Reação da indústria
Em julho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira chegou ao terceiro mês seguido de recuperação do impacto causado pela Covid-19. A reação foi sentida em quase todos os Estados e nos diversos ramos de atuação. “Isso traz uma boa sinalização para o setor industrial, embora não esteja claro o perfil de crescimento daqui para frente. Certos aspectos desta crise podem demorar para serem mitigados, como o maior endividamento dos agentes e o alto nível de desemprego”, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
No azul e no vermelho
80% dos parques industriais acompanhados pelo IBGE conseguiram aumentar a produção em julho, com destaque para o Ceará (34,5%), Espírito Santo (28,3%) e Amazonas (14,6%). Ficaram no vermelho apenas Mato Grosso (-4,2), Goiás e Paraná (ambos com -0,3%). No total, a produção industrial brasileira evoluiu 8%.
Otimismo entre transformadores A indústria de transformação fechou agosto com 57,5 pontos no Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A produção extrativa registra 57,2 pontos, seguida da indústria da construção, com 54 pontos. O Icei varia de 0 a 100 pontos — quanto mais acima de 50, maior e mais disseminada é a confiança. A pesquisa foi feita com base em amostra de 2.328 empresas, de 3 a 13 de agosto.
Região e porte A confiança é maior nas empresas das regiões Norte (59 pontos) e Sul (58). Logo atrás aparecem o Nordeste (56,5), Centro-Oeste (56,4) e Sudeste (55,3). No recorte por porte, o índice é maior entre as grandes indústrias (57,8). Em seguida aparecem as médias (56,8) e, por último, as pequenas (55,1).
16ª indústria do mundo A participação do Brasil na produção industrial mundial caiu de 1,24%, em 2018, para 1,19%, em 2019. O dado é do Desempenho da Indústria no Mundo, da CNI. A participação do País está em trajetória de queda desde 2009 e, agora, ocupamos a 16ª posição no ranking. Até 2014, o Brasil estava entre os dez maiores produtores mundiais. Entre 2015 e 2019, o País perdeu sua posição para as indústrias do México, Indonésia, Rússia, Taiwan, Turquia e Espanha.
Exportações e competitividade O desempenho das exportações da indústria de transformação brasileira também retrata perda de competitividade. Segundo estimativa da CNI, a participação nacional deve ficar em 0,82% em 2019 (contra 0,88% em 2018), igual ao menor patamar da série histórica registrado em 1999. “O cenário torna ainda mais urgente a aprovação de reformas e legislações que destravem a economia e aumentem a competitividade. São os casos da reforma tributária, nova lei do gás e reforço em investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
FIQUE POR DENTRO
Pontes de vidro chinesas Conforme mostrado pelo Blog da Abravidro, foi inaugurada na China a maior ponte de vidro do mundo. Localizada no condado de Lianzhou, a estrutura tem impressionantes 526,14 m de comprimento e está suspensa a 200 m de altura. Foram utilizados vidros temperados laminados na composição da passarela.
A notícia parece repetida e a explicação é simples. Se você confere nossos múltiplos canais de comunicação, sabe que essa não é a primeira ponte envidraçada desenvolvida pelos asiáticos. O recurso é febre por lá, sobretudo para aquecer o turismo interno — e antes da construção da ponte de Lianzhou, a então maior estrutura do tipo também estava no país. Erguida em 2017 e com 488 m de extensão, a ponte da província de Hebei, suspensa a 218 m, é formada por 1.077 placas de vidro com 40 mm de espessura, as quais ficam penduradas em uma estrutura reforçada por 12 cabos. Não causa surpresa o fato de a 3ª maior ponte estar no gigante asiático: com 430 m e fincada no Parque Natural de Zhangjiajie, ela é considerada a passarela de vidro mais alta do planeta, com 300 m de altura. Uma curiosidade: a estrutura inspirou as Montanhas Aleluia do filme Avatar.
RETROVISOR
Fornos novos — e um renovado
Em diferentes momentos, setembro foi um mês marcado por notícias envolvendo fornos de float no Brasil. O da Guardian, em Porto Real (RJ), foi aceso em 1998, o primeiro da multinacional americana no País; e o da AGC, em Guaratinguetá (SP), em 2013 — também foi o pioneiro da empresa por aqui. Em 2010, a Saint-Gobain Glass promoveu evento para celebrar a retomada de sua produção em São Vicente (SP), com renovação em toda a sua planta, incluindo o forno.
Você tem em mãos mais uma edição cheia de novidades sobre o mercado vidreiro. E as notícias são boas! O mercado segue aquecido e as projeções para o ano vão melhorando aos poucos. E para falar das perspectivas econômicas para o setor da construção civil, principal consumidor do nosso material, conversamos com a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre). Além do conteúdo publicado nesta edição, você pode conferir a íntegra da entrevista com a profissional em nosso podcast, disponível em diversas plataformas desse serviço.
Com a expectativa de resultado do ano prosperando, há um produto do qual o mercado espera melhor performance em 2020: o espelho. Depois de queda expressiva no consumo e faturamento em 2019, há quem aposte que, com as pessoas se dedicando mais aos cuidados para que o ambiente residencial seja cada vez mais agradável, o material volte a ser mais requisitado e registre resultado superior este ano. Nossa reportagem ouviu usinas, processadores e arquitetos sobre o assunto.
Outro destaque fica por conta do envidraçamento estrutural, que proporciona às obras mais transparência e diálogo com seus arredores. Nesse tipo de aplicação, os cuidados com especificação e instalação devem ser redobrados, como explicam os especialistas ouvidos. E enquanto o nosso dia a dia vai ficando cada vez mais digital, grandes eventos do setor vidreiro como Glasstec e Glass South America, adiados para 2021, terão programação online ainda na reta final deste ano. Veja nossa agenda e se prepare para aproveitar esse conteúdo.
A Reed Exhibitions, organizadora da Feicon Batimat, feira voltada para a construção civil, criou o Feiconnect Club, uma plataforma digital de conexão e negócios voltada para esse mercado. A ferramenta vai abrigar dias de rodadas de negócios durante todo o mês de outubro, além de um evento online em novembro – mais detalhes sobre a programação e como se inscrever ainda serão divulgados.
O objetivo do Feiconnect Club também é permitir a conexão direta entre profissionais. As empresas participantes poderão criar um perfil no qual divulgarão suas soluções. O acesso do visitante será gratuito: após preencher um formulário, ele terá à sua disposição recursos como agenda de encontros com fornecedores e chamadas de vídeo.
A Messe Düsseldorf vai organizar a Glasstec Virtual de 20 a 22 de outubro. Essa alternativa online da principal feira vidreira do planeta reunirá as empresas confirmadas para a versão presencial de 2021. Qualquer profissional vidreiro poderá participar como “visitante”, basta cadastrar-se gratuitamente – o credenciamento ainda não está aberto, mas mais informações estão no site oficial da mostra (virtual.glasstec-online.com). Ao todo, o evento será dividido em três partes:
Espaço de exibição
Nessa espécie de showroom digital, as empresas poderão divulgar seus produtos por meio de textos e vídeos. Além disso, estarão disponíveis sessões ao vivo para as companhias trocarem informações com o público em tempo real.
• Área de conferência
Palestras ministradas por profissionais das mais variadas áreas do setor (fabricação, processamento, aplicação, tecnologia) vão discutir tendências globais.
• Praça de networking
Participantes e expositores terão contato direto entre si por meio de uma ferramenta que filtrará profissionais por campos de interesse, oferecendo a oportunidade de marcar reuniões por áudio ou vídeo.
A NürnbergMesse Brasil, organizadora da Glass South America, anunciou que está preparando a Conexão Glass, uma série de webinars que começa este mês e vai se repetir mensalmente até março. O programa reunirá especialistas do setor para debater temas atuais, utilizando diversos formatos: palestra técnica, mesa-redonda e discussão de cases de aplicação de vidro.
Alguns dos assuntos que serão abordados na Conexão Glass são máquinas e equipamentos; vidro plano; ferramentas, ferragens e acessórios; energia solar fotovoltaica; distribuição de vidro; beneficiamento e transformação; e softwares.
A iniciativa vai ao encontro das expectativas do nosso setor: de acordo com uma pesquisa realizada pela NürnbergMesse Brasil, com a participação dos visitantes da última edição da feira, 83% dos entrevistados afirmaram ter interesse em participar de eventos online.
Mais informações serão disponibilizadas nas redes sociais da Glass South America.
Nos tempos atuais, administrar mudanças não é uma tarefa fácil. Os desafios para uma época sem pandemia já são imensos, imagina quanto aumentaram nessa situação atípica. Para gerir mudanças, o professor John Kotter, da Harvard Business School, criou nos anos 2000 o que chamou de “modelo de oito etapas de Kotter”. Revisitando-o, percebi que segue atual. As oito etapas, adaptadas para este momento, são as seguintes:
1 ALERTAR PARA A URGÊNCIA
Abra um diálogo franco com funcionários sobre a situação do negócio frente à pandemia. Se vários deles entenderem, o senso de urgência se intensifica naturalmente.
2 CRIAR ALIANÇAS FORTES
Explique e convença os formadores internos de opinião sobre a necessidade de mudança. Lembre-se de que eles nem sempre são os gerentes/chefes: muitas vezes, não têm cargos de hierarquia, mas exercem liderança sobre os demais.
3 INCENTIVAR NOVAS VISÕES
Colaboradores enxergam de forma diferente a situação da empresa. Envolver as pessoas-chave fará com que se sintam também responsáveis por esse processo. A pandemia trouxe novos conceitos, principalmente sobre serviços: segurança, agilidade e o ato de enxergar o cliente de outra maneira são desafios importantes.
4 VEICULAR ESSAS VISÕES
Divulgue sua mensagem a toda a empresa, independentemente da hierarquia. Mostre o propósito da mudança, e não deixe fake news se propagarem.
5 AFASTAR POSSÍVEIS OBSTÁCULOS
A resistência de muitas pessoas pode se tornar obstáculo. Trabalhe arduamente para não atravancar esse processo.
6 PROVER VITÓRIAS PEQUENAS E RÁPIDAS
Apresente indicativos concretos de que as coisas estão se encaminhando para a direção certa. As vitórias imediatas e rápidas ajudam a criar a audácia para buscar outras.
7 SOLIDIFICAR A MUDANÇA
Comemorar antes da hora não é uma boa política. As coisas mudam rapidamente; portanto, solidificar as pequenas vitórias é base para os desafios maiores.
8 ENRAIZAR A NOVA CULTURA
Cumpridas as sete etapas anteriores, é preciso fundamentá-las na rotina de trabalho. E o líder não deve negligenciar o emocional dos funcionários: faça com que percebam que os problemas decorrentes da necessidade de mudança se resolveram graças ao engajamento de todos.
Mário Fernando Melloé professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e membro do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da instituição.
A Portaria nº 282, de 26 de agosto de 2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU), entrou em vigor desde o dia 1º de setembro e estabelece a classificação de risco de atividades econômicas associadas aos atos de liberação sob responsabilidade do Inmetro em relação à Avaliação da Conformidade Compulsória. Os vidros de segurança automotivos estão entre os itens contemplados na portaria, tendo sido classificados entre produtos e serviços de nível 1, considerados de baixo risco. Entenda as mudanças que isso traz para sua regularização no mercado.
Registro dispensado
O documento que detalha a certificação compulsória dos vidros automotivos é a Portaria nº 41, de 19 de janeiro de 2018. Um de seus principais pontos era a obrigatoriedade da inclusão do “registro de objeto” – ou seja, o número do certificado emitido pelo Inmetro deveria vir marcado nos vidros.
Esse registro deixou de ser exigido com a nova Portaria nº 282. “Ela determina que produtos com risco leve, inexistente ou irrelevante estão dispensados do registro de objeto e também da anuência para licença de importação. E o vidro automotivo está entre os itens contemplados nessa classificação”, explica Cleriane Lopes Denipoti, do Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ).
Desde a publicação da Portaria nº 41, prazos haviam sido determinados para fabricantes se adaptarem aos processos e escoarem a produção com a marcação antiga. Segundo Cleriane, com a retirada da exigência do registro de objeto, as empresas que possuem esse registro poderão programar a retirada da gravação do número dos layouts existentes de acordo com os prazos estabelecidos na portaria. “Vale lembrar que nenhuma outra marcação deve ser removida”, acrescenta.
Com isso, as fabricantes de vidro automotivo contam com uma simplificação no processo de certificação de seus produtos, além de redução na burocracia.
Certificação ainda é necessária
Apesar da mudança, Cleriane ressalta que as demais determinações da Portaria nº 41 continuam válidas. “Não houve nenhuma alteração quanto às regras de certificação compulsória estabelecidas para vidros automotivos. Todas as etapas desenvolvidas pelas empresas e pelos Organismos de Certificação de Produtos (OCP) estão mantidas”, afirma. Dessa forma, é possível garantir que os itens sejam fabricados e comercializados cumprindo requisitos de normas técnicas específicas e de regulamentos técnicos.
As ações do Inmetro estão sendo realizadas em alinhamento com as diretrizes do governo federal e em atendimento à Lei de Liberdade Econômica.
Se a integração com o ambiente externo é uma das principais tendências da arquitetura contemporânea, o edifício de escritórios Aviatica, na República Tcheca, pode ser considerado um exemplo perfeito desse conceito. Com design que valoriza curvas e ondas, o prédio aposta na fachada completamente envidraçada para se misturar aos arredores.
Ficha técnica Autor do projeto: Jakub Cigler Architects Local: Praga, República Tcheca Área total: 27 mil m²
Nos ares
Construída no local em que, décadas atrás, existia uma fábrica de motores de avião, a obra usou isso como inspiração para suas formas. Segundo o escritório Jakub Cigler Architects, o desenho do projeto remete a uma aeronave estilizada, no formato da letra U. A única parte com linhas retas são os saguões de elevadores; todo o resto tem alguma curvatura.
O empreendimento tem 27 mil m², compreendendo espaços para trabalho, compras e lazer, e, como muitos outros edifícios desse porte, aposta na sustentabilidade para oferecer qualidade de vida aos ocupantes, com a diferença de ser muito mais econômico: o Aviatica consome cerca da metade da energia elétrica de prédios semelhantes. Recebeu a certificação Leed Gold por conta de seu alto desempenho em eficiência energética — e o feito foi alcançado, em grande parte, graças ao uso de vidros especiais na fachada.
Azul da cor do céu
O vidro de controle solar SunGuard SNX 60/28 (fornecido pela Guardian), usado em toda a estrutura, permite a farta entrada de luz natural, ao mesmo tempo que barra o calor do lado de fora — isso significa menor uso de iluminação artificial e sistemas de ar condicionado.
A capacidade de reflexão da chapa parece fazer com que a obra fique invisível no horizonte, como se fosse uma extensão do céu e do solo ao seu redor. O efeito é maior ainda por causa dos perfis finos de alumínio em toda a estrutura.
Funcionalidade
O Aviatica conta com nove andares e dois subterrâneos (usados como depósito e garagem). O térreo reúne lojas e áreas gerais de serviço. No 1º andar estão localizados escritórios, restaurantes e a unidade de serviço central (segurança, eletricidade etc.). Do 2º até o 9º, mais escritórios — esses podem ter o tamanho adaptável de acordo com o locatário.
Um dos primeiros produtos do nosso setor que vêm à mente quando pensamos em segmentos como arquitetura e design de interiores é o espelho. Sua versatilidade permite desde o uso convencional, em banheiros e penteadeiras, até aplicações amplas e criativas.
Mas, como ocorre com qualquer material, os espelhos também estão sujeitos às novas tendências e necessidades que surgem no mercado, assim como à evolução pela qual o próprio produto precisa passar para atendê-las. Veja a opinião de especificadores e fabricantes sobre o material no Brasil.
Impacto no consumo
A edição 2020 do Panorama Abravidro, único estudo econômico e produtivo sobre a cadeia vidreira nacional, trouxe um dado desanimador em relação aos espelhos: seu consumo no País, no ano passado, registrou queda de 10,8% em relação a 2018, o que equivale a quase 2 milhões de m² a menos.
Esse índice negativo pode ter menos a ver com os espelhos em si e mais com nossa situação econômica. “O ano de 2019 foi muito sacrificado em função da crise, com menos trabalhos e especificações mais simples”, opina o arquiteto Ricardo Melo. A análise dele é compartilhada por Viviane Sequetin, gerente de Marketing da Guardian. “Assim como em outros bens de consumo, a demanda por espelhos depende muito do movimento da construção e das reformas. Com esses segmentos padecendo com o cenário econômico, é normal que alguns produtos, em especial os de maior valor agregado, sofram em momentos em que o consumidor perde poder de compra.”
Seja qual for a causa para essa queda, o setor tem o desafio de aumentar seu uso. Para Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix, a solução para o problema passa pela qualificação da cadeia vidreira, especialmente com um trabalho mais focado no agente que atende o consumidor final. “O maior conhecimento de cada produto permitirá a ampliação das possibilidades de uso e aplicações dos espelhos na decoração de interiores”, considera.
Matheus Oliveira, do setor de Marketing da AGC, acredita no trabalho de divulgação e promoção para melhorar a demanda. “Devemos ressaltar que, como usina, temos o dever de fomentar ações para promover a categoria e o acesso ao conhecimento do produto por parte de processadores, vidraceiros, arquitetos e decoradores que atuam diretamente no consumidor final”, explica. Para ele, o investimento em campanhas de marketing com foco em informações, tanto destacando os benefícios da aplicação do produto como desmitificando alguns aspectos relacionados ao custo, durabilidade e manutenção, também são fundamentais.
Além do reflexo
Embora os espelhos na cor prata sejam os mais conhecidos, a procura por novas cores vem crescendo – e não só por especificadores, mas pelos próprios usuários finais. “Os prateados já estão ficando um pouco de lado. Hoje, os clientes têm pedido muito os de cor bronze e cinza — e os profissionais também os especificam bastante nos seus projetos”, observa a arquiteta Cristiane Schiavoni.
A designer de interiores Patrícia Pasquini é uma dessas adeptas. “Eu uso bastante espelhos bronze e adoro o aspecto visual deles, pois criam um clima mais aconchegante e ficam discretos no ambiente, sem prejudicar a luminosidade”, comenta.
Espaço Casa Conceito, projetado pelo arquiteto Flávio Moura: uso de espelho Cebrace cinza acentua visual do ambiente
Vale destacar que todas as usinas de base no Brasil já contam com mais de uma opção de cor para seus produtos. Conheça algumas delas no quadro abaixo:
Tecnologia de ponta
Outra evolução desse mercado é a inclusão de funções adicionais ao item. “Estive na feira de Milão em 2019 e vi muitos espelhos com efeito jateado e iluminação traseira de LED” conta Patrícia. “Isso chamou muito minha atenção, pois vi uma nova tendência chegando.”
Esse é o caso da linha Olimpo, da Astra, cujos espelhos contêm LEDs e sistema de desembaçamento embutidos, com acionamento touch (ou seja, pelo toque na própria superfície). “Os produtos possuem diferentes tipos de iluminação, podendo ser frontal, lateral ou traseira”, explica Joaquim Coelho, diretor-comercial da empresa, informando ainda que esses modelos têm uma estrutura que afasta o espelho da parede, para que os equipamentos elétricos possam ser alojados.
Essas inovações são interessantes para o setor, mas é preciso que mais pessoas saibam de sua existência. “Para mim, fica a sensação de que falta mais divulgação técnica; por isso, os profissionais da arquitetura e da construção civil, por desconhecimento, especificam pouco”, avalia Cristiane Schiavoni. “A iluminação de LED é mais usada, mas o sistema de desembaçamento não é tão simples de encontrar.”
Em constante evolução
As tendências citadas podem ser as mais evidentes aos olhos, mas existem outros tipos de avanço do espelho. O próprio processo de fabricação dele passa Guardianpor melhorias frequentes, as quais podem ser vistas na qualidade do produto final.
“Houve crescimento tecnológico ao longo dos anos e, certamente, a fabricação dos espelhos também se aprimorou”, afirma Rafael Matoshima, coordenador do Mercado de Interiores da Cebrace. Ele acrescenta que, também no beneficiamento das peças, já existe maior entendimento e preocupação nos processos produtivos devido aos cuidados que devem ser tomados com os espelhos até chegar ao consumidor final.
“Nossa linha de fabricação de espelhos em Guaratinguetá [interior de São Paulo] recebeu a instalação de um scanner que monitora a aplicação da camada de prata, rejeitando qualquer imperfeição na aplicação e garantindo a reflexão perfeita”, comenta Matheus Oliveira, da AGC. A empresa também desenvolveu outro sistema de monitoramento, dessa vez para a viscosidade da tinta utilizada na pintura do fundo do espelho, para maior controle e uniformidade da camada protetora.
Viviane, da Guardian, destaca o Guardian Evolution como uma inovação nesse segmento. “Investimos para desenvolver uma fórmula inovadora para a camada de proteção da prata, com um nível de resistência e durabilidade superior, tanto em relação a riscos como à oxidação.” Entre os benefícios desse avanço, Viviane cita a maior facilidade no manuseio das peças por beneficiadores e vidraceiros e, por isso, a qualidade mais alta do produto oferecido para o consumidor.
Viviane Moscoso aponta que a Vivix investe frequentemente em tecnologias na linha de produção para aumentar ainda mais a durabilidade em relação à resistência da tinta e corrosão de bordo. “Essas melhorias são comprovadas por meio dos nossos rigorosos testes laboratoriais realizados diariamente, sempre na busca contínua por evolução e satisfação dos clientes e do mercado”, afirma.
Aliando transparência e refletividade: projeto da arquiteta Cristiane Schiavoni tem espelhos aplicados em uma divisória de vidro sobre penteadeiras, combinando os atrativos de ambos os materiais
Oportunidades no pós-pandemia
A pandemia do coronavírus mudou toda a forma de pensar o planejamento na arquitetura e na construção civil – e nosso setor pode se beneficiar disso. “As pessoas estão dando mais valor ao morar e ao cuidar de sua casa. Já tive novas solicitações de projetos considerando o sistema de home office como algo permanente”, aponta Patrícia Pasquini.
De fato, mesmo quando a Covid-19 for superada, as tendências trazidas nesse período não devem ir embora, como a atenção maior para o segmento residencial. E isso pode ser benéfico para o consumo de espelhos. “Acredito que haverá um aumento por conta da demanda, por ser um material que proporciona uma obra limpa, que não precisa entrar com quebra de paredes ou argamassa”, considera Cristiane Schiavoni.
“Cada vez mais o espelho tem saído das aplicações convencionais e tomado espaço como peça decorativa”, observa Rafael Matoshima, da Cebrace. “Vemos uma tendência muito forte de seu uso combinado a outros elementos, como a madeira e o metal, seja em ripas na parede ou complementando móveis.” Segundo Matoshima, a Cebrace acredita que cada vez mais o espelho preencherá os ambientes, garantindo a sensação de mais luminosidade e amplitude, não importa onde for aplicado.
Essa opinião é compartilhada por Ricardo Melo: para ele, como o espelho é um material atemporal, com infinitos recursos, certamente terá seu lugar no pós-pandemia – cabe à cadeia vidreira encontrar e explorar essas oportunidades. “O mercado do produto está se expandindo cada vez mais. Ele se tornou item decorativo, e essa é a abordagem essencial para quem quer se destacar no segmento”, avalia Joaquim Coelho, da Astra.
Cuidados para preservar a qualidade dos espelhos
– Nunca compre espelhos com riscos na tinta protetora do verso do produto: é ela que protege a camada responsável pelo reflexo das imagens contra a oxidação;
– Para evitar distorção da imagem, além da qualidade do produto, deve ser analisada a espessura do espelho, a qual varia de acordo com seu tamanho: quanto maior, maior a espessura recomendada;
– Em caso de fixação química, o adesivo deve ser aplicado em filetes na vertical, de modo a permitir o fluxo de ar e evitar o acúmulo de umidade no verso da peça;
– Entre o espelho e a base em que será fixado, é necessário haver um vão livre de, pelo menos, 3 mm, para circulação de ar;
– A limpeza deve ser feita primeiro com a remoção da poeira na superfície, com espanador ou pano limpo e macio, seguida pelo uso de um pano limpo e macio embebido em água morna ou álcool. A secagem da face e bordas deve ser feita com um pano seco;
– Ao limpar a parede em que o espelho estiver instalado, nunca jogue água ou produtos de limpeza que possam escorrer por trás do produto;
– No caso de espelhos com funções elétricas (como iluminação, som ou desembaçamento), é importante verificar se o espaço em que ele será instalado conta com um ponto de energia elétrica para a instalação no momento da ligação, com a voltagem indicada pela fabricante do sistema.
Mais orientações podem ser encontradas na norma NBR 15198 — Espelhos de prata – Beneficiamento e instalação.
Após vários setores apresentarem quedas históricas durante a pandemia, conforme mostramos na edição passada de O Vidroplano, a grande pergunta que fica é: a economia nacional pode se recuperar rapidamente? Para entender a conjuntura pela qual passamos, conversamos com Ana Maria Castelo. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre), Ana, nesta entrevista, analisa a situação da construção civil e da indústria e indica possíveis caminhos para a retomada. O bate-papo na íntegra você pode escutar na edição especial do podcast da Abravidro, o VidroCast, de setembro. A entrevista foi feita no começo de setembro.
Levando em conta nossas particularidades, a economia nacional comportou-se de forma semelhante à de outros países durante a pandemia? Ana Maria Castelo — O Brasil está entre os que sofreram bastante. Mas isso é generalizado, as economias como um todo passaram por isso. Algumas um pouco menos, outras um pouco mais. O que nos diferencia negativamente é o fato de não ter havido uma coordenação, um plano federal em relação à doença, o que acabou levando a um resultado ainda mais negativo. Seja como for, do ponto de vista de políticas que foram adotadas — a questão ao auxílio emergencial, a mudança na legislação do emprego, a qual permitiu a redução da carga de trabalho e dos salários —, tudo acabou mitigando um pouco os efeitos. Quando a gente fala da construção civil, principalmente, o auxílio vem tendo um efeito muito forte, além do que a gente projetava no início. Então, respondendo objetivamente: os impactos estão sendo muito significativos, nossa resposta não foi imediata, mas, no final das contas, as políticas que vieram estão dando alguma resposta. Mesmo assim, os números mostraram um resultado fortemente negativo: queda de 9,7% do PIB trimestral, sem precedentes nos indicadores do IBGE.
Quais setores mais sofreram com o impacto da pandemia? AMC — Com certeza, o de serviços. Principalmente os prestados às famílias, até pelas próprias características da crise e da necessidade de isolamento, que foi mais forte nos primeiros meses. Mas mesmo com a progressiva abertura, ainda assim você tem regras e protocolos que continuam afetando o segmento intensamente: restaurantes, bares e a área cultural como um todo estão sendo muito afetados e isso já está se registrando no PIB. Vamos lembrar que o setor de serviços é o que tem o maior peso na atividade econômica.
Algumas edições do Boletim Focus, estudo semanal do Banco Central, tinham revisto a previsão para o PIB nacional, atenuando a queda prevista, apesar de ter voltado a cair no meio de setembro. O que tem impulsionado essa revisão? AMC — É preciso contextualizar a questão, lembrando que a crise veio de uma natureza completamente inesperada e diversa de tudo que a gente tinha visto antes. Os modelos de projeção não deram conta dessa crise. Aí veio o auxílio emergencial, que se mostrou mais efetivo do que se esperava, atingindo um contingente muito grande de pessoas e apresentando pra muitas delas um aumento de renda. O FMI chegou a prever uma queda de 9% do PIB, e hoje estamos na faixa dos 5,4% negativos. Essa revisão está se dando justamente em cima dos indicadores que começaram a sair, refletindo um impacto atenuado.
Existe algum setor que já pode ser considerado em processo de retomada? AMC — Na hora em que a gente olha pra alguns indicadores já divulgados pelo IBGE e vê a Sondagem da Construção, da FGV/Ibre, percebemos que quase todos os segmentos têm um movimento de melhora ou, eu diria, “despiora”. Em alguns, isso é mais significativo e em outros, mais lento, como no de serviços — apesar da redução do isolamento social, o protocolo ainda exige que a capacidade de atendimento seja menor, e existe o próprio receio da população de voltar plenamente às atividades. Na indústria, a gente vê a construção recuperar-se. Dentro dela, é importante lembrar que se trata de duas partes: uma, a voltada para pequenas reformas, autogestão; e outra, a formal, realizada pelas construtoras. A formal, considerada atividade essencial, em poucos lugares ficou paralisada completamente. De maneira geral, aconteceu uma redução do ritmo das obras para atender os protocolos dentro dos canteiros. Com isso, a atividade foi atingida, mas de forma diferente dos restaurantes, por exemplo, que tiveram de fechar completamente. O que foi afetado dentro da construção: as vendas de imóveis, pois os estandes de vendas tiveram de fechar. Os lançamentos foram adiados, e as empresas precisaram se reinventar, passando a estimular os canais digitais de vendas e, com isso, reagiram relativamente bem. No caso da autoconstrução, essa foi a grande surpresa, vide que parte do auxílio emergencial claramente está sendo direcionada para essas pequenas obras, sem falar que, mesmo pessoas de média e alta renda aproveitaram o momento pra realizar reformas. Com isso, a demanda por materiais de construção está fortemente aquecida.
“A gente tem de lembrar que ainda estamos num contexto de muita incerteza”
O setor de vidros planos tem como principal consumidor justamente a construção civil. O que esperar para esse setor até o fim do ano? AMC — Como o ciclo da construção foi atingido, só agora muita coisa começa a ser recuperada, e as empresas começam a retomar planos de lançamentos. Quando se olha a Sondagem, é bastante interessante ver que o segmento que recuperou completamente o nível pré-pandemia foi o de preparação de terrenos, aquele que inicia a obra. A parte de acabamento ainda está num patamar mais distante e, certamente, a retomada desses setores está adiada. Hoje, o que a indústria de vidros pode sentir é o resultado das reformas, mas cuja participação é menor.
Em relação ao ramo de automóveis, outro consumidor de nosso material, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) acredita que apenas em 2025 o setor retomará níveis de 2019. É uma perspectiva pessimista ou realista? Outros setores podem se preparar para uma recuperação em longo prazo? AMC — A gente tem de lembrar que ainda estamos num contexto de muita incerteza. Essa é uma questão muito importante no sentido de determinar o ritmo da retomada. Existe uma aparente recuperação agora, mas isso não quer dizer que vai se manter, porque fomos muito para o fundo do poço. No caso dos automóveis então, a retração foi muito significativa, até por questões de impossibilidade de comprar um carro fisicamente, de acessar as lojas. Aí, num segundo momento, tem a demanda reprimida, de consumidores que tinham condições de comprar e apenas adiaram. Mas isso não significa que essa será a toada. Uma coisa importante: tudo caiu muito, tanto que, mesmo com essa retomada, o resultado consolidado do ano será fortemente negativo. Tudo isso justifica essas projeções, com as quais eu concordo, de que o ritmo de retomada será lento.
Uma das grandes questões da indústria nacional é sua histórica baixa produtividade. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre dezoito nações, o País só fica na frente da Argentina em nível de competitividade. A retomada seria mais rápida se estivéssemos em outro patamar nesse quesito? AMC — A competitividade é essencial, sem dúvida, para a recuperação. Antes da pandemia, a gente já estava brigando com um ritmo baixo de crescimento, e a baixa produtividade e outros diversos fatores interferem nisso, assim como a qualificação da mão da obra, o ambiente de negócios e, claro, a questão tributária.
“Existe uma aparente recuperação agora, mas isso não quer dizer que vai se manter”
“A grande questão está na sustentabilidade do crescimento.”
Há uma discussão econômica — e ela parece existir, inclusive, dentro do governo — que confronta as políticas voltadas ao desenvolvimentismo e à responsabilidade fiscal. Qual o caminho mais adequado para a retomada do crescimento? AMC — Talvez a fórmula seja um equilíbrio, no sentido de que efetivamente a questão fiscal é importante, representa uma sinalização inclusive para os investidores. O mundo todo está ciente de que o Estado deve responder com estímulos e suporte para sua população. Por conta disso, há a aceitação de indicadores fiscais que antes não se admitiam, como dívida pública e déficit público. Mas é preciso também uma sinalização de como o governo vai lidar com a questão no médio prazo. Por outro lado, trabalhar isso passa necessariamente pelo crescimento do País. Então, é um equilíbrio em que a ação do Estado é importante, mas não pode ser uma ação desconectada da preocupação com suas dificuldades.
É possível para a construção recuperar o bom momento vivido de 2009 a 2013? AMC — Pra gente conseguir dar um boom, vai precisar do capital externo. E aí entra a lição de casa, seja com um arcabouço regulatório, que traga segurança jurídica para os investidores, mas também com outras questões, como a ambiental. A sustentabilidade ganhou uma importância muito grande para os investidores. Eles estão sendo pressionados internamente por essa necessidade de se olhar para esses requisitos, e nisso nós temos problemas. Instabilidade política e política ambiental podem ser empecilhos.
Como o empresário do setor vidreiro, tendo como cliente essa construção civil que acabamos de analisar, pode enxergar o futuro de seus negócios? AMC — O setor foi afetado por toda a pandemia, e o ciclo de retomada que vinha se desenhando antes certamente foi postergado por conta dos negócios que deixaram de ser realizados. Então, em curto prazo, a perspectiva é menos positiva. Em médio e longo prazos, à medida que vemos o mercado imobiliário respondendo bem e as vendas retomando uma velocidade superior, temos maior perspectiva. A questão é que a efetivação da demanda do mercado imobiliário depende desse contexto macroeconômico, do crescimento do mercado de trabalho, da renda, do crédito. A grande questão está na sustentabilidade do crescimento.
Publicada em 17 de agosto, no Diário Oficial da União (DOU), a Circular nº 51/2020, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), suspende, por até dois meses, o encerramento da fase probatória e dos prazos subsequentes referentes ao processo de revisão da medida antidumping aplicada sobre vidros float incolores. O motivo para a pausa foi a impossibilidade de realizar os procedimentos de verificação nas instalações dos produtores estrangeiros que responderam ao questionário do exportador, por conta da pandemia da Covid-19. O prazo para conclusão da fase de instrução na avaliação de interesse público será igualmente suspenso.
A Câmara dos Deputados aprovou na noite do dia 1º de setembro o texto-base do Projeto de Lei 6407/13, a chamada Nova Lei do Gás, que altera o marco regulatório do setor de gás natural. Entre outros pontos, o texto prevê autorização (em vez de concessão) para o transporte desse insumo, com participação importante na composição de preço do vidro float no Brasil, e sua estocagem em jazidas esgotadas de petróleo. O projeto estabelece que a outorga dessa autorização para a construção ou ampliação de gasodutos deverá ocorrer após chamada pública a ser realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de acabar com a exclusividade dos Estados na distribuição do produto. O documento será agora submetido ao Senado Federal.
O artista suíço Simon Berger cria retratos bastante detalhados por meio de trincas em painéis de vidro. Sua técnica consiste em, usando a foto de um modelo como ponto de partida, traçar o contorno no vidro e marcar nele os pontos que pretende rachar, usando martelo e cinzel. Segundo o portal Awesome Inventions, Berger prefere usar peças laminadas por não quebrarem em pedaços ao serem atingidas. Para o artista, o vidro é um material que tem muito potencial na arte.
A multinacional Horn Glass, com matriz na Alemanha (foto), instalou um escritório comercial em São Paulo para atender seus clientes na América do Sul. Com a subsidiária brasileira, que fornece desde equipamentos a projetos para fornos de fusão de vidro, a empresa dispensa a necessidade de um representante, permitindo-se assim estar próxima dos clientes na região. Todos os materiais e produtos continuarão sendo fabricados na Europa.
Dois conjuntos de cabines sanitárias com vidro colorido foram instalados em diferentes pontos da região de Shibuya, na capital japonesa. Ambos foram projetados pelo arquiteto Shigeru Ban como parte do projeto The Tokyo Toilet (“O Banheiro de Tóquio”), cujo objetivo é redesenhar banheiros públicos com a ajuda de 16 criadores de dentro e de fora do país. No caso dos dois projetos de Ban, por meio de tecnologia, as portas transparentes de vidro de cada cabine (foto 1) tornam-se opacas quando trancadas (foto 2): isso não só garante a privacidade de quem está do lado de dentro, como permite a quem está fora saber se está livre ou ocupada. A iluminação das estruturas faz com que pareçam lanternas durante a noite (foto 3).
Fotos: Satoshi Nagare, Courtesy: The Nippon Foundation
A Eastman completou um século de existência em 2020. Devido à pandemia, a empresa promoveu apenas comemorações simbólicas, como a celebração virtual realizada no dia 17 de julho, na qual diversas histórias, mensagens e vídeos sobre a companhia e seus produtos foram compartilhados. Outras iniciativas incluíram o lançamento do podcastVoices of Eastman (Vozes da Eastman), que consiste em episódios focando em diferentes cargos e pessoas que ajudaram na trajetória; uma nova logomarca comemorativa (imagem), escolhida em uma votação mundial com todos os empregados; e a criação de uma conta corporativa no Instagram (@eastmanglobal).
Mês a mês temos visto a trajetória de recuperação da atividade econômica e o bom desempenho da construção civil nesse movimento, o que tem garantido ao setor vidreiro forte demanda por nossos produtos e serviços. Em São Paulo, por exemplo, a cidade está cheia de terrenos sendo preparados para receber novas obras, as incorporadoras de imóveis se movimentam e os resultados do setor imobiliário são animadores. Outros segmentos que consomem vidro, como as indústrias automotiva e de linha branca, também têm registrado números melhores, embora em ritmo mais lento.
Com o movimento aquecido, as fábricas não têm conseguido garantir a oferta do volume necessário ao mercado interno. Em conversas recentes com os representantes das usinas de base sobre os impactos do coronavírus até aqui e o que esperar dos próximos meses, a sensação geral é de que o pior já passou e a demanda deve se estabilizar em breve. Os fabricantes de float estão trabalhando para normalizar a oferta do mix de produtos, mas ainda não apresentaram uma solução efetiva. Em meio à restrição em algumas cores, dimensões e espessuras do material, as exportações voltaram a crescer e as importações seguem em baixo patamar, o que demonstra pouco empenho na priorização do mercado doméstico.
Outra má notícia é o novo anúncio de reajuste de preços do vidro plano, o terceiro deste ano, e com vigência imediata. O padrão, aliás, foi adotado por todas as usinas, bem como o índice de dois dígitos na correção dos valores. Alto custo do gás, desvalorização cambial — cada hora uma justificativa —, e assim nossa matéria-prima vai ficando cada dia mais cara. Depois de anos de destruição de valor na cadeia vidreira, a recuperação de valores que os fabricantes de float impõem ao mercado pesa no bolso de processadores, de vidraceiros e de toda a cadeia. Uma política comercial consistente e coerente seria mais assertiva e mais benéfica ao setor.
Por várias edições, O Vidroplano vem comentando tendências no uso de nosso material que serão ainda mais fortes na construção civil pós-pandemia. Este mês, é a vez de falar do envidraçamento estrutural. Ao invés de apenas ter a função de fechamento de vão, o vidro se transforma no próprio elemento de suporte dessas instalações, sem necessidade de caixilhos. Escadas, coberturas, divisórias, fachadas: a versatilidade e as possibilidades são enormes.
Para entender como devem ser a especificação e a instalação, nossa reportagem conversou com usinas, processadores e instaladores. Veja a seguir quais elementos devem ser levados em conta para o cálculo correto da espessura e composição das peças, os cuidados no manuseio e a importância da mão de obra qualificada para realizar o serviço.
Inspirado nas lojas da Apple em formato de cubo envidraçado, o Prisma de Vidro serve como entrada para a loja de roupas Forever 21, localizada no Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro. Nas vigas e pilares de sustentação, foram usados laminados de temperados extra clear (8+8+8 mm), fornecidos pela Cebrace; para o fechamento, só mudou a espessura (8+8 mm). Todas as peças têm o PVB estrutural SentryGlas, da Kuraray. A RCM Engenharia de Estruturas foi a responsável pelo projeto
Mais vidro
O envidraçamento estrutural surgiu da necessidade de as instalações serem mais transparentes e dialogarem com o que está ao seu redor. Nas últimas duas décadas, a evolução da indústria vidreira permitiu a fabricação de peças enormes – o que significa, por consequência, menor interferência visual de ferragens (como botões, spiders, cabos) e outros itens usados em sua fixação.
As lojas da Apple espalhadas pelo mundo, mostradas diversas vezes em nossas páginas ao longo dos últimos anos, são, talvez, o exemplo mais conhecido dessa aplicação: leveza e total transparência em prol de um design moderno e minimalista, refletindo a tecnologia dos produtos da fabricante americana.
Ponto de partida Como em toda obra com nosso material, a especificação é um dos momentos mais importantes. Mas, nesse caso, a relevância vai além: encontrar a composição certa do vidro, assim como sua espessura, garante a integridade da construção e a segurança dos usuários. “A especificação é determinada após um minucioso estudo do projeto arquitetônico, quando o engenheiro apresenta os sistemas que melhor atendem a edificação”, comenta Raimundo Calixto de Melo Neto, diretor e responsável técnico da RCM Engenharia de Estruturas. O tipo e tamanho do envidraçamento também influenciam outros aspectos da obra: “Quanto mais se subtraem componentes metálicos, mais o vidro se apresenta como componente primário, vindo a impactar nos custos de construção, pois podem ser exigidos vãos fora do padrão, além de ligações mais complexas entre componentes”.
Como fazer, então, para se chegar a essas informações? “Para o cálculo das partes e do sistema como um todo, o projetista deve usar conceitos complexos de engenharia e resistências dos materiais e adotar ferramentas computacionais para fazer essas verificações”, explica Crescêncio Petrucci Júnior, diretor técnico da Crescêncio Petrucci Engenharia. As ferramentas citadas são softwares que utilizam modelos de elementos finitos para os cálculos – esses programas simulam como um produto reage às forças do mundo real.
Duas escadas envidraçadas com projeto da Avec Design. A primeira é de um apartamento triplex em Recife: ela tem uma lâmina central de laminados de temperado extra clear 20 mm (com interlayer estrutural SentryGlas, da Kuraray) com 4 m de altura. Os degraus têm 30 mm de espessura, com ferragens de inox nas extremidades. Devido às grandes dimensões, várias peças foram içadas pelo lado de fora do prédio, até o 23° andar. A outra escada, no lobby do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, é feita de laminados de temperados 30 mm e serigrafia translúcida antiderrapante, processados pela Unividros. Ao redor dela, um fechamento com vidros curvos chama a atenção. “A estrutura foi montada a partir de um sistema de fixações mecânicas pontuais, com parafusos rotulados e suportes de aço inox”, explica Felipe Aceto Ferraz, diretor técnico da Avec
Números precisos
Inúmeras variáveis precisam ser levadas em conta na hora de efetuar esses cálculos. Aqui estão elas, segundo as fontes consultadas pela revista:
– Características do ambiente, como ação do vento, chuva e som;
– Limites de dimensão das chapas, para evitar sobrecarga nos pontos de fixação;
– Peso da estrutura;
– Folgas para a dilatação do vidro;
– Previsão dos movimentos da edificação, para usar soluções de ligação entre as peças e tipos de ancoragem que absorvam esses deslocamentos sem transferir esforços para nosso material;
– O projetista tem de conhecer bem as propriedades físicas das matérias-primas envolvidas, incluindo as forças de interação entre vidro e interlayers, no caso dos laminados;
– Além disso, deve-se considerar a redundância no dimensionamento das peças principais, de forma a garantir, em caso de colapso parcial de uma chapa, a estabilidade da estrutura durante um período para permitir o isolamento da área e a substituição da parte danificada.
Como acertar no envidraçamento estrutural
Ângelo Arruda, diretor da Vidrosistemas, indica algumas boas práticas a serem seguidas:
– Não use uma obra como referência
Os sistemas devem ser criados especialmente para cada projeto. O design até pode ser parecido com outro, mas nunca igual.
– Não use produtos padrões do mercado
Um projeto estrutural deve contar com materiais (ferragens, vidros e estruturas diversas) personalizados e modulados de acordo com a necessidade da obra.
– Considere a possibilidade de eventuais quebras
A estrutura tem de permanecer estável em caso de quebra, independentemente do motivo. O sistema desenvolvido precisa prever os riscos envolvidos.
– A instalação também é personalizada
Não é possível colocar um vidro estrutural da mesma maneira que um comum, uma vez que o conceito de instalação desse processo construtivo é outro: geralmente acontece de cima para baixo, comprovando que a segurança das peças da base está assegurada.
Para a EZ Towers, em São Paulo, a Crescêncio Petrucci Engenharia desenvolveu uma cobertura envidraçada, com sistema de cabos. Envidraçamentos estruturais como esse permitem obras que reforçam a capacidade mecânica de nosso material
Conta certa
“A segurança é a principal consequência de um cálculo bem-feito”, afirma Alexandre Gomes Nascimento, gerente-comercial da Softsystem. Odileno Lehmkuhl, CEO da ECG Sistemas, concorda, pois, “além dos riscos diretos à vida dos envolvidos, como problemas com quedas, rachaduras, desprendimentos etc., ainda tem a questão de custeio, já que, com um projeto malcalculado, serão necessárias mudanças e adaptações que encarecem a instalação e reduzem a lucratividade”.
Apesar de os softwares simplificarem o trabalho, especialistas são bem-vindos, principalmente em projetos complexos. “A recomendação é sempre consultar um profissional técnico, como um engenheiro ou consultor de fachada”, sugere Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC. Afinal, nem todo profissional conseguirá interpretar as informações oferecidas pelos programas. “Com os sistemas, é possível deixar cadastradas centenas de tipologias, incluindo qual material utilizar em cada uma delas — porém, sempre poderá haver alguma diferenciação. Por isso mesmo, deve-se contar ao menos com o apoio de um técnico especializado”, recomenda Lehmkuhl.
Somando-se às soluções (elementos finitos) oferecidas por diversas empresas do mercado, há também as ferramentas criadas por usinas. A Cebrace tem uma online para o trabalho com pisos. A Guardian também conta com algo semelhante: “Nossos gerentes técnicos regionais oferecem suporte técnico e, além de disponibilizarmos ferramentas de especificação e desempenho, fazemos o estudo estrutural sob demanda”, comenta Fábio Reis, gerente técnico comercial da usina.
Em São Paulo, o Palácio das Indústrias, edifício histórico da cidade, passou a ser sede do Museu Catavento, espaço interativo voltado para ciências e artes. A entrada principal agora conta com uma fachada de laminados de temperados (8+8 mm, com quatro PVBs), compostos de Habitat, da Cebrace, processados pela Fanavid. A escolha por vidro se deu para a estrutura (com ferragens da Itamaracá Design) não interferir na estética do prédio
Para a EZ Towers, em São Paulo, a Crescêncio Petrucci Engenharia desenvolveu uma cobertura envidraçada, com sistema de cabos. Envidraçamentos estruturais como esse permitem obras que reforçam a capacidade mecânica de nosso material
Não esqueça as normas
Mesmo com todo esse processo, as normas técnicas vidreiras precisam ser consultadas. A NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações indica o tipo de vidro a ser utilizado em diferentes situações. Erich Henrique, diretor técnico da Itamaracá Design, reforça a importância de se usar laminados de temperados em envidraçamento estrutural, já que essa é a composição que oferece os requisitos mecânicos necessários. “Atualmente, ainda se encontram muitas instalações com vidros monolíticos temperados, prática não recomendada para aplicação estrutural, por questões de segurança durante e após a instalação do sistema”, alerta.
A revitalização do Shopping Metrô Tucuruvi, em São Paulo, deu ao estabelecimento novas escadas, com guarda-corpos de vidro, no vão central do espaço
Em São Paulo, o Palácio das Indústrias, edifício histórico da cidade, passou a ser sede do Museu Catavento, espaço interativo voltado para ciências e artes. A entrada principal agora conta com uma fachada de laminados de temperados (8+8 mm, com quatro PVBs), compostos de Habitat, da Cebrace, processados pela Fanavid. A escolha por vidro se deu para a estrutura (com ferragens da Itamaracá Design) não interferir na estética do prédio
Como instalar Boas práticas durante a instalação garantem a boa execução do projeto. Porém, a atenção deve estar presente em todas as etapas. “Os cuidados começam no processamento do vidro: a integridade das bordas das peças precisa estar garantida em todas as etapas”, explica Fábio Reis, da Guardian. “Depois, o cuidado principal é com a ancoragem/fixação na estrutura do prédio.”
Durante a montagem propriamente dita, falhas e imprecisões podem ocasionar esforços não previstos, provocando a quebra sistemática dos vidros. Por isso, voltamos aos ensinamentos anteriores: as dimensões das chapas devem ser as mais precisas possíveis, de forma a evitar retrabalho e perdas financeiras. “Como, em geral, as peças são de grande espessura e peso, é importante determinar um plano de logística muito bem organizado, com equipamentos adequados”, comenta Crescêncio Júnior. “Outra medida importante é considerar elementos de proteção, principalmente nas bordas dos vidros durante a instalação.”
A revitalização do Shopping Metrô Tucuruvi, em São Paulo, deu ao estabelecimento novas escadas, com guarda-corpos de vidro, no vão central do espaço
Para Raimundo Calixto, da RCM, a qualificação de quem vai trabalhar no canteiro de obras não pode ser deixada de lado. “Os profissionais envolvidos precisam ter pleno conhecimento do projeto, no qual as tolerâncias da construção são estabelecidas, e do plano de montagem previamente aprovado pelo engenheiro.” Ângelo Arruda, da Vidrosistemas, lembra ainda a necessidade de experiência com o manuseio de peças de grandes dimensões, evitando assim possíveis acidentes causados pela falta de materiais como EPIs.
Erich Henrique, da Itamaracá Design, tem outras dicas práticas para a instalação:
– Em sistemas spider ou com presilhas para fixação dos vidros frontais, é imprescindível o emprego de pinos trava: eles impedem que os componentes de fixação girem no momento da instalação ou em eventual quebra de um painel, impedindo o desencadeamento de outras quebras;
– Evite a utilização de elementos rígidos, sem rótulas ou articulações, para fixações pontuais. A ausência de rótulas nos pontos de fixação dos vidros frontais de uma fachada, por exemplo, impede a flexão do vidro durante cargas de vento, o que aumenta o risco de quebra.
Com a pandemia do coronavírus, muitas pessoas em quarentena têm nos aparelhos eletrônicos a principal janela de contato com outras pessoas e com o mundo. O Vidroplanoconversou com empresas que fabricam vidros especiais para dispositivos como celulares e tablets a fim de conhecer mais sobre a situação do material nessas aplicações no Brasil.
Produção externa
Embora diversas empresas que fabricam vidros para a indústria eletrônica tenham não são gerados em território nacional. “A produção do Grupo AGC está baseada na Ásia, com fábricas no Japão, China, Coreia e Tailândia, além de uma unidade de produção nos Estados Unidos”, conta Maria Luiza Ciorlia, gerente de Marketing da AGC Brasil. Da mesma forma, os vidros da Schott para esse segmento são feitos na Alemanha, enquanto os do grupo Nippon Sheet Glass Co (NSG), do qual a Pilkington faz parte, vêm de plantas do Japão e de outros países asiáticos.
Ao que parece, esse cenário não deve mudar tão cedo: segundo Higaki Tetsuya, gerente de Comunicações Corporativas da NSG, não há planos de fabricar os produtos no Brasil. “Investimentos futuros ficariam dependentes da demanda de nossos clientes”, explica. Fernanda Roveri, engenheira de Vendas da Schott, faz análise semelhante: “Como a maioria das empresas fabricantes de eletrônicos está localizada no exterior e os produtos delas já vêm montados ao País, ainda não há perspectiva de produção local”.
Apesar disso, algumas empresas não descartam iniciativas para o mercado nacional. “Acompanhamos os diversos segmentos com nossa equipe regional e nos mantemos sempre atentos, caso alguma oportunidade apareça”, aponta Glória Cardoso, gerente de Marketing e Vendas da Pilkington Brasil.
Queda e subida
Assim como a maior parte dos negócios no mundo, esse mercado também sentiu o impacto do coronavírus. “O volume de vidros para tablets apresentou queda significativa no primeiro trimestre de 2020, devido ao lockdown”, comenta Tetsuya, da NSG. No entanto, ele observa que o setor apresentou recuperação no segundo trimestre.
A AGC não identificou até o momento crescimento significativo nesse segmento em função da pandemia, mas Maria Luiza ressalta: “Acreditamos que esse período terá um forte impacto na percepção dos consumidores sobre a funcionalidade e sustentabilidade de suas casas, gerando condições para que, no futuro, possamos ver mudanças importantes no padrão de consumo de vidros em geral”.
Novas tecnologias
Assim como a indústria de dispositivos eletrônicos como um todo, os vidros para essa aplicação estão em constante evolução. A Schott, por exemplo, vem focando no desenvolvimento de peças ao mesmo tempo resistentes, ultrafinas e flexíveis. A NSG, por sua vez, tem como principal novidade o Glanova, vidro reforçado quimicamente
para telas touch.
Um aspecto interessante desses vidros é que seu uso não precisa ser restrito a eletrônicos. “O segmento tem várias subdivisões e, no Brasil, estamos atentos especificamente ao uso da tecnologia desenvolvida para aplicação na construção civil, os chamados smart glasses, vidros inteligentes”, explica Maria Luiza. O Halio, da AGC, é um exemplo: uma solução eletrocrômica que permite controlar a passagem de luz e calor por meio de um controle remoto ou aplicativo no celular. Essas inovações demandam certo tempo de maturação para que possam ser assimiladas e então especificadas pelos arquitetos, mas podem tornar o futuro do nosso material na construção civil mais inteligente, integrado e sustentável.
Aplicação em construção civil do Halio, vidro eletrocrômico da AGC que permite bloqueio de até 99,9% da luz em até 3 minutos
O envidraçamento de sacadas funciona como uma barreira transparente entre um ambiente e seu exterior — e, frequentemente, o desnível de altura entre ambos é grande. Dessa forma, o sistema precisa oferecer um mínimo de proteção caso algo ou alguém se choque contra ele.
Para garantir isso, a NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio estabelece que o envidraçamento de sacada deve passar por um teste de resistência ao impacto de corpo mole. A seguir, veja como é feito e quais são as condições para aprovação do sistema.
Falcão Bauer
Na prática
Nesse ensaio, o sistema é instalado em condições normais, com as folhas fechadas, utilizando o travamento disponível na porta. Em seguida, um saco em forma de gota, com diâmetro aproximado de 300 mm e preenchido com 40 kg de esferas de vidro é então usado para atingir o centro geométrico da face interna (a que estará voltada para o lado de dentro do ambiente) de um dos painéis de vidro centrais, a fim de avaliar a resistência do sistema.
As etapas do teste, após a montagem do sistema em um suporte rígido, na posição vertical, são as seguintes:
1) O saco de couro é elevado até que seu centro de gravidade coincida com o centro geométrico da folha, com tolerância de 10 mm (a face do saco deve tangenciar a face da folha central do sistema);
2) Depois, ele é elevado até a diferença de cota do centro de gravidade do saco de couro em relação à cota do centro geométrico da folha (600 mm, com tolerância de 10 mm a mais ou a menos). Essa diferença é medida com a mira ou régua vertical graduada, correspondendo à energia de impacto de 240 J;
3) O saco de couro é liberado em movimento de pêndulo, acelerado somente pela ação da gravidade, atingindo o centro geométrico do vidro;
4) Após o impacto, o operador deve evitar que o saco volte e bata novamente no vidro;
5) Ao final, cinco ciclos completos de abertura e fechamento são executados, a fim de avaliar se o comportamento do sistema encontra-se deteriorado.
Requisitos para aprovação
Após o impacto, o envidraçamento de sacadas não pode apresentar:
• Destacamento do sistema de fixação;
• Descarrilamento ou ruptura do sistema de roldanas.
Além disso, em caso de quebra da folha de vidro atingida, a ruptura não pode permitir a passagem de um gabarito prismático de 250 x 110 x 110 mm.
Vale ressaltar que as condições acima dizem respeito à aprovação nesse ensaio específico. O sistema só é considerado aprovado para instalação se atender todos os requisitos estabelecidos na NBR 16259.
Outros ensaios previstos na norma NBR 16259:
• Comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento (apresentado na edição de julho de O Vidroplano);
• Resistência à corrosão;
• Resistência às cargas uniformemente distribuídas;
• Avaliação dos perfis de alumínio anodizados ou pintados.