedã elétrico topo de linha, o EQS. O modelo terá, como opcional, três telas à frente dos ocupantes, todas sob a mesma peça de 1,41 m de vidro, dando a impressão de um enorme visor contínuo. O sistema, chamado de MBUX Hyperscreen, reúne as telas dos mostradores, central multimídia e outra à frente do passageiro. A parte central e a da direita são sensíveis ao toque. Segundo a Mercedes, o conjunto simula uma tela única equivalente a 2,4 m². A parte inferior é integrada à iluminação ambiente e é destacada, como se fosse flutuante. E aí, gostou?
RETROVISOR
Fornos em evidência
Em abril de 2012 O Vidroplano noticiou o início das obras de construção do 1º forno da Vivix, em Goiana (PE). Prestigiado, o evento contou com a presença de ministros de Estado e do então governador pernambucano, Eduardo Campos, e teve discurso de Alexandre Pestana — à época, presidente da Abravidro. A empresa foi a primeira — e segue sendo a única — indústria de float com capital 100% nacional e unidade produtiva no Nordeste.
A mesma edição também destacou o acendimento do C5, forno da Cebrace em Jacareí (SP). A cerimônia, chamada internamente de Allumette (referência a “acender uma chama”), foi restrita a executivos e funcionários da joint venture. Com o novo empreendimento, a companhia se consolidava ainda mais como a maior fabricante de vidros do País em volume produzido.
Saiba como trabalhar com os vidros temperado e laminado
As reportagens de O Vidroplano constantemente chamam atenção para a importância do cumprimento das normas técnicas para o uso do vidro na construção civil. Nesse sentido, a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, principal norma para nosso setor, aponta que apenas os chamados vidros de segurança podem ser usados em determinadas situações.
Dois desses vidros, o temperado e o laminado, são amplamente conhecidos pelos vidraceiros. Ainda assim, é sempre válido repassar suas principais características, as diferenças entre os dois e os cuidados específicos para cada um deles, desde sua encomenda junto à processadora até a instalação na obra.
Características e benefícios
O temperado é resultado de um tratamento térmico (têmpera) que modifica suas características, aumentando sua dureza e resistência mecânica. “Ele é mais rígido e, quando danificado, se estilhaça em pequenos fragmentos, trazendo menor risco ao usuário”, observa José Augusto de Oliveira, gerente-comercial da Vitral Vidros Planos.
O laminado, por sua vez, é composto por duas ou mais chapas de vidro unidas por um interlayer (camada intermediária), que pode ser um filme de polivinil butiral (PVB), etil vinil acetato (EVA) ou até uma resina específica para isso. “Dessa forma, caso o vidro venha a se quebrar, a peça ficará ali parada com os fragmentos presos nesse interlayer, mantendo o vão fechado e evitando risco de ferimentos”, comenta Andrea Oliveira, sócia-proprietária da vidraçaria Silvestre Vidros.
Em ambos os casos, a proteção do usuário final é apenas um dos diferenciais oferecidos pelos produtos. “O temperado permite maior interação com os ambientes porque pode ser instalado de maneira autoportante, isto é, sem o uso de caixilhos, além de ter resistência mecânica que pode ser até cinco vezes maior do que a de uma peça float”, afirma Jefferson Martins, engenheiro de Vendas da PKO do Brasil. Sobre o laminado, André Alves, sócio-diretor da vidraçaria Alto da Lapa Vidros, aponta: “Um benefício que essas peças trazem é a filtragem dos raios ultravioleta, responsáveis por danificar móveis e objetos expostos ao Sol por muito tempo. A redução de ruído também é um atributo buscado por aqueles que optam pelos laminados”.
Renato Santana, coordenador de Qualidade e Lean Manufacturing da GlassecViracon, alerta: “É preciso deixar claro que esses dois vidros só podem ser considerados de segurança se forem devidamente ensaiados de acordo com as respectivas normas técnicas”. Para os dois casos, é o teste de impacto que vai estabelecer a classificação de segurança do vidro. Esse ensaio, descrito para cada produto em sua respectiva norma técnica (NBR 14697 — Vidro laminado e NBR 14698 — Vidro temperado), verifica se eles conseguem suportar golpes sem quebrar e se quebram de maneira considerada segura, além de determinar qual a classificação de segurança para a peça testada.
Encomendando o produto
A primeira etapa do trabalho com temperados e laminados nas vidraçarias é o contato com uma processadora para a compra das peças. Parece um processo simples, e é, mas é preciso atenção para evitar certos problemas que terão consequências indesejáveis mais adiante. “A maior importância deve ser dada à fase de projeto, visando a oferecer um bom aproveitamento das chapas dos vidros que serão transformados em temperados ou laminados”, orienta Luiz Cláudio Rezende, consultor técnico da Viminas Vidros Especiais.
“Para que você consiga especificar de maneira correta o vidro na construção civil, não há outro jeito, a NBR 7199 torna-se indispensável. Para cada tipo de aplicação, é necessário consultar a norma para saber quais vidros são permitidos”, comenta André Alves, da Alto da Lapa. Nesse sentido, ele ressalta que há algumas restrições importantes para o temperado, as quais podem passar despercebidas — ele não pode ser usado em guarda-corpos e coberturas, por exemplo. Os casos em que cada um pode, ou não pode, ser utilizado estão na tabela Que vidro usar?, elaborada pela Abravidro para a campanha #TamoJuntoVidraceiro.
Outro ponto a ser levado em conta na hora da encomenda são as particularidades no fornecimento de cada produto. “O temperado é vendido em peças que demandam um projeto feito pelo vidraceiro, ou pelo processador com anuência do vidraceiro. O laminado é vendido em chapas, com serviço de corte e lapidação. Nesse caso, o cliente, em posse das medidas das peças desejadas, precisa avaliar junto ao processador o melhor tamanho de chapa disponível e que tenha o melhor aproveitamento”, orienta Oliveira, da Vitral.
Sobre o aproveitamento dos laminados, Rezende, da Viminas, complementa: “A primeira observação deve estar relacionada à melhor indicação do interlayer utilizado, seguida da capacidade do fornecedor com relação às dimensões máximas e mínimas de peças e chapas, o que está diretamente relacionado ao custo-benefício”.
É fundamental ter em mente que as peças de vidro temperado não podem passar por furação e recorte depois do processo de têmpera. Por isso, sempre é preciso verificar se a peça exige furos ou recortes – e, em caso positivo, a localização em que devem estar e as medidas exatas que devem ter, para que sejam feitos antes de as peças serem temperadas. “Quanto maior for a quantidade de informações na formulação do pedido, melhor”, considera Jefferson Martins, da PKO.
Já em relação aos laminados e ao aproveitamento das chapas desse produto, Rezende, da Viminas, aconselha: “A primeira observação deve estar relacionada à melhor indicação do interlayer utilizado, seguida da capacidade do fornecedor com relação às dimensões máximas e mínimas de peças e chapas, o que está diretamente relacionado ao custo-benefício”.
Medição e folgas
Para que o orçamento e a encomenda dos produtos corram como o esperado, a medição do vão a ser preenchido na obra é importante. “É a partir desse ponto que o projeto sai do papel e se torna realidade, sendo o primeiro passo para garantir que a instalação será bem-sucedida”, afirma Andrea Oliveira, da Silvestre Vidros.
Com relação ao dimensionamento das peças, Santana, da GlassecViracon, recomenda que o responsável pelo projeto escolha um processador que tenha equipe técnica que possa analisar tais medidas. Esses profissionais poderão verificar se é preciso fazer mudanças simples e sem impactos nos projetos, resultando em economia financeira significativa.
André, da Alto da Lapa, acrescenta que a medição total do vão acabado – incluindo nível, prumo e suas subdivisões – também é fundamental para o cálculo e aplicação das folgas, considerando os esforços solicitantes e os materiais utilizados para fixação.
“Qualquer falha ou esquecimento com relação a folgas, furos, recortes, definição de qual é o lado externo e interno, entre outras especificações, pode levar a prejuízo”, alerta Luiz Rezende. Felizmente, já existem softwares que facilitam a vida dos vidraceiros na confecção dos projetos, como o disponibilizado no portal da Viminas: basta colocar as dimensões do vão e o tipo de desenho desejado para que sejam informados folgas, furos e ferragens necessárias, entre outros detalhes.
Diferenças no transporte
Engana-se quem pensa que o carregamento e fixação das peças nos veículos de transporte podem ser feitos da mesma forma para os dois tipos de vidro. Andrea, da Silvestre Vidros, explica: “O laminado sempre requer mais cuidado se feito com peças de float, mais frágeis e que podem quebrar se sofrerem muito esforço, o que não acontece com o temperado, material que suporta amarração mais firme”.

A NBR 7199 recomenda que a espessura máxima da pilha com chapas de vidro para armazenamento seja de 600 mm para laminados e 800 mm para temperados. Já a inclinação das peças deve ser de 4 a 6 graus em relação à vertical. No caso dos laminados, a base do cavalete deve ser inclinada em relação à horizontal de modo a formar um ângulo de 90 graus com a superfície de apoio ao longo da altura do vidro.
Dessa forma, o ideal é não misturar os vidros, mas sim colocar todas as peças do mesmo tipo juntas e fazer a fixação delas de acordo.
Hora de instalar o vidro!
Quando o temperado for instalado de forma autoportante, nunca aperte as ferragens além do necessário — isso pode levar à quebra do painel. O respeito às folgas mínimas entre as bordas e a colocação de um material intercalário (como borracha, silicone ou cortiça) que impeça o contato direto entre o vidro e as ferragens também são cuidados essenciais.
No caso do laminado, é preciso lembrar que ele não pode ter contato direto e permanente com água ou umidade – como, por exemplo, infiltrações em caixilhos ou piscinas com borda infinita –, pois isso pode causar a delaminação da peça. “Os cuidados na instalação de um laminado também passam pela atenção no uso de calços e selantes na hora de encaixilhá-los – esses produtos devem ser neutros em relação ao interlayer para não agredi-lo e levar a problemas no vidro”, orienta André, da Alto da Lapa.
Por fim, Oliveira, da Vitral, aconselha: “É sempre importante que os profissionais estejam atentos às normas NBR 14697 — Vidro laminado e NBR 14698 — Vidro temperado, ambas atualmente em processo de revisão, além de buscar o aperfeiçoamento contínuo em cursos oferecidos pelas associações regionais, para que apresentem a solução mais bonita, moderna e segura a seus clientes”.
Eastman planeja ampliar capacidade produtiva de fábrica
A Eastman anunciou em março seus planos para atualizar e expandir a capacidade de extrusão para a fabricação de suas linhas de interlayers na unidade fabril em Springfield, Estados Unidos. O investimento visa a fortalecer o volume de fornecimento da empresa para atender as demandas regionais e globais pelos produtos da linha Saflex de PVB para o segmento da arquitetura, incluindo opções com funções especiais, como atenuação acústica, controle solar e maior resistência mecânica. A expectativa é de que o projeto seja concluído no quarto trimestre de 2021.
Astra lança nova linha de espelhos
A Astra colocou à disposição do mercado a linha Flora de espelhos com iluminação por LED. São sete modelos, como o Margarida (foto), todos com espessura de 3 mm e iluminação bivolt, feita por fita com LED emborrachada, garantindo maior proteção. Os produtos contam ainda com suporte de fixação de PVC, parafusos de aço carbono e acionamento por interruptor. De acordo com a empresa, a linha Flora é ideal tanto para residências como para áreas comerciais, levando, além da iluminação, leveza para os ambientes.
Satinal instala nova linha de produção
A Satinal instalou a segunda linha de produção em sua fábrica na Itália, em resposta à crescente demanda por suas películas de EVA. A empresa também divulgou o lançamento dos interlayers para laminados Strato Colour, para aplicações internas e externas. São quatro opções de filme, transparentes e coloridas, pensadas para refletir as tendências globais de cores: Local Light Blue (azul), Nature Green (verde), Comfort Bronze (bronze) e Sky Gray (cinza). Segundo a fabricante, todas proporcionam alta adesão ao vidro, isolamento acústico e bloqueio de até 99% dos raios ultravioleta.
AGC e Grupo NSG estudam soluções contra Covid-19
Fabricantes mundiais de vidros planos têm estudado e desenvolvido novos produtos para enfrentar o coronavírus. Uma iniciativa promissora nessa área vem da divisão europeia da AGC. De acordo com estudo divulgado no Coatings Journal (publicação científica voltada para a área de revestimentos e engenharia de superfícies), as partículas virais do Sars-CoV-2, que representam um risco de transmissão indireta da Covid-19, ficam ativas por tempo mais curto no vidro revestido Planibel Easy quando o material é previamente exposto à luz solar. O mesmo estudo aponta que o tempo necessário para tornar inativas 90% dessas partículas é 37,5% mais curto com esse produto do que com floats comuns ou acrílico, proporcionando grande redução no risco de transmissão do vírus pelo toque em superfícies contaminadas.
Já o Grupo NSG desenvolveu um novo revestimento antibacteriano e antiviral para vidros, com base em sua tecnologia exclusiva de sol-gel. O cobre contido no revestimento reage com água, oxigênio e outras substâncias no ar — e essa reação acaba por inativar bactérias e vírus, destruindo seus invólucros e decompondo seus lipídios, proteínas e materiais genéticos. As propriedades do produto funcionam mesmo em locais mais escuros, sem luz visível ou raios ultravioleta. Além disso, tem alta durabilidade e é quase tão transparente como um vidro não revestido. Espera-se que a solução seja colocada no mercado em 2022.
Foto: ©️AGC Glass Europe
Qual é o desafio dos novos líderes?
Escrito por Armando Lourenzo
Existe uma enorme quantidade de gestores que ainda não sabem administrar o próprio tempo, nem estabelecer prioridades – para si e para os profissionais que integram seu time. Basta ver como uma parte dos projetos nas empresas brasileiras sofre atrasos em relação ao cronograma inicialmente previsto. Ao mesmo tempo, muitas pessoas deixam as empresas por não conseguirem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Isso significa que, para muitos profissionais, existe a percepção de que estão trabalhando demais. A explicação disso tudo pode ser simples: falta de planejamento ou de gestão dos chefes responsáveis. A seguir, algumas considerações a serem levadas em conta.
– Tempo — Administrar melhor o tempo é um tema crucial para os novos líderes. Saber trabalhar estabelecendo prioridades não apenas melhora o desempenho e evita atrasos nas entregas, mas também ajuda a reter bons profissionais na equipe.
– Delegar tarefas — Muitas vezes, por insegurança, esses líderes são centralizadores e costumam não delegar tarefas. Por isso mesmo, sempre planeje suas ações com antecedência, distribua as tarefas entre os demais membros, levando em conta os limites de entrega de cada um, e acompanhe os resultados. Lembre-se de que existem atividades que podem ser feitas de forma paralela às demais e que, nem por isso, devem ser menosprezadas
– Cronograma — Com ele, você conseguirá visualizar com mais facilidade todas as etapas, ponderando sobre a importância de cada uma para a obtenção do resultado. Assim, fica mais fácil definir o mais relevante e decidir sobre prazos.
– Adaptação a situações — Em muitos momentos, pode ser difícil estabelecer quais são as prioridades e, ainda assim, não serão raras as vezes em que será necessário alterá-las em razão de demandas específicas. Tente entender os motivos das mudanças e, caso elas não tenham justificativas lógicas, considere não ceder à tentação de fazer alterações bruscas. Se houver necessidade de mexer em prioridades e cronogramas, não deixe de explicar os motivos aos seus liderados para que eles possam perceber a real importância de tais alterações e, assim, executá-las com o engajamento necessário para a tarefa.
Armando Lourenzo é doutor e mestre em administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), além de colunista da revista Você S/A e do portal Administradores.com
Normas técnicas são abordadas no fórum Fachada Glazing
O Fachada Glazing – Fórum de Tecnologias e Produção de Fachadas, realizado em formato online de 22 a 26 de março, levou conteúdo técnico de qualidade aos espectadores, como se vê na reportagem com a cobertura do evento (para conferi-la, clique aqui). No fórum, organizado pelo Canal do Serralheiro e tendo a Abravidro como apoiadora, as normas vidreiras foram parte importante das palestras feitas por especialistas do setor, demonstrando que uma obra com nosso material só será bem feita se seguir as recomendações técnicas da ABNT.
Uso correto
Luiz Rezende, o Juca, da processadora Viminas, apontou algumas das principais determinações presentes na NBR 7199 — Vidros na construção civil, incluindo a obrigatoriedade de uso de vidro de segurança (temperado, laminado, aramado ou insulado, desde que feito com os anteriores) em ambientes térreos abaixo de 1,10 m em relação ao piso, onde a norma exige. Juca destacou também o papel da Abravidro na condução do Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37). A associação é sede do órgão e coordena as reuniões de trabalho – atualmente, duas normas estão sendo revisadas pelo comitê, a de laminados e também a de temperados.
Engenheiro civil, professor e pesquisador do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fernando Westphal abordou como atender os requisitos da NBR 15575 — Desempenho de edificações habitacionais. O documento, em revisão no momento, ajudou a incorporar novas tendências em conforto térmico e acústico à construção civil nacional. Uma das mudanças a serem introduzidas na nova versão do texto, ainda sem prazo para publicação, é a presença de uma simulação do desempenho do vidro em fachadas ao longo de um ano completo.
Sistemas e materiais
Com o tema Compatibilização de projetos de sistemas de fachadas: vantagens e desafios de garantir a linha tênue entre desejos, custos e normas, Igor Alvim, da QMD Consultoria, reforçou a necessidade de definir o objetivo de uma obra, a realidade de custos e sua vida útil, conciliando o desejo do arquiteto e as expectativas e o orçamento do cliente juntamente com as determinações das normas. Entre as mencionadas, estavam a NBR 7199, a NBR 14718 — Esquadrias – Guarda-corpos para edificação, a NBR 10821 — Esquadrias para edificações e a NBR 6123 — Forças devidas ao vento em edificações.
Hélio Donizeti, gerente técnico da Perfil Alumínio, falou sobre as possibilidades oferecidas para a ampliação da área social de prédios ao se usar aberturas de correr em fachadas contínuas de alumínio e vidro. Embora o foco da palestra não fossem normas, Donizeti destacou a importância de se observar as determinações das voltadas a essas instalações, incluindo a NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio.
A NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural foi citada na apresentação de Emir Debastiani, engenheiro de Aplicações da Dow. O profissional explicou a importância do controle de qualidade de selantes em relação à adesão a diferentes substratos e à resistência contra raios ultravioleta e intempéries.
Espalhando conhecimento
Após cinco dias de conteúdo, é válido dizer que o Fachada Glazing desempenhou um importante papel na disseminação do conteúdo das normas técnicas, como aponta a analista de Normalização da Abravidro, Clélia Bassetto. “Quase todos os palestrantes mencionaram ou pautaram as apresentações nos documentos, destacando a sua importância e aplicabilidade”, afirma. “Esse é um ótimo indicativo de que as normas são cada vez mais lembradas, citadas e efetivamente aplicadas.”
Veja como limpar vidros em obras de grande porte
Belas construções envidraçadas existem aos montes – basta folhear qualquer edição de O Vidroplano para encontrá-las. Mas a eficiência de nosso material depende não só da especificação e instalação correta — a limpeza das peças faz a diferença para o desempenho dos vidros, principalmente daqueles com tecnologia e revestimentos especiais.
Para entender as melhores formas de se fazer essa tarefa, nossa reportagem conversou com empresas especializadas no serviço, além de fornecedoras de materiais utilizados nesse momento. Assim, temos aqui quais os produtos indicados, a importância de se levar em conta como será o processo de limpeza antes mesmo de a obra ser erguida e quais as técnicas utilizadas.
Desde o escritório
Por mais plano que possa parecer, o vidro tem uma superfície porosa. “Sabe-se que manchas são ocasionadas quando as impurezas se instalam nesses minúsculos orifícios”, explica Jacqueline Neves, responsável pelo marketing da Abrasipa. A sujeira interfere na estética e nos conceitos arquitetônicos de um edifício, impedindo a transparência de uma fachada com essa característica, e vai além. Vidros de controle solar ou com células fotovoltaicas, por exemplo, têm o desempenho prejudicado consideravelmente caso acumulem impurezas.
A limpeza precisa começar já no escritório dos arquitetos e engenheiros. “Devem ser previstos em projeto os meios de acesso para realizar a tarefa, como pontos de ancoragem para cadeirinhas e balancins, passarelas, pontes e guinchos especiais”, destaca o diretor da Avec Design, José Guilherme Aceto. Esses pontos garantem a segurança das pessoas responsáveis por esses serviços. Três documentos os regulamentam: a Norma Regulamentadora (NR) 18 — Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção; a NR 35 — Trabalho em altura; e a NBR 16325 — Proteção contra quedas de altura. “Os acessos devem ser projetados para atender o uso de cordas ou cabos, resistindo a uma carga pontual de até 1,5 t e também a intempéries. Por isso, são fabricados normalmente com aço inoxidável”, informa Aceto.
Outra solução encontrada, dependendo da tipologia da fachada, é a criação de aberturas na estrutura para servirem de acesso. No entanto, independentemente da escolha seguida, a presença dos pontos de ancoragem precisa se tornar prática padrão por parte de quem cria os edifícios. “Esse seria o ideal, inclusive para garantir maior vida útil aos vidros, mas, efetivamente, não ocorre a todo o momento”, lamenta Karina Chiavegatto, gerente-comercial da Supply Brasil, companhia especializada em limpeza. Nossas empresas devem, então, fazer a lição de casa: acompanhar e cobrar, quando possível, arquitetos e engenheiros para a inclusão desses elementos.
Avaliando a tarefa
Qual a frequência ideal para se limpar uma obra envidraçada de grande porte? Isso vai depender de sua localização. Se tiver contato com situações específicas como as citadas abaixo, terá de ser realizada mais vezes, talvez até mensalmente, dependendo da sujeira acumulada.
– Trânsito: excesso de veículos nas ruas pode impregnar o vidro de fuligem, oriunda da fumaça emitida pelos automóveis;
– Parques e regiões costeiras: o vidro pode sofrer corrosão por conta da maresia e umidade, chegando ao ponto de ficar coberto de limo em casos extremos;
– Chuva: a água pode formar manchas caso tenha alto teor de minerais, como cálcio e magnésio.

A avaliação de como a tarefa ocorrerá cabe sempre ao especialista contratado. Wagner Machado Ribeiro, membro do setor comercial da Puraqleen, comenta a importância da visita presencial à obra. “É o recomendado para avaliar todos os pontos de interesse, incluindo acessos disponíveis, e estudar a melhor estratégia para a execução, chegando a uma justa elaboração do orçamento”, relata. Essa empresa, especializada em limpezas técnicas industriais, hospitalares e de projetos arquitetônicos, faz parte do braço brasileiro do grupo alemão Qleen, fabricante de equipamentos para a tarefa.
Técnicas
De acordo com as fontes consultadas para esta reportagem, o trabalho se divide em dois grupos:
1) A partir do chão: a limpeza das partes envidraçadas próximas ao solo, com até 20 m de altura (o padrão varia de acordo com a prestadora do serviço), é realizada com mangueiras, escovas e rodos equipados com hastes de longo alcance. Importante: devem ser evitadas máquinas que geram jatos d’água sob pressão, pois podem comprometer a estanqueidade das estruturas;
2) Em altura: nesses casos, a limpeza deverá ser feita utilizando-se equipamentos como balancim ou corda. O foco é garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos, pedestres e também da obra em si. Karina, da Supply Brasil, aponta tópicos relevantes:
– É obrigatório que o profissional seja treinado com base na NR 35 e utilize EPIs durante o serviço;
– Dependendo do local, pode-se utilizar plataformas elevatórias, desde que se sinalize o local ao redor ou se evite o acesso de pedestres às redondezas;
– Dependendo do tamanho da obra, o trabalho precisa ser realizado com um mínimo de três profissionais: uma dupla de limpadores e um técnico de segurança do trabalho acompanhando todo o processo.
O que usar?
Como já mencionado, é importante respeitar a integridade de nosso material durante a limpeza – assim como a das esquadrias e demais elementos presentes nas estruturas. A partir disso, seguem algumas observações a respeito do que está liberado e do que jamais pode ser usado:
– Sabão ou detergente neutros com água funcionam para boa parte do serviço;
– Água desmineralizada é uma solução moderna usada por algumas empresas. “A desmineralização, que se dá por troca iônica em um sistema próprio para isso, retira os sais minerais da água”, explica Ribeiro, da Puraqleen. Quando as partículas de H2O estão ‘descarregadas’, elas funcionam como um agente de limpeza mais eficaz, aderindo às partículas e facilitando sua remoção. Além disso, não deixam manchas nas chapas.
– Para situações específicas, alguns produtos de limpeza são indicados – as empresas só precisam de atenção para saber se seu conteúdo afeta as propriedades dos vidros. Destacam-se os detergentes desengraxantes, próprios para graxas e gorduras; solventes naturais de baixa alcalinidade, com alto poder de retirada de óleo e fuligem; e desinfetantes à base de peróxido de hidrogênio, que garantem a desinfecção das peças.
– Importante frisar: materiais abrasivos, ou que venham a causar corrosão, jamais devem ser aplicados no vidro.

Soluções especiais
Empresas do setor vidreiro também comercializam produtos para serem utilizados na hora da limpeza de nosso material. A Abrasipa, por exemplo, conta com o ProClean, a ser aplicado em manchas, utilizando-se uma fibra de limpeza macia e uma lixadeira tipo rota orbital. Já o EnduroShield, proteção de superfície, quando aplicado forma uma espécie de película sobre a peça. Segundo a Abrasipa, o produto reduz a necessidade de limpeza em 90%, além de garantir a durabilidade do vidro por até dez anos. A Avec Design tem o Polímero Hidro Repelente, que atua de forma semelhante: ao “selar” a porosidade da superfície, impede de a ocorrência de oxidação ou a deposição de sujeiras. Ambos podem, inclusive, ser aplicados no momento da instalação das chapas.

lado esquerdo, a peça recebeu a aplicação; do lado direito, não
Existem ainda os vidros autolimpantes: eles recebem uma camada metálica e hidrofílica (que atrai água), responsável por quebrar as moléculas orgânicas das sujeiras. No entanto, deixaram de ser produzidos no Brasil – a Cebrace retirou a linha Bioclean de seu portfólio no fim do ano passado.
Limpar vidros em grandes obras é um trabalho seguro e não pode ser esquecido. A atividade potencializa os benefícios do material, além de deixar tudo mais bonito.
Identificar as duas faces do float é essencial
Quando você olha para os dois lados de um float, eles são a mesma coisa, certo? As aparências enganam. As duas faces têm diferenças importantes — e saber identificar cada uma é fundamental para garantir o processamento correto da chapa.
A origem das diferenças
Durante o processo de fabricação, depois que a matéria-prima é fundida, a massa vítrea resultante é despejada em uma piscina de estanho líquido em uma atmosfera controlada conhecida como “banho” de estanho. “Nesse processo, o vidro flutua por diferença de densidade no estanho líquido, onde ganha forma, espessura e largura. O processo garante as propriedades ópticas desejáveis com baixíssimos níveis de distorção”, detalha Fábio Reis, gerente técnico-comercial da Guardian.
É nessa etapa que as faces do float se diferenciam. “Isso acontece porque uma das suas superfícies está diretamente em contato com o estanho fundido, enquanto a outra fica em contato apenas com o ar inerte do ambiente do forno”, complementa Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro. As duas superfícies podem ser chamadas, respectivamente, de “lado do estanho” e “lado do ar”.
A olho nu, não se nota qualquer diferença entre elas. Mas, vistas com as ferramentas certas, a história muda. Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix, explica: “Ao olhar o vidro com um microscópio, verifica-se que ele é poroso, tal como uma esponja. Na fabricação, o lado do ar ainda apresenta microporosidade, enquanto na outra face a superfície está selada, pois o estanho forma uma fina camada por cima dela”.
“Durante a etapa de resfriamento e recozimento do vidro, a face do estanho fica em contato com os rolos transportadores”, detalha Ramon Peres, supervisor de Qualidade da AGC. Isso contribui para a absorção dos resíduos do banho de estanho pela superfície da chapa.
Como saber qual é qual?
A identificação do lado do estanho ou do lado do ar é muito importante, pois diferentes trabalhos feitos na processadora podem exigir um lado específico para que se obtenha melhor desempenho, alerta Cláudio Lúcio, frisando que a escolha da face certa para cada finalidade desejada proporciona vários benefícios. Veja alguns:
– Melhor adesão;
– Melhor resistência;
– Menor frequência de problemas e defeitos resultantes no processo (como riscos e manchas);
– Melhoria nos atributos estéticos e nos requisitos técnicos do produto;
– Adequação da efetividade do vidro.
Mas como se faz isso? Wender Cotrim, gerente-industrial da Vitral Vidros Planos, responde: “Existem diversos métodos artesanais para identificação do lado, como os testes do tato e da gota de água. Porém, nenhum é tão eficaz como o uso de um detector de estanho”. Constituído basicamente por uma lâmpada ultravioleta de ondas curtas, sua iluminação, ao banhar a superfície do vidro pelo lado do banho de estanho, faz com que a peça apresente aspecto esbranquiçado e ‘nublado’. Caso a face em contato direto com a luz seja a do ar, os raios ultravioleta passam por ela normalmente.
Outra possibilidade é a localização da linha de Hertz: “O lado do ar é facilmente identificado observando a borda da chapa de vidro; ele é o lado da aresta que apresentar a linha de Hertz [microtrincas resultantes do rodízio de corte feito ainda na usina de base]”, explica Cláudio Lúcio.
Após essa verificação, o instrutor técnico da Abravidro recomenda a colocação de etiqueta no float a fim de permitir que os profissionais no chão de fábrica saibam qual é cada face, do início ao fim do processo.
O lado certo para cada etapa
Corte
A face ideal para essa etapa é a do ar. De acordo com Cláudio Lúcio, “ela resulta em um destaque de forma mais limpa, tanto nas arestas das peças como nas do revestimento da forração da mesa onde essa tarefa é feita, o que resulta em menor índice de chapas riscadas”.
Serigrafia
Em geral, recomenda-se a aplicação dos esmaltes na face do ar. “O uso no outro lado pode levar a distorções de cores após a queima, devido às reações dos metais contidos no esmalte com o resíduo de estanho do float”, orienta Adalberto Ferrari, gerente de Vendas na área de Esmaltes para Vidro e Porcelana da Ferro. Contudo, há exceções: “No caso dos vidros traseiros automotivos, onde são aplicadas as pastas de prata com função de desembaçador, utiliza-se a face do estanho, devido à reação que essas pastas têm com o estanho, formando uma cor bronze nos filetes dos desembaçadores”.
Camila Batista, engenheira de Desenvolvimento de Produto da Cebrace, faz outra observação sobre o lado do estanho: se a opção for pintá-lo, é importante levar em conta que tintas especiais devem ser usadas para este fim. “Nesse caso, também é necessária a realização prévia de testes para homologação da estética da tinta nesta superfície.”
Laminação
O lado certo para esse processo depende do tipo de interlayer usado:
– Para laminações com PVB, EVA ou resina, Cláudio Lúcio indica que o lado em contato com o interlayer seja o do ar: por sua superfície ter maior rugosidade e, consequentemente, maior área de contato e estabilidade química, ele propicia maior ancoragem química e mecânica.
– Renato Santana, coordenador de Qualidade e Lean Manufacturing da GlassecViracon, aponta que a face do estanho deve ser usada se o interlayer for estrutural, como o SentryGlas. “Isso acontece porque a reação entre o produto e o lado do estanho proporciona a adesão ideal para o laminado. No caso do SentryGlas, o uso em contato com a face do ar resulta em baixa adesão e pode levar à delaminação.”
Têmpera
De acordo com Santana, da GlassecViracon, não há nenhuma restrição em relação aos lados do vidro na têmpera. Já Cláudio Lúcio recomenda que o lado do estanho seja colocado em contato com os rolos do forno de têmpera, “pois isso resulta em tempo de aquecimento relativamente menor para a obtenção da mesma temperatura final absorvida pela massa das peças de vidro”.
Renato lembra que no caso dos vidros revestidos, “a face na qual o coating foi aplicado deve estar sempre voltada para cima, tanto na etapa de corte como na de têmpera”.
Reação à umidade
– Cotrim, da Vitral, ensina que, ao manusear os vidros com ventosas a vácuo, o contato delas deve ser sempre com o lado do ar. “A área de contato das ventosas poderá deixar marcas na superfície da face do estanho, especialmente em ambientes com alta umidade.”
– Contudo, o lado do ar é mais suscetível ao surgimento de manchas esbranquiçadas (fase 1 de irisação) quando o vidro permanece molhado e empilhado secando ao ambiente. Cláudio Lúcio explica que isso se dá devido à solubilização do sódio livre (mais presente nessa face do vidro) em reação com o pH alcalino da água usada na lapidação, furação e outras máquinas, quando ela não é tratada antes do seu reaproveitamento.
Instalador também precisa de atenção
Embora esta reportagem seja direcionada para o processamento do vidro, as diferenças entre as duas faces também influenciam no desempenho de sua aplicação, dependendo da face utilizada. A seguir, algumas dicas:
– A superfície mais rugosa do lado do ar torna-o mais adequado para a colagem do vidro, seja com fitas dupla-face ou selantes de silicone ou poliuretano;
– Já na instalação de janelas, peles de vidro, vitrines e boxes de banheiro, recomenda-se que o lado do estanho seja aquele submetido ao contato com a água e intempéries, minimizando os efeitos de manchas causadas por maresia, chuvas, poluição ou produtos alcalinos (como sabonetes).
CBIC verifica escassez de insumos na construção civil
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou um levantamento com construtoras de todo o País para verificar a situação do problema da escassez de insumos. O aço é o principal produto considerado na pesquisa: 84% das empresas consultadas disseram que há desabastecimento desse material em suas regiões. No caso do vidro, apenas 0,5% dos entrevistados apontou que ele estaria em falta — contudo, 34% disseram haver carência de esquadrias no mercado. Além disso, 53,3% responderam que o prazo de entrega de esquadrias está maior que o habitual. De acordo com a CBIC, o desabastecimento e a insegurança com relação aos custos de vários materiais podem prejudicar a construção, atividade que, no início do ano, projetava crescer 4% em 2021.
Blindex comemora 70 anos
Para celebrar os 70 anos da marca, a empresa preparou uma campanha de comunicação que inclui inserções em diversas plataformas de alcance nacional até o final do ano. Na televisão, o filme comemorativo de 30 segundos, lançado no aniversário da Blindex, em 9 de janeiro, vem sendo veiculado desde março nos canais GNT, Multishow, Viva e GloboNews — uma versão expandida desse conteúdo também será disponibilizada na Internet. Já no rádio, o spot gravado para o quadro Sandra, do programa Chuchu Beleza, da Jovem Pan, foi divulgado na emissora e em suas afiliadas de todo o País durante o mês de março. A campanha inclui ainda ações com influenciadores e parceiros no ambiente digital e lançamentos de produtos especiais ao longo de 2021.
Expo Revestir é realizada em versão online
Devido à pandemia da Covid-19, a 19ª edição da tradicional feira para a área de revestimentos e arquitetura foi realizada de 22 a 31 de março de forma totalmente digital. A plataforma exclusiva hospedada no site oficial do evento recebeu quase 60 mil visitas e contou com mais de 4 milhões de interações.
Este ano, a Expo Revestir não trouxe muitas novidades na área de vidros e espelhos, mas houve destaques no segmento de eletrodomésticos. A Tramontina lançou a coifa Slim Isla 90 (foto 1), disponível em dois modelos, ambos de vidro com acabamento bisotado para levar um visual sofisticado à cozinha. A Elettromec exibiu produtos como a linha Luce de fornos (foto 2), com vidro triplo em sua estrutura, e adegas com opção de porta feita de peças low-e.
Outra novidade envolvendo nosso material foi o espelho Verdera (foto 3) com iluminação por LED, da Kohler: produzido com estrutura de alumínio anodizado e acabamento durável e resistente a ferrugem ou lascas, o item conta com uma iluminação brilhante e muito próxima à natural. A Deca não mostrou nenhum produto especificamente dedicado ao setor vidreiro, mas sua nova linha Touchless de torneiras com acionamento inteligente e de amplo alcance pode ser instalada em pias e bancadas de vidro — observando apenas que, se o vidro for transparente, poderão ser vistos itens de instalação, como fios e outros. A liberação do fluxo de água está condicionada à aproximação em qualquer ponto do produto, sem necessidade de toque.
Fachada da Casa Granada permite farta entrada de luz natural
Assim como o projeto do edifício Borges 3647 (para ler a reportagem, clique aqui), a Casa Granada — localizada em Nova Granada, no Extremo Norte do Estado de São Paulo, a cerca de 500 km da capital — tem no vidro um elemento fundamental para o seu funcionamento. Desenvolvida pelo arquiteto Homã Alvico, do Estúdio HAA!, a residência mistura os conceitos do escritório paulistano com as preferências do cliente. E, para ambos, nosso material mostrou-se imprescindível.
Ficha técnica
Autor do projeto: Estúdio HAA!
Local: Nova Granada, SP
Conclusão: 2017
Área da obra: 285 m²
Diálogo entre espaços
O terreno em que a obra foi erguida não era totalmente plano, fruto do loteamento daquele espaço tempos atrás. Para trazer movimento à construção, o desnível original do solo acabou transferido para a cobertura – a estrutura tem um leve formato de “V”.
Indicada para a edição 2019 do prêmio Building Of The Year, promovido pelo Archdaily, o maior portal de arquitetura do mundo, na categoria residências, a Casa Granada foi pensada para oferecer comunicação franca e generosa com a área externa, além de garantir iluminação e ventilação naturais abundantes – o que faz a construção ser sustentável, pois ajuda a diminuir o uso de ar-condicionado, por exemplo.
Ao mesmo tempo, os futuros moradores pediram um pé-direito duplo na área social e uma grande varanda com vista para a zona rural da cidade. A escolha para transformar tudo isso em realidade só poderia ser uma: vidro. Temperados translúcidos 8 mm foram aplicados em diversos fechamentos dos três blocos que formam o projeto.
Dentro é fora
Com estrutura de concreto armado, o primeiro deles contém cozinha, sala de televisão e lavabo no térreo. Acima estão dormitórios, área de banho social, escritório e varanda. A fachada frontal de vidro desse bloco recebeu brises de alumínio pintados na cor preta, com o objetivo de filtrar a entrada da luz nesses locais.
O bloco seguinte, abrigando as salas de estar e jantar, liga-se ao jardim lateral graças a uma fachada lateral envidraçada, com estrutura metálica, sem qualquer obstrução. Assim, a iluminação natural ali é a máxima possível. Segundo o Estúdio HAA!, a ideia era tornar mais sutil o limite entre o interno e o externo. Com isso, os usuários poderiam “jantar no jardim”, mesmo estando dentro de casa.
O último bloco é a suíte principal, no térreo, que também conta com integração à área exterior. Por fim, existe ainda uma edícula, na frente da piscina, que comporta área de serviço, banheiro e churrasqueira. Mais um exemplo da modernidade trazida pelo vidro à construção civil, a Casa Granada revela as tendências que residências de alto padrão já seguem: ter nosso material como elemento funcional.
Diferenciais de ouro
A importância do trabalho bem-feito com nosso material, com foco em detalhes que influenciam diretamente
em seu desempenho, pode ser considerada o tema geral desta edição de O Vidroplano. Três matérias destacam isso.
Na seção “Para sua vidraçaria” (página 32), são reforçadas as características dos temperados e laminados, ambos considerados vidros de segurança. Confira suas particularidades, as diferenças entre os dois tipos e os cuidados específicos para cada um deles. Em “Processamento” (página 48), consultamos especialistas para comentar o quão relevante é identificar as duas faces do float para que todas as etapas do beneficiamento ocorram sem problemas. Por fim, chegamos à reportagem de capa (página 18), sobre a limpeza do vidro em obras de grande porte. Você sabia que a forma como essa tarefa se dá deve ser prevista antes mesmo de o prédio ser erguido?
São esses cuidados que possibilitam que a construção civil brasileira tenha projetos de nível internacional, tanto em tecnologia vidreira como em design – dois exemplos de obras nacionais diferenciadas estão nas páginas 40 e 54.
Por isso mesmo, ainda mais neste momento complexo para os negócios, a atenção para a qualidade pode ser um diferencial para nossas empresas.
Boa leitura e muita saúde!
Iara Bentes
Editora de O Vidroplano
Altos e baixos
Depois do pico de otimismo no segundo semestre de 2020, e também no primeiro bimestre deste ano, março e abril deixaram clara a volatilidade do momento que atravessamos. Com o agravamento da crise sanitária, a confiança do consumidor foi abalada, e já se percebe uma sensível queda na demanda por nosso material em diferentes segmentos industriais, como o automotivo, moveleiro, de construção civil, linha branca e refrigeração.
A indústria e a construção, atividades consideradas essenciais desde o início da pandemia, vêm experimentando restrições pontuais em alguns Estados e municípios, como limitação dos dias e horários de funcionamento. O fechamento do comércio varejista de materiais usados nos canteiros de obras também acendeu a luz amarela para quem atua nesses ramos.
Nesse cenário, volta a nos rondar a preocupação com a informalidade e outras práticas igualmente danosas que costumam entrar em cena em tempos de incertezas. A responsabilidade de cada um de nós e de todos os elos da cadeia é essencial para que possamos atravessar mais um período de indefinições.
Mensurar o impacto dos altos e baixos do mercado em nosso setor, no entanto, parece ser cada dia mais difícil. Isso porque a adesão de processadores ao Panorama Abravidro, o único estudo econômico do setor vidreiro nacional, nunca foi tão baixa. Apesar de nosso esforço para mobilizar as empresas, poucos atenderam nosso chamado. A amostra é suficiente para gerar dados confiáveis sobre 2020, mas está aquém da participação esperada quando consideramos o número de processadoras ativas no Brasil.
O investimento anual feito pela Abravidro para oferecer ao mercado um retrato da performance da indústria de processamento tem o intuito de contribuir com a estratégia das empresas e dimensionar o mercado e seu potencial, mas parece não estar sendo valorizado. É uma pena.
José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br