De olho no futuro!

_MG_97572020 começou e as expectativas são muitas. A aguardada reforma tributária, o aquecimento da economia, a retomada da construção civil e outros sinais de que o País está voltando a crescer fazem até mesmo com que esqueçamos a longa crise vivenciada.

Os mais recentes dados anuais sobre o nosso mercado, disponíveis no Panorama Abravidro de 2019 (referentes a 2018), registraram uma mudança na dinâmica do setor, num movimento que, esperamos, pode indicar o início da retomada, com aumento no volume produzido e no faturamento de vidros processados. Agora é chegada a hora de saber se 2019 de fato representou essa virada.

A partir da última semana de janeiro, a Abravidro começará a receber as informações das processadoras sobre o ano que se encerrou. A pesquisa traz também um questionário qualitativo, com o objetivo de entender as expectativas dos processadores para os seus negócios em 2020. Conto com a participação de todos os nossos colegas para que possamos ter um retrato assertivo dos últimos doze meses para o mercado vidreiro.

Outro assunto em destaque para o nosso setor este ano é a renovação do antidumping do float. A Abravidro está habilitada junto ao governo para acompanhar o processo como parte interessada. Iniciado em dezembro, o processo irá definir se o direito antidumping aplicado às importações brasileiras de vidro incolor da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América e México será aplicado ou não por mais cinco anos. Até a conclusão da revisão, que se dará em aproximadamente dez meses, as medidas atuais seguem valendo.

E já que começo de ano é tempo de planejamento, nunca é demais lembrar que em junho teremos mais uma edição da Glass South America, feira da qual somos parceiros exclusivos. O evento reúne os principais atores da cadeia vidreira nacional e da América Latina em São Paulo, e em 2020 volta a ter conteúdo técnico na programação, com o retorno do fórum Glass Processing Days South America (GPD Same).

As perspectivas são positivas. Agora é fazer nossa parte para torná-las realidade.

José Domingos Seixas
Presidente da Abravidro
seixas@abravidro.org.br

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Abravidro participa do programa É de Casa, da TV Globo

No dia 11 de janeiro, a Abravidro participou do quadro “Sem Armadilha” do programa É de Casa, da TV Globo. Vera Andrade, coordenadora técnica da associação, explicou ao apresentador Zeca Camargo detalhes sobre a instalação, o uso e a manutenção do vidro em boxes de banheiro, conforme determina a norma NBR 14207Boxes de banheiro fabricados com vidro de segurança.

Logo na abertura do quadro, Vera deixou claro que o vidro é um material extremamente seguro: o índice de quebra em boxes é de 0,07% e o índice de ferimentos causados por isso é de 0,05%. Ela também ressaltou que a principal causa de acidentes é a falta de manutenção preventiva – daí a importância de ter seu boxe examinado por um vidraceiro a cada doze meses.

 

Vidro certo
Durante o programa, foi exibido o depoimento do jornalista e apresentador esportivo Alex Escobar, que se feriu na hora do banho com a quebra de uma prateleira de vidro comum. Vera aproveitou o relato para explicar que a NBR 14207 determina que somente vidros temperados (com ou sem película de segurança) e laminados podem ser aplicados em boxes.

A coordenadora técnica da Abravidro também respondeu a algumas dúvidas enviadas por telespectadores. Ela esclareceu que, mesmo em dias frios, não há risco de a água quente do chuveiro causar a quebra do vidro do boxe – afinal, ele é submetido ao choque térmico na fabricação justamente para ser até cinco vezes mais resistente que o vidro comum. Além disso, apontou que é normal ouvir estalos no vidro após o banho: o ruído é resultado da movimentação molecular do vidro e não representa qualquer risco.

 

Atenção aos detalhes
Vale destacar algumas dicas importantes para o consumidor identificar falhas na estrutura – elas podem levar à quebra dos vidros, então todo cuidado é pouco!

  • As bordas do vidro não devem apresentar lascas – em caso positivo, o vidro deverá ser trocado;
  • A abertura e o fechamento da porta não devem exigir esforço;
  • O vidro não deve se encostar-se ao chão durante sua abertura e fechamento;
  • O puxador não pode encostar-se na borda do vidro fixo quando a porta está aberta;
  • O vidro também não deve entrar em contato com materiais rígidos, como parede, parafusos e perfis, entre outros (segundo Vera, isso pode ocorrer quando o sistema está sem os batedores);
  • A guia da porta não deve estar ressecada ou muito flexível;
  • A estrutura toda do boxe deve estar firme.

 

Por fim, mesmo se seu boxe não apresentar nenhum dos problemas acima, faça a manutenção preventiva a cada doze meses com profissional qualificado.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

 

Panorama Abravidro: participe!

O setor vidreiro já está acostumado: todo começo de ano, a Abravidro começa a preparar uma nova edição do Panorama Abravidro. O documento,publicado anualmente desde 2012, é o único estudo econômico sobre a produção vidreira nacional, feito com base nas informações fornecidas pelos processadores de todo o País.

Quem já participou da pesquisa sabe que é um processo rápido, fácil e seguro. O que muita gente talvez não saiba é o quanto é importante para o nosso mercado que todos os processadores contribuam para a sua elaboração.

A seguir, explicaremos um pouco sobre como o estudo contribui para o desenvolvimento da cadeia de vidro brasileira.

 

Fonte de consulta e demandas do setor
Os dados do Panorama são fundamentais para dar dimensão ao mercado vidreiro nacional: os processadores e demais empresas da cadeia podem encontrar todos os números essenciais do setor, usá-los para definir suas ações ao longo do ano e até mesmo para comparar os resultados de sua empresa com o desempenho do mercado: produção em m2, faturamento do setor, produtividade dos trabalhadores e evolução do preço médio dos vidros temperado e laminado são alguns dos dados disponíveis. O documento traz ainda a capacidade nominal produtiva das plantas de float instaladas no País, resultados da balança comercial de vidros e outros dados relevantes.

Além disso, o levantamento permite que a associação entenda quais são os principais problemas do mercado no Brasil e quais as medidas necessárias para resolvê-los. Assim, é possível solicitar medidas que atendam de forma específica nossas empresas junto ao governo federal.

 

Por que participar?
Porque, quanto mais empresas participarem, mais precisos serão os dados presentes no estudo. Em outras palavras, com uma amostragem maior, é possível ter uma visão mais clara da situação do mercado, identificar se ele está em crescimento ou queda, saber quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários e, assim, preparar ações que precisam ser tomadas para superá-las.

 

Confidencialidade
O acesso às informações individuais enviadas pelas empresas para elaboração do Panorama Abravidro é restrito aos pesquisadores e nem mesmo a equipe da Abravidro tem contato com os dados enviados.

Quando sua empresa responde ao questionário, o conteúdo é enviado diretamente aos economistas Sérgio Goldbaum e Euclides Pedrozo, da GPM Consultoria.

Os dois, além de serem profissionais renomados e responsáveis pelas edições anteriores do estudo, já assinaram um termo de confidencialidade, registrado em cartório, assumindo que apenas os números consolidados e agregados são tornados públicos, sem distinguir uma empresa da outra.

Aliás, eles estão à disposição para esclarecer dúvidas dos participantes: basta enviar um e-mail para panoramaabravidro@gmail.com.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Perspectivas da indústria e construção civil para 2020

Nos últimos dois anos, em 2018 e 2019, o País começou otimista em relação à recuperação econômica.

A ideia era deixar para trás de vez a recessão que atingiu diversos setores, incluindo a construção civil, à qual nosso mercado é intimamente ligado. Porém, o que era expectativa logo se transformava em decepção. Vejamos:

  • Em 2018, o Relatório Focus, documento publicado toda segunda-feira pelo Banco Central, que mostra as projeções econômicas brasileiras, apontava crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7%. No entanto, o ano fechou em alta de apenas 1,3% (em parte graças à greve dos caminhoneiros no primeiro semestre e às incertezas das eleições);
  • Ano passado, a aposta era de crescimento de 2,55%, mas até o terceiro trimestre a média esteve em somente 1%. Quando o IBGE divulgar o número final em fevereiro, a expectativa é que não passa de 1,2%.

Por isso mesmo, a grande pergunta para 2020 é: chegou a hora da retomada?

 

Novo cenário

Para 2020, os números também são positivos:

  • O Relatório Focus de 20 de janeiro indica crescimento de 2,31% no PIB;
  • O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que o PIB aumente 2,3%.

 

Para esse órgão, o crescimento se dará por meio da ocupação da capacidade ociosa dos diferentes setores. No entanto, será preciso melhorar a produtividade das empresas para o bom momento se estender.

Mas por que devemos acreditar que desta vez será diferente? De acordo com o Boletim Marco de dezembro, feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), um dos fatores que contribuíram para essa maior confiança foi a melhora nas condições financeiras. Afinal, hoje, há menor incerteza política: reformas estão sendo tratadas com maior rapidez pelo Congresso, e a principal delas, a da Previdência, considerada fundamental para diminuir os gastos públicos, já foi aprovada. Outros fatores importantes: a Selic, taxa básica de juros do BC, está em 4,5% ao ano, seu menor nível da história, e o consumo das famílias vem aumentando. Isso tudo dá maior fôlego ao comércio e, consequentemente, à indústria. “Na seção sobre atividade econômica, avalia-se que os dados divulgados ao longo do segundo semestre revelaram importante aceleração e surpreenderam positivamente a maioria dos analistas”, diz o FGV/Ibre.

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A situação da indústria
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o início de 2020 será importante para a economia atingir bons números. “É fundamental iniciar o primeiro trimestre no terreno positivo, em especial após tanto tempo andando para trás ou marcando passo”, escreve o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, em artigo para o jornal O Globo, publicado em 2 de janeiro. Segundo estimativa da CNI, os investimentos da indústria brasileira devem ter alta de 6,5%, fazendo com que o crescimento desse setor chegue a 2,8% e o da economia a 2,5%.

Como indica Andrade, vários fatores serão necessários para a indústria alcançar um desenvolvimento pleno:

  • novos aperfeiçoamentos nas relações trabalhistas;
  • ampliação do financiamento à produção;
  • redução do custo do capital nos empréstimos às empresas;fortalecimento do BNDES;
  • e qualificação da mão de obra, além de incentivos à inovação.

 

Quais as boas notícias?
A mais recente edição da pesquisa Sondagem Industrial da CNI, relativa ao mês de novembro de 2019, mostra que esse segmento vinha se recuperando nos últimos meses do ano passado. Alguns destaques:

  • PRODUÇÃO
    A produção industrial cresceu na comparação com o mês anterior (outubro). O índice de evolução da produção ficou em 50,9 pontos – vale lembrar que esse índice não costuma estar acima dos cinquenta pontos em novembro; desde o início da série, em 2010, é apenas a terceira vez que isso ocorre.
  • UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA
    A ociosidade do parque produtivo nacional está caindo: a utilização da capacidade instalada (UCI) se manteve em 70%. Desde setembro, a UCI supera o registrado nos mesmos meses dos quatro anos anteriores (2015 a 2018). Já o índice de UCI efetiva atingiu 46,7 pontos, o maior patamar desde outubro de 2013.

 

Quais as más notícias?
No dia 9 de janeiro, o IBGE divulgou um dado que serviu como um “balde de água fria” nos otimistas: em novembro de 2019, a produção industrial caiu 1,2% em relação ao mês anterior. Isso representa mais da metade da alta de 2,2% acumulada de agosto a outubro. A indústria de transformação seguiu a tendência para baixo desse mês: queda de 1,3%.

Isso mostra que, apesar de a recuperação ser viável, ela pode ser mais complexa do que o esperado. “O resultado da produção industrial funciona como um sério lembrete de que o crescimento econômico deve acelerar, mas o processo não é linear nem homogêneo”, comentou Adriana Lupita, economista para a América Latina da Bloomberg Economics, em matéria do portal InfoMoney.

Além disso, segundo o Sinduscon-SP, o nível de emprego na construção civil brasileira diminuiu 0,23% em novembro, na comparação com outubro. Ao todo, foram fechados mais de 5 mil postos de trabalho. Vale lembrar, porém, que segundo a entidade, essa queda é típica dos meses de novembro e dezembro no País.

 

A situação da construção civil
Um estudo conduzido pelo Sinduscon-SP, com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), indica que o PIB da construção civil deve encerrar 2019 com crescimento de 2%, interrompendo um período de cinco anos consecutivos de queda no índice. Para este ano, a projeção é de alta de 3%.

O setor espera que as edificações residenciais tenham um ritmo melhor de crescimento, assim como as obras de infraestrutura, ajudando a atingir esse número. O que também pode influenciar no cenário é a reformulação do programa Minha Casa, Minha Vida, prometida pelo governo federal. Para o Sinduscon, a expectativa é de que possíveis mudanças sejam benéficas para novas edificações.

 

A situação do setor automotivo
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou os números referentes de 2019: foi a melhor média diária de vendas em seis anos (13173 unidades por dia). Além disso, dezembro contou com 262,6 mil automóveis licenciados, melhor resultado mensal desde dezembro de 2014. Ao todo, o ano passado fechou com 2,57 milhões veículos licenciados – dado que faz o Brasil saltar da oitava para a sexta posição no ranking mundial do segmento, à frente de França e Reino Unido, por exemplo.

Para 2020, a entidade estima crescimento de 9,4% no licenciamento de automóveis. Além disso, é esperada uma alta de 7,3% na produção de veículos em relação ao ano passado.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

 

Trabalho com vitrais: como são feitos

Surgido muitos séculos atrás, o vitral cresceu como um elemento ligado à simbologia religiosa: ao longo dos tempos, sempre foi instalado em igrejas e catedrais, mostrando imagens de santos ou narrando passagens bíblicas. No entanto, sua aplicação moderna inclui não apenas esses lugares, como veremos a seguir.

Nas próximas páginas, conheça mais sobre essa estrutura que, apesar de ser antiga, pode trazer modernidade aos ambientes. Aprenda como é feito, quais tipos de vidro são utilizados, os segredos de sua instalação e como anda o mercado nacional para esse produto.

O vidro correto
O tipo de nosso material a ser usado em um vitral faz toda a diferença: eles devem ser coloridos de fábrica. “Esse é um ponto muito importante. A pintura é feita somente em sombras, detalhes de rostos, pés, mãos ou outros desenhos”, explica Sunniva Geuer Simmelink, gestora-comercial da Vitrais Ton Geuer, empresa cuja família que a dirige faz vitrais há mais de 160 anos.

Esses detalhes em outras cores devem ser feitos com tinta cerâmica, que se funde ao vidro após passar por um forno. “Vidro pintado pode desbotar com a ação do Sol ou do tempo”, alerta Emerson Assis, diretor e proprietário da D’Falco Vitrais, outra especialista brasileira no assunto, com sede em Itatiba (SP) com mais de 25 mil m².

E qual a procedência dessas chapas? Ambas as empresas utilizam tanto vidros nacionais como importados. Porém, a proporção das peças estrangeiras é maior. “Trabalhamos com vidros de diferentes cores e texturas. O que predomina é o importado devido à variedade de tonalidades”, explica Assis, da D’Falco.

Como é feito?
Confira o passo a passo para a produção de um vitral, segundo a Ton Geuer:

1. Projeto: para a elaboração do projeto, são necessárias as medidas do vão onde ele será fixado. Se esse espaço já tiver caixilho (leia mais sobre eles na sequência), o produto é adaptado às suas dimensões. Caso contrário, o caixilho e o vitral são elaborados em conjunto;
2. Formas: preferências em estilos e cores são solicitadas após as medidas. Se o cliente estiver em dúvida, pode consultar um portfólio com várias opções. Em cada projeto, é realizada uma pesquisa para levantar dados como: cores predominantes no local, peças de decoração no ambiente e em qual posição nasce o Sol em relação ao edifício (para assim saber a quantidade de luz incidente);
3. Fabricação: a montagem do vitral segue a seguinte ordem:
• é feita uma reprodução no tamanho original (chamada cartoon), já com as medidas exatas do local a ser instalado;
• baseado nessa reprodução, vem o corte dos moldes de papel (chablon);
• na sequência, finalmente o vidro é cortado, seguindo à risca os moldes;
• as peças, então, são colocadas manualmente nos perfis (baguetes) de chumbo e estanho, que dão flexibilidade e rigidez;
• por fim, é passada a massa para vedação e resistência do vitral.

 

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Como é instalado?

Apesar de parecer óbvio, Emerson Assis, da D’Falco, reforça algo importante: “A instalação de vitrais deve ser executada por equipe especializada e com certificação, utilizando os devidos equipamentos de segurança”. Ou seja: a tarefa precisa da mesma atenção e qualificação que qualquer outra envolvendo vidro.
O produto pode ser aplicado sobre diversos materiais, conforme indica a Ton Geuer. Em todas as situações, é necessária a existência de uma espécie de “apoio”,um rebaixamento no perfil, com no mínimo 6 mm de profundidade, onde o vitral será encaixado.

• Madeira: as peças são fixadas nos próprios baguetes de madeira;
• PVC ou alumínio: devem ser usadas borrachas e baguetes apropriadas para cada tipo de estrutura, normalmente sob pressão;
• Ferro: na maioria dos casos, são usados silicone e massa de vidro. No entanto, alguns necessitam de baguetes também feitas de ferro;
• Estrutura em concreto: fixação com silicone ou massa de calafetar.

Portas e janelas que já possuem vão envidraçado podem receber vitrais, respeitando-se o rebaixamento no perfil citado anteriormente e a forma de fixação. Para vãos maiores, recomenda-se dividir o espaço em peças de aproximadamente 60 x 60 cm (dependendo sempre do formato e do desenho escolhidos).

vitral

 

Como é o mercado?

“Muitas pessoas associam o vitral somente a igrejas, mas o mercado residencial é consideravelmente positivo também”, revela Sunniva Simmelink, da Ton Geuer. Janelas, portas de mobiliários, divisórias, claraboias: a integração do produto no dia a dia de uma casa, por exemplo, pode ser feita de várias maneiras. “É um mercado com demanda constante, seja por estruturas novas ou restauração de antigas.”

Emerson Assis, da D’Falco, analisa por outro viés: “A situação é a mesma de todo o setor vidreiro. Sofremos com a escassez de recursos e alto valor da matéria-prima”. Segundo ele, a necessidade de ter um alto capital de giro para arcar com custos de estoque, estrutura e mão de obra, em uma economia difícil como a brasileira, é um verdadeiro desafio.

Por isso mesmo, conhecer as possibilidades dos vitrais ajudará a disseminar seu uso para além de seu significado religioso.

 

História multicolorida
O professor universitário e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), Ed Marcos Sarro, compartilhou com O Vidroplano um texto acadêmico de sua autoria sobre a trajetória dos vitrais ao longo dos tempos. Reproduzimos abaixo trechos do trabalho para explicar essa história milenar.

 

Origens
O vitral parece ter surgido no Oriente Médio (onde começa a produção de vidro propriamente dita), por volta dos séculos 6 e 8 d.C. Presente nas mesquitas e nas residências de nobres muçulmanos, a técnica teria sido provavelmente trazida para o Ocidente após as Cruzadas. Nos primeiros anos na Europa, os vitrais eram apenas uma composição de vidros coloridos nas janelas das igrejas, sendo que as primeiras pinturas com representação de figuras são encontradas a partir do século 11.

 

Símbolo da Idade Média
O vitral não era uma atividade-fim, mas marginal, como consequência da evolução arquitetônica na construção das catedrais. É creditada a Suger (1081-1151), abade da Catedral de Saint Denis, na França, sua introdução na arquitetura gótica. O vitral passaria a ter um impacto profundo sobre o imaginário e sobre a qualidade da devoção do homem medieval quando se torna decorado e passa a fazer parte dos recursos visuais e da iluminação do espaço sagrado.

 

Mudanças
O Renascimento, nos séculos 14 a 16, passa a dar menor ênfase ao papel do divino na arte, apesar de ainda reservar grande espaço às temáticas religiosas. O movimento também lançará as sementes da Reforma Protestante de Martinho Lutero, em 1517. Lutero não tinha grandes restrições para com a arte religiosa que se praticava em seu tempo. No entanto, alguns de seus seguidores enxergaram na arte no espaço de culto um problema por conta da proibição bíblica de cultuar imagens. Os episódios de iconoclastia, as guerras de religião que se seguiram e a própria passagem do tempo acabaram por eliminar parte da produção existente e danificar o pouco que restou.

 

Na modernidade
No final do século 19, o movimento Art Nouveau foi responsável pela difusão do vitral na arquitetura não religiosa. Surgido com diferentes nomes e em vários lugares da Europa, esteve em voga de 1890 a meados de 1920. Essa escola se propunha a utilizar materiais como o ferro, o aço, o vidro e o concreto armado como matéria-prima da chamada “arte industrial”, precursora do design. Especificamente na arquitetura, a Art Nouveau vai resgatar a tradição do vitral decorado e o inserir em espaços como teatros, cafés, estações de trem e metrô, mercados, edifícios comerciais e até em residências.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

 

Antidumping em revisão

A Circular Nº 69, publicada no dia 19 de dezembro no Diário Oficial da União, determinou o início da revisão do direito antidumping aplicado às importações brasileiras de vidros float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm (classificados no item 7005.29.00 da Nomenclatura Comum do MercosulNCM), vindos da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México. Ao final desse processo, haverá a definição se esse direito — em vigor no País desde 19 de dezembro de 2014 — será aplicado por mais cinco anos ou não. A revisão deverá ser concluída em outubro deste ano e, durante a análise, as medidas antidumping permanecerão em vigor. A Abravidro já se manifestou perante o governo como parte interessada no assunto e será atualizada sobre as discussões.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Glaston anuncia mudanças

A multinacional finlandesa Glaston anunciou mudanças na sua organização de grupo neste começo de ano para refletir melhor sua dinâmica de negócios. Desde o primeiro dia de 2020, a corporação conta com três áreas comerciais: uma para tecnologias de tratamento térmico, outra para tecnologias de vidros insulados, e uma terceira para tecnologias emergentes e voltadas para o setor automotivo. Outra novidade é que as linhas da Bystronic, adquirida pela Glaston em 2019, serão completamente absorvidas até o final do ano, cessando assim o uso do seu nome. A multinacional anunciou ainda a composição de sua diretoria executiva – Arto Metsänen segue como presidente e CEO.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Abravidro participa de curso de extensão do Mackenzie

Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro, representou a associação vidreira na cerimônia de encerramento e entrega dos certificados da 6ª edição do curso de extensão “Arquitetura e Construção: Materiais, Produtos e Aplicações”, no dia 5 de dezembro, em São Paulo. O treinamento é fruto da parceria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie com a Abravidro, Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Associação Brasileira da Construção Metálica (Abcem), Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e Instituto do PVC. Cada entidade é responsável pelo conteúdo dos módulos do treinamento sobre seu respectivo material. No evento, as cinco associações receberam um exemplar do livro comemorativo dos cem anos da FAU Mackenzie, que faz menção a esse curso.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Vidro na Casa Cor Miami

A terceira edição da mostra de arquitetura Casa Cor Miami foi realizada de 2 a 21 de dezembro no edifício Brickell City Centre, na cidade americana. Embora a presença de nossos materiais tenha sido mais tímida, eles se destacaram em alguns ambientes.

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Um deles foi o espaço Objets (foto 1), assinado pelo estúdio de arquitetura e design Light On White e cujo nome é o mesmo de sua coleção de mobiliário: imaginado como uma caixa de joias, suas paredes trazem faixas de espelhos antigos (fornecidos pela All Comp Glass) que refletem os móveis e convidam os visitantes a apreciar o ambiente de diferentes ângulos.

 

 

Já o estúdio ucraniano de design YoDezeen foi responsável pelo YDZN Bar (foto 2), combinando cores escuras com casa-cormateriais naturais, como madeira e pedra. Portas de correr de vidro canelado compõem um jogo visual com as plantas atrás delas, ao mesmo tempo escondendo-as e revelando-as.

Por falar em Casa Cor, a edição 2020 do evento em São Paulo já teve seu tema anunciado: com o conceito “A Casa Original”, a mostra propõe uma reflexão sobre o equilíbrio entre passado e futuro. Quem visitar a exposição verá ambientes que buscam representar a casa como refúgio e lugar de valorização das raízes. O evento será realizado de 2 de junho a 2 de agosto, no Jockey Club de São Paulo.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Novo presidente na Vivix

Paulo Drummond (na foto, à esq.) está deixando a presidência da Vivix. Em seu lugar, assume Henrique Lisboa (à dir.), atual diretor Comercial e de Marketing da empresa. A mudança será efetivada no dia 2 de março. À frente da companhia desde o início do processo de sua fundação, em 2010, Paulo Drummond optou pelo desligamento para se dedicar a projetos pessoais. Em comunicado enviado à redação de O Vidroplano, a Vivix afirma que Paulo “contribuiu com sua notável capacidade empreendedora e visão de negócios de forma relevante para a constituição e consolidação da única indústria de vidros planos do país com capital 100% nacional”. O novo diretor Comercial e de Marketing já foi escolhido: será o engenheiro mecânico com MBA em Administração e Negócios, José Henrique Ribeiro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Caleidoscópio – janeiro 2020

DADOS & FATOS

 

Satisfação com os investimentos
74% das grandes empresas fizeram investimentos em 2019. E o percentual de companhias satisfeitas por terem feito o aporte foi o maior desde 2010: 64% (contra 49% em 2017 e 47% em 2017). A informação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da pesquisa Investimentos na Indústria 2019-2020.

 

Cofre aberto
O mesmo estudo da CNI indica que o número de grandes empresas que pretendem investir em 2020 é o maior dos últimos seis anos: 84%. O principal objetivo dos planos de investimento é a melhoria do processo produtivo (36%), seguido por aumento da capacidade da linha produtiva (23%).

 

Indústria 4.0
Relatório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) diz que, desde 2017, houve queda de 30% para 23% no número de fábricas que promovem ações rumo ao desenvolvimento tecnológico. Além disso, apenas 3% dos empresários se sentem preparados para a quarta revolução industrial. Falta de recursos, não capacitação dos funcionários e ausência de conhecimento em relação ao custo-benefício são os obstáculos.

 

Boas perspectivas
Apesar da queda, de acordo com o relatório, para 2020 a expectativa é que haja crescimento de 1,7% nesse tipo de investimento. E mais: a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) aponta que a quarta revolução industrial deve movimentar 15 trilhões de dólares nos próximos 15 anos.

 

FIQUE POR DENTRO

Vidro em situações extremas
O começo do ano marcou a reinauguração da Estação Comandante Ferraz, base militar e científica do Brasil na Antártica — há oito anos, a instalação brasileira no local havia sido consumida por um incêndio. A construção da unidade chama atenção para um fato: a capacidade que o vidro tem de proporcionar conforto térmico em situações climáticas intensas.

 

No gelo
A temperatura da Ilha do Rei George, onde está a base, chega a -20 ºC no inverno. No verão, a máxima não costuma passar de 1 ºC. Para proteger os pesquisadores, a unidade foi projetada com vidros insulados triplos.

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No deserto

O caso remete a outro extremo:a Casa do Deserto, desenvolvida pela Guardian no deserto de Gorafe, na Espanha — local com variação térmica diária de 30 ºC. Com paredes totalmente formadas com vidros de controle solar, a edificação tem conforto térmico e acústico garantidos pelo material.

vidro no deserto

 

RETROVISOR

Capa da edição de janeiro de 1989
A edição de janeiro de 1989 foi um marco para a história da revista O Vidroplano: após mais de um ano sem ser publicada, ela voltava a circular,ainda sob responsabilidade do Sincavidro-RJ — em setembro de 1991,o título seria cedido à Abravidro.

Em formato novo, do tipo “magazine”,a edição trazia informações técnicas sobre o vidro temperado e imprimia na capa o icônico título do editorial daquela edição: “Renasce O Vidroplano”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Projeto de norma para vidraceiros está em consulta nacional

Faltam poucos dias para o fim da consulta nacional do texto da norma voltada aos vidraceiros, a NBR 16823Qualificação e certificação do vidraceiroPerfil profissional.

 

Você já fez suas sugestões para o documento?
Sua contribuição é importante para que o texto possa servir como guia para as boas práticas na qualificação e no trabalho desses profissionais. Tanto a consulta como o envio de observações sobre o projeto podem ser feitos até o dia 3 de fevereiro.

 

Por dentro do conteúdo
O objetivo da futura norma é definir os parâmetros e requisitos para qualificar os vidraceiros, fazendo com que eles exerçam seu trabalho com qualidade e segurança. Para estabelecer as competências necessárias, a profissão foi dividida em quatro categorias, cada uma com a relação de atividades específicas a serem realizadas:

• Vidraceiro vendedor;
• Vidraceiro especificador;
• Vidraceiro transportador;
• Vidraceiro instalador.

O projeto também determina quais são os tipos de instalação mínimos que esse profissional deve saber fazer. As
atividades são categorizadas por níveis de habilidade, das mais simples às mais complexas “Um dos objetivos da norma
é valorizar o bom profissional, dando parâmetros para avaliação dessa atividade tão importante para o nosso setor”, explica Clélia Bassetto, analista de Normalização da Abravidro. “Esse será um grande passo para elevar o nível do mercado vidreiro como um todo.”

A união faz a força
Para garantir que essa norma seja a mais completa possível e não deixe de contemplar qualquer tópico relacionado aos assuntos por ela abordados, é essencial que o maior número possível de pessoas acesse a consulta nacional e envie suas considerações. Toda sugestão é bem-vinda!

Mas, se você estiver satisfeito com o conteúdo da forma como ele está, também pode enviar esse feedback: assim, a comissão de estudos tem como saber que o projeto está no caminho certo.

Vale destacar que todos podem participar da consulta nacional: vidraceiros, processadores e especialistas técnicos, entre outros. É exigido apenas que a pessoa esteja cadastrada no site da ABNT – o cadastro é bem simples e leva poucos minutos para ser feito.

Sobre o projeto
O Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro, começou a elaboração desse projeto em 2016, junto com o Comitê Brasileiro de Qualificação e Certificação de Pessoas (ABNT/CB-99). Desde então, foram promovidas mensalmente reuniões para discutir e desenvolver o texto, com a participação de vidraceiros, processadores e instrutores de cursos, além de outros profissionais.

Um ponto interessante sobre o projeto é que essa foi a primeira norma desenvolvida pelo ABNT/CB-37 a contar com transmissão e participação remota, via Internet. Isso contribuiu para que pessoas de todo o Brasil pudessem acompanhar a elaboração do texto e fazer sugestões para ele, sem precisar se deslocar até São Paulo.

 
Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Entrevista exclusiva com Isidoro Lopes, novo diretor da AGC

Neste mês de janeiro, o comando da AGC no Brasil mudou de mãos. Isidoro Lopes passa a ser o novo diretor-geral da Divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América do Sul no grupo, cargo até então de Francesco Landi – que está a caminho da Europa para um novo posto na empresa. No dia 15, Isidoro recebeu a editora de O Vidroplano, Iara Bentes, no escritório da usina, em Guaratinguetá, para uma conversa sobre os desafios que ele irá encontrar no Brasil. Paulista, Isidoro tem 25 anos de experiência no setor vidreiro, tendo trabalhado os últimos três pela AGC na Bélgica.

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Isidoro, queria começar falando um pouquinho sobre como foi receber esse convite para se tornar o responsável pela operação dos fornos da AGC no Brasil.
Isidoro Lopes: Foi uma grande honra ser considerado para essa posição, na divisão de construção e indústria na América do Sul. Venho buscando uma gerência no Brasil desde que eu entrei na AGC há três anos, já com o objetivo de voltar ao meu país. Porém, foi necessário um período na Europa, pra conhecer a organização, ter todo o networking da empresa, desenvolver trabalhos de parcerias, conhecer os produtos e a parte de desenvolvimento e inovação. Foi um prazer imenso. Minha família está supercontente de retornar também. É uma satisfação profissional muito grande ver a operação brasileira crescendo e, agora, participar disso.

 

É uma tradição da AGC movimentar seus executivos por diferentes braços locais pelo mundo. No Brasil, por exemplo, diretores como Davide Cappellino, Denix Ramboux e o próprio Francesco Landi passaram por nosso país e voltaram para atuar na Europa. Por outro lado, você fez o caminho contrário. O que essa troca de experiências traz de positivo para a companhia?
IL: Traz principalmente agilidade nas decisões e nas discussões. O Davide estava aqui anteriormente, foi pra Europa, agora já está nos EUA, responsável por uma operação no Brasil, inclusive. Para o profissional, isso é excelente, principalmente pra nós brasileiros, pois gostamos desse tipo de desafio. É uma tradição da AGC. Eu, como estive na sede corporativa na Bélgica, vi a diversidade de pessoas, de todos os continentes. É uma riqueza para todos ter essa experiência de diferentes culturas. Isso é algo muito rico, você tem ali uma universidade de conhecimento disponível.

 

Você tem em sua trajetória profissional passagem por processadoras de vidro. Já tendo estado do outro lado, o que você pode dizer ao processador brasileiro?
IL: Tenho muita coisa a dizer. Fui sempre cliente de float, toda minha vida, e, agora, principalmente nos últimos três anos na Europa, eu tinha uma responsabilidade de excelência operacional na AGC em relação ao processamento do grupo na Europa. Só pra ter uma ideia da dimensão: são mais de quarenta plantas por lá, em dez países, com diferentes tecnologias, metodologias de trabalho, fluxos de processos, níveis de automação. Tem planta com portfólio de mais de 180 tipos de vidro. Então, eu vou trazer toda essa bagagem pra dividi-la com nossos clientes, promover discussões técnicas, workshops, parcerias. Realmente fazer uma evolução no processamento de vidro no Brasil. E vejo muitas boas oportunidades por aqui. Por isso, vamos ter uma massiva presença nos clientes, discutindo projetos de melhorias operacionais, pra promover ainda mais a boa utilização do float pelos processadores.

 

Quais são seus maiores desafios no novo cargo? Nesse tempo que você chegou, já pôde ver como está o mercado?
IL: Os principais desafios são consolidar a posição com clientes e parceiros, ainda mais com a abertura do segundo forno, trazendo uma capacidade produtiva 140% maior. Agora é realmente encontrar os canais de venda para colocar nossos produtos no mercado. A operação tem uma performance técnica muito boa, acima do esperado, então é hora de melhorar ainda mais os serviços, o relacionamento e desenvolver novos mercados para suportar a operação.

O Guará 2 está em operação desde abril, mas ainda não tivemos aquecimento na demanda. Como está a operação do forno?
IL: Há uma pequena parcela de exportação e estamos fazendo trabalhos de desenvolvimento de mercado externo. Mas a prioridade é o mercado interno, ninguém constrói um forno para exportar a produção.
O que o Guará 2 em funcionamento agregou para a operação da AGC?
IL: Agregou flexibilidade, maior facilidade de planejamento. Com dois fornos, você consegue otimizar a produção de cores, espessuras, melhorar o rendimento da planta. Em termos de portfólio, estamos trazendo em 2020 alguns produtos que antes eram somente importados e, com isso, reduzir custos.
E como está o desempenho de vendas do novo forno?
IL: Está dentro do esperado, mas poderia estar melhor. A gente espera um pouco mais sempre. Porém, tem um crescimento natural, pois não é de uma hora pra outra que consegue fazer 140% a mais de capacidade achar mercado. Até antes do forno já viemos incrementando o crescimento das vendas para o impacto ser menor.

 

No evento de inauguração oficial do segundo forno, realizado em novembro, Francesco Landi afirmou que seu objetivo seria tornar a empresa no Brasil o que ela é no mundo – nas palavras dele, “uma líder em produção e tecnologia”. O que vem por aí para posicionar a AGC dessa maneira no País?
IL: É exatamente isso. A AGC vai continuar investindo no mercado brasileiro e sul-americano, trazendo valor agregado assim como produtos de segurança também. Tem uma evolução natural do mercado de vidros no Brasil para isso, que é apostar em laminado, temperado-laminado, vidro corta-fogo, antiterrorismo, antivandalismo, tudo que na Europa hoje já é padrão. Lá, por exemplo, o primeiro andar de um prédio já vem com vidros desses tipos. É uma combinação de produtos em um projeto.

 

Também nesse evento da apresentação do forno, foram anunciados diversos produtos de valor agregado que já estão ou estarão disponíveis no Brasil em breve. Vocês têm um plano específico para eles?
IL: Sim, existe um plano para a introdução desses produtos. Obviamente, precisa ser feito um trabalho de divulgação, alguns produtos têm uma legislação a ser trabalhada… Agora é colocar isso em ação.

 

Por falar em mercados externos, um dos assuntos mais relevantes deste ano para o setor é a questão de renovação do direito antidumping para o float. Qual a opinião da AGC sobre isso?
IL: Temos uma expectativa boa de que será renovado. Ainda não estou 100% familiarizado com todos os detalhes desse processo. Mas existem todas as condições e indicações pra que seja renovado, não tem motivos para o contrário.

 

Tem alguma possibilidade de a AGC desenvolver linhas de produtos específicos para o mercado brasileiro?
IL: Tem, sim. Nós mantemos um plano estratégico de portfólio de produtos. Veio inicialmente o float com espelho, depois o coater. Existem planos e estaremos divulgando no momento oportuno.

 

Começo de ano é sempre o momento de avaliar perspectivas e o que nos espera. Como a AGC vê 2020 para o Brasil?
IL: Com otimismo. Esta semana já tivemos a primeira reunião do ano, mostrando os indicadores de confiança do consumidor, da construção, a boa notícia do mercado automotivo, que foi muito melhor que em 2018. No Brasil, a gente precisa ter um pouco de cautela. Mas temos de passar e promover esse otimismo no mercado, porque confiança gera confiança. Temos um plano bem desafiador para 2020, que é consolidar a posição, incrementar vendas e volume para manter o Guará 2 em total capacidade.

Quais são os principais desafios para os fabricantes de float hoje no Brasil?
IL: O primeiro é o preço do gás, um grande inimigo. A parte de logística também. Comparada com o que acontece na Europa, ainda é uma operação muito manual, de risco. Uma operação de carregamento leva horas pra ser feita. Às vezes, você tem o produto, está disponível, mas não tem agilidade. Esse é um desafio, desenvolver a logística. E, claro, aumentar o valor agregado.
E quais as principais diferenças entre o mercado vidreiro na Europa e no Brasil?
IL: A aplicação de produtos de valor agregado. O maior uso de coating, vidros especiais, como eu falei antes. Vidro duplo, triplo: a AGC na Europa tem inúmeras plantas produzindo e aqui no Brasil a aplicação é muito pequena. E a performance desses produtos é extremamente elevada, comparada com o vidro normal. Existe a commodity, vai sempre existir, mas com esse diferencial do valor agregado você consegue entregar obras que elevam o produto vidro.

O Brasil está indo por esse caminho, na velocidade brasileira, normal, mas essa minha experiência na Europa foi fantástica pra observar isso, aprender e entender como promover o cenário aqui.
Gostaria de deixar alguma mensagem ao setor?
IL: Primeiro, como estou chegando agora, quero afirmar, assim como na minha função anterior na AGC, gosto de colocar para os clientes as melhores tendências de processamento. Minha paixão é discutir melhoria operacional. Aposto bastante nas parcerias, em trazer esse conhecimento e oportunidades aos processadores. Além, claro, da coerência nos negócios, sempre dentro da ética, do compliance, do cumprimento das palavras. Os processadores podem me esperar, irei visitá-los para trabalhar o float da melhor maneira possível com todo o time de assistência técnica, de vendas, marketing. E, pra finalizar, quero deixar a mensagem de continuidade. Pra mim, é uma honra ver a operação do Brasil, com uma atmosfera fantástica, um time muito motivado e comprometido. Estou muito feliz de ver o trabalho que os outros diretores fizeram. É uma mudança sem ruptura.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Glassmaxi (CE) recebe certificação do Inmetro

Há mais de dez anos no setor vidreiro, a Glassmaxi, de Fortaleza, tem clientes em vários Estados do Nordeste. Por isso mesmo, estar pronta para atendê-los com produtos de segurança comprovada é fundamental para seus negócios. E a conquista da certificação Inmetro para seus temperados de 4, 6, 8 e 10 mm vai ao encontro dessa ideia perseguida pela diretoria da processadora.

Diferencial
“Trabalhamos em um segmento que se torna cada vez mais exigente com relação à segurança”, explica o diretor Ronaldo Marques Pereira. “Com isso, se fez muito necessária a aquisição da certificação para validar todo o empenho dedicado a garantir um produto de extrema qualidade aos nossos clientes”. Para a empresa, a conquista é uma forma de reafirmar seu compromisso com o setor. A seguir, confira algumas perguntas que O Vidroplano fez para Pereira sobre o processo de certificação.

glassmaxi

 

A Glassmaxi encontrou alguma dificuldade durante a certificação?
Ronaldo Marques Pereira: A princípio foi complicado, pois não tínhamos experiência nesse processo, mas com o auxílio da consultoria da Abravidro ficou mais fácil. Tivemos uma troca de gestão no meio do caminho – todas as tarefas iniciadas pelo outro gestor acabaram sendo perdidas e reiniciadas por mim. Mesmo assim, foi tudo muito positivo, já que ajustes e correções foram feitos para buscar os níveis de conformidade.

Explique mais sobre a participação da Abravidro.
RMP: A entidade foi fundamental em todos os momentos, desde a orientação nos ensaios bem como no auxílio da preparação da documentação necessária para atender a norma de certificação (a NBR 14698).

Teve algo que vocês aprenderam de novo e já estão aplicando na produção?
RMP: Percebemos que nossa rotina de controle da têmpera poderia ser melhorada. Com a orientação correta de como executar os ensaios, passamos a controlar melhor nosso produto.

Após a obtenção da chancela, quais os planos da empresa para o futuro?
RMP: Vamos continuar com a certeza de estar sempre buscando e oferecendo nosso melhor, com a ideia de nos qualificar ainda mais para atender mercados mais técnicos, mantendo assim nosso compromisso de melhorias constantes.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Marcetex (SP) certifica seus temperados

Com experiência de décadas no setor de marcenaria, a Marcetex, de Barueri (SP), entrou no setor vidreiro em 2016. Em pouco mais de três anos de atuação em nosso mercado, percebeu a importância de ter um diferencial de negócios e conquistou a certificação para temperados oferecida pelo Inmetro.

Responsabilidade
Segundo a diretora comercial Viviane Sestari, uma das preocupações da processadora é garantir que todos seus processos produtivos sejam confiáveis. “A empresa deve apostar nos diferenciais em relação à responsabilidade, sustentabilidade e segurança dos colaboradores e demais envolvidos no manuseio do material, desde a fabricação até a entrega”, explica. “Tentamos fazer com que cada funcionário saiba a importância de um processo bem feito, bem direcionado, organizado, e a certificação enfatiza toda essa preocupação.

 

Espessuras certificadas:
4, 5, 6, 8, 10 e 12 mm
Duração da certificação:
junho a setembro de 2019
Duração dos ensaios:
um mês (setembro)

 

Como foi o processo
Viviane explica alguns pontos relevantes da certificação:

Aprendizado para atuação no setor: “Somos uma empresa nova no segmento e decidimos começar bem estruturados para um crescimento sólido”;
Melhora na produção: “Aprendemos principalmente detalhes técnicos do processo produtivo do temperado e suas especificações normativas, assim como exigências do Inmetro para a certificação e métodos para a gestão das rotinas administrativas específicas”;
Equipe sintonizada: “A participação dos colaboradores foi enorme, afinal uma certificação somente é possível com o engajamento de todos, trabalhando com cautela no manuseio do material e utilizando os equipamentos de proteção necessários”;
Participação da Abravidro: “O auxílio da equipe de consultoria da entidade foi fundamental para o sucesso desse projeto, tanto que continuamos a parceria para outra conquista: a certificação ISO 9001 para vidros comuns, de segurança, refletivos e espelhos, conquistada em apenas mais três meses”.

empresa

 

Valeu a pena?
Para a empresa, a certificação já lhe ofereceu um novo posicionamento de mercado, além de abrir portas para novas demandas que exigem a chancela para o fornecimento de produtos. “Nossos planos são continuar com o trabalho responsável, investir sempre em segurança e buscar melhorias contínuas. O mercado é muito amplo, e as pessoas ainda não têm a consciência de fazer diferente”, explica Viviane.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Normas vidreiras: o que foi feito em 2019

2019 foi um ano marcado pela conclusão de vários projetos relevantes para a literatura técnica do setor vidreiro. Como é de praxe, o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) liderou boa parte deles — ou esteve junto de outros comitês participando ativamente de debates e reuniões. Confira a seguir os principais trabalhos iniciados, concluídos e em andamento ao longo do ano passado.

 

Novas referências
Entre os mais relevantes, está a NBR 16823 — Qualificação e certificação do vidraceiro – Perfil profissional, conhecida como “norma do vidraceiro”. Atualmente, seu texto se encontra em consulta nacional (saiba mais na página 39) e é de suma importância para nosso mercado. A nova versão da NBR 14718 — Guarda-corpos para edificações, publicada em agosto de 2019, era outro documento aguardado, afinal aborda um dos produtos mais populares com vidro. Entre as principais mudanças na norma, está a inclusão de aplicações dos sistemas em locais com grande fluxo de pessoas.

O projeto de emenda para a NBR 16023Vidros revestidos para controle solarRequisitos, classificação e métodos de ensaio foi aprovado na consulta nacional e será publicado em breve. A mudança no conteúdo diz respeito à variação da cor nas peças.

Outro projeto concluído, que também entrou em consulta nacional foi o texto Ferragens para vidro – Requisitos, classificação e métodos de ensaio, que poderá ser consultado até o dia 16 de março no site da ABNT. A conclusão da revisão da NBR 14925Elementos construtivos envidraçados resistentes ao fogo para compartimentação, publicada em fevereiro de 2019, também é um dos destaques de 2019. “Aproveitamos a oportunidade para agradecer a todos que colaboraram conosco em todos esses projetos. Sua participação é fundamental!”, comenta a analista de Normalização da Abravidro, Clélia Bassetto. “Deixamos também o convite para a participação de toda a cadeia nas reuniões a serem realizadas ao longo de 2020”.

 

Em processo
Por fim, mas não menos importante, vale citar outros trabalhos que foram desenvolvidos em 2019 e seguem em andamento, como:

  • Revisão da NBR 14697Vidro laminado;
  • A nova NBR 15000Blindagens para impactos balísticos — Partes 1 e 2, que entrará novamente em consulta nacional, está em processo;
  • Revisão da NBR 15737 — Perfis de alumínio e suas ligas com acabamento superficialColagem de vidros com selante estrutural, conduzido pelo Grupo de Trabalho de Colagem Estrutural de Vidros (GT2) iniciará sua avaliação pela Comissão de Estudo Especial de Esquadrias (ABNT/CEE-191), em plenária;
  • Avaliação final do texto sobre vidros termoendurecidos;
  • Continuidade dos trabalhos na NBR 10821Esquadrias para edificaçõesParte 7, referentes a ensaios de fachada na obra.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

 

Conheça mais sobre o empenamento do vidro temperado

No processo de têmpera, o aquecimento do vidro e o resfriamento brusco aplicado em seguida alteram a sua planicidade. Dessa forma, pode ocorrer distorção no produto, conhecida como empenamento, cujo grau de intensidade varia, principalmente em função da espessura do vidro, das suas medidas e da relação entre elas. Os controles de processos e as tecnologias aplicadas visam a tornar essa alteração cada vez menor.

A norma técnica NBR 14698Vidro temperado determina as tolerâncias e estabelece a metodologia para a realização das medições de dois tipos de empenamento:

Total: trata-se de uma distorção que se estende por toda a extensão da peça, como se ela ficasse levemente curva.
Localizado: pode acontecer em distâncias relativamente curtas nas bordas do vidro.

ilustração-vidro

 

Medição do empenamento TOTAL
A peça de vidro temperado deve ser colocada em posição vertical, apoiada em seu lado mais comprido por meio de dois blocos de medida inferior a 100 mm nas distâncias indicadas na figura:

 

 

Largura ou comprimento do vidro Largura ou comprimento do vidro dividido por 2 3. Largura ou comprimento do vidro dividido por 4 Dimensão dos blocos de apoio (máximo de 100 mm)

 

Como medir: apoie uma régua reta de metal (ou um arame esticado) na superfície do vidro, ao longo das bordas e ao longo das diagonais e meça a distância máxima (desvio) entre o vidro e a régua.

Como calcular: o desvio encontrado (em mm) deve ser dividido pela medida da largura ou comprimento da borda do vidro ou da diagonal (também em mm).

Tolerância: para que a peça seja aprovada, o resultado desse cálculo de divisão deve ser menor ou igual a 0,003. Ou seja, a tolerância do empenamento total do vidro temperado é de 3 mm por metro linear.

Exemplo:

Em uma peça de 2.000 mm x 1.000 mm, o lado medindo 2.000 será apoiado nos blocos. Para ela ser aprovada, o empenamento encontrado nesse maior lado da peça (lado medido) deve ser menor ou igual a 6 mm, pois:

6 mm ÷ 2.000 mm = 0,003 (tolerância máxima)

Atenção: a NBR 14698 determina que as medições sejam realizadas em temperatura ambiente.

 

Medição do empenamento LOCALIZADO
Como medir: apoie uma régua reta de 300 mm de metal (ou um arame esticado) na superfície do vidro, de forma paralela à borda e a uma distância de 25 mm dela. Meça o desvio entre a régua e o vidro.

Tolerância: para aprovação, o desvio encontrado não pode ser superior a 0,5 mm.

 

Atenção:
No caso de vidro impresso temperado, o empenamento localizado deve ser determinado usando-se uma régua reta que, em repouso sobre os pontos altos do desenho, torne possível medir perpendicularmente a maior distância existente entre a superfície inferior da régua e o ponto alto do relevo do vidro impresso.

 
Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Cebrace marca presença na 1ª Mostra Nexus

Foto-ImagemA cidade de Jacareí (SP) recebeu, de 8 de novembro a 8 de dezembro, a 1ª Mostra Nexus Container4 you, uma das maiores exposições de decoração em contêineres da América Latina. O evento teve patrocínio master da Cebrace, cujos produtos foram usados em 16 dos 26 ambientes — um deles, o Lounge Habitat (foto), nomeado a partir da linha de vidros de controle solar da empresa. O espaço, com uso amplo desses produtos na fachada, foi idealizado pelos arquitetos Tiago Rocha e Cris Leite, e era onde os visitantes compravam seus ingressos.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

 

Vidraceiro: saiba o que fazer para conquistar a venda

Você muito provavelmente já ouviu a expressão “não está fácil para ninguém”, certo? Ela se aplica bem aos negócios do vidraceiro: num mercado cada vez mais competitivo, conquistar a venda é um desafio.

É aí que surge a dúvida: você está fazendo algo para se destacar das outras vidraçarias na vizinhança? Ou sua empresa está acomodada com as mesmas práticas e técnicas que sempre teve, ou então segue fazendo o mesmo que os concorrentes fazem?

O Vidroplano conversou com especialistas e profissionais do setor para conhecer formas de efetuar vendas que conquistem antigos e novos clientes, desde o atendimento inicial até a entrega da obra.

 

Não à guerra de preços
Muitos vidraceiros ainda acham que oferecer preços mais baixos é a melhor saída para ser escolhido pelos compradores — mesmo que isso comprometa ou anule o lucro que precisariam ter. Saiba que a solução dos seus problemas não está aí. “Preços baixos demonstram fraqueza e desvalorização do mercado. Os clientes pagam mais quando eles enxergam valor em seu serviço. Por esse motivo, sua empresa deve ser referência no que faz”, alerta Ricardo Câmara, diretor e instrutor na Central do Vidraceiro.

Mas o que pode ser mais atrativo para as vendas do que o valor dos produtos e serviços? “A primeira coisa que eu recomendo é conhecer profundamente seus clientes: qual o perfil de cada um, suas necessidades, as expectativas que eles têm, o que os aflige ou satisfaz na hora da compra”, aconselha Renato Avanzi, professor e especialista em Negociação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Em segundo lugar, é importante conhecer seus concorrentes: o que eles oferecem, como trabalham. Se você quer se destacar da concorrência, é preciso saber o que ela está fazendo. Isso é básico, mas muita gente não segue”, acrescenta.

Para Avanzi, é a partir desses dois levantamentos (do que o cliente espera e do que o concorrente faz) que sua vidraçaria pode aperfeiçoar o atendimento e implementar novos serviços e atitudes que atendam melhor do que a concorrência.

 

Uma imagem = mil palavras
Segundo Câmara, uma boa apresentação é fundamental para a decisão de compra do cliente. Uma forma de fazer isso é preparando um portfólio. “Com o avanço da Internet, ficou fácil montar um catálogo em seu notebook, contendo produtos especiais e informações técnicas”, ele explica.

Glória Cardoso, coordenadora de Marketing e Vendas da Blindex, aponta que, embora esses materiais possam ser impressos, a tendência é cada vez mais apresentá-los em formato digital: “Isso facilita a atualização, aumenta a abrangência e diminui os custos de produção para o vidraceiro, que nem sempre tem recursos para criar esse tipo de material”.

Atenção também na hora de organizar a apresentação, separando os produtos de acordo com sua aplicação final, como portas, boxes de banheiro e fechamentos, entre outras.

redes-sociais

 

Aprofundando o conteúdo online
Sites, redes sociais e aplicativos já são ferramentas comuns no nosso setor — mas isso não significa que não seja possível usá-las para tornar seu negócio mais atrativo.

“Uma coisa que pode ajudar bastante é a criação de um canal no YouTube”, sugere Avanzi, da ESPM. “Além de vídeos com a prestação de serviços, o vidraceiro pode fazer alguns tutoriais, como ensinar a forma de descartar cacos de vidro para evitar risco de cortes aos clientes e aos catadores de lixo, por exemplo, ou mesmo como substituir uma fechadura em uma porta de vidro.”

Essa última ideia, à primeira vista, pode não parecer boa: se você ensinar o cliente a fazer a troca, ele não precisará contratar a sua empresa para isso, certo? Não necessariamente: “A maioria das pessoas que recorrer a esse vídeo vai considerar que é um trabalho difícil para elas mesmas fazerem, e deverá então recorrer à sua vidraçaria, pois o vídeo mostra que seu estabelecimento será capaz de executar esse serviço com qualidade”, explica o professor
da ESPM.

Outra possibilidade é usar suas redes sociais não só para anunciar seus produtos e serviços, mas também para trazer dicas e curiosidades, como a forma correta para limpar o vidro. Este é um exemplo de que conhecer o perfil do cliente que você quer atingir faz toda a diferença na hora de pensar que tipo de conteúdo pode ser interessante
para ele.

 

Contrato de vendas
Uma boa venda não é só atrativa, ela também precisa trazer clareza e segurança para evitar que o cliente possa se sentir frustrado com o produto ou serviço entregue. Por isso, a elaboração do contrato de vendas é indispensável: é ele que deixará todas as condições acertadas na hora do negócio bem definidas, tanto para o consumidor como para a equipe interna da vidraçaria.

Ricardo Câmara, da Central do Vidraceiro, alerta: “Antes de montar um contrato, você deve estar ciente que é um documento para profissionais que respeitam prazos de entrega, garantia e tenham compromisso com os clientes”. Essa visão é compartilhada por André Alves, sócio-diretor da vidraçaria paulistana Alto da Lapa Vidros: “Mais do que a formalização das condições comerciais entre as partes, precisamos garantir que a expectativa do cliente seja atendida, mesmo que não seja o que ele pensou inicialmente. Portanto é fundamental ter precisão no processo de medição e no projeto executivo, antes de preparar o contrato. Isso garante que não haja surpresas e retrabalho.”

Andrea Oliveira, sócia-proprietária da vidraçaria Silvestre Vidros, de São Paulo, aconselha o detalhamento item a item de toda a venda: “Assim, ambas as partes ficam resguardadas”.

• Alguns desses itens são:
• Especificação total do produto;
• A garantia oferecida;
• Condições para acionamento da assistência técnica;
• Prazos de entrega, de assistência e de garantia;
• Condições de pagamento.

contrato

 

Hora da entrega
O vidraceiro precisa ter em mente que a venda só termina quando a obra é finalizada e entregue ao cliente. “A conclusão já tem de ser pensada na hora da venda: por isso, é fundamental vistoriar o local dos trabalhos antes do início das instalações e não deixar de solicitar um responsável para assinar o documento de vistoria”, comenta Andrea Oliveira, da Silvestre Vidros.

Para André Alves, da Alto da Lapa Vidros, as empresas precisam investir em processos e no treinamento de colaboradores. “O cliente espera nada menos do que receber o que comprou, no prazo combinado. Isso só é possível se sua vidraçaria tiver instaladores bem treinados, com procedimentos bem definidos que garantam a conclusão da obra de acordo com a ordem de serviço”, aponta.

Como incentivo à qualidade do serviço, Glória Cardoso comenta que a Blindex está experimentando a prática de remuneração variável do franqueado, definida pelo ponto de vista do consumidor: “Ao final da instalação, o profissional submete ao cliente uma pesquisa de satisfação, por meio da qual ele deverá atribuir uma nota ao serviço. Quanto mais notas máximas o instalador tiver, maior será o seu salário”.

 

O fim de uma venda é o início de outras
Um trabalho bem realizado tem o potencial de abrir as portas para mais negócios. “Quando você tem qualidade de atendimento, de materiais e de mão de obra, o resultado sempre será positivo”, avalia Andrea Oliveira, da Silvestre Vidros.

Além da possibilidade de novas vendas com esse consumidor, ele pode ainda atrair outros: “O cliente satisfeito é a melhor publicidade que se pode ter. É óbvio que você vai falar bem de si mesmo, mas o cliente não é obrigado a isso. Se ele faz espontaneamente, é uma prova social de que a sua vidraçaria tem destaque no mercado e vale a pena ser procurada por outros consumidores”, observa o professor Renato Avanzi, da ESPM.

No entanto, Avanzi ressalta que o contrário também pode acontecer: um comprador insatisfeito pode afastar outras pessoas de sua vidraçaria. Por isso, aconselha: “No caso dos clientes insatisfeitos, o mais importante é agir rapidamente assim que for identificada a insatisfação, fazendo contato direto, ouvindo a pessoa com a máxima atenção e fornecendo respostas”. Segundo ele, mesmo que as respostas não sejam positivas (caso de uma reclamação que não procede, por exemplo), é importante que sejam dadas o quanto antes, para impedir que a insatisfação tome corpo e se estenda por outras formas, chegando às redes sociais do cliente, no Reclame Aqui, Procon ou entre seu círculo de amigos.

 

Aprimoramento em rede
Vincular seu negócio a uma franquia pode ajudar bastante nas vendas, não só por agregar o nome dela ao da sua vidraçaria, mas também pelas oportunidades de capacitação e crescimento que ela pode oferecer.

Exemplo disso é a Blindex: “Periodicamente, promovemos fóruns regionais com orientações e dicas de vendas e marketing para os vidraceiros, em que são mostradas as últimas atualizações do portfólio para que eles possam apresentá-las de forma convincente e consistente aos seus clientes”, aponta Glória Cardoso. Materiais de apoio, como mostruários de kits da marca e formulários de pedidos listando todas as informações importantes sobre os produtos e serviços contratados, também são disponibilizados aos franqueados.

O mercado também conta com outros tipos de parcerias de exclusividade de produtos, como a desenvolvida pela Cebrace para a distribuição de suas linhas Habitat e Vivânce. Vale a pena para o vidraceiro pesquisar essas opções e avaliar a possibilidade de se diferenciar por meio de uma dessas redes.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Empresa familiar: 5 dicas de administração

A maior parte dos pequenos negócios no País é composta por empresas constituídas por parentes. Por isso, manter a empresa em equilíbrio exige muito cuidado, principalmente pelo nível de afetividade e proximidade que envolve as pessoas da equipe.

Uma pesquisa feita pelo Sebrae no final de 2017 mostrou que, entre os seis mil donos de negócios entrevistados, quase 24% tinham em seu quadro societário um parente, e pouco mais de 22% haviam empregado um familiar. Os especialistas em gestão advertem que alguns fatores podem influenciar negativamente o dia a dia do empreendimento. Veja como agir se sua empresa se enquadra nesse tipo.

 

1: Papeis definidos
É importante que as atribuições de cada pessoa na empresa estejam bem definidas, de modo a evitar possíveis conflitos de competência em atividades como compras, vendas, comunicação, gestão de mídias sociais e relações com funcionários, entre outras.

 

2: Muita conversa e alinhamento
Dentro da empresa, estando os papéis definidos, não pode ocorrer de alguém, por ser pai, tio, ou irmão mais velho, ter maior poder ou decidir assuntos que sejam da competência de outro. Por isso, é necessário muito diálogo entre os integrantes para que não haja desavenças que acabem causando prejuízos aos negócios e à harmonia familiar.

 

3: Remuneração combinada
É preciso que se tenha uma definição prévia da remuneração de sócios investidores e sócios comprometidos com o dia a dia da empresa. Isso fará com que não haja problemas relacionados à divisão dos lucros, ou que a remuneração de quem está dedicando maior tempo seja prejudicada.

 

4: Contrate profissionais
Nem sempre é bom a empresa familiar atuar só com seus membros, por isso é bom contratar também profissionais de mercado para trazer olhares, inovações e propostas de fora do círculo de influência familiar.

 

5: Sucessão
Treine sua equipe, elenque as competências necessárias para cada função e jamais considere um funcionário ou sócio como eterno. Forme as “novas gerações” da família para encarar desafios e manter a empresa funcionando. O processo sucessório é complexo, mas um desafio que precisa ser encarado o quanto antes.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 565 (janeiro de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.