Confira as novidades da revisão da norma para vidros laminados

A revisão da NBR 14697 — Vidro laminado, preparada pelo Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), já se encontra na reta final.

O novo texto, cujas últimas partes estão em processo de conclusão, trará uma série de novidades. O objetivo é ampliar os conhecimentos do setor referentes ao produto e levar mais clareza e acessibilidade para a realização dos ensaios desse tipo de vidro.

 

Conteúdo adicional
Uma das mudanças na versão revisada da NBR 14697 é que ela conterá um novo item, dedicado aos cuidados em relação às bordas expostas dos laminados. Nele serão considerados tópicos como a forma correta para a vedação das bordas, os motivos relacionados à delaminação de laminados compostos de vidros temperados e a compatibilidade ou não do interlayer com selantes e/ ou produtos utilizados em colagem estrutural, evitando, com isso, que ocorra a delaminação da peça.

Outra novidade é a inclusão dos requisitos de tolerância para o empenamento (alteração da planicidade do vidro) dos laminados. Antes, essas distorções só eram tratadas em relação ao temperado, na norma destinada a esse produto (NBR 14698 — Vidro temperado).

 

Novas possibilidades para ensaios
O texto do documento também trará alterações nos procedimentos de ensaios para laminados. Um deles é o de resistência a altas temperaturas, o qual passará a considerar a possibilidade de dois métodos alternativos (ensaio em forno ou com água fervente), deixando mais claros os critérios de realização e os requisitos para aprovação dos corpos de prova.

Da mesma forma, o ensaio de radiação considerará a escolha entre duas metodologias diferentes e as fontes alternativas de radiação às quais o laminado pode ser submetido.

 

Como participar da revisão da norma:
• Envie um e-mail para cb37@abnt.org.br dizendo que tem interesse em participar de forma remota das reuniões;
• Você receberá um convite com um link para acesso à ferramenta;
• Faça o download da ferramenta;
• Certifique-se de que seu computador tenha câmara, microfone, caixas de som e Internet de qualidade.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entenda como funciona o ensaio de ciclos

Um dos principais atrativos do envidraçamento de sacadas é a sua possibilidade de abertura ou fechamento, por meio do deslizamento e recolhimento de suas folhas móveis. Assim, o bom funcionamento desse ciclo de movimentos é essencial para assegurar a qualidade do produto a ser instalado.

Um dos testes estabelecidos na norma ABNT NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, publicada em 2014, é o ensaio de ciclos.  A seguir, explicamos como ele é feito e qual o desempenho esperado para a aprovação do produto.

 

Preparando o corpo de prova
O objetivo do ensaio de ciclos é verificar o comportamento do envidraçamento de sacadas em relação a ações repetidas
de abertura e fechamento. O teste é feito com um protótipo chamado no laboratório de corpo de prova. Ele deve ser instalado com os mesmos detalhes de projeto (ou do manual de instalação do fabricante), componentes, selantes e outros dispositivos de vedação do produto que é entregue ao consumidor.

O corpo de prova é providenciado e montado no laboratório em que o ensaio será realizado e deve medir 1.150 mm de
largura e 2.300 mm de altura, com apenas uma folha móvel de, aproximadamente, 575 mm de largura.

 

Como o ensaio é executado?
A primeira etapa, logo após a instalação do corpo de prova em um suporte rígido e na posição vertical, consiste na realização de cinco ciclos completos de abertura e fechamento de todos os painéis do envidraçamento.

Em seguida, um dispositivo é instalado na folha móvel do sistema para abri-la e fechá-la, com regulagem que gera
uma frequência constante de abertura e fechamento. Isso é feito tanto para os movimentos deslizantes como para os movimentos pivotantes da folha. Também é usado um aparelho na contagem  dos ciclos.

O protótipo é então submetido a 10 mil ciclos de abertura e fechamento nos dois tipos de movimento em uma frequência de 140 a 150 ciclos por hora. Cada ciclo consiste em um movimento de pivotamento, seguido por outro de deslizamento de saída e retorno ao ponto de estacionamento do sistema.

 

Requisito para aprovação
Para ser aprovado no ensaio de verificação do comportamento sob ações repetidas de abertura e fechamento, o corpo de prova deve suportar os 10 mil ciclos sem que haja:
• Ruptura dos vidros;
• Deterioração ou ruptura de qualquer componente;
• Comprometimento das suas funções de abertura e fechamento.

Vale destacar que o modelo ou tipo de envidraçamento só é aprovado se também atender os demais ensaios e requisitos da norma ABNT NBR 16259.

 

Outros ensaios previstos na NBR 16259:
• Resistência à corrosão;
• Resistência às cargas uniformemente distribuídas;
• Resistência ao impacto de corpo mole;
• Avaliação dos perfis de alumínio anodizados ou pintados.

 

Foto: Divulgação Tec-Vidro

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vidro tem potencial na arquitetura pós-pandemia

O mundo aguarda ansiosamente o momento em que a vida poderá voltar ao normal. Mas a verdade é que nem tudo será como antes da pandemia do novo coronavírus. A arquitetura e o design, por exemplo, terão de se adaptar a uma nova realidade na qual a interação direta entre as pessoas diminuirá, residências se tornarão centros de trabalho e escritórios deixarão de lado o confinamento em favor de espaços abertos — e quem afirma isso tudo são os próprios profissionais dessas áreas. Nas próximas páginas, O Vidroplano busca entender as mudanças que já estão acontecendo e saber qual o papel de nosso material nesse cenário.

Casa multitarefa
Uma das principais tendências será a transformação das residências, sejam casas ou apartamentos, em espaços multiuso, voltados não só para o sistema de home office (no caso de profissões que permitam essa prática), mas também para exercícios físicos e com área verde. Segundo reportagem do site da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), escritórios de arquitetura nacionais já têm recebido pedidos para a alteração de projetos, de médio e alto padrão, previamente aprovados. Como as pessoas deverão passar mais tempo dentro em casa, a relação delas com a moradia se tornará mais próxima.

A preocupação com a contaminação de superfícies também estará na pauta. E aí o vidro se destaca em relação a outros materiais, pois:

– É mais durável e resistente a riscos;

– É limpo com facilidade, bastando usar água e sabão neutro.

“Ele [o vidro] não envelhece, não apodrece”, destaca Caio Bacci Marin, sócio-fundador do Bacci Marin Arquitetos Associados. “E nada disso que se discute hoje é modismo, tudo é macrotendência. O foco em qualidade ambiental e em saúde já existia, a pandemia apenas reforçou isso.” Uma prova é a atenção das mostras de decoração a esses assuntos. A Morar Mais por Menos, cuja edição carioca está prevista para os dias 1º de outubro a 15 de novembro, terá ambientes pensados para os novos tempos. O designer Thiago Herrera, por exemplo, será o responsável pela recepção: seu espaço, vazado, para garantir a circulação de ar, ganhará tinta especial e revestimento de vidros antibacterianos.

Divisórias da Hub Móveis: fabricante aluga essas estruturas para empresas que buscam se adequar ao distanciamento entre funcionários
Divisórias da Hub Móveis: fabricante aluga essas estruturas para empresas que buscam se adequar ao distanciamento entre funcionários

 

Aliás, a procura por esse tipo de vidro deve aumentar. Apesar de não ser eficaz contra vírus, como o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, elimina até 99% das bactérias, deixando o local em que é instalado muito mais asséptico. A AGC, proprietária da patente do produto, está desenvolvendo uma nova geração do material — porém, ainda sem previsão de lançamento.

Escritório integrado
Mas o que fazer com o trabalho cuja presença dos funcionários é essencial? “Um grande desafio das empresas será vencer uma possível ausência de colaboradores, algo que pode ocorrer caso as companhias não divulguem formas de adaptação do ambiente em um momento tão delicado como o que estamos vivendo”, comenta a arquiteta Laís Zarantonelli, responsável pela gestão de Novos Projetos da Hub Móveis. “Sobre as mudanças físicas, acredito que seja algo muito particular à realidade de cada companhia.” Laís aponta algumas formas de como esses locais podem ser remodelados:

– Mais espaço para áreas colaborativas e de encontro entre as equipes que trabalham remotamente;

– Posições de trabalho rotativas e em menor quantidade;

– Avaliação da real necessidade de se ter as metragens existentes até então.

É preciso ficar atento ainda às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), como reforça Pierina Piemonte de Bermejo, sócia do Leonetti Piemonte Arquitetura: “As empresas que não conseguirem garantir o distanciamento entre funcionários, por volta de 2 m, terão de providenciar barreiras”. Por esse motivo — e para não voltarmos à estética pouco saudável dos escritórios dos anos 1980 e 1990, com cubículos praticamente fechados —, o uso de divisórias transparentes deverá popularizar-se.

“O vidro é um material supernobre, um dos mais altos nesse conceito na construção civil”, afirma Caio Bacci Marin. “Além disso, já tem um lugar fundamental nas situações em que a gente precisa de visão, de permeabilidade da luz.” Fabio José Riccó, fundador e diretor da Hub Móveis, revelou durante o webinar Impactos da pandemia na arquitetura residencial e comercial, organizado pela Galeria da Arquitetura e Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea-SP), que vários clientes contrataram a instalação de divisórias recentemente. “A gente tem usado vidro, não acrílico, pois ele oferece esse caráter de ser algo permanente, sem ser provisório”, explica. Segundo Riccó, sua empresa tem alugado essas estruturas — o período varia de dois a três meses ou mais. “A gente tem um viés sustentável e, mesmo na pandemia, vamos mantê-lo. Se eu comprar um monte de placa de acrílico, onde vou dispor isso depois? Assim, optamos por um produto reciclável”, pondera. Mais um ponto positivo para o uso de nosso materialna atual situação.

Vidros com serigrafia tradicional e digital se tornam soluções eficientes para separar ambientes e ainda alterar a estética do escritório
Vidros com serigrafia tradicional e digital se tornam soluções eficientes para separar ambientes e ainda alterar a estética do escritório

 

Mais soluções envidraçadas

– Vidro privativo
O vidro privativo surge como opção ainda mais interessante para escritórios, pois oferece privacidade e interação ao mesmo tempo. Ele é um laminado com filme de cristal líquido: quando se aplica uma corrente elétrica à peça, os polímeros presentes no filme se organizam, permitindo a passagem de luz; ao ser desligada, ficam estáticos, voltando à cor branca translúcida. Salas de reunião ou mesmo divisórias simples, entre baias, poderão levar a solução.

– Revestimentos
Balcões, mesas ou paredes podem ser revestidos, o que irá facilitar a limpeza. Além disso, podem alterar a estética do ambiente, graças à aplicação de chapas coloridas ou com serigrafia (tradicional ou digital).

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– Lousas
Servem tanto para o regime de home office, ajudando a organizar projetos e reuniões no espaço destinado ao trabalho dentro de casa, como também nas aulas a distância. Vale lembrar que até mesmo paredes de vidro podem servir como quadros para anotações.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Como a digitalização pode ajudar as empresas

Escrito por Rogério Dias

Você já reparou que, apesar de o mundo estar cada vez mais conectado, as empresas ainda continuam lutando para digitalizar suas cadeias de negócios? A explicação é simples: os líderes já entenderam que salvar arquivos na nuvem e usar aplicativos móveis para estimular a comunicação entre os colaboradores é apenas uma pequena parte do que chamamos de transformação digital.

Para tornar as companhias realmente mais efetivas e inteligentes, é preciso mergulhar fundo e extrair o máximo valor das tecnologias, sobretudo em relação à análise de dados. É essa a grande vantagem da digitalização: impulsionar as oportunidades de melhoria da eficiência operacional e de geração de negócios. E isso fica ainda mais evidente em tempos de crise.

Pesquisas indicam que as companhias com cultura digital mais sólida reagiram melhor às mudanças provocadas pela Covid-19, descentralizando seus times, otimizando a experiência dos clientes e redirecionando as análises de cenário para avaliações mais estratégicas.

Por outro lado, consultorias internacionais avaliam que mesmo as grandes corporações globais avançaram muito pouco em seus projetos de modernização. Em média, essas empresas digitalizaram menos de 30% das operações internas e de vendas. No Brasil, pesquisas mostram que mais de 40% das organizações adotaram o home office durante a pandemia e 20% delas citam o nível de digitalização dos processos como um desafio. Vejo duas razões para esses números:

A necessidade de equilibrar os investimentos entre o hoje e o amanhã: produzir mais e reduzir os custos sempre foi o binômio básico dos negócios e focar planos em longo prazo pode ser algo bastante desafiador para as companhias de um modo geral.

A digitalização é um processo complexo, exige engajamento e especialização. Além de gerenciar o dia a dia, as equipes também precisam lidar com o aumento exponencial no volume e na variedade de dados a serem digitalizados.

A crise provocada pela pandemia mostra, porém, que, por mais complexa que seja essa jornada, investir em digitalização é imprescindível para as corporações se sustentarem na era da Indústria 4.0. A. Em tempos de Covid-19, é preciso manter os negócios funcionando. A digitalização ajuda a criar um ambiente inteligente e previsível, simplificando o monitoramento e a manutenção da alta performance das operações.

Rogério Dias é chief of Staff da Qintess, empresa fornecedora de soluções de tecnologia

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Série “Abravidro Entrevista” ganha novas lives

No mês de julho, a série Abravidro Entrevista de lives no Instagram recebeu mais duas usinas para refletir sobre os impactos causados pelo novo coronavírus. No dia 2, a convidada foi a Vivix, enquanto a Guardian marcou presença no dia 13. Veja a seguir um pouco do que foi debatido em cada um dos encontros online.

Reajustando a produção
Na entrevista com a Vivix, o presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, e a superintendente da associação, Iara Bentes, conversaram com Henrique Lisboa (presidente da usina), Izabela Zisman (gerente de Marketing) e José Henrique Ribeiro (diretor-comercial e de Marketing).

Segundo Lisboa, embora o mercado vidreiro tenha sofrido uma leve queda em 2019 em relação a 2018, os dois primeiros meses de 2020 foram muito bons e traziam um sentimento de retomada — o que acabou sendo interrompido com a pandemia. Isso levou a empresa a repensar suas ações para os meses seguintes. “Nossa primeira decisão foi o comprometimento total com a saúde dos colaboradores da Vivix, tanto no trabalho como nas recomendações para seus ambientes familiares”, contou. A empresa decidiu pela preservação dos empregos e renda salarial dos funcionários, considerando principalmente que eles são figuras fundamentais para minimizar os impactos da pandemia.

Outra ação adotada foi o ajuste da produção, interrompida por algumas semanas em abril e retomada em maio para garantir atendimento aos compradores. Houve ainda um empenho para manter a usina o mais próximo possível dos clientes, buscando ativamente soluções conjuntas para que todos possam sair da pandemia com o menor impacto possível. “Na cadeia vidreira, os elos são interdependentes: todos dependem uns dos outros”, avaliou Izabela Zisman.

Retomada do crescimento
José Henrique Ribeiro apontou que a demanda geral por vidros planos vem crescendo gradativamente. A previsão para o segundo semestre é a de que o mercado deve atingir em torno de 85% do esperado para um período normal. Ele também disse acreditar na retomada gradativa da economia, mas alertou: “Isso depende das medidas adotadas pelo governo nos próximos meses e da intensidade da pandemia no futuro próximo”.

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Apesar dos obstáculos, Lisboa avalia que o pessimismo com o futuro que havia em abril não se concretizou. “Como vimos que a maior parte dos nossos clientes se reorganizou, pudemos retomar a produção acima do que esperávamos para uma época de pandemia”, explicou. “Considero que, hoje, o pior já passou. Agora é o momento de ter pragmatismo para adaptar as empresas às novas demandas do mercado.”

Próximos passos
Segundo Lisboa, a Vivix já está com seu planejamento de produção ajustado para os próximos meses. Entre as medidas a serem tomadas, está a expansão de seu portfólio com o lançamento de dois novos produtos de controle solar ao longo deste ano. Izabela acrescentou que a usina tem refletido a respeito da readequação do setor vidreiro a partir de tendências como a maior adoção do trabalho remoto em alguns segmentos e a aceleração do uso de tecnologias — com destaque para as ligadas à Indústria 4.0 — em todos os negócios.

Um ponto levantado pelo público que acompanhava a entrevista foi sobre os planos da empresa para atuação nas regiões Sul e Sudeste. Lisboa respondeu: “Nosso projeto sempre foi ter mais uma planta. Contratempos no mercado impediram que ela se concretizasse, mas já estamos realizando seu pré-projeto e, embora sua localização ainda não tenha sido decidida, é possível que seja em uma dessas regiões”.

Desafios e oportunidades
Na segunda live do mês, os convidados foram Renato Poty (country manager da Guardian), Renato Sivieri (head de Marketing e Vendas) e Viviane Sequetin (gerente de Marketing). Poty, há quase quinze anos na usina, assumiu o comando da empresa no Brasil em plena pandemia da Covid-19. Apesar disso, comentou que o momento também traz oportunidades para repensar e adaptar os negócios. “Uma das nossas principais preocupações foi cuidar da saúde dos nossos colaboradores, porque são eles que movem a empresa”, destacou. “Interrompemos a produção dos fornos no começo da crise, deixando-os em modo de reciclagem, mas garantimos que haveria estoque suficiente para atender a demanda, retomando gradualmente a operação e observando todos os protocolos de segurança.”

Aproximação dos elos do setor
Viviane afirmou que a Guardian sempre esteve focada em iniciativas que gerem valor para toda a cadeia vidreira e contribuam para dividir conhecimentos com o público. Em tempos de pandemia, essas ações vieram principalmente com a organização de treinamentos online por meio de lives e webinars, e a criação do Plantão Guardian, para orientação dos clientes junto à equipe técnica da companhia, além de divulgar informações sobre as principais obras em andamento com o intuito de gerar oportunidades de negócios. “Além disso, estamos empenhados em melhorar a experiência nos canais digitais, oferecendo uma interface melhor para o consumidor dentro do site. Hoje, especialmente com a tendência de crescimento do sistema de home office, deveremos ter cada vez mais medidas nesse sentido”, explicou a gerente de Marketing.

Valorização dos produtos de alto desempenho
Segundo Sivieri, a Guardian precisou “segurar” o desenvolvimento de novos produtos durante esse período, mas assegurou que os planos da usina no Brasil não foram abandonados, apenas adiados em alguns meses. “Há expectativas muito boas de recomeço para o segundo semestre do ano, nosso setor mostrou grande capacidade de adaptação e transformação”, disse, apontando o aumento de trabalhos de retrofit e de pequenas reformas.

Para ele, é necessário buscar a venda mais criativa para que o setor consiga resultados positivos. “O mercado aprendeu que ter volume a qualquer custo não vale a pena. Este ano, estamos indo atrás de vendas menos volumosas e mais ricas, isto é, com foco nos produtos de valor agregado, incentivando o consumo de vidros refletivos.”

De acordo com a Guardian, o consumo de vidros de alto desempenho no Brasil ainda está muito aquém do desejado, em comparação a outros países no mundo — há muito trabalho de educação sobre esses produtos a ser feito junto à sociedade; é preciso alcançar as pessoas de fora da área de nosso material. Esse é o mesmo caso dos vidros insulados, os quais trazem não só conforto térmico, mas também a atenuação acústica nos ambientes, mostrando-se bastante vantajosos para novas obras.

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Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Nova sede do COI traz fachada envidraçada dupla

A 32ª edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, teve que ser adiada por conta da pandemia do coronavírus. Mesmo sem o evento em 2020, O Vidroplano faz menção a ele ao trazer uma obra icônica: a Olympic House, nova sede do COI inaugurada no ano passado. O prédio pode ser considerado um dos mais sustentáveis do mundo, já que recebeu três certificações do tipo (Leed Platinum e duas concedidas por entidades suíças).

Ficha técnica
Autor do projeto: 3XN
Local: Lausanne, Suíça
Conclusão: junho de 2019

Unidos pelo esporte
A inauguração da Olympic House ocorreu em 2019 durante as comemorações dos 125 anos da fundação do COI, em pleno Dia Olímpico (23 de junho), data na qual celebram-se os valores dos Jogos, como ética, responsabilidade e espírito esportivo. Criado pelos arquitetos dinamarqueses da 3XN, em parceria com o escritório suíço IttenBrechbühl, o prédio traduz esses princípios para uma construção sustentável, cheia de transparência, espaços colaborativos e formas com movimentos que remetem à fluidez dos corpos dos atletas. Esse projeto foi o vencedor de um concurso mundial realizado pelo comitê, com 114 participantes, cujo objetivo era justamente escolher o design de sua nova sede.

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Localizada no Louis Bourget Park, às margens do lago Genebra, a obra inclui centro de conferência, salas de reunião, restaurante, academias, três andares de escritórios, terraço no telhado e um estacionamento subterrâneo — são mais de 22 mil m² de área construída. O tamanho tem explicação: antes espalhados por quatro locais diferentes na cidade de Lausanne, os quinhentos funcionários do COI agora estão reunidos sob o mesmo teto. “Nós priorizamos a transparência para facilitar e encorajar a interação e o compartilhamento de conhecimento, criando um espaço de trabalho altamente eficiente”, revela Kim Herforth Nielsen, cofundador da 3XN.

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Pódio verde
Segundo os arquitetos, a eficiência energética do espaço está muito presente na fachada dupla envidraçada — a consultoria Frener & Reifer foi a responsável por seu desenvolvimento e instalação. Esse tipo de estrutura consiste em duas peles de vidro separadas por um espaço, o qual ajuda na ventilação, além de diminuir a incidência do calor gerado pela luz solar, garantindo menor uso de energia elétrica, por exemplo.

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Com exceção dos parafusos e porcas, todos os elementos da fachada (incluindo cada peça de nosso material e as colunas de sustentação) têm formato único. No total, foram utilizados 194 painéis de vidro por andar. Entre as peles, existe ainda uma estrutura de brises de alumínio, semelhante a uma veneziana, garantindo maior sombreamento às áreas internas. Com a Olympic House, o esporte também se torna exemplo de uma arquitetura ecologicamente consciente.

 

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Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Brises podem ser aliados do vidro

Muito se discute sobre a interferência dos brises nas fachadas de vidro. Bastante utilizada pelos profissionais da chamada Arquitetura Moderna — aqui nos referimos a Le Corbusier, Oscar Niemeyer, dentre outros —, em uma época de vidros sem tanto valor agregado, essa estrutura tem sua utilidade questionada em tempos em que versões de controle solar do nosso material podem ser encontradas no mercado. O Vidroplano conversou com especialistas para conhecer um pouco mais sobre os quebra-sóis e como eles podem contribuir — ou não — para fachadas de vidro, dependendo de como o projeto é conduzido pelo arquiteto.

O que são brises?
Os brises são elementos arquitetônicos cuja função primordial é bloquear a incidência da insolação direta nas aberturas das obras. “Dessa forma, servem para diminuir o ganho de calor e o excesso de luz proveniente do Sol e do céu. Eles podem ser usados principalmente para uma dessas funções ou para as duas em conjunto”, explica o engenheiro civil Fernando Simon Westphal, professor, pesquisador e coordenador do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O formato mais comum dessas estruturas é o de aletas, lâminas colocadas do lado de fora de janelas ou edificações. Eles podem ser de vários materiais diferentes, como aço, alumínio, madeira, PVC e até mesmo o vidro (veja uma obra com sua aplicação no final da reportagem).

“A manutenção dos brises deve ser sempre observada, uma vez que se trata de elementos externos na obra, sujeitos às intempéries”, aponta o engenheiro civil Raimundo Calixto de Melo Neto, diretor da RCM Engenharia de Estruturas. Por isso, a escolha do produto deve considerar não só sua estética e valor inicial, mas também sua durabilidade, custo de manutenção e resistência mecânica.

Papel frente à evolução do vidro
Hoje, com a existência tanto de vidros de controle solar como de esquadrias de alto desempenho, tornou-se mais fácil garantir o conforto térmico e luminoso dentro dos ambientes. Com isso, cabe perguntar: os brises não se tornaram desnecessários para as obras?

Westphal, que também é consultor técnico da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), responde: “Isso não deveria ocorrer. A solução para uma boa fachada deveria considerar de forma conjunta a especificação do vidro e outros elementos de sombreamento, como os brises. Um elemento não pode excluir o outro”.

Calixto concorda: “Pelo que observo, o vidro de controle solar traz obviamente grandes benefícios no envelope de uma edificação, mas ele, de forma isolada, nem sempre atende de forma plena os requisitos exigidos pela edificação, principalmente em regiões com condições climáticas mais severas”. Para o diretor da RCM, uma boa composição de peças de controle solar com outros elementos arquitetônicos permite um ganho muito maior, especialmente no que diz respeito à entrada de luz no ambiente.

Sobre a combinação de elementos, Westphal ressalta que mesmo o uso de brises e vidros de controle solar não elimina a necessidade de cortinas ou persianas internas em algumas horas do dia e do ano.

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Terminal Marítimo de Fortaleza, projeto arquitetônico do escritório Architectus S/S, projeto estrutural da RCM Engenharia de Estruturas

 

Conciliando elementos sem desvalorizar o vidro
Embora os brises possam ser aliados das fachadas de vidro, o mercado ainda tende a enxergá-los como concorrentes. Muito disso tem a ver com a forma como cada elemento é incorporado no projeto. “Essa é uma questão que envolve um olhar mais arquitetônico: às vezes, pode parecer que o brise seja um excesso e o vidro fica escondido por ele, escondendo assim sua beleza”, argumenta Calixto.

Segundo Westphal, a melhor forma de conciliar ambos é pensar os brises ainda no momento da concepção da fachada de maneira que eles façam parte da solução arquitetônica, em vez de adicioná-los a ela posteriormente. “Alguns projetos trazem brises de vidro à sua composição, mantendo ainda a leveza na fachada. Essa é uma solução interessante, que pode garantir um bom nível de contato visual com o exterior”, acrescenta o professor.

Como se vê, cabe ao arquiteto e ao engenheiro avaliar cada projeto e considerar as estruturas e componentes arquitetônicos que trarão o melhor resultado para a edificação como um todo. “Vejo em congressos de que participo pelo mundo casos apresentados com grande foco na questão de sustentabilidade e arquitetura bioclimática. Então, é essencial fazer um estudo de eficiência energética num determinado projeto com e sem brise”, sugere Calixto.

Divulgação RCM Engenharia de Estruturas
Divulgação RCM Engenharia de Estruturas

 

Nas fachadas… e nos brises também!
Uma opção bastante interessante para quem considera necessário o uso de brises em seu projeto mas não quer perder o aspecto estético do vidro é o uso de aletas feitas de vidro. Obras com esse tipo de estrutura existem dentro e fora do Brasil. Um exemplo é a sede da empresa de cosméticos Natura, na cidade de São Paulo: suas fachadas têm brises de temperados laminados de 20 mm, com serigrafia quadriculada. As peças foram beneficiadas pela GlassecViracon e instaladas pela ArqGlass.

Vale destacar que, na edição 2017 do Glass Performance Days (GPD), principal fórum vidreiro do mundo, uma das palestras abordou o assunto. Marcin Brzezicki, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Wroclaw, da Polônia, abordou as tendências atuais no design de fachadas transparentes — incluindo a adoção de quebra-sóis de vidro.

Divulgação ArqGlass
Divulgação ArqGlass

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

NürnbergMesse Brasil divulga resultados de pesquisa

A NürnbergMesse Brasil conduziu, nos meses de junho e julho, uma pesquisa para avaliar os impactos da Covid-19 no setor vidreiro nacional. A iniciativa contou com a participação de 235 entrevistados, das indústrias de vidro e de vidraçarias do País. Segundo os resultados, 47% continuaram produzindo normalmente durante a quarentena, enquanto 38% funcionaram parcialmente. Apesar das dificuldades, os negócios não pararam: 20% aumentaram o fechamento de novos negócios e 32% iniciaram novos projetos durante o período de isolamento social.

A indústria de vidro mostrou sua força e o quanto está antenada com as novas necessidades dos consumidores. De acordo com a pesquisa, 47% das empresas adaptaram os processos para o universo digital. Os vidraceiros também não ficaram para trás, sendo que 54% já possuíam algum tipo de venda online e não sofreram tanto com o fechamento do comércio. Para o futuro, 42% dos entrevistados indicam otimismo.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Quatro eventos do setor são cancelados em 2020

Mais eventos do setor pelo Brasil e pelo mundo tiveram suas edições deste ano canceladas.

– Um deles é a Feicon Batimat, feira que reúne os setores da construção civil e arquitetura da América Latina. Antes do anúncio do cancelamento, ela já havia sido remarcada para setembro por conta da pandemia. Agora, será retomada no ano que vem, de 20 a 23 de abril, no centro de eventos São Paulo Expo.

– A GlassBuild America, principal feira vidreira do mercado norte-americano, também não terá sua edição este ano. Segundo os organizadores, a decisão foi tomada por considerar que, possivelmente, o cenário não apresentará grandes mudanças pelos próximos meses e as restrições não serão revistas até setembro, mês para o qual estava agendada. Mas a data para 2021 está definida: 13 a 15 de setembro em Atlanta, Estados Unidos. No entanto, será realizada a exposição online GlassBuild Connect, que poderá ser visitada durante todo o mês de setembro no site da feira (www.glassbuildamerica.com/learn-more-about-glassbuild-connect).

– A Casa Cor São Paulo, maior mostra de arquitetura e design de interiores da América Latina, voltará a ser realizada em 2021 em data ainda não acertada. A organização adiantou que será uma edição especial, com a missão de refletir como devem ser as casas após a pandemia, na perspectiva de arquitetos, urbanistas e decoradores.

– Em fevereiro, no auge da pandemia na China, a China Glass, considerada uma das maiores e mais importantes exposições vidreiras do mundo, já tinha sido cancelada para este ano. Porém, sua data para 2021 só foi anunciada recentemente: 6 a 9 de maio, em Xangai. Os responsáveis pela feira, ao agradecer ao público pelo apoio, dizem estar empenhados em fornecer excelentes serviços para um evento saudável e seguro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Intermac promove webinars para divulgar novidades

Nos três primeiros dias de julho, a Intermac organizou uma nova edição do E-vent: Digital In Action, série de eventos online, dedicada às suas novidades para os setores vidreiro e de pedra. Por meio de uma plataforma digital, a empresa exibiu webinars de formação e demonstrações ao vivo de inovações em tecnologia e software. No que se refere ao nosso material, as apresentações (as quais ainda podem ser vistas na íntegra no site do evento) abordaram novas soluções para o corte de laminados; integração automatizada entre os sistemas de armazenamento e manuseio das peças; e processamento de vidros de grandes dimensões.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Adivipar-PR anuncia nova data para Work Glass 2020

O Work Glass, workshop gratuito organizado pela Adivipar, permanece agendado para este ano, embora em nova data: 19 de novembro, às 19 horas, no Küster Hotel, em Guarapuava (PR). Assim como no caso das outras atividades adiadas do nosso setor, a mudança de data foi forçada pela pandemia do novo coronavírus e está em conformidade com as medidas propostas pelas autoridades sanitárias nacionais, as quais aconselham que aglomerações sejam evitadas para impedir a disseminação da Covid-19.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Empresas do setor participam do combate ao coronavírus

As empresas ligadas ao segmento vidreiro continuam promovendo ações buscando contribuir com o enfrentamento da pandemia. A Eastman, por exemplo, vem fornecendo materiais aplicados em produtos médicos, de saúde e de higiene para diferentes países. Aqui no Brasil, a empresa doou copoliésteres (materiais rígidos e transparentes) às companhias 3D Lab e MMS Plásticos, para a produção de mais de 20 mil protetores faciais utilizados em hospitais. Serão ofertados também seiscentos desses protetores para a Prefeitura de Mauá (SP) distribuí-los aos trabalhadores das áreas de saúde, limpeza pública, defesa civil e guarda municipal. Além disso, a Eastman forneceu, gratuitamente, o Eastman Trēva, termoplástico à base de celulose, para a empresa Suntech fabricar óculos de proteção, a fim de garantir a segurança dos profissionais de saúde em hospitais de todo o País.

A Cebrace buscou identificar a melhor forma de contribuir com as comunidades locais em cada cidade em que tem unidades fabris. A usina está trabalhando em duas frentes: doação de 9.400 unidades de aventais descartáveis para os hospitais públicos dos municípios de Jacareí e Caçapava (SP) e Barra Velha (SC), e fornecimento de 3 mil cestas básicas às famílias vulneráveis dessas localidades, garantindo apoio aos fundos municipais. Segundo a Cebrace, todas as doações serão entregues até o final de julho.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Governo renova antidumping para linha fria

A Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério da Economia, decidiu prorrogar o direito antidumping aplicado às importações de vidros originários da China para uso em eletrodomésticos da linha fria (NCM 7007.19.00). A medida, com validade por até cinco anos, foi publicada no dia 25 de junho no Diário Oficial da União, por meio da Resolução Camex nº 63/2020.

Histórico
A primeira vez que importações chinesas desse vidro receberam medidas antidumping foi em julho de 2014, a partir de petição da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro). Naquela ocasião, a autoridade investigadora concluiu pela existência da prática de dumping nas importações chinesas, o que causava graves prejuízos à indústria doméstica. Após o término dos cinco anos de vigência do direito, pediu-se a sua prorrogação.

Mudanças
Durante o processo de revisão, iniciado em julho do ano passado, concluiu-se que a extinção do antidumping para esses produtos levaria à retomada do dano a empresas nacionais. Isso se justificou, principalmente, devido ao elevado potencial exportador chinês e aos baixos preços praticados por fabricantes do país asiático durante o período investigado. “Os vidros para a linha fria são um importante insumo para a fabricação de eletrodomésticos e as importações da China têm um papel relevante no abastecimento do mercado brasileiro”, explica Marina Yoshimi Takitani, advogada da equipe de Comércio Internacional do escritório Nasser Sociedade de Advogados.

A Resolução Camex nº 63/2020 concluiu que o dumping causado por esses produtos foi de US$ 8,83/m². Decidiu-se também que a alíquota aplicada será de US$ 2,74/m² para empresas selecionadas e US$ 5,45/m² para as demais empresas chinesas.

Importante lembrar que outro direito antidumping está sendo revisado pelas autoridades competentes: o relacionado ao vidro float, de espessuras de 2 a 19 mm (NCM 7005.29.00), com procedência da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México.

O que é?
O dumping é uma prática comercial em que uma ou mais empresas de um país vendem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços abaixo de seu valor justo para outro país, a fim de prejudicar e eliminar os concorrentes no local. Quando a prática é comprovada, aplicam-se medidas para neutralizar os prejuízos à indústria das nações afetadas.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Conheça os cuidados para a troca de vidros em fachadas

A troca de vidros em fachadas ainda é um trabalho pouco explorado por vidraçarias. Trata-se de uma atividade delicada, exigindo profissionais capacitados em sua realização, planejamento prévio adequado e equipamentos que permitam a remoção da peça a ser substituída e a colocação de uma nova.

Nas páginas a seguir, O Vidroplano apresenta para os vidraceiros que desejam se especializar nesse serviço quais os cuidados e procedimentos a serem tomados, a forma como a colagem dos vidros deve ser feita e as orientações específicas para determinadas peças.

Sempre capacitada
Embora a tarefa seja complexa, nada impede que uma vidraçaria possa realizá-lo, seja ela grande ou pequena. “A substituição pode ser feita por qualquer empresa, desde que tenha conhecimento e muita técnica”, afirma a arquiteta Audrey Dias, consultora de Esquadrias e Vidros do Grupo Aluparts. Segundo ela, muitas empresas não estão capacitadas por não terem engenharia adequada para tais serviços.

Assim, é imprescindível que a vidraçaria disponha de uma equipe de projetos para entendimento e planejamento da execução, bem como equipamentos necessários, como balancins, ventosas, cordas e cintos de segurança, e operadores experientes nesses procedimentos. Para isso, Audrey afirma que os instaladores devem passar por cursos para realização de trabalho em altura, conforme determina a Norma Regulamentadora Nº 35 — Trabalho em altura (NR-35), manuseio de equipamentos e aplicação de fixações químicas. “Recomenda-se também o treinamento periódico para procedimentos de aplicação e colagem com silicone estrutural e fita dupla face estrutural junto aos próprios fornecedores dos produtos”, acrescenta.

A importância do planejamento
Os cuidados na troca dos vidros começam ainda no planejamento — todo cuidado nessa etapa é crucial para garantir a qualidade do serviço e a segurança dos instaladores.

“Normalmente, as substituições das peças são feitas em edifícios mais antigos que estão passando por algum tipo de reforma”, observa Luiz Barbosa, gerente técnico de Vendas da Vivix. Nesse caso, ele enfatiza que é importante avaliar se as chapas existentes atendem as normas técnicas, principalmente a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, em relação à tipologia dos vidros, à segurança por eles oferecida e às áreas nas quais devem ser aplicados, a fim de reduzir os riscos de acidentes. Barbosa ressalta que, ainda que os vidros antigos estejam instalados em desacordo com essas publicações da ABNT, é responsabilidade da empresa contratada que a nova especificação atenda os requisitos delas.

Por falar em normas, Fábio Reis, gerente técnico da Guardian, lembra que há outras além da NBR 7199 cujas determinações precisam ser seguidas nesse trabalho: trata-se da NBR 15575 — Edificações habitacionais – Desempenho, e das específicas para colagem estrutural com o produto a ser utilizado:

Em caso de silicone estrutural, deve-se consultar a NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com selante estrutural;

Em caso de fixação com fita dupla face estrutural, a NBR 15919 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficial – Colagem de vidros com fita dupla face estrutural de espuma acrílica para construção civil, atualmente em processo de revisão.

Além de um bom conhecimento dos textos técnicos, o vidraceiro deve ter em mãos a especificação técnica de todos os componentes do sistema: vidro, perfis, vedações, parafusos etc. “É a partir dessa informação que o profissional terá condições de orçar e entregar um produto final de acordo com as premissas que foram consideradas no projeto”, explica Nilson Viana, coordenador da Consultoria Técnica da Cebrace. Infelizmente, segundo ele, é muito comum perder essas informações com o passar dos anos. Por isso, quando precisam realizar alguma troca, os responsáveis pelo serviço encontram bastante dificuldade em identificar o produto correto.

Também há casos em que a troca das peças faz parte de um projeto de retrofit, ou seja, uma atualização na edificação. “Além de objetivar a renovação estética da edificação, deve priorizar os critérios de segurança, como a utilização de laminados”, afirma Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC. Outra recomendação importante: sempre que possível, o retrofit pode ser aproveitado para a aplicação de peças com mais tecnologia, como as de controle solar, que auxiliam na melhoria do conforto térmico da edificação e redução de custos de energia.

Passo a passo da troca dos vidros
Audrey Dias, do Grupo Aluparts, lista as etapas desse trabalho:

1- Identificar a especificação correta tanto do vidro como do sistema construtivo das esquadrias (stick ou unitizado)

2- Conferir as dimensões da peça a ser trocada

3- Remover o vidro existente

4- Preparar a superfície que receberá o novo vidro com boa limpeza técnica

5- Aplicar o novo vidro

“Em fachadas com sistema de fixação mecânica, por meio de ferragens, revisamos as vedações e o serviço se encerra. Já nas com fixação química, por meio de silicone estrutural ou fita dupla face, temos de aplicar presilhas de pressão para garantir a cura ou adesão corretas”, explica Audrey. Após o tempo indicado pelos fornecedores dos produtos, as presilhas são removidas e a vedação do sistema é então revisada.

Divulgação Adere
Divulgação Adere

 

Fixação
Conforme já comentado, o sistema construtivo da fachada faz toda a diferença na hora de planejar a troca dos vidros:

– O modelo stick permite a retirada do quadro de alumínio da fachada. “Nesse tipo, a reposição é simples, com a substituição do vidro podendo ser feita numa bancada com o procedimento normal de colagem. Antes da remoção do quadro, deve-se analisar se será possível reaproveitá-lo. Caso não seja, é necessário produzir outro, com o mesmo tipo de perfil já utilizado”, orienta Roberto Almeida, supervisor-comercial da Adere;

– Já no sistema unitizado, a remoção do quadro não é possível. “Sempre recomendamos que fixações mecânicas sejam colocadas temporariamente, como presilhas, até que o produto usado para a fixação atinja as resistências mecânicas necessárias para suportar o peso da peça e os esforços do projeto”, recomenda André Cunha, gerente técnico da Sika. Almeida, da Adere, alerta que, nesse tipo de sistema, a solução deve ser tratada caso a caso com todos os envolvidos no projeto.

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Independentemente do sistema da obra e do produto usado para fixar os vidros, é preciso dar atenção à limpeza. “Como estamos falando de uma aplicação que envolve adesão, é primordial limpar os substratos”, alerta Emir Debastiani, especialista técnico da Dow. Além disso, quando se usa selante de silicone estrutural, Debastiani explica que é importante ter cuidado com a temperatura das superfícies no momento da aplicação, seguindo as recomendações do fabricante do selante. Assim, a temperatura de aplicação estará dentro dos limites estabelecidos — níveis de calor muito elevados podem ocasionar problemas no silicone, como a formação de bolhas.

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A temperatura também é um quesito a ser avaliado caso a fixação das peças seja feita por meio de fita dupla face estrutural. De acordo com Victor Hugo Busato, engenheiro especialista de Aplicação da 3M do Brasil, ela não pode ser aplicada quando a temperatura ambiente e da superfície dos substratos forem menores que 10 °C. “A recolagem do vidro diretamente na esquadria também exige o uso de equipamentos adequados que consigam gerar uma pressão mínima”, recomenda Busato. “E todos os vidros substituídos nesse processo devem ser verificados e registrados para garantir que o processo de troca tenha sido efetivo, garantindo total segurança.”

Vale destacar que as fabricantes de produtos para fixação disponibilizam manuais e oferecem suporte técnico e, em alguns casos, até mesmo treinamento.

Uniformidade e desempenho
A uniformidade estética da fachada é um dos maiores desafios na troca de vidros. A sugestão é que sejam usados os mesmos produtos aplicados no projeto original. Se não for possível, o ideal é consultar a equipe técnica da fabricante do material para realizar a especificação mais adequada à necessidade da obra, indica Fábio Reis, da Guardian. Ao se aplicar um produto diferente, recomenda-se ainda fazer avaliações estéticas por meio de protótipos em tamanho real.

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Luiz Barbosa, da Vivix, comenta a respeito de outro elemento importante a ser considerado: “A substituição de qualquer elemento das fachadas deve ser de forma que os novos elementos não alterem as características arquitetônicas originais”. Segundo Nilson Viana, da Cebrace, vidros de controle solar merecem atenção especial nesse tipo de serviço. “Qualquer alteração na sua composição pode ocasionar mudança na coloração e, consequentemente, causar um efeito de heterogeneidade na estética do edifício”, analisa. Além da cor, possíveis mudanças na composição podem resultar na perda de desempenho térmico, gerando desconforto para os habitantes da edificação. É importante seguir criteriosamente as informações técnicas contidas nos projetos de arquitetura, assim como nos de consultoria de fachadas.

Por fim, para saber as dificuldades que encontrará, é recomendável que o vidraceiro avalie a arquitetura das fachadas antes de aceitar o trabalho. “Nós nos deparamos muitas vezes com fachadas inclinadas, recortadas e de difícil acesso e edificações sem pontos de ancoragem para fixação adequada do equipamento”, revela Audrey Dias, do Grupo Aluparts. “Obras com vidros em tamanhos especiais e torres com geometria diferenciada também podem tornar o trabalho mais complexo.” Para superar esses desafios é preciso contar com uma equipe técnica especializada em projetos, operadores treinados e atualizados com os novos sistemas de fachada, além, é claro, de equipamentos de qualidade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Saiba mais sobre a laminação com EVA

Se no mês passado, O Vidroplano falou sobre os segredos do PVB, chegou a hora de abordar outro tipo de interlayer usado nos vidros laminados, o EVA. Produto relativamente recente no mercado, por isso mesmo ainda causa dúvidas em relação aos benefícios que oferece a nosso material. Nesta reportagem, confira como o filme é feito, os cuidados a serem tomados durante o processamento dos vidros que o utilizam e para quais aplicações é indicado.

Estação do metrô em Valencia, Espanha, cujos laminados usam EVA da Evalam: interlayer oferece diversas possibilidades estéticas.
Estação do metrô em Valencia, Espanha, cujos laminados usam EVA da Evalam: interlayer oferece diversas possibilidades estéticas.

 

O que é
Feito de acetato de etileno-vinil, o EVA é usado há cerca de trinta anos — para comparação, o PVB existe há quase um século. Sua composição química faz com que suas moléculas internas gerem ligações muito fortes, garantindo excelente desempenho em condições especiais, incluindo umidade e alta temperatura. “O Brasil pode ser considerado pioneiro no seu uso em vidros de segurança, pois era um produto limitado ao uso decorativo em vários mercados, como o europeu e americano”, conta Teodoro Baldassare, diretor-comercial da Glasco, distribuidora de insumos para laminação.

Atsushi Narita, diretor-presidente da Corbon Blindagem Arquitetônica, comenta a respeito da “rivalidade” existente entre esses interlayers: “Não vejo os materiais como concorrentes diretos, mas como complementares. Acredito que a escolha entre eles está mais ligada à aplicação à qual o vidro se destina”.

Divulgação Gusmão-GR
Divulgação Gusmão-GR

 

Divulgação Pilar Glass
Divulgação Pilar Glass
Uso estrutural: alto nível de adesão do filme garante comportamento excelente em situação de carga estática
Uso estrutural: alto nível de adesão do filme garante comportamento excelente em situação de carga estática

 

Onde aplicar
Em artigo no Glastory, banco de dados técnicos da Glaston, fabricante finlandesa de maquinários para processamento, Riku Färm, gerente de Produto, explica que o alto nível de adesão desse interlayer aumenta a resistência do produto final à delaminação. Baldassare complementa: “Do ponto de vista mecânico, seu comportamento é excelente em situação de carga estática, o que o torna ideal para aplicações estruturais. Porém, a rigidez do material pode afetar a dissipação de energia em caso de impacto”. Sua baixa higroscopia (capacidade de absorver água) faz com que seja indicado para locais úmidos, como piscinas e aquários.

O EVA também é utilizado na fabricação de vidros blindados ou multilaminados (considerados antivandalismo). “Nos blindados, ele serve para absorver a energia do impacto da bala e impedir que o vidro se estilhace”, explica Kristina Wu, gerente-comercial da Indoor Glass, importadora de maquinários e insumos. “O calibre suportado pela peça dependerá do número de camadas da película, sua espessura e composição dos materiais.” Pelo fato de ser possível laminá-lo com outros materiais, como tecidos, papel de parede, filme de LCD, folhas de plantas, pedras, metais etc., pode ser explorado ainda no design de interiores e decoração, com diferentes padrões de imagens e cores. “Sua capacidade de encapsulamento e compatibilidade com tecnologias e matérias-primas permite criar vidros interativos, sendo uma ferramenta poderosa de imaginação e expressão criativa”, analisa Joaquín Pujol, diretor de Vendas do grupo espanhol Pujol, dono da Evalam, uma das líderes mundiais na produção de EVA.

Características
Os EVAs podem ser divididos em dois grupos:

– Para laminação de vidro usado na construção civil: disponíveis para aplicação em área externa ou interna. Os destinados aos ambientes externos possuem maior percentual de bloqueio dos raios UV (chegando a quase 100% em alguns tipos do interlayer) e maior resistência ao envelhecimento. Existem soluções coloridas, as que garantem maior transparência e conforto acústico (como o Evalam Visual, da Evalam, por exemplo) e voltadas para aplicações estruturais, entre outras;

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– Para a produção de células fotovoltaicas: um dos principais elementos na construção dos módulos empregados na produção de energia por longos períodos de tempo e sob condições extremas de operação (exposição a intempéries, como chuva e granizo). “É um produto fotovoltaico por excelência, tendo sua origem na aplicação em satélites e posteriormente em painéis terrestres”, afirma Sergio Permanyer, gerente de Marketing e Comunicação da Pujol;

Outras características relevantes, de acordo com as empresas ouvidas pela reportagem:

– Por ser um polímero termorrígido, o produto final mantém as mesmas características mecânicas em situações de temperatura acima de 60 e 70 °C;

– Não usa plastificantes na composição, garantindo um descarte sustentável;

– Além disso, segundo Teodoro Baldassare, da Glasco, tem baixo coeficiente de absorção de umidade, o que permite a instalação de laminados sem necessidade de proteger a borda.

Passo a passo do beneficiamento
– O vidro pré-processado (ou seja, cortado, lapidado e lavado) é encaminhado para uma sala limpa. “Ali, passa por um processo de limpeza manual e mais minucioso, no qual é utilizado álcool isopropílico, de forma a não deixar resíduos”, conta Atsushi Narita, da Corbon. São usados também rolos antiestáticos que capturam qualquer resquício de poeira;

– As chapas, então, vão para a montagem dos conjuntos vidro/EVA/vidro. “Devem ser aplicadas fitas de borda, para evitar o posterior transbordamento do EVA quando em seu estado pastoso, durante o aquecimento”, recomenda Leonardo Ramalho, gerente da Bend Glass. O uso da fita vai depender do tipo de EVA;

– Esses conjuntos são selados dentro de bolsas de silicone com fecho hermético, conectadas a uma bomba a vácuo. A sucção do ar dentro da bolsa comprime as lâminas de nosso material;

– Após se averiguar que não há vazamento de ar, as peças vão para o forno, onde passarão por um ciclo de aquecimento. Por volta de 135 °C, tem-se o processo de reticulação polimérica, em que o EVA se torna transparente, aumenta a aderência com o vidro e endurece (veja mais no quadro “Atenção aos detalhes!”, abaixo);

– Depois disso, o vidro é retirado do forno para ser resfriado. “Procede-se a uma nova limpeza e inspeção em relação à transparência e verificação de possível deslocamento das peças”, comenta Roberto Motta, diretor da Pilar Glass.

Atenção aos detalhes!
As peculiaridades da laminação com EVA precisam ser levadas em conta pelas empresas. Confira as mais importantes:

Divulgação Glasco
Divulgação Glasco

 

Indicações dos fabricantes: é essencial respeitar os padrões de tempo no forno e temperatura estabelecidos pelo fabricante do interlayer. Não se deve tentar encurtar o processo por conta própria;

Características ópticas: isso também vale para a transparência do filme. Os fabricantes são responsáveis por indicar os resultados a que se podem atingir. Se, por exemplo, determinado EVA é caracterizado por índices de transparência inferiores aos de um PVB, o processo não mudará o resultado final;

Equipamentos em bom estado: para Osmar Zimmer Júnior, diretor da Pilar Glass, a manutenção preventiva de bolsas, sistemas de sucção e demais maquinários é essencial para uma boa laminação. “Isso sem falar no treinamento constante dos colaboradores e uso de cavaletes para o armazenamento”;

Estoque: o vidro com EVA não tem problemas de absorção de umidade. “Deve ser armazenado em local arejado, mas sem muitas observações. Não há registros de problemas com o armazenamento, comporta-se bem em qualquer ambiente”, explica Leonardo Ramalho, da Bend Glass.

De olho nos maquinários
Os fornos para laminação com EVA são exclusivos para esse tipo de interlayer. “Cada fabricante desses equipamentos utiliza sua própria técnica de aquecimento e resfriamento conforme sua tecnologia. Por isso, também precisam informar sua ‘receita’ para o processador alcançar o melhor desempenho”, destaca Yveraldo Gusmão, diretor-comercial da Gusmão-GR.

A temperatura precisa ser homogênea ao longo de toda a câmara, evitando variações, principalmente em suas extremidades. “Tecnicamente, a melhor forma utilizada para isso é a de convecção”, afirma Gusmão.

E as atividades anteriores no beneficiamento também precisam de maquinários em bom estado. Uma têmpera malfeita, por exemplo, vai causar empenamento nas peças — assim, o EVA não conseguirá unir as lâminas adequadamente.

O que dizem as normas
Esse tipo de laminado, bem como qualquer outro, é regido pela norma NBR 14697 — Vidro laminado. Para ser considerado um vidro de segurança, precisa atender os requisitos desse documento e ser aprovado em todos os ensaios, incluindo o de impacto de classificação de segurança (saiba mais a respeito na seção “Por dentro das normas” da edição de junho de O Vidroplano). Kristina Wu, da Indoor Glass, explica: “Sua classificação dentro dos níveis previstos na norma dependerá da composição do conjunto a ser submetido ao teste, levando em consideração a espessura dos vidros e a quantidade de películas”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Caleidoscópio – julho 2020

DADOS & FATOS

Confiança em alta
Em meio à pandemia, a indústria nacional começa a mostrar sinais de que a recuperação pode vir antes do imaginado. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou em junho a maior alta mensal da série histórica iniciada em 2001. Foram registrados 77,6 pontos, com aumento de 16,2 pontos em relação a maio.

Otimismo na prática
Essa confiança tem explicação: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a atividade industrial brasileira cresceu 7% em maio, interrompendo dois meses seguidos de queda na produção. Dos 15 locais pesquisados pela entidade, 12 tiveram recuperação. Isso significa que as empresas já tentam, aos poucos, retomar a produtividade de antes da crise causada pela Covid-19.

Inovar é preciso
Em pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 83% das empresas ouvidas (entre mais de 400) afirmam que precisarão de mais atualização para crescer ou mesmo sobreviver no cenário pós-pandemia. A linha de produção será a prioridade para receber inovações, sendo citada por 58%, seguida da área de vendas, com 19%.

Construção ganhando fôlego
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), as vendas do material em junho tiveram aumento de 24,2% em relação ao mesmo mês ano passado. Também em alta, as vendas de materiais de construção em geral subiram 28%.

 

FIQUE POR DENTRO

Bomba: famosos vistos em casas envidraçadas!
Artistas de renome mundial são conhecidos por viverem em meio ao luxo e sofisticação. E adivinhe qual material eles fazem questão de ter em suas residências? Vidro, é claro! No Blog da Abravidro, comentamos há um tempo sobre a mansão em Beverly Hills, Califórnia (EUA), alugada pelo cantor Justin Bieber. De seis quartos, sete banheiros, piscina com borda infinita, elevador e uma garagem com capacidade para seis carros, a construção tem todas as paredes envidraçadas, incluindo peças curvas na cor azul.

A cantora Demi Lovato também gosta de vidro: ela mora na The Insivible House (“A Casa Invisível”), localizada no Parque Nacional Joshua Tree, uma zona desértica da Califórnia. A obra conta com bela fachada espelhada que reflete o seu entorno, dando a impressão de que a casa simplesmente desaparece.

 

RETROVISOR

Época de expansão
Em julho de 2000, a Abravidro, ainda chamada Andiv, iniciava a parceria com o Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ) que se mostrou essencial para o desenvolvimento do setor. Começava ali o processo de certificação para vidros temperados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

De olho no futuro

Julho chegou inaugurando o segundo semestre deste ano atípico. E, apesar de a pandemia de coronavírus ainda não dar sinais de que estamos livres dela, o pânico inicial sobre seu impacto nos negócios e na economia parece estar se dissipando aos poucos.

É o que mostram os números disponíveis no mercado e também o que aparece na expectativa dos executivos da Vivix e Guardian, entrevistados por mim e pelo presidente da Abravidro, José Domingos Seixas, no formato de lives no Instagram. As conversas deste mês encerraram a série Abravidro Entrevista, que reuniu os representantes das usinas de base atuantes no Brasil para tratar do mercado vidreiro brasileiro no atual cenário.

E é nessa toada de buscar adequação à nova realidade que esta edição de O Vidroplano traz uma reportagem sobre tendências na arquitetura para o pós-pandemia e como isso pode refletir no uso do vidro. Afinal, o material tem diversos atributos que o tornam interessante do ponto de vista de saúde, manutenção, limpeza e outros.

Outros temas que aparecem em detalhes em nossas páginas são os segredos da laminação com EVA, o uso de brises em estruturas de vidros e também todos os cuidados para a substituição de vidros em fachadas. Num momento em que as pequenas reformas e obras de retrofit estão ganhando importância e garantindo bons resultados para o setor da construção civil, essa pode ser uma oportunidade de especialização para as vidraçarias. Além disso, a agenda do setor vidreiro continua sendo atualizada à medida que os principais eventos anunciam suas novas datas; não deixe de conferir.

Boa leitura!

Iara Bentes
Editora de O Vidroplano

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Retomada gradual

domingos-jul2020Já são quatro meses de pandemia no Brasil. Nesse período, vivemos diversas fases, alternando da incerteza total – marcada pela suspensão de atividades em diversas empresas processadoras por todo o Brasil, recirculação de fornos nas usinas e fechamento de vidraçarias – ao momento que vivemos agora. Apesar dos sustos e dos impactos ainda visíveis na rotina e em nossas empresas, vemos a retomada gradual do consumo.

O tempo passado em casa parece ter despertado nas pessoas a vontade de fazer pequenos reparos e melhorias em suas residências, o que, associado à diminuição de despesas com lazer e viagens e à autorização para atividades de construção civil em todo o país, tem dado uma injeção de ânimo ao setor e garantido vendas, o que é um ótimo sinal.

Os fornos de float deixaram o modo de reciclagem e retomaram sua produção, ainda que alguns problemas pontuais de disponibilidade de algumas variedades do nosso material tenham sido registrados, bem como um prazo mais elástico para o embarque de cargas. A expectativa do mercado é que essas questões sejam normalizadas agora em julho. As processadoras vêm trabalhando com bom volume de pedidos e a demanda vai se estabilizando aos poucos.

Em meio a esses bons sinais, é fundamental que todos os elos de nossa cadeia produtiva cooperem para o bom funcionamento do mercado, cada um atuando em sua área de competência, mantendo assim condutas, transparência e eficiência de modo a garantir os melhores resultados para todo o setor.

Esperamos que os números e resultados observados em especial no mês de julho sigam nessa trajetória positiva, para que possamos atravessar esse período da melhor forma possível, dadas as circunstâncias especialmente complicadas. E que sigamos cuidando de nossas equipes e nossos negócios com todos os cuidados que o momento exige.

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 571 (julho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.